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Dos Princípios Fundamentais - 1

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Dos princípios fundamentais
Profa. Sônia Letícia de Méllo Cardoso
DOS PRINCÍPOS FUNDAMENTAIS
Princípios e Normas
A palavra “princípio”, vem do termo latino principium, principii, significa origem, começo, base, ponto de partida, ou seja, apresenta vários sentidos.
“Princípio jurídico – mandamento nuclear do sistema, alicerce, pedra de toque, disposição fundamental, que esparge sua força por todos os escaninhos do ordenamento. Não comporta enumeração taxativa, mas exemplificativa, porque além de expresso, também pode ser implícito. Seu espaço é amplo, abarcando debates ligados à Sociologia, à Antropologia, à Medicina, ao Direito, à Filosofia, e, em particular, à liberdade, à igualdade, à justiça, à paz, etc. Exemplo: CF, art. 5º, II (princípio da legalidade – dele se extrai o princípio implícito da autonomia da vontade)” (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 384)
 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“Princípio constitucional – enunciado jurídico que serve de vetor de interpretação. Propicia a unidade e a harmonia do ordenamento. Integra as diferentes partes da constituição, atenuando tensões normativas. Quando examinado com visão de conjunto, confere coerência geral ao sistema, exercendo função dinamizadora e prospectiva, refletindo a sua força sobre as normas constitucionais. Apesar de veicular valores, não possui uma dimensão puramente axiológica, porque logra o status de norma jurídica. Violá-lo é tão grave quanto transgredir uma norma qualquer, pois não há gradação quanto ao nível de desrespeito a um bem jurídico. O interesse tutelado por uma norma é tão importante quanto aquele escudado em princípio. Exemplo: CF, art. 37, caput (princípio da eficiência)” (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 384)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“Norma-princípio – a dogmática jurídica atual reconhece que os princípios possuem normatividade. Propõe a construção de um Direito Constitucional principialista, em que as normas e os princípios não se postem como noções completamente antagônicas. Reconhece, contudo, que eles obedecem a diferentes graus de concretização. Assim, os princípios seriam normas jurídicas com um grau de generalidade relativamente elevado. Já as normas lograriam um espectro de ação muito mais reduzido do que os princípios (Esser). (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 384/385)
 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Da ótica da determinabilidade ou aplicação no caso concreto, os princípios demandariam um trabalho maior de concretização pela autoridade jurisdicional, enquanto a norma, cuja formulação seria menos vaga, não exigiria grande esforço (Larenz). Do ângulo do sistema das fontes do Direito, os princípios corroborariam normas de índole destacada na ordem jurídica em virtude de sua hierarquia dentro do sistema (Guatini). Os princípios seriam standarts juridicamente vinculantes, que colimam reclamos de justiça, lastreando-se numa ideia de direito, enquanto as normas seriam vinculantes (Dworkin). Exemplo: CF, art. 7º, II (norma-princípio que tutela o seguro emprego)” (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 384/385)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“Regra jurídica – é uma proposição científica da Ciência do Direito (Hans Kelsen). No fim dos anos setenta, o conceito de regra jurídica sofreu uma significativa mudança de rumos (Ronald Dworkin,Taking rights seriously, 1977). Regras não se confundem com princípios. As regras veiculam mandados de definição, aplicando-se, mediante subsunção, sob a forma de tudo ou nada (all or nothing). Por isso, não comportam meio-termo. Segundo Alexy, improcede a máxima “toda regra tem exceção”, pois regras são válidas (aplicáveis) ou inválidas (inaplicáveis) (Teoria de los derechos fundamentales, 1997). Já os princípios seriam mandados de otimização. [...] Exemplo: CF, art. 40, II (regra jurídica que estabelece a aposentadoria compulsória por idade; quando o servidor completa 70 anos, deve passar à inatividade - veja-se que isso não enseja maiores debates; está definido e pronto)”. (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 385)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“Sobreprincípio – princípio cujo conteúdo é mais amplo se comparado a outros de menor amplitude. Exemplo: CF, at. 5º, LIV (sobreprincípio do devido processo legal, que abarca princípios restritos, que dele dimanam, como vetores do juiz natural, do contraditório, da motivação das decisões judiciais etc.)” 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 385)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“A expressão “princípios fundamentais” do Título I, da Constituição Federal de 1988, expressa a noção de “mandamento nuclear de um sistema”. 
(SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 16. Ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 95)
 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“Princípios fundamentais são diretrizes imprescindíveis à configuração do Estado, determinam-lhe o modo e forma de ser. Refletem os valores abrigados pelo ordenamento jurídico, espelhando a ideologia do constituinte, os postulados básicos e os fins da sociedade.
São qualificados de fundamentais, porquanto constituem o alicerce, a base, o suporte, a pedra de toque do suntuoso edifício constitucional. Em nossa Constituição, vêm localizados no Título I, arts. 1º a 4º.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Tais princípios possuem força expansiva, agregando, em torno de si, direitos inalienáveis, básicos e imprescindíveis, como a dignidade humana, a cidadania, o pluralismo político, etc.
 
Dessa forma, buscam:
 
- garantir a unidade da Constituição brasileira;
- orientar a ação do interprete, balizando a tomada de decisões, tanto dos particulares como dos órgãos legislativos, executivos e judiciário; e
- preservar o Estado Democrático de Direito”. 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 384)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Os fundamentos da República Federativa do Brasil estão estampados no Título I da CF/1988.
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - soberania:
II - cidadania:
III- dignidade da pessoa humana;
IV - valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa:
V- pluralismo político.
Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
- Princípio Republicano (art. 1º, caput) – estabelece a forma de governo do Brasil. A Proclamação da República ocorreu em 15 de novembro de 1889 com o Marechal Deodoro da Fonseca e o princípio republicano surgiu no texto da Constituição de 1891, como cláusula pétrea, e foi mantido em todas as Constituições. No entanto, na CF/1988 não foi estabelecido como cláusula pétrea, sendo classificado como princípio sensível (art. 34, VII, “a”). Todavia, apesar de não ser cláusula pétrea, por meio de plebiscito, o “povo” confirmou a forma republicana, não podendo, portanto, emenda à Constituição instituir a Monarquia, sob pena de se violar a soberania popular, a não ser que haja, necessariamente, novo plebiscito (art. 2º, ADCT)”. 
(LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. Ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1262)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“A forma republicana implica a necessidade de legitimidade popular do Presidente da República, Governadores de Estado e Prefeitos Municipais (arts. 28, 29, I e II, e 77), 
a existência de assembleia e câmaras populares nas três órbitas de governos da República Federativa (arts. 27, 29, I, 44, 45 e 46), 
eleições periódicas por tempo limitado que se traduz na temporariedade dos mandatos eletivos e, consequentemente, não vitaliciedade dos cargos políticos, prestação de contas da administração
pública (arts. 30, III, 31, 34, VII, d, 35, II, e 70 a 75)”. 
(SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 16. Ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 107)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
- Princípio Federativo (art. 1º, caput) – estabelece a forma de estado no Brasil. A federação brasileira é formada pela união indissolúvel da União Federal, dos Estados membros, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 18/CF). A federação é cláusula pétrea, nos termos do art. 60, § 4º, I CF/1988. “A solidez do sistema está na consagração da ideia de indissolubilidade do vínculo federativo (inexistência do direito de secessão), havendo instrumentos de estabilização de eventual crise, como, no caso, a intervenção federal (art. 34, I)”. 
(LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. Ed., São Paulo: Saraiva,2012, p. 1262)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“No Estado federal há que se distinguir soberania e autonomia e seus respectivos titulares. [..] o Estado federal, o todo, como pessoa reconhecida pelo Direito internacional, é o único titular da soberania, considerada poder supremo consistente na capacidade de autodeterminação. Os Estados federados são titulares tão-só de autonomia, compreendida como governo próprio dentro do círculo de competências traçadas pela Constituição Federal”. 
(SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 16. Ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 105)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A autonomia federativa assenta-se em dois elementos básicos: 
a) na existência de órgãos governamentais próprios, isto é, que não dependam dos órgãos federais quanto à forma de seleção e investidura; 
(b) na posse de competências exclusivas, um mínimo, ao menos, que não seja ridiculamente reduzido. Esses pressupostos da autonomia federativa estão configurados na Constituição (arts. 18 a 42). 
Município é divisão política do Estado-membro. A solução é: o Município é um componente da federação, mas não entidade federativa. 
(SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 16. Ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 105)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Princípio do Estado Democrático de Direito (art. 1, caput). Este princípio é reforçado pelo princípio democrático e pela cláusula contida no art. 1º ao se estabelecer que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da CF. Portanto, estamos diante da democracia semidireta ou participativa um “sistema híbrido”, uma democracia representativa, com peculiaridades e atributos da democracia direta. A participação popular no poder por intermédio de um processo, no caso, o exercício da soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, referendo, iniciativa popular, bem como outras formas, como a ação popular. 
(LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. Ed., São Paulo: Saraiva,2012, p. 1262)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Parte da doutrina entende que a Constituição do Brasil instituiu um Estado Democrático Social de Direito e, assim, o descreve: 
“a) criado e regulado por uma Constituição; 
b) os agentes públicos fundamentais são eleitos e renovados periodicamente pelo povo e respondem pelo cumprimento de seus deveres; 
c) o poder político é exercido, em parte diretamente pelo povo, em parte por órgãos estatais independentes e harmônicos, que controlam uns aos outros;
 d) a lei produzida pelo Legislativo é necessariamente observada pelos demais Poderes; 
e) os cidadãos, sendo titulares de direitos, inclusive políticos e sociais, podem opô-los ao próprio Estado; 
f) o Estado tem o dever de atuar positivamente para gerar desenvolvimento e justiça social”. 
(ARAUJO, Luiz Alberto David, JUNIOR, Vital Serrano. Curso de direito constitucional. 9. Ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 94). 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Princípio da soberania (art. 1º, I) – qualidade máxima de poder. “A soberania, pedra de toque de toda a organização nacional, indica, de um lado, a supremacia do Estado brasileiro em relação a toda a ordem interna e, de outro lado, a sua independência no plano internacional, indicando-se, desse modo, sua não-subordinação a países ou organismos estrangeiros” 
(ARAUJO, Luiz Alberto David, JUNIOR, Vital Serrano. Curso de direito constitucional. 9. ed., São Paulo: Saraiva, 2005, p. 95). 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A “soberania interna, engloba as capacidades de auto-organização (poder do Estado editar suas próprias normas) 
autogerenciamento financeiro (poder do Estado de gerir negócios próprios no âmbito das relações econômicas – CF, art. 170, I) e 
autogoverno (poder do Estado de se auto administrar) 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 388)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Princípio da cidadania (art. 1º, II) – A nossa constituição é denominada de “Constituição Cidadã”, Cidadania é o pleno gozo dos ‘direitos políticos ativos (capacidade de votar) e passivos (capacidade de ser votado e, também, de ser eleito). O princípio da cidadania credencia os cidadãos a exercerem prerrogativas e garantias constitucionais, tais como propor ações populares (CF, art. 5º, LXXIII), participar do processo de iniciativa de leis complementares e de leis ordinárias (CF, art. 61, caput). 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 389)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Também faculta ao cidadão participar da vida democrática brasileira (status activae civitatis). Daí conectar-se com a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), com a soberania popular (CF, art. 1º, parágrafo único), com as liberdades públicas (CF, art. 5º), com os direitos políticos (CF, art. 14), com o direito à educação (CF, art. 205), etc. (BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 389)
O termo cidadania é abrangente e engloba, também, os direitos e os deveres fundamentais.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) – Quando a Constituição “proclama a dignidade da pessoa humana, está consagrando um imperativo de justiça social, um valor constitucional supremo. Por isso, o primado consubstancia o espaço de integridade moral do ser humano, independentemente de credo, raça, cor, origem ou status social. O conteúdo do vetor é amplo e pujante, envolvendo valores espirituais (liberdade de ser, pensar e criar, etc) e materiais (renda mínima, saúde, alimentação, lazer, moradia, educação etc). Seu acatamento representa a vitória contra a intolerância, o preconceito, a exclusão social, a ignorância e a opressão.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A dignidade humana reflete, portanto, um conjunto de valores civilizatórios incorporados ao patrimônio do homem. Seu conteúdo jurídico interliga-se às liberdades públicas, em sentido amplo, abarcando aspectos individuais, coletivos, políticos e sociais do direito à vida, dos direitos pessoais tradicionais, dos direitos metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos), dos direitos econômicos, dos direitos educacionais, dos direitos culturais etc. Abarca uma variedade de bens, sem os quais o homem não subsistiria. 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 389)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A força jurídica do pórtico da dignidade começa a espargir efeitos desde o ventre materno, perdurando até a morte, sendo inata ao homem. Notório é o caráter instrumental do princípio, afinal ele propicia o acesso à justiça de quem se sentir prejudicado pela sua inobservância. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a importância da dignidade humana”. 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 389)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Dimensão da dignidade humana – o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana apresenta-se em três dimensões: 
1ª) dimensão fundamentadora – núcleo basilar e informativo de todo o sistema jurídico-positivo;
2ª) dimensão orientadora – estabelece metas ou finalidades predeterminadas, que fazem ilegítima qualquer disposição normativa que persiga fins distintos, ou que obstaculize a consecução daqueles fins enunciados pelo sistema axiológico-constitucional; e 
3ª) dimensão crítica – serve de critério para aferir a legitimidade das diversas manifestações legislativas”. 
(Antônio Enrique Pérez, Derechos humanos, Estado de Derecho y Constitución, p. 288-289” in BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 389)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Princípio dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, IV) – “é através do trabalho que o homem garante sua subsistência e o crescimento do país, prevendo a Constituição, em diversas passagens, a liberdade, o respeito e a dignidade ao trabalhador (por exemplo: CF, arts. 5º, XIII; 6º; 7º; 8º; 194-204). [..] A garantia de proteção ao trabalho não engloba somente o trabalhador subordinado, mas também aquele autônomo e o empregador, enquanto empreendedor do crescimento do país”. 
(MORAES, Alexandre. Direito constitucional. 24. Ed. , São Paulo: Atlas, 2009, p. 22)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“A valorização social do trabalho e a livre iniciativa, indicados igualmente como fundamentos de nossa ordem econômica pelo art. 170, indicam que não só o Brasil adota o sistema capitalista, calcado na liberdade de empreendimento, como que um dos papéis de regulação do sistema econômico atribuído ao Estado é o de valorizar o trabalho, promovendo, portanto, a sua proteção, quer em relação ao empregador, quer em relação a vicissitudes econômico-sociais”. 
(ARAUJO, Luiz Alberto David, JUNIOR, Vital Serrano. Curso de direito constitucional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 95/96). 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Princípio do pluralismo político (art. 1º, V) – “pluralismo significa participação plural na sociedade. Essa participação é vasta, envolvendo partidos políticos, sindicatos, associações, entidades de classe, igrejas, universidades, escolas, empresas, organizações em geral. Assim, o Estado Democrático de Direito, em que se constitui a própria República Federativa do Brasil, sedimenta-se no pluralismo político, isto é, na variedade de correntes sociais, políticas, econômicas, ideológicas e culturais. Admitir uma sociedade pluralista significa aceitar a diversidade de opiniões, muitas vezes conflitivas e tensas entre si”. 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 392)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Princípio representativo (art. 1º, parágrafo único) – “Todo poder emana do povo, no sentido de que o regime democrático e o respeito às liberdades públicas constituem a pedra de toque da República Federativa do Brasil, algo que as autoridades públicas devem observar. Democracia é o governo do povo, para o povo, pelo povo em benefício dele. Assim, a emanação do poder advém do povo, porque o povo não pode apresentar-se na função de governo. Os seus escolhidos o representam, o governando e tomando decisões em seu nome, como se estivessem em seu próprio lugar, exteriorizando a vontade geral. 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
O poder, contudo, é exercido por meio de representantes eleitos ou diretamente. São os mandatários, ou representantes eleitos pelo povo, os incumbidos de exercer mandatos. Tais mandatos obrigam politicamente os eleitos a agir em benefício dos seus eleitores (do povo), defendendo teses, fórmulas e propostas de campanha. Curioso observar que o cumprimento do princípio da representatividade deve ser nos termos da Constituição Federal. Quer dizer, os mandatários do povo devem pautar o exercício de suas atribuições à luz das balizas constitucionais. Exorbitá-las, ou renega-las a segundo plano, é olvidar a democracia, fomentando a demagogia, muito comum nas campanhas eleitorais brasileiras”. 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 393)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Princípio da separação dos poderes (art. 2º) – Dispõe o art. 2º da CF que “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. 
A independência e a harmonia entre os Poderes do Estado indicam, como princípio, que cada um deles projeta uma esfera própria de atuação, cuja demarcação tem por fonte a própria norma constitucional. 
Ademais, a Constituição apresenta outros desdobramentos que inquestionavelmente se apresentam como reflexos do princípio em pauta.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Dentre eles, podemos citar as imunidades parlamentares, que, entre outras finalidades, asseguram a função fiscalizatória do Poder Legislativo. No mesmo caminho, as prerrogativas funcionais dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, como a vitaliciedade e a irredutibilidade de remuneração, ou mesmo a autonomia financeira dessas instituições, que objetivam imunizar seus integrantes de injunções externas incompatíveis com o exercício independente das respectivas funções, bem como a prerrogativa do Poder Legislativo de sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V, da CF)”. 
(ARAUJO, Luiz Alberto David, JUNIOR, Vital Serrano. Curso de direito constitucional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 97). 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“Dessa forma, diante do princípio da indelegabilidade de atribuições, nenhum Poder (órgão) poderá transferir função que lhe é típica ou expressamente prevista como atípica a outro. Por fim, lembre-se que a CF/88 erigiu à categoria de cláusula pétrea a separação de Poderes, conforme se observa pelo art. 60, § 4º, III”. 
(LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. Ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1265)
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
Construir uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I) – “a solidariedade aparece aqui como consagração dos direitos de 3ª dimensão, tendo sido fundamento para algumas importantes decisões como a que autorizou a pesquisa de células-tronco embrionárias (ADI 3510)”
Garantir o desenvolvimento nacional (art. 3º, II) –“é dever do Estado o desenvolvimento nacional, e esse objetivo vem justificando os diversos programas governamentais”
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III) – “como desdobramento dessa ideia, podemos lembrar o fundo de combate e erradicação da pobreza, prorrogado por prazo indeterminado nos termos da EC 67/2010”;
Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, IV) – “sem dúvida esse foi um importante argumento para o STF reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo”.
(LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. Ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1266)
DOS PRINCÍPIOS FUDAMENTAIS
PRINCÍPIOS REGENTES DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA REPÚBLICA BRASILEIRA
Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - Independência nacional;
II - Prevalência dos direitos humanos 
III - Autodeterminação dos povos 
IV - Não-intervenção 
V - Igualdade entre os Estados
DIREITOS FUNDAMENTAIS
VI - Defesa da paz 
VII - Solução pacífica dos conflitos 
VIII - Repúdio ao terrorismo e ao racismo 
IX - Cooperação entre os povos para o progresso da Humanidade 
X - Concessão de asilo político 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
BIBLIOGRAFIA
ARAUJO, Luiz Alberto David, JUNIOR, Vital Serrano. Curso de direito constitucional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional.
São Paulo: Saraiva, 2007.
FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional. 7. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16 ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 24 ed., São Paulo: Atlas, 2009.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 16. Ed., São Paulo: Malheiros, 1999.

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