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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM KÁTIA DE ABREU FONSECA ANÁLISE DE ADEQUAÇÕES CURRICULARES NO ENSINO FUNDAMENTAL: subsídios para programas de pesquisa colaborativa na formação de professores Bauru 2011 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO............................................................................................. 12 INTRODUÇÃO................................................................................................... 15 1 CONTEXTO ATUAL DA INCLUSÃO ESCOLAR............................ 19 2 APRENDIZAGEM E AJUSTE CURRICULAR.................................. 27 2.1 Currículo passível de ser ajustado?............................................................. 28 2.2 Modalidades de ajuste do currículo: Flexibilizar? Adequar?Adaptar?.......... 31 2.3 Extensão do ajuste curricular à sala de aula................................................ 41 3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS............................................ 44 3.1 Descrevendo o contexto................................................................................ 46 3.2 Local de realização da pesquisa................................................................... 47 3.2.1 A escola ....................................................................................................... 47 3.2.2 A sala de aula............................................................................................... 49 3.3 Participantes................................................................................................. 49 3.4 Material......................................................................................................... 50 3.5 Instrumentos para coleta de dados............................................................... 50 3.5.1 Documentos para consulta............................................................................ 51 3.5.2 Instrumento-base para análise...................................................................... 51 4 RESULTADOS: descrição, análise e discussão......................... 52 5 PLANO DE INTERVENÇÃO COLABORATIVO.......................... CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 85 95 REFERÊNCIAS.................................................................................... 100 APÊNDICE A – Roteiro semiestruturado de entrevista...................... 107 APÊNDICE B – Lista de ajustes curriculares...................................... 108 APÊNDICE C – Transcrição das gravações das aulas de Matemática .......................................................................................... 110 27 CAPÍTULO 2 APRENDIZAGEM E AJUSTES CURRICULARES O objetivo deste capítulo é o de apresentar as características e possibilidades de ajustes curriculares para atender aos “diferentes”, já que a aprendizagem ocorre quando existem colaboração e interação positiva entre alunos e professor. Assim, fica mais complacente o professor oferecer oportunidades para desenvolver as potencialidades de seus alunos, favorecendo a eficiente ação sobre o aprender. Essa interação pode não acontecer por vários fatores como o desconhecimento por parte do professor das condições cognitiva, sensorial, física e, até mesmo sociocultural de seus alunos, o que pode ocasionar que os resultados escolares esperados – aprendizagem – não sejam suficientemente alcançados, e as pessoas envolvidas nesse processo (aluno, professor e família) experimentem a sensação de frustração e fracasso. Se as estratégias de ensino não forem revistas e modificadas, o aluno acaba sendo rotulado, e sua aprendizagem entra num processo de “derrapagem” (não saí do lugar). Neste momento, a colaboração do professor especialista se faz necessária, contribuindo para que o professor da sala de aula desenvolva a sensibilidade de olhar seu aluno com potencialidades e possibilitar os devidos ajustes necessários para tentar atingir o aluno para gerar a aprendizagem. As adequações curriculares, neste estudo entendidas como ajustes curriculares, constituem-se em possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realizem ajustes no currículo comum, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com NEEs. Não um novo currículo, mas um currículo que a base reguladora seja o currículo comum, um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos. Nessas circunstâncias, as modificações curriculares implicam planificação pedagógica e ações docentes fundamentadas em critérios que definam o que o aluno deve aprender, como e quando aprender, que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem, como e quando avaliar o aluno. 28 Deve ser garantido ao aluno direito de apropriar-se de conhecimentos relevantes para sua vida e também para sua escolarização; é na sala de aula, onde o aluno permanece por mais tempo, que as estratégias devem ser realmente significativas. Variação de estratégias, muitas vezes, implica ajustes curriculares que necessitam de mudanças no currículo comum ou não. Por exemplo, ajustar um mesmo conteúdo à condição de aprendizagem do aluno, priorizar os objetivos da disciplina, organizar grupos produtivos, dar mais tempo ao aluno para concluir a atividade, modificar a organização didática, fornecendo exemplos concretos, repetindo as informações para o aluno com NEEs, formulando questões mais diretas ou lendo os exercícios para esse aluno, são ajustes que demandam flexibilização, adequação ou adaptação do currículo. Não consideramos necessário trazer para a sala de aula, aos alunos com NEEs, atividades descontextualizadas das planejadas para os demais alunos, pois estratégias previamente planejadas podem colaborar para a efetivação da aprendizagem dos conteúdos e objetivos preconizados no currículo comum para todos. 2.1 Currículo passível de ser ajustado? A palavra currículo é de origem latina – scurrere (= correr) e refere-se a curso. Aplicado à educação e, de acordo com o dicionário Michaelis (2009), denomina-se currículo, um conjunto de matérias de um curso escolar, ou seja, documento que estabelece seleção, sequência, maneira e tempo de apresentação dos conteúdos, e a avaliação da aprendizagem. Deve ser cuidadosamente elaborado, pois os conteúdos devem ser desenvolvidos em situações de aprendizagem, levando-os à emancipação como alunos/cidadãos. Logo, para Saviani (2008), currículo tem uma dimensão clara – fazer uma seleção intencional dos conteúdos e da especificidade da escola a fim de promover a socialização do saber e o compromisso com a elevação cultural das massas. Portanto, muito mais que o conjunto das atividades nucleares, o currículo é a própria expressão das intenções da escola. Muito mais que um projeto de escola, essas intenções refletem ou deveriam refletir um projeto de sociedade. Neste 29 sentido, ele expressa um caminho pelo qual teoricamente todos deveriam percorrer rumo a esse projeto social. Coll (2000, p. 31), de forma atual e objetiva, descreve currículo como: O projeto que preside as atividades educativas escolares define suas intenções e proporciona guias de ação adequadas e úteis para os professores, que são diretamente responsáveis pela sua execução. O currículo proporciona informações concretas sobre o que ensinar, quando ensinar, como ensinar e o que, como e quando avaliar. Um currículo é uma tentativa de comunicar os propósitos educativos de tal forma que permaneça aberto à discussão crítica e possa ser efetivamente transladadoem prática. É a proposta curricular deve garantir as especificidades culturais, ideológicas, históricas e políticas da instituição escolar, tornando-a com autonomia para construir seus rumos de ação, em seu cotidiano, sabendo respeitar o multiculturalismo e incluindo-o na dinâmica da sala de aula. Para Minetto (2008), o currículo torna-se base para a estruturação de situações de inclusão e exclusão que começam na sala de aula. Vários aspectos devem ser compreendidos no currículo escolar, como: conhecimentos, valores e procedimentos, ou seja, levar o aluno a aprender, a conhecer, a fazer e a ser (DELORS, 1999), entretanto, para que de fato o professor tenha ação pedagógica que encaminhe o aluno para o desenvolvimento esperado, é necessário que ele se utilize dos conteúdos conceituais/factuais, procedimentais e atitudinais. Segundo Coll (2000), tanto os conhecimentos conceituais, que estão relacionados ao primeiro dos quatro pilares “aprender a conhecer” e são expressos por meio de fatos e conceitos, como os conteúdos procedimentais, vinculados ao “aprender a fazer” e os atitudinais ligados ao “aprender a conviver e a ser”, são conteúdos escolares que necessitam ser ensinados e aprendidos. A articulação desses conteúdos com os conteúdos disciplinares a serem apresentados aos alunos deve fazer parte do currículo, pois este plano que norteia a prática do professor supõe a organização do trabalho pedagógico, de forma organizada e disposta especificamente para fins de ensino-aprendizagem. O currículo viabiliza sua operacionalização, orientando propostas de atividades pedagógicas, maneiras de execuções, definindo os fins para a 30 especificidade dos alunos, inclusive dando subsídios para identificação e avaliação das necessidades educacionais dos alunos, podendo contribuir com a deliberação dos apoios necessários em determinado momento de sua escolarização. Deve ser apresentado de forma organizada, objetivando caminhos a serem seguidos, e orientando as ações docentes nos diferentes níveis de ensino, favorecendo a aprendizagem de todos os alunos. Longe de ser um documento meramente informativo de conteúdos, o currículo deve ser entendido como um processo que envolve escola, professor e aluno, as relações existentes entre eles, tais como: ações burocráticas e administrativas (gestão escolar), práticas pedagógicas (regência de sala) e resultados da aprendizagem dos alunos com atenção mais individualizada. Sobre essa dinâmica, Sacristan (1998, p. 35) esclarece Uma análise superficial do que se faz para elaborar, implementar e desenvolver um currículo nos diz que nesses processos participam múltiplas ações fora das instituições escolares e dentro delas, umas de caráter pedagógico e outras não, que determinam a prática real: prescreve-se desde os âmbitos político-administrativos; ordena-se dentro do sistema educacional segundo especializações, ciclos e cursos; decide-se o que é para todos e o que é optativo; planeja-se antes de que aos professores/as por meio de orientações administrativas; organiza-se e planeja-se nas escolas (atribuição de especialização a professores/as, organização de professores/as por disciplina ou para várias delas, previsão de horários condicionantes das atividades, módulos de tempo com diferentes valores, adoção de linhas metodológica em disciplinas ou departamentos, dá-se prioridade a partes do programas etc.); o currículo é moldado pelos professores/as em seus planos e em sua prática metodológica; sobre o currículo decidem as editoras de livros didáticos ao concretizar diretrizes gerais, dado que as decisões são sempre interpretáveis e flexíveis; os professores/as avaliam o currículo, às vezes por provas de homologação externas; o currículo é objeto de políticas e táticas para mudá-lo. Entre todos esses processos se dão dependências e incoerências, porque cada âmbito de atividade prática tem certa autonomia em seu funcionamento. A crítica que o autor faz em relação à elaboração do currículo escolar, mostra- se verdadeiramente atual: o que ele cita são práticas facilmente encontradas nas escolas, onde a preocupação está mais com a redação desse documento para apresentação formal do que com a ação do professor em sua prática pedagógica. Para Macedo (2007, p. 38), Acreditando que o currículo em sua política de sentido é feito para alterar e alterar-se pelas diversas relações pedagógicas, o que percebemos é: ou bem uma imposição mnemônica e mimética imobilizante de saberes/fazeres/verdades, ou bem um exercício não-dialógico da crítica, 31 em geral praticada e receitada por iluminados das elites intelectualizadas; certa construção de área privada do pensamento crítico; uma espécie de diálogo socrático moderno. O currículo da escola, mesmo tendo como referência a política nacional, não deve ser feito apenas pela direção. Ao contrário, na gestão democrática, o gestor deve possibilitar análise e reflexão sobre a realidade da população, coordenando um projeto político pedagógico construído coletivamente, na busca da melhor maneira para atender às necessidades da comunidade escolar. A elaboração em conjunto pelos agentes educacionais da escola se apresenta como estratégia eficaz no desenvolvimento de ações determinadas pelos pares, considerando a realidade da população que se beneficiará com um plano curricular totalmente pensado para atender às necessidades de aprendizagem dos alunos. Retomando o título do capítulo e, sendo prerrogativa do currículo a apresentação dos procedimentos de ensino para a aprendizagem de todos os alunos, é indispensável que também sejam expostas aos ajustes necessários para atender às necessidades educacionais dos alunos com NEEs, o que comumente não é encontrado no currículo desenvolvido, pois, de acordo com Macedo (2007, p. 43), a escola se utiliza de um currículo homogêneo, constituindo-se “ainda um artefato educacional dos mais autoritários e segregacionistas”. Este autor nos leva a refletir sobre justiça curricular que diz respeito à maneira pela qual o currículo concede e retira o poder, autoriza e desautoriza, reconhece e desconhece diferentes grupos de pessoas, seus conhecimentos e identidades. Sendo assim, este currículo deve ser passível de modificações que levem à aprendizagem dos alunos por meio de possíveis flexibilizações, adequações e adaptações previamente planejadas, ou simplesmente arranjadas dentro da própria sala de aula de acordo com a necessidade dos alunos. 2.2 Modalidades de ajuste no currículo da sala de aula: flexibilizar? Adequar? Adaptar? Os argumentos das páginas anteriores convergem em advogar, de modo consensual, que o currículo escolar se constitui no documento que norteia todas as ações pedagógicas da escola e tem a responsabilidade planificada de atenção às necessidades de todos os alunos, independentemente das condições intelectuais. 32 Como corolário, o currículo escolar não pode ser considerado documento imutável. Ao contrário, o currículo deve admitir modalidades de ajustes que se apresentem como necessárias para garantir que os alunos com NEEs tenham acesso aos objetivos preconizados pelo plano do ensino elaborado para todos os alunos. Como modalidades de ajustes que sustentam tal objetivo comum cabe mencionar a flexibilização, a adequação e a adaptação. Nesse sentido, é necessário destacar o planejamento de ensino anual, comumente realizado no início do ano letivo e pensado erroneamente a partir da homogeneidade da sala de aula, pois a prática a privilegia, desconsiderando as diferenças individuais existente na educação como um todo. Admitindo o preceito segundo o qual, existem diferenças que assemelham os indivíduos, assim como semelhanças que os diferenciam, consideramos as variadas formas de entender e viver a educação e admitimos a heterogeneidade apresentada nas salasde aula do ensino comum, propondo distanciamento do modelo de educação tradicional em que todos aprendiam da mesma forma por meio de estratégias uniformes e padronizadas de ensino. Partindo da singularidade dos alunos, em seus processos de aprendizagem, alguns requerem intervenções diferentes daquelas ofertadas para a maioria, principalmente, porque processos que definem ou dos quais dependem a aprendizagem, apesar de se manifestarem a partir das interações entre pessoas e ambiente, mostram-se inculcados ou dependentes de condições históricas idiossincráticas, não passíveis de generalização direta, e que impõem desafios para a compreensão científica que possa fundamentar propostas de ajustes. Assim, as experiências e os desafios enfrentados na sala de aula dão ao professor a oportunidade de desconstruir valores e reconstruir e construir repertórios cada vez maiores de ajustes para favorecer e potencializar a aprendizagem. Criar atividades que abranjam as diferentes capacidade dos alunos e que, ao mesmo tempo, mantenham um contexto de grupo com os membros da turma lidando com objetivos diferentes em momentos diferentes, pode ajudar a superar esse problema potencial (STAINBACK; STEFANICH e ALPER, 2003, p. 241). O professor, ao trabalhar com alunos com NEEs, assume o compromisso e a responsabilidade de conduzi-los à construção do conhecimento. O professor deverá 33 prestar contas ao sistema, relatando a evolução de desempenho de tais alunos, assim como dos seus demais alunos, a saber: os que não apresentam NEEs. Vale destacar que a ocorrência de tal evolução acadêmica ou evolução na aprendizagem apresenta-se como produto ou resultante de mudanças na rotina da qual todos os alunos possam se beneficiar. É inegável que alunos com NEEs requerem do sistema escolar respostas que vão além da mera socialização. De modo mais específico, tais alunos necessitam de estratégias que possibilitem o acesso aos objetivos preconizados pelo planejamento de ensino da escola na qual estão matriculados. O desenvolvimento efetivo em sala de aula de estratégias variadas com a finalidade de acesso aos objetivos preconizados para o currículo comum, tanto quanto o atendimento das necessidades individuais de todos os alunos, deve ser realizado em três níveis compreendendo: o projeto político-pedagógico, o currículo desenvolvido na sala de aula e em âmbito individual. As estratégias de ensino e de avaliação de aprendizagem devem sustentar consistência com a natureza da intervenção no currículo comum e planejadas para todos os alunos participantes da sala (BRASIL, 1999, p. 40). Acima, mencionamos que a garantia do acesso comum aos objetivos preconizados pelo plano de ensino mostra-se condicionada às modalidades de ajustes curriculares. Conforme já enunciado, ao final da década de 90, o governo brasileiro publicou os Parâmetros Curriculares Nacionais/adaptações curriculares: estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais, com base no documento oficial da Espanha “Adaptaciones”, do Ministério da Educação e Ciência publicado naquele país no ano de 1992. Os documentos ora mencionados sustentavam o objetivo de subsidiar a prática docente nos aspectos que envolvem a aprendizagem de todos os alunos, considerando a diversidade existente na sala de aula comum, que requer medidas de flexibilização, adequação, adaptação e dinamização para atender a todos os alunos, sobretudo aos alunos com NEEs. Definia adaptações curriculares como: possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. Nessas circunstâncias, as 34 adaptações curriculares implicam a planificação pedagógica e a ações docentes fundamentadas em critérios que definem o que o aluno deve aprender; como e quando aprender; que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; como e quando avaliar o aluno (BRASIL, 1999, p. 33). Após essa publicação, o sistema educacional, sentiu-se amparado, no que diz respeito ao atendimento aos alunos com NEEs na sala de aula comum e a realização das adaptações curriculares se iniciou ainda que lentamente. Porém, por falta de esclarecimentos, algumas situações se estabeleceram como a substituição total do currículo por um plano individualizado de ensino (PIE), no qual ficava especificado o que o aluno com deficiência deveria aprender na escola durante aquele ano, permanecendo com este documento até que o aluno atingisse todos os objetivos a ele propostos independentemente do tempo que isto levaria. Com isso, a escola deixou de considerar que o aluno é que teria que se adaptar a ela; no entanto, a escola começou a se adaptar para receber esses alunos, mas ainda vivenciava apenas o princípio da integração, mesmo que o aluno se encontrasse dentro da sala de aula comum, com um currículo diferente do ofertado aos demais alunos. Majón (1997, p. 38), esclarece que as adaptações curriculares referem-se a [...] antes de tudo, um procedimento de ajuste paulatino da resposta educativa, que poderá desembocar, ou não, conforme o caso, num programa individual [...] uma estratégia de planejamento e de atuação docente e, nesse sentido, de um processo de tratar de responder às necessidades de aprendizagem de cada aluno. Historicamente, temos modelos importados de outros países para tentar suprir essa necessidade de aprendizagem dos alunos com NEEs. Porém, tais modelos precisam ser minuciosamente estudados e discutidos, para que não ocorram distorções nos conceitos aplicados à sua aprendizagem. Segundo Marques (1998, p. 23), Portugal utiliza a seguinte versão para adaptação curricular: As adaptações curriculares constituirão a construção das vias de acesso ao currículo, apontadas por Vygotsky como um meio de construção de caminhos alternativos que permitirão ao aluno ascender aos conhecimentos escolares. As adaptações curriculares podem desenvolver-se em vários níveis que vão desde o poder Central, ao local, ao do Projecto Educativo de Escola, às programações de aulas e às necessidades individuais de cada aluno. 35 Este país entende adaptação curricular como estratégias de adequação às necessidades individuais dos alunos e a define como: “o conjunto de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologia para atender às diferenças individuais dos alunos (RUIZ; PEREJA, 2002, p. 154). Para González (2004, p. 45), o que se pretende é proporcionar condições necessárias para que todos os alunos possam ser atendidos e possam receber educação que seja completa e gratificante. E ainda o mesmo autor pontua As adaptações curriculares, como respostas pertinentes para a demanda de intervenção educacional específica, exigem uma ação de apoio ao professor e/ou a criação de uma situação de aprendizagem alternativa para o aluno deficiente, diferente e inadaptado. Aranha (2002, p. 123) destaca as Adaptações Curriculares são providências políticas, administrativas, técnicas e tecnológicas que devem ser implementadas para atender às necessidades educacionais de cada aluno, inclusive às necessidades educacionais especiais, de forma a favorecer-lhes o acesso ao conhecimento e seu uso funcional, na administração de sua própria vida, e no processo de transformação da sociedade. Ainda sobre conceituação da adaptação, Heredero (2010, p. 198) considera como adaptações curriculares as que pretendem, mediante a aplicação do princípio de inclusão de todos, oferecera esses alunos a máxima oportunidade de formação possível no contexto de sua escola, assim como dar uma resposta, através do princípio de atenção à diversidade, às necessidades que manifestam em seu processo educativo. Diante da necessidade de um melhor tratamento das nomenclaturas envolvidas, surge então o conceito de flexibilização curricular. Cabe ressaltar que diferentemente dos procedimentos e do alcance das ocorrências que definem a adaptação, a flexibilização vincula-se ao matiz de maleabilidade, do que pode modificar-se, flexionar-se, destituindo-a de rigidez tradicional. Dessa forma Beyer (2006, p. 76) conceitua flexibilização curricular e considera que: O desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma flexibilização que consiga ser comum e válida para todos os alunos da classe escolar, 36 porém, capaz de atender aos alunos cujas situações pessoais e características de aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isso sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas. A falta de clareza sobre os conceitos de flexibilização, adequação e adaptação ocasionou a mudança da nomenclatura, mas permaneceu a postura tradicional. Deste modo, o currículo tornou-se diferenciado, mas não se alterou a ponto de atender aos alunos com NEEs. A flexibilização não pode ser entendida como mera modificação ou acréscimo ou de atividades complementares ou suplementares na estrutura curricular. Ela exige que as mudanças estimadas relevantes na prática pedagógica estejam em consonância com os princípios e com as diretrizes do Projeto Político-Pedagógico, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos os alunos. Por essa razão, mostra-se necessário como salientado pela literatura (MAJÓN, 1997; BRASIL, 1999; ZANATA, 2004; LEITE e MARTINS, 2010) uma demarcação conceitual de modalidades definidas neste estudo como: - Flexibilização - Programação das atividades elaboradas para sala de aula –- diz respeito a mudanças de estratégias em âmbito das práticas pedagógicas que não consideram mudanças no planejamento curricular de ensino. - Adequação - Atividades individualizadas que permitam o acesso ao currículo que focalizam a atuação do professor na avaliação e no atendimento às necessidades acadêmicas de cada aluno – dizem respeito a adequações ao planejamento curricular de ensino, considerando a necessidade de determinados alunos, prevendo mudanças em objetivos, conteúdos, recursos e práticas pedagógicas. - Adaptação - Focaliza, sobretudo, a organização escolar e os serviços de apoio, propiciando condições estruturais que possam ocorrer no planejamento curricular da sala de aula atendendo às diferenças individuais – diz respeito à mudança do próprio planejamento curricular, propondo um currículo alterado para determinado aluno, que poderá se beneficiar de um modelo de planejamento diferente do trabalhado com os demais alunos. Mostra-se imperativo esclarecer quais ações possibilitam o acesso e sustentam acepção distinta da expressão adaptação curricular. Devemos destacar que ajustar para acessar o currículo comum é ajustar o currículo, implementando 37 possíveis flexibilizações e adequações nas práticas pedagógicas, importando-nos com as especificidades da diversidade, bem como com o entendimento do processo de aprendizagem dessas crianças, com o estilo, com as dificuldades e as características de cada um. A seguir, apresentamos uma figura representativa da interligação entre flexibilização curricular e adequação curricular, que podem ser implementadas como ações que possibilitam o acesso ao currículo comum, atendendo às especificidades de cada aluno. Figura 1 – Ações que atendem às especificidades de cada aluno González (2007, p. 46), ao analisar as modificações do currículo, confirma essas ideias com a seguinte colocação. A aplicação dos princípios de contextualização curricular, as adaptações curriculares individualizadas são uma consequência lógica da adaptação das propostas do currículo a cada situação educacional – neste caso, de caráter pessoal e individual. Ou seja, o currículo adaptado, que tem como partida a proposta do currículo comum, é consequência de ações de flexibilização e adequação curricular que AÇÕES DE ACESSO AO CURRICULO COMUM c CONTEÚDOS E OBJETIVOS PRECONIZADOS A TODOS OS ALUNOS ALTERAÇÕES NAS ESTRATÉGIAS DAS PRATICAS, MANTENDO OS CONTEÚDOS E OBJETIVOS ALTERAÇÕES NOS CONTEÚDOS, OBJETIVOS, RECURSOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS (DE ACORDO COM A NECESSIDADE DO ALUNO) CURRÍCULO COMUM F L E X IB IL IZ A Ç Ã O C U R R IC U L A R A D E Q U A Ç Ã O C U R R IC U L A R 38 impulsionaram seu desenvolvimento frente às especificidades individuais, porém, que não demonstram resultados esperados. Dessa forma, expressa-se a necessidade de expedir um currículo adaptado que atenda às necessidades especificas de determinado aluno. Assim como na flexibilização curricular, na adequação curricular, os componentes curriculares e seus conteúdos precisam ser mantidos. Zanata (2004) defende que as modificações deveriam incidir na prática pedagógica e não no currículo propriamente dito. Sendo assim, no ajuste curricular, tanto na flexibilização como na adequação, as mudanças precisam incidir não só na priorização de objetivos, conteúdos e estratégias de avaliação, como também na apresentação das atividades, na visualização dos conceitos a serem ensinados, dentro de uma proposta de educar na diversidade, com alteração na temporalidade dos objetivos, dos conteúdos e dos critérios de avaliação, que possibilitem acrescentar elementos significativos à ação pedagógica. Sob essa ótica, devem ser configuradas estratégias de ação profissional pela flexibilidade e adequação nos objetivos, materiais e conteúdos, que priorizem áreas que garantam funcionalidade e que sejam importantes pré-requisitos para aprendizagens posteriores, como introdução de atividades alternativas, alteração no tempo previsto para sua realização, preocupando-se mais com o sucesso na tarefa do que com o tempo gasto para executá-la, levando-se em consideração os diferentes estilos de aprendizagem apresentados pelos alunos com deficiência ou não. Os ajustes que possibilitam o acesso ao currículo viabilizam possibilidades de práticas educativas e ações pedagógicas para a atuação frente a essa clientela, em um currículo dinâmico e flexível, para que se atendam todos os níveis de funcionamento, comprometimento e idade. O professor necessita focar as atividades escolares em uma perspectiva concreta, utilizando recursos do dia a dia, situações naturais, vivências práticas e ajustes para acesso aos objetivos preconizados pelo planejamento de ensino. No que se refere ao processo avaliativo, o aluno com NEEs deve ser avaliado em conformidade com o que conseguiu realizar e aprender nas efetivas condições (estratégias e práticas de ensino) disponibilizadas, mas considerando também 39 repertórios e conteúdos para os quais ainda não foram obtidas medidas convincentes de aprendizagem. Frente às diferentes modalidades de ajustes, a saber, flexibilização, adequação e adaptação, qual deve ser a postura mais indicada para a realização da prática pedagógica do professor para que não exclua nenhum aluno, mas oferte possibilidades de acesso aos conteúdos previsto pelo currículo comum? Iacono e Mori (2004, p. 7-8) expressam a seguinte contradição: se o acesso à escola regular para os alunos com deficiência mental fosse tão adaptado (leiam-se adaptações curriculares significativas), eles não teriam formação necessária para enfrentar o mundo competitivo fora dos muros da escola (por exemplo, o mundo do trabalho), por outro lado, se não lhes forem possibilitadas taisadaptações, talvez a maioria deles não possa ser inserida nas escolas regulares, promovida para as séries posteriores e ter acesso à terminalidade de sua escolaridade no Ensino Fundamental. É importante ressaltar que a flexibilização deve ser conduta normativa da prática pedagógica do professor, constituindo-se em direito de todos os alunos. Por seu turno, a adequação aplica-se aos que de fato, necessitarem de estratégias específicas para o acesso aos conteúdos planejados para a sala de aula comum. Considera-se, de acordo com a Figura 1 (p. 37), as alterações em tais conteúdos, bem como nos objetivos a eles vinculados. Já a adaptação, está orientanda para os alunos com deficiência que necessitam de apoio pervasivo1. Por exemplo, um aluno com uma deficiência relacionada a deficiência intelectual grave que necessita de apoio pervasivo – quando com comprometimento significativo – precisa de um currículo adaptado, pois, se apenas o considerarmos diferente, ignorando tais necessidades específicas, seria como se a deficiência intelectual deixasse de existir. Dessa forma só proporcionamos igualdade de oportunidades quando tratamos a todos respeitando suas diferenças. É premente destacar que uma grande parcela dessa população, apesar de ter o direito garantido, não é participante da escola comum, devido às necessidades de 1 São apoios constantes, estáveis e de alta intensidade, disponibilizados nos diversos ambientes, potencialmente durante toda a vida, podendo envolver uma equipe com número maior de pessoas. Ex: pessoas que necessitam de cuidados constantes e não sobreviveriam sem supervisão e auxilio e que atualmente recebem os suportes necessários nas instituições especializadas em que se encontram inscritos ou matriculados, devido a escassez de estrutura das escolas comuns no atendimento desta população (USA. AAMR, 2006). 40 apoio e atendimentos clínicos decorrentes de sua condição e por, historicamente, receber atenção por instituições especializadas. Assim, a adaptação é pautada nas tentativas de ações de adequação e flexibilizações do currículo, que a escola e/ou os professores fazem para que os alunos tenham acesso ao currículo comum, aquele previamente organizado e ofertado a todos os alunos. Podemos considerar que Adaptação curricular é direito de alguns, pois só deve permitida a realização desta, quando o aluno com deficiência (grave) é impedido de acessar, mesmo após flexibilizar e adequar o currículo comum, devido às suas limitações impostas pela deficiência. Neste caso, é necessário que o aluno tenha um plano de ensino individualizado, pensado e elaborado especialmente para ele, contendo objetivos e conteúdos que favoreçam sua aprendizagem, mesmo que esta não seja de conteúdos acadêmicos, ou seja, currículo específico para suas necessidades, diferente do currículo comum da sala de aula. É importante registrar que essas condutas devem ser desenvolvidas quando esse aluno, gravemente acometido por uma deficiência, for matriculado no ensino comum, a fim de respeitar seu direito e oportunizar aprendizagens. Minetto (2008, p. 66), concorda com essa indicação, afirmando que as adaptações acontecem somente nos casos em que a proposta geral não corresponda efetivamente às necessidades específicas do aluno. Somente em alguns casos teríamos a elaboração de planos verdadeiramente individuais [...] no tocante ao cuidado em não criarmos na escola dois currículos paralelos: o regular e o especial. Independentemente da modalidade de ajuste curricular implementada pela escola e/ou pelo professor do ensino comum, a colaboração do profissional da Educação Especial é de suma importância, para a participação desse aluno na dinâmica escolar, quando pensamos no acesso ao currículo pelos alunos com deficiência, pois, a realização dessas modificações é o caminho para o atendimento às necessidades específicas de aprendizagem dos alunos. No entanto, identificar essas “necessidades” requer que os sistemas educacionais modifiquem não apenas as suas atitudes e expectativas em relação a esses alunos, mas que se organizem para construir uma real escola para todos, que dê conta dessas especificidades. Capellini (2004, p. 60) enfatiza que a 41 Educação Especial deve ser aliada à pesquisa e ao desenvolvimento das novas formas de ensinar, adequadas à heterogeneidade dos aprendizes e compatíveis com os ideais democráticos, na função de orientação, supervisão e acompanhamento das condições educacionais apropriadas, num interjogo entre o real e o necessário. 2.3 Extensão do ajuste curricular à sala de aula A necessidade de conciliar o atendimento à diversidade de aprendizagens na sala de aula com o fornecimento de condições de acesso aos conteúdos planejados para todos os alunos sustenta uma consequência direta e imediata: concentra foco, ou seja, reveste de relevância, o currículo desenvolvido na sala de aula. Neste contexto, o presente estudo sustenta, como objetivo geral, caracterizar e analisar práticas pedagógicas, limitando-se a considerar unicamente as ações dentro da sala de aula, pautando-as nos ajustes do currículo como sendo as ações de flexibilização e adequação curricular, considerando ajustes significativos e não significativos do currículo. Os ajustes significativos referem-se ao planejamento prévio considerando especificidades dos conteúdos, propiciando consecutivas aprendizagens, ou seja, em sua maioria, adequações no planejamento para o desenvolvimento da prática pedagógica. As modificações não significativas, essas mais voltadas às flexibilizações do currículo, estabelecem ações cotidianas que prescindem de planejamento prévio ou de características especificas. Neste estudo, são consideradas como aquelas que deveriam costumeiramente ser implementadas na prática pedagógica. Por essas razões é que a ação do professor, dentro da sala, de aula pressupõe que sejam necessários alguns ajustes em sua dinâmica, sendo que, no caso do presente trabalho, fazemos referência às flexibilizações e às adequações. Na coleção publicada por Manzano J.; Sanz, M.; Flores C.; Sanz, J. e Heredero E. (2002, p. 13), foram explicitados os objetivos de aprofundar e de refletir sobre aspectos que incidem na adaptação do currículo básico, bem como evidenciar a importância de ajustes curriculares, por eles denominados adaptações curriculares em aula, 42 Suponem la adaptación de la respuesta educativa para grupos-clase concretos. Permiten um nível de adaptación mayor a lãs características Del alumnado ya que parten Del conocimento, no ya general, sino concreto, que se produce a través de la practica educativa y la relación de cada profesor com sus alumnos. (MANZANO; SANZ, M; FLORES, SANZ, J.; HEREDERO, 2002, p.134). Dessa forma, esses mesmos autores definem as adaptações curriculares em aula, a saber: Se trata por tanto, de ajustes que todo o profesor, de forma más o menos consciente, realiza a lo largo del processo de enseñanza-aprendizage. La diferencia sustancial está em que se pretenden planificar estos ajustes de acuerdo a lo observado y em virtud de las intenciones educativas previas, de común acuerdo entre os miembros de um mismo departamento didático o equipo docente. Dicha planificación no supone uma programación rígida, sino uma prevision de las respuestas que el grupo de alumnos puede precisar para alcanzar los objetivos propuestos. Diferentemente da opção feita neste estudo, na publicação Projeto Escola Viva: garantindo o acesso e permanência de todo os alunos na escola – Alunos com necessidades educacionais especiais, (BRASIL, 2000), aponta como sendo: As Adaptações Curriculares de Pequeno Porte (Adaptações Não Significativas) são modificações promovidas no currículo, pelo professor, de forma apermitir e promover a participação produtiva dos alunos que apresentam necessidades especiais no processo de ensino e aprendizagem, na escola regular, juntamente com seus parceiros coetâneos. São denominadas de Pequeno Porte (Não Significativas) porque sua implementação encontra-se no âmbito de responsabilidade e de ação exclusivos do professor, não exigindo autorização, nem dependendo de ação de qualquer outra instância superior, nas áreas política, administrativa, e/ou técnica. As adaptações curriculares de pequeno porte são consideradas como não- significativas do currículo. De acordo com o mesmo documento, adaptações curriculares de grande porte são consideradas significativas do currículo e constituem-se em: Algumas dessas estratégias compreendem ações que são da competência e atribuição das instâncias político-administrativas superiores, já que exigem modificações que envolvem ações de natureza política, administrativa, financeira, burocrática etc. 43 Dessa forma, são alternativas que, se implementadas, viabilizam o acesso de todos os alunos às condições de aprendizagem, porém, ainda com obstáculos a serem superados, pois a escola continua com visão homogênea de aprendizagem o que dificulta o alcance e o sucesso acadêmico de todos os alunos. A proposição da Educação Inclusiva e a consecução dos seus objetivos e de suas diretrizes gerais impuseram desafios de naturezas distintas. De particular relevância para este trabalho, cabe mencionar dois dentre tais desafios. De início, temos a premente necessidade de especificação de práticas de ensino e de avaliação que se mostrem suficientemente efetivas para garantir condições de acesso aos componentes curriculares comuns para alunos de uma mesma série ou ciclo. Como segundo desafio, cabe indagar do que dependeria a proposição de programas de formação docente em serviço, comprometidos justamente com a implementação dos objetivos e das diretrizes gerais da Educação Inclusiva? Ou, mais especificamente, de que modo conhecimentos derivados da investigação sobre práticas de ensino e de avaliação de conteúdos curriculares no contexto da Educação Inclusiva poderiam subsidiar a proposição de tais programas? Parece-nos que o enfrentamento de tais desafios depende de respostas para as indagações que justificam o presente trabalho, a saber, se análises de procedimentos de ajustes, mais precisamente de flexibilização e de adequação curricular, produzem conhecimentos com funções de instruir ou de subsidiar a proposição de programas de formação em serviço de docentes dos anos iniciais de EF. Delinear e executar investigações que viabilizem responder à indagação acima são os objetivos precípuos do presente trabalho. No próximo capítulo encontra-se explicitada a trajetória metodológica adotada para consecução de tais objetivos.