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Sapato 36 – Raul Seixas Eu calço é 37 Meu pai me dá 36 Dói, mas no dia seguinte Aperto meu pé outra vez Eu aperto meu pé outra vez Pai eu já tô crescidinho Pague prá ver, que eu aposto Vou escolher meu sapato E andar do jeito que eu gosto E andar do jeito que eu gosto Por que cargas d'águas Você acha que tem o direito De afogar tudo aquilo que eu Sinto em meu peito Você só vai ter o respeito que quer Na realidade No dia em que você souber respeitar A minha vontade Meu pai Meu pai Pai já tô indo-me embora Quero partir sem brigar Pois eu já escolhi meu sapato Que não vai mais me apertar Que não vai mais me apertar Que não vai mais me apertar Por que cargas d'águas Você acha que tem o direito De afogar tudo aquilo que eu Sinto em meu peito Você só vai ter o respeito que quer Na realidade No dia em que você souber respeitar A minha vontade Meu pai Meu pai Pai já tô indo-me embora Eu quero partir sem brigar Já escolhi meu sapato Que não vai mais me apertar (Êêêê) Que não vai mais me apertar (Aaaa) Que não vai mais me apertar (Êêêê) - Análise da música Canção do álbum “O Dia Em Que a Terra Parou”, lançado no ano de 1977, Sapato 36 - composta por Raul Seixas e Cláudio Roberto - retrata por meio de metáforas o período da ditadura militar, visando protestar contra o sistema vigente sem ser retida pela censura imposta na época. Embora a mensagem da música seja política, é comum notar interpretações distintas (e em alguns casos também aceitáveis) como a relação entre pais e filhos e até mesmo em alguns casos associação divina. Vejamos refrãos intencionados a tratar da repressão: Eu calço é 37 / Meu pai me dá 36 / Dói, mas no dia seguinte / Aperto meu pé outra vez Aqui há uma análise em relação a como as ações do governo militar tentavam parecer coerentes e confortáveis apenas sendo observadas, mas, que refletiam em dor quando vivenciadas. Pai eu já tô crescidinho / Pague prá ver, que eu aposto / Vou escolher meu sapato / E andar do jeito que eu gosto Evidencia a luta de oposição desafiando a decadência das instituições que levavam essa “guerra” adiante, sendo aqui uma alusão de confronto para a esperança. Por que cargas d'águas / Você acha que tem o direito / De afogar tudo aquilo que eu / Sinto em meu peito O questionamento básico de quem viveu o momento retratado, onde os sentidos de liberdade foram ocultados da população, que deveria encarar tudo passivamente para não sofrer com consequências de tortura. Muita gente não concordava com o que vinha sendo realizado, porém, mantinham isso como crítica particular por conta da ameaça constante. Você só vai ter o respeito que quer / Na realidade / No dia em que você souber respeitar / A minha vontade Outro momento em que explora-se o sentimento popular, que não respeita o governo militar, apenas o teme, pois, respeito é um reflexo do que lhe é passado como apreço e consideração (e não era este o reflexo recebido pela população por parte dos opressores). Pai já tô indo-me embora / Quero partir sem brigar / Pois eu já escolhi meu sapato / Que não vai mais me apertar Todo o sufocamento que a ditadura causou aos mais rebeldes teve como efeito sua retirada do território nacional (asilo e exilio político), como meio de recorrer a direitos básicos para liberdades individuais de ir e vir, participar e interferir do convívio social, entre outros que não aconteciam no Brasil por motivações políticas do poder. Trabalho de História Músicas de protesto ETEC Presidente Vargas Nomes: Ingrid Rebecca, Julio Cezar, Julio Jun e Rogério Sobral Números: 15, 17, 18 e 28