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UNAMA_-_DIREITO_PROCESSUAL_CIVIL_I

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I
ATOS E FATOS PROCESSAIS
- processo tramita por meio de atos, sistema de preclusão e acontecimentos naturais não provocados pela vontade humana (morte, perecimento de objeto, etc)
- Hélio Tornaghi – processo é um conjunto de ato, fato e negócios processuais
- diferença entre ato e fato processual
- Calmon de Passos - ato processual é aquele que produz efeitos no processo – fora do processo é apenas um ato jurídico 
- ato processual é o praticado pelo advogado, partes, juiz, auxiliares da Justiça e até terceiros no processo – transação, compromisso arbitral, pagamento são atos de direito material com efeitos reflexos sobre o processo
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
- não há consenso na doutrina – critérios objetivo (objeto do ato) e subjetivo (pessoa que pratica)
- critério objetivo – Guasp e Frederico Marques – momentos da relação processual
a) atos de iniciativa – instaurar a relação processual – ex. petição inicial
b) atos de desenvolvimento – movimentam o processo:
b.1) atos de instrução – provas e alegações
b.2) – atos de ordenação – impulso, direção, formação
c) atos de conclusão – atos decisórios do juiz ou dispositivos das partes – renúncia, transação e desistência
- Chiovenda e Lopes da Costa – classificação subjetiva – (nosso CPC): 
a)atos das partes
b) atos dos órgãos jurisdicionais
- para o CPC: atos das partes (arts. 158 a 161); atos do juiz (arts. 162 a 165) e atos do escrivão ou chefe de secretaria (arts. 166 a 171)
- outras pessoas também podem praticar atos jurídicos – oficiais de justiça, peritos, testemunhas, etc – tornando incompleta a classificação do CPC 
FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
- conceito - é o conjunto de solenidades para que o ato seja eficaz
- quanto à forma – ato pode ser solene e não solene (prova por qualquer meio admitido em direito)
- atos processuais normalmente são solenes – praticados de forma escrita, termo adequado, lugar e tempo previsto na lei
- críticas e necessidade das formas – longa e inútil querela, perda do direito / busca um sistema simplificado sem formalidades
-formas são necessárias – evitam a desordem, incerteza / visam a segurança das partes – não é capricho do legislador
- condena-se o excesso de formalismo – a virtude está no meio termo
- moderna legislação não sacrificam a validade dos atos por questões ligadas ao excessivo e intransigente rigor quando relacionadas com atos meramente instrumentais
- CPC – art. 154 – regra liberal
Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial.
- quando o texto legal cominar expressamente a pena de nulidade para a inobservância de determinada forma – caso das citações – não incide a regra do art. 154
- o ato solene ineficaz pode ser suprido por outro por outro proporcionando o mesmo efeito – citação (art. 214, §3º)
PUBLICIDADE
- princípio fundamental – art. 93, IX, CF; 155 do CPC
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- todos podem conhecer atos e termos processuais – obter certidões e traslados
- audiências são públicas
- processos em segredo de justiça por ordem pública e por foro íntimo
- art. 155
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos:
I - em que o exigir o interesse público;
Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.
- audiência à portas fechadas (art. 444) – presença do juiz, auxiliares, partes, advogados e MP
- terceiros podem obter certidão do dispositivo – juiz indefere o pedido se não demonstrar interesse jurídico 
MEIOS DE EXPRESSÃO
- processo é composto por atos jurídicos – declarações de vontade – exteriorizados através da linguagem escrita e oral
- petições são escritas / há atos orais – pregão e audiências – reduzidos a termo para ficar documentado no processo
- língua oficial no processo – português – nosso vernáculo (art. 156)
Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo.
Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado.
- documentos em língua estrangeira – traduzidos por tradutor juramentado (art. 157)
- se não tiver tradutor – parte junta o documento + pedido de nomeação pelo juiz de um tradutor ad hoc
- partes e testemunhas estrangeiras que não falam português – intérprete (art. 152, II e III)
- pessoas que não puderem exprimir a sua vontade (mudos)
ATOS DAS PARTES
DESISTÊNCIA
- é a abdicação expressa da posição processual pelo autor
- abre mão do processo – não do direito material
- extinção do processo sem julgamento do mérito – não faz coisa julgada material
- momentos (art. 267, §4º):
1- ato unilateral – antes do fim do prazo de resposta do réu – para a doutrina “antes da apresentação da contestação”
2- ato bilateral – após a contestação até a sentença
§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
-após a sentença – ato das partes não pode desfazer a decisão do juiz / autor pode desistir do recurso – faz coisa julgada material
- réu revel – pode desistir sem o seu consentimento – não traz prejuízo
- autor após a sentença pode renunciar o direito material – não depende de consentimento
- juiz pratica 2 atos – a) homologa a desistência; b) declara extinto o processo sem julgamento de mérito
DESISTÊNCIA DO RECURSO
- recorrente pode desistir do recurso até o início da votação – não depende de consentimento
- através de petição assinada por advogado com poderes especiais
- desistência é posterior – renúncia é anterior
- provoca o trânsito em julgado – faz coisa julgada material
CONCILIAÇÃO
- composição do litígio é objetivo do processo – pode ser por sentença (heterocomposição) ou acordo das partes (autocomposição)
- autocomposição - mais rápida, prática e conveniente
- legislador privilegia a autocomposição em 2 momentos – início da audiência preliminar e início da audiência de instrução e julgamento (CPC, 448)
- diferença entre conciliação e transação
- só quando tem audiência pode haver conciliação (forma estrita)
- sempre nos processos de natureza patrimonial privada – rito ordinário, sumário, especial, cautelar
- também causas relativas à família – separação judicial (Lei 968/49) e alimentos (Lei 5478/88)
- audiência preliminar – conciliação é parte essencial da audiência
- não é indispensável a presença das partes – ausência é entendida como recusa ao acordo
- não há nulidade pela falta do juiz em tentar a conciliação – STF – não há prejuízo para as partes
- Lei 8952/94 modificou a nomenclatura da audiência para audiência preliminar
- procedimento da conciliação nas duas audiências
Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. Em causas relativas à família,terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em que a lei consente a transação.
Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo.
Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença.
TRANSAÇÃO
- conceito – é o negócio jurídico bilateral para prevenir ou terminar litígio mediante concessões recíprocas (CC, 840)
Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.
- dispensa pronunciamento do juiz sobre o mérito – só verifica a capacidade das partes, a licitude do objeto e a forma regular do ato
- extingue o processo com julgamento de mérito – embora o juiz não tenha julgado – faz coisa julgada material
- momentos – antes, durante e depois (da sentença) do processo
- pode se dar por documento celebrado pelas partes ou termo nos autos
- somente por pessoas maiores e capazes e em se tratando de direitos disponíveis (CC, 841) – motivo: envolve renúncia de direitos
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.
- Retratação e Rescisão da Transação
- a transação tem 2 momentos de eficácia:
a) entre as partes – ato é perfeito e acabado logo após declaração de vontade
b) para o processo – momento da homologação – tem dupla eficácia:
b.1)homologa e extingue o processo;
b.2) atribui ao ato das partes a qualidade de ato processual com aptidão para gerar coisa julgada e formar um título executivo judicial (CPC, 269, III e 584, III)
ATOS DO JUIZ
- atos de natureza decisória – sentença e decisão interlocutória
SENTENÇA
- é o ato que dá resposta ao pedido da parte – prestação jurisdicional do Estado
- conceito de sentença – art. 162, CPC - modificação do conceito pela Lei 11.232/05
- sentença nem sempre põe fim ao processo
- juiz não pode alterar o seu julgamento – salvo modificações materiais e por meio de recurso – preclusão consumativa / pro judicato
Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.
- classificação: 
1- terminativa – não julga o mérito – pode ajuizar novamente a ação – faz coisa julgada formal
2- definitiva – julga definitivamente o mérito – faz coisa julgada material
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA
- art. 162, CPC – ato do juiz que resolve questão incidental – questões de fato e de direito – não põe fim ao processo
- é ato do juiz de natureza decisória – recorrível – recurso combate só o conteúdo da decisão mas não resolve a lide
- fundamentação concisa sob pena de nulidade (CPC, 165 e CF, 93, IX)
Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no art. 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
DESPACHO
- são ordens judiciais dispondo sobre o andamento do processo
- também chamados de despachos ordinatórios ou de mero expediente
- não tem cunho decisório – não cabe recurso – não envolve direito ou interesse e não traz prejuízo
- ex officio ou a requerimento – ex. designação de audiência, abertura de vistas, contrarrazões
- caso de dúvida – vale a natureza jurídica da decisão
- não gera preclusão – ex. despacho liminar de citação – o juiz pode posteriormente declarar a inépcia da inicial
- Lei 8.952/94 acrescentou §4º ao art. 162 – permite a delegação de atos ao escrivão ou secretário
Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários.(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
ATOS DO ESCRIVÃO
ATOS DE DOCUMENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO
- processo movimenta-se por impulso oficial – prazos contínuos e peremptórios
- atos praticados devem ser documentados e comunicados
- principal órgão auxiliar do juiz é o escrivão ou secretário – encarregado da documentação, comunicação e movimentação
- tarefas no art. 141
Art. 141. Incumbe ao escrivão:
I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertencem ao seu ofício;
II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como praticando todos os demais atos, que Ihe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;
III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-lo escrevente juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo;
IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de cartório, exceto:
a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;
b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo;
V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo, observado o disposto no art. 155.
- atos de documentação – representam por escrito as declarações de vontade das partes, terceiros e membros do Judiciário - ex: depoimento da parte, sentença oral (decisões só produzem efeito depois de documentadas e publicadas)
- a documentação do ato é feita pelo termo do secretário
- atos de comunicação ou intercâmbio – servem para dar ciência aos sujeitos do processo acerca dos atos e fatos ocorridos para que exerçam os seus direitos ou suportem os ônus
- principais: citações e intimações
- atos de movimentação – todos os atos do diretor de secretaria estão movimentando o processo
- os atos do diretor de secretaria tem presunção de veracidade
PRINCIPAIS ATOS
autuação – consiste em colocar uma capa sobre a petição na qual será lavrado um termo contendo o juízo, natureza do feito, número de registro nos assentos do cartório (secretaria), nomes das partes e data do seu início (CPC, 166)
- sempre que o volume estiver muito grande – faz-se nova autuação
- compete também ao diretor de secretaria numerar e rubricar as páginas dos autos principais e suplementares (CPC, 167)
Termos processuais
- termos mais comuns que o diretor de secretaria redige:
a) juntada – é o ato que o diretor de secretaria certifica o ingresso de uma petição ou documento nos autos
b) vista – ato de franquear os autos às partes para que o advogado se manifeste sobre algum evento processual (carga)
c) conclusão – ato que certifica o encaminhamento dos autos ao juiz
d) recebimento – ato que documento o momento em que os autos retornaram à secretaria após vista ou conclusão.
INTERCÂMBIO PROCESSUAL
- processo se desenvolve em obediência aos princípios da publicidade e do contraditório – partes devem ter conhecimento de tudo para se defenderem
- CPC de 1939 classificava os atos: citação, intimação e notificação / CPC/73 só citação e intimação / notificação só para o procedimento especial das medidas cautelares – art. 873, do CPC
- órgãosque se encarregam da comunicação são – secretário e oficial de justiça
- alguns casos utilizam-se órgãos estranhos ao Judiciário – correio (CPC, 222) e a imprensa (CPC, 231)
FORMA DOS ATOS DE COMUNICAÇÃO
- real ou presumida
- real – ciência é dada diretamente à pessoa interessada, ex. secretário, oficial de justiça, correio
- presumida – quando feita através de órgão ou de terceiro que se presume faça chegar a ocorrência ao conhecimento do interessado, ex. edital, hora certa e imprensa
ATOS PROCESSUAIS FORA DOS LIMITES TERRITORIAIS DO JUÍZO
- regras de competência restringem a competência do juiz aos limites da sua circunscrição territorial – não pode determinar diretamente atos em outra comarca
- intercâmbio processual entre juízos – cartas (CPC, 200)
- espécies – carta de ordem, carta rogatória e carta precatória (CPC, 201) (também de tribunal para juiz que não esteja subordinado a ele)
REQUISITOS DAS CARTAS (CPC, 202)
- requisitos:
I – indicação do juízo de origem e de cumprimento
II – inteiro teor da petição, despacho judicial e instrumento de mandato do advogado
III – menção do ato processual que lhe constitui o objeto
IV – assinatura do juiz
- qualquer outra peça que possa instruir – mapas, desenhos ou gráficos (CPC, 202, §1º)
- exame pericial em documento – original deve estar em anexo (CPC, 202, §2º)
- para evitar paralisação do processo – juiz fixa prazo de cumprimento da carta (CPC, 203) – juiz deprecado pode dilatar comunicando ao juiz deprecante
CUMPRIMENTO DAS CARTA
- juízo que expede a carta – deprecante, rogante, ordenante
- juízo que expede o mandado de cumprimento – deprecado, rogado, ordenado
- carta rogatória depende de exequatur do presidente do STJ (CF, 102) – vincula o juízo inferior
CARTA DE ORDEM
- comunicação originada de um tribunal a federação a um juiz a ele subordinado
- existência de hierarquia
- não há solicitação – há ordem
- ex. ações de competência originária dos tribunais – ação rescisória – para ouvir testemunhas ou colher outras provas.
CARTA PRECATÓRIA
- mais frequente
- envolve juízos não marcados pela relação de subordinação
- juiz de origem solicita a pratica do ato processual
- tem que cumprir os requisitos do art. 202 e também indicar o prazo para o seu cumprimento
- juízo deprecado pode prorrogar o prazo de cumprimento – comunicar o juízo deprecante demonstrando a impossibilidade de cumprimento no prazo estipulado
- não pode recusar o cumprimento, salvo:
a) quando não se revestir dos requisitos legais do art. 202
b) quando incompetente para a prática do ato em razão da matéria ou hierarquia
c) quando tiver dúvidas quanto à sua autenticidade
- tem que fundamentar sua decisão de recusa (CPC, 209)
- jurisprudência - rol do art. 209 é taxativo
- juízo deprecado não pode ingressar nos motivos para determinação da realização da carta precatória – limita-se a cumprir a carta
- caráter itinerante (CPC, 204)
CARTA ROGATÓRIA
- CPC, 210 – segue convenção internacional entre o Brasil e país destinatário
- falta de convenção – remetida por via diplomática depois de traduzida para a língua do país destinatário por tradutor juramentado (CPC, 210)
- no Brasil – depende de exequatur do presidente do STJ (CF, 105, I, alínea “i”) – segue regulamento do STJ – cumprimento pelos juízes federais de 1º grau de jurisdição (CF, 109, X)
Procedimento
- o destinatário residente no País impugná-la no prazo de 5 dias – também o Procurador-geral
- impugnação pode versar – autenticidade da carta, afronta à soberania nacional e à ordem pública
- não sofrendo impugnação ou sendo rejeitada – presidente do STJ determina encaminhamento ao juízo federal – cumprida – devolvida ao STJ – remessa à autoridade estrangeira, na forma da convenção ou por via diplomática
CASOS URGENTES
Em caso de urgência – cartas precatória e de ordem podem ser remetidas por telegrama, radiograma ou telefone 
- telegrama ou radiograma – dados do art. 202 são resumidos e agência expedidora declarará reconhecida a assinatura do juiz
- procedimento por telefone: transmitirá ao secretário do 1º Ofício da 1ª Vara – mesmo dia ou dia útil imediato – retorna telefonema lendo o conteúdo da carta e solicitando confirmação (CPC, 207, §1º) – certifica o ocorrido e submete ao despacho judicial (CPC, 207, §2º)
- Lei 11.419/2006 – carta pode ser expedida por meio eletrônico (CPC, 202, §3º) – assinatura eletrônica do juiz
CUSTAS
- preparo comum conforme lei local
- cartas urgentes – cumprimento imediato – deposita importância no juízo deprecante (CPC, 208) – não pode deixar de cumprir por falta de preparo
- falta de preparo – juiz deprecado pode devolver a carta sem cumprimento
- cumpridas as cartas – feito o preparo – devolvidas em 10 dias (CPC, 212)
CITAÇÃO
CONCEITO
- ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado para se defender 
- Alexandre F. Câmara - é o ato pelo qual se integra o réu na relação processual, angularizando-a.
- Vicente Greco Filho – é o ato de chamamento do réu a juízo e que o vincula ao processo e a seus efeitos
- cita-se também os terceiros intervenientes
- é um pressuposto processual de validade
- ato que aperfeiçoa a relação processual – falta gera nulidade (CPC, 214) – pode ser argüida até em ação rescisória (CPC, 714, I)
- para todos os processos – até para jurisdição voluntária quando envolve interesse de terceiro (CPC, 1.105)
- processo pode existir validamente sem a citação – caso de indeferimento da petição inicial ou comparecimento espontâneo
- a citação é pressuposto de validade dos atos posteriores
SUPRIMENTO DA CITAÇÃO
- a ausência ou irregularidade da citação não torna nulo o processo caso o réu compareça espontaneamente em juízo estabelecendo o contraditório (CPC, 214, §1º)
- revelia do réu torna nulo o processo (CPC, 247)
- se o comparecimento do réu foi somente para alegar a nulidade da citação – juiz não determina nova citação – está citado na data da intimação da decisão (CPC, 214, §2º)
LOCAL DA CITAÇÃO
- regra geral – em qualquer lugar em que se encontre o réu (CPC, 216)
- militar ativo – só será citado na unidade em que serve se não for conhecida a sua residência ou não for encontrado
IMPEDIMENTO LEGAL PARA REALIZAÇÃO DA CITAÇÃO
- circunstâncias momentâneas – salvo caso de necessidade para evitar perecimento do direito – ex. prescrição e decadência
- casos:
1- culto religioso
2 – ao cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, na linha reta e na colateral até o 2º grau – no dia do falecimento e nos 7 dias seguintes
3 – aos noivos – 3 primeiros dias de bodas
4 – aos doentes – enquanto grave seu estado
- se tiver procurador com poderes – pode receber a citação
DESTINATÁRIOS DA CITAÇÃO
- réu ou procurador legalmente autorizado (CPC, 215)
- réu incapaz – para o representante legal (pai, tutor ou curador)
- pessoa jurídica – a quem tenha poder estatutário para representá-la em juízo (CPC, 215) – teoria da aparência
- pessoa formal
- exceções:
Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado.
§ 1o Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário, administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados.
§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis.
Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê-la.
§ 1o O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) dias.
§ 2o Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa.
§ 3o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbiráa defesa do réu.
EFEITOS DA CITAÇÃO
- a citação será: real ou ficta – a primeira é a preferida
- citação válida produz os seguintes efeitos (219):
a) torna prevento o juízo
b) induz litispendência
c) faz litigiosa a coisa
d) constitui em mora o devedor
e) interrompe a prescrição
- os 3 primeiros são efeitos processuais e os 2 últimos efeitos materiais (operam a sua eficácia mesmo que determinados por juiz incompetente (CPC, 219)
PREVENÇÃO
- é a fixação da competência de um juiz em face de outros que teriam competência para a causa
- se aplica aos casos de conexão
- tem em consideração a 1ª citação válida
- juízes da mesma comarca – torna prevento o despacho da petição inicial (CPC, 106) 
Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.
LITISPENDÊNCIA
- o mesmo litígio não poderá voltar a ser objeto – entre as mesmas partes – de outro processo enquanto não extinguir o pendente
- visa: evitar o desperdício de energia jurisdicional; impedir pronunciamentos judiciários contraditórios
LITIGIOSIDADE
- o bem jurídico disputado fica vinculado à sorte da causa
- o bem pode ser alienado – não pode ser alterado
- a oponibilidade perante terceiros depende de prévia inscrição da citação no Registro Público ou de prova de má fé do estranhos (terceiro)
MORA
- citação constitui o devedor em mora – efeito material da citação
PRESCRIÇÃO
- a citação interrompe a prescrição segundo o CPC – CC diz que é o despacho do juiz (CC, 202, I)
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o   Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o   Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.   (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Explicar que este artigo foi revogado parcialmente
- não é apenas o despacho da petição inicial que interrompe a prescrição
ANTECIPAÇÃO DO EFEITO INTERRUPTIVO DA PRESCRIÇÃO
- se o autor promove a citação do réu – 10 dias seguintes ao despacho que ordenou a citação – prescrição interrompida retroativamente na data da propositura da ação (CPC, 219, §§ 1º e 2º)
- prazo poderá ser prorrogado pelo juiz por 90 dias (§3º) – a requerimento da parte
- atrasos no serviço judiciário não prejudicam o autor (§2º)
- em caso de descumprimento dos prazos – prescrição interrompida na data da citação (§4º)
- o juiz pode pronunciar de ofício a prescrição (§5º) – alteração da Lei 11.280/06
- passada em julgado a sentença que decretou a prescrição – secretário comunicará ao réu o resultado do julgamento (§6º)
- CPC, 220 – diz que as regras do art. 219 se aplicam a todos os prazos extintivos previstos na lei – também à decadência
Art. 220. O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extintivos previstos na lei.
MODOS DE REALIZAR A CITAÇÃO
- CPC, 221 – citação realiza-se:
I – pelo correio
II – por oficial de justiça
III – por edital
IV – por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria

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