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As contradições em marcha O colapso de Bretton Woods e a Transição Incompleta

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• Principais resultados econômicos do P. Marshall: 
1) Aumento da produção industrial nos países participantes, 39% entre 1948/52; 
2) Duplicação do volume bruto das exportações; 
3) As transações correntes (incluindo gastos militares) dos países pertencentes a OCEE 
apresentaram, em 52, um pequeno superávit da ordem de US$ 600 milhões. 
 
• França e Itália → países com situações mais complicadas: 
 
1. França: embora menos prejudicada fisicamente, “era considerada uma nação cujos 
industriais não estavam interessados no aprimoramento da produtividade, preferindo, 
em vez disso, ser protegidos por elevadas tarifas contra a concorrência externa, que 
poderia desfazer as relações e práticas financeiras existentes; nesse ínterim, os 
recursos da França eram dilapidados numa guerra na Indochina”, mostrava-se incapaz 
de romper sua dependência com a ajuda norte-americana. 
2. Itália: elevado índice de desemprego, dualidade econômica e empobrecida. Mostrava-
se mesmo, incapaz de utilizar os recursos do P. Marshall. 
 
• Os reflexos nos EUA: 
- Queda no superávit comercial, US$ 10,1 bilhões em 47 e US$ 3,6 bilhões em 52, 
sendo que em 50 os EUA já acusavam déficit em seu B.Ps; 
- pouca preocupação com tal situação, mesmo quando os demais países começaram a 
usar suas reservas em dólares para comprarem ouro nos EUA. 
 
• A avaliação dos EUA era a de que esse seria o preço para evitar a escassez de dólares. 
Assim, “a expectativa de uma continuada escassez de dólares levou o governo americano a 
criar incentivos para que as empresas americanas investissem no exterior, onde houvesse 
grande necessidade de dólares e tecnologia; do mesmo modo, os bancos americanos e os 
mercados de capitais eram convidados a descobrirem meios de emprestarem ao 
estrangeiro”. 
 
Não preocupação com ajustes dinâmicos → convicção norte-americana de que seus produtos 
continuariam atraentes e competitivos frente aos japoneses e europeus. 
 
 ⇓ 
 2
 ⇓ 
 
 Conseqüência dessa visão: os EUA tenderiam a ter sempre um excedente de 
exportação maior do que a capacidade do restante do mundo em financia-lo com suas 
reservas, levando a um estado quase crônico de escassez do dólar. Tal visão justificava o P. 
Marshall e suas medidas de políticas econômicas. 
 
• Alerta do FMI, observando que não acreditava que os “gastos” norte-americanos 
continuassem no longo prazo sem grandes desequilíbrios para o país; 
- 1946 a 1953 → os EUA haviam transferido em subvenções e empréstimos cerca 
de US$ 33 bilhões, em bens e serviços, sem contar com os artigos bélicos. 
 
• No inicio, os EUA não propõem nenhuma revisão nos acordos, prevalecendo a idéia de que 
sua economia era grande o suficiente para que ignorassem seu B.Ps, pois tratava-se de um 
país industrial forte, com um grande saldo em transações correntes e, se os outros países 
não mantivessem controle discriminatório à importação de seus produtos, o desequilíbrio 
seria ainda maior. 
 
• Em 1949, enquanto outros países desvalorizavam suas moedas, a taxa cambial do dólar em 
termos do ouro era imutável, dada sua postura passiva na política de ajuste do B.Ps. e dado 
o papel do dólar como principal moeda de divisa no SMI. 
 
• Uma vez reorganizada, a Europa, reduz sua dependência em relação aos EUA, 
aproveitando, nos finais de 50, os efeitos positivos do MCE e o aumento de suas reservas 
cambiais. Em contrapartida, a cronicidade do déficit no B.Ps. norte-americano começa a ser 
motivo das primeiras preocupações. 
 
• Assim, “a mudança consistiu em que os países europeus não mais tinham procura 
excessiva - e reprimida- de artigos americanos. Além do mais, o nível de suas reservas 
foram restaurados. Embora nenhum deles desse a impressão de querer ver suas reservas 
reduzidas, sentiam maior segurança em serem capazes de financiar déficits temporários em 
seus B.Ps. (....) Ao mesmo tempo, alguns europeus começaram a preocupar-se com a 
qualidade de suas reservas em dólares; isto é, receavam que, com o tempo, as obrigações 
americanas aumentassem em demasia em relação às reservas de ouro, com isso levando à 
desvalorização do dólar ou, talvez, à incapacidade de converter dólares em ouro”. (Solomon: 
43) 
 
• Síntese dos principais aspectos do SMI nos finais de 50, analisados à luz dos Artigos do 
Acordo de B.W.: 
1) Vigorava o sistema de paridade cambial fixa (com exceção do dólar canadense que 
flutuou entre 1950/1952); 
-1960 → virtualmente todos os países respeitavam os limites de B.W., estando 
prontos a intervirem frente a desajustes cambiais internos, vendendo e 
comprando dólares. 
 ⇓ 
 ⇓ 
 3
 
Conseqüências do emprego do dólar como moeda de intervenção 
⇓ 
Outros países → superávits → aumento de reservas cambiais em dólares 
⇓ 
Havia uma tendência a admitir que um déficit correspondente ocorria nos EUA, embora 
pudesse estar ocorrendo em qualquer país que empregasse o dólar como moeda 
mediadora. 
 
2) O dólar firma-se como principal moeda de reserva, causando, como contrapartida, 
grande variação nas obrigações norte-americanas para com as autoridades 
monetárias estrangeiras: 
- Obrigações com autoridades monetárias estrangeiras: 
1949 → US$ 7 bilhões 
1959 → US$ 10,1 bilhões 
 
3) As mudanças nos valores paritários não foram freqüentes, sendo que as 
desvalorizações de 49 foram consideradas “excepcionais” e mesmo incentivadas pelos 
EUA. 
 
4) As moedas tornaram-se conversíveis mais tarde (as européias declararam 
conjuntamente a conversibilidade em 58) do que o previsto pelo Fundo, o mesmo 
ocorrendo com o abandono (em 1961) dos dispositivos transitórios sobre pagamentos e 
remessas para transações correntes internacionais, no âmbito dos países 
desenvolvidos. 
 ↓ 
“Indo além do que fora entrevisto em B.W., depois de 1958 ‘o âmbito para movimentos 
internacionais de fundos de bancos comerciais e outros tipos de capital privado em reação a 
incentivos financeiros ampliou-se, e se estabeleceu assim maior grau de interdependência 
entre os mercados de capitais e dinheiro dos países industriais. Essas condições complicaram 
a conduta da administração monetária e, quanto às medidas nacionais, exigiram maior atenção 
ao que era feito em outros países”. (Solomon: 45) 
↓ 
Maior internacionalização e interdependência do SMI, situação sem controle do Fundo, pois os 
mesmos não foram previstos em B.W. 
 
5) Funcionamento tardio do Fundo, refletindo em parte a deficiência do sistema 
inaugurado em B.W: 
- não fornecia explicitamente meios sistemáticos pelos quais as reservas 
mundiais pudessem aumentar com o comércio e com a economia mundial, 
refletindo a ausência de mecanismos de ajuste que atingissem os países 
superavitários; 
- decorrente disso, o aumento de reservas dava-se quase que exclusivamente 
em conseqüência do déficit norte-americano. 
- Os EUA assim, é que na prática, assumiu o papel de Banco Central mundial. 
⇓ 
 4
Dessa forma, preenchia uma função não especificada formalmente nos 
acordos de B.W. → os EUA criavam dinheiro internacional, expandindo 
suas obrigações liquidas ao restante do mundo. 
 ⇓ 
“Dos US$ 8,5 bilhões de dólares de aumento das reservas mundiais entre 1949/59, os 
EUA forneceram US$ 7 bilhões mediante o aumento de suas obrigações para com 
autoridades monetárias externas”. (Solomon: 46) 
↓ 
Desse fato, decorrem dois graves problemas: 
1. O chamado paradoxo de Triffin, que demonstrava a instabilidade crônica do 
SMI de B.W; 
2. O fracasso do sistema em controlar os grandes fluxos de capitais, 
extremamente instáveis nosfinais dos anos 60. 
 
• 1958/1970 → substituição da escassez pela superabundância do dólar. 
 
Descortinando problemas estruturais nos Acordos e também na economia norte-
americana. 
 
• Nesse cenário, o eixo básico de suas preocupações passou a ser com a “qualidade e 
quantidade” de suas reservas em dólar. 
Assim, 
- receavam que as obrigações norte-americanas aumentassem em demasia em 
relação às reservas de ouro desse país; 
- percebiam que acumulavam uma quantidade de dólar muito superior às suas 
necessidades. 
⇓ 
A primeira e mais contundente crítica ao sistema de B.W. foi feita por Robert 
Triffin, conhecida como o “paradoxo de Triffin”, mostrando que esse sistema 
possuía uma instabilidade crônica e de difícil, senão impossível, solução. 
 
• O dilema apontado por Triffin: “o Mundo dependia dos EUA para o aumento de suas 
reservas; se esse processo continuasse, as obrigações de reservas norte-americanas 
aumentariam em relação a seus ativos de reservas (as reservas líquidas declinariam 
constantemente) e isso, com o tempo, levaria à instabilidade quando os detentores oficiais 
de dólares começassem a temer que o valor de suas reservas pudesse mudar em relação 
ao ouro; por outro lado, se fossem abolidos os déficits americanos, o mundo ficaria privado 
de sua principal fonte de aumento de reservas, com calamitosos efeitos sobre o comércio 
mundial e a atividade econômica internacional”. 
 
• Assim, as décadas de 60 e 70 foram marcadas por uma grande instabilidade no SMI, e um 
aprofundamento nas contradições presentes no acordo de B.W., agravadas por fatos como: 
 
- primeiros sinais de esgotamento do ciclo expansivo do pós-guerra, atingindo 
mais precocemente e profundamente a economia norte-americana; 
 5
- em decorrência do excesso de liquidez e grande instabilidade vivida pelo SMI, 
foi criado um circuito financeiro independente, fora do controle de qualquer órgão 
oficial, que começava a inviabilizar a ação do FMI como Banco Central Mundial, 
tornando o acordo de B.W. cada vez mais letra morta. 
 ⇓ 
“Na verdade, esse contexto de instabilidade do SMI, com o aprofundamento da crise do dólar e 
o rompimento formal do padrão financeiro de B.W., foi apenas um dos aspectos que 
compuseram o quadro econômico mundial. Para não tornar superficial o seu entendimento, 
temos de acrescentar à nossa análise a profunda crise estrutural do sistema produtivo e sua 
interação com os elementos da instabilidade financeira”. 
 
• Em relação ao Sistema Financeiro → medidas superficiais são adotadas entre as décadas 
de 60 e 70, não surtindo grandes efeitos; 
 
 “O governo norte-americano não se mostrou disposto a aderir a uma reforma 
financeira que alterasse a regras existentes e tampouco a ceder o poder econômico e 
financeiro aos países europeus. Os americanos insistiam em manter a paridade-ouro oficial e 
chegaram a ver com bons olhos uma possível restrição européia, capitaneada pela França, ao 
capital norte-americano”. 
 
• Os debates mostravam-se inócuos e fatalmente esterilizaram na questão sobre se era o 
déficit americano ou o superávit europeu que deveria ser apontado como causa da 
anormalidade e instabilidade do SMI. 
 
 
 Essa situação complicou-se mais ainda com o surgimento da guerra do Vietnã, 
colocando os EUA novamente na defensiva. 
 
• Neste contexto, a situação do dólar já não guardava uma paridade estável em relação ao 
ouro, e sua manutenção como moeda internacional se dava em função de seu grande peso 
na composição das reservas mundiais e da elevada participação dos EUA no comércio 
internacional. 
 
• Em 1968 são adotadas as primeiras medidas por parte dos EUA para contenção de seus 
déficits no B.Ps., surgindo as primeiras posições explicitas por parte do governo americano 
no sentido de suspender a conversibilidade do dólar e o abandono do “pool” do ouro. 
 
• Entre 1969/70 surgem varias crises monetárias e cambiais, com os governos europeus e o 
japonês tentando manter a estabilidade do dólar utilizando mecanismos de compra e 
desvalorizações de algumas moedas. 
• A partir de 1970, inicia-se em nível da economia mundial, um processo de transição e 
reforma. O principal marco dessa reforma é dado, em 71, com o abandono do padrão-ouro 
pelos EUA, durante o governo Nixon. 
 
• Após o término da conversibilidade do dólar, os principais países capitalistas tentarão uma 
reforma no sistema ouro, através do Acordo Smithsoniano. 
 6
 
• Outras características básicas deste quadro, que se consolidam a partir de 73, são: 
1. Taxas múltiplas de câmbio; 
2. Convivência de inflação e recessão a nível mundial; 
3. Perda da autonomia dos governos na condução de suas políticas monetárias; 
4. Crise do petróleo e das matérias primas; 
5. Novo papel dos EUA na economia mundial, tendo seu poder unipolar 
comprometido. 
⇓ 
Esse cenário terá uma influência decisiva na reestruturação da ordem econômica mundial, 
com o intuito de garantir um novo ciclo expansivo para o capitalismo mundial. 
 
 
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• Cinco elementos entram em cena: 
 
1) 1.960 foi um ano de eleição e recessão nos EUA, com aumento no déficit do B.Ps. e 
instabilidades de fluxos de capitais devido à queda da taxa de juros interna. 
↓ 
Como contrapartida do déficit americano houve o fortalecimento da posição credora dos 
europeus 
↓ 
Surgem as primeiras preocupações com a “debilidade” do dólar, situação não aceita 
pelos EUA. 
 
2) Os elementos acima conjugados com uma fraca base política e os problemas internos 
e externos, não credenciam o novo governo a adotar medidas arrojadas. 
↓ 
O receio da reação da base de apoio conservadora leva a não revogação da exigência 
da cobertura em ouro da Lei de Reserva Federal e manutenção do preço do ouro em 
US$ 35,00. 
 
3) no plano filosófico o desenvolvimento de idéias foi estimulado, em parte devido à 
receptividade intelectual, coincidindo “com o choque sofrido pelos americanos devido à 
revelação de 58 da superabundância de dólares e à conseqüente, e intensa, saída de 
ouro”. 
 
 
 7
 A defesa da “previsibilidade do câmbio” nos meios intelectuais foi 
substituída por uma postura de maior flexibilização do câmbio, que implicava, 
obviamente, em uma desvalorização do dólar. 
⇓ 
Entretanto tal pensamento somente se transformou na proposta oficial do governo na 
década de 70. 
 
4) O governo, apoiado nas projeções do Relatório Brookings (1963), optou por mudanças 
menos radicais para o ajuste do B.Ps. Utilizou basicamente medidas administrativas para 
o controle de certos fluxos de capitais. 
 
O Relatório. Brookings → partia da premissa de que a inflação americana era menor 
que a expansão européia. 
⇓ 
Previa um superávit crescente para a B. Comercial americana nos 
próximos anos, que juntamente com algumas formas de controle nas 
contas de capital, levariam a um superávit na B.Ps. por volta de 1968. 
⇓ 
Com a possibilidade de reativação da “escassez de dólares”, estaria criado 
o ambiente propicio para discutir-se uma nova forma de reserva 
suplementar, uma vez que as reservas em ouro e dólar mostraram-se 
decrescentes. 
⇓ 
Caso isso não ocorresse, o estudo propunha a flexibilização do câmbio, e, 
conseqüentemente, uma desvalorização do dólar. 
 
- 1960/64 → aumento substancial do superávit comercial americano, para uma 
média anual de US$5,4 bilhões contra US$2,3 bilhões nos anos anteriores. 
 
 
Entretanto esse superávit é insuficiente para superar os itens deficitários, 
principalmente os gastos militares e os investimentos diretos no exterior. 
Assim, o déficit global do B.Ps. americano praticamente dobra em relação 
aos anos 50. É bom lembrar que grande parte desse déficit é contraídacom o MCE. 
 
A situação é agravada pela saída de capitais de curto prazo, em função do 
diferencial de taxas de juros européias e a dos EUA. 
 
“Em 1959, verificou-se a profética advertência de Triffin de que o sistema câmbio-ouro 
não duraria e de que novos dispositivos de liquidez eram necessários. O comércio e o 
investimento haviam suplantado o ritmo da criação de reservas, que dependiam da muito 
limitada e quixotesca oferta de ouro novo e dos déficits em moedas nacionais, principalmente o 
dólar. Todavia, o dólar só proporcionava liquidez ao sistema quando os EUA estavam em 
déficit. Se o déficit continuasse aumentando, advertiu ele, a qualidade do dólar seria 
questionada na medida em que o volume de débitos em dólares aumentasse; no final, 
 8
demandas de conversão em ouro impossíveis de atender fariam o sistema entrar em colapso, 
conforme sucedera em 1931 quando a Inglaterra era seu centro”. (Rolf e Burtle: 102) 
 
 ⇓ 
 
Surgem estudos que, na época tiveram pouca repercussão nos meios 
governamentais, embora fossem bastante aceitos nos meios acadêmicos, que 
buscavam soluções para o problema em um prazo maior do que o proposto pelo 
relatório, e com uma referência menos limitada do que esse. Trabalhavam com 
proposta que buscavam uma melhoria no sistema de liquidez e nos mecanismos de 
ajustamento. 
 ⇓ 
 
Embora tenha sido criado para evitar especulações, o sistema cambial de B.W. mostrava uma 
face especulativa. 
↓ 
“O sistema de marcas de B.W. também inspirou a especulação através de fluxos de 
‘hot-money’ que precipitavam as temidas mudanças. Uma importante mudança, digamos 
de 10%, de uma marca para outra convidava a movimentos de moedas instáveis, 
particularmente pelo fato das marcas só serem alteradas depois de se ter tornado claro 
que precisavam de sê-lo, depois da necessária desvalorização ou revalorização ter sido 
combatida até o amargo fim, dando aos especuladores o tempo necessário para agirem e 
os sinais para atraí-los. Argumentava-se, portanto, que esse problema poderia ser 
eliminado por meio de mudanças mais graduais no valor da moeda”.(Rolf e Burttle: 103) 
 
- A proposta liberal → “A melhor e mais simples defesa da flexibilidade do câmbio 
veio do Professor Milton Friedman e de seus muitos seguidores monetaristas. Em 
vez de procurar lutar contra o mercado, o mais indicado seria contar com pequenos 
ajustes constantes e diários no preço da moeda, em resposta aos mercados de 
câmbio livre governados mais pela oferta e procura do que por bancos centrais 
falíveis”. (Rolf e Burttle: 103) 
 
5) “Apesar dos argumentos acadêmicos - possivelmente, em reação a esses argumentos 
- em favor de uma flexibilidade maior, o mito de que as taxas de câmbio jamais deveriam 
ser mudadas, ou quase nunca, em especial pelos ‘países responsáveis’ pela moeda 
reserva, tornou-se ainda mais firme”. (Rolf e Burttle: 100) 
↓ 
Receio das incertezas sobre o comércio e o crescimento mundial advindas da 
flexibilização do câmbio, como o ocorrido entre as duas guerras. 
↓ 
B.W. não conseguira criar dois requisitos básicos para seu bom funcionamento: 
- equilíbrio entre os países; 
- aumento das reservas para financiar e acompanhar o crescimento. 
 
 
 9
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• Governo Johnson: 
 
1) Ampliação da guerra do Vietnã; 
 
2) Projeto da “Grande Sociedade”, que propunha eliminar as disparidades sociais, 
políticas e econômicas do país, “modelando seu enfoque no de F.D. Roosevelt e 
concentrando-se em assuntos internos - particularmente nos da pobreza -”. 
Seus principais objetivos eram: 
- Aumento dos direitos civis dos negros; 
- Redução de impostos para elevar o crescimento econômico; 
- Financiamento federal para assistência médica. 
 
 
• Reflexos das políticas de Johnson 
⇓ 
-nos EUA: aumento da inflação e erosão -no plano mundial: perda de confiança no 
gradual do B.Ps. dólar e da viabilidade de Bretton Woods. 
 
• Apesar de alguns esforços para consertar o sistema, comandados pelo Tesouro dos EUA, 
como a criação dos DES, o sistema já estava em processo de desintegração irreversível, e 
mesmo a criação dos DES mostrava um foco equivocado do problema. 
 
• Na verdade o DES fora criado com os objetivos de: 
1. Proporcionar uma liquidez adicional ao SMI, aliviando o dólar e o ouro; 
2. E assim, diminuir a dependência que o mundo tinha com o dólar e o ouro para 
formarem suas reservas. 
 
⇓ 
Entretanto, o grande problema nesse momento não era o excesso de liquidez, o mundo já se 
afogava, figurativamente, numa liquidez excessiva de dólares, e a reforma nos mecanismos de 
ajuste mostravam-se mais importantes e necessárias do que a criação de liquidez e reservas. 
 
• Reflexos do processo inflacionário nos EUA → perda de competitividade (decorrente em 
parte do dólar valorizado) e, conseqüentemente, diminuição dos superávits comerciais até o 
registro do primeiro déficit (no século XX) em 1971. 
 
 Tendência de declínio ⇒ - 1960/64: US$5,4 bilhões 
 - 1965/70: US$2,5 bilhões 
 - 1971: - US$2,9 bilhões 
 
• Processo resultante do aumento exagerado das importações frente a um moderado 
crescimento de suas exportações: 
Crescimento entre 1964/70 → Exportações: 51% 
 Importações: 90% 
 10
 
 Com destaque para as importações 
de bens manufaturados que cresceram 140% 
 
• Tais mudanças na Balança Comercial podem ser creditadas em parte ao processo 
inflacionário, queda de produtividade e a uma alteração na estrutura das importações. 
 
⇓ 
“A única categoria de exportações dos EUA a aumentar marcadamente foi a de 
bens de capital, máquinas para fazer máquinas, as quais, é claro, serviam para 
aumentar a eficiência e a produtividade das empresas estrangeiras”. 
 
• Erros de avaliação do R. Brookings que previa um equilíbrio no B.Ps. dos EUA através da 
retomada dos superávits comerciais. A projeção foi, na verdade, realizada em 1963, 
descontaminada do processo inflacionário, e que até certo ponto retardou possíveis ações 
por parte do Governo Kenedy. 
 
• Descontrole do processo inflacionário → reversão do quadro apontado pelo Relatório, 
conseqüência em grande parte pela passividade do Governo Johnson quanto ao combate 
da inflação, maior envolvimento na guerra do Vietnã e pela implementação do Programa da 
Grande Sociedade. 
 
• Ao invés de usar o aperto fiscal como um antídoto (pela visão Keynesiana) para compensar 
o aumento nos gastos públicos, optou-se por “nada fazer”, descontrolando a oferta 
monetária e a espiral preços-salários. 
 
 
Análise da assessoria de Johnson “(....) Acley dizia ao presidente que ele não 
podia ter três coisas ao mesmo tempo: a guerra, a Grande Sociedade e a ausência 
de inflação. Se quisesse as três coisas, precisaria de um aumento de impostos... O 
presidente receava que, se fosse ao Congresso pedir um aumento de impostos, a 
coisa toda poderia estourar... Assim, o Presidente...decidiu...que ocultaria por mais 
um ano as estimativas reais do custo da guerra - Hanói talvez se curvasse- e, neste 
ínterim, faria o possível para que a legislação da Grande Sociedade fosse aprovada 
pelo Congresso no início de 1966 e, então, uma vez aprovada, concentrar-se-ia na 
Guerra”. 
↓ 
Única política → ocultar o verdadeiro custo da guerra. 
• Com o não controle dos efeitos inflacionários da guerra → a “defesa” do dólar se fazia 
praticamente através do controle de capitais e do investimento estrangeiro. 
 
• Conseqüências da inflação: 
 
- Aumentou os problemas sociais internos (sentido inverso do Programa da 
Grande Sociedade); 
- Aumento do hiato entre o PNB efetivo e o potencial; 
 11
- No plano internacional houve um aumento no descrédito do dólar. 
↓ 
Assim, “a conseqüência natural do declínio da posição comercial foi umdeclínio semelhante na 
confiança que o exterior depositava no dólar e na possibilidade dos EUA limitarem o já 
excessivo fluxo de dólares para cofres estrangeiros”. 
 
• Aumento do descrédito do dólar → ∆ compra de ouro, sendo que os EUA chegam a perder 
US$2 bilhões para o pool do ouro. 
↓ 
Duplicidade do mercado 73 → mercado oficial dos EUA: US$35,00 por onça; mercado 
livre; chega em 73 a US$120,00 por onça. 
 
• Dificuldades políticas de Johnson para eliminar a cobertura de ouro da moeda; no exterior, 
em 68, existe a recusa por parte dos comerciantes europeus em aceitarem dólares ou 
cheques de viagem americanos. 
 
• Ainda em 1968, “o Presidente Johnson anunciava seu desejo de não se candidatar mais e, 
assim, a confiança no discernimento econômico e político dos EUA atingiu o seu ponto mais 
baixo”. 
 
• Neste contexto, a única política para minorar os problemas do B.Ps. norte-americana, em 
um ambiente de inflação e descrédito do dólar foi o controle de capitais. A reação do 
empresariado americano foi através da capacidade de suas empresas em tomar 
empréstimos no exterior, para o posterior pagamento de forma superestimada. 
↓ 
Tal procedimento ajuda a desenvolver o mercado financeiro paralelo no exterior, “os quais (em 
especial o mercado de eurodólar) vieram a constituir um poderoso imã para fundos 
anteriormente aplicados nos EUA, cujo êxodo talvez tenha sido o fator que precipitou a 
desintegração de 1971. Através desses mercados, passaram a fluir quantias muito vastas e 
sem controle - para frustração dos Bancos Centrais e dos Governos”. 
 
• Assim, as taxas de câmbio fixas eram indefensáveis quando esse fluxo movia-se para outra 
moeda; e a política monetária interna era quase insustentável. Era uma situação que se 
desenvolvia ao largo das previsões de B.W. 
 
 
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• A implementação da política da negligência benigna pelo governo Nixon “foi uma das mais 
inesperadas e eficientes estratégias até então imaginadas na história financeira com o 
propósito de desvalorizar o dólar”. 
 
• Ponto de partida → constatação, em geral aceita (embora com algumas resistências) de que 
o dólar estava sobrevalorizado. 
 
 12
• Apesar de haver outros problemas (de natureza mais estrutural) na economia americana e 
mesmo observando uma leve melhora, em 68/69, em sua B.Ps., em parte devido a elevação 
dos juros e a escassez de créditos, a opinião deslocava-se rapidamente par a 
sobrevalorização do dólar como principal causa dos problemas. Entretanto um fator de peso 
ia contra há uma política de desvalorização unilateral por parte dos EUA: era a ameaça de 
outros governantes reagirem com desvalorizações retaliativas em suas moedas. 
 
• A estratégia de Nixon → na impossibilidade de uma desvalorização unilateral do dólar, 
diante da ameaça de desvalorização de outras moedas, o governo americano segue uma 
estratégia de deixar que estes países acumulem saldos em dólares inconversíveis: 
⇓ 
 
A essência desta política era em síntese nada fazer, “(...) com os dólares saindo dos 
EUA em grande quantidade, o Governo não interviria para deter o fluxo ou para 
sustentar o dólar nos mercados cambiais. Por outro lado, também não torceria as mãos 
publicamente em desespero, nem convocaria grandes conferências para reformar o 
sistema enquanto a Europa e o Japão estivessem resistindo aos elementos-chaves da 
reforma, a desvalorização do dólar e a flexibilidade futura, e lucrando com esta 
resistência por meio da aquisição adicional de reservas”. 
⇓ 
Destino do dólar → deixado nas mãos dos outros governantes 
⇓ 
Oferta de dólares excede a procura → para impedir sua desvalorização os Bancos 
Centrais europeus passam a comprar dólares, acumulando reservas indesejadas em 
dólares, que a estas alturas não tinham nenhuma garantia efetiva de conversibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECM Aula 7

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