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Resumo de Orientação Profissional

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Livro: CARVALHO, M. M. J. Orientação profissional em grupo: teoria e técnica.
Há estudos situando a orientação profissional (OP) na Psicologia do Trabalho, outros na Psicologia Educacional, outros na área da Orientação ou do Aconselhamento e, mais recentemente, apresentando a Orientação profissional como uma área em si.
Percepção antiga: algumas pessoas são mais indicadas ou realizam melhor determinado trabalho do que outras.
Tanto na Grécia Antiga, como no Império Romano e mesmo na Idade Média, praticamente não havia liberdade de escolha ocupacional. 
O nível social e o campo ocupacional eram determinados primeiramente pelo nascimento, sendo o aprendizado de tarefas realizado dentro das famílias.
Com o Renascimento e a Reforma à cresceu o reconhecimento da humanidade fundamental, da capacidade e da singularidade do indivíduo.
Com o Iluminismo à expansão da visão humanística do destino individual e a aplicação dessa visão à política e à economia.
Como advento da democracia na sociedade industrial apareceu uma relativa liberdade na escolha das ocupações.
1902 - Primeiro centro de orientação profissional, em Munique à objetivo principal: identificar os indivíduos desprovidos de vocação e capacidade para determinadas tarefas, objetivando, com esta providência, evitar os acidentes de trabalho. Surgiu como iniciativa conjunta de trabalhadores e autoridades industriais e professores.
A Itália (1903), a França (1906), a Holanda (1907), os Estados Unidos (1908), a Inglaterra (1908) e a Suiça (1908) iniciaram organizações que tinham por finalidade a informação e a orientação profissional, unidas à seleção profissional.
Fator determinante desta grande expansão: desenvolvimento industrial (levando à preocupação com o trabalhador
A seleção teve prioridade sobre a orientação por responder mais imediatamente e diretamente às necessidades das indústrias.
A orientação à visava o indivíduo, buscando para ele um melhor trabalho, mas foi no seu início nitidamente marcada pelos objetivos da seleção e desenvolveu-se ligada aos interesses das indústrias.
A primeira modalidade de OP foi praticamente uma modalidade de psicologia do trabalho. As técnicas empregadas eram a informação profissional e a psicotécnica, que visavam o conhecimento das aptidões profissionais para um melhor rendimento nas funções profissionais.
1909 à Parsons escreveu Escolhendo uma profissão à obra considerada pela maioria como a primeira escrita na área e introduzindo uma modificação no objetivo da orientação profissional.
Parsons propunha três passos fundamentais para a escolha de uma profissão:
	a) Analisar o homem para que as pessoas pudessem lucrar ao se compreenderem e o orientador lucrar ao compreendê-las;
	b) Estudar as ocupações para compreender suas condições e vantagens;
	c) Orientar o homem sobre a ocupação, relacionando suas características pessoais aos requisitos da ocupação.
Com a visão de Parsons ligando a OP à educação, inicia-se uma nova modalidade de orientação. Posteriormente, muito desenvolvida e difundida, ela passou a fazer parte de uma área mais ampla, a orientação educacional.
1909 em diante à o desenvolvimento das duas modalidades citadas, a OP como parte da psicologia do trabalho e a OP como parte da orientação educacional, continuaram a se desenvolver com objetivos diferentes.
No entanto, ambas se utilizavam nesta fase de técnicas psicométricas e de informação ocupacional, como instrumentos de ação. Havia uma diferença de objetivos, mas não uma diferença de métodos.
I Grande Guerra (1914 a 1918): trouxe o desenvolvimento de testes utilizados no exército, com a finalidade de uma melhor utilização do homem, em tarefas mais adequadas a ele.
Crise econômica de 1930: o desemprego forçou os homens a examinarem suas aptidões e chances ocupacionais sob circunstâncias nas quais a escolha era limitadíssima.
II Grande Guerra: trouxe novos problemas de adaptação do homem ao trabalho.
Crescente processo de industrialização e de setores especializados no trabalho à novas áreas profissionais.
Problemas: as baterias rígidas de testes começaram a ser consideradas como insuficientes para fazer frente ao problema de adaptação do homem aos processos industriais cada vez mais complexos e aos problemas de relacionamento humano nos grupos de trabalho.
Os fatores afetivos e sociais do comportamento do trabalhador adquirem importância à flexibilidade, senso de responsabilidade, agressividade, espírito de equipe, etc.
Reformulação da orientação e da seleção profissional à gerando a busca de novas técnicas de atuação. 
Na escola à o trabalho de OP levou a uma observação da importância do conhecimento do processo de evolução do jovem, das atitudes na escola e da própria escolaridade, como fatores de grande peso no diagnóstico de possibilidades profissionais.
1940 em diante à foi grande a influência de Rogers e da terapia não-diretiva proposta por ele. A terapia “centrada no cliente” trouxe uma nova concepção de aconselhamento psicológico e novas técnicas de atuação.
Nesta modalidade de trabalho, o jovem é levado a uma compreensão melhor de sua personalidade, bem como de seu meio ambiente para, por meio desse conhecimento, desenvolver atitudes adequadas para um bom ajustamento pessoal. 
Freud e o movimento psicanalítico (focalizando aspectos inconscientes e subjetivos); a terapia não diretiva e a modalidade de aconselhamento propostos por Rogers e outros movimentos, como o da escola behaviorista à enriqueceram a OP com novas visões e novas técnicas de trabalho.
Surgiu um movimento visualizando as tarefas do orientador profissional como uma área em si, independente das demais à OP com a finalidade de auxiliar o jovem a escolher uma profissão ou ajudar pessoas de mais idade a fazer uma reescolha ou uma readaptação a novas profissões, ou seja, ajudar o homem a encontrar uma profissão adequada
Pioneiros em OP: Brasil e Argentina (na América Latina).
1925 à na Argentina, foi fundado o Instituto de Orientação Profissional do Museu Social Argentino.
1924 à no Brasil, o engenheiro Roberto Mange introduziu a seleção e a orientação profissional para os alunos do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
1930 à iniciou na Estrada de Ferro Sorocabana um serviço de seleção, orientação e formação de aprendizes.
1934 à foi criado o Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional.
1938 à O Ministro interino do Trabalho, João C. Vital, elaborou um projeto de lei que criava o Instituto Nacional de Seleção e Orientação Profissional (INSOP), primeira idealização do Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), no Rio de Janeiro.
No ensino superior, a OP junto à seleção profissional surgiu como disciplina do currículo do curso de Psicologia.
O movimento da OP em consultórios particulares, ligado à psicologia clínica, é relativamente recente.
Tanto na modalidade industrial, escolar ou clínica, foram criados serviços que atendiam, entre outros objetivos, às necessidades de uma orientação profissional, embora com diferentes enfoques.
Além dos psicólogos, outros profissionais têm se interessado pela OP, em especial pedagogos e sociólogos, trazendo importantes contribuições e introduzindo a riqueza da multidisciplinaridade e a multiplicidade de pontos de vista.
Nos primeiros trabalhos europeus, encontramos a OP praticamente unificada com a seleção profissional, conceituada como uma atividade de avaliação e qualificação do indivíduo para o trabalho e focalizada como um problema essencialmente econômico.
Nova conceituação e modalidade de atuação à entram dados teóricos e técnicos da psicoterapia e da OP, adaptados a uma nova visão de trabalho psicológico.
No trabalho de Bohoslavsky, escrito na Argentina em 1971, uma nova proposta é apresentada à estratégia clínica.
Fundamental à uma forma de compreensão e atuação com o orientando, que englobe toda a sua personalidade, incluindo sua história de vida, sua escolaridade, sua família e seu meio socioeconômico e cultural, bem como as circunstâncias do momento de escolha, sejam subjetivas, sejam objetivas ou externasao indivíduo.
Livro: FILOMENO, K. Mitos Familiares e Escolha Profissional: Uma visão sistêmica.
Conceito de trabalho à embora exista desde o início das sociedades, a possibilidade de escolhê-lo é um problema relativamente recente.
Durante muitos séculos, a ocupação de um indivíduo era determinada pelo clã, pela casta, camada social ou família à qual pertencia. 
Os ofícios eram herdados.
Aumento significativo dos processos de industrialização à criou formas distintas de trabalho e novos ofícios.
Surgiu a necessidade de escolher entre as diversas alternativas ocupacionais oferecidas pela nova realidade socioeconômica.
Surgiu a necessidade de ser orientado para essa decisão.
História da psicologia vocacional à duas partes
Primeira parte
1900 – 1950: dominado pela psicometria e pela ideia de colocar o homem certo no lugar certo. Objetivo: Acoplar as aptidões e os interesses dos indivíduos às oportunidades profissionais. 
Aptidão à supõem-se que a pessoa já nasce com essa característica, é uma potencialidade, uma capacidade, uma destreza. É inato.
Habilidade à seria o desenvolvimento das aptidões por meio de estudos.
Interesse à é o mediador entre aptidão e habilidade, é o que move o indivíduo a adquirir habilidades.
O indivíduo nasce com aptidões, possui interesses, procura cursos ou faculdades e então desenvolve habilidades. 
Segunda parte
 A partir de 1950 à surgem novas interpretações a respeito do problema da escolha profissional.
3 correntes teóricas: decisional, desenvolvimental e psicodinâmica.
Decisional à esquema de decisão sequencial proposto por Gelatt. Uma sequência de decisões experimentais leva a uma decisão terminal. No decorrer do processo de decisão, o indivíduo avalia as possibilidades que lhe são oferecidas, as consequências possíveis relativas às decisões que ele pode tomar e a probabilidade de que essas consequências ocorram. 
Desenvolvimental à a escolha profissional é considerada um processo de desenvolvimento que se inicia na infância, passa por vários estágios e estende-se por um longo período da vida. Durante esses estágios, o indivíduo vai fazendo uma série de vínculos entre suas necessidades e as oportunidades oferecidas pela realidade social em que vive. Exemplo de teóricos: Super, Pelletier, dentre outros. 
Psicodinâmica à o fator mais significativo da escolha profissional está associado ao aspecto motivacional, ou seja, ao que impulsiona o indivíduo a comportar-se de uma maneira e, consequentemente, a escolher determinada profissão. Dentro desse grupo estão as teorias psicanalíticas. Exemplo de teórico: Bohoslavsky.
Bohoslavsky à introduz uma nova visão em orientação profissional: a estratégia clínica. 
Estratégia Clínica à caracterizada por entrevistas e informação profissional que substituem os testes. Proposta: resgatar a singularidade da pessoa que escolhe e os multifatores que influenciam o momento da escolha.
Características importantes da Estratégia Clínica:
1) O adolescente pode chegar a uma decisão se conseguir elaborar os conflitos e ansiedades que experimenta em relação ao seu futuro. 
2) As carreiras e profissões requerem potencialidades que não são específicas, portanto, não podem ser definidas a priori e muito menos ser medidas.
3) O prazer no estudo e na profissão depende do tipo de vínculo que se estabelece com eles. Os motivos determinantes dos interesses específicos, geralmente, são desconhecidos.
4) A realidade sociocultural muda incessantemente. Continuamente surgem novas carreiras, especializações e campos de trabalho. 
5) O adolescente deve desempenhar um papel ativo. A tarefa do psicólogo é esclarecer e informar.
Características da Modalidade Estatística 
1) O adolescente não está em condições de chegar a uma decisão por si mesmo.
2) Cada carreira ou profissão requer aptidões específicas que são: definíveis a priori, mensuráveis e mais ou menos estáveis ao longo da vida
3) A satisfação no estudo e na profissão depende do interesse que se tenha por eles. O interesse é específico, mensurável e desconhecido pelo sujeito
4) As profissões não mudam. A realidade sociocultural tampouco. Por isso, pode-se predizer qual o desempenho futuro de quem hoje se ajusta, por suas aptidões, ao que hoje é determinada carreira ou profissão.
5) O psicólogo deve desempenhar um papel ativo, aconselhando o jovem
No Brasil à os estudiosos da OP surgem por volta dos anos 80 (Soares; Levenfus, Lisboa)
OP à deve proporcionar ao jovem um maior conhecimento de si, bem como informações sobre as profissões, as universidades e o mercado, a realidade do mundo do trabalho, reflexões sobre as expectativas dos pais.
OP à deve possibilitar a expressão de sentimentos sobre aquele momento e abrir espaço para a reflexão sobre a relação entre história pessoal e escolha profissional. 
Dulce Helena P. Soares ressalta a importância de se trabalhar com os fatores externos (contexto sociopolítico e econômico), além do processo de tomada de consciência de si mesmo (autoconhecimento) e informação profissional.
Propõe a modalidade sociogrupal 
1. O adolescente pode chegar a uma escolha mais esclarecida se conhecer as influências que sofre, sejam elas sociais, educacionais, econômicas, familiares ou psicológicas.
2. As carreiras requerem potencialidades diversas que podem ser desenvolvidas pelo sujeito se ele tiver um profundo interesse em realizar aquele tipo de atividade.
3. O prazer no trabalho está ligado a um contexto familiar mais amplo, em que o jovem, ocupando um lugar na família, responde a desejos e expectativas familiares.
4. A realidade socioeconômica tem mudado numa velocidade muito grande. É praticamente impossível prever como estará o desenvolvimento tecnológico e profissional daqui a cinco anos.
5. O papel do psicólogo é de facilitador do processo e precisa oferecer, a quem procura, condições de autoconhecimento, assim como informações a respeito do mundo ocupacional
Nomenclatura:
Orientação Vocacional à supõe-se que exista uma vocação, que pode ser descoberta a qualquer momento por alguém capacitado. Vocação significa ser chamado, ou seja, algo ou alguém chama para determinado caminho, a profissão.
Americanos e ingleses à a tradução adota o vocábulo vocacional
Franceses à profissional
Argentinos à ocupacional 
Identidade Vocacional à estaria determinada pelos conflitos inconscientes e sua possível elaboração pelo sujeito: por que, para que e como uma pessoa chega a escolher determinada profissão.
Identidade Ocupacional à é adquirida quando um sujeito escolhe o que fazer, de que modo e em que contexto. Ela inclui: com que, como, onde , quando, à maneira de quem. A identidade ocupacional é determinada pela identidade vocacional.
Orientador Profissional à é co-construtor e co-participador do processo, auxiliando na construção da escolha profissional.
Proposta da autora: integração da vertente intrapsíquica de Bohoslavsky e a sociogrupal de Soares.
O jovem e a escolha
Quem procura a orientação profissional? à Geralmente, adolescentes que, em determinado momento de sua vida, enfrentam a possibilidade e a necessidade de tomar decisões, o que faz da escolha profissional um momento crítico de mudança na vida dos indivíduos.
A escolha profissional não é uma escolha isolada, mas um processo contínuo, composto por uma série de decisões tomadas ao longo de vários anos da vida.
Escolher uma profissão não é somente decidir o que fazer à mas, principalmente, decidir quem ser; é escolher um estilo de vida, um modo de viver. 
Escolher implica deixar coisas para trás, implica ganhos e perdas e esse é um dos motivos para se dizer que a escolha da profissão supõe conflitos, gera ansiedade e pressupõe a elaboração de lutos.
O adolescente está prestes a deixar (ou já deixou) a escola, o paraíso da infância, o corpo infantil, a imagem ideal dos pais, as fantasias onipotentes, os professores, outras carreiras, entre outros.
Levenfus à lutos básicos da adolescência e lutos que emergem em face da escolha profissional.
Luto pelas perdas profissionais fantasiadas à refere-se à necessidade de o jovemlidar com a s exigências reais que as profissões requerem, confrontando-se com as fantasias infantis.
 Luto pela perda dos pais da infância à refere-se à nova maneira que os filhos passam a ver seus pais, percebendo-os com seus limites e falhas.
Luto pelo corpo adolescente à transformações corporais ocorridas na saída da infância.
Luto pelas identificações profissionais que abandona à quando se escolhe alguma profissão, deixam-se outras de lado.
Luto pelo papel e pela identidade adolescente à sentimento de perda da situação juvenil perante expectativas sociais de vir a se comportar como adulto, passando a assumir responsabilidades. 
Escolher o que ser no futuro implica reconhecer o que fomos, as influências sofridas na infância, os fatos mais marcantes em nossa vida.
Escolher implica enfrentar alguns medos: medo de errar, de fracassar, de ter que mudar.
A escolha também pode ocorrer por identificações que o indivíduo estabelece ao longo da vida. As figuras parentais são fonte importante de identificação. É muito comum o filho identificado com o pai, querer seguir a mesma profissão.
Bohoslavsky – identificações
A gênese do ideal do ego: as relações gratificantes ou frustrantes, com pessoas que desempenham papéis sociais (parentes, amigos) com as quais a criança se identifica, consciente ou inconscientemente, tendem a pautar o tipo de relação com o mundo adulto, em termos de ocupação.
 Identificações com o grupo familiar: dois aspectos devem ser considerados à a percepção valorativa que o grupo familiar tem a respeito das ocupações e a própria problemática vocacional dos membros do grupo familiar.
Identificações com grupos de pares: atua da mesma forma que o grupo familiar, mas a diferença é que nunca é tomado como grupo de referência negativo.
 Identificações sexuais: há ocupações mais ou menos masculinas ou femininas. 
Fatores determinantes na escolha – segundo Soares
Fatores políticos – referem-se especialmente à política governamental e seu posicionamento frente à educação, em especial ao ensino médio, pós-médio, ensino profissionalizante e à universidade.
Fatores econômicos – referem-se ao mercado de trabalho, à globalização e à informatização das profissões, à falta de oportunidades, ao desemprego, a dificuldade de tornar-se “empregável”, à falta de planejamento econômico, à queda do poder aquisitivo da classe média e todas as influências do sistema capitalista neoliberal que vivemos. ( política economia sociedade ) 
Fatores sociais – dizem respeito à divisão da sociedade em classes sociais, à busca de ascensão social por meio do estudo (curso superior), à influência da sociedade na família e aos efeitos da globalização na cultura e na família. 
Fatores educacionais – compreendem o sistema de ensino brasileiro, a falta de investimento do poder público, a necessidade e os prejuízos do vestibular e a questão da universidade pública e privada de uma forma mais geral.
Fatores familiares – colocam a família como parte importante no processo de impregnação da ideologia vigente. A busca da realização das expectativas familiares em detrimento dos interesses pessoais. Isso influencia na decisão e na fabricação dos diferentes papéis profissionais.
Fatores psicológicos – dizem respeito aos interesses, às motivações, às habilidades e às competências pessoais, à compreensão e conscientização dos fatores determinantes versus a desinformação a qual o indivíduo está submetido.
Etapas do processo de escolha 
Escolhas fantasiosas: dos 4 aos 10/11 anos à esse período está ligado às primeiras identificações. Ele é regido pela fantasia, por meio da qual a criança assume distintos papéis. 
Escolhas-tentativas: dos 10/11 anos aos 16/17 à dividi-se em três estágios: interesses (baseia-se quase que exclusivamente no que ele gosta, no que lhe interessa); capacidades (o adolescente introduz a noção de habilidades nas considerações vocacionais); valores (o adolescente incorpora a ideia do serviço à sociedade e desenvolve a perspectiva temporal que lhe permite antecipar o futuro).
Escolha realista: em geral vai dos 18 aos 24 anos à o adolescente abandona a fase de escolhas-tentativas e enfrenta a necessidade de tomar decisões imediatas, concretas e realistas sobre o futuro profissional. 
Escolha madura, escolha ajustada
Uma escolha madura depende da elaboração dos conflitos e não de sua negação.
Numa escolha ajustada, o autocontrole permite que o adolescente faça coincidir seus gostos e suas capacidades com as oportunidades exteriores.
A má escolha é uma escolha conflitiva. Os conflitos não são elaborados e resolvidos, mas controlados e negados.
- valor na escolha em si .. A escolha é má não a consequência.
Livro: BOCK, A. M. B., AMARAL,C. M. M. et al. A escolha profissional em questão. Casa do Psicólogo
Família e Escolha Profissional
Importância de se considerar os aspectos psicodinâmicos de uma escolha.
Visão Psicodinâmica no trabalho de Orientação Profissional:
Base referencial psicanalítica (envolvendo a noção de motivações inconscientes subjacentes a uma escolha);
Conceito de reparação, introduzido na psicanálise por Melaine Klein e utilizado por Boshoslavsky para explicar tais motivações inconscientes determinantes da escolha;
Observação de fenômenos transferenciais e contra-transferenciais que possam emergir no vínculo orientador X orientando.
Transferência à processo através do qual uma pessoa desloca experiências emocionais anteriores importantes, vividas com pessoas significativas, para uma situação atual.
Pode ser necessário ao orientando modificar este “passado que se atualiza no presente”, no presente da sessão, na medida em que vai elaborando sua decisão profissional.
Contra-transferência à sentimentos que emergem no orientador, em função da relação estabelecida com ele pelo orientando.
Principal papel do orientador: através da interpretação do discurso e de outros recursos técnicos, auxiliar o orientando a perceber a rede de significações com as quais opera e a compreender a construção que se encontra subjacente às suas escolhas e não-escolhas, como também possíveis conflitos e ansiedades ocultos em suas preferências ou rejeições.
O orientador propicia experiências e identifica elementos que convidam o orientando a refletir sobre seu percurso em direção ao futuro.
Orientação Profissional à como uma psicoterapia breve, com o foco na vida ocupacional do sujeito.
É inegável que a decisão profissional entrelaça-se com todas as outras áreas da vida do indivíduo.
Família à importante papel por sua função socializadora.
Antes mesmo de nascer, o bebê já tem seu lugar social e um lugar na vida psíquica dos familiares.
A forma como os pais dão significado aos elementos da vida ocupacional sempre estará presente no modo de um filho significar este universo. 
Segundo Boshoslavsky:
 “O grupo familiar constitui o grupo de participação e de referência fundamental e, é por isso que os valores desse grupo constituem bases significativas na orientação do adolescente, quer a família atue como grupo positivo de referência, quer opere como grupo negativo de referência”.
O momento de escolha profissional é um momento de crise, que envolve não só o sujeito, mas implica também o grupo de que faz parte.
Crise à pois é um período onde muitas mudanças se processam num curto espaço temporal, no qual, muitas vezes, um estudante escolhe não porque já se sente pronto para fazê-lo, mas porque, por exemplo, o prazo da inscrição no vestibular o pressiona. 
Uma vez que as ansiedades predominantes vividas pelo orientando são parte de um processo em família, toda escolha profissional alicerçada em cima de conflitos ocasionará problemas de percurso, mobilizando ansiedade em todo grupo familiar.
Os pais também ficarão ansiosos e reviverão, através do filho, seus próprios dilemas vividos no mesmo momento evolutivo.
Um indivíduo, quando procura escolher uma profissão, está às voltas com as visões e as pressões da família. Esta “cultura” do grupo familiar estará ativa tanto concretamente quanto de modo internalizado pelo sujeito.A escolha profissional de um membro da família pode apresentar-se como um sintoma do grupo.
A escolha de uma profissão pode estar a serviço de uma tentativa de reparar, de “consertar” algo que se encontra estragado ou quebrado dentro do indivíduo ou, ainda, que a escolha pode surgir como significante de um conflito grupal, numa tentativa de representar tais conteúdos e apresentar uma solução. Como se, ao adquirir aqueles conhecimentos ou desempenhar tal papel, uma pessoa pudesse se livrar de sensações interiores dolorosas.
Muitas vezes, para compreendermos estes processos, necessitamos da concreta presença dos pais em algum momento do trabalho. Seja na entrevista inicial e/ou final, seja incluindo-os em algumas tarefas, entre sessões, que se efetuem em casa.
O orientando aparentemente traz a realidade de sua família em sua fala, durante o trabalho, mas precisamos considerar que, na verdade, traz suas representações sobre como esta família funciona.
Para investigar como os pais vêem seu filho e o momento da escolha profissional, utiliza-se de algumas atividades.
Exemplo: solicita-se que o jovem entreviste seus pais sobre o porquê de escolherem chamá-lo por tal nome. Deste modo, os pais representam algo sobre o que esperavam daquele filho e expõem suas fantasias.
Solicita-se ao estudante que peça aos pais para escreverem para ele uma carta dizendo como vêem seu momento de escolha profissional. Estas cartas são lidas e discutidas no encontro do grupo.
É importante pontuar que por trás de seus discursos, os filhos podem ouvir muito mais que um gesto de amor.
Expectativas dos pais em relação à OP: como contratam um trabalho que para conhecer é necessário experimentar, e que se começa sem saber qual será o destino, a Orientação torna-se um terreno fértil para o depósito de muitas inquietudes.
Há pais que receiam a influência que o trabalho de orientação poderá ter na vida de seu filho; outros que gostariam que o filho começasse o processo com “certificado de garantia” de aproveitamento; outros que gostariam de ter, eles próprios, poderes extras para ajudar o filho nisto; outros, ainda, que gostariam de “refazer” a própria vida através da oportunidade atual do seu filho.
Os processos afetivos vividos no universo da família se relacionam e condicionam o tipo de escolha profissional realizado por um de seus elementos.
É responsabilidade do orientador verificar o campo ao qual o conflito se refere e encaminhar o orientando, ou a família toda, para o atendimento profissional respectivo.

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