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Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 1 CAPÍTULO 01 INTRODUÇÃO O objetivo desta nota de aula, é dar embasamento teórico para introduzir o instruendo em assuntos, tais como: sistemas de recuo de boca de fogo, freios hidráulicos, giro de torres de carros de combate, etc. Do amplo universo que é a hidráulica em geral, foram selecionados os tópicos que mais de perto interessam à manutenção dos armamentos utilizados pelas forças armadas brasileiras. Toda a parte teórica apresentada deverá ser, devidamente, demonstrada na parte prática. Sendo utilizada, para tal, a sala de hidráulica da Escola de Material Bélico. Os conceitos são apresentados, propositadamente, de maneira sucinta, para que o instruendo possa enriquecê-los com suas próprias anotações durante as aulas. 1. GENERALIDADES a. HIDROSTÁTICA - Ciência dos líquidos sob pressão. b. HIDRODINÂMICA - Ciência dos líquidos em movimento. c. HIDRÁULICA - Hidrostática + hidrodinâmica d. CONCEITO DE HIDRÁULICA - É a ciência de transmitir força e/ou movimento através de um líquido confinado. e. FLUIDO - É toda substância capaz de escoar, ou em outras palavras, capaz de fluir. Sob este aspecto, até mesmo o chumbo derretido é um tipo de fluido, mas para nós que estamos interessados na hidráulica aplicada em armamentos, fluido será um óleo com características especiais para trabalhar nos sistemas hidráulicos das armas e viaturas automóveis. Ele deverá: Conduzir a força hidráulica; Lubrificar o sistema; Arrefecer o sistema. Para perfeito entendimento e aproveitamento da hidráulica aplicada ao armamento, estudaremos, basicamente, o princípio de Pascal para a hidrostática e o princípio de Bernoulli para a hidrodinâmica. CAPÍTULO 02 HIDROSTÁTICA 2. HIDROSTÁTICA Para se estudar a hidrostática deve-se, como primeiro passo a ser dado, entender o conceito de PRESSÃO: CONCEITO: Pressão é o termo que define quanta força é aplicada numa certa área. Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 2 S/S Armamento Pesado Aparecem, aqui, dois conceitos que devem ser discutidos para melhor entendimento de pressão: FORÇA e ÁREA. FORÇA - pode ser definida, genericamente, como um agente capaz de deformar um corpo pela sua ação, e/ou modificar o estado de repouso ou de movimento do referido corpo. Força pode ser definida ainda, matematicamente, pela segunda lei de Newton: "Força é um agente diretamente proporcional à massa e à aceleração do corpo sobre o qual atua", isto é: amF .= ÁREA - refere-se a uma superfície sobre a qual se está trabalhando. Lembremo-nos de que a unidade de área é sempre quadrática (m2 por exemplo). Para melhor visualizar o efeito da pressão, vamos analisar as figuras a seguir ♦ Suponhamos uma garrafa cheia de um líquido, o qual é, praticamente, incompressível. ♦ A rolha possui uma área igual a 1 cm2 ♦ O fundo da garrafa possui uma área igual a 20 cm2 Figura 1 ♦ Se aplicarmos uma força de 10 kgf sobre a rolha, o resultado será uma força de 10 kgf em cada cm2 das paredes da garrafa. ♦ A força nas paredes da garrafa será perpendicular a esta parede. Figura 2 Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 3 ♦ Como o fundo da garrafa possui uma área igual a 20 cm2, a resultante das forças aplicadas sobre o fundo da garrafa será igual a 200 kgf. Figura 3 CONCLUSÕES: Do exposto acima, podemos concluir que: A FP = A pressão é igual a razão entre a força aplicada em uma certa área e essa mesma área a. PRINCÍPIO DE PASCAL A pressão em um líquido confinado é transmitida, integralmente, em todas as direções e age com força igual, em áreas iguais, sempre perpendicularmente às paredes do recipiente. 1) ALAVANCA HIDRÁULICA ♦ Uma força de 2 kgf aplicada sobre um pistão de 1 cm2 de área; ♦ Desenvolverá uma pressão igual a 2 kgf / cm2 em todo o recipiente; ♦ Esta pressão equilibrará um peso igual a 100 kgf, se tivermos um êmbolo igual a 50 cm2; ♦ O pistão A desenvolverá um trabalho WA e o pistão B desenvolverá um trabalho WB; ♦ Pela lei da conservação do trabalho WA = WB, ou: FA.dA = FB.dB, ou em outras palavras: dB = FA.dA / FB; ♦ O deslocamento do pistão B é inversamente proporcional a força FB, isto é: se por um lado há um ganho de força no pistão B, por outro há um proporcional aumento no deslocamento do pistão A. Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 4 S/S Armamento Pesado Figura 4 b. PRESSÃO ATMOSFÉRICA Figura 5 Hoje, é sabido que existe uma massa de ar que envolve a terra, a qual se estende até uma altura aproximada de 80 km. Que esta massa do ar tem um peso, portanto, o ar cria uma pressão sobre a superfície da terra. Chamamos esta pressão de "Pressão Atmosférica". Se fosse possível pesar uma coluna de ar de 1 cm2 de área e altura igual a da atmosfera, obter-se-ia um peso 1 kgf ao nível do mar. Portanto, tudo na terra está sujeito à pressão de 1kgf por cm2 em condições normais. Nas montanhas a pressão atmosférica é menor, porque a coluna de ar acima é menor. Abaixo do nível do mar, a pressão é maior, porque a altura da coluna é maior. Qualquer condição de pressão menor que a pressão atmosférica é considerada como vácuo ou vácuo parcial. c. PRESSÃO MANOMÉTRICA É aquela existente no interior dos equipamentos em funcionamento (no interior de um cilindro recuperador, por exemplo). Para medir essa pressão necessitamos de um instrumento chamado manômetro, o qual, em presença da atmosfera indica pressão igual a zero. d. PRESSÀO ABSOLUTA É o somatório da pressão manométrica com a atmosférica. Ex.: Se um cilindro trabalha com 150 kgf/cm2 no Rio de Janeiro, a pressão absoluta será igual a 151 kgf/cm2, isto é, 150 manométrica + 1 atmosférica ao nível do mar. e. CONCLUSÕES Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 5 Apresentaremos, a seguir, uma relação das unidades de pressão mais comuns de serem encontradas nos manômetros das Unidades do nosso Exército. Esperamos, com isso, colaborar com os nossos técnicos nas situações que podem surgir no seu dia-a-dia: 1 kgf / cm2 = 1 atm = 1 bar 1 psi = 0,06 bar psi = pound per square inch = libra por polegada quadrada CAPÍTULO 03 HIDRODINÂMICA 3. HIDRODIMÂMICA a. FLUXO É o movimento da partícula de fluido de um ponto para outro, quando for estabelecida entre esses dois pontos uma diferença de potencial. A unidade de fluxo é volume no tempo. Ex.: cm3 / seg. O fluxo pode ser: LAMINAR OU TURBULENTO 1) FLUXO LAMINAR Dá-se quando as partículas de um fluido se movimentam paralelamente ao longo de um tubo. Esta condição ocorre em baixa velocidade, em tubo reto e o atrito é mínimo. Esta condição é considerada ideal. Figura 6 – Fluxo laminar 2) FLUXO TURBULENTO Dá-se quando as partículas não se movimentam suavemente e em paralelo na direção do fluxo. São mudanças bruscas na direção do fluxo pela excessiva viscosidade ou velocidade do fluido. O resultado disso é o aumento do atrito; o qual gera calor, aumenta a pressão de operação e desperdiça energia. Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 6 S/S Armamento Pesado Figura 7 – Fluxo turbulento b. VAZÃO O conceito de vazão é o mesmo de fluxo, isto é, o volume na unidade de tempo. c. VELOCIDADEÉ a distância na unidade de tempo percorrida pelo fluido, através da tubulação. d. PRINCÍPIO DE BERNOULLI A soma da energia cinética e potencial em vários pontos de um sistema hidráulico é constante, se a vazão for constante. 1) DEMONSTRAÇÃO DO PRINCÍPIO DE BERNOULLI ♦ Uma partícula demora 1 min para deslocar-se do ponto A até B, logo v1 = 20 cm/min. ♦ A mesma partícula demora 1 min para deslocar-se de B até C, logo v2 = 10 cm/min. ♦ No trecho v2 houve um aumento do diâmetro do tubo e uma diminuição da velocidade. Figura 8 ♦ Como houve uma diminuição da velocidade do fluido, houve também uma queda de energia cinética. Pela lei da conservação da energia deverá haver uma compensação na energia potencial. ♦ Em outras palavras: em um sistema hidráulico de fluxo constante, aumentando-se o diâmetro da tubulação aumenta-se, consequentemente, a pressão no trecho que teve seu diâmetro aumentado. e. CONCLUSÕES: Chamaremos: vazão de Q, volume de V, velocidade de v, tempo de t, pressão de P e área da seção reta do tubo de A, daí: Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 7 t VQ = (I) tvAV ..= (II) Substituindo-se (II) em (I): vAQ .= Verifica-se, do exposto, que a vazão é diretamente proporcional à velocidade e a área da seção reta da tubulação. Observa-se, na prática, que em um circuito hidráulico, onde não há variação na seção reta das tubulações, quando se aumenta a vazão, aumenta-se também a pressão do sistema. A figura abaixo ilustra esta idéia. f. OBSERVAÇÕES: 1) Se a válvula V vedar a ligação com o reservatório, aumentará a vazão no atuador A, aumentando, também, a pressão no sistema e a velocidade no atuador. 2) A velocidade com que o fluido hidráulico passa pela tubulação, varia inversamente com o quadrado do diâmetro interno. Isto é: 2 1 D v = onde: v - velocidade D - diâmetro interno da tubulação 3) A potência (p) com que sai a haste do atuador é dada pelo produto da vazão (Q) pela pressão (P) na cabeça do êmbolo, isto é: PQp .= 4) Para fins práticos, calcula-se a potência hidráulica utilizando-se a seguinte fórmula: 426 min 1 2cm kgf x CV = 5) Ou no sistema inglês: 0007,0..psiGPMHP = • • GPM = galões por minuto 6) E ainda a relação: HPCV 986,01 = Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 8 S/S Armamento Pesado CAPÍTULO O4 SISTEMAS HIDRÁULICOS 4. SISTEMA HIDRÁULICO É um conjunto de componentes hidráulicos, dispostos segundo um determinado critério, destinado a produzir trabalho. a. COMPONENTES DE UM SISTEMA HIDRÁULICO Um sistema hidráulico padrão deverá ter, pelo menos, os seguintes componentes: 1) Reservatório; 2) Tubulações; 3) Bomba; 4) Atuadores; 5) Válvulas. 1) RESERVATÓRIO Componente destinado a armazenar o fluido e que deverá possuir algumas características, tais como: I. Dissipar o calor do fluido; II. Separar o ar do fluido (desaeração); III.Separar as impurezas (descontaminação). Figura 9 ♦ O calor é dissipado pelo contato do fluido com as paredes do reservatório. ♦ Quando as bolhas de ar chegam ao interior do líquido do reservatório, através da tubulação de retorno, elas sobem para a superfície devido à presença da pressão atmosférica. ♦ As impurezas são aprisionadas pelo bujão magnético que é montado no fundo do reservatório, bem como pelo filtro montado na tubulação de sucção. 2) TUBULAÇÕES São os elementos de ligação entre os componentes de um sistema hidráulico. Servem de vias de circulação para o fluido e podem ser: Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 9 DE TRABALHO ♦ De pressão (vermelho) ♦ Sucção (verde) ♦ Retorno (azul) SECUNDÁRIAS ♦ Dreno ♦ Piloto a) OBSERVAÇÃO: Para calcular a área interna de um tubo, utilize a seguinte fórmula prática: v QA 170,0.= onde: A (cm2) Q (l/min) v (m/seg) 3) BOMBA Componente destinado a sugar o fluido do reservatório e empurra-lo para o restante do sistema hidráulico, criando o fluxo do fluido hidráulico. Para que a bomba funcione, faz-se necessário que haja pressão atmosférica no interior do reservatório. PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DAS BOMBAS Fundamentalmente, a função da bomba é empurrar o fluido hidráulico, criando o fluxo. A bomba converte a energia mecânica da fonte primária (motor) em energia de pressão no fluido. A energia de pressão é, então, usada para acionar um atuador freqüentemente com movimentos muitos precisos. É uma prática comum referir-se à bomba como a fonte de pressão do sistema hidráulico. Entretanto, supor que qualquer perda de pressão seja sempre causada pela bomba não é, necessariamente, verdade. A bomba cria um movimento ao empurrar o fluido, o que resulta no fluxo. Porém, para se criar pressão é necessário haver uma resistência ao fluxo. Além disso, se a resistência for uma carga aplicada a um atuador, a pressão criada é apenas a necessária para dar conta da carga. A pressão pode ser perdida por qualquer caminho alternativo que ofereça menor resistência ao fluxo. Consequentemente, um vazamento em outro componente qualquer, como por exemplo uma válvula, é provavelmente a causa da perda de pressão. Lembre-se de que a bomba existe apenas para causar o fluxo. Para onde este fluxo vai, dependerá dos outros componentes do sistema. DE QUE SE CONSTITUI UMA BOMBA? Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 10 S/S Armamento Pesado Figura 10 As partes essenciais de qualquer bomba hidráulica, são: ♦ Uma abertura de entrada (baixa pressão), pela qual a bomba é alimentada com o óleo do reservatório. ♦ Uma abertura de saída (alta pressão), à qual se conecta a linha de pressão. ♦ Câmara(s) de bombeamento que levem o fluido da entrada à saída. ♦ Um meio mecânico de ativar a(s) câmara(s) de bombeamento. TIPOS DE BOMBAS QUANTO AO DESLOCAMENTO: • deslocamento positivo; • deslocamento não positivo. a) BOMBA DE DESLOCAMENTO POSITIVO É aquela onde a entrada e a saída são, hidraulicamente, vedadas, isto é: o óleo da câmara de saída não tem condição de voltar para a câmara de entrada, devido à vedação interna da bomba. Este tipo de bomba mantém uma pressão residual na saída e, necessita da proteção de uma válvula de segurança. Figura 11 TIPOS DE BOMBAS DE DESLOCAMENTO POSITIVO Os que interessam para o nosso estudo, são os seguintes: ♦ De palheta; ♦ De engrenamento externo; Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 11 ♦ De engrenamento interno; ♦ De lóbulos. (1) BOMBAS ROTATIVAS DE PALHETAS Numa bomba de palhetas, um rotor com ranhuras acionado por um eixo, gira entre placas laterais, bem ajustadas e dentro de um anel circular ou elíptico. Palhetas polidas e temperadas deslizam para dentro e para fora das ranhuras, seguindo o contorno do anel devido à força centrífuga. As câmaras de bombeamento são formadas entre as palhetas consecutivas, levando o óleo da entrada para a saída. A medida que o espaço entre as palhetas cresce, cria-se um vácuo parcial na entrada. O óleo é expelido por compressão à medida que o tamanho da câmara de bombeamento diminui, ao se aproximar da saída. Os pontos de uma bomba de palhetas que, normalmente, estão sujeitos a desgaste são as extremidades das palhetas e a superfície interna do anel, de modo que ambos são especialmentetemperados e retificados. A bomba de palhetas é a única que tem a característica de compensação automática do desgaste incorporada em seu projeto. À medida que o desgaste ocorrer, as palhetas simplesmente se estendem mais para fora dos entalhes do rotor e continuam acompanhando o contorno do anel. Desta forma, o rendimento é mantido durante toda a vida útil da bomba. Figura 12 (2) BOMBA DE ENGRENAGENS EXTERNAS Figura 13 (3) BOMBA DE ENGRENAGEM INTERNA Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 12 S/S Armamento Pesado Figura 14 A bomba de engrenagem interna consiste de uma engrenagem chavetada ao eixo de acionamento, dentro de uma engrenagem com dentes internos, uma vedação em forma de meia lua e uma carcaça bem ajustada. As duas engrenagens não são concêntricas, de forma que, quando giram, as câmaras de bombeamento entre elas se abrem na entrada e se fecham na saída. Ambas as engrenagens levam óleo ao longo da meia-lua a qual provê vedação positiva entre elas. (4) BOMBA DE LÓBULOS Uma bomba de lóbulos funciona da mesma maneira que uma bomba de engrenagens externas, à exceção da necessidade de um par de engrenagens de sincronismo, montado externamente. É fácil notar que o deslocamento é maior que o de uma bomba de engrenagens, porém a oportunidade de se ter perdas de rendimento por desgaste também é maior. As bombas de lóbulos, de grande deslocamento, são geralmente, limitadas à movimentação de grandes volumes de líquidos. No entanto, algumas dessas bombas tem mais lóbulos e consequentemente, menor deslocamento, sendo usadas em sistemas de baixa pressão. Figura 15 Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 13 b) BOMBA DE DESLOCAMENTO NÃO POSITIVO Figura 16 É aquela onde a entrada e a saída são, hidraulicamente, interligadas, de modo que o fluido possa recircular dentro da bomba quando a pressão se eleva. Este tipo de bomba dispensa a válvula de segurança, mas para entrar em funcionamento necessita de escorvamento. (1) OBSERVAÇÃO As bombas podem ser, ainda, de deslocamento fixo e variável, quanto à vazão. Em uma bomba de deslocamento fixo a vazão só pode ser alterada pela mudança da velocidade de acionamento. 4) ATUADORES a) ATUADORES LINEARES São também conhecidos como cilindros, pistões, êmbolo, motores alternativos, motores lineares e vários outros nomes. CLASSIFICAÇÃO DOS CILINDROS ♦ Ação simples; ♦ Ação dupla; ♦ Diferenciais; ♦ Não diferenciais. Um cilindro de ação simples tem somente um pórtico de conexão, no lado da cabeça e pode ser acionado hidraulicamente em uma só direção. Para a retração deste tipo de cilindro, é necessário soltar o óleo para o tanque. O pistão retorna pelo peso da carga ou por alguma força mecânica, tal como uma mola. Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 14 S/S Armamento Pesado Figura 17 – Cilindro de ação simples Num cilindro de ação dupla a bomba provoca o movimento em ambos os sentidos. O cilindro precisa ter pórticos de conexões em ambos os lados. O cilindro de dupla ação da figura abaixo, é chamado cilindro diferencial, porque as áreas de aplicação da pressão sobre o pistão não são iguais nos dois lados. Figura 18 – Cilindro diferencial de ação dupla Desta forma, podemos dizer que, se a mesma pressão for aplicada em ambos os lados, o pistão exercerá maior força no avanço para a direita, devido à área do pistão. Na realidade, se aplicarmos a mesma pressão a ambos os lados ao mesmo tempo, o cilindro avançará para a direita, devido à maior força resultante no lado da cabeça. Um cilindro não diferencial (figura abaixo), tem uma haste de cada lado do pistão. Figura 19 - Cilindro não diferencial de ação dupla Um cilindro é constituído, basicamente, de um tubo; um pistão com haste; duas tampas e retentores adequados. Os cilindros são especificados pelo seu tamanho e sua capacidade de pressão. O tamanho, compreende o diâmetro interno, diâmetro da haste e o curso. Podemos, ainda, dizer que aumentamos a velocidade de um cilindro aumentando a vazão da bomba ou diminuindo o diâmetro do cilindro. No entanto, a diminuição do diâmetro do cilindro acarretará num aumento da pressão para uma mesma carga. b) ATUADORES ROTATIVOS OU MOTORES Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 15 Do ponto de vista construtivo, os motores hidráulicos rotativos se assemelham muito às bombas. De fato, algumas bombas podem trabalhar como motores sem qualquer modificação e outras requerem, somente, pequenas alterações. Os tipos principais de motores são os mesmos que os das bombas: palhetas, pistões e engrenagens. Podem ser unidirecionais ou reversíveis. As principais especificações de um motor hidráulico são: pressão, deslocamento e torque. 5) VÁLVULAS PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DAS VÁLVULAS As válvulas são usadas nos sistemas hidráulicos para controlar o funcionamento dos atuadores. É freqüente chamar as válvulas de: “controles” ou “comandos”; particularmente quando há várias delas montadas num único conjunto. As válvulas mantém sua autoridade no circuito regulando a pressão, criando condições especiais de pressão, proporcionando diferentes quantidades de óleo às várias ramificações do circuito e dirigindo o óleo a uma ou outra destas ramificações. Dividimos as válvulas hidráulicas em três categorias gerais: de controle de pressão, de controle de vazão e de controle direcional. No entanto, algumas válvulas tem funções múltiplas, e recaem em mais de uma dessas categorias. As válvulas são especificadas por tamanho, capacidade de pressão e pela razão de queda “pressão/vazão”. Elas são normalmente denominadas por suas funções, mas podem também ser chamadas por sua construção. Sob o ponto de vista construtivo, elas variam de uma simples esfera e sede, a uma válvula de carretel de vários elementos, com um estágio piloto, injetores e comando elétrico. Felizmente, nossas classificações gerais permitirão começar com válvulas simples e desta chegar a projetos complexos. Vamos seguir este caminho, começando pelas válvulas de controle de pressão. a) VÁLVULAS DE CONTROLE DE PRESSÃO Uma válvula de controle de pressão pode ter a função de: (1) limitar ou variar a regulagem de pressão; (2) criar uma condição particular de pressão necessária para o controle; (3) fazer com que a ativação de atuadores se dê numa ordem específica. Figura 20 – Válvula de controle de pressão POSICIONAMENTO INFINITO Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 16 S/S Armamento Pesado Uma vez que a força da mola varia com a força da compressão que lhe é aplicada, e como a pressão pode variar, diz-se que uma válvula de controle de pressão é de posicionamento infinito. Em outras palavras, ela pode assumir infinitas posições entre duas condições de fluxo finitas: deixar passar uma grande vazão a uma pequena vazão, ou não deixar passar qualquer fluxo. Normalmente fechadas ou normalmente abertas. A maioria das válvulas de controle de pressão é classificada como normalmente fechada. Isto significa que a passagem da entrada para a saída da válvula é mantida bloqueada até que a pressão se torne suficientemente elevada para causar o “desequilíbrio”. b) VÁLVULAS DE CONTROLE DE VAZÃO Usa-se uma válvula de controle de vazão para controlar a velocidade do atuador. O controle é feito pela variação do volume que vai para ou que vem do atuador. VÁLVULAS GLOBO OU DE AGULHA Uma válvula globo ou de agulha (figuras abaixo), é umaválvula de controle de vazão ajustável. A rotação de uma roseta, um botão ou um parafuso, ajusta o tamanho de uma abertura regulando a vazão. O controle é, relativamente, preciso, enquanto a carga não variar. Figura 21 c) VÁLVULAS DE CONTROLE DIRECIONAL Sob o ponto de vista conceitual, válvula direcional é qualquer válvula que controle a direção do fluxo. Porém, fora as válvulas de retenção já descritas, a maioria das direcionais é de reversão, ou de quatro vias. O termo quatro vias, significa que a válvula oferece quatro caminhos diferentes para o fluxo. VÁLVULA DE QUATRO VIAS Uma característica das válvulas direcionais de reversão é ter pelo menos duas posições finitas, com dois caminhos de fluxo possíveis em cada posição extrema. A válvula precisa ter quatro pórticos para as conexões: P (pressão ou bomba), T (tanque) e dois para os atuadores A e B (figura abaixo). Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 17 Numa posição extrema, a válvula conecta a bomba a A e o tanque a B. Na outra posição, o fluxo é invertido: a bomba a B e A ao tanque. A posição central é neutra. Se a válvula tiver uma posição central, esta será uma posição neutra, ou seja, a bomba é descarregada ao tanque (centro aberto) ou bloqueada dos outros pórticos (centro fechado). Onde for necessária uma posição neutra, incorporam-se molas ou retentores para manter a válvula centrada. COMANDOS As válvulas direcionais podem ser comandadas por vários meios; na realidade, por qualquer coisa capaz de movimentar o carretel. Este pode ser movido por pressão de uma outra válvula direcional (operação pilotada); mecanicamente, por um came ou através de fixação direta; por um solenóide ou por qualquer outro meio não especificado. Figura 22 - Vávula direcional (simbologia) Figura 23 - Válvula direcional (formato real) Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 18 S/S Armamento Pesado CAPÍTULO 05 PANES 5. PRINCIPAIS PANES EM UM CIRCUITO HIDRÁULICO As principais panes que podem ocorrer em um sistema hidráulico, são: • Cavitação • Aeração a. CAVITAÇÃO Trata-se de uma pane causada pela ausência, parcial ou total, de fluido na tubulação de sucção. Esta pane pode danificar a bomba e é acusada pelo vacuômetro instalado no sistema. Causas prováveis: • Filtro sujo; • Linha de sucção amassada; • Rotação excessiva. b. AERAÇÃO Trata-se da presença de ar no sistema. Causas prováveis: • Nível baixo no reservatório; • Juntas ou conexões mal apertadas; • Linha de retorno descarregando acima do nível no reservatório. CAPÍTULO 06 PRÁTICA 6. PARTE PRÁTICA a. MONTAR O CIRCUITO BÁSICO LINEAR NA BANCADA Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 19 Figura 24 - Circuito básico linear Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 20 S/S Armamento Pesado b. DEMONSTRAÇÃO DA LEI DE PASCAL • Ligar o manômetro auxiliar na cabeça do êmbolo; • Acionar a máquina e permitir que a haste saia totalmente; • Ler o manômetro auxiliar e o número 15; • As pressões observadas serão, praticamente, iguais; • O manômetro auxiliar acusará uma pressão, ligeiramente, inferior ao número 15. Isto se explica da seguinte maneira: após uma válvula a pressão sempre diminui e, o cilindro, se encontra montado após a válvula direcional. c. DEMONSTRAÇÃO DA LEI DE BERNOULLI • Ligar o manômetro auxiliar na válvula direcional e acionar a máquina; • Observa-se que a pressão, no interior da válvula, é inferior a pressão acusada no n.o 15; • Explicação do fenômeno: no interior da válvula há uma restrição à passagem do fluido. Logo, há um aumento da velocidade e uma diminuição da pressão, nesse ponto. d. DEMONSTRAÇÃO DE: Q = v . P • Observar a válvula controladora de vazão, que se encontra montada na máquina, logo após a válvula de segurança; • Observar que a válvula controladora de vazão pode ser manipulada externamente; • Observar que ela possui uma ligação com o reservatório; • Quando se fecha a referida válvula, corta-se a ligação com o reservatório (vide item 3.6), logo, aumenta-se a vazão sobre o atuador. Por isso, aumenta a velocidade do atuador e a pressão no sistema; • Note-se que esta experiência não contraria o princípio de Bernoulli, pois o referido princípio amarra que a vazão seja constante e, no caso, nós variamos a vazão (vide item 3.4). e. DEMONSTRAÇÃO DE: F = P . A • Ligar a cabeça e a coroa do êmbolo no ponto A, da válvula direcional; • Acionar a máquina; • Observar que a haste sai do cilindro. Por que? • Porque a pressão é a mesma, tanto na cabeça quanto na coroa, mas a área da cabeça é maior. Logo, a força resultante é maior na cabeça. f. MONTAR O CIRCUITO BÁSICO ROTATIVO Todas as experiências realizadas até este ponto, podem ser realizadas, também, no básico rotativo. Escola de Material Bélico Princípios Básicos de Hidráulica S/S Armamento pesado 21 Figura 25 - Circuito básico rotativo Princípios Básicos de Hidráulica Escola de Material Bélico 22 S/S Armamento Pesado g. MONTAR O CIRCUITO DE CONTRA BALANÇO Figura 26
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