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Negócio Jurídico (Noções Gerais), cap. X - PAMPLONA E STOLZE, vol. I. Transformação da Teoria do Negócio Jurídico - Toda a sua teoria passa, atualmente, por um processo de transformação. - Desconcentração normativa: deslocamento do eixo centralizador do Código Civil para leis especiais e estatutos. – Na Europa, aconteceu no séc. XX. No Brasil, década de 30. Configurando um polissistema, um conjunto de leis tidas como centros de gravidade autônomos, chamados – pela doutrina – de microssistemas. - Sobre os microssistemas, Orlando Gomes: “[...] microssistemas que introduzem novos princípios de disciplina das relações jurídicas a que se dirigem [...] para regência peculiar de determinadas classes de relações jurídicas ou para a proteção particular de uma categoria de pessoas [...]”. - A vontade entre os particulares, que é inerente ao negócio jurídico, perdeu sua conotação absoluta\individualista para dar espaço ao reconhecimento dos “agentes emissores da vontade”, pois, o Direito contemporâneo entende que nem sempre as partes são iguais em uma dada relação jurídica. Igualdade formou deu lugar aos “princípios da igualdade material e da dignidade da pessoa humana”, o que representou a modificação do eixo interpretativo do negócio jurídico. – Muito disso se deve, sobretudo, ao surgimento do pensamento iluminista. * Desdobramento disso é que a maioria dos contratos efetuados hoje é de adesão. E, essa alteração interpretativa permite, no plano prático, evitar a exploração econômica do declarante hipossuficiente. - Com o reconhecimento de valores essenciais ao direito privado pelo direito público, materializado, por exemplo, pelo direito à propriedade como princípio constitucional; a declaração de vontade, que é o SOPRO VIVIFICADOR DO NEGÓCIO JURÍDICO, para ser válida e legítima, deve obedecer aos contornos constitucionais e principiológicos de respeito à ordem pública e solidarismo social (uso da propriedade adequado à função social.). - Então, conclui-se que essa limitação significa a humanização nas manifestações de autonomia privada e respeito à individualidade e condição social de cada contratante, ou seja, autonomia da vontade e livre iniciativa, desde que sejam observados os princípios de direito e de moral que devem pautar o solidarismo social. Conceito e Teorias Explicativas do Negócio Jurídico - As Definições Voluntaristas São as mais antigas e comuns. Majoritária. Orlando Gomes: “o negócio jurídico é, para os voluntaristas, a mencionada declaração de vontade dirigida à provocação de determinados efeitos jurídicos, ou, na definição do Código da Saxônia, a ação da vontade, que se dirige, de acordo com a lei, a constituir, modificar ou extinguir uma relação jurídica” declaração de vontade de ambas as partes, visando um fim comum PRETENDIDO\QUERIDO. *Críticas: Os críticos afirmam não ser verdadeira a premissa de que o declarante sempre “manifesta a sua vontade dirigida a um determinado fim querido e previamente conhecido”. Exemplo: Um contrato de compra e venda de um imóvel, nulo por inobservância da forma pública, pode se converter em uma promessa de compra e venda, a qual admite instrumento particular. Então, vê-se que não se pode afirmar que o negócio resultante da conversão seja fim querido, no entanto, não se nega\perde a natureza negocial. – JUNQUEIRA DE AZEVEDO - Objetivistas BRINZ e THON Para eles, o negócio jurídico é concessão do ordenamento jurídico para que os particulares possam criar um ordenamento jurídico próprio. - Teoria da Vontade Willenstheorie O elemento produtor dos efeitos jurídicos é a vontade real (intenção subjetiva), de forma que a sua declaração seria SIMPLESMENTE a causa do efeito perseguido. Não havendo consonância entre a vontade real e a declaração, prevalece a primeira. – SAVIGNY, WINDSCHEID, DERNBURG, UNGER, OERTMANN, ENECCERUS. - Teoria da declaração Negam à intenção o caráter de vontade propriamente dita, sustentando que o ELEMENTO PROUTOR dos efeitos jurídicos é a declaração. ZITTELMAN OBSERVAÇÃO: a maior disparidade na doutrina é acerca da vontade x declaração. Prevalece, segundo STOLZE E PAMPLONA, a teoria da declaração. Tem como base da sua fundamentação: a) A ideia de que a intenção, por ela própria, não tem interesse\desdobramento ao\do Direito Civil, a não ser que se exteriorize. b) A ideia de que a intenção e a declaração são faces de mesma moeda, pois a declaração nada mais é que exteriorização de uma vontade interna (real). Concepção do Negócio Jurídico no Direito Positivo e Pelos Planos de Existência, Validade e Eficácia. Existência: Um negócio jurídico não surge do nada, exigindo-se, para que seja considerado como tal, o atendimento a certos requisitos mínimos; Validade: o fato de um negócio jurídico ser considerado existente não quer dizer que ele seja considerado perfeito, ou seja, com aptidão legal para produzir efeitos; Eficácia: ainda que um negócio jurídico existente seja considerado válido, ou seja, perfeito para o sistema que o concebeu, isto não importa em produção imediata de efeitos, pois estes podem estar limitados por elementos acidentais da declaração. Classificação dos Negócios Jurídicos I. Quanto ao número de declarantes: a) unilaterais: quando ocorre apenas uma manifestação de vontade. Ex: Testamento b) bilaterais: manifestações de duas partes formadoras de consenso. Ex. Contrato de compra e venda ou de locação. c) plurilaterais: quando se conjugam, no mínimo, duas vontades paralelas, admitindo-se número superior, todas elas direcionadas para a mesma finalidade. Ex. Contrato de sociedade. II. Quanto ao exercício de direitos: a) negócios de disposição: autorizam o exercício de amplo direito sobre o bem disposto, inclusive de alienação. Normamente são negócios jurídicos translativos. Ex. Doação b) negócios de administração: admitem apenas a simples administração e uso do objeto cedido. Ex. Comodato III. Quanto às vantagens patrimoniais: a) gratuitos: somente uma das partes é beneficiada. Ex. Doação pura b) onerosos – ao benefício auferido experimenta-se um sacrifício correspondente. Ex. Contratos de compra e venda, locação. b.1) comutativos: existe um equilíbrio subjetivo entre as prestações do pactuadas. , de forma que as vantagens equivalem entre si. Ex. Locação: cessão do uso do bem e pagamento do aluguel. b.2) aleatórios: a prestação de uma das partes fica condicionada a um acontecimento exterior, não havendo o equilíbrio subjetivo próprio da comutatividade. Ex. Contrato e venda de coisas futuras c) neutros: são destituídos de atribuição patrimonial específica. Ex. Instituição do bem de família. d) bifrontes: podem ser gratuitos ou onerosos, a depender da intenção perseguida. Ex. contrato de depósito é, a priori, gratuito, mas nada impede que seja oneroso se assim as partes desejarem. IV. Quanto à forma: a) solenes: exigem, para que sejam válidos, a observância da FORMA prevista em lei. Ex. Venda de imóvel de valor superior ao limite legal. b) não formais ou forma livre: cujo revestimento exterior é livremente pactuado, sem interferência legal (ex. doação de bem móvel) – Regra geral dos negócios jurídicos no ordenamento brasileiro. V. Quanto ao momento da produção de efeitos: a) inter vivos: produzem os seus efeitos estando AMBAS AS PARTES vivas. b) mortis causa: pactuados para produzir efeito após a morte do DECLARANTE. Exemplo mais comum é o testamento. VI. Quanto à existência a) Principais: existem por si mesmos. Ex. compra e venda. b) Acessórios: cuja existência pressupõe a existência do principal, ou seja, decorrente de outro negócio anterior. Ex. Fiança. VII. Quanto ao conteúdo: a) patrimoniais: relacionados com bens e direitos aferíveis pecuniariamente. Ex. negócios no âmbito dos direitos reais e obrigacionais. b) extrapatrimoniais: referentes a direitos sem conteúdo econômico. Ex. direitos da personalidade VIII. Quanto à eficácia: a) constitutivos: eficácia se dá a partir do momento da celebração (EX NUNC) b) declarativos:eficácia retroage ao momento da ocorrência fática a que se vincula a declaração de vontade (EX TUNC). Interpretação do Negócio Jurídico A regra geral de interpretação dos negócios jurídicos é a manifestação da vontade, pois esta se caracteriza como elemento mais importante, ou seja, o que materializa o negócio. – Art. 112, CC-02. Boa-fé objetiva é a barema de interpretação de todo e qualquer negócio jurídico. – Art. 113, CC-02. A noção interpretativa é submetida a cada caso concreto. – Art. 114, CC-02. A doutrina e jurisprudência têm estabelecido, aqui, princípios para a interpretação do NJs.
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