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Capítulo 08 1a Princípio: Conservação de energia “A energia do Universo é Constante”. - A energia não pode ser criada nem destruída - A energia total do sistema mais a do meio ambiente permanece constante. O 1º Princípio da TD identifica mudanças permitidas mas não impõe restrições, ou seja, não diz nada sobre o sentido preferencial da mudança ocorrer…. ….Exige apenas que a energia do universo permaneça a mesma antes e depois da transformação…. Introdução ao 2º Princípio da Termodinâmica Processos Físicos e Químicos U sistema U vizinhança O que determina o sentido de uma mudança espontânea??? Seria a energia do sistema que tende para um mínimo? Esses dois exemplos mostram que essa não deve ser a razão da espontaneidade. 1º) Quando um gás ideal se expande espontaneamente no vácuo, sua energia interna se mantém constante. 2º) Se a energia de um sistema diminui numa transformação espontânea, a energia das vizinhanças aumenta, também espontaneamente. Quando ocorre uma mudança de estado, a energia total de um sistema isolado permanece constante, mas ela se redistribui de diferentes maneiras. Essa idéia da “dispersão da energia” é a chave para explicar o sentido espontâneo das transformações.... - Gás saindo de uma lata de spray ( pressão) - Objeto caindo de uma dada altura ( E potencial) O que determina o sentido de uma mudança espontânea??? O que acontece com a energia potencial de uma bola quando cai? Por que????? O processo é reversível? Em cada pulo, a bola não sobe tão alto pois há perdas inelásticas entre a bola e a superfície. A Ecinética do movimento da bola se converte em energia de agitação térmica dos átomos da bola e da superfície. O sentido da mudança espontânea leva a bola ao repouso com toda sua Ecinética inicial dispersada no movimento térmico aleatório das moléculas de ar e dos átomos da superfície. Em escala macroscópica, o processo inverso nunca é observado. Uma bola em repouso sobre uma superfície quente, jamais começa a pular. Seria preciso ordenar o movimento térmico que é desordenado para que todos os átomos da bola se movessem em uma mesma direção, para que a bola pudesse subir no ar... Impossível!!!!! ??? Dissipação da energia Quando uma transformação espontânea ocorre em um sistema isolado a energia total se mantém constante (1°LEI da TD), mas se redistribui de diferentes formas. Figura 1 - (a) A energia cinética da bola é transferida para a superfície e se dissipa na forma de energia térmica. (b) Uma bola em repouso sobre uma superfície quente precisaria que parte do movimento caótico se transformasse em movimento ordenado para que suba ao ar, o que é muito pouco provável. Constatamos que a mudança espontânea é aquela que conduz à dispersão da Energia Total do sistema isolado. estados >>>> probabilidadeestados <<<< probabilidade Por que estes processos ocorrem assim? Um gás se expande espontaneamente ocupando todo um recipiente, mas não se contrai para um volume menor. Um objeto quente resfria liberando calor para as vizinhanças mas não fica mais quente do que as vizinhanças. (a) (b) Mudança espontânea Conduz à dispersão da Energia Total do Sistema (maior desordem) Transformação Espontânea... É aquela que leva a uma maior desordem da matéria e da energia. A força responsável pela transformação espontânea é a tendência da matéria e da energia tornarem-se desordenadas. Na expansão do gás, a matéria tende a se tornar desordenada. No resfriamento de uma barra quente de metal, a energia tende a se tornar desordenada A medida da desordem da matéria e da energia em termodinâmica é chamada de Entropia (S). A entropia aumenta à medida que a matéria e a energia tornam-se desordenadas. Neste sentido surge a 2ª Lei: “A entropia de um sistema isolado aumenta em uma mudança espontânea (STotal 0)” onde Stotal é a entropia total do sistema e das suas vizinhanças Definição Termodinâmica da ENTROPIA (S) T dqS revd - A 1ª Lei levou à definição da Energia Interna, U, que nos permite verificar se uma transformação é ou não possível. - A 2ª Lei define a Entropia, S, que nos permite dizer se uma mudança de estado é espontânea. A definição termodinâmica de entropia, centraliza-se na variação de entropia, dS, que ocorre em uma transformação física ou química. A definição se baseia na idéia de que a dimensão da dispersão da energia depende da quantidade de energia que é transferida no processo na forma de calor. A entropia do Universo é cte se o processo for reversível e aumenta se o processo for irreversível Para uma transformação finita: Procuramos um processo reversível que leve o sistema de um estado a outro e integramos ao longo desse processo, a quantidade de calor trocada em cada etapa infinitesimal do processo, dividida pela temperatura onde ocorre a troca térmica. f i T dqS rev Sendo a entropia uma função de estado, precisamos demonstrar que ao longo de um ciclo: 0 T dqrev Para essa demonstração, analisaremos uma transformação cíclica que ocorre através de 4 processos reversíveis (Ciclo de Carnot) O ciclo de Carnot é uma transformação cíclica que envolve 4 processos reversíveis. Foi desenvolvido por Carnot em 1824 que buscava compreender o princípio de funcionamento das máquinas térmicas Formulação Matemática da Segunda Lei Máquinas térmicas: Dispositivos que utilizam calor para gerar trabalho, levando uma substância “trabalho” (gás, liquido, vapor....) a realizar um processo cíclico. 1769: James Watt – Máquinas a vapor 1824: Nicolas Leonard Sadi Carnot – Desenvolvimento teórico do funcionamento das máquinas térmicas. Só foi possível predizer a direção espontânea após Carnot investigar a eficiência das máquinas térmicas. Desde o desenvolvimento da máquina à vapor, havia grande interesse em compreender a capacidade de transformar calor em trabalho. Carnot baseou seus estudos em uma transformação cíclica de um sistema gasoso que agora é conhecido como Ciclo de Carnot. Este ciclo é constituído por quatro processos reversíveis sucessivos. (1) calor é transferido de uma fonte a uma temperatura elevada (2) trabalho é feito pela máquina (3) calor é lançado pela máquina para uma fonte a uma temperatura mais baixa A máquina absorve calor q1 do reservatório quente, produz trabalho nas vizinhanças, wmáq = w1 e rejeita calor q3 para o reservatório frio. Carnot investigou os princípios que governam a transformação da energia térmica “calor” em energia mecânica, “trabalho”. Seu estudo baseou-se em uma transformação cíclica, que agora é chamada de Ciclo de Carnot. A máquina idealizada por Carnot consiste de um reservatório a T (T1) que fornece calor para a máquina e de um reservatório a T (T2) que recebe o calor da máquina. q1 0 w1 0 q3 0 T1 T2 * Em todas as discussões, vamos considerar T1 como a temperatura mais alta. A eficiência (e) ou rendimento (h) da máquina é calculada por: e = trabalho realizado/calor absorvido “É impossível construir uma máquina térmica que, operando num ciclo, não produza nenhum efeito além da absorção de calor de um reservatório e da realização de uma quantidade igual de trabalho” A formulação de Kelvin do Segundo Princípio da Termodinâmica É impossível construir uma máquina que trabalhe com rendimento de 100% É impossível p/ um sistema operando num ciclo, produzir w operando a uma única fonte térmica, isto é, o processo mais simples capaz de produzir w nas viz envolve duas fontes térmicas operando em duas T . O ciclo de Carnot opera em tal ciclo. Máquina térmica idealizada por Carnot: - Gás ideal como substância de trabalho, passa por um ciclo reversível. Objetivo: Investigar a eficiência máxima de uma máquina térmica Etapa 1 – Expansão Isotérmica Etapa 2 – Expansão Adiabática Etapa 3 – Compressão Isotérmica Etapa 4 – Compressão Adiabática ETAPA ESTADO INICIAL ESTADO FINAL U 1 T1,P1,V1 T1,P2,V2 U1=q1 + w1 2 T1,P2,V2 T2,P3,V3 U2= w2 3 T2,P3,V2 T2,P4,V4 U3=q3 + w3 4 T2,P4,V4 T1,P1,V1U4= w4 - Um sistema está sujeito às seguintes transformações reversíveis de estado: T1 T 2 ETAPA ESTADO INICIAL ESTADO FINAL CASO GERAL GÁS IDEAL 1 T1,P1,V1 T1,P2,V2 U1 =0=q1 + w1 q1= RT1 ln(Vf/Vi) 2 T1,P2,V2 T2,P3,V3 U2= w2 q2 = 0 3 T2,P3,V2 T2,P4,V4 U3=0=q3 + w3 q3 = RT2 ln(Vf/Vi) 4 T2,P4,V4 T1,P1,V1 U4= w4 q4 = 0 dTCw T T v 2 1 2 dTCw T T v 1 2 4 O CICLO DE CARNOT PARA UM GÁS IDEAL Etapa 1: Expansão Isotérmica Reversível: q1 0 e w1 0 U = 0 Etapa 2: Expansão Adiabática Reversível: q2 = 0 e w2 0; T1T2 (T2 T1) Etapa 3: Compressão Isótérmica Reversível: q3 0 e w3 0 Etapa 4: Compressão Adiabática Reversível: q4 = 0 e w4 0; T2T1 (T1 T2) Para que a T não varie na expansão, ou seja, U=0, o sistema deve absorver q p/ realizar w Se o sistema não troca calor, q=0, w é realizado às custas da Usistema e a T após a transformação Para que a T não varie na compressão, ou seja, U=0, o sistema deve liberar calor p/ vizinhanças Se o sistema não troca calor, q=0, a T do sistema após a transformação Como em um ciclo, 0dU ΔU = q1+ w 1 + w2 + q3 + w3 + w4 = 0 (1) 1q wciclo Medida de quanto o calor absorvido pela máquina está sendo convertido em trabalho Analisando o Ciclo U = 0 Então: wciclo = w 1 + w2 + w3 + w4 (2) qciclo = q1 + q3 (3) ΔUciclo = qciclo+ w ciclo = 0 (4) qciclo = - w ciclo (5) A eficiência, , é definida como: (6) Substituindo (5) em (6): 1 3 1 31 1 1 q q q qq q qciclo (7) Lembrando..... 1 3 1 31 1 1 q q q qq q qciclo (7) q1 0 e q3 0 , então: 1 3 q q 0 e 3q 1q SEMPRE!!! ISSO MOSTRA QUE O RENDIMENTO DA MÁQUINA, e, NUNCA SERÁ MAIOR DO QUE 1. 0 e 1 (8) Teorema de Carnot: “Nenhuma máquina operando entre dois reservatórios pode ser mais eficiente que uma máquina de Carnot operando entre os mesmos dois reservatórios” e ereversível Concluímos que o rendimento de qualquer máquina deve ser menor ou igual ao rendimento de uma máquina reversível, ambas operando entre as mesmas fontes térmicas. Para que a seguinte relação seja satisfeita: e1 = e2 Para que todas as máquinas reversíveis tenham o mesmo rendimento, elas devem operar entre as mesmas fontes térmicas. A equação acima indica que o rendimento não depende da máquina e, portanto, não pode depender do projeto da máquina ou da substância de trabalho usada na máquina. O rendimento é função apenas das temperaturas das fontes: e = f (T1, T2) Exemplo prático de uma máquina cíclica: Caldeira q1 turbina w1 condensador q3 Bomba, w3 Líquido caldeira vapor turbina condensadorbombacompressão q1 w1 q3w3 Uma vez que a eficiência da máquina é função das temperaturas das fontes, é possível definir essa eficiência em termos das temperaturas dos reservatórios. Etapas 1 e 3: Isotérmicas e Reversíveis U = 0, então, q = -w = nRT Ln (Vf/Vi) Etapa 1: A B V VnRTwq ln111 (9) (T1 = Talta) Etapa 3: C D V VnRTwq ln233 (10) Etapas 2 e 4: Adiabáticas e Reversíveis Etapa 2: )1( 2 )1( 1 CB VTVT (11) Etapa 4: )1(1 )1( 2 AD VTVT (12) )1( 2 1 B C V V T T )1( 2 1 A D V V T Te )1()1( A D B C V V V V (13) T 1 T2 )1()1( A D B C V V V V (13) Então, D C A B A D B C V V V V V V V V (14) Substituindo (14) em (9): A B V VnRTwq ln111 (9) D C V VnRTq ln11 ou C D V VnRTq ln11 (15) Substituindo (10) e (15) em (7): )/ln( )/ln(11 1 2 1 3 CD CD VVnRT VVnRT q q 1 21 T T (17) A equação 17 relaciona a eficiência da máquina com As temperaturas dos reservatórios (quente e frio) Se (T2/T1) , * Maiores eficiências: T1 e T2. Se T2 0 K; 1 (100% eficiência) IMPOSSÍVEL “Nenhuma máquina ou motor é 100% eficiente” C D V VnRTq ln23 (10) As duas eficiências podem ser combinadas: 1 31 q q 1 21 T T 1 2 1 3 T T q q 1 1 2 3 T q T q 0 1 1 2 3 T q T q A relação entre q/T é uma função de estado Tal função de estado é denominada Entropia (S) A equação que define entropia é portanto: T dqdS rev (18) - P/ infinitos ciclos de Carnot: 0 T dqrev dS é uma diferencial exata e uma variável de estado do sistema. A integral cíclica de qualquer variável de estado do sistema é ZERO f i rev f i rev T dq T dq if f i SSS dS Sciclo = S1 + S2 +S3+ S4 = 0 Sciclo = q1/T1 + 0 + q3/T2 + 0 = 0 Sciclo = 0 (19) p/ ciclo reversível Desigualdade de Clausius 0 dST dqrev Só vale se todas as etapas do ciclo forem reversíveis. e ereversível C C q q q q ,1 ,3 1 3 11 C C q q q q ,1 ,3 1 3 1 2 ,1 ,3 T T q q C C 1 2 1 3 T T q q 0 1 2 1 3 T T q q 0 1 1 2 3 T q T q (20) Generalizando: 0 i i T q (21) p/ uma máquina (ciclo) de Carnot Essa desigualdade é um requisito fundamental para uma transformação real (irreversível) Desigualdade de Clausius - Se alguma etapa do ciclo for irreversível: 0 T dq Se um sistema é transformado irreversivelmente do estado 1 ao estado 2, e então restaurado reversivelmente do estado 2 ao estado 1, a integral cíclica é: 0 1 2 2 1 T dq T dq T dq revirrevcicl 0 1 2 2 1 dST dqirrev 0 2 1 2 1 dST dqirrev 2 1 2 1 dS T dqirrev 0 i i T q (21) - Se todas as etapas forem reversíveis: 0 T dq T dqdS rev (22) Invertendo os limites na 2ª integral: Combinando a eq (22) com a definição de entropia: T dqdS (23) Desigualdade de Clausius A desigualdade de Clausius nos permite verificar se alguma transformação ocorrerá ou não espontaneamente. - Processos Espontâneos (irreversíveis): T dqirrdS - Processos Reversíveis): T dqdS rev T dqirrdS * * Não é permitido A desigualdade de Clausius pode ser aplicada diretamente às transformações num sistema isolado, adiabático, (dq = 0) dS 0 Processo Irreversível (espontâneo) dS = 0 Processo Reversível dS 0 Processo não permitido Qualquer transformação natural ocorrendo em um sistema isolado é acompanhada por um aumento na entropia do sistema. A condição de equilíbrio num sistema isolado é que a entropia tenha um valor máximo. Clausius resumiu os dois princípios da seguinte forma: “ A energia do Universo é constante e a entropia tende a um máximo” IMPACTO SOBRE A ENGENHARIA - Refrigeração - O processo que consiste em esfriar objetos em refrigeradores não é um processo espontâneo. - Quando uma quantidade de calor é retirada de uma fonte fria e lançada em uma fonte mais quente, S 0, ou seja, o S da fonte quente não compensa a S da fonte fria.( S) ( S) Para gerar mais entropia, adiciona-se energia na forma de trabalho à fonte quente. Qual a quantidade mínima que deve ser fornecida???????? q3 Qual a quantidade mínima que deve ser fornecida???????? O resultado é expresso em coeficiente de desempenho, c. w q trabalhocomoatransferidenergia calorcomoatransferidenergiac 3 w c 13 qqw 31 qqw 31 3 qq q c 3 311 q qq c 11 3 1 q q c 21 2 TT Tc Coeficiente ótimo de desempenho ( S) ( S) q3 2 1 3 1 T T q q 11 2 1 T T c IMPACTO SOBRE A ENGENHARIA - Refrigeração - Para um refrigerador que retira calor da água na temperatura de fusão (T2=273 K), num ambiente típico onde T1= 293 K, c = 14, de forma que para serem removidos 10 kJ (energia necessária para congelar cerca de 30g de água), é necessário o fornecimento de no mínimo 0,71 kJ de trabalho (w). - O w para manter a T baixa também é relevante para projetar refrigeradores, pois como não há isolamento térmico perfeito, há sempre um fluxo de calor para dentro do refrigerador. 21 2 TT Tc Exercícios Capítulo 08 1. Quais alternativassão verdadeiras? Justifique I – Nenhuma máquina térmica que opere em duas dadas temperaturas pode apresentar maior rendimento que uma máquina de Carnot, que opera entre as mesmas temperaturas. II – é impossível uma máquina térmica que operando num ciclo tenha como único resultado a absorção de calor de um reservatório e sua conservação total em trabalho mecânico. III – Uma máquina de Carnot apresenta menor rendimento ao operar entre 10ºC e -10ºC do que operar entre 80ºC e 60ºC. 2. Questão 8.2 e 8.3 Castellan 3. Problemas Castellan: 8.2; 8.3; 8.4; 8.5; 8.7 e 8.8 4. Calcule a variação de entropia de um mol de gás ideal quando ele se expande isotermicamente de 1L para 2L. Resp: S = +5,76 JK-1 5. Calcule a variação de entropia quando a pressão de 1 mol de gás ideal varia isotermicamente de 2 atm a 1 atm. Resp: S = +5,76 JK-1
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