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Direito Empresarial O Instituto IOB nasce a partir da experiência de mais de 40 anos da IOB no desenvolvimento de conteúdos, serviços de consultoria e cursos de excelência. Por intermédio do Instituto IOB, é possível acesso a diversos cursos por meio de ambientes de aprendizado estruturados por diferentes tecnologias. As obras que compõem os cursos preparatórios do Instituto foram desenvolvidas com o objetivo de sintetizar os principais pontos destacados nas videoaulas. institutoiob.com.br Direito Empresarial OAB/ Obra organizada pelo Insti- tuto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013. ISBN 978-85-63625-95-3 Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Sumário Capítulo 1 – Teoria da Empresa (Empresário, Empresa e Estabelecimento Empresarial, Preposto e Escrituração), 7 1. Introdução – O Direito Empresarial: Empresa x Empresário, 7 2. Empresário Individual, 11 3. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – Compreendendo o Instituto, 13 4. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) – Especificidades I, 17 5. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) – Especificidades II, 20 6. Estabelecimento Empresarial, 22 7. Estabelecimento Empresarial – Trespasse, 24 8. Obrigações do Empresário – Registro, 26 9. Obrigações do Empresário – Escrituração, 28 10. Nome Empresarial, 31 Capítulo 2 – Direito Societário, 34 1. Conceito de Sociedades, 34 2. Sociedades Não Personificadas, 37 3. Sociedades Não Personificadas – Sociedade em Conta de Participação, 40 4. Classificação das Sociedades, 42 5. Classificação das Sociedades – Responsabilidade dos Sócios, 44 6. Sociedade Limitada – Contrato Social – Arts. 1.054 e 977 do CC, 46 7. Sociedade Limitada – Capital Social, 48 8. Sociedade Limitada – Direitos e Deveres dos Sócios, 50 9. Sociedade Limitada e seus Órgãos, 52 10. Sociedade Anônima – Conceito – Legislação – Relembrando suas Características, 54 11. Sociedade Anônima – Classificação, 56 12. Sociedade Anônima – Ações – Espécies – Valores, 58 13. Sociedade Anônima – Constituição, 61 14. Sociedade Anônima – Órgãos, 64 15. Sociedade Anônima – Controle da Cia. e Acordos de Acionistas, 66 Capítulo 3 – Propriedade Industrial, 72 1. Apresentação do Instituto, 72 2. Marcas, 75 Capítulo 4 – Falência, Recuperação Judicial e Extrajudicial, 79 1. Compreendendo a Lei nº 11.101/2005 (LFRE), 79 2. Falência – Legitimados (art. 97) – Fundamentos (art. 94), 81 3. Falência – Fase Pré-falimentar, 84 4. Falência – Sentença que Decreta a Falência e Alguns Efeitos, 85 5. Falência – Procedimento para Organização da Massa Falida Objetiva, 89 6. Falência – Procedimento para Organização da Massa Falida Subjetiva, 90 7. Falência – Pagamento dos Credores e Encerramento do Procedimento Falimentar, 93 8. Recuperação Judicial – Quem Pede, Quando é Pedida – Fundamentos, 96 9. Recuperação Judicial – Procedimento, 98 10. Recuperação Judicial – Efeitos, 101 11 Recuperação Extrajudicial, 105 Capítulo 5 – Títulos de Crédito – Nota Promissória – Cheque – Duplicata – Letra de Câmbio, 107 1. Apresentação e Conceito, 107 2. Princípios dos Títulos de Crédito, 110 3. Solidariedade Cambiária, 111 4. Classificação dos Títulos de Crédito, 114 5. Nota Promissória – Conceito – Funcionamento, 116 6. Letra de Câmbio – Conceito – Operacionalização, 119 7. Letra de Câmbio – Espécies – Aceite, 120 8. Cheque – Conceito – Estrutura e Funcionamento – I, 122 9. Cheque – Apresentação – Prescrição – Espécies e Formas Extrajudiciais de Impedir o Pagamento do Cheque – II, 124 10. Duplicata – Conceito – Funcionamento – Fatura – Nota Fiscal Fatura, 126 Referências bibliográficas, 131 Gabarito, 132 Capítulo 1 Teoria da Empresa (Empresário, Empresa e Estabelecimento Empresarial, Preposto e Escrituração) 1. Introdução – O Direito Empresarial: Empresa x Empresário 1.1 Apresentação Nesta unidade, será estudado o conceito de empresa e empresário. 1.2 Síntese O Direito Empresarial é um ramo do direito privado. Sendo assim, tem como foco as relações entre pessoas, entre particulares, como é o Direito Civil. Porém, o objeto do Direito Empresarial revela-se diverso daquele do Di- reito Civil, vez que este intui disciplinar toda atividade e tipo de relação entre pessoas, já aquele estuda toda atividade desenvolvida por uma pessoa específi- ca: o empresário. D ire ito E m pr es ar ia l 8 Desse modo, o Direito Civil estuda a pessoa (física e jurídica), as obrigações que ela contrai, os contratos que celebra, seus direitos sobre outros bens, suas relações familiares e os efeitos em razão de sua morte. Já o Direito Empresarial investiga o empresário e toda a atividade que desenvolve como tal, celebrando contratos, realizando negócios, sua própria estrutura, até sua morte (falência). Atualmente, o Direito Empresarial encontra-se disciplinado pela Teoria da Empresa e, por isso, esse ramo do Direito passa a ser assim denominado. Po- rém, há bem pouco tempo, a teoria que disciplinava o Direito Empresarial era a chamada Teoria dos Atos de Comércio, por isso, o modernamente denomi- nado Direito Empresarial, era, na verdade, conhecido por Direito Comercial. A adoção explícita pelo Brasil da Teoria da Empresa deu-se recentemente, com a adoção do “Novo” Código Civil em 2002, que entrou em vigor em janeiro de 2003. Até então se falava em Direito Comercial e não em Direito Empresarial. É por isso que é bem comum encontrar livros didáticos que ainda trazem em seu título a expressão Direito Comercial. Porém, cabe destacar que é só uma questão de atualização da nomenclatura à teoria jurídica moderna- mente adotada. – Disciplina Legal Como dito, o Direito Empresarial encontra-se, em grande parte, disciplina- do no Código Civil. Quando o Brasil adotava a Teoria dos Atos de Comércio, o diploma que disciplinava o então Direito Comercial era o Código Comercial de 1850. Porém, com a entrada em vigor do Código Civil trazendo então a nova Teoria da Empresa, quase todo o Código Comercial foi revogado, estando ainda em vigor somente a parte que disciplina o Direito Marítimo. No entanto, apesar de grande parte do Direito Empresarial estar disci- plinado no Código Civil, há, ainda, inúmeras leis que tratam de seus regra- mentos; por exemplo, a Lei de Falências e Recuperação de Empresas (Lei nº 11.101/2005), Lei do Cheque (Lei nº 7.357/1985), Lei da Duplicata (Lei nº 5.474/1968), Lei de Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/1976), entre inúmeras outras. – Empresa x Empresário Segundo a Teoria da Empresa, o alicerce do estudo do direito empresarial encontra-se no empresário e na empresa, de modo que empresário é o sujeito e empresa é a atividade que é desenvolvida. O mais importante a se destacar neste momento é o fato de que os concei- tos jurídicos de empresário e empresa são bastante diversos dos seus conceitos econômicos. Normalmente, ao falar de empresa imagina-se uma estrutura econômica complexa, hierarquizada, com um “chefe” e seus empregados, em que a pro- dução é organizada e onde aquele “chefe” é quem se entende por empresário. D ire ito E m pr es ar ia l 9 Esta imagem que normalmente vem à cabeça trata-se, na verdade, do conceito econômico de empresa e empresário. Já quando se tem em mira o conceito jurídico o cenário é bastante diverso. A partir do conceito jurídico contido no art. 966 do Código Civil: Art. 966. “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente ativi- dade econômica organizada paraa produção ou a circulação de bens ou de serviços.” O Código Civil não trata do conceito de empresa, mas este conceito é ex- traído do próprio conceito de empresário, já que, juridicamente, empresa é a atividade desenvolvida pelo empresário. Assim, empresa, juridicamente, é uma atividade econômica exercida pro- fissionalmente, de forma organizada, para a circulação ou produção de bens ou serviços, exercida por um empresário. Resta clara e evidente, portanto, a distinção entre empresa sob a égide econômica e empresa sob a égide jurídica. Economicamente, empresa é uma unidade econômica complexa, porém, juridicamente, empresa é a atividade exercida pelo empresário. – Empresário Juridicamente, considera-se empresário o sujeito que realiza atividade eco- nômica de forma organizada para a circulação ou produção de bens ou servi- ços, conforme art. 966, CC. Insta, portanto, entender cada característica do conceito de empresário para, ao final compreender quem, na verdade, representa este sujeito. Assim: · atividade econômica: é toda aquela prática que se desenvolve no senti- do de auferir lucro1; · profissional: representa a atividade exercida com habitualidade e one- rosidade da qual o sujeito que a exerce extrai o seu sustento e o de sua família; 1. Cabe destacar que a atividade econômica pode ser exercida como meio ou como fim. Assim, fundações e associações, por exemplo, podem desempenhar ativida- de econômica, ou seja, atividade que se desenvolve no sentido de auferir lucro (atividade econômica como meio), porém, esse lucro alcançado deverá ser rever- tido integralmente em benefício da própria atividade não podendo ser distribuída em benefício de seus titulares (atividade econômica como fim). Conforme afirma Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa, a destinação dos produtos da empresa para o mercado é, justamente, um dos elementos diferenciadores entre a atividade de um empresário e a de outros sujeitos que também exercem atividade econômica.VER- ÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa. Curso de Direito Comercial, vol 1. Malheiros, São Paulo, 2011). D ire ito E m pr es ar ia l 10 · organizada: significa que todos os fatores de produção (insumos, traba- lho, capital) estão concatenados para aquela prática; · produção ou circulação de bens ou serviços: os bens produzidos ou os serviços prestados estão voltados para um mercado e não para o consu- mo e subsistência própria ou familiar. O sujeito, portanto, quer seja pessoa física ou jurídica que pratica uma ati- vidade envolvendo tais características é o empresário. Quando o empresário é uma pessoa física que exerce a atividade empresarial é denominado empresário individual, porém, quando se constitui na forma de pessoa jurídica poderá se constituir na forma de sociedade empresária ou empresa individual de respon- sabilidade limitada (EIRELI). Cabe destacar, portanto, que os conceitos de empresário e sócio são dife- rentes. Enquanto o empresário é o sujeito que exerce a empresa, que pode ser pessoa física ou jurídica, sócio é um membro do empresário, pessoa jurídica, na modalidade sociedade empresária. Assim, quando se fala que um determinado indivíduo, sócio de uma sociedade, é um empresário, isto é um equívoco jurí- dico, porque, na verdade, quem é o empresário é a própria sociedade e o sócio é só membro daquele empresário, pessoa jurídica. – Exceções ao conceito de empresário: Segundo o parágrafo único do art. 966 do CC: Art. 966, parágrafo único. “Não se considera empresário quem exerce pro- fissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o con- curso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” O que o citado dispositivo disciplina é que, caso a atividade econômica realizada de forma profissional, organizada, para a circulação ou produção de bens ou serviços seja de caráter intelectual, esta atividade não será considerada empresa. Consequentemente, quem a exerce não será tido por empresário. Este regramento afasta do conceito de empresário os prestadores de servi- ços exclusivamente intelectuais, ditos profissionais liberais. Em razão do cará- ter pessoal do serviço que prestam, o legislador brasileiro entendeu por bem afastá-lo do conceito de empresário, já que a ética empresarial que o envolve está sempre imbuída do intuito lucrativo acima de qualquer coisa. Veja bem, não se está aqui dizendo que o profissional liberal não tenha intuito lucrativo, certamente, médicos, advogados e músicos almejam o lucro. Porém, o que o legislador pretendeu foi afastar esses profissionais do caráter empresarial que, muitas vezes, envolvido pela busca incessante de lucrar acaba desapegando-se daquela pessoalidade característica dos serviços que presta. Por fim, vê-se que, ao final daquele mesmo dispositivo, quando se diz salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, pretendeu o legislador D ire ito E m pr es ar ia l 11 reconhecer o caráter empresarial a unidades produtivas que não se voltem, exclusivamente, ao exercício de atividade intelectual, ainda que a principal atividade desenvolvida seja deste caráter. Por exemplo, apesar da principal atividade desenvolvida num hospital ser a medicina (atividade intelectual), há inúmeras outras atividades praticadas: hospedagem, lanchonete, restaurante… assim, a atividade intelectual torna-se uma só (elemento) em meio a outras mais. Portanto, o conjunto de atividades será juridicamente considerado empresa e quem a exerce será o empresário. Exercício 1. Do ponto de vista do Direito Comercial, o conceito de empresa deve ser entendido como equivalente: a) Ao de empresário, ou seja, o sujeito da atividade mercantil, que assume os riscos do negócio. b) Ao de estabelecimento, como tal o conjunto de bens utilizados para o exercício da atividade mercantil. c) Ao de qualquer entidade de fins lucrativos, qualquer que seja a for- ma utilizada. d) Ao de uma atividade organizada com o objetivo da obtenção de lucros. e) Ao de empresário, de estabelecimento, ou de uma forma societária qualquer, não se tratando de conceito doutrinariamente unívoco. 2. Empresário Individual 2.1 Apresentação Nesta unidade, será estudado o conceito de empresário individual. 2.2 Síntese Inicialmente, caberá tratar sobre o empresário individual – pessoa física – uma vez que o empresário pessoa – jurídica – será objeto de estudo em uma Unidade própria em que se analisarão os pontos mais relevantes do direito so- cietário. Conforme preconiza o art. 972 do Código Civil: Art. 972. “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.” D ire ito E m pr es ar ia l 12 Os impedimentos para o exercício de atividade como empresário indivi- dual aparecem em leis especiais. Normalmente, esses impedimentos decorrem da incompatibilidade profissional com o exercício da atividade empresarial. É por isso que, por exemplo, magistrados, membros do Ministério Público, mili- tares... (via de regra servidores públicos), não podem exercer a empresa como empresários individuais. Mas cabe o alerta! Não há impedimento para que esses sujeitos atuem como sócios de sociedades empresárias. Em segundo lugar e como último requisito, é necessário ter capacidade ci- vil plena para ser empresário individual. Isto exclui, portanto, os relativamente incapazes e os absolutamente incapazes, vez que, estar em pleno gozo da capa- cidade civil, como reza o art. 972 do CC, implica em possuir tanto capacidade de direito (ou de gozo) quanto capacidade de fato (ou de exercício). Assim, para se registrar como empresário individual, basta que o sujeito possua capacidade civil plena e não esteja legalmenteimpedido. Vale destacar que o Código Civil traz, ainda, a hipótese de CONTINUI- DADE do exercício da atividade empresarial por um incapaz: Art. 974. “Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em conti- nuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.” Atente, ainda, para o fato de que o empresário individual casado poderá alienar ou gravar de ônus real bem imóvel voltado ao exercício da atividade empresarial, sem precisar do consentimento de seu cônjuge, nos termos do art. 978 do CC. Este dispositivo apresenta-se como exceção à regra geral do art. 1.647, I, do CC. Exercício 2. (V Exame da OAB/FGV) Em relação à incapacidade e proibição para o exercício da empresa, assinale a alternativa correta: a) Caso a pessoa proibida de exercer a atividade de empresário pra- ticar tal atividade, deverá responder pelas obrigações contraídas, podendo até ser declarada falida. D ire ito E m pr es ar ia l 13 b) Aquele que tenha impedimento legal para ser empresário está im- pedido de ser sócio ou acionista de uma sociedade empresária. c) Entre as pessoas impedidas de exercer a empresa está o incapaz, que não poderá exercer tal atividade. d) Por se tratar de matéria de ordem pública e considerando que a continuação da empresa interessa a toda a sociedade, quer em ra- zão da arrecadação de impostos, quer em razão da geração de em- pregos, caso a pessoa proibida de exercer a atividade empresarial o faça, poderá requerer a recuperação judicial. 3. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – Compreendendo o Instituto 3.1 Apresentação Nesta unidade, será estudada a empresa individual de responsabilidade limitada. 3.2 Síntese No intuito de reduzir os riscos inerentes à atividade empresarial e favorecer uma maior formalização da empresa, evitando a criação de sociedades fictícias, foi publicada em 11 de julho de 2011 a Lei nº 12.441, que disciplina a moda- lidade da empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) e entrou em vigor em 9 de janeiro de 2012. A empresa individual de responsabilidade limitada representa uma nova modalidade de pessoa jurídica de direito privado, instituindo o inciso VI do art. 44 do Código Civil, acrescentando o art. 980-A ao mesmo diploma e, ainda, alterando o parágrafo único do art. 1.033, no que se refere à transformação a qual este novo tipo poderá sujeitar-se. Assim, esta nova modalidade de pessoa jurídica é composta por um único titular que exerce individualmente a atividade, porém, com limitação acerca do patrimônio que responde pelo empreendimento. Em outras palavras, apesar da titularidade da pessoa jurídica ser de apenas uma pessoa, este titular conse- gue dotar parte de um patrimônio que estará destinado ao exercício da ativida- de daquela pessoa jurídica e, assim, resguardar seu patrimônio pessoal que não poderá ser atingido por perdas do empreendimento. D ire ito E m pr es ar ia l 14 Para compreender melhor a empresa individual de responsabilidade limi- tada, é necessário tecer algumas considerações acerca de outros institutos jurí- dicos, pois sua nomenclatura traz algumas dificuldades técnicas. Em primeiro lugar, vê-se que se optou pela expressão empresa individual de responsabilidade limitada. Ora, como se viu, o termo empresa por seu significa- do técnico-jurídico representa atividade e não espécie de pessoa jurídica como quis dizer o legislador. O que revela um primeiro equívoco! Além disso, muito se fala que o termo técnico correto a ser empregado nesta modalidade de pessoa jurídica seria sociedade unipessoal; porém, também há que se alertar acerca do equívoco, já que sociedade pressupõe a união de, pelo menos duas pessoas, o que não é o caso2. Além disso, sociedade também nem sempre pressupõe personalidade jurídica, que, como se verá, comporta duas exceções: as sociedades em comum e as sociedades em conta de participação. Já no caso da EIRELI, a personalidade jurídica aparece como pressuposto, já que está enquadrada como espécie de pessoa jurídica (art. 44, VI, do CC) e não comporta qualquer exceção. Assim, mister ponderar acerca das distinções entre os institutos Sociedade / Empresário Individual / Empresa Individual de Responsabilidade Limitada no intuito de compreender melhor este último instituto.3 Sociedade Empresário Individual Empresa Indivi- dual de Responsa- bilidade Limitada – Espécie de pessoa jurídica de direito privado: art. 44, II, CC. (Exceções: sociedades sem perso- nalidade jurídica: Sociedade em Comum (art. 986, CC) e Socie- dade em Conta de Participação (art. 991, CC). Obs.: A ausência de personifica- ção implica na impossibilidade de distinção entre o patrimônio da sociedade e o dos sócios. – Constituição por, no mínimo, dois sócios. (Exceção: Subsidiária Integral – art. 251 da Lei nº 6.404/1976) – Não é espécie de pessoa jurídica. – É uma pessoa física que desen- volve atividade empresarial por sua conta e risco individual. – Não há distinção patrimonial, seu patrimônio pessoal também responde pela atividade em- presária. – É espécie de pes- soa jurídica (art. 44, VI, do CC) – Formado por uma única pessoa física, que é a úni- ca titular de todo patrimônio (con- forme Instrução Norma- tiva do DNRC nº 117, de 22 de no- vembro de 2011 – item 1.2.11).3 2. Exceto as subsidiárias integrais previstas no art. 251 da Lei nº 6.404/1976. 3 Uma liminar da Justiça do Rio de Janeiro garantiu a uma consultoria americana, que pretende iniciar suas atividades no Brasil, dar continuidade ao processo de D ire ito E m pr es ar ia l 15 – Espécies: a) Sociedade Limitada. b) Sociedade Anônima. c) Sociedade em Comandita Simples. d) Sociedade em Comandita por Ações. e) Sociedade em Nome Coletivo. – Apesar de não ser pessoa jurídica, para fins tributários possui CNPJ e este é distinto do seu CPF. – O risco do em- preendimento se limita ao patrimô- nio da EIRELI. – Há distinção pa- trimonial. Conclusões: A empresa individual de responsabilidade limitada NÃO re- presenta empresa, justamente, porque não se refere a uma atividade. Além dis- so, também não é uma espécie de empresário, pois, como se viu, as espécies de empresário são o empresário individual (pessoa física) e a sociedade empresária (pessoa jurídica). Deste modo, a EIRELI não se enquadra como empresário individual, sobretudo, porque esta representa uma espécie de pessoa jurídica; porém, apesar disso, como se viu, trata de uma nova modalidade de pessoa jurídica, distinta da sociedade, composta por um único titular. Além disso, conforme destaca o § 5º do art. 980-A do CC, não é necessário que a EIRELI exerça atividade empresária. O que demonstra que a melhor no- menclatura poderia ser empreendedor individual de responsabilidade limitada. Neste sentido, empreendedor é aquele sujeito que empenha todos os seus esforços no desenvolvimento de uma atividade econômica voltada à geração de riquezas; é aquele que se dedica à transformação de conhecimentos e bens em novos produtos – mercadorias ou serviços. Já o empresário, como se viu, e aqui limitando a uma análise jurídica técni- ca, é aquele sujeitoque desenvolve atividade econômica de forma profissional, organizada, para a produção ou circulação de bens ou serviços, nos termos do art. 966 do CC, contanto que esta atividade não seja considerada profissão in- telectual de natureza científica, literária ou artística (art. 966, parágrafo único, do CC). O que se quer destacar, portanto, é que o fato da EIRELI poder desenvol- ver atividade que não é empresa – já que o § 5º do art. 980-A do CC destaca a possibilidade dos prestadores de serviços intelectuais enquadrarem-se nesta modalidade de pessoa jurídica – a distingue do empresário. Assim, poderá ha- ver EIRELIs empresárias ou não empresárias, de acordo com a atividade que desenvolva. transformação da sua empresa limitada em Empresa Individual de Responsabilidade Individual (Eireli). A decisão é a primeira do país nesse sentido. (Processo nº 0054566- 71.2012.8.19.0001, 9ª Vara da Fazenda Pública, TJRJ) D ire ito E m pr es ar ia l 16 Mister destacar as distinções abaixo: Empresário Não é Empresário Art. 966 do CC -– Espécies: a) Empresário Individual. b) Sociedade Empresária. c) EIRELI. Art. 966, parágrafo único, do CC – Espécies de sujeitos que desenvolvem ativida- de econômica, mas não são considerados empre- sário, à luz do termo técnico jurídico: a) Autônomo. b) Sociedade Simples. c) EIRELI que desenvolve atividade de presta- dora de serviços intelectuais de natureza cientí- fica, literária ou artística. Como o termo empreendedor consegue envolver tanto o empresário, como o não empresário, de tudo o que se disse é que se pode concluir pela expressão empreendedor individual de responsabilidade limitada como sendo a mais ade- quada a esta modalidade. Apesar destas considerações, não foi esta a nomenclatura adotada pelo le- gislador que, fugindo à técnica, optou pelo termo empresa individual de res- ponsabilidade limitada. Destacadas as críticas, compreendido e enquadrado o instituto no universo jurídico brasileiro, em verdade sabe-se que os problemas de nomenclatura não implicam em qualquer repercussão prático-jurídica. Exercício 3. Assinale a alternativa CORRETA: a) A empresa individual de responsabilidade limitada é uma espécie de sociedade unipessoal. b) A empresa individual de responsabilidade limitada é uma espécie de empresário individual. c) A empresa individual de responsabilidade limitada não poderá so- frer os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica. d) A empresa individual de responsabilidade limitada é uma espécie de pessoa jurídica constituída por um único titular. D ire ito E m pr es ar ia l 17 4. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) – Especificidades I 4.1 Apresentação Nesta unidade, será estudada, ainda, a empresa individual de responsa- bilidade limitada. 4.2 Síntese A Lei nº 12.441/2011 entrou em vigor em 9 de janeiro de 2012 sendo, ain- da, extremamente jovem. Algumas repercussões já começaram a surgir a par- tir de algumas decisões judiciais, mas ainda não chegaram a firmar ou alterar qualquer posicionamento fixado em lei ou na Instrução Normativa do DNRC. Portanto, neste momento, cabe fazer algumas análises acerca do instituto limitando-se a interpretações legislativas, doutrinárias, sistemáticas e teleológi- cas, apesar de ainda frágeis. Nesta UE e na próxima UE será trabalhada a Empresa Individual de Res- ponsabilidade Limitada na tentativa de aclarar e analisar todos os seus desdo- bramentos. · Capital Social: · De acordo com o caput do art. 980-A do CC: Art. 980-A. “A empresa individual de responsabilidade limitada será consti- tuída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.” Logo, o que se destaca, em primeiro lugar, é que esta espécie de pessoa ju- rídica somente poderá ser constituída, caso o capital social (capital inicial para o investimento) totalize, pelo menos, 100 salários-mínimos. Em verdade, tal limitação já representa objeto de críticas, vez que acaba por obstar, em muitos casos, aquele que era o maior objetivo da lei: formalizar a atividade empresarial daqueles empresários individuais de menor porte, per- mitindo um maior resguardo patrimonial e consequente redução dos riscos. O fato de atribuir inicialmente ao empreendimento tal fatia patrimonial acaba por retirar a possibilidade de constituição de uma EIRELI por um grande nú- mero de pequenos empreendedores. Não é exigida a apresentação de laudo de avaliação para comprovação dos valores dos bens declarados na integralização de capital de EIRELI. (Instrução Normativa do DNRC nº 117, de 22 de no- vembro de 2011 – item 1.2.16.3). D ire ito E m pr es ar ia l 18 Como a titularidade da EIRELI é de somente uma pessoa, não é necessário que o capital social seja dividido em quotas. O capital da EIRELI deve estar inteiramente integralizado na constituição ou em aumentos futuros. Assim, também, caso haja a necessidade de redução do capital, o limite de 100 salários-mínimos deverá ser respeitado. O capital poderá ser integralizado com quaisquer bens, desde que suscetí- veis de avaliação em dinheiro. É vedada a contribuição que consista na prestação de serviços, seguindo, assim, as regras das sociedades limitadas que se aplicam à EIRELI de forma subsidiária. · Capacidade para ser titular: Conforme já destacado, o caput do art. 980-A do CC informa que “a em- presa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social…”. Vê-se, portanto, que não houve limitação textual identificando o titular como, necessariamente, uma pessoa física, mas valeu-se, unicamente, do ter- mo pessoa. Assim muitos se apoiam no entendimento mais abrangente de que, tanto pessoa física quanto jurídica poderia ser titular de EIRELI.4 O que, por hora, põe uma pá de cal nesta questão é a Instrução Normativa do DNRC Nº 117, de 22 de novembro de 2011, que aprova o Manual de Atos de Registro de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e, neste, é clara ao afirmar em seu item 1.2.11 que não pode ser titular de EIRELI a pessoa jurídica, bem assim a pessoa natural impedida por norma constitucional ou por lei especial. Apesar do dispositivo não possuir força de lei, o que dá azo a novas e diversas interpretações, esta é a norma que irá instruir e orientar as Juntas Comerciais, já que são tecnicamente subordinadas ao DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio). Assim, pode ser titular de EIRELI a pessoa natural, desde que não haja impedimento legal e que seja maior de 18 anos, brasileiro (a) ou estrangeiro (a), que se achar na livre administração de sua pessoa e bens ou, ainda, menor emancipado. Ainda, conforme o § 2º do art. 980-A: “A pessoa natural que constituir em- presa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.” · Administração: A EIRELI poderá ser administrada por outrem que não seu titular, desde que pessoa física. A administração poderá ser, ainda, por uma ou mais pessoas nomeadas no ato constitutivo. 4. Ratifique-se a nota anterior. D ire ito E m pr es ar ia l 19 A Instrução Normativa nº 117 do DNRC, em seu item 1.2.12 traz uma série de impedimentos para ser administrador de EIRELI. Entre eles: · o funcionário público federal civil ou militar da ativa. Em relação ao funcionário estadual e municipal, observar as respectivas legislações; · o Chefe do Poder Executivo, federal, estadual ou municipal; · o magistrado; · os membros do Ministério Público da União, que compreende: – os membros do Ministério Público dos Estados, conforme a Consti- tuição respectiva;– o falido, enquanto não for legalmente reabilitado; · a pessoa absolutamente incapaz: – o menor de 16 anos; – o que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiver o necessá- rio discernimento para a prática desses atos; – o que, mesmo por causa transitória, não puder exprimir sua vontade; · a pessoa relativamente incapaz: – o maior de 16 anos e menor de 18 anos. O menor de 18 anos e maior de 16 anos pode ser emancipado e desde que o seja, pode assumir a administração de empresa; – o ébrio habitual, o viciado em tóxicos, e o que, por deficiência men- tal, tenha o discernimento reduzido; – o excepcional, sem desenvolvimento mental completo. · Nomenclatura: Como segue, subsidiariamente, as regras atinentes à sociedade limitada, poderá adotar tanto firma quanto denominação. O nome empresarial sempre deverá ser acrescido da expressão EIRELI, sob pena de responder solidariamente pelo risco do empreendimento (art. 1.158, § 3º, CC). · Distinção patrimonial: O aspecto mais relevante da EIRELI se refere à distinção patrimonial. As- sim, o seu titular, no ato de constituição da pessoa jurídica, dota parte de seu patrimônio para o exercício daquela atividade. Esta parte será tratada de forma distinta em relação ao restante de seu patrimônio pessoal. Isto por que, caso o empreendimento não dê certo e o patrimônio da EIRELI tenha de responder por dívidas que ela tenha contraído, o único patrimônio que poderá ser atingi- do é aquele que fora dotado e não o restante que fora considerado patrimônio pessoal do titular. Apesar disso, nunca é demais destacar a possibilidade de se verificar a des- consideração da personalidade jurídica da EIRELI, nos termos do art. 50 do CC; hipótese em que o patrimônio pessoal do titular poderá ser atingido. (veto do § 4º do art. 980-A do CC). D ire ito E m pr es ar ia l 20 Exercício 4. (VIII Exame da OAB/FGV) José decidiu constituir uma Empresa In- dividual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) para atuar no muni- cípio “X” e consultou um advogado para obter esclarecimentos sobre a administração da EIRELI. Assinale a alternativa que apresenta a infor- mação correta dada pelo advogado: a) A designação de administrador não sócio depende do voto favorável de 2/3 (dois terços) do capital social, se este não estiver integralizado. b) A administração atribuída pelo contrato a qualquer dos sócios da EIRELI não se estende de pleno direito aos que posteriormente adquirirem essa qualidade. c) O administrador da EIRELI, seja o próprio instituidor ou terceiro, responde por culpa no desempenho de suas atribuições perante terceiros prejudicados. d) O titular da EIRELI poderá usar a firma ou denominação, sendo ve- dado seu uso pelo terceiro, ainda que seja designado administrador. 5. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) – Especificidades II 5.1 Apresentação Nesta unidade, ainda será estudada a empresa individual de responsabi- lidade limitada. 5.2 Síntese · EIRELI não empresária: O § 5º do art. 980-A do CC destaca a possibilidade da EIRELI prestadora de serviços incluindo, assim, os não empresários nesta categoria. No mais, este parágrafo não acrescentou grandes novidades, exceto, como dito, no que se refere a esta explícita possibilidade. Assim, destaca o dispositivo: § 5º “Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limi- tada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remune- ração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vincula- dos à atividade profissional.” D ire ito E m pr es ar ia l 21 Atribui-se, assim, a possibilidade da EIRELI remunerar seu titular acerca da exploração de direitos autorais, de imagem, nome, marca e voz. Implicações da EIRELI não empresária: 1) Registro: Outro destaque que se cabe fazer acerca da EIRELI não empresarial refere- -se a seu registro. Assim, se a atividade envolver prestação de serviços nos termos do art. 966, parágrafo único, do CC, seu registro deverá processar-se no Cartório de Regis- tro Civil de Pessoa Jurídica. Caso contrário, o registro será na Junta Comercial. 2) Falência e Recuperação Judicial: Atentando ao fato de que tanto se terá no cenário jurídico brasileiro a EI- RELI de natureza empresária, quanto a de natureza não empresária, implica destacar que, nos termos do art. 1º da Lei nº 11.101/2005, somente aquela estará sujeita aos efeitos da falência e, ainda, poderá valer-se do benefício da recuperação judicial. · Distinção e enquadramento como microempresa e empresa de peque- no porte: EIRELI é uma espécie de pessoa jurídica que poderá se enquadrar como microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP), desde que aufira receita bruta anual prevista nos limites da LC nº 123/2006, ainda que a EIRE- LI não desenvolva atividade empresária, mas aquela de natureza intelectual, científica, literária ou artística. O que não cabe é o enquadramento da EIRELI como MEI (microem- preendedor individual), já que, para que se dê tal enquadramento, é necessário que o empreendedor seja um empresário individual. (Art. 18-A, § 1º, da LC nº 123/2006). A adição ao nome empresarial da expressão ME ou microempresa e EPP ou empresa de pequeno porte, se aplicável, não pode ser efetuada no ato cons- titutivo. Somente depois de procedido o arquivamento do ato constitutivo e efetuado pela Junta Comercial o enquadramento da EIRELI na condição de microempresa ou empresa de pequeno porte é que, nos atos posteriores, se deve fazer a adição de tais termos ao nome empresarial. · Transformação: Tendo em vista este novel instituto jurídico, é plenamente possível que haja a transformação de outros tipos societários, ou do empresário individual, para esta modalidade de pessoa jurídica (EIRELI), sem a necessidade de dissolução e liquidação. A transformação está disciplinada nos arts. 1.113 a 1.115 do CC. A Lei nº 12.441/2011 trouxe mudanças no que se refere ao parágrafo único do art. 1.033 do CC, para permitir a transformação para EIRELI, no caso de restar à sociedade somente um sócio remanescente. D ire ito E m pr es ar ia l 22 Parágrafo único. “Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio rema- nescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da socieda- de sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.” (NR). A grande questão a se destacar é com relação aos credores havidos antes da transformação, pois a estes deverão ser asseguradas as mesmas garantias havidas quando da constituição da obrigação, nos termos do art. 1.115 do CC. Exercício 5. Acerca da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, assinale a alternativa CORRETA: a) A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devi- damente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. b) O nome empresarial deverá ser constituído na forma de razão so- cial, exclusivamente, seguida pela inclusão da expressão “EIRELI”. c) A empresa individual de responsabilidade limitada não poderá re- sultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. d) Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades simples. 6. Estabelecimento Empresarial 6.1 Apresentação Nestaunidade, será estudado o estabelecimento empresarial. 6.2 Síntese Segundo o art. 1.142 do CC: Art. 1.142. “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organi- zado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.” D ire ito E m pr es ar ia l 23 O estabelecimento empresarial tem, ainda, como expressões sinonímias: azienda, fundo de comércio, fundo de empresa. Compõem o estabelecimento empresarial todos os bens materiais e ima- teriais direcionados ao exercício da atividade empresarial, como: bens móveis, bens imóveis, ponto comercial, marcas, patentes. Existem inúmeras teorias a respeito da natureza jurídica do estabelecimen- to empresarial, mas as mais aplaudidas tratam o estabelecimento como uma universalidade. Para uma corrente esta universalidade seria de direito, vez que está prevista em lei, para outra, tal universalidade seria de fato em razão do destino que lhe é dado pelo próprio empresário. Acerca dos elementos que compõem o estabelecimento empresarial, um deles merece destaque. É o ponto comercial. Em razão de sua importância, o ponto comercial possui proteção especial quando o imóvel em que está situado o estabelecimento não é de propriedade do empresário, mas encontra-se locado por ele. Nesta situação, caso o locador – proprietário do imóvel – não deseje renovar o contrato de locação, em razão da importância do ponto comercial para o desenvolvimento dos negócios, o legisla- dor previu a chamada Ação Renovatória prevista no art. 51 da Lei nº 8.245/1991. Assim, caso o locatário preencha os requisitos do art. 51 daquela lei, caberá ao locador – proprietário do imóvel – renovar a locação, exceto se verificadas uma das hipóteses dos arts. 52 e 72, II e III, da mesma lei. Por fim, vale destacar o aspecto do aviamento do estabelecimento empresarial. Aviamento, goodwill, ou goodwill of a trade refere-se à perspectiva de lucro do empresário em razão da organização do seu estabelecimento empresarial. Cabe destacar que o aviamento não é um elemento do estabelecimento, mas um atributo, de modo que, quanto mais organizado – concatenado para a ativi- dade empresarial – estiver o estabelecimento maior será o seu aviamento (pers- pectiva de lucro). É o que se percebe, nitidamente, num sistema de franquias, por exemplo. É por isso que um empresário que possui ponto comercial estratégico, imó- vel limpo e bem organizado, marca registrada de destaque, boa estratégia de propaganda e marketing, organização hierarquizada de seus empregados com sistema de prêmios e promoções etc., têm probabilidade de apresentar margem de lucro muito superior em relação a um empresário que possua seu estabele- cimento desorganizado e despreparado. Exercício 6. Estabelecimento e fundo de comércio como institutos jurídicos são, respectivamente: D ire ito E m pr es ar ia l 24 a) Coisa móvel e coisa imaterial. b) Coisa imóvel e clientela. c) Universalidade de direito e direito sobre o título do estabelecimento. d) Coisa composta e valor que acresce ao patrimônio social. e) Universalidade de fato e mais-valia comercial. 7. Estabelecimento Empresarial – Trespasse 7.1 Apresentação Nesta unidade, será estudado o estabelecimento empresarial, sendo abordado o trespasse. 7.2 Síntese Juridicamente, o estabelecimento empresarial representa um bem do qual o empresário (sujeito) é seu proprietário. Neste sentido, como bem que é, ele pode ser objeto de negócios jurídicos: Art. 1.143. “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de ne- gócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.” O mais importante negócio que pode ser realizado tendo por objeto o esta- belecimento empresarial, certamente é sua alienação que se instrumentaliza por um contrato denominado contrato de trepasse. Tal negócio, uma vez celebrado, implica na sucessão empresarial entre o empresário alienante do estabelecimento e seu adquirente, de modo que o primeiro sucederá o segundo em relação a todas as suas dívidas, créditos e con- tratos, nos termos do Código Civil, tratando-se de obrigação de natureza civil ou comercial. Já se a obrigação for de caráter trabalhista ou tributário as regras se encontram expressas na CLT e CTN, respectivamente: Sucessão Empresarial: – Dívidas de Natureza Civil ou Comercial: Art. 1.146. “O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a par- tir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.” D ire ito E m pr es ar ia l 25 – Créditos de Natureza Civil ou Comercial: Art. 1.149. “A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.” – Contratos de Natureza Civil ou Comercial: Art. 1.148. “Salvo disposi- ção em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em 90 dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.” – Dívidas de Natureza Tributária: Art. 133. “A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: (I) inte- gralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; (II) subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da aliena- ção, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indús- tria ou profissão.” – Contratos de Natureza Trabalhista: Art. 448 – “A mudança na proprie- dade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.” Além disso, o contrato de trespasse só será eficaz uma vez publicado e aver- bado, conforme estabelece o art. 1.144 do CC: “O contrato que tenha por ob- jeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empre- sário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.” Ainda, no caso de ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em 30 dias a partir de sua notificação (art. 1.145, CC). Cabe destacar que, neste caso, se o empresário realizar o trespasse sem ter realizado o pagamento aos credores ou obtido seu consentimento, estará incidindo em prática de ato de falência, nos moldes do art. 94, III, “c”, da Lei nº 11.101/2005. D ire ito E m pr es ar ia l 26 Exercício 7. (X Exame OAB) Lavanderias Roupa Limpa Ltda. (“Roupa Limpa”) alienou um de seus estabelecimentos comerciais, uma lavanderia no bairro do Jacintinho, na cidade de Maceió, para Caio da Silva, empre- sário individual. O contrato de trespasse foi omisso quanto à possibili- dade de restabelecimento da “Roupa Limpa”, bem como nada dispôs a respeito da responsabilidade de Caio da Silva por débitos anteriores à transferência doestabelecimento. Nesse cenário, assinale a afirmativa correta: a) O contrato de trespasse será oponível a terceiros, independente- mente de qualquer registro na Junta Comercial ou publicação. b) Caio da Silva não responderá por qualquer débito anterior à trans- ferência, exceto os que não estiverem devidamente escriturados. c) Na omissão do contrato de trespasse, Roupa Limpa poderá se res- tabelecer no bairro do Jacintinho e fazer concorrência a Caio da Silva. d) Não havendo autorização expressa, “Roupa Limpa” não poderá fa- zer concorrência a Caio da Silva, nos cinco anos subsequentes à transferência. 8. Obrigações do Empresário – Registro 8.1 Apresentação Nesta unidade, serão estudadas as obrigações do empresário, como é o caso do registro, por exemplo. 8.2 Síntese Todo e qualquer empresário está obrigado a proceder com seu registro, mesmo antes do início de suas atividades, conforme art. 967 do CC. O registro do empresário deverá ser realizado no Registro Público de Empresas mercantis, cujo órgão de execução é a Junta Comercial. As sociedades simples deverão realizar seu registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Acerca de seus efeitos, pode-se destacar: · Para o empresário individual, EIRELI e sociedades empresárias: – Tornam a atividade regular, de modo que, a ausência de registro torna o empresário um sonegador de tributos e, assim, não poderá D ire ito E m pr es ar ia l 27 requerer recuperação judicial ou extrajudicial, não poderá requerer a falência de outro empresário, não poderá requerer seu enquadra- mento como microempresário, empresário de pequeno porte ou microempreendedor individual. · Para a EIRELI e sociedades empresárias, somente: Atribuirão a elas a distinção entre o patrimônio de seus sócios ou titulares e o patrimônio da pessoa jurídica. A disciplina jurídica do Registro de Empresas Mercantis encontra-se na Lei nº 8.934/1994. Desta norma, cabe destacar: · Art. 3º: refere-se à organização dos órgãos de registro: · Art. 32: disciplina os atos de registro: – Matrícula. – Arquivamento. – Autenticação. No que se refere ao prazo para arquivamento dos atos constitutivos, destaca o art. 36 da referida lei: Art. 36. “Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apre- sentados a arquivamento na Junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o conceder.” · Art. 60: refere-se à questão da inatividade: Art. 60. “A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no período de 10 anos consecutivos deverá comunicar à Junta Comercial que deseja manter-se em funcionamento. § 1º Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a Junta Comercial o cancelamento do registro, com a perda automática da proteção ao nome empresarial. D ire ito E m pr es ar ia l 28 § 2º A empresa mercantil deverá ser notificada previamente pela Junta Co- mercial, mediante comunicação direta ou por edital, para os fins deste artigo. § 3º A Junta Comercial fará comunicação do cancelamento às autoridades arrecadadoras, no prazo de até 10 dias. § 4º A reativação da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos reque- ridos para sua constituição.” Exercício 8. Sobre o registro do empresário é CORRETO afirmar: a) A sua ausência impede a utilização do benefício da recuperação judicial. b) É facultativo às sociedades empresárias que exploram atividades claramente mercantis. c) Somente para iniciar as atividades é que o empresário pratica o ato de registro. d) Deve ocorrer após o início das atividades. 9. Obrigações do Empresário – Escrituração 9.1 Apresentação Nesta unidade, serão estudadas as obrigações do empresário, como é o caso da escrituração. 9.2 Síntese O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. A escrituração do empresário é feita em seus livros. Os livros classificam-se em empresariais e não empresariais. Aqueles se refe- rem às questões contábeis e estes às demais, por exemplo, questões trabalhistas. O empresário pode manter quantos livros desejar, porém, há alguns livros empresariais que são obrigatórios. Entre eles, alguns são obrigatórios somente para certas espécies de empresários, são os chamados livros obrigatórios espe- ciais. Nesta categoria tem-se o livro de registro de duplicatas, obrigatório so- D ire ito E m pr es ar ia l 29 mente para aqueles empresários que se valem do uso da duplicata; o livro de registro de ações nominativas, obrigatório somente para empresários constituí- dos na forma de sociedade anônima. Como livro obrigatório geral, ou seja, livro empresarial obrigatório a todo e qualquer empresário, tem-se o livro Diário. O Diário poderá, ainda, ser substi- tuído por fichas, no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. A escrituração empresarial goza de requisitos intrínsecos e extrínsecos. Como requisito extrínseco tem-se que os livros empresariais deverão ser autenticados pelas Juntas Comerciais, nos termos do art. 1.180 do CC. Como requisito intrínseco tem-se que a escrituração deverá ser feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronoló- gica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Além disso, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. Como dito, todo e qualquer empresário é obrigado a manter escrituração contábil da forma apresentada – livro Diário. Como exceção a esta regra tem- -se o pequeno empresário (microempreendedor individual, microempresário e empresário de pequeno porte), conforme quadro a seguir: Microempreendedor individual Dispensado de qualquer forma de escrituração – Art. 1.179, § 2º, CC. Microempresário e Empresário de Pe- queno Porte Optante pelo SIMPLES Deve manter escrituração na forma exigida pelo art. 26 da LC nº 123/2006: Art. 26. As microempresas e empresas de pequeno por- te optantes pelo Simples Nacional ficam obrigadas a: I – emitir documento fiscal de venda ou prestação de serviço, de acordo com instruções expedidas pelo Co- mitê Gestor; II – manter em boa ordem e guarda os documentos que fundamentaram a apuração dos impostos e contri- buições devidos e o cumprimento das obrigações aces- sórias a que se refere o art. 25 desta Lei Complemen- tar, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. Microempresário e Empresário de Pe- queno Porte Optante pelo SIMPLES Deve manter escrituração na forma exigida pelo art. 26 da LC nº 123/2006, acrescida de seu § 2º: § 2º As demais microempresas e as empresas de pequeno porte, além do disposto nos incisos I e II do caput deste artigo, deverão, ainda, manter o livro-caixa em que será escriturada sua movimentação financeira e bancária. D ire ito E m pr es ar ia l 30 Os livros empresariais são regidos pelo Princípio do Sigilo dos Livros. Isto, porque nesses livros encontra-se o curso de toda a atividade empresarial e, por tal razão, somente o próprio empresário, seus administradores e prepostos auto- rizados é que poderão ter acesso a eles. Neste sentido: Art. 1.190. “Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligênciapara verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.” Porém, há algumas exceções ao Princípio do Sigilo dos Livros: Art. 1.191. “O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.” Art. 1.193. “As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escri- turação, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais.” Os livros empresariais também gozam de força probatória, nos termos a seguir: Art. 1.191. “O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. § 1º O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empre- sária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. § 2º Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz.” Art. 1.192. “Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antece- dente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § 1º, ter-se-á como verda- deiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros.” Exercício 9. A obrigação de manter a escrituração das operações comerciais seja em livros seja de forma mecanizada, em fichas ou arquivos eletrônicos: a) Serve para que, periodicamente, se apure a variação patrimonial. b) Permite que se apure o cumprimento das obrigações e sua regu- laridade. D ire ito E m pr es ar ia l 31 c) Serve para preservar informações de interesse dos sócios das socie- dades empresárias. d) Constitui prova do exercício regular de atividade empresária. e) Facilita a organização de balancetes mensais para prestação de contas aos sócios. 10. Nome Empresarial 10.1 Apresentação Nesta unidade, será estudado o nome empresarial. 10.2 Síntese Nome empresarial representa a identificação do empresário. Poderá operar-se de acordo com a seguinte classificação: Espécies de nome empresarial Tipo de empresário que utiliza esta espécie Forma do nome empresarial Firma Individual Empresário Individual Nome Civil do Em- presário Individual (Art. 1.156 do CC) Firma ou Razão Social a) Sociedades Empresárias em que a responsabilidade dos sócios é li- mitada ou mista (Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples, Sociedade em Comandita por Ações); b) Exceção à regra da letra “a”: So- ciedade Limitada. (art. 1.158, CC); c) EIRELI pode optar por esta es- pécie de nome empresarial. Composto pelo Nome dos Sócios: – Atente-se para a ressalva do art. 1.157 do CC. Denominação a) Sociedades em que a responsa- bilidade dos sócios seja limitada. (Sociedade Limitada e Sociedade Anônima – art. 1.160, CC); b) Exceção à regra da letra “a”: So- ciedade em Comandita por Ações (art. 1.161, CC). Deve conter, obri- gatoriamente, a in- dicação do objeto social. D ire ito E m pr es ar ia l 32 O nome empresarial é regido, ainda, pelo princípio da veracidade, segundo art. 1.165 do Código Civil: Art. 1.165. “O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.” A proteção ao nome empresarial decorre de seu registro no Registro Públi- co de Empresas Mercantis a cargo da Junta Comercial, neste sentido: Art. 1.163. “O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscri- tos, deverá acrescentar designação que o distinga.” Art. 1.166. “A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.” Art. 1.167. “Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.” Art. 1.168. “A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimen- to de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu.” Além disso, não poderá o nome empresarial ser objeto de alienação, ca- bendo, para tanto, uma única exceção. Tal exceção ocorre quando se opera a venda do estabelecimento empresarial. Neste caso, o adquirente poderá, se o contrato permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. (Art. 1.164 do CC). Exercício 10. O nome comercial ou de empresa, ou, ainda, o nome empresarial, compreende, como expressão genérica, três espécies de designação: a firma de empresário (a antiga firma individual), a firma social e a denominação. Rubens Requião. Curso de direito comercial. 1º vol., 27. ed., São Paulo: Saraiva, 2007, p. 231 (com adaptações). Considerando a doutrina relativa às espécies de nomes comerciais, as- sinale a opção correta: a) O direito brasileiro se filia ao sistema legislativo da veracidade ou da autenticidade. Assim, a firma individual deve ser constituída sob o patronímico do empresário individual. b) A omissão do termo “limitada” na denominação social não impli- ca, necessariamente, a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores da firma. D ire ito E m pr es ar ia l 33 c) A utilização da expressão “sociedade anônima” pode indicar a fir- ma de sociedade simples ou empresária. d) O registro do nome comercial na junta comercial de um estado garante à sociedade constituída a exclusividade da utilização inter- nacional da denominação registrada. Capítulo 2 Direito Societário 1. Conceito de Sociedades 1.1 Apresentação Nesta unidade, será estudado o Direito Societário, começando pelo conceito de sociedades. 1.2 Síntese As sociedades representam espécies de pessoa jurídica de direito privado, nos termos do art. 44, II, do Código Civil. Pessoa jurídica é a existência legal de uma sociedade, associação ou insti- tuição, que aferiu o direito de ter vida própria e isolada das pessoas físicas que a constituíram. É a união de pessoas ou bens capazes de possuir e exercitar di- reitos e contrair obrigações, independentemente das pessoas físicas, que agem através das quais. É, portanto, uma nova pessoa, com personalidade distinta da D ire ito E m pr es ar ia l 35 de seus membros (da pessoa natural). Sua existência legal dá-se em decorrên- cia de leis e só nascerá após o devido registro nos órgãos públicos competentes (Cartórios ou Juntas Comerciais – art. 45 do Código Civil). A pessoa jurídica é uma criação legal, uma ficção, instituída para atender à necessidade humana no tocante às relações comerciais e afins. Assim, especificamente no que toca às sociedades, o art. 981 do Código Civil apresenta seu conceito: Art. 981. “Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.” Vê-se, pois, que as sociedades são, na verdade, um agrupamento de, no mínimo duaspessoas – sócios –, que se unem constituindo um novo ente – a sociedade – com personalidade jurídica própria, para o exercício de uma ati- vidade econômica. Nota-se, que ao falar em atividade econômica, entende-se que o intuito de seu exercício é lucrativo. Além disso, para tal prática é necessário o empenho comum de cada sócio, com bens ou serviços que, em contrapartida, terão entre si a partilha dos resul- tados – positivo ou negativo – obtidos pela sociedade. Neste momento importa destacar que, muitas vezes, na praxe comum, so- ciedade é utilizada como sinônimo de empresa. Porém, como visto, empresa é a atividade desenvolvida por um empresário, que pode ser pessoa física ou jurídica. No caso de ser uma pessoa jurídica, portanto, ele poderá se consti- tuir na forma de sociedade (ou EIRELI), vez que esta representa uma espécie de pessoa jurídica com intuito lucrativo ao revés das fundações, associações e cooperativas. Assim, sociedade não é sinônimo de empresa, mas espécie de empresário, na modalidade de pessoa jurídica. Por fim, para se tornar pessoa jurídica é necessário efetuar o registro no órgão competente, nos termos do art. 985 do CC: Art. 985. “A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).” Tecnicamente diz-se que a pessoa jurídica somente adquire personalidade quando realiza o registro, diversamente do que ocorre com as pessoas físicas que adquirem personalidade – aptidão genérica para titularizar direitos e con- trair obrigações – do nascimento com vida (art. 2º do CC). As sociedades – espécies de pessoas jurídicas de direito privado – classifi- cam-se, ainda, em sociedades simples e sociedades empresárias. O que as difere é o objeto social, ou seja, a atividade que desenvolvem: Art. 982. “Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.” D ire ito E m pr es ar ia l 36 Assim, como visto, sabe-se que sociedade empresária é espécie de empresá- rio pessoa jurídica. Pelo quê, a atividade – objeto social – desenvolvido por ela não pode ser outra que não a empresa. Sociedade empresária tem por objeto social, portanto, uma atividade econômica exercida de forma profissional, or- ganizada e voltada para a circulação ou produção de bens ou serviços – art. 966 do Código Civil. A sociedade simples apresenta, portanto, um conceito residual envolvendo, assim, como objeto social, toda atividade que não é empresa. Já que a sociedade simples não é espécie de empresário! Repita-se: o empresário, pessoa jurídica, poderá ser uma sociedade empresária. SOCIEDADE SIMPLES NÃO É EM- PRESÁRIO, PORQUE NÃO EXERCE A EMPRESA. Por este viés, enquadra-se como sociedade simples a sociedade que tem por objeto atividade intelectual de natureza científica, literária ou artística, desde que seu exercício não constitua “elemento de empresa”. Como visto, esta prática não é considerada atividade empresária, pelo quê, quem a exerce não é considerado empresário. Indo além, se quem a exerce for uma pessoa jurídica constituída na forma de sociedade, esta, certamente, será uma sociedade simples. Vê-se, portanto, que o que difere a sociedade simples da empresária é o objeto social, salvo as exceções previstas nos arts. 982, parágrafo único, e 984 do CC: Art. 982, parágrafo único. “Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.” Art. 984. “A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária”. Neste último caso, atente-se que a sociedade que tem por objeto social o exercício de atividade própria de empresário rural poderá optar por ser ou não empresário. Esta opção é feita no momento em que a sociedade se registra. Neste sentido, caso efetue o registro no Registro Público de Empresas Mer- cantis, a cargo das Juntas Comerciais, será considerada sociedade empresária. Caso contrário, concluindo o registro no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, será considerada sociedade simples (art. 1.150, CC). Em resumo: Sociedade simples Sociedade empresária O que as diferencia é o OBJETO SOCIAL, vez que: a SOCIEDADE EM- PRESÁRIA tem por objeto a empresa (art. 966, CC) e a SOCIEDADE SIMPLES a atividade não empresária (art. 966, parágrafo único, CC). D ire ito E m pr es ar ia l 37 Exceção: Exceção: Independente do seu objeto social as cooperativas sempre serão SO- CIEDADE SIMPLES (art. 982, pa- rágrafo único, CC). Independente de seu objeto as so- ciedades por ações sempre serão SOCIEDADES EMPRESÁRIAS (art. 982, parágrafo único, CC). Sociedade que tenha como objeto social atividade rural que tenha se registrado no Registro Civil de Pes- soa Jurídica – art. 984 c/c art. 1.150 do CC. Sociedade que tenha como objeto social atividade rural que tenha se registrado no Registro Público de Empresas Mercantis – art. 984 c/c art. 1.150 do CC. As sociedades simples não se sujeitam ao regramento empresarial como exigências quanto ao registro, escrituração, ao instituto da falência e recupera- ção judicial. Cabe, finalmente, destacar que ambas – simples e empresária – têm intuito lucrativo, com a única exceção das cooperativas que são espécies de sociedades simples, como destacado no art. 982, parágrafo único, do CC. Exercício 11. A sociedade simples difere, essencialmente, da sociedade empresária por que: a) Aquela não exerce atividade própria de empresário sujeito a regis- tro, ao contrário do que ocorre nesta. b) Aquela não exerce atividade econômica nem visa ao lucro, ao con- trário desta. c) Naquela, a responsabilidade dos sócios é sempre subsidiária, en- quanto nesta, é sempre limitada. d) Aquela deve constituir-se apenas sob as normas que lhe são próprias, enquanto esta pode constituir-se utilizando-se de diversos tipos. 2. Sociedades Não Personificadas 2.1 Apresentação Nesta unidade, será estudado o Direito Societário, sendo abordadas as sociedades não personificadas. D ire ito E m pr es ar ia l 38 2.2 Síntese Como dito, as sociedades adquirem personalidade jurídica quando efeti- vam seu registro no órgão competente. – Sociedade Empresária – Registro Público de Empresas Mercantis a car- go das Juntas Comerciais. – Sociedade Simples – Registro Civil de Pessoa Jurídica. Porém, sabe-se que há um grande número de atividades desenvolvidas na informalidade. Ou seja, são pessoas que se reúnem, constituem sociedades, iniciam suas atividades, mas não efetuam o registro. Sabendo de tal prática e desejando atribuir um mínimo de segurança, tratou o legislador de prever algum regramento para estas sociedades, denominadas, assim, de sociedades não personificadas. São elas a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação. A sociedade em comum encontra-se descrita no art. 986 do CC: Art. 986. “Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a socieda- de, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.” Assim, sociedade em comum é aquela que, embora possua os atos consti- tutivos – contrato social – não os levou a registro, pelo quê, deixa de ter perso- nalidade jurídica. É importante distinguir a sociedade em comum da sociedade de fato e da irregular. Nestesentido, para a maioria da doutrina: · Sociedade de fato: é a sociedade sem contrato escrito. · Sociedade em comum: é a sociedade em formação, aquela que tem um contrato escrito, mas que ainda não foi devidamente registrado no órgão competente. · Sociedade irregular: é a sociedade com contrato escrito e registrado, mas que apresenta irregularidade superveniente ao registro. Apesar disso, parte da doutrina ainda compreende a sociedade em comum como sinônima às sociedades irregulares e de fato. Sendo despidas de registro, uma preocupação do Código foi disciplinar a prova da existência desta sociedade em comum, sobretudo, visando a solução de controvérsias judiciais quando houver conflitos entre a sociedade e terceiros ou entre a sociedade e os sócios entre si. Assim prevê o art. 987: Art. 987. “Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová- -la de qualquer modo.” Finalmente, o ponto mais relevante a ser analisado acerca da sociedade em comum refere-se à responsabilidade de seus sócios. D ire ito E m pr es ar ia l 39 Quando se analisa a responsabilidade dos sócios perante uma sociedade o que se perquire, na verdade, é verificar a possibilidade do patrimônio pessoal de cada sócio poder ser atingido em razão de obrigações contraídas não por eles, mas pela sociedade. Assim, sabendo que a sociedade em comum não possui personalidade jurídica, seria imediato imaginar que não detém patrimônio próprio, distinto do patrimônio pessoal de seus sócios. Ocorre que o legislador reconheceu a existência de um patrimônio especial de titularidade em comum dos sócios, porém, distinto de seus patrimônios pessoais. Art. 988. “Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.” Portanto, quando se analisa a responsabilidade dos sócios da sociedade em comum, deve-se investigá-la em relação a este patrimônio especial. Neste sen- tido, conforme o art. 990 do Código Civil: Art. 990. “Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obri- gações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.” Em outras palavras, ao afirmar que os sócios estão protegidos pelo benefício de ordem do art. 1.024 do CC, quer-se dizer que há uma responsabilidade subsidiária do patrimônio pessoal dos sócios em relação ao patrimônio especial da sociedade. Por outro lado, quando a sociedade em comum contrai uma obrigação, é seu patrimônio especial que, em primeiro lugar responde por esta obrigação. Somente se este patrimônio especial for insuficiente para responder pela obrigação é que o patrimônio pessoal dos sócios poderá ser atingido de forma ilimitada (até que se esgote, salvo, é claro, os bens impenhoráveis) e solidariamente (o patrimônio de todos os sócios). Destaque-se que este benefício de ordem, ou seja, esta relação de subsidia- riedade somente não se aplica em relação àquele sócio que contratou em nome da sociedade. A relação deste quanto ao patrimônio especial da sociedade é de solidariedade. Resumidamente, quando uma sociedade em comum contrai uma obriga- ção, o patrimônio que, em primeiro lugar, responde por ela é o patrimônio em comum somado ao patrimônio pessoal do sócio que em nome dela contraiu a referida obrigação. Somente se estes patrimônios forem insuficientes é que os patrimônios pessoais dos demais sócios poderão ser atingidos e aí sim de forma ilimitada e solidária. Exercício 12. (V Exame da OAB/FGV) A respeito da sociedade em comum, é correto afirmar que: D ire ito E m pr es ar ia l 40 a) Os sócios respondem individual e ilimitadamente pelas obrigações sociais. b) São regidas pelas disposições das sociedades simples. c) Na relação com terceiros, os sócios podem comprovar a existência da sociedade de qualquer modo. d) Os sócios são titulares em comum das dívidas sociais. 3. Sociedades Não Personificadas – Sociedade em Conta de Participação 3.1 Apresentação Nesta unidade, será estudado o Direito Societário, sendo abordadas as sociedades em conta de participação. 3.2 Síntese A Sociedade em conta de participação aparece como a segunda espécie de sociedade não personificada. Segundo o art. 991 do CC: Art. 991. “Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome in- dividual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes.” Esta sociedade possui dois tipos de sócios. O ostensivo e os participantes (ocultos). Na verdade, esta é uma sociedade que só existe internamente, entre os só- cios. Perante terceiros, só aparece o sócio ostensivo, que exerce, em seu nome individual, a atividade empresarial e responde sozinho pelas obrigações con- traídas. Os demais sócios – participantes – não aparecem nas relações com terceiros, apenas participando dos resultados sociais. Art. 991, parágrafo único. “Obriga-se perante terceiro tão somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social.” Apesar de o citado dispositivo informar sobre o contrato social, este nem mesmo precisa existir, uma vez que a constituição de tal sociedade independe de qualquer formalidade. Como consequência, a prova de sua existência pode se dar por qualquer meio. D ire ito E m pr es ar ia l 41 Art. 992. “A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito.” Porém, havendo um contrato social, este somente produz efeitos entre os sócios e, ainda, que seja levado a registro, tal ato não conferirá personalidade jurídica à sociedade. Art. 993. “O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a even- tual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personali- dade jurídica à sociedade.” O sócio participante tem o direito de fiscalizar a gestão dos negócios pelo sócio ostensivo, mas não pode tomar parte nas relações entre este e terceiros, sob pena de responder solidariamente com o ostensivo nas obrigações em que intervier. Art. 993, parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier.” Sendo o sócio ostensivo aquele que sozinho exerce o objeto social da so- ciedade, sua falência implica na dissolução da sociedade e na liquidação da respectiva conta. Por não ter personalidade jurídica, a conta de participação não possui um patrimônio social, mas, semelhante ao que ocorre à sociedade em comum, o legislador especificou um patrimônio especial: a contribuição do sócio partici- pante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais (art. 994, CC). Por tudo isto, grande parte da doutrina aponta a sociedade em conta de participação não como espécie de sociedade, mas como um contrato de investi- mentos. Percebe-se que em muito ela se afasta do próprio conceito de sociedade: · não é necessária a existência de contrato social; · ainda que haja um contrato e o mesmo seja levado a registro, isto não lhe atribui personalidade jurídica; · o sócio ostensivo é quem assume, perante terceiros, com exclusividade, a responsabilidade do empreendimento; · sócios participantes somente participam dos resultados sem participar da realização do objeto social; e · a liquidação deste tipo societário, dá-se pelo procedimento de prestação de contas previsto no Código
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