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O surgimento do capitalismo e a transformação da propriedade fundiária e da produção artesanal manufatureira Enraizado na concepção do capitalismo, está o conceito da propriedade privada dos meios de produção, propriedade agrária a terra e na esfera industrial a relação capitalista e trabalhadores. Fica nítido nessa esfera industrial a diferença entre capitalistas e trabalhadores, o capitalismo além de acumular o capital acumula com o objetivo de lucro e a partir desse lucro gerar mais lucro e mais acumulo de capital. A principal diferença da sociedade feudal é a propriedade, no feudalismo não havia propriedade total das terras. No feudalismo seguia-se uma hierarquia, o direito a terra seria por meio jurídico ou do uso comum da terra. O senhor feudal fazia parte de uma relação de cuidado com o seu povo, já o capitalista não terá essa questão. Em sentido de transformação, a propriedade da terra surge quando os camponeses perdem seu vínculo com a terra, restando apenas a mão de obra como meio de subsistência. Ocorre também uma transformação na relação entre patrão e trabalhador, sendo esse o primeiro indicio do capitalismo. A crise do século XIV fez mudanças em várias partes da Europa. Nesse período acontece a substituição da obrigação do servo, a corveia, por uma obrigação paga em dinheiro. Essa modificação ocorre de maneira diferentes, mas surge primeiro na Inglaterra. Essas mudanças só puderam acontecer com a retomada do comércio e expansão do uso da moeda. Em relação aos agentes econômicos, o senhor feudal tem como interesse ter uma rendo sob forma monetária que poderia ser gasta na compra de mercadorias oferecidas pelo comércio. Mas, o problema dessa transformação estava em que quando ficou sem corveia o senhor feudal também perdeu o cultivo da reserva senhorial, que não mais podia ser feita com o trabalho compulsórios de servos. Para que o senhor feudal pudesse continuar o cultivo da sua reserva, foi realizado a contratação de trabalhadores dispostas a receber um “salário” para esse trabalho, e outras demais terras do senhor feudal foram dadas para arrendamento. Para o camponês valeria mais apena a troca da corveia por dinheiro, como para o senhor feudal também, pois esse recebia o produto do trabalho dos camponeses e vendia o excedente. No plano econômico, o pagamento em dinheiro que o camponês era obrigado a pagar para o senhor feudal, deveria ser garantido pelo aumento da produção do lote. O camponês aumentaria a sua produtividade e ainda seria possível vender o excedente no mercado e obter dinheiro para pagar sua nova obrigação. Mas, todos esses pontos só seriam possíveis com a retomada do comercio, sua ampliação e a expansão do uso da moeda. Nesse sentido, a tendencia foi a progressiva substituição da corveia por pagamentos em dinheiro. Para o camponês, ao trabalhar em sua própria terra, ele passa a ter o domínio dessa, aumentando sempre sua produtividade para vender mais no comércio. Lembrando que, o senhor feudal ainda continua com a pose jurídica da terra. Os cercamentos na Inglaterra durante os séculos XVI e XVIII aconteceram pelo crescimento da produção de tecidos de lã. Havia uma dificuldade para a criação de ovelhas em relação no sistema de campo aberto. Com o processo bem rudimentar da industrialização esse crescimento da indústria de tecidos, ainda que em máquinas manuais, necessitava de mais espaço para a criação das ovelhas. Com o campo aberto, era preciso criar cercamentos para o melhor monitoramento das criações das ovelhas. Os camponeses criadores de ovelhas passam a ter direito sobre os lotes de terras. A distribuição da riqueza fundiária não teve muitas vezes um resultado equitativo do ponto de vista social. Os cercamentos eram destinados a criação de ovelhas, feitos por mecanismos privados. Proprietários ou arrendatários convenciam camponeses a promover o cercamento das terras que causava a perda de território. O convencimento era por pressão social e/ou uso da força. As terras de uso comum que eram propriedades do senhor feudal, também entraram no processo de cercamento. Esse processo teve muitos impactos sociais e econômicos. As terras de uso comum passam a serem de uso único e os camponeses que moravam nessas terras ficam com aquelas menos férteis, tendo assim o surgimento da distinção das classes sociais. A divisão do custo do cercamento era passada aos camponeses, ficava para eles o endividamento e com isso eles eram obrigados e venderem a própria terra. Os grandes proprietários ganhavam condições mais propicia para explorar suas terras, eles conseguiam libertar suas terras dos vínculos do período feudal. A terra cercada era plenamente passível de compra e venda. No século XVII o ritmo de crescimento será maior no campo e na indústria têxtil, o cercamento vem com mais força no século XVIII. Junto com o novo século vem uma nova onda de cercamento, sendo essa encabeçada pelo parlamento inglês. Houve uma redistribuição de cercamentos, afetando os pequenos proprietários. Com esses novos cercamento surgiu a classe proletária rural, pois esse novo processo era destinamos a agricultura. Mas, como os trabalhadores estavam mais acostumados ao trabalho rural, fica reduzido a expulsão dos trabalhadores, esses camponeses perdem seus lotes, mas vão trabalhar ainda no campo para outros proprietários. No final do século XVIII e inicio do século XIX houve a consolidação da classe típica do capitalismo agrário inglês. A divisão em aristocracia, fazendeiros, trabalhadores e assalariados. Os aristocratas eram tidos como grandes proprietários de terras, eles viviam do aluguel e do arrendamento das terras. Os fazendeiros eram construídos por arrendatários, mas esses não eram proprietários de terras. E a massa de trabalhadores assalariados, os proletariados rurais que surgiram com a perda das terras. Na no ambiente da indústria, o renascimento do comércio deu um novo ânimo a atividade industrial, de inicio na industrial têxtil. A indústria era concentrada em aglomerados urbanos nas grandes cidades, nos locais em que havia mais comércios. O artesanato era um trabalho exercido manualmente por um trabalhador, quando passa para uma forma organizacional a produtividade começa a ganhar escala e o trabalhador deixa de fazer todos os processos para apenas um. O trabalhador como centro do processo produtivo, o produto irá depender dele, poque esse artesão possui a habilidade de fazer o produto. Quando passa ao caráter corporativo, tipo de organização da atividade, era preciso um local, uma organização coletiva, os produtos deveriam ter as mesmas características e a forma de comercialização seria feita nos centros urbanos. Algumas cidades que se especializam em comercio de exportação não possuíam o objetivo de comercio local. Nessas cidades eram estabelecido uma clientela entre os artesões e os comerciantes, nessa relação incluía o fornecimento de matéria-prima e produto. Na ideia do acumulo de capital, alguns comerciantes burlaram as restrições corporativas e instalaram artesões no campo, deixando os camponeses dependente do comerciante. Surge desse caso uma indústria têxtil com base de trabalho familiar Ao praticamente eliminar a pequena propriedade do campo inglês no século XVIII, os cercamentos atingiram a base da indústria doméstica rural. Há nesse momento o aumento da subordinação do artesão rural junto ao capital. Paralelamente nos centros urbanos, surge a grande empresa inglesa, a manufatura. As técnicas mais modernas de produção estavam sob o comando de um capitalista e reunia os trabalhadores, em grandes números, e mantinham as técnicas e os instrumentos artesanais. A manufatura reunia no mesmo local de trabalho muitos trabalhadores, reproduzindo um trabalho manual sob o controle de um capitalista. Uma forma de transição do artesanato e da indústriamecanizada aconteceu no início da revolução industrial. O capitalista começa organizar os trabalhadores de acordo com a sua especialidade, eles são divididos em funções e cria-se um ritmo de trabalho, um aumento da produtividade, a valorização do capital e a adaptação da ferramenta para cada processo o que simplifica o trabalho. Esse trabalhador perde a noção do trabalho por completo e com o tempo fica apenas sabendo fazer o seu único trabalho. Essa nova escala de produção é chama de revolução industrial com a inserção das máquinas. Com isso, aquele capitalista local tem a valorização do seu capital e atinge alto volume de produção. Para isso, é necessário organizar a produção e controlar os trabalhadores. A manufatura se apresenta com uma forma de produção capitalista comandada pelo capital, ela consiste numa forma de transição entre o produtor artesanal independe para uma fábrica mecanizada. No caso da Inglaterra, a produção da indústria doméstica teve maior importância do que a da manufatura na fase de transição. A manufatura é uma forma de produção que irá abrir caminhos para a revolução industrial. O surgimento das fabricas vai ocorrer na segunda metade do século XVIII. Haverá uma disseminação das técnicas da revolução industrial, tanto a indústria doméstica como a manufatura, cederam lugar a fábrica. A fábrica passa a ser a forma típica da produção capitalista.
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