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Transformações da cidade do RJ no início do século XX

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Construção Civil e Transportes 
Urbanismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transformações da cidade do Rio de Janeiro no início no do século XX 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Max Vinnicius Medeiros Dias T: 02 
Rio de Janeiro, 3 de julho de 2011. 
 
 
Panorama histórico. 
A cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX e começo do século XX vivia em um 
momento de intensa transformação. O momento era de transição entre o império e a república. 
Sendo o Rio de Janeiro a capital federal e mais importante cidade do país, no Rio as transformações 
eram mais visíveis e evidentes. 
Nesse tempo a capital federal ainda não era chamada de ‘Cidade Maravilhosa’ (a partir de 1935), 
na verdade a atual capital fluminense ganhava a alcunha não tão honrosa de ‘cidade da morte’, 
devido à grande quantidade de mortes de imigrantes como conseqüência da precariedade dos 
serviços públicos e as péssimas condições de vida aqui encontradas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1 – Cocheiros e carroceiros ocupavam as ruas da cidade no início do séc. XX; 
 
O aumento da população com a abolição da escravidão e a imigração constante de estrangeiros, 
só teve a contribuir com a calamitosa situação da cidade. A febre amarela, a peste, a varíola, a 
tuberculose e a malária já faziam parte do cotidiano carioca. Navios vindos do exterior passavam ao 
largo do porto carioca, condição assegurada previamente pelas companhias de navegação, com isso, 
a imigração estava ameaçada e o crédito do país abalado. 
Com a nova forma de governo, houve a crença de que haveria uma maior participação popular 
no governo, entretanto a realidade era um pouco mais dura, pois o novo governo tinha desprezo pela 
população pobre. A república com seus ideais positivistas não podiam tolerar a capital da república 
tão "imunda e cheia de vermes". 
A opressão imposta pelo governo em impostos, falta de emprego e em condições de vida 
precárias, a população com freqüência, explodia em revoltas espalhando a desordem e o caos pela 
cidade. 
Entretanto, o quinto presidente do Brasil, Rodrigues Alves, assumindo o governo em 1902 tinha 
propostas para acabar com o caos que se instalara na cidade. Seu objetivo era simples, era sanear e 
modernizar a cidade, visando garantir o fluxo de investimentos de capital estrangeiro. Por isso 
nomeia diretamente o prefeito dando-lhe carta branca, atribuindo características ditatoriais em suas 
ações. Francisco Pereira Passos, engenheiro civil com experiência em urbanismo e ferrovias foi 
escolhido para este trabalho, Oswaldo Cruz e Francisco Bicalho foram seus principais auxiliares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Avenida Central, em 1912, nomeada Avenida Rio Branco; 
A Reforma Urbana (1903-1906) 
O processo de reformulação urbana ocorrida no Rio de Janeiro no começo do século XX foi o 
resultado da iniciativa do então Presidente da República Campos Sales e consolidada por Rodrigues 
Alves. Que, anunciara uma grande ação de reformulação urbana sob o pretexto de melhorar a 
imagem, a sanidade e a economia da capital federal, intitulada “política da capital” tinha por 
finalidade de facilitar a imigração de estrangeiros ao Brasil e aumentar o volume de investimentos 
no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 3 – Francisco Pereira Passos; 
 
Para esta tarefa foi nomeado Francisco Pereira Passos para prefeito do Distrito Federal, Lauro 
Müller para ministro de obras e Francisco Bicalho para a modernização do porto. Após a indicação 
do engenheiro Passos, Rodrigues Alves confere-lhe não só autonomia para projetar uma reforma 
urbana para o Rio de Janeiro, mas também poderes de demitir funcionários e suspender 
aposentadorias e facultando-lhe, inclusive, governar os seis primeiros meses dos seus quatro anos 
com a Câmara Municipal fechada. 
A nomeação de Pereira Passos, bem como os poderes a ele concedidos, foram bem recebidas 
pela imprensa, mesmo a de oposição. 
[9]
 Os argumentos principais a favor da “ditadura” do prefeito 
eram a sua competência e o seu caráter apolítico, expressos nas palavras de Ferreira Rosa: 
 
“O presidente Rodrigues Alves (...) obteve do Congresso 
uma lei que entregava o Distrito Federal ao governo de 
um homem enquanto não fosse eleito novo Conselho 
Municipal; e para encontrar um homem na altura dessa 
elevadíssima função não teve mais do que dirigir-se ao 
engenheiro Pereira Passos e pedir-lhe que aceitasse o 
cargo de prefeito. Como este ilustre brasileiro 
correspondeu à confiança nele depositada sabe a 
população inteira desta capital. E (...) a obra deste 
homem sem ligações políticas é tão apreciável (...) que já 
no Congresso Nacional apareceu um projeto de lei 
adiando a eleição do legislativo municipal dilatando 
assim por mais um ano a independência administrativa do 
invulnerável prefeito Passos (apud Rocha 1983, p.47).” 
 
O novo prefeito da cidade, Pereira Passos foi fortemente influenciado pela reforma urbana de 
Paris, realizada por Georges Haussmann. A temática principal da reforma era a erradicação dos 
cortiços, casa de cômodos e a valorização dos espaços centrais para facilitar a livre circulação. 
A partir da influência de Haussmann, foram demolidos quarteirões inteiros, morros foram 
arrasados e vielas antigas e tortuosas deixaram de existir no cenário carioca. Era o Bota - abaixo, 
expressão popular que ganhou força devido à quantidade de demolições e construções na cidade. 
A realidade da capital federal mudou antes uma cidade imunda, agora com “modernas” ruas e 
praças “civilizadamente” mais largas, arborizadas e de arquitetura refinada nos moldes europeus. 
São feitas também, obras de escoamento das águas pluviais canalizando rios, favorecendo o 
Centro e outros bairros vizinhos. Com a preocupação com o esgotamento sanitário, é criado também 
um sistema de abastecimento de água. 
Dentro dessa meta urbanística, na região portuária, foi projetada uma obra sem precedentes com 
referência da idéia de progresso. Fora pensada como ícone maior do progresso material no Rio de 
Janeiro. Não é nenhum exagero fazer esta afirmação, tendo em vista todo o aparato que cercava 
todo o empreendimento: trilhos, guindastes elétricos, casa de máquinas e diversos aparelhos 
movidos à eletricidade, marco do progresso em todo seu auge positivista. 
Com o litoral cheio de irregularidades, foram aterrados ilhotas e mangues. Com isso, permitindo 
o surgimento de uma série de ruas que se dispunha em uma relação de paralelismo e 
perpendicularidade, formando ângulos de 90 graus, e cujo resultado era uma harmonia simétrica 
bem característica da época. 
 
Principais obras 
 1903 - Inauguração do Pavilhão da Praça XV ; 
 1903 - Prolongamento da Rua do Sacramento (atual Avenida Passos) até a Rua Marechal 
Floriano; 
 1903 Construção da Avenida do Cais (atual Rodrigues Alves); 
 1903 Obras na Avenida do Mangue (atual Francisco Bicalho); 
 1903 - Inauguração do Jardim do Alto da Boa Vista; 
 1903 a 1904 - Alargamento da antiga Rua da Perninha (atual Rua do Acre); 
 1904 - Construção do Aquário do Passeio Público; 
 1904 - Obras na Rua 13 de Maio; 
 1905 - Início da Construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (inaugurado em 1909); 
 1905 - Inauguração da nova estrada da Tijuca; 
 1905 - Alargamento e prolongamento da Rua Marechal Floriano até o Largo de Santa Rita; 
 1905 - Alargamento da Rua do Catete; 
 1905 - Alargamento e prolongamento da Rua Uruguaiana; 
 1905 - Inauguração da Avenida Central(atual Avenida Rio Branco); 
 1905 - Decreto para a construção da Avenida Atlântica, em Copacabana; 
 1905 - Inauguração da Escola-Modelo Tiradentes; 
 1905 - Abertura da Avenida Maracanã ; 
 1906 - Alargamento da Rua da Carioca; 
 1906 - Inauguração da fonte do Jardim da Glória; 
 1906 - Inauguração do palácio da exposição permanente de São Luiz (futuro Palácio Monroe); 
 1906 - Conclusão das obras de melhoramento do porto do Rio de Janeiro e do Canal do Mangue; 
 1906 - Inauguração das obras de melhoramento e embelezamento do Campo de São Cristóvão; 
 1906 - Aterramento das praias do Flamengo e Botafogo, com construção de jardins; 
 1906 - Inauguração do alargamento da Rua Sete de Setembro , entre as avenidas Centrais e 
Primeiro de Março. 
 1906 - Inauguração da Avenida Beira-Mar; 
 1906 - Reforma do Largo da Carioca; 
 1906 - Construção do Pavilhão Mourisco; 
 1906 - Construção do Restaurante Mourisco, próximo à estação das barcas, no Centro; 
 1906 - Melhorias no abastecimento de água da cidade; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conseqüências da reforma urbana 
A conseqüência imediata da remodelagem urbana comandada pelo prefeito Passos no início do 
século foi, sem dúvida, o agravo de um problema que já era crônico, isto é, o da habitação popular. 
Com as demolições e desapropriações nas áreas do Centro – a valorização desta área faz com que a 
população seja expulsa. A população de classe baixa vai para os subúrbios, longe dos locais de 
trabalho ou para os morros próximos ao Centro e isso causa o aumento do processo de favelização. 
Em 1905, as obras de Pereira Passos tinham provocado à demolição de cerca de 700 habitações 
coletivas, deixando desabrigadas pelo menos 14 mil pessoas. Um número que impressiona devido a 
impressionante política de habitação de Pereira Passos com a construção de 120 casas. 
Outro aspecto relevante é de que dentro desta reforma física da cidade foi feito um processo de 
“civilização” dos seus habitantes. Utilizando seus amplos poderes, Pereira Passos interferiu 
diretamente no cotidiano da população, alterando e disciplinando seus costumes. Sua primeira 
medida foi proibir a venda de miúdos em tabuleiros e a ordenha de vacas em vias públicas, 
obrigando a vacinação destes animais com tuberculina e definindo normas para fiscalização dos 
estábulos. Procuraram extinguir a mendicância, internando, à força em asilos, os incapazes para o 
trabalho e encaminhando os outros, inclusive menores, à polícia. 
Baniu a venda de bilhetes de loteria, estabeleceu licenças para ambulantes. Ordenou a captura e 
morte de cães vadios e instituiu imposto para quem tivesse esses animais dentro de casa. Proibiram 
a criação de porcos no quintal, a manutenção de hortas de comércio em zona urbana e a passagem 
pela cidade de cargueiros: tropas de animais, atrelados uns aos outros, transportando produtos 
hortigranjeiros. E as proibições se sucediam: os fogos de artifício, as pipas e os balões, o candomblé 
e outros cultos de origem africana, as serenatas e a boemia. 
Assim, podemos afirmar que em sua ação reformadora o prefeito expressou uma visão de 
integração típica de determinados setores da elite européia – perplexa diante do fenômeno do 
crescimento da classe operária – que, a partir de uma visão de mundo aristocrática, pensaram em 
“elevar espiritualmente o operariado”. Possibilitando o seu convívio com as elites urbanas das 
grandes cidades através de sua adesão à visão de mundo destas. Que se daria pelo controle 
governamental da civilidade urbana, pelas melhorias no espaço público e pelo fomento ao 
sentimento estético e cultural na cidade, além da educação escolar da população desagregando sua 
cultura e sua identidade. Assim, podemos afirmar que Pereira Passos pensou em um projeto de 
integração urbana, um projeto de integração conservadora. 
 
 
 
 
Bibliografia 
 
[1] PESQUISA, Sua (Org.). Revolta da Vacina. Disponível em: 
<http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/revolta_da_vacina.htm>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[2] BRASIL, Portal (Org.). Cidades Brasileiras: Rio de Janeiro. Disponível em: 
<http://www.portalbrasil.net/brasil_cidades_riodejaneiro.htm>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[3] DARCI, Luiz (Org.). Saudades do Rio. Fotos. Disponível em: 
<http://www.fotolog.com.br/luiz_o/86815300>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[4] BRASIL, Fundação Banco Do; PETROBRAS; NACIONAL, Acan – Associação Cultural Do 
Arquivo (Org.). João Candido. Revolta da Chibata: Cenário da Revolta. Disponível em: 
<http://www.projetomemoria.art.br/JoaoCandido/saibamais1.html>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[5] AMARROTADO, O (Org.). Um pouco sobre a origem das favelas no Rio de Janeiro. 
Disponível em: <http://oamarrotado.blogspot.com/2010/07/um-pouco-sobre-origem-das-favelas-
no.html>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[6] ABREU, Maurício de Almeida. Da habitação ao habitat: a questão da habitação popular no Rio 
de Janeiro e sua evolução. Revista Rio de Janeiro: Centenário da Reforma de Pereira Passos, Rio 
de Janeiro, n. 10, p.210-215, 10 ago. 2003. Quadrimestral. Disponível em: 
<http://www.forumrio.uerj.br/publicacoes_fase3_n10.htm>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[7] PECHMAN, Robert Moses. De civilidades e incivilidades. Revista Rio de Janeiro: Centenário 
da Reforma de Pereira Passos, Rio de Janeiro, n. 10, p.159-160, 10 ago. 2003. Quadrimestral. 
Disponível em: <http://www.forumrio.uerj.br/publicacoes_fase3_n10.htm>. Acesso em: 03 jul. 
2011. 
[8] MELLA, José Luiz Villar. Temporalidade e identidade: O jogo do bicho no Rio de Pereira 
Passos. Revista Rio de Janeiro: Centenário da Reforma de Pereira Passos, Rio de Janeiro, n. 10, 
p.109-111, 10 ago. 2003. Quadrimestral. Disponível em: 
<http://www.forumrio.uerj.br/publicacoes_fase3_n10.htm>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[9] AZEVEDO, André Nunes de. A Reforma de Pereira Passos: uma tentativa de integração urbana. 
Revista Rio de Janeiro: Centenário da Reforma de Pereira Passos, Rio de Janeiro, n. 10, p.39-46, 
10 ago. 2003. Quadrimestral. Disponível em: 
<http://www.forumrio.uerj.br/publicacoes_fase3_n10.htm>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[10] DECOURT, Andre. Bota Abaixo. Disponível em: 
<http://www.rioquepassou.com.br/2009/05/28/bota-abaixo/>. Acesso em: 03 jul. 2011. 
[11] ANDRADE, Elizana Souza. Revolta Da Vacina E Reforma Urbana No Periodo Da 1ª 
Republica 1902-1906. Artigo. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/7550/1/Artigo-
Revolta-Da-Vacina-E-Reforma-Urbana-No-Periodo-Da-1-Republica-1902-1906/pagina1.html>. 
Acesso em: 03 jul. 2011. 
[12] TEIXEIRA, Milton. O "Bota Abaixo" de Pereira Passos. Vídeo. Disponível em: 
<http://cafehistoria.ning.com/video/o-bota-abaixo-de-pereira>. Acesso em: 03 jul. 2011.

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