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CONTINGENTE: o que pode ou não acontecer; o que é incerto ou eventual. A contingência é uma relação do tipo se-então: se ocorre uma mudança no ambiente ou na tecnologia, então a organização deverá ajustar sua estrutura para adequar-se ORIGENS DA TEORIA CONTINGENCIAL: pesquisas destinadas a verificar quais modelos de estruturas organizacionais eram mais eficazes em determinados tipos de indústrias PESQUISAS IMPORTANTES ! Chandler ! Burns & Stalker ! Emery & Trist ! Lawrence & Lorsch ! Joan Woodward RESULTADOS DAS PESQUISAS: ! As organizações são de natureza sistêmica, ou seja, constituem sistemas abertos ! Não há uma única melhor maneira de organizar e de administrar, ao contrário, as organizações precisam ser sistematicamente ajustadas para fazer face às condições ambientais ! Existe um complexo inter-relacionamento entre as variáveis organizacionais e entre elas e as variáveis ambientais, o que explica a estreita relação entre variáveis externas (como o grau de certeza e de estabilidade do ambiente), os estados internos da organização (diferenciação e integração organizacionais) e os meios usados na solução de conflitos interdepartamentais e interpessoais ! A estrutura interna da organização representa um conjunto combinado de três pontos de confrontação (interfaces) ü confrontação organização-ambiente ü confrontação grupo para grupo ü confrontação indivíduo- organização Premissas da Teoria Contingencial ! não há uma “forma única”que seja melhor para organizar e administrar as organizações ! determinada “maneira” de administrar não é sempre igualmente eficaz ! diferentes “maneiras” de organizar ou de administrar geram diferentes resultados ! a estrutura e o funcionamento organizacional são dependentes da interface com o ambiente externo – as contingências externas podem representar oportunidades ou restrições que influenciam a estrutura e os processos internos da organização ! tamanho, tecnologia e a natureza do ambiente são as variáveis que produzem maior impacto sobre o desenho organizacional e estão relacionadas às diferenças na estrutura e no funcionamento das organizações As organizações e o ambiente: da abordagem clássica à contingencial Abordagem Considerações sobre o ambiente Clássica Organizações geralmente consideradas como Relações Humanas entidades concretas e absolutas que existem em um vácuo. Total omissão sobre o ambiente. Enfoque limitado ao espaço intraorganizacional. Sistêmica Organizações compreendidas como sistemas abertos em intercâmbio estreito e contínuo com o ambiente.As organizações importam, processam e exportam recursos ao ambiente Contingencial Organizações como sistemas abertos, cuja estrutura e funcionamento dependem das contingências ambientais Ambiente geral Variáveis Variáveis tecnológicas políticas Variáveis Variáveis Econômicas legais Variáveis Variáveis sociais demográficas Variáveis ecológicas Ambiente de tarefa Clientes Fornecedores Concorrentes Grupos reguladores Organização A m b i e n t e : E n v o l v e e x t e r n a m e n t e a organização; contexto no qual ela está inserida e com o qual mantém transações e intercâmbio • Mapeamento ou escaneamento ambiental: Formas utilizadas para explorar, conhecer, discernir e compreender o ambiente. • Seleção ambiental: Processo de seleção das partes relevantes do ambiente às quais a organização está mais exposta e terá que lidar. • Percepção Ambiental: processo subjetivo de percepção do ambiente; construção de significados que ocorre no nível do indivíduo. AMBIENTE INDIVÍDUO ORGANIZAÇÃO Ambiente • Consonância: Processo de alinhamento (ajuste) entre as informações recebidas e processadas e os resultados obtidos • Dissonância cognitiva: desequilíbrio entre Informação Interpretação Resultado • Limites ou fronteiras: definidores do espaço (Físico - Legal - Fiscal) (cultural) Tipologias de Ambiente • Quanto à estrutura: Homogêneo e Heterogêneo • Quanto à dinâmica: Estável e Instável Estabilidade/Instabilidade Ambiental Ambiente Estável Ambiente Instável Instabilidade e variação Muitas (é rápidas) mudanças Problemas ambientais novos Imprevisibilidade e Incerteza Ruptura Inovação e Criatividade Reações variadas e inovadoras Tendência à adhocracia Lógica do sistema aberto Preocupação com o ambiente Ênfase na eficácia Estabilidade e permanência Poucas mudanças Problemas ambientais rotineiros Previsibilidade e certeza Rotina Manutenção do status quo Reações padronizadas e rotineiras Tendência à burocracia Lógica do sistema fechado Preocupação com as questões internas Ênfase na eficiência Ambiente Homogêneo Continuum Ambiente Heterogêneo ü Pouca segmentação de mercado ü Características homogêneas de fornecedores, clientes e concorrentes ü Simplicidade ambiental ü Problemas ambientais homogêneos ü Reações uniformes ü Estrutura simples ü Muita segmentação de mercado ü Características heterogêneas de fornecedores, clientes, concorrentes ü Complexidade ambiental ü Problemas ambientais heterogêneos ü Reações diferenciadas ü Estrutura diferenciada Homogeneidade / Heterogeneidade Ambiental Tipos de Ambiente Ambiente Estável Ambiente Mutável Ambiente Homogêneo • Estrutura organizacional simples / simplicidade do ambiente • Reações padronizadas através de regras e regulamentos de rotina • Aplicação das regras e regulamentos • Estrutura organizacional simples / simplicidade do ambiente • Reações não padronizadas, voltadas ao planejamento e à absorção da incerteza • Decisões descentralizadas ao nível dos departamentos Ambiente Heterogêneo • Estrutura organizacional complexa, várias divisões funcionais, correspondendo a segmentos do ambiente • Divisionalização do tipo geográfico (ou semelhante) para atender à heterogeneidade ambiental • Estrutura organizacional complexa e diferenciada • Descentralização para lidar com a absorção da incerteza; planejamento contingencial descentralizado Adaptação Organizacional ao Ambiente da Tarefa Investigação histórica sobre as mudanças estruturais de grandes organizações americanas e sobre a relação existente entre essas mudanças e a estratégia de negócios das empresas analisadas. Identificou que as grandes organizações americanas passaram por processo histórico que envolveu quatro fases distintas: Primeira fase (após a Guerra da Secessão – 1865): acumulação de riquezas Contexto: Imigração rural e início da imigração européia rápidocrescimento urbano Expansão da rede ferroviária fortalecimento do mercado para ferro e aço e facilidade para as empresas alcançarem o florescente mercado urbano. Estratégia das empresas: ampliação das instalações de produção, organização da rede de distribuição, integração vertical da atividade produtiva e ganhos na economia de escala Segunda fase: racionalização no uso dos recursos Contexto: Gigantismo das organizações (impulsionado pela integração vertical) gerava problemas de coordenação e de gerenciamento de custos e de lucros Estratégia das empresas: Criação de uma estrutura funcional com clara definição das linhas de autoridade e de comunicação. Racionalização da empresa e da sua estrutura para fazer face às oscilações do mercado: planejamento, organização e coordenação das atividades. Terceira fase: continuação do crescimento Contexto: Reorganização geral das empresas (segunda fase) possibilitou maior eficácia em compras, produção, vendas e distribuição. Resultado: diferenças de custos entre as empresas caíram, margens de lucros baixaram, mercado foi se tornando saturado, reduzindo ainda mais as possibilidades de redução de custos. Estratégia das empresas: Diversificação de produtos e de mercados Mudanças na antiga estrutura funcional para a incorporação de departamentos de P&D, de engenharia de produto e de desenho industrial Quarta fase: racionalização do uso de recursos em expansão Contexto: Complexidade crescente de produtos e de operações e diversificação de mercados. Canais de autoridade e de comunicação da estrutura funcional são rígidos e inadequados para dar conta dessa complexidade Estratégia das empresas Constituição de uma estrutura divisional departamentalizada: cada linha principal de produtos passou a ser administrada por uma divisão autônoma e integrada que envolvia todas as funções de staff necessárias. Racionalização na aplicação dos recursos em expansão, atenção crescente ao planejamento a longo prazo, administração por objetivos e avaliação de desempenho de cada divisão. Descentralização das operações e centralização dos controles administrativos Conclusões: A estrutura organizacional é determinada gradativamente pela estratégia de negócios que, por sua vez, é resultante das pressões postas pelas transformações do ambiente. Estrutura organizacional: desenho da organização, forma que ela assumiu para integrar seus recursos Estratégia: plano global de alocação de recursos da organização para fazer face às demandas e às pressões do ambiente Sociólogos industriais, pesquisaram 20 indústrias inglesas. ! Objetivo da pesquisa: identificar a relação existente entre o padrão de práticas administrativas e determinados aspectos do ambiente externo ! Instrumento de coleta de dados: entrevistas em profundidade com os executivos das indústrias tomadas como objeto de estudo Resultado da pesquisa: Diferenciação entre organizações “mecanísticas” e organizações “orgânicas” Características Organizações “mecanísticas” Organizações “orgânicas” Estrutura Burocrática, rígida, permanente Flexível, adaptativa, mutável Processo decisório Centralizado, decisões tomadas na cúpula Relativamente descentralizado decisões delegadas Desenho de cargos e tarefas Ocupantes especialistas e univalentes Cargos mutáveis, redefinidos por interação com outros participantes da tarefa, polivalência Processo de comunicação Ascendente passa por “filtros” e descendente passa por “amplificadores” (instruções, decisões) Processo mais amplo, vertical e horizontal (aconselhamento, informação) Exercício da autoridade Fundamentada principalmente na posição Fundamentada principalmente no conhecimento Regras formais Grande número de regras e regulamentos formalizados e impostos Baixo número de regras formalizadas e impostas Amplitude de controle do supervisor Mais estreita Mais ampla Ênfase Princípios da Teoria Clássica Princípios da Teoria das Relações Humanas Conclusões: As condições do ambiente externo exigiam modelos e estruturas organizacionais diferentes AMBIENTES AMBIENTES ESTÁVEIS DINÂMICOS E MUTÁVEIS Organizações Organizações “mecanísticas” “orgânicas” ! Objetivo da pesquisa: ü Analisar as características das empresas que enfrentam com eficácia as diferentes condições externas, tecnológicas e de mercado, buscando identificar se as estratégias administrativas são orientadas para as condições econômicas e técnicas do contexto específico em que opera determinada empresa ou se são orientadas por princípios universais da administração. ü Comparação entre 10 empresas de três diferentes ramos industriais: plásticos, containers e alimentos empacotados; ! Os problemas básicos das organizações estão relacionados aos processos de diferenciação e de integração; • Diferenciação: organizações se subdividem em subsistemas (departamentos) que desempenham tarefas especializadas em um contexto especializado, tendendo a reagir apenas àquela parte do ambiente que é relevante para sua tarefa. Quando os ambientes específicos diferem quanto às demandas que fazem aparecerão diferenciações na estrutura e no foco privilegiado por cada departamento. Exemplo: Unidade organizacional Setor ambiental relevante Vendas Cliente e concorrentes (mercado) Pesquisa Ciência e tecnologia Produção Fornecedores de tecnologia e insumos Finanças Instituições financeiras Pessoal Mercado de trabalho e profissional Legal Órgãos regulamentadores ! Integração: processo, impulsionado por pressões ambientais, orientado para a obtenção da unidade de esforços e da coordenação entre os vários departamentos necessárias à consecução dos objetivos organizacionais ! Meios de integração encontrados nas empresas pesquisadas: ü hierarquia administrativa ü sistema formal de coordenação ü criação de um áreas específicas para promover a integração ü provisão de relações especiais entre indivíduos ü utilização de grupos interfuncionais ü relacionamento administrativo direto entre departamentos ! A solução dos conflitos interdepartamentais para alcançar a integração requerida pode assumir três formas: ü Confrontação para a solução do problema (confronto) ü Suavização das diferenças (aplanamento) ü Imposição de decisões (imposição) CERTEZA Quanto maior a clareza nas informações, maior vai ser o entendimento das relações causa-efeito em relação empresa-ambiente; portanto, menor vai ser o tempo necessário para se obter o resultado (esperado ou não), gerando assim um maior grau de certeza. (in) certeza quanto a: ü Estado: O que ocorre no ambiente como um todo ü Efeito: Como as mudanças irão afetar o “meu” negócio ü Resposta: Como oferecer respostas às mudanças Certeza ambiental: o grau de certeza é o fator básico para a comparação entre ambientes organizacionais - quanto maior a certeza, maior a previsibilidade ! O grau de certeza relativa do ambiente é avaliado pelos autores com base em três dimensões: ü clareza das informações ü certeza das relações causais ü amplitude de tempo Lawrence e Lorsch • Demanda e mudanças ambientais (Níveis de Certeza) • Entradas • Graus de diferenciação e de integração nos defrontamentos com o ambiente • Saídas • Desempenho e sucesso empresarial Conclusão - As indústrias com melhor desempenho apresentavam as seguintes características: ü melhor ajustamento às condições ambientais por meio de alta diferenciação, principalmente em re lação aos depar tamentos d i re tamente relacionados com o problema ambientalü integração interdepartamental promovida pela compreensão da necessidade de trabalho conjunto e integrado e pela viabilização das condições para que isso ocorresse ü utilização da confrontação como meio de solução de conflitos e de promoção da integração (por outro lado, as empresas com baixo desempenho se caracterizam pela utilização da suavização das diferenças como meio de integração) Objetivo da pesquisa: avaliar se havia de fato uma correlação entre o êxito do negócio e a aplicação na prática dos princípios organizacionais postulados na teoria administrativa. Âmbito da pesquisa: amostra de 100 empresas, localizadas no sul da Inglaterra, que atuavam em diferentes ramos de atividade e que tinham tamanhos diferenciados (variavam entre 100 a 8.000 funcionários). Resultados iniciais: ! não foi encontrada associação significativa direta entre práticas administrativas e eficiência nos negócios; ! revelou-se bastante duvidosa a premissa, na época amplamente admitida, de que existiam princípios administrativos válidos para todo e qualquer sistema produtivo; ! descobriu-se que quando as empresas eram agrupadas de acordo com as características de seus sistemas produtivos (natureza, tecnologia e complexidade do sistema de produção), as empresas bem sucedidas em cada um desses grupos tendiam a seguir práticas administrativas semelhantes. Tipos de sistemas produtivos identificados Produção unitária ou de pequenos lotes ! Características: processo produtivo menos padronizado e menos automatizado; a produção de cada produto ou lote pode requerer modificações ou especificações distintas; os trabalhadores utilizam uma variedade de instrumentos e de ferramentas ! Exemplos: estaleiros; fábrica de móveis. Produção em massa ! Características: processo produtivo padronizado e automatizado; produção em série de grande volume de produtos; os trabalhadores trabalham na linha de montagem ou operando máquinas multifuncionais ! Exemplos: montadora de automóveis; fábrica de refrigerantes. Produção em processo contínuo ! Características: processo produtivo inteiramente automatizado; a transformação de insumos em produtos finais ocorre por meio de reações físico-químicas; trabalhadores monitoram os automatismos que sustentam a produção; volume de produção não depende da quantidade de trabalho dos funcionários mas da tecnologia e da otimização no uso da capacidade instalada. ! Exemplos: refinarias de petróleo; siderurgias, indústrias químicas. ! O desenho organizacional é profundamente afetado pela tecnologia empregada no processo produtivo ! Há forte correlação entre estrutura organizacional e sucesso empresarial ! A previsão de resultados é alta para a tecnologia de produção por processo contínuo e baixa para a tecnologia de produção unitária Previsão resultados Produção Produção Produção unitária em massa contínua ! O número de níveis hierárquicos e a Amplitude de controle (número de subordinados sob controle de um supervisor) apresentavam correlação com o processo de produção. ! Nas indústrias de produção em massa encontravam-se claramente as diretrizes da abordagem clássica da administração (definição estrita de direitos e de responsabilidades, distinção clara entre linha e staff, unidade de comando, etc.) e da forma burocratizada, mas o mesmo não se aplicava aos outros tipos de indústria (unitária e contínua) ! Organizações com graus mais elevados de padronização e de automação dos processos produtivos tendiam a ser altamente estruturadas e burocráticas, com um sistema mecanístico de administração enquanto organizações inovativas e com tecnologia mutável requeriam um sistema mais “orgânico” ! Nas empresas com tecnologia estável (produção em massa) e com relativamente pequena incerteza tecnológica, as linhas de comunicação tendiam a ser verticais, com forte unidade de comando, grande número de subordinados por gerente e alto grau de controle ! As funções da empresa assumem relevância diferente conforme a tecnologia de produção Tecnologia Predomínio Produção unitária Pessoal de engenharia Produção em massa Pessoal de produção Produção contínua Pessoal de marketing/ vendas ! “Similaridade nos extremos”: Muitos parâmetros organizacionais (amplitude de controle, habilidades requeridas dos operários e dos supervisores, sistemas administrativos orgânicos) apresentam características similares na indústria unitária e na de processo contínuo Conclusões • O desenho organizacional é afetado pela tecnologia • Quanto maior a imprevisibilidade do processo de produção, maior o número de níveis hierárquicos necessários • A amplitude de controle é afetada pela tecnologia • O grau de estabilidade das operações influencia a estrutura organizacional • A tecnologia influencia o tipo de controle adotado • O tipo de produto fabricado e a tecnologia adotada influenciam a estrutura e a importância das áreas funcionais e o ciclo de funcionamento da empresa • Existe um “imperativo tecnológico” que condiciona a estrutura e o funcionamento das organizações
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