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Artigo Gabriele - Relacionamentos Conjugais

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RELACIONAMENTOS CONJUGAIS: dificuldades frente ao comprometimento na contemporaneidade
Gabriele Cheder Tedesco ¹
Maria Janaina dos Santos ²
Bárbara C. Rodrigues Fonseca ³
RESUMO
Atualmente, homens e mulheres têm a oportunidade de vivenciar inúmeros “amores”. Ambos esperam envolver-se profundamente e hesitam “entregar-se” e, assim “fecham-se” à outras possibilidades. Estar junto de alguém e não estabelecer relações duradouras marca a ambivalência das relações contemporâneas em que os relacionamentos são baseados somente na paixão e na intimidade, levando muitos casamentos, pela falta de comprometimento, ao insucesso conjugal. Visando investigar esta realidade e sua relevância para a sociedade em geral e, especialmente, para os psicólogos, este artigo de caracteristica bibliográfica tem como intuito reconhecer as dificuldades apresentadas na manutenção do comprometimento nos relacionamentos contemporâneos. 
Palavras-chave: Comprometimento. Contemporaneidade. Relacionamento Conjugal.
ABSTRACT
Today, men and women have the opportunity to experience many "loves". Both waiting involved deeply and hesitate "indulge" and, therefore, "close" to other possibilities. Be close to someone and not to establish lasting relations mark the ambivalence of contemporary relations in which relationships are based only in the passion and intimacy, leading many weddings, by lack of commitment to marital failure. To investigate this reality and its relevance to the society in general and, especially, for the psychologists, this article with characteristic literature has as to recognize the difficulties presented in maintenance of involvement in contemporary relationships.
Key-words: Involvement. Contemporaneity. Conjugal relationship.
Introdução
O relacionamento conjugal vem recebendo grande atenção da Psicologia nas últimas décadas, pois o ser humano necessita do convívio social, sendo essa uma exigência de sua natureza. Na nossa sociedade ocidental, as relações amorosas ocupam um papel central em nossa vida social e o amor tem sido entendido como base para as interações sociais e a chave de todas as escolhas humanas. São inegáveis a importância e frequência com que o amor se mostra em nossas vidas (NEVES, 2008).
Não podemos negar que os relacionamentos conjugais atuais estão fragilizados por novas configurações familiares que estão sendo construídas pela sociedade contemporânea. Para manter qualquer relacionamento de intimidade são exigidas algumas habilidades como autoconsciência, empatia, controle e transmissão das emoções, resolução de conflitos. Porém, ao se deparar com tais exigências algumas pessoas se veem desorientadas, sem conseguir decidir certamente se querem manter um relacionamento (PAPÁLIA et al., 2013). 
A partir da observação de uma crescente insatisfação na forma como se desenvolvem os relacionamentos amorosos, esta pesquisa, de natureza bibliográfica, objetiva reconhecer as dificuldades que alguns casais apresentam na manutenção do comprometimento nos relacionamentos contemporâneos. Destaca-se a relevância deste estudo por tratar-se de um assunto atual e que poderá proporcionar um maior conhecimento da dinâmica dos relacionamentos conjugais para que a população em geral e profissionais de diversas áreas possam compreender e serem auxiliados quanto ao grande número de casais que necessitam de orientações e auxílio.
Uma visão acerca do comprometimento conjugal
A vida humana, assim como a de outros seres vivos é feita de etapas que são chamadas de Ciclo de vida, que significa o conjunto de transformações que podem ocorrer em indivíduos de uma determinada espécie para assegurar a sua continuidade. Assim, os seres vivos nascem, desenvolvem-se e morrem; etapas naturais da condição vivente, ou seja, algo esperado, um evento normativo. Neste mesmo sentido, para se alcançar as expectativas em um casamento é necessário um processo de conhecimento, amadurecimento e outras particularidades que o casal experimentará ao longo dessa caminhada. Antes de qualquer vínculo definitivo, será preciso viver bem a experiência do namoro, tempo que precede o casamento, a época de conhecer e amar uma pessoa (ARQUEJADA, 2013).
É um modo privilegiado de vivermos a paixão, a amizade, o companherismo e a apreciação de uma pessoa por outra e uma experiencia imprescindível a todo casal. É a primeira noção de como é conviver “para sempre” com a pessoa amada, a base para, no futuro, optar por continuar com o(a) pretendente ou não; escolha que deverá ser para toda a vida e que carrega consequências importantes, nas quais nunca mais se poderá voltar atrás, como os filhos (ARQUEJADA,2013, p.24).
Diante da fragilidade em que se encontram os relacionamentos, criam-se novos formatos para os laços conjugais onde os indivíduos encontram-se ansiosos por uma relação amorosa estável e intensa, porém, com o mínimo de comprometimento. Para tanto, podemos usar a expressão de que atualmente busca-se “criar laços frouxos” (BAUMAN, 2004). 
 Em meados passados, as etapas que antecediam o casamento eram vistas como um acordo entre duas famílias. Muitas vezes não existia entre o futuro casal nenhum vínculo afetivo, apenas um comprometimento entre seus pais. A mentalidade desta epoca fazia com que as pessoas acreditassem que o amor viria com o tempo, pois, o mais importante seria a conquista da estabilidade, da segurança e da descendência. Os sentimentos, os desejos e as escolhas tendiam a ser reprimidos, já que não eram considerados importantes (MACHADO, 2007).
De fato, as pessoas casam-se por várias razões, como dar visibilidade à sua relação afetiva, buscar a estabilidade econômica e social, formar família, procriar e educar seus filhos, legitimar o relacionamento sexual ou, ainda, obter direitos como nacionalidade. Por fim, a nova era nos trouxe o direito das escolhas e a independência. O casamento já não mais acontece sem o consentimento do casal, mas pelos laços de afeição existente entre ambos. Assim, Machado (2007, p. 21) atesta que “o casamento é considerado o mais forte prognóstico de felicidade e bem-estar pessoal e como relacionamento essencial que melhor satisfaz nossas necessidades emocionais basicas”. 
Hoje, homens e mulheres têm a oportunidade de vivenciar inúmeros “amores”. Ambos esperam envolver-se profundamente e hesitam “entregar-se” e, assim “fechar-se” á outras possibilidades. Estar junto de alguém e não estabelecer relações duradouras marca a ambivalência das relações contemporâneas (BAUMAN, 2004).
Segundo a Teoria Triangular do Amor, de Sternberg (1985), os três elementos que somatizam os diferentes tipos de relacionamentos entre as pessoas são: a intimidade, a paixão e o comprometimento. A intimidade é o elemento emocional; envolve auto-revelação que leva à conexão, à afetuosidade e à confiança. A paixão é o elemento motivacional e baseia-se em impulsos internos que traduzem a excitação fisiológica em desejos sexuais. Já o comprometimento é o elemento cognitivo, a decição de ficar com o ser amado. É o grau de presença de cada um desses três elementos no relacionamento que determina que tipo de amor as pessoas vivenciam. (PAPALIA et al., 2013). 
O que temos observado é um aumento substancial em relacionamentos baseados somente na paixão e na intimidade; assim, a falta de comprometimento em muitos casamentos pode levar, consequentemente, ao insucesso conjugal. No universo conjugal, os indivíduos, ao mesmo tempo em que mantém o desejo de casarem-se, cultuam uma mobilidade nos padrões do casamento, de modo que as relações insatisfatórias são resolvidas com o rompimento da sociedade conjugal. Nesse ínterim, o aumento da formalização dos casamentos e a alta incidência dos divórcios despontam como fenômenos característicos de uma sociedade contemporânea que comporta um acasalamento de contrários (DINIZ-NETO, 2005).
Podemos dizer que a paixão e a intimidade configuram-se como as primeiras instâncias do amor entre um casal, pois são elementos que promovem emoção e motivação. No entanto, a continuidadeao longo dos anos e muitas vezes a felicidade conjugal almejada, não virá somente pela vivência dos sentimentos e troca de afetos, mas pelo vínculo estabelecido entre o casal; ou seja, pela decisão tomada de permanecer juntos. Esta não é uma tarefa fácil, considerando-se que, por muitas vezes, o casal precisará esforçar-se para manter a união a que se propuseram (ARQUEJADA, 2013). 
Conforme o tempo de convívio, o amor vai surgindo e a tendência é uma análise mais crítica e apurada da outra pessoa, ultrapassando a imagem inicial e desenvolvendo uma imagem consciente que se sobrepõe às primeiras emoções. A partir daí torna-se possível distinguirmos a aparência da essência, a imagem da verdade e o parecer do ser, remetendo-se à verdade sobre o outro. O comprometimento então virá como etapa que envolve a capacidade racional: “antes houve um encaminhamento natural - primeiro por conta dos instintos e sentimentos, e depois pela percepção, conhecimento e amizade - que culminou na necessidadede de tomar uma decisão racionalmente” (ARQUEJADA, 2013, p.98).
Ao se analisar a qualidade dos casamentos de longa duração, pode-se observar que a satisfação entre os casais segue uma curva em forma de “U”. Normalmente nos primeiros anos de casados os casais tendem a passar por momentos de crise marcados pelas grandes responsabilidades conjugais e profissionais que, muitas vezes, se resolverão após alguns anos de convivência. Porém, depois, a satisfação e duração do casamento tornam-se equilibradas (PAPALIA et al., 2013).
A constituição e a manutenção do casamento contemporâneo são muito influenciadas pelos valores do individualismo. Os ideais da modernidade em vista da relação conjugal enfatizam mais a autonomia e a satisfação de cada cônjuge do que os laços de dependência entre eles (MACHADO, 2007). Nessas circunstâncias, o divórcio apresenta-se como uma das saídas possíveis, mediante o descontentamento de um ou de ambos os parceiros. Acredita-se ainda que a contemporaneidade revela-se como uma era de possibilidades onde se faz presente um “amor líquido”, visto que a fragilidade e a curta duração dos vínculos são reconhecidas socialmente. (MIRANDAL, 2008)
A propósito, as análises demográficas realizadas pelo IBGE (2013), informam que, no âmbito nacional, pôde ser constatada ao longo de 2012 uma diminuição do número de divórcios o número representa redução de 1,4% em relação a 2011, passando de 351.153 para 341.600. Observamos então uma melhora porem 2011 possui a maior taxa geral de divórcio da história, sendo assim concluímos que essa diminuição não é tão significativa. O IBGE explicou que uma mudança na legislação brasileira de 2010, sobre a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, facilitou a separação. Assim, ficou mais ágil o processo de divórcio e, consequentemente, impulsionou as taxas, as quais passaram a um novo patamar.
Ainda podemos observar dentre os dados do IBGE (2013), onde a idade média em que o brasileiro solteiro se casa aumentou dois anos no país entre 2011 e 2012. Os homens, em média, se casam aos 28 anos, e as mulheres, aos 25 e em 2011, as idades médias para contrair casamento eram de 26 e 23, respectivamente.
Algumas das principais razões pelas quais os casais se divorciam são: falta de comprometimento, falta de comunicação, infidelidade conjugal, estresse financeiro e necessidades e expectativas não satisfeitas. Muitos casais podem decidir que o divórcio é mais fácil e menos doloroso do que tentar resolver qualquer problema que exista no casamento. Continuar casado pode ser difícil se apenas um parceiro estiver comprometido a fazer com que o relacionamento funcione. Segundo MACHADO (2007), muitos desses casais poderiam ser beneficiados com terapias de casais que tem como meta alcançar a satisfação conjugal. 
Por vezes, a falta de conhecimento e apoio, levam relacionamentos que poderiam ser salvos a chegarem ao fim. É possível, mesmo estando juntos há muito tempo, manter lembranças dos sentimentos e gestos do início do relacionamento, afinal, o amor é sempre capaz de reinventar-se. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atualidade do tema é algo acentuado na literatura, portanto reconhecer as dificuldades apresentadas na manutenção do comprometimento nos relacionamentos contemporâneos se torna complexo e podemos ver que trata-se de um assunto onde outras pesquisas são necessárias na área. Nessas circunstancias o que podemos ver são os relacionamentos conjugais atuais fragilizados por novas configurações familiares hoje, homens e mulheres têm a oportunidade de vivenciar inúmeros “amores” e nesse contexto muitas pessoas se veem desorientadas.
 O que temos observado é um aumento substancial em relacionamentos baseados somente na paixão e na intimidade como relatado sobre a Teoria Triangular do Amor a falta do comprimetimento torna-se um grande obstaculo para o sucesso conjugal. Os indivíduos, ao mesmo tempo em que mantém o desejo de casarem-se, cultuam uma mobilidade nos padrões do casamento, de modo que o rompimento da sociedade conjugal é a resolução.
A constituição e a manutenção do casamento contemporâneo são muito influenciadas pelos valores do individualismo. Os ideais da modernidade em vista da relação conjugal enfatizam mais a autonomia e a satisfação de cada cônjuge do que os laços de dependência entre eles. 
Queremos viver os afetos e a confiança de forma limitada, mas amar é e sempre será um risco. Amar nunca será um desperdício, e, ao pensar o contrário, corremos o risco de não fazê-lo com toda a força, sufocando esse dom. Dessa forma, cultivamos a infelicidade, não alcançamos o máximo de nosso potencial e aprisionamos uma parte de nós mesmos (ARQUEJADA, 2013, p.91).
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
ARQUEJADA, S. As cinco fases do namoro. São Paulo: Canção Nova, 2013.
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
DINIZ NETO, O. Jogos conjugais: proposta de um modelo construcionista social para terapia de casais. 2005, 241f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica) - Departamento de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. p. 28-43. Disponível em: <http://www.maxwell.lambda.ele.pucrio.br>.
MACHADO, L. M. Satisfação e insatisfação no casamento: os dois lados de uma mesma moeda? Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007.
MIRANDAL, C. E.; RAMOS, J. S. A fragilidade dos relacionamentos conjugais na contemporaneidade Unileste, Minas Gerais. 2008.
NEVES, A. S. A. As mulheres e os discursos genderizados sobre o amor: a caminho do "amor confluente" ou o retorno ao mito do "amor romântico"?. Revista de Estudos Feministas , Florianópolis, v. 15, n. 3, dez. 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2007000300006&lng=pt&nrm=iso.>.
PAPALIA, E. D.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano (12a ed.). Porto Alegre: Artmed, 2013.
¹ Discente do curso de Psicologia da FAEF – Garça-SP – Brasil. E-mail: gabitedesco_@hotmail.com
² Discente do curso de Psicologia da FAEF – Garça-SP – Brasil. E-mail: mmariajanainaa@gmail.com
³ Docente do curso de Psicologia da FAEF – Garça-SP – Brasil. E-mail: babi2121@hotmail.com

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