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REVISÃO_HIV AIDS

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Serviço Público Federal 
Ministério da educação 
Universidade Federal de Sergipe 
Campus Universitário “Professor Antônio Garcia Filho” 
Graduação em Medicina 
 
Sanni Silvino Parente 
 
Revisão: HIV/ AIDS 
 
 EPIDEMIOLOGIA 
Aproximadamente 600.000 pessoas vivem 
com HIV no Brasil; cerca de 200.00 em uso 
de TARV; cerca de 250.000 não conhecem 
seu diagnóstico. 
Epidemia concentrada em populações 
vulneráveis. Travestis: 14%/ HSH: 10,5%/ 
usuários de drogas: 5,9%/ mulheres 
trabalhadoras sexuais: 5%. 
P população geral= 0,6%; 
 
 HISTÓRIA NATURAL DA 
DOENÇA 
Estima-se que o tempo médio entre o 
contágio e o aparecimento da doença 
esteja em torno de dez anos. 
INFECÇÃO AGUDA: SÍNDROME 
RETROVIRAL AGUDA (SRA) 
Ocorre nas primeiras semana de infecção 
pelo HIV, antes da produção de anti-HIV 
(soroconversão), que costuma acontecer 
na quarta semana. 
Bilhões de partículas virais são 
produzidas, o indivíduo torna-se altamente 
infectante. 
50-90% apresentam a síndrome. 
Achados: febre alta, adenopatia, faringite, 
exantema de curta duração (face, pescoço 
e tórax superior), mialgia, cefaleia, 
sudorese, linfoadenomegalia (cervicais 
anterior e posterior, submandibular, 
occipital e axilar), esplenomegalia, 
letargia, astenia, anorexia, depressão, 
sintomas digestivos (náuseas, vômitos, 
diarreia, perda de peso e úlceras orais), 
cefaleia e dor ocular. 
Autolimitada. A maioria dos sinais e 
sintomas desaparecem após três a quatro 
semanas. Linfoadenopatia, letargia e 
astenia podem persistir por meses. 
Manifestações clínicas mais intensas e 
>14dias podem estar associadas à 
progressão mais rápida da doença. 
Esses sinais e sintomas são 
habitualmente atribuídos a outras 
afecções virais!!!! 
Sorologia é geralmente negativa. 
Realização do diagnóstico por métodos 
moleculares para detecção de RNA viral. 
LATÊNCIA CLÍNICA E FASE 
ASSINTOMÁTICA 
O exame físico costuma ser normal, 
podendo apresentar linfadenopatia. 
Exames laboratoriais podem demostrar 
plaquetopenia, anemia (normocrômica e 
normocítica) e leucopenia leve. 
A contagem de linfócitos T CD4 + vai 
diminuindo progressivamente, enquanto 
>350 células/mm³, ocorrem episódios 
bacterianos frequentes, com progressões 
atípicas, resposta tardia a ATM e 
reativação de infecções. 
Quando LT-CD4+ entre 200 e 300: 
sintomas constitucionais (febre baixa, 
perda ponderal, sudorese noturna, fadiga), 
diarreia crônica, cefaleia, alterações 
neurológicas, infecções bacterianas, 
lesões orais e herpes-zoster. 
Candidíase oral= marcador clínico precoce 
de imunodepressão grave. 
Diarreia crônica, FOI e leucoplasia pilosa 
também são preditores. 
SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA 
ADQUIRIDA 
Infecções oportunistas: pneumocistose, 
neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar 
atípica ou disseminada, meningite 
criptocócica e retinite por citomegalovírus. 
Neoplasias: sarcoma de Kaposi, linfoma 
não Hodkin e Ca colo uterino. 
LT-CD4+ <200 células/mm³ 
HIIV pode causar danos diretos: 
microcardiopatia, nefropatia e neuropatias. 
 
 MARCADORES DE 
PROGRESSÃO DA DOENÇA 
Clínicos: emagrecimento; manifestações 
cutâneas; sinais clínicos (cavidade oral); 
Laboratoriais: contagem de LT-CD4+ 
(marcador de risco imediato para infecções 
oportunistas – perda progressiva, média 
de 30-60/ano); carga viral (avaliação do 
prognóstico e resposta terapêutica). 
 INFECÇÃO PELO HIV E 
INFLAMAÇÃO 
É um vírus com alto índice replicativo: 10¹° 
partículas virais/dia. 
Risco de transmissão perinatal: 20-40%. 
Protocolo ACTG-076. 
Na fase aguda, são encontrados 
marcadores plasmáticos (alfa 1 anti-
tripsina e amiloide A) e é liberado um 
grande número de citocinas inflamatórias 
comandadas pelo IFN-alfa e IL-15. 
As primeiras células a produzirem 
citocinas são as dendríticas da submucosa 
intestinal. Depois, outras células 
inflamatórias iniciam a produção, 
desencadeando uma resposta anti-HIV 
com baixa eficácia devido a ativação 
imune excessiva e perda importante de LT-
CD4+. 
A população de LT-CD4+, 
predominantemente CCR5+ residente na 
GALT é intensamente infectada e 
destruída, ocasionando uma “quebra de 
barreira imune”. Isso facilita a 
disseminação de produtos bacterianos 
para a circulação sanguínea e contribui 
para disfunção e ativação imune 
característica da doença. 
A ativação de LT-CD8+ citotóxicos modula 
a evolução da doença devido a sua 
característica antiviral. 
No estágio crônico, a ativação imune 
persiste, notam-se níveis aumentados de 
citocinas pró-inflamatórias (TNF, IL-1, IL-
6), aumento da PCR e dímero D, bem 
como destruição de LT-CD4+ e linfócitos 
B. 
Percebe-se uma alteração no GALT e dos 
linfonodos, com importante deposição de 
colágeno. 
A ativação de linfócitos é persistente e está 
associada ao HIV e outros fatores: 
replicação viral residual; patógenos outros; 
translocação de LPS através da GALT; 
perda de linfóticos T e outras células 
regulatórias; fibrose do timo e estrutura 
linfoide. 
A partir da sobrevida conseguida com a 
TARV, observou o surgimento frequente 
de complicações crônicas, tais como 
doenças cardiovasculares, alterações 
hepáticas, renais e osseas, neoplasias e 
perda da função cognitiva. Não se tem 
resposta quanto a etiologia, mas parece 
ser relacionada ao processo inflamatório 
crônico, presença de comorbidades ou 
toxicidade relacionada à TARV. 
 
 INICIAR A TARV 
 
É necessário a tomada de, pelo menos, 
80% das doses para uma resposta 
terapêutica adequada. Avaliar a adesão. 
Atenção especial deve ser dada no início 
da terapia, mudança de esquema e retorno 
de abandono. 
Os 6 primeiros meses de início da TARV 
são caracterizados por melhora clínica e 
imunológica e supressão viral. 
Podem ocorrer, entretanto, infecções 
oportunistas, Síndrome Inflamatória Imune 
(SIR – piora paradoxal de doenças 
preexistentes ou aparecimento de uma 
nova doença) e reações 
às drogas 
No primeiro ano, têm-se 
uma elevação da 
contagem de LT-CD4+ e 
recuperação imune. Depois observa-se 
uma estabilidade seguida de melhora no 
segundo ano 
A imunossupressão severa pode surgir em 
pacientes que apresentavam níveis muito 
baixos de CD4 ao início da terapia. 
Estudos demostram benefícios no início 
precoce da TARV, como melhora e 
estabilização da contagem de LT-CD4+, 
diminuição do risco de transmissão e 
melhora considerável na qualidade de 
vida. 
Não há contraindicações para o início 
da TARV!!!! 
CD4 muito elevados: estudos não 
conclusivos/ tendência é tratar 
comorbidades para prevenir a 
transmissão. 
DROGAS 
 ITRN e ITRNt - Inibidores 
nucleosídicos da transcriptase 
reversa: Lamivudina/ Tenofovir/ 
Zidovidina/ Abacavir/ Didanosina/ 
Estavudina; 
 ITRNN - Inibidores não 
nucleosídicos da transcriptase 
reversa: Efavirenz, Nevirapina, 
Etravirina; 
 IP - Inibidores de proteases: 
Atazanavir, Darunavir, 
Fosamprenavir, Indinavor, 
Lopinavir/r, Nelfinavir, Ritonavir e 
Saquinavir; 
 Inibidores de fusão: Enfuvirtida; 
 Inibidores da integrasse: 
Raltegravir 
ESQUEMA INICIAL 
 
Combinação de 3 antirretrovirais: 2 
ITRN/ITRNt + 1 ITRNN 
 Tenofovir + lamivudina (TDF/3TC): 
favorável perfil de toxicidade, 
tomada única diária; coinfecção 
HIV-HBV; pacientes com doença 
renal existente devem usar outra 
combinação de ITRN. 
 
 Efavirenz (EFV): 1comprimido por 
dia; longa meiavida permite a 
manutenção da supressão da 
replicação viralcaso ocorra 
irregularidade do horário de tomada 
das doses.

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