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História e Formação do Direito
DIREITO ROMANO
(Parte 01)
Professor Jefferson Lima
Faculdade Mineira de Direito 
Campus Coração Eucarístico
Direito Romano
Notas introdutórias
História de Roma é a história de todos nós. História que perpassa todo o ocidente e nos faz
oriundos dos mesmos pais, quais sejam: latinos, antes de tudo .. Isto com todos os defeitos e
qualidades que possam ser atribuídos à latinidade. Isto com todas as formas dos seres humanos,
iguais a nós, que conquistaram o mundo inteiro de então.
O que há de mais interessante na História de Roma na atualidade é que ela é tão desconhecida
quanto mal interpretada. Há muitos que pensam que os romanos eram apenas broncos violentos
com ânsia de conquistas e há muitos que nem sequer sabem que em nossa "genética cultural" há
tanta “romanidade” que nem podemos enumerar.
Somos romanos até quando falamos, nossa língua é filha do latim, somos romanos na nossa noção
urbana, somos romanos em nossa literatura, somos romanos mesmo quando ternos uma noção de
patriotismo. Somos romanos política e administrativamente. Mas, principalmente, somos romanos
quando falamos em Direito, quando fundamos nossa sociedade em um Estado de Direito. Direito
este sistematizado pelos romanos antigos.
Estudantes de Direito, advogados e juristas da atualidade não podem considerar Roma como mera 
curiosidade deerudição, ou simplesmente não a considerem. Tornando as palavras de Von Ihering:
Direito Romano
''A importância do Direito Romano para o mundo atual não consiste só em ter sido, por um
momento, a fonte ou origem do direito: esse valor foi só passageiro. Sua autoridade reside na
profunda revolução interna, na transformação completa que causou em todo nosso pensamento
jurídico, e em ter chegado a ser, como o Cristianismo, um elemento da Civilização Moderna.“
Em um sentido mais objetivo, a importância do estudo do Direito Romano faz-se óbvia quando
comparamos o Direito Romano com nosso Direito Civil. Nada menos que oitenta por cento dos
artigos de nosso Código foram confeccionados baseando-se direta ou indiretamente nas fontes
jurídicas romanas.
Ao iniciarmos nossos estudos sobre Roma, é necessário salientar algumas características básicas
deste povo. A primeira e mais visível é o fato de que quando tratamos de Roma tudo é superlativo,
enorme. Roma conquistou toda a volta do Mediterrâneo e não sem razão chamava este mar de
mare nostrum (nosso mar). Roma conquistou a Europa praticamente toda - tendo como fronteira a
parte norte da Grã Bretanha e a Alemanha. Roma, a cidade, chegou a ter mais de um milhão de
habitantes por volta do século I d.C.
A segunda característica é que os romanos tinham uma visão bastante altiva de si mesmos,
consideravam-se destinados a serem caput mundi, a cabeça do mundo. Sua vaidade se traduzia
em buscarem entrar para a história da cidade, tornarem-se eternos através da história.
Direito Romano
História de Roma: organização política
Iniciaremos o estudo do Direito Romano pelo aspecto da evolução política à medida que
utilizaremos conceitos e nomes que somente poderão ser entendidos após uma ambientação
preliminar. Esta somente se dá através de um estudo, ainda que superficial, das Instituições
Políticas dos diferentes momentos da História de Roma.
A história da urbs se divide em Realeza (da fundação de Roma até 510 a.C.), República (de 510
a.e. até o ano de 27 a.C.) e Império (de 27 a.C. até a morte de Justiniano em 566 d.C.). Este último
pode ainda ser subdividido erme Alto (de 27 a.C. até 284 d.C.) e Baixo Império (de 284 d.C. até a
morte de Justiniano); esta subdivisão baseia-se no absolutismo do imperador, que era menor no
primeiro e incondicional no segundo.
A Realeza e suas instituições políticas
A fundação de Roma, com os míticos gêmeos Rômulo e Remo, é datada de 753 a.C. Nos séculos
seguintes, Roma, como as outras Cidades- Estado da região, era governada por um rei. A realeza
em Roma era vitalícia, porém eletiva e, principalmente, não hereditária. As assembleias, chamadas
Comícios Curiatos, escolhiam o rei cujo nome havia sido proposto pelo Senado e investiam-no no
Imperium - poder total que abrangia os âmbitos civil, militar, religioso e judiciário.
Direito Romano
Este soberano era o juiz supremo, não havendo apelação contra suas sentenças.
Senatus vem da palavra senis, que quer dizer ancião. No final da realeza o senado era composto
por trezentos membros, que eram conselheiros do rei. Durante este período, o Senado não tinha
poder, aconselhava quando solicitado, mas o rei não era obrigado a seguir seus conselhos.
Já os Comícios Curiatos eram reuniões de todos os homens considerados como "povo", ou seja, os
patrícios e os clientes, ficando de fora os plebeus e os escravos.
A República e suas instituições políticas
Quando da fundação da República (Res + Publicae = coisa do povo), os romanos decidiram
pulverizar o poder executivo para as mãos de muitos, com mandatos curtos, um ano, na maior parte
dos casos, assim evitando que alguém pudesse ter um poder exacerbado nas mãos.
Somente o Senado permanecia vitalício, entretanto sua função primordial durante este período foi a
de cuidar de questões externas. Contudo, devido à temporariedade do mandato dos cargos
executivos da política republicana frente à vitaliciedade do senado, este acabava possuindo uma
autoridade permanente, tornando-se o centro do Governo. Estes que detinham o poder executivo
em Roma Republicana eram chamados Magistrados e cada qual tinha sua função específica.
Direito Romano
Eles eram divididos entre os Magistrados Ordinários e os Extraordinários. Os Ordinários - que mais
nos interessam neste estudo - (Cônsules, Pretores, Edis, Questores) eram permanentes e eram
eleitos anualmente. Os Extraordinários, como os censores, eram temporários e somente eram
escolhidos quando havia necessidade.
Os candidatos a determinada magistratura tinham que obedecer a determinadas condições.
Primeiramente, deveriam ser cidadãos plenos (optimo iure) e, dependendo do cargo almejado, já
terem exercido outras atividades públicas do cursus honorum.
O Cursus Honorum, ou caminho de Honra, era uma escala de cargos que deviam ser alcançados
sucessivamente, a saber: primeiro devia- se alcançar a questura e depois a edilidade, a pretura e o
consulado. No século I a.C. ficou estabelecida uma idade minima para o desempenho de cada uma
destas magistraturas: 31 anos para a questura, 37 anos para a edilidade, 40 anos para a pretura e
43 anos para o consulado.
Cônsules
Eram sempre em número de dois. Com poderes equivalentes (princípio da colegialidade). Eles
comandavam o exército, presidiam o senado e os Comícios, representavam a cidade em
cerimônias religiosas e em questões administrativas eles eram os superintendentes dos
funcionários. Era costume os cônsules repartirem entre si os poderes, cada qual reservando para si
uma esfera de ação ou exercendo as esferas alternadamente. No caso do comando na batalha,
Direito Romano
eles alternavam-se a cada .dia na chefia suprema do exército e, se houvesse mais de um palco de
operações, eles se distribuíam por acordo ou sorteio.
Pretores
São os magistrados mais importantes porque sua atuação era relativa à Justiça. Eram dois tipos: o
Pretor Urbano, que cuidava de questões envolvendo apenas romanos na cidade, e o Pretor
Peregrino, que cuidava de questões de justiça no campo e aquelas envolvendo estrangeiros. É
importante salientar que não há, hoje em dia, equivalência possível, quando se trata das funções do
Pretor. Este cuidava da administração da Justiça, mas não era juiz. Tratava da primeira fase do
processo entre particulares, verificando as alegações das partes e fixando os limites da disputa
judicial. Feito isto, o Pretor remetia o caso a um Juiz particular para que este julgasse o caso. A
partir da Lei Aebutia (séc.II a.C.), que modificou o processo, os pretores tiveram aumentado mais
ainda seus poderes discricionários, visto que, a partir de então,eles podiam fixar os limites da
contenda e dar instruções ao juiz particular em como este deveria proceder.
Edis
Os edis tinham função de cuidar fisicamente da cidade, ou seja, cuidavam das provisões da cidade, 
velavam pela segurança pública e pelo tráfego urbano, vigiavam aumentos abusivos de preços e a 
exatidão dos pesos e medidas do mercado, cuidavam da conservação de edifícios e monumentos 
públicos, da pavimentação da cidade, organizavam e promoviam os famosos jogos públicos.
Direito Romano
Questores
Durante a República estes magistrados cuidavam, principalmente, das questões da fazenda.
Custodiavam o tesouro público, cobravam os devedores e os denunciavam à justiça, seguiam
generais e governadores como tesoureiros.
Censores
Embora não fizesse parte do Cursus Honorum, era um cargo cobiçado como um dos mais
respeitados da República e, geralmente, só era ocupado por cidadãos respeitadíssimos e que já
tivessem ocupado o cargo de Cônsul. Eram eleitos de cinco em cinco anos, em número de dois,
mas cada um só permanecia no cargo por, no máximo, dezoito meses. Os censores eram
responsáveis pelo Censo (recenseamento) que era realizado de cinco em cinco anos. "Por turno de
tribos, os cidadãos se apresentavam, com seus bens móveis diante da repartição dos censores
(villa publica), instalada no Campo de Marte, para fazerem a declaração (fassio) do estado civil,
relações de serviço e riqueza, perante os censores, os notáveis das tribos e outras pessoas de
confiança. As mulheres, os filhos e clientes eram representados pelo chefe da família. Comissários
do censo eram enviados aos exércitos que se encontravam em campanha.“
Também e, principalmente, eles eram responsáveis pelo Regímen Morum, o policiamento dos
costumes. Eles podiam devassar a vida de um indivíduo, e maus exemplos, luxos, filosofias não
condizentes com o que era considerado romano, eram denunciados por eles nas Assembleias
Direito Romano
Públicas. Caso um acusado pelo censor tivesse sua culpa comprovada, poderia inclusive perder
por algum tempo seus direitos políticos.
O Império e Suas Instituições Políticas
Durante o Império a figura principal do governo romano era, obviamente, o Imperador. Este nome
Imperator significava que o princeps (primeiro homem de Roma) possuía o imperium em todos os
aspectos: o civil, o militar e o judiciário.
Neste período as magistraturas republicanas subsistem, mas não têm mais a força e importância
anterior. O Consulado, por exemplo, continua existindo até Justiniano, entretanto é um cargo
apenas honorífico. O Senado continua existindo, entretanto com cada dia atribuições mais
limitadas. Por outro lado, teve sua competência ampliada nos terrenos legislativo, eleitoral e judicial,
já que podia, conforme a vontade dos senadores, conhecer qualquer delito, principalmente atentado
contra o Estado ou a pessoa do Imperador.
As Mudanças em Roma Após as Conquistas
Como visto, dividimos tradicionalmente a História Romana em três partes, todas elas políticas. Vale
a pena destacar, principalmente para um entendimento panorâmico mais eficaz da História deste
povo, que há também uma outra forma de dividirmos o caminho dos romanos. É preciso apenas
que pensemos que Roma começou como uma pequena cidade do Lácio e tornou-se a capital do
Direito Romano
Mundo Conhecido. Era uma cidade de agricultores que se tornaram os donos do mundo. A
conclusão é clara, os romanos, antes das grandes conquistas, eram muito mais tradicionais que os
romanos de depois destas; estas eram mais cosmopolitas, mais voltados para o mundo e abertos a
mudanças.
Referências Bibliográficas
BETIOLI, Antonio Bento, Introdução ao Direito: Lições de Propedêutica Jurídica Tridimensional /
Antonio Bento Betioli. – 16. ed. – São Paulo: SaraivaJur, 2023.
BOBBIO, Norberto. Teoria da Norma Jurídica. 6ª ed. – São Paulo: Edipro, 2016.
BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 2ª ed. E 2ª reimpressão. – São Paulo:
Edipro, 2017
CASTRO, Flávia Lages de. História do direito: geral e Brasil. 10ª edição, Lumen Juris, 2023.
FERRAZ Jr., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: Técnica, decisão, dominação.
12ª. ed., 1ª. tiragem – São Paulo: Editora Atlas, 2023

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