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DIREITO CONSTITUCIONAL Elaboração Prof. João Trindade Mestre (IDP) e Doutorando (USP) em Direito Constitucional. Consultor Legislativo do Senado Federal (área de Direito Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo). Advogado, sócio do Trindade, Camara, Retes, Barbosa, Magalhães, Pinheiro Advogados Associados. Professor de Direito Constitucional em cursos de Graduação e Pós-Graduação. Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................................. 8 CAPÍTULO I PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS .................................................................................................................................................................................... 9 1. INTRODUÇÃO: PRINCÍPIOS E REGRAS ................................................................................................................................................................................... 9 2. FORMA DE GOVERNO ................................................................................................................................................................................................................ 11 2.1. CLASSIFICAÇÃO DE ARISTÓTELES ....................................................................................................................................................................................................................11 2.2. CLASSIFICAÇÃO DUALISTA DE MAQUIAVEL (MAIS ADOTADA ATUALMENTE) ..............................................................................................................................12 3. SISTEMA DE GOVERNO ............................................................................................................................................................................................................. 13 3.1. PARLAMENTARISMO ...............................................................................................................................................................................................................................................13 3.2. PRESIDENCIALISMO ................................................................................................................................................................................................................................................13 4. FORMA DE ESTADO .................................................................................................................................................................................................................... 15 5. ESTADO DE DIREITO ................................................................................................................................................................................................................... 17 5.1. NOÇÃO .........................................................................................................................................................................................................................................................................17 5.2. CONSEQUÊNCIAS DO PRINCÍPIO DO ESTADO DE DIREITO ....................................................................................................................................................................17 5.3. PARADIGMAS (FASES) DO PRINCÍPIO DO ESTADO DE DIREITO ............................................................................................................................................................18 6. DEMOCRACIA................................................................................................................................................................................................................................ 18 7. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA (ART. 1O) ......................................................................................................................................................................... 19 7.1. SOBERANIA ................................................................................................................................................................................................................................................................19 7.2. CIDADANIA .................................................................................................................................................................................................................................................................19 7.3. DIGNIDADE HUMANA ............................................................................................................................................................................................................................................20 7.4. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA ......................................................................................................................................................................20 7.5. PLURALISMO POLÍTICO .........................................................................................................................................................................................................................................20 8. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS (ART. 3O) ................................................................................................................................................................................ 21 9. PRINCÍPIOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS (ART. 4O) ............................................................................................................................................... 22 10. “SEPARAÇÃO” DOS PODERES ............................................................................................................................................................................................... 23 CAPÍTULO II DIREITOS FUNDAMENTAIS ......................................................................................................................................................................................26 1. NOÇÃO ............................................................................................................................................................................................................................................ 26 2. JUSTIFICATIVAS ............................................................................................................................................................................................................................ 26 3. CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................................................................................................... 26 3.1. HISTORICIDADE ........................................................................................................................................................................................................................................................26 3.2. RELATIVIDADE ...........................................................................................................................................................................................................................................................26 3.3. INDISPONIBILIDADE ...............................................................................................................................................................................................................................................27 3.4. IMPRESCRITIBILIDADE ...........................................................................................................................................................................................................................................273.5. EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL .................................................................................................................................................................................................................28 4. TITULARIDADE .............................................................................................................................................................................................................................. 29 4.1. PESSOAS FÍSICAS .....................................................................................................................................................................................................................................................29 4.2. PESSOAS JURÍDICAS ...............................................................................................................................................................................................................................................30 5. GERAÇÕES (DIMENSÕES) ......................................................................................................................................................................................................... 30 5.1. DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO (INDIVIDUAIS, NEGATIVOS) ............................................................................................................................................................30 5.2. DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO (SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS; POSITIVOS) ...........................................................................................................31 5.3. DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO (TRANSINDIVIDUAIS; DIFUSOS E COLETIVOS) .......................................................................................................................31 6. RESTRIÇÕES A DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................................................................................................ 32 6.1. LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR ....................................................................................................................................................................................32 6.2. COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................................................................................................................................32 6.3. TEORIA DOS LIMITES DOS LIMITES ...................................................................................................................................................................................................................32 7. ROL EXEMPLIFICATIVO .............................................................................................................................................................................................................. 37 7.1. TRATADOS INTERNACIONAIS ..............................................................................................................................................................................................................................37 7.2. O PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA E A PRISÃO CIVIL POR DÍVIDAS DO DEPOSITÁRIO INFIEL ......................................................................................39 4 CAPÍTULO III DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS .....................................................................................................................................42 1. VIDA .................................................................................................................................................................................................................................................. 42 1.1. PESQUISA CIENTÍFICA COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS........................................................................................................................................................42 1.2. ABORTO DE FETOS ANENCÉFALOS ..................................................................................................................................................................................................................42 1.3. EUTANÁSIA .................................................................................................................................................................................................................................................................43 1.4. PENA DE MORTE.......................................................................................................................................................................................................................................................43 1.5. TORTURA .....................................................................................................................................................................................................................................................................44 2. IGUALDADE ................................................................................................................................................................................................................................... 44 2.1. IGUALDADE ENTRE OS SEXOS (ART. 5O, I) ......................................................................................................................................................................................................44 2.2. IGUALDADE E CONCURSO PÚBLICO ................................................................................................................................................................................................................45 2.3. IGUALDADE E AÇÕES AFIRMATIVAS ................................................................................................................................................................................................................47 3. PROPRIEDADE............................................................................................................................................................................................................................... 48 3.1. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE ................................................................................................................................................................................................................48 3.2. EXPROPRIAÇÃO ........................................................................................................................................................................................................................................................48 3.3. REQUISIÇÃO ...............................................................................................................................................................................................................................................................51 4. SEGURANÇA JURÍDICA ............................................................................................................................................................................................................. 51 4.1. ATO JURÍDICO PERFEITO .......................................................................................................................................................................................................................................51 4.2. COISA JULGADA .......................................................................................................................................................................................................................................................52 4.3. DIREITO ADQUIRIDO ..............................................................................................................................................................................................................................................524.4. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ........................................................................................................................................................................................................................53 5. LIBERDADE ..................................................................................................................................................................................................................................... 54 5.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ................................................................................................................................................................................................................................54 5.2. LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA (ARTS. 5O, VI A VIII, E 19, I)............................................................................................................................................55 5.3. LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO ..................................................................................................................................................................................56 5.4. LIBERDADE DE REUNIÃO ......................................................................................................................................................................................................................................57 5.5. LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO ..............................................................................................................................................................................................................................57 6. INTIMIDADE E PRIVACIDADE .................................................................................................................................................................................................. 59 6.1. INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO (ART. 5O, XI) ............................................................................................................................................................................................59 6.2. SIGILO DAS COMUNICAÇÕES (ART. 5O, XII)....................................................................................................................................................................................................61 6.3. SIGILO BANCÁRIO ....................................................................................................................................................................................................................................................63 6.4. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, MATERIAL E À IMAGEM .................................................................................................................................................................64 7. GARANTIAS PROCESSUAIS GERAIS ...................................................................................................................................................................................... 64 7.1. DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS E GARANTIAS ..................................................................................................................................................................................................64 7.2. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (ART. 5O, XXXV) ...............................................................................................................................................................................64 7.3. DEVIDO PROCESSO LEGAL (ART. 5O, LIV) .......................................................................................................................................................................................................66 7.4. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO (ART. 5O, LV) .......................................................................................................................................................................................66 7.5. INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS (ART. 5O, LVI) ..........................................................................................................................68 7.6. RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO (ART. 5O, LXXVIII) ..........................................................................................................................................................................69 8. GARANTIAS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS .................................................................................................................................................................. 70 8.1. RESERVA LEGAL E ANTERIORIDADE EM MATÉRIA PENAL .......................................................................................................................................................................70 8.2. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (ESTADO DE INOCÊNCIA OU PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE) ....................................................................................71 8.3. CRIMES CITADOS NA CONSTITUIÇÃO .............................................................................................................................................................................................................73 8.4. JUIZ NATURAL (ART. 5O, XXXVII E LIII) ..............................................................................................................................................................................................................73 9. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .............................................................................................................................................................................................. 75 9.1. HABEAS CORPUS (HC)..........................................................................................................................................................................................................................................75 9.2. HABEAS DATA (HD) ................................................................................................................................................................................................................................................77 9.3. MANDADO DE SEGURANÇA (MS) .....................................................................................................................................................................................................................79 9.4. MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) ..........................................................................................................................................................................................................................83 9.5. AÇÃO POPULAR .......................................................................................................................................................................................................................................................90 9.6. DIREITO DE PETIÇÃO E CERTIDÃO ....................................................................................................................................................................................................................92 CAPÍTULO IV DIREITOS SOCIAIS .......................................................................................................................................................................................................97 1. NOÇÃO ............................................................................................................................................................................................................................................ 97 2. PRINCÍPIOS DA EFETIVAÇÃO (IMPLEMENTAÇÃO) DE DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................................ 98 2.1. PROIBIÇÃO DO REGRESSO ...................................................................................................................................................................................................................................982.2. RESERVA DO POSSÍVEL ..........................................................................................................................................................................................................................................98 2.3. MÍNIMO EXISTENCIAL ............................................................................................................................................................................................................................................99 3. DIREITOS SOCIAIS DOS TRABALHADORES ....................................................................................................................................................................... 99 3.1. DIREITOS INDIVIDUAIS DOS TRABALHADORES ..........................................................................................................................................................................................99 3.2. DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES .............................................................................................................................................................................................99 5 CAPÍTULO V NACIONALIDADE ...................................................................................................................................................................................................... 101 1. NOÇÃO ..........................................................................................................................................................................................................................................101 2. BRASILEIROS NATOS (ART. 12, I) ..........................................................................................................................................................................................101 2.1. CRITÉRIO DO JUS SOLIS (ART. 12, I, A) ......................................................................................................................................................................................................... 101 2.2. CRITÉRIO DO JUS SANGUINIS (ART. 12, I, B) ............................................................................................................................................................................................. 102 2.3. CRITÉRIO DO JUS SANGUINIS COMBINADO COM O REGISTRO OU A RESIDÊNCIA (ART. 12, I, C) ..................................................................................... 102 3. BRASILEIROS NATURALIZADOS (ART. 12, II) ...................................................................................................................................................................103 3.1. NATURALIZADOS NA FORMA DA LEI (ART. 12, II, A, PRIMEIRA PARTE) .......................................................................................................................................... 103 3.2. ORIGINÁRIOS DE PAÍSES LUSÓFONOS (ART. 12, II, A, SEGUNDA PARTE) ...................................................................................................................................... 103 3.3. ESTRANGEIROS DE QUALQUER NACIONALIDADE QUE RESIDEM NO BRASIL HÁ MUITO TEMPO (ART. 12, II, B)......................................................... 103 3.4. PORTUGUESES EQUIPARADOS (ART. 12, § 1O) ......................................................................................................................................................................................... 104 4. DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS .......................................................................................................................................................................................104 4.1. EXTRADIÇÃO (ART. 5O, LI E LII) ........................................................................................................................................................................................................................ 104 4.2. CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO (ART. 12, § 3O) ................................................................................................................................................................ 106 4.3. FUNÇÃO DE CIDADÃO NO CONSELHO DA REPÚBLICA (ART. 89, VII) ............................................................................................................................................. 107 4.4. PROPRIEDADE DE EMPRESA JORNALÍSTICA (ART. 222) ....................................................................................................................................................................... 107 5. PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA (ART. 12, § 4O) ..........................................................................................................................................107 5.1. CANCELAMENTO, NA FORMA DA LEI, DA NATURALIZAÇÃO, POR SENTENÇA JUDICIAL, SE O NATURALIZADO DESENVOLVER ATIVIDADE NOCIVA AO INTERESSE NACIONAL (I) ................................................................................................................................................................................................................. 107 5.2. AQUISIÇÃO DE OUTRA NACIONALIDADE, A NÃO SER QUE NORMA ESTRANGEIRA IMPONHA A NATURALIZAÇÃO (§ 4O, II, B) OU SE TRATE APENAS DE RECONHECIMENTO DE NACIONALIDADE ORIGINÁRIA (ALÍNEA A) ............................................................................................................................... 108 CAPÍTULO VI DIREITOS POLÍTICOS ............................................................................................................................................................................................... 110 1. CIDADANIA ..................................................................................................................................................................................................................................110 1.1. ATIVA (CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA) ..................................................................................................................................................................................................... 110 1.2. PASSIVA (CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA) ........................................................................................................................................................................................... 110 2. SUFRÁGIO .....................................................................................................................................................................................................................................110 3. VOTO ...............................................................................................................................................................................................................................................110 3.1. DIRETO ..................................................................................................................................................................................................................................................................... 111 3.2. SECRETO .................................................................................................................................................................................................................................................................. 111 3.3. PERIÓDICO .............................................................................................................................................................................................................................................................. 111 3.4. PARITÁRIO OU IGUALITÁRIO ............................................................................................................................................................................................................................111 3.5. OBRIGATÓRIO ........................................................................................................................................................................................................................................................ 111 4. ESCRUTÍNIO .................................................................................................................................................................................................................................112 5. ALISTAMENTO ELEITORAL .....................................................................................................................................................................................................112 5.1. PROIBIDO ................................................................................................................................................................................................................................................................ 112 5.2. OBRIGATÓRIO ........................................................................................................................................................................................................................................................ 112 5.3. FACULTATIVO ......................................................................................................................................................................................................................................................... 113 6. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE (ART. 14, § 3O) .............................................................................................................................................................113 6.1. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA ....................................................................................................................................................................................................................................... 113 6.2. DOMICÍLIO ELEITORAL NA CIRCUNSCRIÇÃO ........................................................................................................................................................................................... 114 6.3. IDADE MÍNIMA (EXIGIDA, SEGUNDO O TSE, NA DATA DA POSSE) .................................................................................................................................................. 114 7. INELEGIBILIDADE ......................................................................................................................................................................................................................115 7.1. INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS ..................................................................................................................................................................................................................... 115 7.2. INELEGIBILIDADES RELATIVAS ....................................................................................................................................................................................................................... 116 8. PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS – A VISÃO DAS BANCAS .......................................................................................................118 8.1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS ........................................................................................................................................................................................................................... 118 8.2. POSIÇÃO DA ESAF ............................................................................................................................................................................................................................................... 119 8.3. POSIÇÃO DO CESPE ............................................................................................................................................................................................................................................ 120 8.4. POSIÇÃO DA FCC ................................................................................................................................................................................................................................................. 120 9. ANTERIORIDADE DA LEI ELEITORAL (ART. 16) ...............................................................................................................................................................122 CAPÍTULO VII ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ................................................................................................................................................................................ 124 1. FEDERAÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................124 1.1. ORIGENS .................................................................................................................................................................................................................................................................. 124 1.2. MODELOS ................................................................................................................................................................................................................................................................ 124 1.3. CARACTERÍSTICAS DE QUALQUER FEDERAÇÃO .................................................................................................................................................................................... 125 2. ENTES FEDERATIVOS ................................................................................................................................................................................................................126 3. VEDAÇÕES FEDERATIVAS .......................................................................................................................................................................................................127 4. ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DA FEDERAÇÃO ............................................................................................................................................................128 6 4.1. ESTADOS (ART. 18, § 3O) ..................................................................................................................................................................................................................................... 128 4.2. MUNICÍPIOS (ART. 18, § 4O) .............................................................................................................................................................................................................................. 129 5. BENS DA UNIÃO E DOS ESTADOS (ARTS. 20 E 26) ........................................................................................................................................................130 CAPÍTULO VIII REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ...................................................................................................................................................................... 133 1. CRITÉRIOS .....................................................................................................................................................................................................................................133 1.1. INTERESSE PREDOMINANTE ........................................................................................................................................................................................................................... 133 1.2. SUBSIDIARIEDADE ...............................................................................................................................................................................................................................................135 2. CLASSIFICAÇÃO .........................................................................................................................................................................................................................137 2.1. QUANTO À MATÉRIA (CONTEÚDO) .............................................................................................................................................................................................................. 137 2.2. QUANTO À TITULARIDADE .............................................................................................................................................................................................................................. 137 3. HIPÓTESES MAIS COBRADAS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ....................................................................................................................141 3.1. LEGISLAR SOBRE DIREITO CIVIL, PENAL, PROCESSUAL, COMERCIAL, DO TRABALHO, AGRÁRIO, MARÍTIMO, AERONÁUTICO E ESPACIAL ..... 141 3.2. LEGISLAR SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO, ECONÔMICO, FINANCEIRO, PENITENCIÁRIO, URBANÍSTICO, AMBIENTAL, CONSUMIDOR ................... 141 3.3. CUIDAR DA NATUREZA, DA SAÚDE, DA EDUCAÇÃO, DO PATRIMÔNIO PÚBLICO, CONSTRUÇÃO DE MORADIAS ...................................................... 141 3.4. LEGISLAR SOBRE SISTEMAS DE CONSÓRCIOS E SORTEIOS, INCLUSIVE BINGOS E LOTERIAS.............................................................................................. 142 3.5. FIXAR HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO (EM GERAL) ............................................................................................................................................. 142 3.6. FIXAR HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DOS BANCOS ......................................................................................................................................................................... 142 3.7. ESTIPULAR TEMPO MÁXIMO DE ESPERA EM FILA DE BANCO (OU EM CARTÓRIO ETC.) ........................................................................................................ 143 3.8. EXIGIR A INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA EM AGÊNCIA BANCÁRIA (DETECTOR DE METAIS, PORTA GIRATÓRIA ETC.)...... 143 3.9. EXPLORAR OS SERVIÇOS DE GÁS CANALIZADO .................................................................................................................................................................................... 143 3.10. LEGISLAR SOBRE TRÂNSITO E TRANSPORTE .......................................................................................................................................................................................... 143 CAPÍTULO IX INTERVENÇÃO FEDERAL........................................................................................................................................................................................ 145 1. NOÇÃO ..........................................................................................................................................................................................................................................145 2. PROCEDIMENTO DA INTERVENÇÃO FEDERAL ..............................................................................................................................................................145 2.1. INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA ......................................................................................................................................................................................................................... 145 2.2. INTERVENÇÃO POR SOLICITAÇÃO ................................................................................................................................................................................................................ 145 2.3. INTERVENÇÃO POR REQUISIÇÃO .................................................................................................................................................................................................................. 145 CAPÍTULO X PODER LEGISLATIVO (PARTE GERAL) ........................................................................................................................................................................................................... 148 1. ORIGEM .........................................................................................................................................................................................................................................148 2. ESTRUTURA ..................................................................................................................................................................................................................................148 3. FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR ....................................................................................................................................................................................150 3.1. LEGISLATURA ......................................................................................................................................................................................................................................................... 150 3.2. SESSÃO LEGISLATIVA ......................................................................................................................................................................................................................................... 150 4. IMUNIDADES PARLAMENTARES ..........................................................................................................................................................................................151 4.1. IMUNIDADE MATERIAL – INVIOLABILIDADE (ART. 53, CAPUT)......................................................................................................................................................... 151 4.2. IMUNIDADES FORMAIS (PROCEDIMENTAIS) ............................................................................................................................................................................................ 153 5. PERDA DE MANDATO (ART. 55) ............................................................................................................................................................................................156 6. OBSERVAÇÃO ESPECIAL .........................................................................................................................................................................................................157 CAPÍTULO XI PODER EXECUTIVO .................................................................................................................................................................................................. 163 1. PRESIDENTE DA REPÚBLICA .................................................................................................................................................................................................163 1.1. MANDATO ............................................................................................................................................................................................................................................................... 163 1.2. ELEIÇÃO ................................................................................................................................................................................................................................................................... 163 1.3. SUCESSÃO............................................................................................................................................................................................................................................................... 163 1.4. SUBSTITUIÇÃO ......................................................................................................................................................................................................................................................164 1.5. DUPLA VACÂNCIA................................................................................................................................................................................................................................................ 164 2. ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (ART. 84) ..........................................................................................................................................165 3. IMUNIDADES (PRERROGATIVAS) DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.......................................................................................................................167 3.1. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO .................................................................................................................................................................................................... 167 3.2. RESTRIÇÕES À PRISÃO ....................................................................................................................................................................................................................................... 168 3.3. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS PARA A INSTAURAÇÃO DE PROCESSO CRIMINAL............................................. 168 3.4. IMUNIDADE PROCESSUAL TEMPORÁRIA (IRRESPONSABILIDADE TEMPORÁRIA) .................................................................................................................... 169 4. RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ............................................................................................................................................170 7 CAPÍTULO XII PODER JUDICIÁRIO (PARTE GERAL) .................................................................................................................................................................. 172 1. AUTONOMIA DO JUDICIÁRIO...............................................................................................................................................................................................172 1.1. AUTONOMIA FUNCIONAL E ADMINISTRATIVA (ART. 96) .................................................................................................................................................................... 172 1.2. AUTONOMIA FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA (ARTS. 99 E 168) ....................................................................................................................................................... 172 2. INGRESSO .....................................................................................................................................................................................................................................173 2.1. CONCURSO PÚBLICO ......................................................................................................................................................................................................................................... 173 2.2. NOMEAÇÃO DIRETA PARA OS TRIBUNAIS (ARTS. 101, 104, 94 ETC.) ............................................................................................................................................... 174 3. GARANTIAS ..................................................................................................................................................................................................................................174 3.1. VITALICIEDADE (ART. 95, I) ............................................................................................................................................................................................................................... 174 3.2. INAMOVIBILIDADE (ART. 95, II), SALVO POR MOTIVO DE INTERESSE PÚBLICO, DECISÃO DA MAIORIA ABSOLUTA DOS MEMBROS DO TRIBUNAL RESPECTIVO OU DO CNJ (ART. 93, VIII) OU POR MOTIVO DISCIPLINAR, POR DECISÃO DA MAIORIA ABSOLUTA DO CNJ (ART. 103-B, § 4O, III, C/C ART. 93, VIII) .................................................................................................................................................................................................................................................................... 175 3.3. IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIOS ............................................................................................................................................................................................................... 175 4. VEDAÇÕES (ART. 95, PARÁGRAFO ÚNICO) ......................................................................................................................................................................176 5. PROMOÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................177 6. REQUISITOS DE VALIDADE DAS DECISÕES .....................................................................................................................................................................177 6.1. PUBLICIDADE ........................................................................................................................................................................................................................................................ 177 6.2. FUNDAMENTAÇÃO.............................................................................................................................................................................................................................................. 178 7. REGRAS ORGANIZATÓRIAS BÁSICAS ................................................................................................................................................................................178 7.1. ÓRGÃO ESPECIAL (ART. 93, XI) ....................................................................................................................................................................................................................... 178 7.2. RESERVA DE PLENÁRIO ..................................................................................................................................................................................................................................... 178 7.3. FÉRIAS COLETIVAS (ART. 93, XII) .................................................................................................................................................................................................................... 180 8. PRECATÓRIOS .............................................................................................................................................................................................................................180 CAPÍTULO XIII COMPETÊNCIAS DO JUDICIÁRIO ....................................................................................................................................................................... 181 1. JUSTIÇAS FEDERAIS ESPECIALIZADAS .............................................................................................................................................................................181 1.1. JUSTIÇA DO TRABALHO .................................................................................................................................................................................................................................... 181 1.2. JUSTIÇA ELEITORAL ............................................................................................................................................................................................................................................ 183 1.3. JUSTIÇA MILITAR (DA UNIÃO) ........................................................................................................................................................................................................................183 2. JUSTIÇA FEDERAL COMUM ...................................................................................................................................................................................................183 3. ÓRGÃOS DE SUPERPOSIÇÃO ................................................................................................................................................................................................186 3.1. SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL (STF) ........................................................................................................................................................................................................... 186 4. JUSTIÇA ESTADUAL (ARTS. 125 E 126) ..............................................................................................................................................................................190 5. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA ..................................................................................................................................................................................191 6. APROFUNDAMENTO: COMPETÊNCIA PARA JULGAR ALGUNS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ................................................................192 6.1. MANDADO DE SEGURANÇA: É DEFINIDA COM BASE NA AUTORIDADE COATORA ................................................................................................................. 192 6.2. MANDADO DE INJUNÇÃO................................................................................................................................................................................................................................ 194 6.3. AÇÃO POPULAR ................................................................................................................................................................................................................................................... 194 6.4. HABEAS DATA ........................................................................................................................................................................................................................................................ 195 CAPÍTULO XIV NOÇÕES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE .............................................................................................................................. 198 1. CONCEITO .....................................................................................................................................................................................................................................198 2. NORMA-PARÂMETRO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ....................................................................................................................198 3. NORMA-OBJETO ........................................................................................................................................................................................................................199 4. ESPÉCIES DE CONTROLES DE VALIDADE .........................................................................................................................................................................199 4.1. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE .................................................................................................................................................................................................. 200 5. CLASSIFICAÇÃO .........................................................................................................................................................................................................................201 5.1. QUANTO AO ÓRGÃO .......................................................................................................................................................................................................................................... 201 5.2. QUANTO AO MOMENTO ................................................................................................................................................................................................................................... 202 5.3. QUANTO AO MODO ............................................................................................................................................................................................................................................ 203 6. INSTRUMENTOS DO CONTROLE CONCENTRADO .......................................................................................................................................................205 7. EFEITOS DAS DECISÕES ..........................................................................................................................................................................................................209 8. CONTROLE DA OMISSÃO INCONSTITUCIONAL ............................................................................................................................................................210 9. TÉCNICAS DE DECISÃO EM CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE .................................................................................................................211 CAPÍTULO XV FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ...................................................................................................................................................................... 212 8 APRESENTAÇÃO Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 9 CAPÍTULO IPRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 1. INTRODUÇÃO: PRINCÍPIOS E REGRAS Na doutrina mais moderna, costuma-se fazer uma distinção entre duas espécies de normas constitucionais: as normas do tipo regra (ou simplesmente regras) e as normas principiológicas (ou simplesmente princípios). Essa distinção remonta a dois grandes juristas cujas obras se distanciam em muitos pontos, mas que, mais ou menos ao mesmo tempo, apresentaram essa diferenciação: trata-se de Robert Alexy (em sua obra Teoria dos Direitos Fundamentais) e Ronald Dworkin (cuja obra mais conhecida é Levando os Direitos a Sério). Pode-se dizer que há várias diferenças entre regras e princípios, mas as mais cobradas em prova são: a. Diferença quantitativa (de grau): regras são normas mais específicas, mais concretas, ao passo que os princípios são normas mais genéricas, mais abstratas. Por exemplo: a impessoalidade é um princípio (genérico), ao passo que a proibição de que constem nomes de servidores nas propagandas governamentais é uma regra (mais específica); b. Diferença estrutural (estrutura da norma): as regras são normas que impõem condutas (dizem que algo é proibido, permitido ou obrigatório), enquanto os princípios impõem valores a serem perseguidos. A impessoalidade, por exemplo, não diz diretamente o que se deve ou não fazer, ela impõe um valor a ser perseguido pelo administrador; já a regra da vedação dos nomes de pessoasem propagandas governamentais é uma proibição, já está dito que determinada conduta é vedada; por causa disso; c. Regras seguem a chamada “lógica do tudo ou nada”, ao passo que os princípios admitem graus de realização: pode-se cumprir mais ou menos um princípio, mas não uma regra: pode-se ter uma conduta mais ou menos impessoal ou eficiente, mas uma regra como a da vedação dos nomes ou imagens de pessoas em propagandas governamentais não admite meio termo – ou foi cumprida, ou foi desrespeitada. Regras são como “disjuntores”, ou 10 CAPÍTULO I | PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS estão ligadas ou desligadas, tudo ou nada; princípios são como botões de volume, admite vários níveis de realização; d. A contradição entre duas regras deve ser resolvida pela prevalência de uma em detrimento da outra: o conflito de regras resolve-se pelo critério hierárquico (regra mais alta invalida regra mais baixa), cronológico (regra mais nova revoga regra mais antiga) e da especialidade (regra mais específica prevalece sobre a regra geral). Já a colisão entre princípios resolve-se não pela derrogação ou revogação de um pelo outro, mas, sim, pela sua compatibilização (harmonização) à luz do caso concreto, de modo que, em determinado caso, um deles prevaleça, mas de forma que, mudando as circunstâncias fáticas, deve-se fazer a ponderação para ver qual deles prevalece. CUIDADO O conflito de regras resolve-se pelo “botão liga-desliga”: não se pode ligar as duas ao mesmo tempo, ou se liga uma, ou se liga outra. A colisão de princípios resolve-se pela ponderação, encontrando, em cada caso concreto, um ponto de equilíbrio que efetive da forma máxima possível cada um deles. É como uma “gangorra”: pode estar mais para um lado ou mais para o outro, ou em qualquer estágio intermediário. Dois exemplos: Caso um deputado federal cometa crime doloso contra a vida, há um conflito entre a regra que lhe assegura foro no Supremo Tribunal Federal (STF) (art. 102, I, b) e a que prevê a competência do júri para julgar esse tipo de delito (art. 5o, XXXVIII, d). O STF entende que, nesse caso, pelo critério da especialidade, prevalece a regra do foro. Logo, nesse conflito de regras, o foro previsto na Constituição Federal (CF) sempre ganha da competência do júri (Súmula Vinculante no 45). Na colisão entre os princípios da intimidade e do acesso à informação, qualquer um pode ganhar ou perder: tudo depende das circunstâncias do caso concreto. Assim, por exemplo, em relação a divulgar nome e remuneração dos servidores, prevalece o acesso à informação; mas, no caso do endereço e do Cadastro de Pessoa Física (CPF), a intimidade prevalece. Essa ponderação foi realizada, à luz de cada caso concreto, pelo STF. 11 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS | CAPÍTULO I QUESTÃO DE CONCURSO (FGV/MP-RJ/Técnico/2016) Ednaldo, estudante de direito, observou que os direitos fundamentais à honra e à liberdade de expressão estavam constantemente em conflito, tendo sérias dúvidas de como proceder para superar esse estado de coisas. Pedro, emérito professor de direito constitucional, observou que a solução passava pela classificação desses direitos fundamentais como princípios constitucionais. Em atenção à observação de Pedro, é correto afirmar que, na situação referida por Ednaldo, o conflito a. será resolvido a partir da ponderação dos princípios envolvidos, conforme as circunstâncias do caso concreto. b. não pode ser resolvido, pois tanto o direito à honra como à liberdade de expressão devem ser protegidos. c. será resolvido conferindo-se, sempre, maior importância ao princípio democrático, presente na liberdade de expressão. d. não pode ser resolvido pelo Poder Judiciário, pois somente o Legislativo pode disciplinar o conteúdo dos princípios. e. será resolvido conferindo-se, sempre, maior importância ao princípio da privacidade, presente no direito à honra. Gabarito: a. Como se trata da colisão de princípios, não há uma resposta pronta, abstrata, mas, sim, à luz da ponderação dos princípios, à luz do caso concreto. O Título I da CF – que estudaremos neste capítulo – destina-se a estudar os princípios fundamentais, isto é, basilares para toda a Constituição. 2. FORMA DE GOVERNO A forma de governo é o modo de escolha dos governantes, que pode ser classificado de duas formas. 2.1. CLASSIFICAÇÃO DE ARISTÓTELES A classificação de Aristóteles diferencia as formas puras (o governante busca o bem comum) das impuras (o governante busca seu próprio bem). Cada forma pura pode 12 CAPÍTULO I | PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS degenerar-se e transformar-se numa forma impura. Classificam-se as formas de governo atentando, também, para o número de pessoas que exercem o poder. Forma pura Forma impura Governo de uma só pessoa Monarquia Tirania Governo de poucas pessoas Aristocracia Oligarquia Governo de todos Democracia Demagogia QUESTÃO DE CONCURSO (FCC/TJAL/Juiz/2007) Na tipologia aristotélica das formas de governo, são levados em consideração, simultaneamente, o escopo do governo e o número de homens que governam, de forma que o governo de um só tanto pode assumir uma forma pura (monarquia) como uma forma viciada (tirania). Gabarito: certo. 2.2. CLASSIFICAÇÃO DUALISTA DE MAQUIAVEL (MAIS ADOTADA ATUALMENTE) Na classificação dualista de Maquiavel existem apenas duas formas de governo: a. Monarquia (o poder é exercido de forma vitalícia, e o rei é escolhido, geralmente, pelo critério da hereditariedade); b. República (o poder é exercido de forma temporária, com a existência de mandatos fixos, e os governantes são escolhidos por eleição). O Brasil adota, desde 1891, a forma republicana de governo. QUESTÃO DE CONCURSO (Cespe/TJPI/Juiz/2007) Para Maquiavel, as formas de governo são os principados, as repúblicas e as democracias. Gabarito: errado. 13 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS | CAPÍTULO I 3. SISTEMA DE GOVERNO Sistema de Governo é o modo de relacionamento entre os Poderes, especialmente entre o Legislativo e o Executivo. Existem dois sistemas de governo: o Parlamentarismo e o Presidencialismo. Eis as principais diferenças: 3.1. PARLAMENTARISMO Parlamentarismo é o sistema de governo em que o Parlamento (Legislativo) possui certa superioridade sobre o Executivo. O governo (chefia do Executivo) é exercido por um gabinete (grupo de ministros) cujos membros são indicados pelo Parlamento. O principal desses membros é o Primeiro-Ministro, que, geralmente, é indicado pelo partido que tem o maior número de cadeiras no Legislativo. Como se vê, o Chefe de Governo (quem exerce a chefia interna do Poder Executivo) chama-se Primeiro-Ministro e depende do apoio da maioria parlamentar para manter-se no cargo. Caso receba uma moção de repúdio ou de desconfiança do Parlamento, ou caso seu partido perca o comando do Legislativo, deverá renunciar (em regra), como aconteceu em 2010 na Inglaterra: o Partido Trabalhista, do Primeiro-Ministro Gordon Brown, perdeu a maioria parlamentar, que foi assumida pela coligação de centro-direita, indicando David Cameron para o cargo de Chefe de Governo. Outra característica marcante do sistema parlamentar é que as funções de chefia de Estado (representação internacional do país) e chefia de Governo (chefia interna do Poder Executivo) são exercidas por pessoas diferentes. Por exemplo: caso se trate de uma Monarquia Parlamentarista (forma de governo monárquica e sistema de governo parlamentarista), o Rei será o Chefe de Estado, tendo a tarefa de representar internacionalmente o país; ao passo que o Primeiro-Ministro será o Chefe de Governo, incumbindo-lhe a tarefa de cuidar dos assuntos internos do Poder Executivo. É o caso da Inglaterra, da Suécia e da Espanha. Em contrapartida, caso se trate de uma República Parlamentarista (forma de governo republicana e sistema de governo parlamentarista), o Presidente da República será o Chefe de Estado, enquanto o Primeiro-Ministro atuará como Chefe de Governo. É o caso de países como Portugal e Itália. 3.2. PRESIDENCIALISMONo sistema presidencial – inaugurado nos Estados Unidos da América, com a Constituição de 1787 –, o Chefe de Governo se chama Presidente, e não Primeiro-Ministro. Todavia, a distinção não é apenas de nomenclatura: o Presidente não depende da maioria parlamentar para manter-se no cargo (ao menos em teoria), pois é eleito para um mandato 14 CAPÍTULO I | PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS preestabelecido (no Brasil, são quatro anos). É por isso que se diz que a separação dos Poderes é mais rígida no presidencialismo. Além disso, o Presidente acumula as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo, cabendo à mesma pessoa física representar o país no âmbito internacional e chefiar o Poder Executivo, internamente. Exemplos de países que adotam a forma republicana e o sistema presidencialista de governo não faltam: Argentina, EUA, Chile etc. No entanto, surge uma pergunta crucial: pode, em tese, haver uma Monarquia “Presidencialista”? Apesar de parecer estranho, a resposta é afirmativa. Basta imaginar uma Monarquia em que o Rei seja Chefe de Estado e de Governo ao mesmo tempo, como ocorre, atualmente, no Vaticano. Ressalte-se que as formas de governo admitem mais de um sistema de governo: a República pode ser Presidencialista ou Parlamentarista; e a Monarquia (ao menos em tese), também pode adotar o Parlamentarismo ou o Presidencialismo. Quadro comparativo entre Parlamentarismo e Presidencialismo PARLAMENTARISMO PRESIDENCIALISMO Superioridade do Parlamento (Legislativo) Equilíbrio entre os Poderes Chefe do Executivo é denominado Primeiro-Ministro e depende da confiança do Parlamento Chefe do Executivo é denominado Presidente e não depende do apoio da maioria parlamentar Chefia de Estado e Chefia de Governo são exercidas por pessoas diferentes Chefia de Estado e Chefia de Governo são exercidas pela mesma pessoa O Brasil adota o Presidencialismo como sistema de governo. QUESTÃO DE CONCURSO (Cespe/Sejus-ES/Técnico Penitenciário/2009) A CF adota o presidencialismo como forma de Estado, já que reconhece a junção das funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo na figura do Presidente da República. Gabarito: errado. O presidencialismo é um sistema de governo, não uma forma de governo. VEJA BEM No Brasil, nem sempre o Presidencialismo e a República andaram juntos. Entre 1961 e 1963, houve um curto período em que o Brasil foi uma República Parlamentarista. Numa linha do tempo: 15 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS | CAPÍTULO I QUESTÃO DE CONCURSO (TRF 3ª Região/Juiz Federal/2016) O presidencialismo sempre acompanhou a forma republicana de governo desde que esta foi implantada com a queda do Império. Gabarito: errado. Não se pode dizer que o presidencialismo sempre acompanhou a forma republicana de governo, já que, entre 1961-1963, adotou-se a República Parlamentarista. 4. FORMA DE ESTADO Forma de Estado é a repartição territorial do poder, isto é, o modo como se organiza o poder político, em termos territoriais. Existem duas formas básicas de Estado: a unitária e a federal. No Estado unitário, o poder é territorialmente centralizado. Existe apenas um nível de poder, e os entes regionais não possuem autonomia política, e sim mera autonomia administrativa (ex.: Portugal). Já nos Estados que adotam a forma federativa existem várias esferas de governo (no caso brasileiro, União, estados, DF e municípios), visto que o poder é territorialmente descentralizado. Os vários entes federativos possuem autonomia política (poder de elaborar suas próprias leis, eleger os próprios governantes, elaborar sua própria Constituição ou lei orgânica e gerenciar seus próprios recursos). No Brasil, adota-se a forma federativa de Estado. Comparação entre Estado Unitário e Estado Federal ESTADO UNITÁRIO ESTADO FEDERAL Poder político territorialmente centralizado Poder político territorialmente descentralizado Uma só esfera de poder Várias esferas de poder Um só nível de governo Vários níveis de governo Exemplo: Portugal Exemplo: Estados Unidos QUESTÃO DE CONCURSO (Cespe/Serpro/Advogado/2010) A Federação é uma forma de governo na qual há uma nítida separação de competências entre as esferas estaduais, dotadas de autonomia, e o Poder Público central, denominado União. Gabarito: errado. A Federação não é forma de governo, é forma de Estado. 16 CAPÍTULO I | PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS OBSERVAÇÃO 1. A Federação é cláusula pétrea! De acordo com o inciso I do § 4o do art. 60, a forma federativa de Estado é cláusula pétrea. Logo, não pode ser abolida nem mesmo por emenda à Constituição. Lembre-se de que a forma republicana de governo e o sistema presidencialista não são cláusulas pétreas explícitas, e boa parte da doutrina considera que sequer são cláusulas pétreas (é a posição adotada pelo Cespe). 2. Não há direito de secessão! Isso quer dizer que nenhum Estado-membro pode retirar-se da Federação, já que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos estados, do DF e dos municípios. Aliás, se qualquer estado tentar se retirar da Federação, deve ser decretada a intervenção federal (art. 34, I). QUESTÃO DE CONCURSO (Cespe/TJRJ/Analista Judiciário/2008) A República Federativa do Brasil admite o direito de secessão, desde que esta se faça por meio de emenda à CF, com três quintos, no mínimo, de aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos. Gabarito: errado. Não se admite o direito de secessão, nem mesmo por emenda à Constituição, já que a Federação é cláusula pétrea. OBSERVAÇÕES A soberania é atributo da Federação, do todo, da República Federativa do Brasil! União/ estados/DF/municípios são apenas autônomos! De acordo com o art. 1o, caput, e com o art. 18, a Federação é a titular da soberania (poder absolutamente livre). A União, embora represente externamente a República, não é soberana, é apenas autônoma (é pessoa jurídica de direito público interno). As principais bancas adotam esse entendimento (Cespe, Esaf, FCC), com exceção da Funiversa, que considerou correta, na prova Caje-DF/2007, a afirmação de que a União é soberana quando representa a República (!). CUIDADO A União é pessoa jurídica de direito público interno (assume direitos e obrigações no âmbito do Brasil), ao passo que a República Federativa do Brasil é pessoa jurídica de direito público externo (assume direitos e obrigações no âmbito internacional). Apesar disso, é a União que representa a República externamente. Na prova, se for cobrado que a União exerce a soberania, está certo. Mas, se for cobrado que a União 17 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS | CAPÍTULO I é soberana, ou possui soberania, a afirmativa estará incorreta, pois quem é soberana é a República Federativa do Brasil. QUESTÃO DE CONCURSO (Esaf/PFN/Procurador/2012) A União é pessoa jurídica de direito público externo. Gabarito: errado. A União – que não se confunde com a República Federativa do Brasil – não é pessoa jurídica de direito público externo, mas, sim, interno; não tem soberania, mas, sim, autonomia. OBSERVAÇÃO No Brasil, adota-se o federalismo de terceiro grau, pois os municípios também são considerados entes federativos autônomos! 5. ESTADO DE DIREITO 5.1. NOÇÃO Estado de Direito é o estado de poderes limitados, por oposição ao estado absoluto (ou policial), em que o Rei tinha poder de vida e de morte sobre os cidadãos. Estado de Direito é o estado de poderes limitados, estado em que o Poder Público respeita as leis e a Constituição. 5.2. CONSEQUÊNCIAS DO PRINCÍPIO DO ESTADO DE DIREITO a. Possibilidade de responsabilização política dos governantes (por crimes de responsabilidade, quebra de decoro ou improbidade administrativa: arts. 85, 55, II, e 37, § 4o). b. Existência de direitos fundamentais dos cidadãos (arts. 5o a 17). QUESTÃO DE CONCURSO (Cespe/MPU/Técnico/2010) A Constituição Federal de 1988 apresenta os chamados princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, que incluem referências a sua forma de Estado, forma de governo e regime político. Deduz-se
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