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VOLTA REDONDA A CIDADE PRIVATIZADA, CONFLITOS E CONTRADIÇÕES URBANAS- COMPLETO

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
Programa de Pós Graduação em Urbanismo-PROURB 
 
 
 
 
 
 
WILIAM FERNANDO GOMEZ 
 
 
 
 
VOLTA REDONDA 
A CIDADE PRIVATIZADA 
CONFLITOS 
E 
CONTRADIÇÕES 
URBANAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2010 
WILIAM FERNANDO GOMEZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VOLTA REDONDA A CIDADE PRIVATIZADA 
CONFLITOS E CONTRADIÇÕES URBANAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao 
Programa de Pós Graduação em Urbanismo 
– PROURB – Faculdade de Arquitetura e 
Urbanismo, Universidade Federal do Rio de 
Janeiro – UFRJ, como requisito parcial a 
obtenção do titulo de Mestre em Urbanismo 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Prof.Dra. Sônia Azevedo Le Cocq d´Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2010 
 
Wiliam Fernando Gómez 
Volta Redonda a Cidade Privatizada 
Conflitos e Contradições Urbanas 
Programa de Pós-Graduação em Urbanismo 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Av. Brigadeiro Trompowski, s/n 
Edifício da FAU – 5º andar 
Cidade Universitária – Ilha do Fundão 
21491-590 Rio de Janeiro – RJ – Brasil 
Tel. 55 21 2598 1991/2598-1975 
Rio de Janeiro – RJ 
2010 
http:// www.fau.ufrj.br/prourb 
wiliamgomez@yahoo.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
G633 
 
 
 
Gomez, Wiliam Fernando, 
 Volta Redonda a cidade privatizada, conflitos e 
contradições urbanas/ Wiliam Fernando Gomez. – Rio de 
Janeiro: UFRJ/FAU, 2010. 
 182f. Il.; 30 cm. 
 
 Orientador: Sônia Azevedo Le Cocq d’Oliveira. 
 Dissertação (Mestrado) – UFRJ/PROURB/Programa de 
Pós-Graduação em Urbanismo, 2010. 
 Referências bibliográficas: p.166-182. 
 
 1. Planejamento urbano. 2.Volta Redonda (RJ). 3. Cidade 
industrial. I. Oliveira, Sônia Azevedo Le Cocq d’. II. 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de 
Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em 
Urbanismo. III. Título. 
 
CDD 711.4 
 
 
WILIAM FERNANDO GOMEZ 
 
 
 
 
 
 
 
“Volta Redonda a Cidade Privatizada Conflitos e 
Contradições Urbanas” 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao 
Programa de Pós Graduação em Urbanismo 
– PROURB – Faculdade de Arquitetura e 
Urbanismo, Universidade Federal do Rio de 
Janeiro – UFRJ, como requisito parcial a 
obtenção do titulo de Mestre em Urbanismo 
 
 
Aprovado em: 30 de Setembro de 2010. 
 
 
 
 
 
Profa.Doutora Sônia Azevedo Le cocq D´Oliveira/PROURB/FAU-UFRJ 
 (Orientadora) 
 
 
 
 
Prof. Doutor Cristóvão Fernandes Duarte /PROURB/FAU-UFRJ 
 
 
 
 
Prof. Doutor Cláudio Antonio Santos Lima Carlos/DAU/IT/UFRRJ 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2010 
Agradecimentos 
 
Ao pensar fazer Mestrado em Urbanismo, pouco tempo após a minha 
graduação em Arquitetura e Urbanismo no ano de 2005, busquei orientação junto ao 
meu ex-professor da graduação Prof.Dr. Cláudio Antonio Santos Lima Carlos, para 
ingresso no programa de mestrado do PROURB, da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro – UFRJ, ao qual faço o agradecimento principal pelas orientações quanto à 
literatura e auxilio na elaboração do meu projeto de pesquisa. Na busca do objeto do 
tema desta dissertação o Arquiteto Urbanista da Secretaria de Planejamento de 
Volta Redonda, José Roberto Gomes, foi fundamental na proposta do tema, 
indicando a relevância e ineditismo do mesmo, e colaborando com informações e 
entrevista. No Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano – IPPU Volta Redonda, 
agradeço o apoio em materiais disponibilizados e entrevista pela Arquiteta Urbanista 
Claudia Chaves Cabral; ao Secretário de Planejamento Lincoln Botelho da Cunha, 
pela atenção e informações passadas, quanto a informações históricas do 
desenvolvimento urbano da cidade e outros dados importantes; ao ex-professor da 
Faculdade de arquitetura e Urbanismo - UGB o Arquiteto e Urbanista Sergio 
Fernandez, pela visão crítica dos problemas urbanos objetos de estudo desta 
dissertação passados em entrevista. 
Agradeço especialmente a José Maria da Silva, membro do Movimento 
Ética na Política – MEP, que disponibilizou todo o seu acervo pessoal contendo 
reportagens sobre a privatização da Companhia Siderúrgica Nacional de Volta 
Redonda, assim como a entrevista concedida, baseada na sua vivência pessoal, que 
serviu de base para a elaboração de quase todo o capítulo IV. Na parte revisional do 
texto agradeço a Margarida de Assis e Irene Cristina Dias pelas correções. 
Para finalizar agradeço a minha orientadora Profa. Doutora Sônia Azevedo 
Le Cocq d´Oliveira, as orientações fornecidas para a delimitação do tema e o 
acompanhamento do desenvolvimento. A todos os professores do PROURB, que 
me forneceram as bases para o mestrado, a secretária Keila sempre disposta a 
resolver os problemas apresentados por nós alunos. A FAPERJ pela bolsa 
fornecida, que sem ela aumentaria em muito a minha dificuldade para a conclusão 
deste mestrado. E às demais pessoas e colegas de turma que de forma indireta me 
auxiliaram neste trabalho com a compreensão e paciência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Contradições do espaço não advêm de sua forma 
racional, tal como ela se revela nas matemáticas. 
Elas advêm do conteúdo pratico e social e, 
especificamente, do conteúdo capitalista. 
Com efeito, o espaço da sociedade capitalista pretende 
ser racional quando, na pratica, é comercializado 
despedaçado, vendido em parcelas. 
Assim, ele é simultaneamente global e pulverizado. 
Ele parece lógico e é absurdamente recortado. 
Estas contradições explodem no plano institucional. 
 
(Henri Lefevbre, Espaço e política, pág.57) 
Resumo 
 
 
Gomez, Wiliam Fernando, Volta Redonda a Cidade Privatizada, Conflitos e 
Contradições Urbanas, Rio de Janeiro 2010, Dissertação, (Mestrado em Urbanismo) 
– PROURB- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal do Rio 
de Janeiro-UFRJ, 2010. 
 
 
O tema desta dissertação são as contradições e conflitos urbanos 
decorrentes da privatização da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, realizada 
pelo governo federal em 1993, sem a avaliação dos impactos sociais e urbanos na 
cidade de Volta Redonda. 
A Companhia Siderúrgica Nacional - CSN, construída na década de 40 pelo 
governo federal em conjunto com sua cidade operária de Volta Redonda, possui 
grandes extensões de terras, imóveis e propriedades de interesses de uso coletivos 
(hospital, escola, cinema e outros), na malha urbana da cidade. A forma de gestão e 
usos destes bens buscou contemplar a população operária pela CSN ao longo dos 
anos, fazendo parte do projeto de desenvolvimento industrial pensado por Getulio 
Vargas. A partir de 1993 com a privatização da companhia, todo o patrimônio imóvel 
é privatizado em conjunto com a planta industrial da siderúrgica. Volta Redonda 
como cidade “mono-industrial” sempre teve atrelado o desenvolvimento urbano ao 
desenvolvimento industrial de sua siderúrgica “mãe”, que após a privatização se 
rompe provocando choques de interesses entre o capital industrial e os interesses 
coletivos urbanos da cidade. 
Para a compreensão completa deste estudo, torna-se necessário conhecer 
a história da formação das vilas e cidades operárias, bem como a historia da 
industrialização de Volta Redonda e o desenvolvimento urbano em conjunto com o 
entendimento do panorama político econômico, dos anos 90. E a partir deste 
entendimento poder compreender completamente os novos rumos adotados pelo 
planejamento urbano, na cidade. 
 
 
 
 
Palavras Chave: Volta Redonda. História da Cidade. Forma Urbana. Cidade Mono 
Industrial. Cidade Planejada. Planejamento Urbano. 
Abstract 
 
 
Gomez, Wiliam Fernando, Volta Redonda a Cidade Privatizada, Conflitos eContradições Urbanas, Rio de Janeiro 2010, Dissertação, (Mestrado em Urbanismo) 
– PROURB- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal do Rio 
de Janeiro-UFRJ, 2010. 
 
 
 
The subject of this dissertação is the contradictions and decurrent urban 
conflicts of the privatization of National Siderurgical Company - CSN, carried through 
for the federal government in 1993, without the evaluation of the social and urban 
impacts in the Volta Redonda City. 
The National Siderurgical Company - CSN, constructed in the decade of 40 
for the federal government in set with its Company Town Volta Redonda, possesss 
great extensions of lands, and properties of collective interests of use (hospital, 
school, cinema and others), in the urban mesh of the city. The form of management 
and uses of these goods searched to contemplate the laboring population for the 
CSN to long of the years, being been the part of the project of industrial development 
thought by Getulio Vargas. From 1993 with the privatization of the company, all the 
immovable patrimony is privatized in set with the industrial plant of the siderurgical 
one. The Volta Redonda as city “mono-industrial” always had in conjunt the urban 
development to the industrial development of its siderurgical “mother”, that after the 
privatization if breaches provoking shocks of interests between the industrial capital 
and the urban collective interests of the city. 
For the complete understanding of this study, one becomes necessary to 
know the history of the formation of the companys towns, as well as the history of 
Volta Redonda industrialization and the urban development in set with the agreement 
of the panorama economic politician, of years 90. E from this agreement to be able to 
completely understand the new routes adopted for the urban planning, in the city 
 
 
 
 
 
 
 
Keywords Labray: Volta Redonda. História of City. Urban Form. Mono Industrial City. 
Planned City.Urban Planning 
LISTA DE FOTOS 
 
 
Foto 01 – Trabalhadores de Volta Redonda ......................................................Pag.17 
 
Foto 02 – Vista da fabrica e da Vila Operária de Saltaire-Bradford....................Pag.25 
 
Foto 03 - Maria Fumaça – Santo Antonio de Volta Redonda – 1941................Pag.37 
 
Foto- 04 - Estação Ferroviária – 1940...............................................................Pag.40 
 
Foto 05 - Fazenda Santa Cecília, inicio das obras 1941...................................Pag.42 
. 
Foto 06 – CSN e a Cidade Operária - década de 50.......................................Pag.45 
 
Foto 07 - Em primeiro Plano a Igreja o bairro de Santa Cecília, e o bairro 
Sessenta............................................................................................................Pag.50 
 
Foto 08 – Bairro Rústico com a construção da CSN ao fundo..........................Pag.51 
 
Foto 09 - Bairro Conforto em 1943 com a CSN ao fundo.................................Pag.52 
 
Foto 10 - Vista aérea da área destinada ao Recreio dos Trabalhadores, Parque da 
Cachoeira (atual jardim dos Inocentes) e o Bairro Vila Santa 
Cecília................................................................................................................Pag.53 
 
Foto 11 - Av. Paulo de Frontin - "Cidade Velha" – 1951...................................Pag.55 
 
Foto 12 - Trabalhadores de Volta Redonda sem data.....................................Pag.58 
 
Foto 13 – Av. do Retiro – inicio do bairro do Retiro-1950................................Pag.60 
 
Foto 14- Edifício sede da CSN construída no local que seria localizado a Prefeitura 
Municipal...........................................................................................................Pag.65 
 
Foto 15 Prédios de quatro pavimentos situado no bairro Laranjal....................Pag.66 
 
Foto 16- Maquete do Bairro Jardim Paraíba sem data.....................................Pag.67 
 
Foto: 17 - Cortejo fúnebre dos operários mortos durante a greve da CSN de 1988 
em Volta Redonda............................................................................................Pag.83 
 
Foto 18 - Invasão do Exército na CSN, durante a greve dos operários em 
1988..................................................................................................................Pag.89 
 
 Foto 19 - 1º de maio de 1989, inauguração do Memorial 9 de Novembro projeto do 
arquiteto Oscar Niemayer.................................................................................Pag.91 
 
Foto 20 - 2º de maio de 1989, imagem do memorial 9 de Novembro após o atentado 
ocorrido na madrugada após a sua inauguração...............................................Pag.91 
 
Foto 21-Privatização da CSN, Bolsa de Valores, Rio de Janeiro, 1993............Pag.91 
 
Foto: 22-Manifestação contra a privatização da CSN, Bolsa de Valores, Rio de 
Janeiro, 1993......................................................................................................Pag.95 
 
Foto: 23- Acesso proibido à Fazenda Santa Cecília e Floresta da Cicuta. – 
CSN.................................................................................................................Pag.102 
 
Foto: 24- Imagem aérea da região do Aero Clube com a Radial Leste..........Pag.106 
 
Foto: 25- Complexo Esportivo Jornalista Oscar Cardoso Bairro Aero Club...Pag..107 
 
Foto: 26– Uma das principais trilhas da Floresta da Cicuta–em desuso.......Pag.112 
 
Foto: 27– Área da Fazenda Santa Cecília......................................................Pag.113 
 
Foto: 28– Protesto dos Aposentados da Horta em 26.09.2003......................Pag.116 
 
Foto: 29– Foto aérea do campo de futebol do América e redondezas...........Pag.117 
 
Foto: 30– Foto do campo de futebol do América............................................Pag.118 
 
Foto: 31– Clube Umuarama – Vila Santa Cecília...........................................Pag.119 
 
Foto: 32– Clube Laranjal , popularmente conhecido como “Clubinho” – Bairro do 
Laranjal............................................................................................................Pag.120 
 
Foto: 33– Clube Náutico e Recreativo – Bairro Nossa Senhora das 
Graças.............................................................................................................Pag.121 
 
Foto: 34– Clube Versátil – Bairro Siderópolis..................................................Pag.121 
 
Foto: 35– Sede do Clube Foto Filatélico na Vila Santa Cecília – Volta 
Redonda..........................................................................................................Pag.122 
 
Foto: 36– Antiga sede do Tiro de Guerra 01/004 – Bairro Sessenta..............Pag.123 
 
Foto: 37– Campo de Tiro – Tiro de Guerra 01/004 – Bairro Sessenta............Pag.124 
 
Foto:38– Mapa mostrando as áreas de Volta Grande IV, e deposito de 
escoria...............................................................................................................Pag.127 
 
Foto: 39– Foto do pátio de escória e logo à frente, o Bairro São Luiz..............Pag.127 
 
Foto: 40– Foto aérea do Edifício Escritório Central..........................................Pag.128 
 
Foto: 41– Políticos, Sindicalistas e comunidade em reunião sobre as terras da 
CSN...................................................................................................................Pag.134 
 
Foto:42 – Hospital Vita, antigo Hospital Siderúrgica Nacional HSN.................Pag.136 
 
Foto:43 – Posto de Puericultura – HSN............................................................Pag.138 
 
Foto:44 – Vista do Recreio dos Trabalhadores.................................................Pag.139 
 
Foto:45 – Cinema Nove de Abril.......................................................................Pag.140 
 
Foto:46 – Hotel Bela Vista................................................................................Pag.141 
 
Foto:47– Radio SiderúrgicaNacional – ZYP-26...............................................Pag.142 
 
Foto:48– Escola Técnica Pandiá Calógeras – ETPC.......................................Pag.143 
 
Foto: 49 – Foto aérea da curva do Rio Paraíba do Sul....................................Pag.151 
 
Foto: 50– Memorial de Volta Redonda, localizado na entrada da cidade........Pag.151 
 
Foto:51 – Monumento com o novo símbolo , localizado na Praça em frente a 
rodoviária..........................................................................................................Pag.152 
 
Foto:52 – Mercado Popular na Vila Santa Cecília............................................Pag.153 
 
Foto:53 – Estádio Municipal Sylvio Raolindo de Oliveira (Estádio da 
Cidadania)........................................................................................................Pag.154 
 
Foto:54 – Operários da CSN, no desfile de 07 de setembro de 1944, Av.Rio Branco, 
Rio de Janeiro...................................................................................................Pag.157 
 
 
LISTA DE IMAGENS 
 
 
Imagem 01 – Implantação geral com indicação da fábrica, da Vila Operária de 
Saltaire-Bradford................................................................................................Pag.24 
 
Imagem 02 – Implantação da Vila operária Maria Zélia – São Paulo................Pag.27 
 
Imagem 03 - "Cité Industrielle" - Tony Garnier..................................................Pag.44 
 
Imagem 04 - Primeiro anteprojeto de Attilio em 1941........................................Pag.47 
 
Imagem 05 - Projeto final aprovado em 1941....................................................Pag.48 
 
Imagem 06 – Oficio da Prefeitura de Volta Redonda à CSN...........................Pag.108 
 
Imagem 07 – Documento do Movimento Ética na Política – MEP..................Pag.111 
 
Imagem 08– Documento da Cúria Diocesana de Barra do Piraí - Volta 
Redonda..........................................................................................................Pag.125 
 
Imagem 09– Reportagem do Jornal Diário do Vale em 03 de Setembro de 
2004.................................................................................................................Pag.131 
 
Imagem 10– Oficio da CSN à prefeitura de Volta Redonda em 
04.05.2004.......................................................................................................Pag.132 
 
 
LISTA DE MAPAS 
 
Mapa 01-Mapa esquemático Santo Antonio de Volta Redonda – 1940............Pag.39 
 
Mapa 02–Expansões desordenadas na “Cidade Velha”–Dec. de 50................Pag.61 
 
Mapa 03 - Mapa da Evolução Fundiária de Volta Redonda.............................Pag.77 
 
Mapa 04 – Localização das áreas dos clubes e entidades que a CSN pediu a 
reintegração.....................................................................................................Pag.109 
 
Mapa 05– Localização das áreas do entorno da Floresta da Cicuta e a área de 
preservação.....................................................................................................Pag.114 
 
Mapa 06– Localização das áreas da CSN em Volta Redonda........................Pag.135 
 
 
 LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 01 - Redução do numero de trabalhadores diretos..............................Pag.98 
 
Gráfico 02 – Evolução do lucro liquido da CSN................................................Pag.99 
 
Gráfico 03 – Índice de roubos e furtos em Volta Redonda................................Pag.99 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 – Relação Volta Redonda 2002-2006 Desempregados e Admitidos na 
industria.............................................................................................................Pag.101 
 
Quadro 2 - Saldo Migratórios Líquidos de Volta Redonda e Região Sul 
Fluminense........................................................................................................Pag.147 
 
Quadro 3 - População Residente em Volta Redonda por Município que trabalha ou 
estuda, principais deslocamentos.................................................................... Pág.148 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO..................................................................................................Pag.14 
 
 
CAPITULO 1- Siderurgia, Vilas Operárias e Cidades Monos industriais...Pag.17 
 
 
 
1.1-O Desenvolvimento da Siderurgia no Brasil..................................Pag.18 
1.2- Vilas Operárias ou “Company Towns”..........................................Pag.22 
1.3- As Vilas Operárias no Brasil.........................................................Pag.26 
1.4- A Cidade Mono-Industrial.............................................................Pag.28 
1.5- Ipatinga e João Monlevade...........................................................Pag.31 
1.6- A Privatização das Siderúrgicas...................................................Pag.35 
 
 
 
CAPITULO 2 – O Inicio de Volta Redonda....................................................Pag.37 
 
 
 
2.1- Santo Antonio de Volta Redonda.................................................Pag.38 
2.2- A construção da “Cidade Operária “ de Volta Redonda...............Pag.40 
2.3- O Planejamento Urbano no Brasil................................................Pag.42 
2.4- A Utopia da “Cité Industrielle” de Tony Garnier...........................Pag.43 
2.5- O Plano Urbanístico de Attílio Correia Lima................................Pag.45 
2.6- A “Cidade Velha” de Volta Redonda...........................................Pag.54 
2.7- Espaço de Segregação...............................................................Pag.56 
2.8- A Emancipação do Distrito Volta Redonda.................................Pag.58 
2.9- O Fim da Utopia Urbana.............................................................Pag.60 
2.10- O Plano de Helio Modesto Para Volta Redonda......................Pag.63 
2.11- O Direito a Cidade e a Espoliação Urbana...............................Pag.69 
2.12- 1964- Ano de transformações Políticas....................................Pag.71 
2.13- O Desenvolvimento do Planejamento Urbano..........................Pag.78 
 
CAPITULO 3- Globalização e a “Nova Ordem Mundial”..............................Pag.83 
 
3.1- A Crise do Capital e a Reestruturação da Siderurgia 
Mundial................................................................................................Pag.84 
3.2- Neoliberalismo e Privatizações no Brasil.....................................Pag.87 
3.3- A Greve de 88 – O Começo do Fim de um Ciclo.........................Pag.89 
3.4- O Processo de Privatização da Companhia Siderúrgica Nacional 
.............................................................................................................Pag.91 
3.5- Os Reflexos da Privatização.........................................................Pag.97 
 
 
CAPITULO 4- Volta Redonda a Cidade Privatizada....................................Pag.102 
 
 
 
4.1- Contradições e Conflitos Urbanos..............................................Pag.103 
4.2- Aero Clube..................................................................................Pag.109 
4.3- Floresta da Cicuta e Fazenda Santa Cecília..............................Pag.112 
4.4- Horta dos Aposentados..............................................................Pag.115 
4.5- O Campo de Futebol do América – Bairro Rústico....................Pag.116 
4.6- Clubes Recreativos e Sociais....................................................Pag.118 
4.7- Tiro de Guerra – 01/004.............................................................Pag.122 
4.8- O Conjunto Habitacional Volta Grande IV.................................Pag.126 
4.9- O Edifício do Escritório Central..................................................Pag.128 
4.10- A CSN Reinvidica Logradouros Públicos.................................Pag.130 
4.11- A Cidade se mobiliza................................................................Pag.1334.12 – Patrimônio Público ou Patrimônio Privado?............................Pag.136 
4.13 – Volta Redonda e a sua realidade atual...................................Pag.146 
4.14 – O Resgate da cidade...............................................................Pag.149 
 
 
CAPITULO 5- Conclusões Finais..................................................................Pag.157 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................Pag.166 
 14
INTRODUÇÂO 
 
 
Aprender com a cidade existente é, para o arquiteto, uma maneira 
de ser revolucionário. Não do modo óbvio, que é derrubar Paris e 
começar tudo de novo, como Le Corbusier sugeriu, mas de outro, 
mais tolerante, isto é, questionar o modo como vemos as coisas 
(Venturi, 2003: 25) 
 
 
Em 25 de maio de 2004 durante a semana acadêmica da Faculdade de 
Arquitetura e Urbanismo na Universidade Geraldo di Biasi, em Volta Redonda no 
meu último ano de graduação, o Arquiteto Urbanista Alberto Lopes apresentou seu 
livro A Aventura da Forma, Urbanismo e Utopia em Volta Redonda, que abordava a 
história urbana da cidade dos anos 40 até 1993. Durante a apresentação percebi a 
importância do tema devido aos poucos trabalhos de pesquisa sobre Volta Redonda 
desenvolvidos abordando as questões urbanas da cidade, Motivando o 
desenvolvimento desta dissertação de mestrado. 
Para o aprofundamento e compreensão do tema pelo leitor, inicio o Capítulo 
I abordando a origem da formação das vilas e cidades operárias pelas indústrias, a 
relação entre o capital industrial e o desenvolvimento urbano, com o 
desenvolvimento da indústria siderúrgica no Brasil, o projeto de desenvolvimento 
industrial de Getúlio Vargas, a identificação de cidades operárias em condições de 
formação urbanas semelhantes, bem como o processo de privatização 
implementado servindo de base para estabelecer correlações com o ocorrido em 
Volta Redonda. 
No inicio dos anos 40 Volta Redonda era apresentado nos mapas como um 
pequeno povoado rural distrito do município de Barra Mansa. Que no ano de 1941 
passaria a abrigar a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, sendo que depois de 
construída se transformaria na maior usina siderúrgica da América latina alterando 
brutalmente o pequeno povoado local, e a paisagem dominante com a construção 
da cidade operária ao lado do antigo núcleo urbano. Para a materialização do 
empreendimento o governo federal arregimentou trabalhadores no interior dos 
estados de São Paulo e principalmente Minas Gerais provocando intenso fluxo 
migratório para a região. A grandiosidade da construção da Companhia Siderúrgica 
Nacional, logo se destacou transformando a cidade operária de Volta Redonda em 
 15
um exemplo de desenvolvimento a partir de sua infra-estrutura urbana. Mas a 
contradição urbana se torna evidente a partir do espaço urbano original da cidade 
antes da construção da CSN, chamado de“cidade velha” deixado sem qualquer 
benesse de infra-estrutura urbana de água, luz, esgoto e calçamento das ruas e 
entregue a própria sorte da especulação imobiliária. O processo de formação da 
cidade com os seus dois núcleos urbanos, bem como a história urbana da 
construção da cidade operária. Em conjunto com o plano urbanístico elaborado por 
Attílio Correia Lima baseado na utopia da Citté Industrielle de Tony Garnier. A 
identificação do antigo núcleo urbano como espaço de segregação social e 
espoliação urbana, com a posterior emancipação da cidade em 1954, e o 
desenvolvimento do planejamento urbano, estão detalhados no Capítulo II. 
A evolução urbana de Volta Redonda e o desenvolvimento industrial da 
Companhia Siderúrgica Nacional sempre foram vinculados com as políticas 
econômicas empregadas pelo governo federal, refletindo as transformações 
nacionais instantaneamente no metabolismo da cidade. Primeiro pelo populismo 
exacerbado nos governos de Getulio Vargas e Juscelino Kubitschek, segundo pelo 
golpe militar de 31 de março de 1964, assinalando o retorno pelas forças militares 
dos ideais do liberalismo no governo federal, e por fim o impacto da transformação 
político econômico iniciado com o neoliberalismo em 1985, já com a transição 
democrática ocorrido em anos anteriores. No capitulo III estão abordados estes 
assuntos, e também, a crise do capital, com a reestruturação da siderurgia no 
mundo, avançando com o neoliberalismo no Brasil e as privatizações das estatais 
em inicio dos anos 90, mostrando os efeitos posteriores da privatização da CSN na 
crise instalada na cidade de Volta Redonda. 
As contradições e conflitos urbanos em uma cidade privatizada se 
encontram identificados no capitulo IV, relacionados os problemas urbanos entre a 
prefeitura e CSN, em relação as questões fundiárias e com diversas entidade e 
agremiações na continuação da concessão dos comodatos quando da siderúrgica 
ainda estatal. 
A lógica do pensamento capitalista em busca de resultados na produção e 
no lucro se instala na administração da Companhia Siderúrgica Nacional a partir de 
um processo de demissão em massa que afetou o profundamente o 
desenvolvimento econômico e social. 
 16
Se por um lado Volta Redonda estava imersa em uma profunda crise por 
outro a cidade se abria a novos horizontes em seu desenvolvimento urbano, mas 
enfrentando novos desafios a partir de uma privatização onde constavam além da 
planta industrial todos os imóveis da CSN incluindo Hospital, Escola Técnica Pandiá 
Calógeras, Hotel Bela Vista, Cinema, imóveis em comodato com entidades e 
agremiações sociais sem fins lucrativos, de uso coletivo da sociedade local e 
grandes glebas de terras nos arredores da cidade; criando dificuldades no 
desenvolvimento urbano devido a expressiva representação destes imóveis na 
malha urbana da cidade. 
O choque violento entre a realidade do desenvolvimento urbano e a 
realidade do desenvolvimento industrial, se agravam, acirrando a prática puramente 
capitalista por parte da CSN, ignorando a relação social com a cidade e o seu 
passado histórico, com a tentativa de reintegração de todos os imóveis em 
comodato, ao patrimônio imobiliário da empresa. 
Mesmo com os conflitos e contradições urbanas a cidade encontra 
alternativa na sua reestruturação pelo planejamento urbano com o resgate de 
elementos em seu passado de pré-industrialização como imagem dominante em 
substituição do modelo de cidade operária. Integrando a cidadania na busca de 
valorizar a cidade e torná-la um centro urbano regional do Sul Fluminense. 
Por fim no capitulo V, as conclusões finais aprofundando a identificação da 
transformação urbana relacionando a história de sua formação dos capítulos 
anteriores a este processo que se iniciou em finais da década 90 que se encontra 
em transformação contínua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17
CAPITULO I 
 
 
SIDERURGIA, VILAS OPERÁRIAS E CIDADES MONOS-INDUSTRIAIS 
 
 
(Foto 01) – Trabalhadores de Volta Redonda – sem data 
 
Fonte: Arquivo Pessoal Waldyr Bedê. 
 
“(...)Tu estás aqui no bloco rijo de aço 
crescendo na grandeza do compasso 
do nosso coração primaveril (...) 
um grito de heroicidade 
um sonho feito verdade 
O lema do trabalho aqui se inflama 
dentro dos fornos de matéria bruta 
donde a riqueza em rios se derrama 
para a grandeza de uma Pátria adulta 
Brasil, Brasil, Brasil (...)” 
 
(Hino de Volta Redonda, Letra: Sylvio Fernandes 
Música: Adauto de Oliveira) 
 18
1.1 – O Desenvolvimento da Siderurgia no Brasil 
 
O inicio da industrialização no Brasil aconteceu sob a bandeira do 
"nacionalismo e da defesa nacional". O Estado, ao assumir como prioridade a 
criação de indústrias de base, encaminhava soluções econômicas e favorecia as 
condições de acumulação capitalista de base industrial no Brasil, paralelamente o 
Estado assumia a função de investidor e empresário. 
Baer (1970 p. 81) "observa que os esforços no Brasil para a produção de 
ferro e seus derivadosremontam aos tempos coloniais". No Século XVIII Portugal 
proibira a construção de fornos de fundição, mas com a autorização do Príncipe 
Regente D.João, no final do século surgiram os primeiros fornos e fundições no 
Brasil. No século XIX, as fundições mais famosas em funcionamento no Brasil 
eram: a Ipanema em Sorocaba, São Paulo fundado em 1818 e Morro do Pilar em 
Minas Gerais fundada em 1815. A mão de obra utilizada era basicamente escrava 
com poucos homens livres trabalhando. As dificuldades para continuidade da 
produção eram imensas, provinham dos custos elevados de operação e a 
dificuldade de competição com os produtos ingleses, que tinham livre acesso ao 
mercado brasileiro. Já no século XX nos primeiros anos, a produção brasileira 
provinha de pequenas oficinas e fundições que forneciam peças para as ferrovias, o 
exército e reparos de máquinas e utensílios agrícolas. Neste inicio de século a 
produção brasileira estava estimada de cerca de 2.000 toneladas de ferro gusa 
fabricada por cerca de 70 pequenos estabelecimentos. O consumo do aço era 
satisfeito com a importação (no período de 1900 a 1912 a média anual era de 
272.500 toneladas de laminados de aço consumidos). 
A Preocupação do Estado neste período com a industrialização era 
primordialmente criar condições favoráveis a expansão do café através de 
instrumentos agrícolas e estradas de ferro. Em 1909 por iniciativa de Nilo Peçanha 
o Congresso aprova a adoção de incentivos a empresários nacionais ou 
estrangeiros que se dispusessem a investir na construção de uma usina de grande 
porte. A primeira proposta partiu do grupo inglês “Brazilian Hematite Syndicate” que 
adquirira 76.800 km2 na região de Itabira em Minas Gerais fundando a Itabira Iron 
Ore em 1911. O interesse do governo brasileiro em criar uma usina siderúrgica 
nacional vem desde a Primeira Grande Guerra, de acordo com Poso(2007, p.53) 
logo após o término da guerra. A idéia ressurge com o empresário americano 
 19
Percival Farquar que por volta dos anos 20, quando este apresenta ao presidente 
Epitácio Pessoa, um plano que combinava a construção de uma grande siderúrgica 
integrada a exportação de minério de ferro. Este projeto foi denominado de 
Contrato Itabira, que não veio a realizar-se devido a pressões políticas 
nacionalistas. Mesmo com o projeto fracassado, Farquar e seus sócios fundam a 
ACESITA ( Aços Especiais Itabira). 
A fundação da "Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira", em 1917 na cidade 
de Sabará em Minas Gerais, empresa de capital belga, luxemburguês e de 
brasileiros, foi um marco na industrialização brasileira e se tornaria a principal 
produtora de aço no Brasil. Durante a década de 30 houve a expansão da usina 
Belgo-Mineira criando a cidade de João Monlevade, outras antigas fábricas, e a 
implantação de novas usinas siderúrgicas relacionadas abaixo: 
-Companhia de Ferro Brasileira em Caeté, Minas Gerais, com capital 
francês, sendo a primeira a produzir tubos de ferro por meio de centrifugação; 
-Eletroaço Altoma S.A. em Blumenau, Santa Catarina, utilizando fornos 
elétricos para a produção de aço fundido e produtos laminados; 
-Siderúrgica Barra Mansa, em Barra Mansa, Rio de Janeiro, com fornos de 
carvão para produção de barras leves, media laminada e arames. 
-Metalúrgica Barbará, em Barra Mansa, na produção de tubos de ferro 
centrifugados e ferro fundido. 
-Aços Villares em São Paulo, para fornecer peças fundidas a sua 
companhia matriz (Elevadores Atlas S.A.) 
Mesmo com o crescimento da produção siderúrgica no Brasil nesta 
década, 70% do consumo de produtos laminados eram importados. Surgem nesta 
época debates em torno da chamada “Grande Siderurgia” para suprir 
principalmente a demanda de produtos pesados em aço de que dependiam as 
ferrovias, a construção naval e mesmo a construção civil. O governo de Vargas 
percebeu que o capital privado não possuía condições para a implantação da 
grande siderurgia no Brasil, e a usinas existentes não reuniam condições para as 
expansões necessárias. Somente um empreendimento operado pelo Estado e com 
o financiamento estrangeiro solucionaria o problema, com a consequentemente 
substituição das importações por produtos fabricados em nossas terras, Poso(2007, 
p.55). 
 20
Em relação a implantação da usina siderúrgica dois grupos divergentes se 
formaram. O primeiro, formado por nacionalistas e algumas organizações militares, 
buscava a exportação de minério de ferro para a Alemanha, em troca de 
equipamentos para construção da usina com a expansão do sistema ferroviário 
necessário para atender a fábrica. O segundo era formado pelas organizações 
diplomáticas brasileiras que temiam a situação política mundial da época e a 
penetração da Alemanha no Brasil, desejavam que o capital Americano financiasse 
tal empreendimento. Liderados pelo embaixador do Brasil em Washington D.C., 
Oswaldo Aranha (1934 – 1937). 
Em 1939 o Tenente-Coronel Edmundo Macedo Soares, especialista em 
siderurgia é enviado por Vargas a Europa com a finalidade de realizar estudos 
referentes à siderurgia com um grupo de empresas alemãs, e logo depois foi 
enviado aos Estados Unidos na busca de conversações com a U.S.Steel. 
Corporation, na época a maior produtora de aços mundial. Pouco antes Oswaldo 
Aranha, partidário da colaboração americana vai aos Estados Unidos na busca de 
créditos governamentais para a construção da usina. O que fica acentuado nestes 
contatos com os americanos é que caso não conseguisse o financiamento 
pretendido, o Brasil teria que se voltar para a Alemanha afim de que esta 
financiasse tal projeto; este argumento de acordo com Poso (2007, p.55) obteve o 
efeito pretendido. Assim Vargas estabelece uma aliança estratégica com o Governo 
Norte Americano através de um acordo assinado em 26 de Setembro de 1940; 
onde o Eximbank disponibilizaria 20 milhões de dólares em empréstimos para a 
aquisição de máquinas e equipamentos e o fornecimento de um corpo técnico 
especializado para a orientação na aquisição dos materiais e auxílio na construção 
da usina. Em contrapartida o governo Brasileiro disponibilizaria bases aéreas 
localizadas no litoral brasileiro para as forças armadas Norte-Americanas. 
O primeiro governo de Getulio Vargas (1930-1945) é marcado por um 
esforço de construção de um projeto de nacionalidade sob a promoção do Estado. A 
busca por uma nova sociedade, um novo homem, uma nova ordem produtiva e nova 
ordem territorial urbana surgem de ideais por vezes contraditórios, mas 
convergentes. A partir do movimento revolucionário de 1930 e depois através de um 
regime autoritário auto-intitulado de democracia social em 1937. Este projeto de 
nacionalidade se desenvolve e faz de Vargas o responsável pela implantação da 
indústria de base no Brasil e estabeleceu um padrão de empresa estatal se 
 21
contrapondo como reação ao liberalismo econômico, Souza(1992, p.23). Em 30 de 
janeiro de 1941 através do Decreto-Lei 3002, Vargas cria a Companhia Siderúrgica 
Nacional - CSN, ( embora a data de sua fundação seja considerada o dia nove de 
abril de 1941, data de aprovação de seu estatuto). Para a elaboração do projeto 
siderúrgico a Comissão Executiva contratou a empresa norte americana Arthur G. 
McKee and Co. e o projeto inicial da usina previa uma produção inicial de 230.000 
toneladas de aço podendo em pouco tempo chegar à marca de 400.000 toneladas, 
enquanto a produção total de aço no Brasil em 1939 estava em 114.000 toneladas. 
Ao compararmos estes valores podemos ter uma idéia da dimensão do 
empreendimento e o que a CSN viria a representar para Brasil nos anos 
subseqüentes. A grande siderurgia ainda era um obstáculo a ser superado, a 
construção da Companhia Siderúrgica Nacional surge exatamente para romper este 
obstáculo e difundir o industrialismo no cenário econômico e cultural do país, Lopes 
(2003, p.35). 
A centralidade do projeto siderúrgico no contexto nacionaldo final 
dos anos 30 fez que ao empreendimento CSN se associasse 
"naturalmente", ao projeto político-ideológico de construção da 
classe operária brasileira.Para tanto era necessário um sitio 
isolado, pois a construção de uma cidade era parte fundamental do 
projeto disciplinador, se constituía em seu eixo ao propiciar a 
"imobilização de mão de obra pela moradia". Atraídos de outras 
cidades, os trabalhadores passariam a habitar um espaço 
concebido como extensão do espaço fabril, submetendo-se ao 
duplo controle permitido pela imbricação das esferas da moradia e 
trabalho (SOUZA,op.cit.p.12). 
 
 
A busca pela centralidade na implantação do projeto siderúrgico não se 
prendeu apenas a critérios técnicos e econômicos, componentes políticos também 
tiveram forte influencia na escolha desta centralidade segundo Baer (1970 p.30). A 
escolha pelo Estado do Rio de Janeiro teve fortes razões, primeiro o estimulo à 
produção industrial fluminense que estava em declínio e o fato do interventor 
federal no Estado do Rio de Janeiro Amaral Peixoto ser genro de Vargas, também 
lembrado como um fato que justificou a escolha. 
O Governo Federal nomeou em março de 1940 a Comissão Executiva do 
Plano Siderúrgico Nacional, constituída pelo industrial Guilherme Guinle, o diretor 
da Estrada de Ferro Paulista Heitor Freire de Carvalho, o Tenente-Coronel 
Edmundo Macedo Soares, um representante da Marinha e outro da burocracia civil. 
Esta Comissão se reuniu de março de 1940 a Maio de 1941 e elaborou o projeto 
 22
para a criação de uma Companhia Nacional. A escolha de Santo António de Volta 
Redonda como sede da futura Companhia Siderúrgica Nacional segundo Souza 
(1992 p.09), se deu pelos seguintes critérios técnicos estabelecidos pela Comissão 
Executiva: a localização centralizada em relação às matérias primas (ferro de Minas 
Gerais e Carvão de Santa Catarina) e aos grandes centros consumidores Rio de 
Janeiro e São Paulo; possibilidades de transporte dos insumos pela Estrada de 
Ferro Central do Brasil (EFCB); abundância de água doce; baixo preço da mão de 
obra; e a segurança proporcionada pela Serra do Mar que protegeria a Usina de um 
possível ataque da artilharia naval. Este conjunto de condições resultaria, segundo 
a comissão executiva, em uma economia de despesas adicionais às de 
Construção. 
Minas Gerais liderava a produção do aço no Brasil, seguido de São Paulo e 
depois do Rio de Janeiro. O desempenho de Minas era devido a Companhia 
Siderúrgica Belgo-Mineira, com as suas laminações nas cidades de Sabará e João 
Monlevade, tendo um total de 2.461 trabalhadores produzia 40.767 toneladas de 
aço em 1939 sendo a maior do país; seguida pela Companhia de Mineração e 
Metalurgia, em São Caetano, São Paulo com 805 trabalhadores produzia 20.907 
toneladas; e em terceiro lugar a Companhia Brasileira de Usina Metalúrgica em 
Neves no Rio de Janeiro, com 957 trabalhadores e 19.487 toneladas no mesmo 
ano; Baer (1970 p.90). É criada neste período do governo de Getulio Vargas, além 
da Companhia Siderúrgica Nacional-CSN, a Companhia Vale do Rio Doce-CVRD, a 
Fábrica Nacional dos Motores-FNM, e a Companhia Nacional de Álcalis, todas com 
sede no Estado do Rio de Janeiro. 
 
1.2 – As Vilas Operárias ou “Company Towns” 
 
As chamadas “Colônias Industriais”, surgidas na Inglaterra no inicio da 
Revolução Industrial geralmente se localizavam em áreas rurais devido á 
proximidade da energia hidráulica, e foram por um bom tempo a forma típica de 
organização da Indústria têxtil inglesa, sendo as mais famosas: Grec, Ashton, 
Ashworth, Strutt e New Lanark de Robert Owen. No século XIX, as cidades 
industriais inglesas promoveram a transformação de uma população indisciplinada 
e indolente em trabalhadores industriais, na segunda metade do século o 
desenvolvimento da metalurgia propiciou o surgimento de “Company Towns”, que 
 23
são desde vilas a pequenas cidades controladas por apenas uma única empresa, 
que na época muita vezes eram propriedade de uma única família, passando de pai 
para filho o controle tanto da empresa quanto de sua Vila Operária ou Company 
Town, é o caso, por exemplo, das usinas de Creysot, pertencente aos Schneider, 
Hayange da família Wendel, e de Essen de propriedade dos Krupp, (Morel, 1989 
p.53). As Vilas Operárias passaram a estender para a vida cotidiana do operário o 
controle já exercido na fábrica. Segundo Moraes (2007, p.03) um principio 
moralizador integrava as vilas operárias com intuito de controlar os instintos e 
introduzir novos costumes e padrões morais, da ética no trabalho, disciplina e do 
respeito à propriedade e aos patrões. Com o decorrer dos anos por questões 
sanitárias estas vilas foram adquirindo um perfil mais próximo de “vila jardim”, com 
construções isoladas no lote e cercadas de verde, as idéias da família burguesa 
impunham-se ao operariado. As vilas eram dotadas de toda uma infra-estrutura que 
propiciava ao operário e a sua família o lazer, a educação com escolas, espaços 
culturais, igrejas e parques, mas com controle das atividades exercido pelos 
patrões. 
Um exemplo de “Company Town” inglesa nesta época é Saltaire-Bradford, 
que fora construída no período de 1851 a 1872, distante três milhas da cidade de 
Bradford, possuía 2,59Km2, com 820 casas, contando também com igreja, hospital, 
banhos públicos, clube e um parque. A sua concepção de acordo com Viana (2004, 
p.13) foi influenciada pelas idéias dos novos conservadores ingleses e dos 
reformadores socialistas utópicos do começo do século XIX, como Robert Owen. 
Enquanto a cidade de Bradford convivia com seus conflitos políticos, 
poluição industrial, bebedeiras, epidemia e sujeira, em Saltaire acontecia o oposto 
com escolas de ensino regular, hospital, igrejas e parques. Todas as atividades 
consideradas nocivas eram proibidas em Saltaire desde o fumo em lugares 
fechados, jogos de azar, crianças andando desacompanhadas e eventos coletivos 
só aconteciam com a permissão prévia da direção da fábrica. Também era proibida 
a permanência nas ruas de pobres sem ocupação e imigrantes com a suas imagens 
associadas a todo tipo de desordem e corrupção, (Ibid.p.14). Em 1892 a fábrica e a 
vila foram colocadas a venda e no ano seguinte, compradas por um consórcio de 
empresários de Bradford. Na crise da década de 30 a vila fora vendida para compra 
de novas maquinarias. Em 1987 após ser mais uma vez vendida, tornou-se um dos 
melhores exemplos de readequação de uso de um complexo industrial histórico sem 
 24
comprometer a integridade arquitetural, com várias das antigas seções da fábrica 
passando a ter uso comercial com atividades culturais e artísticas. 
 
(Imagem 01) - implantação geral com indicação da fábrica, da vila operária de Saltaire– Bradford 
 
Fonte: Viana(2004, p.14) 
 
 
 25
(Foto 02) - Vista da fábrica e da vila operária de Saltaire – Bradford 
 
Fonte: Viana(2004, p.14) 
 
 
 
 
 26
1.3 – As Vilas Operárias no Brasil 
 
A construção de Vilas operárias no Brasil tem suas origens no final do 
século XIX e se acentua na República Velha, onde se encontram registros de 
tentativas isoladas no empreendimento de empresas no Brasil. As cidades 
brasileiras neste período não estavam preparadas para receberem as fábricas e os 
operários, a construção de vilas operárias a exemplo do que acontecia nos paises 
Europeus, tornou-se uma solução para a resolução deste problema. A construção 
foi empreendida pela indústria de capital privado e por vezes pelo próprio poder 
público, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e também em localidades 
mais isoladas, Motta(2007, p.34). O conceito de rígido controle das atividades e das 
formas de lazer, na procura de afastar todas as influências negativas da sociedade 
também se repetia nas Vilas Operárias brasileiras. 
Desta época podemos ressaltar como exemplo a Vila Operária Maria Zélia 
em São Paulo, construída em 1916 pelo empresário JorgeStreet (1863-1938), 
proprietário da Companhia Nacional de Tecidos de Juta sendo um dos pioneiros na 
implantação da indústria no Brasil, e ao transferir a sua fábrica para a cidade de 
São Paulo, o empresário adquire uma extensa área no bairro de Belenzinho para a 
construção da Vila Operária. Com projeto do arquiteto francês Pedarrieux, que 
segundo Viana (2004, p.18) seguiu um padrão arquitetônico e urbanístico Inglês 
com uma clara inspiração em Saltaire, foram construídas perto de 200 casas uni 
familiares destinadas a habitação de seus funcionários e em conjunto 
equipamentos urbanos de uso coletivo como creche, jardim de infância, dois grupos 
escolares, escolas profissionalizantes, farmácia, médico, dentista, açougue, 
armazém, campo de jogos e associação recreativa, seguindo toda a proposta na 
busca de conforto e controle da vida social de seus operários e suas famílias 
objetivando melhorias na produção da fábrica. Street buscava o retorno financeiro 
de seu investimento na forma de produção, porém com o agravamento da situação 
financeira da fábrica, Street perde a Vila Operária para Nicolau Scarpa em 1923 em 
troca de pagamento de dividas, que também ocorre em 1929, com a Vila passando 
para a família Guinle e posteriormente para o IAPI e INPS devido a dividas fiscais. 
 
 
 
 27
(Imagem 02) - implantação geral da Vila Operária Maria Zélia – São Paulo 
 
Fonte: Viana(2004, p.18). 
Na época em que realizou sua pesquisa, a autora constatou que na 
Maria Zélia, havia ainda 178 residências distribuídas por 9 ruas, o 
Grupo Escolar Maria Zélia e o Colégio Manuel da Nóbrega, em cujo 
frontispício se lê “Escola de Meninos”, e que fica em frente ao grupo 
escolar, “Escola de Meninas”.Havia ainda a igreja católica, um 
armazém, um depósito material, um bar, uma pequena oficina de 
calçados desativada, e um escritório de administração da vila. E 
descreve também o contraste muito grande que presenciou entre o 
silêncio e a grande quantidade de automóveis estacionados em 
suas ruas estreitas. O nível de formalização das relações fora 
mantido com a criação de uma espécie de escritório administrativo, 
dentro da vila, que cuida da limpeza interna, do estacionamento e de 
problemas com o INPS. Os moradores mais antigos da vila, em 
vários relatos, demonstraram muita consciência do sentido histórico 
do lugar onde moram. (VIANA, 2004 p19). 
 
Na década de 30 há uma inovação na concepção das Vilas Operárias com a 
presença da figura do arquiteto urbanista mais presente na concepção dos projetos, 
passando a revelar uma nítida inspiração no modelo de cidade-jardim como no caso 
 28
das Vilas Operárias Harmonia e Lagoa construídos pela Klabin e outros com forte 
influência do urbanismo dos primeiros CIAM(01) segundo Correia (1999, p.1), como 
na proposta elaborado por Lucio Costa para a cidade de João Monlevade em Minas 
Gerais. 
 
1.4 – A Cidade Mono-industrial e a Vila Operária 
 
O desenvolvimento da produção de bens intermediários e a extração de 
minério no Brasil na década de 30 fizeram surgir no país as primeiras cidades 
monos industriais, devido à necessidade característica destes tipos de indústrias se 
localizarem próximo as fontes de matérias-primas, que geralmente se encontravam 
em regiões afastadas dos centros metropolitanos e em localidades com 
urbanização incipiente. A facilidade da logística do escoamento da produção por 
transporte ferroviário ou rodoviário também foi outro fator importante para a 
localização destas indústrias. A cidade mono-industrial de acordo com Costa (1979, 
p.07), além das características já descritas possui ainda outro elemento importante 
em sua definição, que é a exportação de toda a produção para os grandes centros 
urbanos para a manufatura de bens de consumo, tornando a empresa como um 
“elemento estranho” na cultura da comunidade, devido a pouca influência direta dos 
seus produtos na economia local de fraca atividade no setor secundário. Devido ao 
grande porte das indústrias que iniciaram as suas instalações, a necessidade de 
um projeto urbano elaborado por um arquiteto urbanista para as Cidades Operárias 
tornou-se necessário devido ao expressivo aumento das dimensões geográficas e 
populacionais necessários aos novos empreendimentos. Embora se tenha neste 
período projetos urbanísticos mais elaborados, o principio da criação das Vila 
operária continuou valendo para as Cidades Monos Industriais, permanecendo a 
relação do projeto urbano com os interesses econômicos da empresa, e de sua 
produção capiltalista, deixando 
 
 (01)-CIAM-Congressos Internacionais da Arquitetura Moderna, fundado em 1928, constituíram uma 
organização e uma série de eventos organizados pelos principais nomes da arquitetura moderna 
européia a fim de discutir os rumos da arquitetura, do urbanismo e do design. Um dos seus 
principais idealizadores foi o franco-suíço Le Corbusier. Os CIAM consideravam a arquitetura e 
urbanismo como um potencial instrumento político e econômico, o qual deveria ser usado pelo poder 
público como forma de promover o progresso social.(CORREIA, op.cit. p.03) 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_moderna
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitectura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Urbanismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Design
http://pt.wikipedia.org/wiki/Le_Corbusier
 29
a grande maioria dos problemas gerados com a implantação de uma grande 
indústria a serem solucionados pelo poder público local, como o aumento 
populacional com déficit habitacional gerado em conjunto com o desemprego 
devido a falta de especialização na mão de obra que migra para a cidade em busca 
de emprego e consequentemente passa a fixar residência nos arredores, fora dos 
limites da cidade operária, desenvolvendo núcleos urbanos precários sem 
qualidade habitacional e de infra-estrutura urbana. O distanciamento de núcleos 
urbanos desenvolvidos, precariedade dos pré-existentes próximos facilitou a 
implantação da política urbana pela indústria, subordinando o assentamento 
humano aos interesses do capital produtivo, exercendo o controle político e uma 
disciplina rígida em suas cidades operárias, a exemplo do já exercido nas antigas 
Vilas operárias do século XIX. Piquet (1986, p.78) afirma que há predomínio dos 
interesses capitalistas na construção da infra-estrutura e nos espaços tornando-os 
de exclusão e desigualdades, distinguindo empregados de não empregados pela 
fábrica. A constituição de bairros, o acesso a moradia, o controle social, a disciplina 
e todos os investimentos em equipamentos e ações urbanas refletem a soberania 
do capital e a relação de dependência econômica da cidade em relação à empresa 
e as atividades econômicas adjacentes. 
Este fenômeno se agrava ainda mais, quando a grande indústria na 
sua instalação adquire determinados direitos na região, tornando-
se um poder paralelo por vezes superior à administração pública 
local. Com isso faz prevalecer os seus interesses particulares sobre 
aqueles da população como um todo. Fica desta forma 
caracterizado um problema de gestão, observando choques de 
interesses, onde a maior prejudicada é a população de baixa renda 
e não ligada diretamente ou indiretamente à empresa 
COSTA(1979, p.10). 
 
As cidades monos industriais quando bem sucedidas se tornam municípios, 
tendo como prefeitos frequentemente membros da própria empresa ( ou pessoas 
controladas por ela), o que segundo Piquet (1986, p.18), constitui um elemento de 
controle da administração municipal. E termina por afirmar que: “essa massa 
proletária funcionava como clientela política dos patrões, em um mecanismo 
análogo ao do coronelismo”. 
A produção industrial e a gestão urbana concentrados em um único poder, 
geralmente uma indústria estranha a comunidade e a cultura local, são 
determinantes na apropriação e organização do espaço urbano, de forma 
concentrada. Um dos efeitos observados está na formação de “duas cidades” 
 30
dentrodo mesmo território municipal. A primeira geralmente planejada pela 
indústria, com os seus empregados residindo e usufruindo de todos os 
equipamentos urbanos necessários ao seu conforto. A outra cidade se desenvolve 
de maneira espontânea a medida que os fluxos migratórios se direcionam para a 
região, atraídos pelas oportunidades de emprego, na maioria dos casos sem quase 
nenhuma infra-estrutura urbana. O processo de segregação torna-se mais visível 
na cidade mono-industrial segundo Costa (1979, p.13) do que em outro tipo de 
cidade. Em outros tipos de cidades o centro é o lugar onde estão concentrados os 
melhores equipamentos urbanos, nas cidades monos-industriais esta concentração 
se verifica associada a parte da cidade desenvolvida pela grande empresa. 
Cabe aqui fazer uma distinção entre as cidades monos industriais, neste 
período de industrialização brasileira. Há o tipo caracterizado pelas cidades 
construídas por empresas do ramo elétrico para a construção de hidrelétricas. As 
cidades monos-industriais construídas para este tipo de usina possuem 
características diferenciadas em relação às cidades construídas por demanda da 
produção siderúrgica e de mineração. Parte da cidade operária de construções de 
caráter provisório sendo desmontadas logo após o termino das obras( exemplo Vila 
Operária Primavera em Rosana –SP construída pela CESP –Centrais Elétricas São 
Paulo). Com a sua população de operários da construção civil migrando para outras 
regiões em busca de novas obras. Permanecendo na cidade somente a parte de 
funcionários contratados para o funcionamento da usina hidrelétrica, Moraes (2007, 
p.03). Na cidade operária de origem siderúrgica esta situação era inversa, devido 
as característica de cunho capitalista dos investimentos e a busca do contínuo 
aumento de produção, gerando nestas cidades um contingente de trabalhadores 
em busca de empregos de forma direta ou indireta na indústria. 
 
 
 
 
De fato, quando se considera que o elemento produção é a base 
para organização deste espaço urbano e que os interesses deste 
elemento predominam no processo de gestão da cidade, 
compreende-se facilmente que a lógica de organização deste 
espaço não é aquela baseada na preferência das pessoas, mas 
sim aquela que garanta os maiores benefícios para o sistema 
econômico (COSTA, op.cit. p.12) 
 31
 
1.5 – IPatinga e João Monlevade 
Neste capítulo abordamos o desenvolvimento da siderurgia no Brasil com a 
formação das Company Towns, (com exemplos de Saltaire em Bradford , Inglaterra 
e da Vila Maria Zélia em São Paulo), e o entendimento que as cidades operárias 
foram conseqüência da evolução das antigas vilas operárias. Antes de aprofundar 
os estudos na cidade de Volta Redonda nos próximos capitulos, há a necessidade 
de identificar Cidades Operárias em condições de formação urbana semelhantes 
com o objeto desta dissertação, com a finalidade de estabelecer correlações. A 
escolha das cidades de João Monlevade e Ipatinga ambas no estado de Minas 
Gerais corresponde a critérios estabelecidos. Para a análise, critérios foram 
determinantes na escolha das duas cidades como exemplos. Apesar de que vários 
centros urbanos podem ser identificados como monos industriais, cada qual possui 
características próprias decorrentes da sua implantação industrial. Inicialmente, 
ramo e porte das indústrias instaladas em comparação a Companhia Siderúrgica 
Nacional, devem ser considerados. Para esclarecer melhor, Costa (1979, p.41), 
afirma que as indústrias de cimento e de extração de minerais se caracterizam por 
não gerarem um volume alto de empregos e de fluxos migratórios, em comparação 
com a grande siderurgia implantada em Volta Redonda, não servindo como 
elemento de estudo. O mesmo acontece com as médias siderúrgicas. A posição 
geográfica é um outro fator que deve ser considerando, a proximidade com grandes 
centros urbanos causa diferenciações no impacto verificado com a industrialização, 
por fim a identificação de centros urbanos já consolidados antes da implantação da 
indústria vem a excluir várias cidades. 
Em 1934, a Companhia Siderúrgica Belgo Mineira realiza um concurso 
para construção da cidade operária de João Monlevade(2) a ser construída a partir 
da expansão de sua fábrica, no município de Sabará. O edital do concurso continha 
em seu escopo projetos para além das moradias operárias, todos os 
equipamentos de uso urbano, serviço médico, clubes esportivos e recreativos, 
escolas, igrejas, comércio e cinemas. 
 
(2) João Monlevade, nome dado a comunidade criada pela Companhia Belgo Mineira (atualmente 
Arcelor Mittal Monlevade) em homenagem ao engenheiro francês Jean-Antoine Félix Dissandes de 
Monlevade a partir do estabelecimento de sua usina, no então município de Rio Piracicaba, em 30 
de dezembro de 1962 foi elevado a categoria de municipio.(LIMA, 1999, p.04) 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Antoine_F%C3%A9lix_Dissandes_de_Monlevade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Antoine_F%C3%A9lix_Dissandes_de_Monlevade
 32
Neste concurso, de acordo com Lima (1999, p.02) havia o interesse da empresa de 
que os projetos apresentados fossem “rigorosamente dentro dos preceitos do 
urbanismo moderno”, ( destacando o grau de importância do concurso no confronto 
de idéias). Dentre os participantes constam dois que devem ser mencionados, 
Lucio Costa e Lincoln Continentino(3), que ousaram anunciar novos conceitos para 
o partido urbanístico da cidade operária. Lucio Costa apresentou um projeto dentro 
dos princípios do CIAM, influenciado por Le Corbusier , e Continentino uma 
proposta mais próxima da Cidade Jardim de Ebenezer Howard, terminando por se 
classificar em primeiro lugar, tendo o seu plano implementado. A relação da 
Companhia Belgo Mineira com o espaço urbano não foi diferente das antigas 
Vilas Operárias. Conforme o processo de urbanização evoluiu com a emancipação 
da cidade; na década de 70 a empresa transfere para a prefeitura a administração 
do espaço urbano criado, tornando-o cada vez mais segmentado e diferenciado, 
devido ao crescimento natural da cidade sem o planejamento anteriormente 
elaborado. A companhia volta-se quase que exclusivamente para a produção 
industrial não se envolvendo diretamente com a reprodução de sua força de 
trabalho no ambiente urbano de João Monlevade, Pereira (2008, p.118). No final 
da década de 70, João Monlevade a partir do desenvolvimento de uma 
industrialização complementar, com pequenas indústrias e o setor terciário; a 
cidade até então chamada popularmente de “comunidade da Belgo Mineira “ vai 
desfazendo de antigos laços de dependência com a Companhia Siderúrgica, 
(PEREIRA, 2008 p.118.Apud.FAZZI, 1990, p.128). 
 
A concentração original dos trabalhadores em torno da fábrica foi se 
rompendo a registrou-se a dispersão deles pelos bairros da cidade. 
Do mesmo modo, o assistencialismo e a prestação de serviços, que 
chegaram a envolver o fornecimento de leite pasteurizado e a 
manutenção da rede elétrica doméstica (até com a troca de 
lâmpadas, por empregado da empresa, em cada residência), foram 
se rompendo, gradativamente, nos anos 1970. Em 1988, quando um 
ex-presidente do sindicato dos metalúrgicos elegeu-se prefeito, os 
movimentos sociais locais haviam se fortalecido e expressavam 
rupturas com a forma tradicional de dominação social da empresa 
sobre a comunidade de trabalhadores. Nessa época, também, a 
cidade já demonstrava maior grau de abertura para outras iniciativas 
econômicas e independência relativa da empresa. (Ibid, p.118). 
 
 
(3) Autor do Plano Urbanístico para a cidade de Belo Horizonte em 1935.Fonte 
:http://www.ferias.tur.br/informacoes/3304/joao-monlevade-mg.html, em 02.02.2010. 
 33
Em 1958 na época do inicio da construção de Brasília, a Usiminas (Usinas 
Siderúrgicas Minas Gerais S/A), foi implantada em uma posição geográfica 
estratégica, no caminho da estrada de ferro Vitória-Minasque levava o minério de 
ferro do interior do estado mineiro até o porto em Vitória no Espírito Santo. A 
paisagem da localidade era composta pelos rios Doce e Piracicaba em conjunto 
com uma hidrelétrica já nas proximidades de onde se implantaria a nova usina 
siderúrgica. Este espaço era limitado pelas rodovias BR-381 e BR-458, traçando as 
fronteiras para a cidade operária que iria ser construída seguindo os projetos do 
plano urbanístico do arquiteto Rafael Hardy Filho contando com a colaboração de 
Marcelo Bhering. Este plano continha todas as necessidades exigidas e entendidas 
pela empresa no que se referia a vida social e o conforto dos seus funcionários, 
Dias (2008, p.01). Antes da implantação da Usiminas, o distrito de Ipatinga era 
composto de cerca de 300 casas de carvoeiros e de trabalhadores em carvoarias 
que serviam as demandas solicitadas pelas Siderúrgicas Acesita e Belgo Mineira 
aos fazendeiros locais, não havia qualquer traço de urbanização, Pereira (2008, 
p.192) cita um depoimento do ex-presidente da Usiminas quanto a realidade local 
de implantação da companhia e conformação urbana da cidade. 
Nós tivemos de fazer a cidade. Encarregamos o Hardy de fazer o 
projeto. Ele arrumou um grupo de arquitetos e todos estavam de 
acordo que se devia dar um caráter de vida ao ar livre, o “country-
life” inglês, ou seja, quanto mais separada da Usina melhor, a fim de 
não se ver nada da Usina, nem fumaça. A cidade foi feita mais ou 
menos dentro dessa filosofia. Ele fez uma coisa bonita. Depois que 
começou a funcionar foi que vimos o erro. [...] começaram a 
acontecer em Ipatinga casos de loucura. No mês de outubro, não 
me lembro de que ano, tivemos sete exemplos. Então, fomos 
descobrir a razão. A empresa resolveu que se fizesse nesses 
bairros um clube; o pessoal fundava o clube e a Usiminas dava a 
piscina. Então, criaram-se quatro ou cinco clubes e a vida começou 
a melhorar. [...] Em cada momento fizemos uma pesquisa para 
saber o que o pessoal achava e constatamos que todo mundo 
queria ficar naquele bairro amontoado. Ninguém queria saber de 
country-life. Aquilo era negócio de inglês. Então, chegamos à 
conclusão de que tínhamos de concentrar a população para poder 
ter um supermercado, uma sorveteria etc. (PEREIRA, 2008, p.193, 
apud.FRIZZERA; MATA MACHADO, 1987, Amaro Lanari Jr., p.15). 
 
Dias, (op.cit,p.1) relata que no inicio da cidade operária de Ipatinga, nas 
residências de propriedade da Usiminas os funcionários não possuíam despesas de 
água, luz e aluguel, e as casas não tinham muros. Com a expansão da usina a 
companhia não teve condições de arcar com novas moradias, e vendeu as casas 
 34
nos planos habitacionais da época aos funcionários. Com isso provocaram-se 
intensos fluxos migratórios para a cidade nos anos 70, com crescimento espontâneo 
de sua malha urbana fazendo surgir uma cidade precária e secundária, toda 
improvisada e sem infra-estrutura, com a sua população formada basicamente por 
subproletarios ligados diretamente as empreiteiras e serviços não diretamente 
ligados a Usiminas. A segregação espacial(4) encontrada na cidade operária 
planejada, com bairros para cada categoria de funcionários se ampliava mais a 
medida que a cidade espontânea crescia. Com a expansão da siderúrgica a cidade 
se transforma em um enorme canteiro de obras com as condições de vida de forma 
mais precária possível. 
 
Grande parte dos trabalhadores da usina, jovens e solteiros, sem 
família na cidade, habitava os alojamentos da empresa, ou neles se 
amontoava. Eram mantidos sob rigorosa disciplina ditada pela 
empresa. Outra grande parte, cerca de 60% dos operários, vivia 
espremida em barracos de madeira, nos morros da cidade vizinha e 
podiam gastar mais de uma hora para chegar ao trabalho, em 
caminhões ou ônibus. A precariedade dessa situação se 
aprofundava com a inexistência de ação sindical efetiva e, ainda, 
com a repressão explícita por parte da empresa. A direção da usina 
defendia a tranqüilidade e a ordem, com a Cavalaria Montada da 
Polícia Militar, que, segundo a referida reportagem do Jornal EM 
TEMPO (20/31 mar. 1978), era remunerada pela usina e, portanto, 
submetida a dois comandos: o comando militar e o comando 
político-administrativo da empresa. (PEREIRA, 2008, p.198). 
 
A repressão exercida pela Policia Militar e o Corpo de Vigilantes da Usiminas que 
atuava com poder de policia (portando armas e realizando prisões) na cidade 
atingiu níveis intoleráveis no enfrentamento com os operários no dia 07 de outubro 
de 1963.No enfrentamento que ficou conhecido como “ Massacre de Ipatinga”, 
assistiu-se a vários operários e cidadãos desarmados sendo violentamente 
assassinados pela policia militar na portaria da Companhia, a partir da decretação 
de greve dos trabalhadores, que dentre outras reivindicações, pediam o 
desarmamento do Corpo de Vigilantes. Outros tantos foram presos, humilhados e 
torturados com violência física. 
(4)As definições de desigualdades e das diferenças sociais podem ser visualizadas através da 
hierarquia do plano original da Vila Operária e da população que migrou para Ipatinga e tendo 
condição de trabalho diferente dos primeiros habitantes. A cidade ficou estratificada, então, em 
categorias profissionais que delimitam a renda, as condições de moradia, das edificações e infra-
estrutura urbanas e, logo, a posição geográfica na malha urbana, conferindo diferentes padrões da 
acessibilidade. (Ibid, P.197). 
 35
A partir deste incidente, a Usiminas, na tentativa de recuperar a sua imagem na 
sociedade local, executa ações no favorecimento da comunidade, ampliando a 
construção de casas para operários e equipamentos urbanos (grupos escolares, 
ambulatórios médicos em bairros operários, hospital, restaurantes, cinema e uma 
cooperativa de consumo para os empregados da Companhia) Pereira (2008, 
p.201). 
O território do município de Ipatinga era composto originalmente, antes da 
implantação da Usiminas, por fazendas e terras da Companhia, restando poucas 
áreas disponíveis para o desenvolvimento urbano, provocando forte “especulação 
imobiliária” que se desenvolvia em conjunto com o poder político exercido pelos 
primeiros prefeitos “fazendeiros” da região. A partir disso a cidade dual se instala, 
cidade empresa com todas as benfeitorias e equipamentos urbanos disponíveis 
para o conforto dos operários; A cidade espontânea contava com moradores 
imigrantes de outras regiões do estado, que vieram na busca de melhores 
condições de vida, residindo em condições subnormais de habitação sem qualquer 
infra-estrutura urbana. Já na década de 70, o governo municipal apesar de todas as 
crises políticas internas municipais busca se organizar e consequentemente passa 
ocorrer o enfrentamento com a Usiminas devido ao pouco espaço destinado ao 
desenvolvimento urbano da cidade. Os anos 80 foram marcados pelo 
desenvolvimento de movimentos sociais na cidade, provocando novas relações 
entre Prefeitura e Usiminas, na busca de melhores condições de vida para a 
cidade, Dias, (2008 p.3) 
 
1.6 – A Privatização das Siderúrgicas 
 
Nos anos 90 durante o governo do Presidente da Republica Fernando 
Collor de Mello, se intensificaram os ideais neoliberais no país com a implantação 
do Plano Nacional de Desestatização – PND, para a privatização das empresas 
públicas, dentre delas as empresas de siderurgias(5). 
A Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, na cidade de João Monlevade, de 
capital privado, não passou pelo processo de privatização como a Usiminas de 
capital estatal, embora o desenvolvimento urbano de 
(5) Ver Capitulo 3. 
 36
João Monlevade não seja muito diferente de Ipatinga ou Volta Redonda, com 
siderúrgicas de capital estatal. O predomínio dos interesses capitalistas no controle 
da vida da cidade e do operário fora da fabrica são idênticos e a evolução urbana 
semelhante com Volta Redonda podendo ser comparada a partir dos próximos 
capítulosdesta dissertação. 
A Usiminas – Usinas Siderúrgicas Minas Gerais foi uma das primeiras das 
grandes estatais do setor siderúrgico a ser privatizada em 24 de outubro de 1991. 
Empresa lucrativa que não dependia de reestruturação financeira previa, atualizada 
tecnologicamente de grande porte no mercado siderúrgico nacional e internacional 
atendia ao interesse do governo federal na época como modelo a ser seguido nos 
demais processos de privatização de siderúrgicas. O edital de privatização continha 
clausulas que previam o estudo dos impactos sociais na cidade de Ipatinga e o 
compromisso do futuro controlador acionário em minimizá-los. Embora a empresa 
tenha realizado um forte corte no quadro funcional gerando desemprego (cerca de 
40% do efetivo de trabalhadores foram demitidos). Em contrapartida, fazia parte 
desta política uma série de investimentos na cidade como: incentivo ao crescimento 
do setor de comércio e serviços em geral e de serviços especializados na área de 
saúde. A Usiminas segundo Pereira (2008, p.178), se apresenta como empresa 
com investimentos sociais na busca de minimizar os impactos sociais da 
privatização. Estes investimentos sociais permanecem até os dias atuais com a 
Usiminas patrocinando o Ipatinga Futebol Clube, que junto de outras agremiações 
esportivas mantém suas sedes em terrenos da empresa, a Cooperativa de 
Consumo dos Empregados atende a toda a população com oferta de produtos 
alimentícios a preços mais baixos e a gestão do principal hospital da região que 
atende 600 mil pessoas por ano, Tiezzi (2005, p. 121). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37
CAPITULO II 
 
O INICIO DE VOLTA REDONDA 
 
 
(Foto 03) - Maria Fumaça – Santo Antonio de Volta Redonda – 1941 
 
Fonte: Arquivo Pessoal Waldyr Bedê. 
 
“ODE AOS CICLOPES “ 
(Aos Pioneiros de Volta Redonda) 
 
PRÓLOGO 
Na curva que o rio faz, dobrado pelo raio, 
Nas terras dos Coroados, os Ciclopes chegaram... 
Pés descalços, carcomidos, tresnoitados e abatidos, 
Em busca de um Eldorado, os Ciclopes chegaram... 
Na volta de Volta Redonda. 
 
CANTO I – DO ÊXODO 
Maria-fumaça, apito estridente 
Cortando o silencio da noite fria, 
Lembrando saudades,lembrando o dia 
Da sinhazinha, do coroné, da fazendinha 
E do café, de Severina, de Joana ou de Maria, 
Que ficaram lá atrás.Ficaram pra trás... 
 
Waldyr Bedê, 09 de Setembro de 1980 
 38
2.1- Santo Antonio de Volta Redonda 
A ocupação do Vale do Paraíba iniciou-se em fins do século XVIII, com o 
declínio da produção do ouro em Minas Gerais. No século seguinte o povoamento 
expandiu-se, devido à lavoura cafeeira. A partir de 1820, começaram a se 
desenvolver as fazendas de café, cuja produção era escoada pelo Rio Paraíba do 
Sul até Barra do Piraí, de onde prosseguia para a corte pela estrada de Ferro D. 
Pedro II (posteriormente Central do Brasil). Em 1882 a região atingiu o seu apogeu 
da produção cafeeira com 2,6 milhões de sacas ano, fazendo surgir então na região 
várias fazendas cafeeiras (Fazenda de Santo Antonio de Volta Redonda, Santa 
Teresa, Inferno, Cachoeira, Santa Cecília, Ponte Alta e outras). O Núcleo Original 
de Santo Antonio de Volta Redonda(1) (atualmente onde se localiza o bairro de 
Niterói) foi a primeira frente de urbanização situada na margem esquerda do Rio 
Paraíba do Sul, reunia a capela de mesmo nome, edificações destinadas ao pouso 
de tropas, armazéns, comércio e algumas residências. O recurso da navegação fez 
da localidade um entreposto regional de mercadorias, que se fortaleceu com a 
construção de ponte de madeira sobre o Rio Paraíba do Sul em 1864, permitindo 
que o porto, à margem esquerda, atendesse, também, as fazendas da outra 
margem. O trânsito por esta ponte era franqueada ao público mediante o 
pagamento de pedágio arrecadado pelo Comendador José Vieira Ferraz que a 
construiu (Athayde, 1965 p.15). Esta ponte se conectava a uma rua (atualmente 
Avenida Paulo de Frontin) até a estação ferroviária, interligando o Núcleo original 
do povoado na margem esquerda do rio Paraíba do Sul a Estação ferroviária 
facilitando o escoamento da produção cafeeira da época além do porto já existente. 
Em 1871 a linha férrea foi estendida até Barra Mansa, inaugurando a 
estação de Volta Redonda o que se repercutiu rapidamente no comercio local, (Ibid, 
p.22) havendo registros de que em 1875 "quase duas dezenas de importantes 
estabelecimentos comerciais, entre lojas, armazéns, farmácias, tavernas, padarias, 
sapatarias, barbearias, e hospedarias" se desenvolveram a partir da linha férrea; 
Data desta época a intervenção da Câmara Municipal de Barra Mansa contra 
"construções desordenadas" no lugar em despeito ao Código de Posturas. 
 
 
(1)O nome Volta Redonda é devido ao acidente geográfico no Rio Paraíba do Sul reconhecido em 
1744. O povoado pertencia ao município de Barra Mansa. 
 
 39
(Mapa 01) - Mapa esquemático Santo Antonio de Volta Redonda – 1940 
 
Fonte: Souza (1992 p.15) 
 
Desenvolvendo assim a segunda frente de urbanização do lugar (Núcleo 
da Estação). Em 1880 o Distrito de Paz de Santo Antonio de Volta Redonda 
contava com dois núcleos urbanos definidos, distribuídos ás margens do Rio 
Paraíba do Sul com uma ponte de madeira ligando-os, Morel (1989 p.50). No inicio 
dos anos 80 no século XIX, a produção cafeeira do Vale do Paraíba entra em 
declínio. Segundo Athayde (1965 p.25), a partir de 1888 a decadência se acentua, 
alguns fazendeiros, estimulados pelo Governo Estadual, procuraram substituir a 
mão de obra escrava pelo trabalhador livre. Em 1893 tentaram atrair imigrantes 
para a região porém a peste do gado em 1895 e 1914, e uma praga de gafanhotos 
em 1907 provocaram a degradação da propriedade agrícola. Assim, em apenas 
duas décadas o preço médio do alqueire de terras baixou de 700$000, em 1900 
 40
para 46$300, em 1920. Neste período inúmeros trabalhadores e fazendeiros 
provenientes de diversas localidades de Minas Gerais, estimulados pela 
inauguração de um trecho ferroviário da antiga Estrada de Ferro do Oeste de Minas 
Gerais que ligava a Estação de Volta Redonda passaram a adquirir as antigas 
fazendas de café decadentes e abandonadas, para o desenvolvimento da pecuária, 
atividade que permaneceu até o final da década de 30. Cabe registrar que no inicio 
dos anos 40 antes da implantação da Companhia Siderúrgica Nacional, Volta 
Redonda, 8º Distrito de Barra Mansa, contava com uma população de 
aproximadamente de 2.800 habitantes se dedicando a atividades agro-pastoris. 
 
(Foto- 04) - Estação Ferroviária - 1940 
 
Fonte: Prefeitura Municipal de Volta Redonda - http:www.portalvr.com./cultural/museu /slideshow/ 
inicio/index.php, em 10.02.09 
 
2.2 – A construção da "Cidade Operária " de Volta Redonda 
 
No dia 25 de março de 1941, através do Decreto-Lei nº237 Amaral Peixoto 
o interventor federal no Estado do Rio de Janeiro desapropria em caráter de 
urgência a Fazenda Santa Cecília destinada à instalação da usina siderúrgica, a 
Vila Operária, logradouros e edifícios públicos e futuras expansões. A propriedade 
totalizava 2.300 hectares e pertenciam a Nelson Godoy, parente de Adhemar de 
 41
Barros, então interventor federal no Estado de São Paulo(2), Lima (2004 p.02). A 
futura implantação da maior usina siderúrgica da América Latina em um espaço de 
produção agrícola decadente, como Volta Redonda viria modificar profundamente a 
então paisagem bucólica local. No mesmo ano a Companhia monta dois escritórios 
técnicos, no Rio de Janeiro e em Volta Redonda, sob a chefia do Engenheiro Ary 
Torres, destinados a realizar os estudos preliminares de implantação e acompanhar 
as obras. O Planejamento da chamada "Cidade Operária" teve o seu inicio em 
dezembro de 1941, a cargo da Seção de Urbanismo chefiada pelo Arquiteto Attilio 
Correia Lima que desenvolveu o plano urbanístico da Cidade. 
Attilio Corrêa Lima, filho de escultor brasileiro nasceu em Roma em 1901, formou-se 
Engenheiro-Arquiteto,

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