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Concurso de Pessoas no Direito Penal

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FACULDADE DE DIREITO 
 
Direito Penal II 
 
MATERIAL - 01 
 
Prof.º Rone Miller Roma 
Caiapônia-GO 2016/01 
 
CONCURSO DE PESSOAS 
É a colaboração empreendida por duas ou mais pessoas para a realização de um crime ou de 
uma contravenção penal. 
TEORIAS DO CONCURSO DE PESSOAS 
a) teoria pluralista; 
b) teoria dualista; 
c) teoria monista. 
 
 
Teoria pluralista: haveria tantas infrações penais quantos fossem o número de autores e 
partícipes. 
 
Teoria dualista: distingue o crime praticado pelos autores daquele cometido pelos partícipes. 
 
Teoria monista: também conhecida como unitária, adotada pelo nosso Código Penal, aduz que 
todos aqueles que concorrem para o crime incidem nas penas a este cominadas, na medida de 
sua culpabilidade. 
 
Para a teoria monista existe um crime único, atribuído a todos aqueles que para ele concorreram, 
autores ou partícipes. Embora o crime seja praticado por diversas pessoas, permanece único e 
indivisível. 
 
 
Embora o Código Penal tenha adotado como regra a teoria monista ou unitária, na verdade, 
como bem salientou Cezar Bitencourt, "os parágrafos do art. 29 aproximaram a teoria monística 
da teoria dualística ao determinar a punibilidade diferenciada da participação",4 razão pela qual 
Luiz Regis Prado aduz que o Código Penal adotou a teoria monista de forma "matizada ou 
temperada".5 
Além das mencionadas por Cezar Bitencourt, existem outras exceções à regra da teoria monista 
localizadas na parte especial do Código Penal, a exemplo do crime de aborto, em que a gestante 
pratica o delito do art. 124, e aquele que nela realiza, com o seu consentimento, comete o delito 
do art. 126. 
REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS 
Pluralidade de agentes culpáveis 
Depende de pelo menos duas pessoas, e, consequentemente, de ao menos duas condutas 
penalmente relevantes. 
crimes unissubjetivos ou de concurso eventual, 
crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário 
 
Relevância causal das condutas para a produção do resultado 
Concorrer para a infração penal importa em dizer que cada uma das pessoas deve fazer algo 
para que a empreitada tenha vida no âmbito da realidade. Em outras palavras, a conduta deve 
ser relevante, pois sem ela a infração penal não teria ocorrido como e quando ocorreu. 
 
Vínculo subjetivo 
Esse requisito, também chamado de concurso de vontades, impõe estejam todos os agentes 
ligados entre si por um vínculo de ordem subjetiva, um nexo psicológico, pois caso contrário 
não haverá um crime praticado em concurso, mas vários crimes simultâneos. 
 
Unidade de infração penal para todos os agentes 
Estabelece o art. 29, caput, do Código Penal: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime, 
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade” (grifamos). 
 
Adotou-se, como regra, a teoria unitária, monística ou monista: quem concorre para um 
crime, por ele responde.6 Todos os coautores e partícipes se sujeitam a um único tipo penal: há 
um único crime com diversos agentes. 
 
Excepcionalmente, contudo, o Código Penal abre espaço para a teoria pluralista, pluralística, 
da cumplicidade do crime distinto ou autonomia da cumplicidade, pela qual se separam as 
condutas, com a criação de tipos penais diversos para os agentes que buscam um mesmo 
resultado. É o que se dá, por exemplo, nos seguintes crimes: 
a) aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante: ao terceiro executor 
imputa-se o crime tipificado no art. 126, enquanto para a gestante incide o crime previsto no 
art. 124, in fine; 
b) bigamia: quem já é casado pratica a conduta narrada no art. 235, caput, ao passo que 
aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa 
circunstância, incide na figura típica prevista no § 1.º do citado dispositivo legal; 
c) corrupção passiva e ativa: o funcionário público pratica corrupção passiva (art. 317), e o 
particular, corrupção ativa (art. 333); e 
d) falso testemunho ou falsa perícia: testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete 
que faz afirmação falsa, nega ou cala a verdade em processo judicial, ou administrativo, 
inquérito policial, ou em juízo arbitral pratica o crime delineado pelo art. 342, caput, e quem 
dá, oferece ou promete dinheiro ou qualquer outra vantagem a tais pessoas, almejando aquela 
finalidade, incide no art. 343, caput. 
Em sede doutrinária como destacado anteriormente, ainda despontam outras duas teorias: 
dualista e mista. 
 
Para a teoria dualista, idealizada por Vicenzo Manzini, no caso de pluralidade de agentes e de 
condutas diversas, provocando um mesmo resultado, há dois crimes distintos: um para os 
coautores e outro para os partícipes. 
Por fim, para a teoria mista, proposta por Francesco Carnelutti: 
O delito concursal é uma soma de delitos singulares, cada um dos quais pode ser chamado delito em 
concurso. Entre o delito em concurso e o concursal há a mesma diferença que existe entre a parte e o 
todo. E o traço característico do primeiro reside em que ele não constitui uma entidade autônoma, mas 
elemento de um delito complexo que é o concursal. 
 
DA AUTORIA 
Teorias 
a) teoria subjetiva ou unitária: não diferencia o autor do partícipe. Autor é aquele que de 
qualquer modo contribuir para a produção de um resultado penalmente relevante. 
 
b) teoria extensiva: também se fundamenta na teoria da equivalência dos antecedentes, não 
distinguindo o autor do partícipe. É, todavia, mais suave, porque admite causas de diminuição 
da pena para estabelecer diversos graus de autoria. Aparece nesse âmbito a figura 
do cúmplice: autor que concorre de modo menos importante para o resultado. 
 
c) teoria objetiva ou dualista: opera nítida distinção entre autor e partícipe. 
Essa teoria subdivide-se em outras três: 
1) teoria objetivo-formal: autor é quem realiza o núcleo (“verbo”) do tipo penal, ou seja, a 
conduta criminosa descrita pelo preceito primário da norma incriminadora. Por sua vez, 
partícipe é quem de qualquer modo concorre para o crime, sem praticar o núcleo do tipo. 
 
Exemplo: quem efetua disparos de revólver em alguém, matando-o, é autor do crime de 
homicídio. Por sua vez, aquele que empresta a arma de fogo para essa finalidade é partícipe de 
tal crime. 
 
Destarte, a atuação do partícipe seria impune (no exemplo fornecido, a conduta de auxiliar a 
matar não encontra correspondência imediata no crime de homicídio) se não existisse a norma 
de extensão pessoal prevista no art. 29, caput, do Código Penal. A adequação típica, na 
participação, é de subordinação mediata. 
 
Nesse contexto, o autor intelectual, é dizer, aquele que planeja mentalmente a conduta 
criminosa, é partícipe, e não autor, eis que não executa o núcleo do tipo penal. 
 
2) teoria objetivo-material: autor é quem presta a contribuição objetiva mais importante para 
a produção do resultado, e não necessariamente aquele que realiza no núcleo do tipo penal. De 
seu turno, partícipe é quem concorre de forma menos relevante, ainda que mediante a realização 
do núcleo do tipo. 
 
3) teoria do domínio do fato: criada em 1939, por Hans Welzel, com o propósito de ocupar 
posição intermediária entre as teorias objetiva e subjetiva. Para essa concepção, autor é quem 
possui controle sobre o domínio final do fato, domina finalisticamente o trâmite do crime e 
decide acerca da sua prática, suspensão, interrupção e condições. De fato, autor é aquele que 
tem a capacidade de fazer continuar e de impedir a conduta penalmente ilícita. 
A teoria do domínio do fato amplia o conceito de autor, definindo-o como aquele que tem 
o controle final do fato, apesar denão realizar o núcleo do tipo penal. Por corolário, o conceito 
de autor compreende: 
a) o autor propriamente dito: é aquele que pratica o núcleo do tipo penal; 
b) o autor intelectual: é aquele que planeja mentalmente a empreitada criminosa. É autor, e 
não partícipe, pois tem poderes para controlar a prática do fato punível. Exemplo: o líder de 
uma organização criminosa pode, do interior de um presídio, determinar a prática de um crime 
por seus seguidores. Se, e quando quiser, pode interromper a execução do delito, e retomá-la 
quando melhor lhe aprouver; 
c) o autor mediato: é aquele que se vale de um inculpável ou de pessoa que atua sem dolo ou 
culpa para cometer a conduta criminosa; e 
d) os coautores: a coautoria ocorre nas hipóteses em que o núcleo do tipo penal é realizado 
por dois ou mais agentes. Coautor, portanto, é aquele que age em colaboração recíproca e 
voluntária com o outro (ou os outros) para a realização da conduta principal (o verbo do tipo 
penal). 
Essa teoria também admite a figura do partícipe. 
 
Partícipe, no campo da teoria do domínio do fato, é quem de qualquer modo concorre para o 
crime, desde que não realize o núcleo do tipo penal nem possua o controle final do fato. Dentro 
de uma repartição estratificada de tarefas, o partícipe seria um simples concorrente acessório. 
 
Teoria adotada pelo Código Penal 
O art. 29, caput, do Código Penal, acolheu a teoria restritiva, no prisma objetivo-formal. 
 
Em verdade, diferencia autor e partícipe. Aquele é quem realiza o núcleo do tipo penal; este é 
quem de qualquer modo concorre para o crime, sem executar a conduta criminosa. 
 
A teoria deve, todavia, ser complementada pela teoria da autoria mediata. 
 
 
PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS 
O art. 29, caput, do Código Penal filiou-se à teoria unitária ou monista. Todos os que concorrem 
para um crime, por ele respondem. Há pluralidade de agentes e unidade de crime. 
As penas devem ser individualizadas no caso concreto, levando-se em conta o sistema trifásico 
delineado pelo art. 68 do Código Penal. Exemplificativamente, um reincidente e portador de 
péssimos antecedentes deve suportar uma reprimenda mais elevada do que a imposta a um réu 
primário e sem antecedentes criminais. Para o Supremo Tribunal Federal: 
A circunstância judicial “culpabilidade”, disposta no art. 59 do CP, atende ao critério 
constitucional da individualização da pena. Com base nessa orientação, o Plenário 
indeferiu habeas corpus em que se pleiteava o afastamento da mencionada circunstância 
judicial. Consignou-se que a previsão do aludido dispositivo legal atinente à culpabilidade 
mostrar-se-ia afinada com o princípio maior da individualização, porquanto a análise judicial 
das circunstâncias pessoais do réu seria indispensável à adequação temporal da pena, em 
especial nos crimes perpetrados em concurso de pessoas, nos quais se exigiria que cada um 
respondesse, tão somente, na medida de sua culpabilidade (CP, art. 29). Afirmou-se que o 
dimensionamento desta, quando cotejada com as demais circunstâncias descritas no art. 59 do 
CP, revelaria ao magistrado o grau de censura pessoal do réu na prática do ato delitivo. Aduziu-
se que, ao contrário do que sustentado, a ponderação acerca das circunstâncias judiciais do 
crime atenderia ao princípio da proporcionalidade e representaria verdadeira limitação da 
discricionariedade judicial na tarefa individualizadora da pena-base. 
Ademais, é importante destacar que um autor ou coautor não necessariamente deverá ser punido 
mais gravemente do que um partícipe. O fator decisivo para tanto é o caso concreto, levando-
se em conta a culpabilidade de cada agente. Nesse sentido, um autor intelectual (partícipe) 
normalmente deve ser punido de forma mais severa do que o autor do delito, pois sem a sua 
vontade, sem a sua ideia o crime não ocorreria. 
O próprio Código Penal revela filiar-se a esse entendimento, no tocante ao autor intelectual, 
ao dispor no art. 62, I: “A pena será ainda agravada em relação ao agente que promove, ou 
organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes”. 
Em suma, o autor intelectual, além de responder pelo mesmo crime imputado ao autor, tem 
contra si, por mandamento legal, uma agravante genérica. 
 
COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA 
Também chamada de desvios subjetivos entre os agentes ou participação em crime menos 
grave, está descrita pelo art. 29, § 2.º, do Código Penal: 
“Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena 
deste; essa pena será aumentada até a 1/2 (metade), na hipótese de ter sido previsível o resultado 
mais grave”. 
Esse dispositivo pode ser fracionado em duas partes: 
1.ª parte: Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada 
a pena deste. 
Essa regra constitui-se em corolário lógico da teoria unitária ou monista adotada pelo art. 
29, caput, do Código Penal. Destina-se, ainda, a afastar a responsabilidade objetiva no 
concurso de pessoas. 
Se um dos concorrentes quis participar de crime menos grave, diz a lei penal, é porque em 
relação a ele não há concurso de pessoas. O vínculo subjetivo existia somente no tocante ao 
crime menos grave. 
Veda-se, destarte, a responsabilidade penal objetiva, pois não se permite a punição de um agente 
por crime praticado exclusivamente por outrem, frente ao qual não agiu com dolo ou culpa. 
2.ª parte: Essa pena será aumentada até a 1/2 (metade), na hipótese de ter sido previsível o 
resultado mais grave. 
Diz o Código Penal que o crime mais grave não pode ser imputado, em hipótese alguma, àquele 
que apenas quis participar de um crime menos grave. Esse mandamento legal deve ser 
interpretado em sintonia com o anterior. 
Quando o crime mais grave não era previsível a algum dos concorrentes, ele responde somente 
pelo crime menos grave, sem qualquer majoração da pena. 
Essa previsibilidade deve ser aferida de acordo com o juízo do homem médio, ou seja, o 
resultado mais grave será previsível quando a sua visão prévia era possível a um ser humano 
dotado de prudência razoável e inteligência comum. 
 
MODALIDADES DE CONCURSO DE PESSOAS – COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO 
1- COAUTORIA 
Ocorre quando o núcleo do tipo penal é executado por duas ou mais pessoas. Em síntese, há 
dois ou mais autores unidos entre si pela busca do mesmo resultado. 
A coautoria pode ser parcial ou direta. 
Coautoria parcial, ou funcional, é aquela em que os diversos autores praticam atos de 
execução diversos, os quais, somados, produzem o resultado almejado. Exemplo: enquanto “A” 
segura a vítima, “B” a esfaqueia, produzindo a sua morte. 
Por sua vez, na coautoria direta ou material todos os autores efetuam igual conduta criminosa. 
Exemplo: “A” e “B” efetuam disparos de arma de fogo contra “C”, matando-o. 
 
COAUTORIA, CRIMES PRÓPRIOS E CRIMES DE MÃO PRÓPRIA 
Os crimes próprios podem ser praticados em coautoria. É possível que duas ou mais pessoas 
dotadas das condições especiais reclamadas pela lei executem conjuntamente o núcleo do tipo. 
É o caso de dois funcionários públicos que, juntos, subtraem bens pertencentes à Administração 
Pública. 
Mas não é só. Nada impede seja um crime próprio cometido por uma pessoa que preencha a 
situação fática ou jurídica exigida pela lei em concurso com terceira pessoa, sem essa qualidade. 
Exemplo: “A”, funcionário público, convida “B”, particular, para lhe ajudar a subtrair um 
computador que se encontra no gabinete da repartição pública em que trabalha. “B”, ciente da 
condição de funcionário público de “A”, ajuda-o a ingressar no local e a transportar o bem até 
a sua casa. Ambos respondem por peculato. 
Essa conclusão se coaduna coma regra traçada pelo art. 30 do Código Penal: por ser a condição 
de funcionário público elementar do peculato, comunica-se a quem participa do crime, desde 
que dela tenha conhecimento. 
Os crimes de mão própria, por sua vez, são incompatíveis com a coautoria. 
Com efeito, podem ser praticados exclusivamente pela pessoa taxativamente indicada pelo tipo 
penal. Por corolário, ninguém mais pode com ela executar o núcleo do tipo. Em um falso 
testemunho proferido em ação penal, a título ilustrativo, o advogado ou membro do Ministério 
Público não têm como negar ou calar a verdade juntamente com a testemunha. Apenas ela 
poderá fazê-lo. 
Existe somente uma exceção a esta regra, relativa ao crime de falsa perícia (CP, art. 342) 
praticado em concurso por dois ou mais peritos, contadores, tradutores ou intérpretes, como na 
hipótese em que dois peritos subscrevem dolosamente o mesmo laudo falso. Trata-se de crime 
de mão própria cometido em coautoria. 
 
O EXECUTOR DE RESERVA 
Executor de reserva é o agente que acompanha, presencialmente, a execução da conduta típica, 
ficando à disposição, se necessário, para nela intervir. Se intervier, será tratado como coautor, 
e, em caso negativo, como partícipe. 
Exemplo: “A”, munido de uma faca, e “B”, com um revólver, aguardam em tocaia a passagem 
de “C”. Quando este passa pela emboscada, “A” parte em sua direção para matá-lo, enquanto 
“B”, de arma em punho, aguarda eventual e necessária atuação. Se agir, será coautor; se não, 
partícipe. 
COAUTORIA SUCESSIVA 
É a espécie de coautoria que ocorre quando a conduta, iniciada em autoria única, se consuma 
com a colaboração de outra pessoa, com forças concentradas, mas sem prévio e determinado 
ajuste. 
Exemplo: Se um dos agentes, em situação de imoderação dolosa, golpeou a vítima com socos 
e pontapés na cabeça, jogando-a ao chão, e mais adiante seu companheiro, também em estado 
de excesso doloso, atinge-a outra vez na cabeça com a coronha de uma espingarda, respondem 
ambos, em coautoria sucessiva, pelo resultado de lesões corporais graves. 
 COAUTORIA EM CRIMES OMISSIVOS 
É possível a coautoria em crimes omissivos, sejam eles próprios (ou puros), ou ainda 
impróprios (espúrios ou comissivos por omissão). 
Para o aperfeiçoamento da coautoria basta que dois ou mais agentes, vinculados pela unidade 
de propósitos, prestem contribuições relevantes para a produção do resultado, realizando atos 
de execução previstos na lei penal. Filiam-se a essa corrente, dentre outros, Cezar Roberto 
Bitencourt e Guilherme de Souza Nucci, que exemplifica: 
Duas pessoas podem, caminhando pela rua, deparar-se com outra, ferida, em busca de ajuda. 
Associadas, uma conhecendo a conduta da outra e até havendo incentivo recíproco, resolvem 
ir embora. São coautoras do crime de omissão de socorro (art. 135, CP). 
 
A AUTORIA MEDIATA 
Trata-se da espécie de autoria em que alguém, o “sujeito de trás” se utiliza, para a execução 
da infração penal, de uma pessoa inculpável ou que atua sem dolo ou culpa. Há dois sujeitos 
nessa relação: (1) autor mediato: quem ordena a prática do crime; e (2) autor imediato: aquele 
que executa a conduta criminosa. 
Exemplo: “A”, desejando matar sua esposa, entrega uma arma de fogo municiada a “B”, criança 
de pouca idade, dizendo-lhe que, se apertar o gatilho na cabeça da mulher, esta lhe dará balas. 
A pessoa que atua sem discernimento – seja por ausência de culpabilidade, seja pela falta de 
dolo ou culpa –, funciona como mero instrumento do crime. Inexiste vínculo subjetivo, 
requisito indispensável para a configuração do concurso de agentes. Não há, portanto, 
concurso de pessoas. Somente ao autor mediato pode ser atribuída a propriedade do 
crime. Em suma, o autor imediato não é punível. A infração penal deve ser imputada apenas 
ao autor mediato. 
Nada impede, todavia, a coautoria mediata e participação na autoria mediata. 
Exemplos: “A” e “B” pedem a “C”, inimputável, que mate alguém (coautoria mediata), ou, 
então, “A” induz “B”, ambos imputáveis, a pedir a “C”, menor de idade, a morte de outra pessoa 
(participação na autoria mediata). 
O Código Penal possui cinco situações em que pode ocorrer a autoria mediata: 
a) inimputabilidade penal do executor por menoridade penal, embriaguez ou doença mental 
(CP, art. 62, III); 
b) coação moral irresistível (CP, art. 22); 
c) obediência hierárquica (CP, art. 22); 
d) erro de tipo escusável, provocado por terceiro (CP, art. 20, § 2.º); e 
e) erro de proibição escusável, provocado por terceiro (CP, art. 21, caput). 
 
E, além delas, outros casos podem ocorrer, nas hipóteses em que o agente atua sem dolo ou 
culpa, tais como na coação física irresistível, no sonambulismo e na hipnose. 
 
AUTORIA MEDIATA E CRIMES CULPOSOS 
A autoria mediata é incompatível com os crimes culposos, por uma razão bastante simples: 
nesses crimes, o resultado naturalístico é involuntariamente produzido pelo agente. 
É da essência da autoria mediata, portanto, a prática de um crime doloso. 
 
AUTORIA MEDIATA, CRIMES PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA 
Crimes próprios ou especiais são aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou 
jurídica específica por parte do sujeito ativo. Somente quem reúne condições diferenciadas pode 
praticá-lo. É o caso do peculato (CP, art. 312), cujo sujeito ativo deve ser funcionário público, 
e também do infanticídio (CP, art. 123), que precisa ser praticado pela mãe. 
Por outro lado, crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível são 
aqueles que somente podem ser praticados pelo sujeito expressamente indicado pelo tipo penal. 
Pode-se apontar o exemplo do falso testemunho (CP, art. 342), que deve ser executado apenas 
pela testemunha. 
Entende-se pela admissibilidade da autoria mediata nos crimes próprios, desde que o autor 
mediato detenha todas as qualidades ou condições pessoais reclamadas pelo tipo penal. Nesse 
sentido, um funcionário público pode se valer de um subalterno sem culpabilidade, em 
decorrência da obediência hierárquica, para praticar um peculato, subtraindo bens que se 
encontram sob a custódia da Administração Pública. 
Todavia, prevalece o entendimento de que a autoria mediata é incompatível com os crimes de 
mão própria, porque a conduta somente pode ser praticada pela pessoa diretamente indicada 
pelo tipo penal. A infração penal não pode ter a sua execução delegada a outrem. No exemplo 
do falso testemunho, uma testemunha não poderia colocar terceira pessoa para negar a verdade 
em seu lugar. 
 
AUTORIA POR DETERMINAÇÃO 
É assim definida por Zaffaroni: “É autor por determinação o sujeito que determina outro ao 
fato, mas que conserva seu domínio, posto que se o perde, como no caso em que o determinado 
comete um delito, já não é autor, mas instigador”. 
Autor por determinação é, portanto, quem se vale de outro, que não realiza conduta punível, 
por ausência de dolo, em um crime de mão própria, ou ainda o sujeito que não reúne as 
condições legalmente exigidas para a prática de um crime próprio, quando se utiliza de quem 
possui tais qualidades e se comporta de forma atípica, ou acobertado por uma causa de exclusão 
da ilicitude ou da culpabilidade. 
Deve ser imputado ao autor de determinação o resultado produzido, pois a ele de qualquer modo 
concorreu, em consonância com a regra prevista no art. 29, caput, do Código Penal. 
 
AUTORIA DE ESCRITÓRIO 
Cuida-se de categoria oriunda da doutrina alemã e intimamente relacionada com a teoria do 
domínio do fato, constituindo-se em autoria mediata particular ou autoria mediata especial. 
Nessa linha de raciocínio, é autor de escritório o agente que transmite a ordem a ser executada 
por outro autor direto, dotado de culpabilidadee passível de ser substituído a qualquer momento 
por outra pessoa, no âmbito de uma organização ilícita de poder. Exemplo: o líder do PCC 
(Primeiro Comando da Capital), em São Paulo, ou do CV (Comando Vermelho), no Rio de 
Janeiro, dá as ordens a serem seguidas por seus comandados. É ele o autor de escritório, com 
poder hierárquico sobre seus “soldados” (essa modalidade de autoria também é muito comum 
nos grupos terroristas). 
 
A TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO 
Nas organizações criminosas, não raras vezes é difícil punir os detentores do comando, situados 
no ápice da pirâmide hierárquica, pois tais pessoas não executam as condutas típicas. Ao 
contrário, utilizam-se de indivíduos dotados de culpabilidade para a prática dos crimes. 
Nesse contexto, o penalista alemão tem como ponto de partida a teoria do domínio do fato, e 
amplia o alcance da autoria mediata, para legitimar a responsabilização do autor direto do crime, 
bem como do seu mandante, quando presente uma relação de subordinação entre eles, no âmbito 
de uma estrutura organizada de poder ilícito, situada às margens do Estado. São suas palavras: 
Cabe afirmar, pois, que quem é empregado em uma indústria organizada, em qualquer lugar, 
de uma maneira tal que pode impor ordens aos seus subordinados, é autor mediato em virtude 
do domínio da vontade que lhe corresponde, se utiliza suas competências para que se cometam 
delitos. É irrelevante se o faz por sua própria iniciativa ou no interesse de instâncias superiores, 
pois à sua autoria o ponto decisivo é a circunstância de que pode dirigir a parte da organização 
que lhe é conferida, sem ter que deixar a critério de outros indivíduos a realização do crime.

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