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10. METABOLISMO VEGETAL NA PÓS COLHEITA Roteiro: 1) Respiração 2) Maturação, amadurecimento e senescência 3) Etileno, o hormõnio do amadurecimento 4) Condições que afetam o armazenamento 5) Efeito da variação das condições de armazenamento na fisiologia RESPIRAÇÃO No caso dos frutos, os carboidratos, proteínas e lipídeos são utilizados como material de reserva para que o fruto sobreviva mesmo depois que não esteja mais ligado a planta-mãe para nutri-lo. Então, a partir do momento que o fruto se desliga da planta mãe, ele inicia a quebra desses compostos para utilizar a energia contida neles. A quebra desses compostos e liberação de sua energia ocorre num processo denominado RESPIRAÇÃO. O processo de respiração é fundamental no amadurecimento dos frutos, pois várias reação acopladas à respiração são responsáveis pela síntese de inúmeros compostos, tais como pigmentos, compostos fenólicos e fitohormônios), assim como influencia a longevidade do produto após a colheita. É um processo oxidativo, ou seja, é o processo de quebra de compostos complexos em simples moléculas gerando simultaneamente ATP. Essa energia química é requerida para a realização dos vários processos anabólicos e catabólicos essenciais ao produto vegetal. A glicólise, Ciclo de Krebs e a Cadeia Transportadora de Elétrons são as 3 etapas da respiração celular vegetal. Na primeira etapa, os açúcares complexos são quebrados em piruvatos, 2 ATPs e 2 NADH + . Os produtos e a energia serão então utilizados na segunda etapa, o ciclo de Krebs, quando ocorre a oxidação do piruvato em acetil-coa com o objetivo de produzir ATP e NADH + . Na última etapa, a energia translocada por moléculas de NADH + e FADH2 é utilizada em um sistema complexo de membranas compostos por várias proteínas e coenzimas (a cadeia transportadora de elétrons) para fosforilar ADP em ATP. Esse ATP é o objetivo de todo o processo. Um dos fatores condicionantes da respiração é o oxigênio. O oxigênio é utilizado como aceptor de elétrons e, em sua presença, a respiração ocorre normalmente. Já na ausência de oxigênio, um aceptor de elétrons alternativo é utilizado caracterizando a respiração anaeróbica ou fermentação. Geralmente esse aceptor é o piruvato que será convertido em acetaldeído e formará etanol, tóxico pra célula. Figuras: MATURAÇÃO, AMADURECIMENTO E SENESCÊNCIA Amadurecimento e senescência O ciclo vital dos órgãos vegetais é composto por três fases fisiológicas, embora não se possa distingui-las de forma precisa. Essas fases correspondem à maturação e à senescência. O desenvolvimento (formação, crescimento e maturação) das plantas e seus órgãos ocorre mediante diversos processos fisiológicos e morfológicos que culminam na senescência e morte. A maturação é ocorre enquanto o produto ainda encontra-se ligado à planta mãe. Do ponto de vista da produção de alimentos, é definida como a sequência de eventos fisiológicos e morfológicos que levam o fruto ao estado de consumo. Os frutos geralmente são colhidos nesse estádio para apresentarem boas condições de manuseio e armazenamento e, após, vivem utilizando dos substratos acumulados. O amadurecimento é uma fase intermediária entre a maturação e a senescência e está relacionada com a atratividade e aptidão para consumo. Nessa fase, já iniciam-se processos degradativos. Nessa fase, a respiração é o evento fisiológico mais importante a ser considerado. Alguns frutos apresentam uma etapa climatérica quando ocorre um pico de produção de etileno e respiratório que acelera o processo de amadurescimento. Após o pico, o súbito declinío na produção de etileno e na respiração dos frutos marca o início da senescência. Já a senescência corresponde a diversos processos degradativos resultante nas morte celular dos tecidos. Dá maturação até o completo amadurecimento dos frutos, muitos processos químicos e degradativos ocorrem de forma sequencial ou concomitante que modificam as características químicas dos produtos vegetais. Esses eventos fisiológicos podem ocorrer na seguinte ordem: i) aceleração da senescência; ii) perda das características de flavor devido à redução de açúcares e ácidos; iii) aumento da transpiração – murchamento e perda de textura; iv) perda de massa; v) redução no valor nutritivo. A mudança característica inicial do amadurecimento é a degradação da clorofila seguida da síntese de outros pigmentos como os carotenóides e antocianinas. Fenologicamente, essas alterações fisiológicas caracterizam a alteração da coloração da casca do fruto. A alteração na textura dos produtos vegetais também caracteriza o início do amadurecimento. A diminuição da firmeza resulta da degradação de moléculas polímeras constituintes da parede celular levando ao amolecimento do tecido. Já as alterações nas características sensoriais de sabor e aroma são resultado de diferentes combinações de componentes químicos resultantes das modificações fisiológicas durante o amadurecimento. Entre os principais componentes químicos que sofrem alterações durante a maturação/amadurecimento dos frutos estão os ácidos orgânicos, carboidratos, compostos fenólicos e pectinas. Metabolismo do Fruto Climatérico (gráfico bom de cair na prova) A colheita do fruto deve ser feito antes deste atingir o climatérico e seu desenvolvimento se completa desligado da planta-mãe. Partindo do inicio do desenvolvimento do fruto, da divisão até a expansão celular, a concentração de amido aumento muito. Juntamente com o amido, aumenta-se a acidez. No final da expansão celular a acidez começa a reduzir, pois os ácidos são consumidos na respiração e o teor de açúcar começa a aumentar. Os aromas aumentam após o pico climatérico. O pico de produção de etileno é anterior ao pico da respiração e, quando as duas curvas em ascensão se cruzam marcam o ponto climatérico, o que significa que o fruto atinge seu potencial metabólico máximo. ETILENO, O HORMÔNIO DO AMADURECIMENTO O etileno é o único hormônio na forma de gás e é considerado o hormônio do amadurecimento. É um gás que influencia o crescimento das plantas em baixas concentrações; possui grande importância comercial. BIOSSÍNTESE O etileno é produzido a partir do aminoácido metionina que é produto do Ciclo de YANG. O etileno é produzido por todas as partes dos vegetais em pequenas concentrações. Porém, quando os frutos iniciam a etapa de amadurecimento a produção de etileno se eleva consideravelmente. Por um motivo ainda desconhecido, o amadurecimento é ativado e aumenta- se a síntese e a atividade da ACC sintase e da ACC oxidase, aumentando a respiração que aumenta o metabolismo e inicia-se a degradação de vários compostos. Assim, o processo da respiração e de produção de etileno são sinérgicos. Se a produção de etileno aumenta, o processo de respiração aumenta e vice-versa. Depois que o etileno é produzido, ele fica liberado dentro da célula vegetal. Como é um gás ele se difunde livremente entre os espaços intercelulares até encontrar seu receptor em alguma membrana plasmática. Espaços intercelulares MODO DE AÇÃO DO ETILENO Como a imagem abaixo mostra, o etileno se liga ao seu receptor. Essa ligação do sistema chave-fechadura ativa mensageiros secundários que são moléculas sinalizadoras que viajam pelo citoplasma até o núcleo da célula onde informam “PRODUZA ENZIMAS”. Quanto mais madura a célula, mais receptores de etileno vão possuir, então serão mais sensíveis à qualquer concentração do etileno. A expressão gênica da açãodo etileno é basicamente para produzir enzimas que vão degradar a parede celular e outras enzimas que vão degradar o açúcar. EFEITO FISIOLÓGICO DO ETILENO O etileno age se ligando ao receptor na membrana e a reação dessa ação é a produção de enzimas. Agora veremos o efeito fisiológico da ação dessas enzimas. Degradação da Parede Celular A parede celular é formada de microfibrilas de celulose (em azul) que são arranjadas por pectinas (em roxo). A pectina é formada por várias moléculas de ácido galacturônico unidas. Estrutura da Parede Celular PECTINA – cada unidade é um ácido galacturônico. Como resultado da ligação do etileno com seu receptor tem-se a produção das enzimas PME (Pectina metil-esterase) e a PG (Pectina poligalacturase). Essas duas enzimas atuam juntas na mesma proporção. A PME retira o radical metil dos ácidos galacturônicos. Ao retirar o metil, o sítio de ligação fica livre e é nesse sítio que se liga a PG que rompe a molécula de ácido galacturônico da cadeia poligalacturônica. Esse ácido galacturônico que fica libre é utilizado no processo de respiração e o ATP produzido na respiração alimentará a produção de etileno, criando um sistema de retroalimentação. O resultado desse processo para o fruto é amolecimento de tecido, perda de água e flacidez. ETILENO E O ARMAZENAMENTO A produção de etileno ao longo do armazenamento não é um processo vantajoso, devido à sua ação sinérgica à respiração e progressão do amadurecimento do produto. Assim, algumas técnicas podem ser utilizadas para evitar a produção, a ação ou ainda retirar do ambiente o etileno já produzido pelas plantas. Um composto denominado 1-MCP é um inibidor da ação do etileno. Ele se liga no receptor onde o etileno deveria se ligar. Com o sítio de ligação ocupado, o etileno acaba dissipando. Esse produto pode ser aplicado dentro da câmara de armazenamento do produto agrícola. É um pó que é dissolvido em água dentro de um equipamento que borbulha e o libera no ar. O AVG (aminoetoxivinilglicina) é um inibidor de síntese. Ele agirá inibindo a atividade das duas enzimas do processo de síntese do etileno. Esse produto é aplicado à campo 15 dias antes da colheita. Já o etileno já produzido pelos frutos dentro da câmara pode ser retirado introduzindo paletes de permanganato de potássio que absorver o etileno livre. CONDIÇÕES QUE INFLUENCIAM NO ARMAZENAMENTO Basicamente, as condições que influenciam no armazenamento são a temperatura, a concentração dos gases O2 e CO2, a umidade relativa e o etileno, sendo que os 3 primeiros citados influenciam diretamente na produção do etileno. Assim, é comum o uso de atmosfera controlada (onde todos os fatores citados a cima são controlados) para prolongar o período de armazenamento dos produtos. Há também a atmosfera modificada. A diferença entre as duas é que na atmosfera modificada o produto é envolto por um filme permeável de poliestireno. Esse filme é permeável na parte interna ao CO2 e na parte externa ao O2. Ou seja, controla o fluxo gasoso para facilitar a saída de CO2 e a entrada de O2. Na atmosfera controlada não se controla os níveis de CO2, todo o CO2 produzido pelo fruto é liberado. E o O2 só entra pelo filme na medida que é consumido no interior do filme. A principal vantagem desse tipo de armazenamento é o baixo custo, pois não é necessário a manutenção da temperatura (ela pode oscilar um pouco). Câmara de atmosfera controlada A câmara possui um evaporador e quanto maior o evaporador, menor será a umidade relativa, pois todo o vapor d’água (do ar e do produto) condensará no equipamento. O controle de temperatura dentro da câmara é feito pelo gás amônia. Ele passa pela câmara dentro de uma tubulação. Esse sistema possui um compressor. Assim, amônia liquida passa pelo compressor e se torna um gás. Esse gás frio circula pela tubulação retirando o calor da câmara, tornando-se liquido novamente no final do processo e ajustando assim a temperatura desejada. Já a pressão é controlada por uma válvula de pressão. Na condição inicial da câmara, o ar possui sua constituição normal que é 78% de N, 23% de O2 e 0,03% de CO2. Após adicionar o produto dentro da câmara, os níveis de gases são ajustados. O O2 é reduzido para 1-3% e o CO2 é acrescentado para 1-5%. Para ajudar esses níveis de gases há um absorvidor de CO2 que controla o nível de CO2 e também um absorvidor de O2. Caso haja produção de CO2 em excesso ao valor ajustado, sua absorção pode ser feita com a adição de Cal dentro da câmara, por exemplo. Atualmente, a absorção de O2 é feita através da injeção de N2 dentro da câmara. O N2 entra na camara e sai na forma de N2O2, reduzindo o oxigênio. Outra forma de reduzir o O2 é adicionar os frutos dentro da câmara e deixa-los respirar até consumir O2 e este ficar a 1% de concentração. Porém esse processo pode demorar até 15 dias depois do produto inserido na câmara. As concentrações de O2 e CO2 exatas dentro dessa câmara vai depender do tipo de fruto e até do tipo de cultivar de cada fruto. Como descobrir os níveis ótimos desses gases para cada produto?... Coloco o produto em uma atmosfera onde controlarei os gases. Primeiro, descubro o ponto crítico do O2, ou seja, a mínima concentração de O2 necessária para que o fruto não entre em anaerobiose (respiração anaeróbica – fermentação). A partir daí, aumento lentamente a concentração de O2 e reduzo a concentração de CO2 até encontrar o efeito ótimo da combinação dessas duas concentrações para o armazenamento. Esse ponto ótimo é então a concentração de O2 um pouco acima do ponto em que o fruto entraria em anaerobiose e a concentração de CO2 corresponde à concentração máxima de CO2 que não afeta a fisiologia do fruto. EFEITO DA VARIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ARMAZEN. Efeito da baixa concentração de O2 no ciclo do etileno Concentrações reduzidas de O2 influenciam diretamente a síntese do etileno. A ação da enzima ACC oxidase da síntese de etileno depende de uma molécula de O2, pois a ACC oxidase reduz a molécula de ACC transformando-a em etileno. Além disso, o oxigênio é necessário no ciclo de Yang. A função desse cciclo é regenerar a metionina (precursor do etileno) para que essa seja utilizada novamente na produção de etileno. Na quinta etapa do ciclo, a enzima MTA nucleosidase usa uma molécula de oxigênio. Efeito do alto O2, do baixo CO2 e do etileno na glicólise A presença do etileno + O2 aumenta a atividade das enzimas piruvato quinase e de 6- fosfofrutoquinase envolvidas na glicólise (1ª etapa da respiração). Assim, na presença de alta [O2] e do etileno, a quebra das moléculas e a liberação de sua energia aumenta o metabolismo do fruto. Como visto anteriormente, o oxigênio é o principal fator limitante da respiração por ser o receptor de elétrons da cadeia transportadora de elétron. Já a concentração de CO2 influencia diretamente no ciclo de Krebs, pois 3 enzimas do ciclo de Krebs utilizam o CO2 como substrato. Sendo assim: Glicólise – afetada pela ação do etileno + [O2] Krebs – afetada pela variação da [CO2] Cadeia Transportadora – afetada pela variação da [O2] Efeito de alto CO2 e baixo O2 na respiração Quando a concentração de O2 reduz muito, inicia-se o processo de respiração anaeróbica, com aumento na produção de etileno e de CO2. Essa produção é em função da baixa produção de ATP. Na respiração aeróbica (glicolise+krebs+cadeia) produzo 32 ATPs e CO2. Na anaeróbica produzo apenas 2 ATPs. Assim, pra célula vegetal conseguir o ATP necessário terá que rodar o ciclo anaeróbico váriasvezes e, como resultado, tenho uma produção abusiva de CO2. O ponto de compensação anaeróbica é o ponto de concentração de O2 mínima para que a célula mantenha seu metabolismo básico e não entre em anaerobiose. Se o nível de O2 estiver abaixo desse ponto, a célula entra em colapso. Em baixa concentração de O2 ocorre então a fermentação e o local do fruto necrosa (disturbio fisiológico). Em alta concentração de CO2 (a partir de 1%) cria-se cavernas no interior do fruto. Além disso, a baixa concentração de O2 impede o funcionamento da cadeia transportadora de elétrons e a alta concentração de CO2 freia o ciclo de Krebs. Com o funcionamento da cadeia transportadora de elétrons cessado, o piruvato acumula no citoplasma e é convertido em lactato. O acumulo de lactato e dos ácidos que não estão sendo utilizados pelo ciclo de Krebs reduzem o pH do citoplasma e tudo isso acelera o processo de fermentação. (Precisa do esquema do slide pra descreverr melhor a participação das enzimas controladas por O2) Variação da Temperatura afeta as enzimas PME e PG A variação da temperatura influencia principalmente a atividade de enzimas nos sistemas biológicos. Frutos em processo de amadurecimento produzem normalmente as enzimas PME e PG em reposta ao efeito do etileno com a finalidade de degradar a parede celular. Vimos anteriormente que a degradação da parede celular é resultado da ação conjunta e sinérgica dessas duas enzimas. Porém, quando há variação na temperatura de armazenamento, ocorre um desbalanço na concentração dessas enzimas (pode ter mais PME e menos PG ou vice e versa). Assim, se a PME retirar o grupo metil do ácido galacturônico e a PG não se ligar nesse local, o sítio de ligação fica vazio. O cálcio livre no citoplasma é atraído por esse sítio de ligação e se liga à molécula de ácido galacturônico e os ácidos galacturônicos livres ligam-se entre si por pontes de cálcio formando uma espécie de rede. Essa rede em 3d tem estrutura semelhante a um “pacote” onde no interior fica armazenado água ou óleo. Essa retenção de água muda o potencial osmótico no interior da célula fazendo com que a célula vegetal fique flácida, levando ao amolecimento do tecido.
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