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00-Direito Administrativo I - Aula 07 - Cintia Pereira de Souza

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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
NOÇÃO GERAL
 realização dos objetivos da sociedade  além dos atos administrativos  órgãos e entidades administrativas necessitam adotar medidas realizáveis apenas através de atos bilaterais, ou seja, mediante a conjugação da vontade desses entes e de terceiros, o que ocorre através da celebração dos contratos administrativos.
 Os contratos administrativos possuem características próprias que lhes distinguem dos negócios jurídicos privados. 
 os contratos administrativos são regidos por normas específicas do direito público. Neles incidem, porém, em caráter supletivo, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições do direito privado (art. 54, caput, da Lei n° 8.666/93).
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 Na esfera privada, a liberdade para contratar é ampla e informal. 
 No âmbito público, todavia, uma série de requisitos, formais e de conteúdo, é imposta por lei à Administração, embora esta disponha, por sua vez, de privilégios próprios para fixar, alterar e extinguir esses contratos.
 nem todo contrato celebrado pela Administração Pública será necessariamente um contrato administrativo.
 somente os ajustes em que ela atua com supremacia em face do outro contratante, fazendo valer sua posição superior em face dos interesses privados, recebem essa designação.
 Os demais acordos de vontade dos quais participem os entes administrativos sem essa prerrogativa estatal recebem a designação de contratos semipúblicos, porquanto regidos, sobretudo, pelo direito privado (ou contratos de Direito Privado celebrados pela Administração Pública).
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Conceito
 contrato administrativo é o acordo de vontades regido precipuamente pelos preceitos de direito público e celebrado pela Administração com um particular ou outro ente estatal, objetivando o atendimento dos interesses coletivos.
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Características
Os contratos públicos apresentam certas particularidades que permitem distingui-los das demais espécies contratuais existentes. 
Essas características específicas residem no fato de que o contrato administrativo é consensual, solene, oneroso, comutativo e intuitu personae.
 Quanto ao critério da formação da vontade, o contrato administrativo é consensual, posto que se origina da convergência da vontade da Administração e do outro contratante, não se traduzindo em um ato unilateral imposto pelo Poder Público.
 No que se refere à forma, o contrato administrativo é, em regra, solene, haja vista que a forma escrita é a adotada normativamente como regra. Além disso, o contrato administrativo deve ser precedido e sucedido de requisitos procedimentais para a sua plena validade, como a prévia licitação e a publicação posterior de resumo do termo contratual firmado.
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 Quanto à existência de contraprestação, é contrato oneroso. Ao contrário dos negócios celebrados a título gratuito, a exemplo da doação, os ônus contratuais suportados pelo ente público são estabelecidos como forma de atingir, por um lado, uma finalidade coletiva que motivou a existência do ajuste e, por outro, fixar a contrapartida da Administração ao particular contratado, remunerando-o pela execução do que fora previamente avençado.
 Quanto aos direitos e obrigações das partes, contrato comutativo, porquanto estabelece direitos e obrigações para todos os que subscrevem o ajuste. A relação obrigacional contida no contrato administrativo resulta, assim, em faculdades e deveres que são fixados, de forma mútua e impositiva, para ambos os contratantes.
 Por fim, trata-se de negócio jurídico celebrado intuitu personae, posto que não se admite a transferência de sua execução para terceiros não integrantes da relação obrigacional, salvo nos casos legais e com o consentimento prévio da Administração Pública. 
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Cláusulas Exorbitantes
 As cláusulas exorbitantes constituem elementos caracterizadores dos contratos administrativos  decorrem diretamente da posição de supremacia que o Poder Público exerce sobre o particular, distinguindo-os dos demais contratos que a Administração venha a celebrar.
 pela relevância do interesse público a ser atingido por meio do contrato público, a norma autoriza a fixação de determinadas cláusulas que seriam consideradas abusivas no direito privado  recebem a designação de exorbitantes as cláusulas que ultrapassam os limites previstos nas regras privatistas para estabelecer vantagens, prerrogativas ou restrições à Administração ou ao particular, sempre com o objetivo de salvaguardar a finalidade pública.
 podem estar explícitas ou implícitas nos contratos administrativos como são previstas pela lei, independem de previsão expressa no instrumento contratual para exigibilidade (art. 58, da Lei n° 8.666/93).
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 são cláusulas exorbitantes:
1. Alteração e rescisão unilateral
 cabe à Administração a prerrogativa de modificar os termos originários dos contratos administrativos que celebre (jus variandi)
 art. 65, I, da Lei n° 8.666/93  a prerrogativa de alteração unilateral pela Administração não é livre, nem ilimitada, apenas sendo admitida "quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos" ou "quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto", observados os limites legais.
 poderá rescindir os contratos, caso o interesse público assim o exija, como acontece, por exemplo, quando a execução do ajuste se tornar prejudicial à coletividade.
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 Essa possibilidade de alteração ou rescisão ocorre de forma unilateral porque independe da aquiescência do contratado ou da existência de inadimplemento por ele provocado. 
 particular deverá se conformar com a reparação civil pelos prejuízos que eventualmente venha a suportar pela aplicação desta cláusula, cuja efetivação dependerá sempre da ocorrência de justa causa e da observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, isso antes de operada a alteração ou rescisão.
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2. Equilíbrio econômico-financeiro
 é garantia do contratado consistente em ter assegurado o direito de exigir a adoção de medidas econômicas capazes de fazer frente aos ônus que passará a suportar diante da alteração unilateral levada a efeito pela Administração no exercício ao jus variandi. 
 Administração tem prerrogativa de modificar as cláusulas originais do contrato público  particular, em contrapartida, possui a garantia de que dessa alteração não lhe resultarão custos maiores que os inicialmente avençados. 
 a norma impõe a definição de meios financeiros compensatórios para fazer frente à nova realidade contratual.
 art. 58 da Lei n° 8.666/93, ocorrendo a modificação unilateral do contrato administrativo, "as cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual".
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3. Reajustamento de preços e tarifas
 É mecanismo estipulado pela Administração e pelo contratado  visa evitar que, em razão das oscilações de preços do mercado - para maior ou para menor, no período de execução do contrato administrativo -, seja violada a equação econômica formulada originariamente no ajuste. 
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4. Inaplicabilidade da exceção do contrato não cumprido
 é exceção que decorre da isonomia que é típica das relações contratuais do direito privado, nas quais aquele que se encontra inadimplente não pode exigir do outro contratante o cumprimento da obrigação que lhe cabe, podendo este argui-la em seu favor para justificar a inexecução do avençado, em face da mora da outra parte (art. 476 do Código Civil). 
 contratos administrativos celebrados em prol do bem comum  a inadimplência do Poder Público não enseja à arguição da referida exceção pelo contratado, pois, para a norma, o interesse privado não motivaria a paralisação dos serviços destinados à sociedade. 
 prejudicado deverá valer-se dos meios judiciais próprios para obter do Estado
os direitos decorrentes do contrato, embora deva dar continuidade à execução de suas obrigações pactuadas. 
 a referida exceção não se aplica quando a falta é da Administração, mas esta poderá suscitá-la em seu favor, diante da inadimplência do particular contratado.
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 O rigor dessa regra vem sendo atenuado por uma interpretação mais equânime da lei. 
 Dessa forma, atendendo-se ao princípio geral de direito que afirma que ninguém está obrigado ao impossível (ad impossibillia nemo tenetur), pode-se considerar o atraso de pagamento superior a noventa dias como causa suficiente para justificar a paralisação dos serviços pelo particular, conforme o art. 78, XV, da Lei n° 8.666/93. 
 Ressalte-se que o contratado poderá, ainda, pleitear a rescisão amigável ou judicial do contrato, se superado esse lapso temporal.
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5. Controle do contrato
 consubstancia-se em dever inescusável do Poder Público, verificável em todas as contratações que venha a realizar. 
 Resulta da necessidade de acompanhar toda a execução do ajuste e, assim, fiscalizar o seu pleno cumprimento, sempre apreciando a adequação da postura do contratado diante dos termos que foram acordados.
 Os contratos públicos também estão sujeitos ao controle dos Tribunais de Contas, que podem, inclusive, determinar à autoridade administrativa que promova a sua anulação (STF, MS n° 23.550/DF, DJ de 31.10.2001).
 art. 67 da Lei n° 8.666/93  controle é poder-dever da Administração que justifica, inclusive, a intervenção na forma de operacionalização em casos de retardamento, paralisação ou, ainda, de incorreta implementação do contrato. 
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 art. 70  fiscalização e o acompanhamento da Administração não excluem ou reduzem a responsabilidade do contratado por danos causados à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo.
 a Administração poderá assumir provisória ou definitivamente essa execução, conformando-a ao interesse público, se necessário.
6. Ocupação Temporária (art. 58, V)
 A Administração pode, nos casos essenciais, ocupar provisoriamente e temporariamente bens móveis, imóveis, pessoais e serviços vinculados ao contrato. 
 Esta prerrogativa lhe é dada para o caso de necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, assim como na hipótese de rescisão do contrato.
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7. Aplicação de penalidades
 decorre da inexecução culposa praticada pelo contratado, de forma total ou parcial. 
 art. 87  desde que observada a ampla defesa, tal fato enseja a aplicação direta, pela Administração Pública, das seguintes sanções: 
a) advertência, destinada a pequenas faltas contratuais, mas sempre adotando a forma escrita; 
b) multa, na forma prevista no instrumento convocatório da licitação ou no contrato; 
c) suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a dois anos, devendo tal período ser dosado de acordo com a gravidade da falta;
d) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública, cuja aplicação é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso.
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 a última penalidade constitui a sanção mais grave dentre aquelas previstas em lei, podendo ensejar em crime para o agente público que admitir à licitação ou firmar o contrato com pessoas físicas ou jurídicas declaradas inidôneas e, bem assim, para estas, caso venham a pactuar com a Administração nessas condições (art. 97). 
 vedação vigerá enquanto perdurarem os seus motivos determinantes ou até que seja promovida a reabilitação do punido. 
 reabilitação  se dará mediante requerimento à própria autoridade que aplicou a sanção, após decorridos dois anos de sua aplicação, sendo concedida sempre que o interessado ressarcir a Administração dos prejuízos resultantes da inexecução do contrato.
 a penalidade de multa poderá ser cumulada com as demais e, se for superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferença, a ser descontada dos pagamentos a ele devidos pela Administração ou cobrada judicialmente. 
 penalidade  poderá ocorrer a rescisão unilateral do contrato pela Administração, o que não impede a aplicação das demais sanções. 
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Formalização
Os contratos administrativos e seus aditamentos são formalizados mediante instrumento próprio (termo de contrato) elaborado nas repartições interessadas, as quais deverão: 
a) manter arquivo cronológico e registro sistemático do seu conteúdo; 
b) providenciar a publicação resumida do seu teor (extrato contratual) na imprensa oficial, sendo condição indispensável para sua eficácia. (art. 61, parágrafo único lei 8.666/93 – publicação até o 5º dia útil do mês seguinte ao da assinatura, para ocorrer no prazo de 20 dias daquela data)
 os contratos que tenham por objeto direitos reais sobre imóveis se formalizam por escritura pública lavrada em cartório, juntando-se cópia desta no processo administrativo que lhe deu origem.
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 o termo de contrato impõe-se como obrigatório nos casos em que a contratação seja precedida de concorrência ou de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nessas duas modalidades de licitação (art. 62, caput, da Lei n° 8.666/93). 
 nos demais casos, faculta-se a contratação formalizada por outros meios documentais que não o termo contratual, tais como autorização de compra, ordem de serviço, nota fiscal ou outros instrumentos hábeis. 
 apenas em caráter excepcional é admitida a contratação verbal com a Administração Pública, no caso de pequenas compras, com pagamento imediato, cujo montante não seja superior a 5% (cinco por cento) do limite previsto para a modalidade de licitação convite (art. 23, II, "a", da Lei n° 8.666/93).
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 prazo para contratação: Administração convocar o interessado para a assinatura do termo de contrato no prazo máximo de sessenta dias, a contar da data de entrega das propostas na licitação – art. 64, §3º
 ultrapassado este prazo, ficam os licitantes liberados dos compromissos constantes de suas propostas no certame. 
 caso o Poder Público convoque o interessado no prazo legal e este não compareça para a assinatura do termo respectivo, será facultado à Administração convocar os licitantes remanescentes, observando-se a ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, conforme dispõe o art. 64, § 2°, da Lei n° 8.666/93.
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Garantias
 são mecanismos utilizados pela Administração Pública para assegurar a execução do que fora pactuado ou, não havendo, para ser ressarcida dos prejuízos decorrentes do inadimplemento do contratado. 
 as garantias não são obrigatórias, mas, se adotadas pelo ente estatal, devem estar previstas no instrumento convocatório da licitação, caso em que constarão necessariamente no termo de contrato.
 a escolha da espécie de garantia, dentre aquelas previstas no instrumento convocatório, fica a critério do contratado. 
 a garantia não poderá ser superior a 5% (cinco por cento) do valor do contrato, salvo na hipótese de obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, que envolvam alta complexidade técnica e riscos financeiros, onde poderá ser fixada em até 10% (dez por cento) daquele valor.
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As modalidades enumeradas na lei são:
• Caução: é a reserva de um determinado valor, em espécie ou em títulos, que a Administração poderá se valer sempre que o particular descumprir os compromissos contratuais.
• Seguro-garantia: é a garantia prestada por uma empresa seguradora na qual esta se obriga a arcar com todas as despesas inerentes à execução, caso haja inadimplemento do contratado (segurado).
• Fiança bancária: trata-se de garantia fornecida por um banco que se responsabiliza, perante a Administração, pelo cumprimento das obrigações
do contratado. 
 O banco-fiador se obriga ao pagamento à Administração Pública até o limite do valor da fiança prestada, não havendo o chamado benefício de ordem. Assim, havendo a inexecução do ajuste, poderá o ente público executar tanto a instituição bancária como o contratado inadimplente (ou os dois simultaneamente), sem que haja qualquer preferência entre ambos.
 Após a execução do contrato, a garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída e, se houver sido feita em dinheiro, deverá ser atualizada monetariamente.
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Execução
 firmado o contrato administrativo inicia-se a fase de execução, a ser implementada integralmente pelas partes, de acordo com as normas legais e cláusulas por elas estabelecidas, sob pena de responderem pelas consequências da inexecução total ou parcial.
Na execução do contrato, os principais direitos das partes consistem: 
a) para a Administração, em exercer suas prerrogativas diretamente, sem prévia autorização judicial, e receber o objeto contratado na forma e prazo estipulados; (auto-executoriedade)
b) para o contratado, em perceber o pagamento no modo convencionado ou, ainda, a prestação devida pelo Poder Público, nos contratos de atribuição (ex.: permissão de uso de bem público).
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 Quanto às obrigações:
a) Administração tem o dever de efetuar o pagamento do preço acordado (contratos de colaboração) ou de conceder ao contratado certa vantagem na forma avençada (contratos de atribuição);
b) ao particular incumbe adimplir a prestação estabelecida, observando os deveres decorrentes da Lei n° 8.666/93, quais sejam:
• Suportar as variações de quantidade, que são os acréscimos ou supressões legais quanto ao valor pactuado inicialmente, no importe de 25% do valor contratual, podendo chegar até 50%, nos casos de reforma de edifício ou equipamento (art. 65, § 1° - manifestações do jus variandi e decorrem do interesse público)
 Respeitados os limites legais, tais variações independem de nova licitação, formalizando-se mediante termo aditivo ao contrato originário, desde que justificado o acréscimo ou diminuição do quantum acordado inicialmente.
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• Manter um preposto no local da obra ou serviço para representá-lo perante a Administração (art. 68).
• Reparar, corrigir, substituir, remover ou reconstruir as suas expensas, o objeto do contrato eivado de vícios, defeitos ou irregularidades (art. 69).
• Responder por danos causados à Administração ou a terceiros decorrentes de sua culpa ou dolo, não sendo eliminada ou atenuada essa responsabilidade pelo acompanhamento ou fiscalização do Poder Público (art. 70).
• Arcar com os encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais da execução (art. 71). Mas a Administração Pública responderá solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários (art. 71, § 2°).
• Executar pessoalmente o objeto pactuado, tendo em vista que os contratos administrativos são intuitu personae, salvo as subcontratações autorizadas pela Administração (art. 72).
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• Cumprir as especificações, projetos, prazos e normas técnicas pertinentes à execução, inclusive utilizando o pessoal e material adequados (art. 78,I e II).
 Concluída a execução, ocorrerá o recebimento do objeto contratado pela Administração, podendo ser provisório ou definitivo, mediante termo circunstanciado ou recibo, após a verificação da sua conformidade com os termos contratuais e aceitação do ente público (arts. 73 e seguintes da Lei n° 8.666/93). 
 O ente público deverá rejeitar, total ou parcialmente, a obra, o serviço ou fornecimento executado em desacordo com o contrato.
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Duração do contrato
 é vedado, ao Poder Público, a celebração de contrato com prazo indeterminado, devendo a sua duração, via de regra, ficar adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários (arts. 57, da Lei, e 167,I, II e § 1°, da Carta Magna).
 art. 57, I, II e III, Lei nº 8.666/93  exceções à vinculação ao crédito orçamentário anual, admitindo a duração dos contratos administrativos por período superior a este. 
 as etapas de execução, conclusão e entrega do objeto admitem prorrogação, desde que se faça presente algum dos motivos indicados pelo § 1° do art. 57 da referida Lei, a exemplo da diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da própria Administração Pública. 
 nesse caso de prorrogação, porém, devem ser mantidas as demais cláusulas do contrato administrativo, assim como o seu equilíbrio econômico-financeiro.
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Inexecução
 inexecução dos contratos administrativos  inadimplemento total ou parcial de suas cláusulas, podendo gerar consequências jurídicas distintas a depender do motivo que ensejou o descumprimento do ajuste. 
 é relevante identificar as causas da inexecução do contrato, que podem decorrer de conduta: 
a) culposa: sendo aquela que decorre de ação ou omissão de um dos contratantes, nas modalidades de negligência, imprudência e imperícia (espécies de culpa em sentido restrito), ou, ainda, da intenção inequívoca de descumprir o contrato (dolo); 
b) não culposa: que surge de situações alheias à vontade dos contratantes, impedindo a plena e fiel execução do que fora estipulado.
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1. Inexecução culposa
 comprovada a inexecução por culpa dos contratantes, há de se distinguir os efeitos jurídicos daí decorrentes, de acordo com a parte que lhe deu causa. 
 havendo inexecução por culpa da Administração, caberá ao contratado pleitear, por acordo ou judicialmente, a rescisão do contrato, fazendo jus: 
a) ao ressarcimento de todos os prejuízos que, comprovadamente, tenha suportado; 
b) ao recebimento dos valores devidos pela execução do contrato até a data de sua rescisão; 
c) ao pagamento do custo da desmobilização que tenha realizado; 
d) à devolução da garantia anteriormente prestada (art. 79, § 2°, da Lei n° 8.666/93).
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 sendo a inexecução ocasionada por culpa do contratado, a Administração poderá aplicar-lhe diretamente as penalidades legais (como a advertência e a declaração de inidoneidade) e contratuais (como a multa, no valor previsto no termo de contrato) cabíveis em cada caso. 
 Além dessas sanções, a Administração poderá reter eventuais créditos que detenha o contratado e utilizar a garantia por ele prestada, objetivando a reparação dos prejuízos resultantes da inexecução. 
 poderá o ente público também rescindir unilateralmente o contrato, sem prejuízo das demais medidas jurídicas aplicáveis à espécie.
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2. Inexecução sem culpa
 quando há inexecução sem culpa do contrato administrativo, às partes não são imputadas as consequências do inadimplemento, posto que a perfeita execução do que inicialmente tenha sido pactuado mostra-se impossível por circunstâncias alheias à vontade dos contratantes.
 adota-se a denominada teoria da imprevisão (aplicação da cláusula rebus sic stantibus)  tal cláusula sustenta que as obrigações convencionadas pelas partes nos acordos de vontades de execução prolongada devem ser mantidas e cumpridas enquanto se mantiverem as condições originárias que levaram os contratantes a pactuar naqueles termos. 
 teoria da imprevisão – consagrada no art. 65, II, "d", da Lei n° 8.666/93 - propugna que "fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado" justificam a alteração do contrato ou mesmo a sua rescisão, sem a responsabilização de qualquer das partes, haja vista a ocorrência dessa álea extraordinária. 
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FATO DO PRÍNCIPE  ocorre quando determinação estatal, sem relação direta com o contrato administrativo, o atinge de forma indireta, tornando sua execução demasiadamente onerosa ou impossível. 
ex: a empresa X é contratada por uma Prefeitura para fornecer merenda escolar a um preço Y. Um novo tributo é criado e aplicado sobre o arroz, aumentando consideravelmente seu preço e causando desequilíbrio no contrato.
FATO DA ADMINISTRAÇÃO
 é a ação ou omissão do Poder Publico contratante que atinge diretamente o contrato, inviabilizando ou retardando seu cumprimento ou tornando-o exageradamente oneroso. A própria Lei de Licitações (Lei 8.666/93) prevê algumas situações: Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: (...), XIV e XV.
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Extinção do Contrato
1. Conclusão do objeto
 É o modo normal de extinção dos contratos administrativos, operando-se com o exaurimento de sua execução. 
 concluído o seu objeto, com a entrega dos bens, prestação dos serviços ou finalização da obra, tem-se o término contratual pelo pleno cumprimento de suas obrigações, inclusive com o pagamento do preço ao contratado.
2. Término do prazo
 o término do prazo de vigência do contrato ocorre com o advento do seu termo final, gerando a sua imediata extinção na data estabelecida em cláusula própria. 
 a lei não admite o contrato público por prazo indeterminado, embora permita, em certos casos, a prorrogação contratual.
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3. Rescisão
 é o término do contrato durante a sua execução, ocasionada por razões que impossibilitam a continuidade do ajuste por motivo imputável ou não aos contratantes. Tais motivos surgem:
• Da inadimplência das partes: neste caso, a própria Lei n° 8.666/93, no seu art. 78, elenca as hipóteses em que se dará a rescisão, a exemplo do não cumprimento ou do cumprimento irregular de cláusulas contratuais, o atraso superior a noventa dias dos pagamentos devidos pela Administração ao contratado e o retardamento injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento.
• De situações extraordinárias que impeçam ou tornem inconveniente a continuidade do contrato, tais como: força maior, caso fortuito, interferências imprevistas, ... 
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Ocorrendo quaisquer esses motivos, o contrato administrativo pode ser rescindido:
• Por meio amigável, denominando-se distrato, ou seja, o acordo das partes em pôr fim ao que fora avençado.
• Pela via administrativa  efetivada por ato unilateral e auto-executório da Administração  ao contratado restará pleitear reparação por danos oriundos dessa rescisão, em ação própria.
• Pela via judicial, podendo o contratado ou a Administração propor a ação ordinária de rescisão contratual, na qual o interessado requererá ao Judiciário que, mediante uma sentença de natureza constitutiva negativa, imponha o término do ajuste, inclusive, se for o caso, com a fixação da responsabilidade da parte que deu causa à rescisão.
 embora se confira legitimidade à Administração para figurar no pólo ativo da demanda, sempre lhe será facultado optar pela rescisão administrativa unilateral, posto que esta se constitui em uma de suas prerrogativas contratuais, sendo uma das cláusulas exorbitantes contidas na norma positivada.
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4. Anulação
 é modo de extinção do contrato administrativo que se dá por motivo de ilegalidade. 
 constatando-se que o termo contratual foi formulado em desrespeito às normas vigentes (objeto é ilícito ou que as partes dele se valeram para conseguir objetivo ilegal, p.ex.), o contrato será anulado pelo Judiciário ou pela própria Administração. 
 o contrato administrativo pode também ser anulado em razão de ilegalidade na licitação que o precedeu.

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