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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I ATOS E FATOS PROCESSAIS - processo tramita por meio de atos, sistema de preclusão e acontecimentos naturais não provocados pela vontade humana (morte, perecimento de objeto, etc) - Hélio Tornaghi – processo é um conjunto de ato, fato e negócios processuais - diferença entre ato e fato processual - Calmon de Passos - ato processual é aquele que produz efeitos no processo – fora do processo é apenas um ato jurídico - ato processual é o praticado pelo advogado, partes, juiz, auxiliares da Justiça e até terceiros no processo – transação, compromisso arbitral, pagamento são atos de direito material com efeitos reflexos sobre o processo CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS - não há consenso na doutrina – critérios objetivo (objeto do ato) e subjetivo (pessoa que pratica) - critério objetivo – Guasp e Frederico Marques – momentos da relação processual a) atos de iniciativa – instaurar a relação processual – ex. petição inicial b) atos de desenvolvimento – movimentam o processo: b.1) atos de instrução – provas e alegações b.2) – atos de ordenação – impulso, direção, formação c) atos de conclusão – atos decisórios do juiz ou dispositivos das partes – renúncia, transação e desistência - Chiovenda e Lopes da Costa – classificação subjetiva – (nosso CPC): a)atos das partes b) atos dos órgãos jurisdicionais - para o CPC: atos das partes (arts. 158 a 161); atos do juiz (arts. 162 a 165) e atos do escrivão ou chefe de secretaria (arts. 166 a 171) - outras pessoas também podem praticar atos jurídicos – oficiais de justiça, peritos, testemunhas, etc – tornando incompleta a classificação do CPC FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS - conceito - é o conjunto de solenidades para que o ato seja eficaz - quanto à forma – ato pode ser solene e não solene (prova por qualquer meio admitido em direito) - atos processuais normalmente são solenes – praticados de forma escrita, termo adequado, lugar e tempo previsto na lei - críticas e necessidade das formas – longa e inútil querela, perda do direito / busca um sistema simplificado sem formalidades -formas são necessárias – evitam a desordem, incerteza / visam a segurança das partes – não é capricho do legislador - condena-se o excesso de formalismo – a virtude está no meio termo - moderna legislação não sacrificam a validade dos atos por questões ligadas ao excessivo e intransigente rigor quando relacionadas com atos meramente instrumentais - CPC – art. 154 – regra liberal Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial. - quando o texto legal cominar expressamente a pena de nulidade para a inobservância de determinada forma – caso das citações – não incide a regra do art. 154 - o ato solene ineficaz pode ser suprido por outro por outro proporcionando o mesmo efeito – citação (art. 214, §3º) PUBLICIDADE - princípio fundamental – art. 93, IX, CF; 155 do CPC Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) - todos podem conhecer atos e termos processuais – obter certidões e traslados - audiências são públicas - processos em segredo de justiça por ordem pública e por foro íntimo - art. 155 Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: I - em que o exigir o interesse público; Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977) Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite. - audiência à portas fechadas (art. 444) – presença do juiz, auxiliares, partes, advogados e MP - terceiros podem obter certidão do dispositivo – juiz indefere o pedido se não demonstrar interesse jurídico MEIOS DE EXPRESSÃO - processo é composto por atos jurídicos – declarações de vontade – exteriorizados através da linguagem escrita e oral - petições são escritas / há atos orais – pregão e audiências – reduzidos a termo para ficar documentado no processo - língua oficial no processo – português – nosso vernáculo (art. 156) Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo. Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado. - documentos em língua estrangeira – traduzidos por tradutor juramentado (art. 157) - se não tiver tradutor – parte junta o documento + pedido de nomeação pelo juiz de um tradutor ad hoc - partes e testemunhas estrangeiras que não falam português – intérprete (art. 152, II e III) - pessoas que não puderem exprimir a sua vontade (mudos) ATOS DAS PARTES DESISTÊNCIA - é a abdicação expressa da posição processual pelo autor - abre mão do processo – não do direito material - extinção do processo sem julgamento do mérito – não faz coisa julgada material - momentos (art. 267, §4º): 1- ato unilateral – antes do fim do prazo de resposta do réu – para a doutrina “antes da apresentação da contestação” 2- ato bilateral – após a contestação até a sentença § 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. -após a sentença – ato das partes não pode desfazer a decisão do juiz / autor pode desistir do recurso – faz coisa julgada material - réu revel – pode desistir sem o seu consentimento – não traz prejuízo - autor após a sentença pode renunciar o direito material – não depende de consentimento - juiz pratica 2 atos – a) homologa a desistência; b) declara extinto o processo sem julgamento de mérito DESISTÊNCIA DO RECURSO - recorrente pode desistir do recurso até o início da votação – não depende de consentimento - através de petição assinada por advogado com poderes especiais - desistência é posterior – renúncia é anterior - provoca o trânsito em julgado – faz coisa julgada material CONCILIAÇÃO - composição do litígio é objetivo do processo – pode ser por sentença (heterocomposição) ou acordo das partes (autocomposição) - autocomposição - mais rápida, prática e conveniente - legislador privilegia a autocomposição em 2 momentos – início da audiência preliminar e início da audiência de instrução e julgamento (CPC, 448) - diferença entre conciliação e transação - só quando tem audiência pode haver conciliação (forma estrita) - sempre nos processos de natureza patrimonial privada – rito ordinário, sumário, especial, cautelar - também causas relativas à família – separação judicial (Lei 968/49) e alimentos (Lei 5478/88) - audiência preliminar – conciliação é parte essencial da audiência - não é indispensável a presença das partes – ausência é entendida como recusa ao acordo - não há nulidade pela falta do juiz em tentar a conciliação – STF – não há prejuízo para as partes - Lei 8952/94 modificou a nomenclatura da audiência para audiência preliminar - procedimento da conciliação nas duas audiências Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Em causas relativas à família,terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em que a lei consente a transação. Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo. Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença. TRANSAÇÃO - conceito – é o negócio jurídico bilateral para prevenir ou terminar litígio mediante concessões recíprocas (CC, 840) Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas. - dispensa pronunciamento do juiz sobre o mérito – só verifica a capacidade das partes, a licitude do objeto e a forma regular do ato - extingue o processo com julgamento de mérito – embora o juiz não tenha julgado – faz coisa julgada material - momentos – antes, durante e depois (da sentença) do processo - pode se dar por documento celebrado pelas partes ou termo nos autos - somente por pessoas maiores e capazes e em se tratando de direitos disponíveis (CC, 841) – motivo: envolve renúncia de direitos Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação. - Retratação e Rescisão da Transação - a transação tem 2 momentos de eficácia: a) entre as partes – ato é perfeito e acabado logo após declaração de vontade b) para o processo – momento da homologação – tem dupla eficácia: b.1)homologa e extingue o processo; b.2) atribui ao ato das partes a qualidade de ato processual com aptidão para gerar coisa julgada e formar um título executivo judicial (CPC, 269, III e 584, III) ATOS DO JUIZ - atos de natureza decisória – sentença e decisão interlocutória SENTENÇA - é o ato que dá resposta ao pedido da parte – prestação jurisdicional do Estado - conceito de sentença – art. 162, CPC - modificação do conceito pela Lei 11.232/05 - sentença nem sempre põe fim ao processo - juiz não pode alterar o seu julgamento – salvo modificações materiais e por meio de recurso – preclusão consumativa / pro judicato Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo; II - por meio de embargos de declaração. - classificação: 1- terminativa – não julga o mérito – pode ajuizar novamente a ação – faz coisa julgada formal 2- definitiva – julga definitivamente o mérito – faz coisa julgada material DECISÃO INTERLOCUTÓRIA - art. 162, CPC – ato do juiz que resolve questão incidental – questões de fato e de direito – não põe fim ao processo - é ato do juiz de natureza decisória – recorrível – recurso combate só o conteúdo da decisão mas não resolve a lide - fundamentação concisa sob pena de nulidade (CPC, 165 e CF, 93, IX) Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no art. 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) DESPACHO - são ordens judiciais dispondo sobre o andamento do processo - também chamados de despachos ordinatórios ou de mero expediente - não tem cunho decisório – não cabe recurso – não envolve direito ou interesse e não traz prejuízo - ex officio ou a requerimento – ex. designação de audiência, abertura de vistas, contrarrazões - caso de dúvida – vale a natureza jurídica da decisão - não gera preclusão – ex. despacho liminar de citação – o juiz pode posteriormente declarar a inépcia da inicial - Lei 8.952/94 acrescentou §4º ao art. 162 – permite a delegação de atos ao escrivão ou secretário Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários.(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ATOS DO ESCRIVÃO ATOS DE DOCUMENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO - processo movimenta-se por impulso oficial – prazos contínuos e peremptórios - atos praticados devem ser documentados e comunicados - principal órgão auxiliar do juiz é o escrivão ou secretário – encarregado da documentação, comunicação e movimentação - tarefas no art. 141 Art. 141. Incumbe ao escrivão: I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertencem ao seu ofício; II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como praticando todos os demais atos, que Ihe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária; III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-lo escrevente juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo; IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de cartório, exceto: a) quando tenham de subir à conclusão do juiz; b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor; d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo; V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo, observado o disposto no art. 155. - atos de documentação – representam por escrito as declarações de vontade das partes, terceiros e membros do Judiciário - ex: depoimento da parte, sentença oral (decisões só produzem efeito depois de documentadas e publicadas) - a documentação do ato é feita pelo termo do secretário - atos de comunicação ou intercâmbio – servem para dar ciência aos sujeitos do processo acerca dos atos e fatos ocorridos para que exerçam os seus direitos ou suportem os ônus - principais: citações e intimações - atos de movimentação – todos os atos do diretor de secretaria estão movimentando o processo - os atos do diretor de secretaria tem presunção de veracidade PRINCIPAIS ATOS autuação – consiste em colocar uma capa sobre a petição na qual será lavrado um termo contendo o juízo, natureza do feito, número de registro nos assentos do cartório (secretaria), nomes das partes e data do seu início (CPC, 166) - sempre que o volume estiver muito grande – faz-se nova autuação - compete também ao diretor de secretaria numerar e rubricar as páginas dos autos principais e suplementares (CPC, 167) Termos processuais - termos mais comuns que o diretor de secretaria redige: a) juntada – é o ato que o diretor de secretaria certifica o ingresso de uma petição ou documento nos autos b) vista – ato de franquear os autos às partes para que o advogado se manifeste sobre algum evento processual (carga) c) conclusão – ato que certifica o encaminhamento dos autos ao juiz d) recebimento – ato que documento o momento em que os autos retornaram à secretaria após vista ou conclusão. INTERCÂMBIO PROCESSUAL - processo se desenvolve em obediência aos princípios da publicidade e do contraditório – partes devem ter conhecimento de tudo para se defenderem - CPC de 1939 classificava os atos: citação, intimação e notificação / CPC/73 só citação e intimação / notificação só para o procedimento especial das medidas cautelares – art. 873, do CPC - órgãosque se encarregam da comunicação são – secretário e oficial de justiça - alguns casos utilizam-se órgãos estranhos ao Judiciário – correio (CPC, 222) e a imprensa (CPC, 231) FORMA DOS ATOS DE COMUNICAÇÃO - real ou presumida - real – ciência é dada diretamente à pessoa interessada, ex. secretário, oficial de justiça, correio - presumida – quando feita através de órgão ou de terceiro que se presume faça chegar a ocorrência ao conhecimento do interessado, ex. edital, hora certa e imprensa ATOS PROCESSUAIS FORA DOS LIMITES TERRITORIAIS DO JUÍZO - regras de competência restringem a competência do juiz aos limites da sua circunscrição territorial – não pode determinar diretamente atos em outra comarca - intercâmbio processual entre juízos – cartas (CPC, 200) - espécies – carta de ordem, carta rogatória e carta precatória (CPC, 201) (também de tribunal para juiz que não esteja subordinado a ele) REQUISITOS DAS CARTAS (CPC, 202) - requisitos: I – indicação do juízo de origem e de cumprimento II – inteiro teor da petição, despacho judicial e instrumento de mandato do advogado III – menção do ato processual que lhe constitui o objeto IV – assinatura do juiz - qualquer outra peça que possa instruir – mapas, desenhos ou gráficos (CPC, 202, §1º) - exame pericial em documento – original deve estar em anexo (CPC, 202, §2º) - para evitar paralisação do processo – juiz fixa prazo de cumprimento da carta (CPC, 203) – juiz deprecado pode dilatar comunicando ao juiz deprecante CUMPRIMENTO DAS CARTA - juízo que expede a carta – deprecante, rogante, ordenante - juízo que expede o mandado de cumprimento – deprecado, rogado, ordenado - carta rogatória depende de exequatur do presidente do STJ (CF, 102) – vincula o juízo inferior CARTA DE ORDEM - comunicação originada de um tribunal a federação a um juiz a ele subordinado - existência de hierarquia - não há solicitação – há ordem - ex. ações de competência originária dos tribunais – ação rescisória – para ouvir testemunhas ou colher outras provas. CARTA PRECATÓRIA - mais frequente - envolve juízos não marcados pela relação de subordinação - juiz de origem solicita a pratica do ato processual - tem que cumprir os requisitos do art. 202 e também indicar o prazo para o seu cumprimento - juízo deprecado pode prorrogar o prazo de cumprimento – comunicar o juízo deprecante demonstrando a impossibilidade de cumprimento no prazo estipulado - não pode recusar o cumprimento, salvo: a) quando não se revestir dos requisitos legais do art. 202 b) quando incompetente para a prática do ato em razão da matéria ou hierarquia c) quando tiver dúvidas quanto à sua autenticidade - tem que fundamentar sua decisão de recusa (CPC, 209) - jurisprudência - rol do art. 209 é taxativo - juízo deprecado não pode ingressar nos motivos para determinação da realização da carta precatória – limita-se a cumprir a carta - caráter itinerante (CPC, 204) CARTA ROGATÓRIA - CPC, 210 – segue convenção internacional entre o Brasil e país destinatário - falta de convenção – remetida por via diplomática depois de traduzida para a língua do país destinatário por tradutor juramentado (CPC, 210) - no Brasil – depende de exequatur do presidente do STJ (CF, 105, I, alínea “i”) – segue regulamento do STJ – cumprimento pelos juízes federais de 1º grau de jurisdição (CF, 109, X) Procedimento - o destinatário residente no País impugná-la no prazo de 5 dias – também o Procurador-geral - impugnação pode versar – autenticidade da carta, afronta à soberania nacional e à ordem pública - não sofrendo impugnação ou sendo rejeitada – presidente do STJ determina encaminhamento ao juízo federal – cumprida – devolvida ao STJ – remessa à autoridade estrangeira, na forma da convenção ou por via diplomática CASOS URGENTES Em caso de urgência – cartas precatória e de ordem podem ser remetidas por telegrama, radiograma ou telefone - telegrama ou radiograma – dados do art. 202 são resumidos e agência expedidora declarará reconhecida a assinatura do juiz - procedimento por telefone: transmitirá ao secretário do 1º Ofício da 1ª Vara – mesmo dia ou dia útil imediato – retorna telefonema lendo o conteúdo da carta e solicitando confirmação (CPC, 207, §1º) – certifica o ocorrido e submete ao despacho judicial (CPC, 207, §2º) - Lei 11.419/2006 – carta pode ser expedida por meio eletrônico (CPC, 202, §3º) – assinatura eletrônica do juiz CUSTAS - preparo comum conforme lei local - cartas urgentes – cumprimento imediato – deposita importância no juízo deprecante (CPC, 208) – não pode deixar de cumprir por falta de preparo - falta de preparo – juiz deprecado pode devolver a carta sem cumprimento - cumpridas as cartas – feito o preparo – devolvidas em 10 dias (CPC, 212) CITAÇÃO CONCEITO - ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado para se defender - Alexandre F. Câmara - é o ato pelo qual se integra o réu na relação processual, angularizando-a. - Vicente Greco Filho – é o ato de chamamento do réu a juízo e que o vincula ao processo e a seus efeitos - cita-se também os terceiros intervenientes - é um pressuposto processual de validade - ato que aperfeiçoa a relação processual – falta gera nulidade (CPC, 214) – pode ser argüida até em ação rescisória (CPC, 714, I) - para todos os processos – até para jurisdição voluntária quando envolve interesse de terceiro (CPC, 1.105) - processo pode existir validamente sem a citação – caso de indeferimento da petição inicial ou comparecimento espontâneo - a citação é pressuposto de validade dos atos posteriores SUPRIMENTO DA CITAÇÃO - a ausência ou irregularidade da citação não torna nulo o processo caso o réu compareça espontaneamente em juízo estabelecendo o contraditório (CPC, 214, §1º) - revelia do réu torna nulo o processo (CPC, 247) - se o comparecimento do réu foi somente para alegar a nulidade da citação – juiz não determina nova citação – está citado na data da intimação da decisão (CPC, 214, §2º) LOCAL DA CITAÇÃO - regra geral – em qualquer lugar em que se encontre o réu (CPC, 216) - militar ativo – só será citado na unidade em que serve se não for conhecida a sua residência ou não for encontrado IMPEDIMENTO LEGAL PARA REALIZAÇÃO DA CITAÇÃO - circunstâncias momentâneas – salvo caso de necessidade para evitar perecimento do direito – ex. prescrição e decadência - casos: 1- culto religioso 2 – ao cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, na linha reta e na colateral até o 2º grau – no dia do falecimento e nos 7 dias seguintes 3 – aos noivos – 3 primeiros dias de bodas 4 – aos doentes – enquanto grave seu estado - se tiver procurador com poderes – pode receber a citação DESTINATÁRIOS DA CITAÇÃO - réu ou procurador legalmente autorizado (CPC, 215) - réu incapaz – para o representante legal (pai, tutor ou curador) - pessoa jurídica – a quem tenha poder estatutário para representá-la em juízo (CPC, 215) – teoria da aparência - pessoa formal - exceções: Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado. § 1o Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário, administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados. § 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis. Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê-la. § 1o O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) dias. § 2o Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa. § 3o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbiráa defesa do réu. EFEITOS DA CITAÇÃO - a citação será: real ou ficta – a primeira é a preferida - citação válida produz os seguintes efeitos (219): a) torna prevento o juízo b) induz litispendência c) faz litigiosa a coisa d) constitui em mora o devedor e) interrompe a prescrição - os 3 primeiros são efeitos processuais e os 2 últimos efeitos materiais (operam a sua eficácia mesmo que determinados por juiz incompetente (CPC, 219) PREVENÇÃO - é a fixação da competência de um juiz em face de outros que teriam competência para a causa - se aplica aos casos de conexão - tem em consideração a 1ª citação válida - juízes da mesma comarca – torna prevento o despacho da petição inicial (CPC, 106) Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. LITISPENDÊNCIA - o mesmo litígio não poderá voltar a ser objeto – entre as mesmas partes – de outro processo enquanto não extinguir o pendente - visa: evitar o desperdício de energia jurisdicional; impedir pronunciamentos judiciários contraditórios LITIGIOSIDADE - o bem jurídico disputado fica vinculado à sorte da causa - o bem pode ser alienado – não pode ser alterado - a oponibilidade perante terceiros depende de prévia inscrição da citação no Registro Público ou de prova de má fé do estranhos (terceiro) MORA - citação constitui o devedor em mora – efeito material da citação PRESCRIÇÃO - a citação interrompe a prescrição segundo o CPC – CC diz que é o despacho do juiz (CC, 202, I) Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) § 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) § 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006) § 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Explicar que este artigo foi revogado parcialmente - não é apenas o despacho da petição inicial que interrompe a prescrição ANTECIPAÇÃO DO EFEITO INTERRUPTIVO DA PRESCRIÇÃO - se o autor promove a citação do réu – 10 dias seguintes ao despacho que ordenou a citação – prescrição interrompida retroativamente na data da propositura da ação (CPC, 219, §§ 1º e 2º) - prazo poderá ser prorrogado pelo juiz por 90 dias (§3º) – a requerimento da parte - atrasos no serviço judiciário não prejudicam o autor (§2º) - em caso de descumprimento dos prazos – prescrição interrompida na data da citação (§4º) - o juiz pode pronunciar de ofício a prescrição (§5º) – alteração da Lei 11.280/06 - passada em julgado a sentença que decretou a prescrição – secretário comunicará ao réu o resultado do julgamento (§6º) - CPC, 220 – diz que as regras do art. 219 se aplicam a todos os prazos extintivos previstos na lei – também à decadência Art. 220. O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extintivos previstos na lei. MODOS DE REALIZAR A CITAÇÃO - CPC, 221 – citação realiza-se: I – pelo correio II – por oficial de justiça III – por edital IV – por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria
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