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AGROSTOLOGIA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. José Victor Pronievicz Barreto 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Formação, manejo e recuperação de pastagem 
Em conteúdos anteriores, foram apresentados os princípios da 
agrostologia e da forragicultura, com ênfase em produção animal. Os temas 
abordados nos permitiram conhecer as características das principais plantas 
forrageiras utilizadas em produção animal, quer sejam gramíneas, quer 
leguminosas, com o estudo das características gerais de raízes, caules, folhas, 
inflorescências e suas formas de crescimento. Abrangemos alguns termos gerais 
e específicos, bem como o seu correto uso, dada a suma importância dessa área 
para a produção animal e para a atuação do médico veterinário. Ao analisarmos 
as principais espécies de forrageiras gramíneas e leguminosas, foi possível notar 
que as suas características individuais exigem atenção ao tipo de pastejo a ser 
adotado, assim como ao plantio, à formação, ao manejo e à recuperação das 
pastagens, que são alvo de estudo nesta etapa. 
TEMA 1 – LOTAÇÃO CONTÍNUA E ROTATIVA 
Sempre que conversarmos sobre produção de forrageiras para produção 
animal a pasto, leve em consideração que é necessário dar ênfase à 
produtividade animal estável e persistente ao longo de um determinado prazo. 
E, para isso, três princípios devem ser seguidos, conforme Congio e Meschiatti 
(2019): 
1. produzir grande quantidade de forragem, de valor nutritivo adequado, em 
consonância com as necessidades dos animais; 
2. garantir o consumo voluntário, em níveis ideais; 
3. obter índices de conversão alimentar satisfatórios. 
Para que isso seja exequível, o médico veterinário deve conhecer as 
características das plantas forrageiras empregadas em um sistema de pastejo. 
Uma forrageira explorada intensivamente, e de forma errônea, pode sofrer 
redução na sua produtividade e vida útil, o que, acima de tudo, prejudica a 
produtividade animal e gera reflexos econômicos, por conta da degradação da 
pastagem (Congio; Meschiatti, 2019). 
O correto manejo das pastagens, portanto, é fundamental, pois os 
ecossistemas de pastagens cultivadas são, em grande maioria, incapazes de se 
 
 
3 
autossustentarem, pois o seu consumo de nutrientes é superior à reposição 
deles. Logo, o pastejo gera reflexos positivos e negativos sobre o ecossistema. 
Os animais ingerem aproximadamente 30% da produção primária e excretam 
uma porção pequena dos nutrientes ingeridos. A redução da área foliar 
decorrente da eliminação de meristemas apicais e a diminuição de nutrientes 
são impactos negativos do pastejo. Mas o pastejo é benéfico para o aumento da 
penetração de luz, a remoção de folhas em senescência, o aumento na 
proporção de folhas novas e a ativação dos meristemas na base do caule e dos 
rizomas (Costa et al., 2004). 
O ato de pastejar, por ação do pisoteio dos animais, gera consequências 
físicas e químicas no solo e no ecossistema. O movimento dos animais sobre o 
solo faz a dispersão de sementes e de excreções, mas também quebra a crosta 
superficial do solo, o que melhora a percolação de água, redistribuindo e 
removendo nutrientes. Não obstante, a remoção de nutrientes do solo acelera a 
sua mineralização, pela excreção de fezes e urina (Alves et al., [S.d.]; 
Mittelmann, 2006). 
Diante dessas considerações, o manejo das pastagens deve ser 
cuidadoso e personalizado conforme a forrageira presente no ecossistema. 
Basicamente, o manejo da pastagem é preconizado com base nos dias de 
ocupação, nos dias de descanso e na pressão de pastejo (Congio; Meschiatti, 
2019). Vamos entender cada um destes termos: 
• Dias de ocupação: período no qual os animais permanecem em uma área, 
pastejando. 
• Dias de descanso: intervalo subsequente ao pastejo e necessário para a 
rebrota da forrageira. 
• Pressão de pastejo: é a relação entre o peso vivo dos animais e a matéria 
seca da forragem disponível (expressa em kg de matéria seca – MS/kg 
de peso vivo – PV). 
Diferentemente da taxa de lotação, que é um conceito de proporção entre 
carga animal e área, em que não se considera a disponibilidade de forragem, a 
pressão de pastejo é um conceito dado em porcentagem. De forma simples, uma 
pressão de 5% indica que há 5 kg de MS disponível para cada 100 kg de PV/dia. 
A denominação pastejo, porém, é pouco precisa e inadequada à finalidade de 
 
 
4 
permanência dos animais em determinada área, tecnicamente denominada 
lotação (Martha Júnior et al., 2003). 
Existem duas formas de lotação: a contínua e a rotacionada (também 
denominada intermitente). A lotação contínua consiste basicamente em um 
método de pastejo em que os animais têm acesso irrestrito e ininterrupto à 
pastagem por longos períodos, muitas vezes indeterminados. A lotação 
rotacionada é um método de pastejo que restringe a área de acesso dos animais 
e determina o seu tempo de permanência, fazendo um rodízio entre piquetes 
(Martha Júnior et al., 2003). 
A produção de forragem e a produtividade animal muitas vezes não são 
igualmente alcançáveis, independentemente de a lotação ser contínua ou 
intermitente; mas sabe-se que a pressão de pastejo é um importante fator para 
isso. Se a pressão de pastejo é baixa e a disponibilidade de forragem é alta, 
ocorrem o subpastejo e a seleção do consumo da forragem, afetando o 
desempenho animal e vegetal, pois com isso pode haver acúmulo de material 
senescente. Por isso, o médico veterinário deve primar por manter a pressão de 
pastejo em um nível ótimo, que não permita ganhos máximos por animal, mas 
garanta maiores ganhos por área, propiciando que a pastagem expresse o seu 
potencial sem degradação ou seleção (subpastejo) (Ruggieri, 2011). 
Figura 1 – Sistema de produção com diversos piquetes, restringindo a área de 
permanência de pastejo dos animais 
 
Crédito: Patrick Jennings/Shutterstock. 
 
 
5 
Num sistema de lotação contínua bem manejado, há a desfolha 
constante, que estimula a capacidade de perfilhamento e beneficia a 
interceptação da luz de forma eficiente, favorecendo assim a fotossíntese, a 
geração de novas folhas, uma maior densidade de perfilhos. Mas, caso o sistema 
de lotação contínua seja mal manejado, ele pode resultar em baixa densidade 
de perfilhos e, assim, baixa fotossíntese. Esse sistema é de investimento inicial 
mais baixo, porém de produtividade e rentabilidade igualmente menores em 
relação à lotação rotacionada (Alves et al., [S.d.]; Ruggieri, 2011). 
 No sistema de lotação rotacionada – por óbvio, se bem manejado –, o 
campo de pastejo crescerá mais rapidamente durante a rebrota do que durante 
o período de ocupação. Mas, deve-se cuidar para não ocorrer a seleção ou a 
degradação do sistema de pastagem durante o pastejo, pois a remoção de folhas 
jovens sinteticamente ativas e/ou a permanência de folhas velhas, além do 
pisoteio dos animais, pode(m) afetar severamente a taxa de interceptação 
luminosa e a fotossíntese (Oliveira; Corsi, 2005). 
TEMA 2 – TAXA DE LOTAÇÃO VERSUS CAPACIDADE DE SUPORTE 
Para evitar um processo irreversível de degradação dos sistemas de 
pastagem ou mesmo o destino evitável de recursos extras para a recuperação 
de uma área degradada, quer seja em lotação pelo método contínuo, quer seja 
pelo intermitente, é fundamental que sejam respeitados os limites de resistência 
e tolerância das forrageiras à ação animal, suas exigências em relação ao solo, 
umidade, clima etc. Cada espécie forrageira tem características de altura de 
pastejo, massa de forragem, desempenho e produção de forragem; e, 
respeitando-se tais características, deve-se tentar controlar fatores como o 
período de descanso e a taxa de lotação, sempre que possível (Martha Júnior et 
al., 2003). 
A taxa de lotação é primordial para garantir a eficiência de utilização de 
uma forrageira destinada ao pastejo. Se a taxa de lotação for mal calculada, pode 
ocorrer o subpastejo, caracterizadopor sobras de forragem decorrentes do 
número subestimado de animais; mas pode resultar ainda em superpastejo, 
quando falta forragem disponível para consumo, em decorrência do excesso de 
animais por área de pastagem (Martha Júnior et al., 2003; Raven; Evert; 
Eichhorn, 2014). 
 
 
6 
Desajustes na taxa de lotação são lesivos à saúde das forrageiras, pois o 
superpastejo reduz a área foliar, esgota as reservas de carboidratos não 
estruturais e também expõe e erradica meristemas (Raven; Evert; Eichhorn, 
2014). O valor nutritivo de forrageiras é prejudicado pelo aumento da taxa de 
senescência, redução da capacidade fotossintética e redução da produção de 
carboidratos não estruturais, consequências de subpastejo (Martha Júnior et al., 
2003). 
Em situações de desfolhação frequente e excessiva, como ocorre em 
lotação contínua com alta taxa de lotação, a intercepção de luz (fotossíntese) é 
pequena e produz folhas menores e aumenta a densidade dos perfilhos. Em 
casos de lotação intermitente, ocorre uma competição maior pela luz durante a 
rebrotação e, por isso, mudanças na qualidade e quantidade de luz absorvida e 
na estrutura do dossel fazem com que os vegetais desenvolvam folhas mais 
longas e reduzam a taxa de perfilhamento (Morrison, 1966). 
Figura 2 – Pastagem apresentando forrageira extremamente próxima ao solo, 
compatível com superpastejo 
 
Créditos: Floratta/Shutterstock. 
O método de lotação exerce influência direta sobre a eficiência de 
utilização da pastagem, na proporção da produção e na retirada da vegetação 
pela ação dos animais. Em lotação contínua, pode haver a remoção constante e 
subsequente deficiência da recuperação de tecido foliar, subutilizando-se o 
potencial da forragem. Por outro lado, na lotação intermitente, fatores como os 
 
 
7 
períodos de descanso e ocupação, o número e o tamanho dos piquetes e a taxa 
de acúmulo de forragem podem predizer a retirada da vegetação pela ação dos 
animais. Logo, ajustes na taxa de lotação e no período de ocupação podem 
minimizar as perdas foliares e, dessa forma, manter a alta eficiência de utilização 
da pastagem (Martha Júnior et al., 2003). 
Propriamente dito, o conceito de taxa de lotação refere-se à relação entre 
número de animais (ou unidades animais) e área de unidade de manejo ocupada 
durante um período de tempo (Martha Júnior et al., 2003). A taxa de lotação pode 
ser calculada pela fórmula: MSF x AP x 100 / DO x OF, em que: 
• MSF (kg/hectare): massa seca de forragem (soma da massa seca pré-
pasto com a taxa de acúmulo de forragem); 
• AP (hectare): área de pasto; 
• DO (dias): dias de ocupação; 
• OF (kg/MS/100 kg PV): oferta de forragem. 
Divide-se, então, o valor encontrado pelo peso médio do rebanho ou por 
450 quilos (1 unidade animal – UA). 
Na prática, se a massa seca de forragem pré-pastejo é de 2.000 
kg/hectare, a taxa de acúmulo de forragem, de 50 kg MS/ha/dia, o período de 
ocupação é de 15 dias, o peso médio do lote, 450 kg de PV e a oferta de 
forragem, de 18 kg/MS/100 kg de PV (18%), logo: 
2.050 x 1 x 100 / 15 x 18 = 205.000 / 270 = 759,26 
Por fim, para calcular o número de cabeças por hectare ou o número de 
unidades animais por hectare, deve-se dividir o valor encontrado pela média de 
peso do rebanho ou por 450 kg (1 UA): 
759,26 / 450 = 1,68 
O resultado final da taxa de lotação é expresso em cabeças/ha ou UA/ha; 
logo, neste último caso, tem-se 1,68 UA/ha. 
Compreendido o conceito, fundamentado o cálculo da taxa de lotação, o 
próximo conceito fundamental para o entendimento do manejo de pastagens é a 
capacidade de suporte, que corresponde à taxa máxima de lotação de uma área, 
em um determinado período, que proporcione um determinado nível de 
desempenho animal sem causar a deterioração do ecossistema. Ou seja, a 
capacidade de suporte expressa a taxa de lotação adequada a uma pressão 
ótima do pastejo, em que se obtém um ganho máximo por área, em um 
 
 
8 
determinado momento, sem que isso resulte em degradação da pastagem. Logo, 
o cálculo da capacidade de suporte é fundamental para evitar o sub ou o 
superpastejo (Martha Júnior et al., 2003). 
A capacidade de suporte (CS) pode ser calculada por meio da seguinte 
fórmula (Martha Júnior et al., 2003): 
CS (UA/ha/ano) = produção anual de forragem/ha/ano / consumo 
por unidade animal a cada ano 
Na prática, se uma forragem apresenta produção de 25 t/ha/ano, com 
considerando uma média de consumo de 15%, sua capacidade de suporte seria: 
CS = 25.000 / (450 x 0,15 x 365 dias) = 25.000 / 24.637,5 = 1,01 
UA/ha/ano 
A fórmula foi executada da seguinte maneira: a produção total por ano foi 
dividida pelo consumo de uma unidade animal ao longo de um ano, em uma 
pastagem. O resultado final da capacidade de suporte é expresso em UA/ha/ano. 
Logo, nesse caso, tem-se 1,01 UA/ha/ano. 
Mas, deve-se lembrar que 75% da produção das forragens ocorre na 
época das chuvas (que dura, aproximadamente, 210 dias); e que, durante a seca 
(aproximadamente, 155 dias), ocorre a produção dos outros 25%. Logo, a 
capacidade de suporte deve ser ajustada no decorrer do ano (Ruggieri, 2011). 
TEMA 3 – ASPECTOS DO PREPARO DO SOLO E DO PLANTIO DAS 
FORRAGEIRAS 
Para a produção de pastagem, aqueles três princípios que comentamos 
na seção anterior precisam ser respeitados (produzir grande quantidade de 
forragem, de valor nutritivo adequado, em consonância com as necessidades 
dos animais; garantir o consumo voluntário em níveis ideais; obter índices de 
conversão alimentar satisfatórios) (Alves et al., [S.d.]). Partindo do princípio de 
que produziremos pastagem do ponto inicial, para que alcancemos esses 
princípios, devem ser conhecidas as características das plantas forrageiras a 
serem utilizadas no sistema de criação. Resumidamente, o crescimento das 
plantas, a sua utilização e a sua conversão são três fases distintas e importantes 
da produção animal a pasto (Raven; Evert; Eichhorn, 2014; Ruggieri, 2011). 
Vamos detalhar cada uma delas a seguir. 
Durante o crescimento da forrageira, é necessário que a planta receba 
água, energia luminosa e nutrientes, para, assim, converter isso em tecido 
 
 
9 
vegetal e massa de forragem. A eficiência desse processo é dependente das 
condições de clima e solo, que devem ser estudadas antes mesmo da escolha 
da forrageira, até porque se deve implementar uma forrageira hábil para 
produção em determinado local, que favoreça a produtividade animal sem custos 
exorbitantes, sendo, pois, economicamente viável. Medidas corretivas devem 
ser levadas em consideração para garantir o ambiente mais adequado ao 
desenvolvimento da vegetação, como preparo do solo, adubação, calagem, 
fosfatagem, entre outras, o que abordaremos no decorrer de nossos estudos 
(Raven; Evert; Eichhorn, 2014; Ruggieri, 2011). 
Após o crescimento da forrageira, teremos um ecossistema favorável para 
a produção animal, aliás, independentemente de se tratar de pastejo ou corte 
(produção de alimentos conservados). Logo, surge a fase de utilização da 
gramínea ou leguminosa, iniciando-se o manejo de desfolha, que deve obedecer 
às diretrizes de taxa de ocupação e capacidade de suporte, conforme estudamos 
anteriormente. A fase de utilização está diretamente associada ao manejo de 
desfolha e tem impacto na conversão, uma vez que se relaciona com a parte do 
dossel que será consumida (folhas e colmo) e, por isso, afeta a ingestão de 
nutrientes (Raven; Evert; Eichhorn, 2014; Ruggieri, 2011). 
Vamos, a partir de agora, estudar as condições de solo e clima (condições 
edafoclimáticas). Para a tomada de decisões de qual forrageira requer cuidados 
especiais na escolha da área para o cultivo das forrageiras na propriedade, deve-
se então estudar a média de pluviosidade, topografia e fertilidade do solo. A 
obtenção dessas medidas direcionará as correções necessárias para a melhor 
adaptação da forrageira (Raven; Evert; Eichhorn, 2014;Ruggieri, 2011). 
Em relação à topografia, podemos dividi-la conforme a região específica, 
mas, em geral, resume-se em (Zonta et al., 2012): 
• Leito menor: região marcada pela presença de fontes de água, como 
minas, córregos etc. 
• Leito maior: área de inundação periódica e de rápido escoamento. 
• Terraço: campo plano e não susceptível a encharcamento, de ótima 
fertilidade natural e susceptível a mecanização, bom para o cultivo de 
coast-cross e Panicum maximum. 
• Meia-encosta: é uma região demográfica que recebe sedimentos 
provenientes das áreas mais superiores, também de alta fertilidade, e que 
é apta ao cultivo de plantas com alta produção de biomassa. 
 
 
10 
• Morro: é uma área de baixa fertilidade natural e que oferece dificuldade 
para mecanização; logo, destina-se às forragens tolerantes a 
adversidades como solos ácidos e pouco férteis, com rápida cobertura, 
como as do gênero Brachiaria. 
• Topo do morro: região de ainda mais baixa fertilidade. 
Determinada a região da propriedade mais adequada à implementação 
da pastagem, deve-se prosseguir à coleta de amostras de solo para análises 
laboratoriais químicas e de textura, cujos resultados auxiliarão na tomada de 
decisões para correção e adubação do solo conforme a necessidade da 
forrageira; ou mesmo para escolha de uma forrageira que se adapte às 
condições preexistentes (Ruggieri, 2011). 
O preparo do solo deve ter como objetivo deixá-lo uniforme, firme e com 
ausência de torrões. As técnicas utilizadas para isso consistem na aração e na 
gradagem. A aração consiste em revirar as camadas mais superficiais do solo, 
para melhorar a permeabilidade de água, otimizar a penetração de fertilizantes 
no solo e permitir o trânsito de ar no solo. A gradagem deve ser realizada após 
a aração, para desfazer torrões resultantes da aração, tornando o solo mais 
homogêneo (Congio; Meschiatti, 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Figura 3 – Solo submetido a aração, ainda com presença de grandes torrões 
 
Créditos: Alex_Po/Shutterstock. 
Figura 4 – Solo submetido a aração e gradagem, já com menor quantidade de 
torrões 
 
Créditos: Vinicius Abe/Shutterstock. 
Sobre a época de plantio, deve-se levar em total consideração a espécie 
ou cultivar da forrageira, assim como suas características morfológicas, 
fisiológicas, exigências nutricionais, condições de crescimento e de adaptação a 
 
 
12 
solo e clima, formas de criação e estrutura da propriedade. Em geral, a 
semeadura ocorre desde o início até o fim do período chuvoso (Costa et al., 
2004). A semeadura pode ser manual, o que normalmente é empregado em 
pequenas áreas ou quando não é possível o acesso de maquinário agrícola, quer 
seja por uso de sementes, quer de mudas. A semeadura mecanizada pode ser 
realizada a lanço, com equipamento para a utilização de calcário; em sulcos, 
com emprego de mudas; e também por semeadura aérea (Ruggieri, 2011). Por 
regra, a densidade da semeadura encontra-se entre 10 kg/ha a 15 kg/ha, mas 
ela sofre influência da qualidade das sementes; ou pode-se semear na proporção 
de 2 kg de sementes puras viáveis por 1 hectare de terra (Martha Júnior et al., 
2003). 
TEMA 4 – MANEJO DE PASTAGEM E FORMAÇÃO DE PIQUETES 
Já ficou claro que os métodos de pastejo interferem na produção vegetal 
e, consequentemente, na produtividade animal. Por isso, é fundamental que a 
intensidade da desfolha seja sistematicamente controlada, a fim de se 
proporcionar um bom consumo e desempenho animal sem prejudicar a 
forrageira. Cada forrageira apresenta características ideais de pastejo, com 
estatura ideal de entrada e saída dos animais, independentemente do sistema 
de lotação (Alves et al., [S.d.]; Ruggieri, 2011). 
A Tabela 1 lista algumas medidas para os diferentes tipos de manejo de 
forrageiras. 
Tabela 1 – Medidas de altura para pastejo em diferentes tipos de manejo de 
forrageiras 
Gramínea Alturas mínimas de pastejo (cm) 
 Lotação 
contínua 
Lotação intermitente 
 Entrada Saída 
Brachiaria brizantha 30 a 40 80 a 100 25 a 30 
B. decumbens 20 a 25 30 a 40 15 a 20 
B. humidicola 15 a 20 30 a 40 10 a 15 
Cynodon dactylon spp. 15 a 20 25 a 30 10 a 15 
Panicum maximum cv. Tobiatã/Mombaça 40 a 50 120 a 140 30 a 40 
P. maximum cv. Tanzânia 40 a 50 80 a 120 30 a 40 
P. maximum cv. Massal 25 a 30 50 a 70 20 a 25 
 
 
13 
Cada espécie forrageira também demanda um período médio de 
descanso, conforme Tabela 2. 
Tabela 2 – Período de descanso, em dias, para gramíneas forrageiras 
Espécie Período de descanso (dias) 
B. brizantha 28 a 42 
B. decumbens 28 a 42 
B. humidicola 20 a 30 
C. dactylon spp. 25 a 35 
P. maximum spp. 28 a 42 
Em relação às leguminosas, vamos dar ênfase à alfafa, por ser a 
leguminosa mais difundida na criação animal e pelo fato de seu manejo ser 
fundamental no sucesso dessa criação. O primeiro corte não pode ser feito antes 
de 35 a 42 dias, no outono-inverno, e de 28 a 32 dias, na primavera-verão, 
porque a planta precisa ter condições de acumular reservas para a sua rebrota. 
Ressaltamos que a planta madura da alfafa apresenta altura entre 60 cm a 90 
cm, e que o seu pastejo deve ocorrer com altura mínima de 8 cm a 10 cm do 
solo (Morrison, 1966). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
Figura 5 – Ovinos pastejando em área de cultivo de alfafa 
 
Créditos: Gonzalo de Miceu/Shutterstock. 
Na hora de definir as dimensões dos pastos e o número de piquetes, 
devemos considerar todos os aspectos anteriormente mencionados, respeitando 
as características de cada forrageira, evitando assim o subpastejo, o 
superpastejo e a degradação da área (Martha Júnior et al., 2003). Quando o 
produtor opta por lotação contínua, ele deve saber que existe uma maior 
seletividade na coleta da forragem pelos animais e distribuição irregular de fezes 
e urina, na área. Por isso, a adequação da carga animal é importante, ainda mais 
diante da fatídica estacionalidade da produção de forragens (25% de 
crescimento no período seco versus 75%, no período das águas). Por isso, 
indica-se calcular uma taxa de lotação maior para o período chuvoso e uma 
menor para o seco. E, se a carga animal é fixa, deve-se utilizar como referência 
a capacidade de suporte do período seco. Se o produtor opta por lotações 
rotacionadas, deve estar claro que há um maior investimento em instalações. 
Contudo, esse sistema de manejo de pastagem proporciona melhores 
resultados, devido à melhor distribuição dos animais e das excretas, assim como 
a menor seletividade e período de descanso das plantas, permitindo sua plena 
recuperação (Martha Júnior et al., 2003). 
 
 
15 
Finalmente, definidos os dias de ocupação e de descanso das forrageiras, 
calcula-se o número de piquetes necessários por meio da fórmula (Martha Júnior 
et al., 2003): 
NP = (PD / PO) + 1 
em que: NP é o número de piquetes, PD, o período de descanso; PO, o período 
de ocupação. 
TEMA 5 – RECUPERAÇÃO DA PASTAGEM 
Ficou claro, pelos últimos conceitos estudados, que a degradação da 
pastagem pode ocorrer devido a seu uso incorreto. Esse processo culmina com 
a diminuição da produtividade e da capacidade natural de recuperação 
necessária para garantir a produção de matéria vegetal que servirá como 
alimento ao animal. Além disso, pastagens degradadas tornam-se susceptíveis 
às agressões causadas pelas pragas e doenças (Oliveira; Corsi, 2005; Zonta et 
al., 2012). 
Entre os fatores que podem contribuir para a ocorrência desse processo, 
podemos ressaltar: 
• Características físicas e químicas do solo 
• Aspectos relacionados à espécie forrageira 
• Presença de pragas e doenças 
• Má formação da pastagem, pelo seu estabelecimento inadequado 
• Compactação e erosão do solo 
• Falta de correção e adubação do solo 
• Taxa de lotação inadequada 
• Capacidade de suporte subestimada 
• Aparecimento de espécies invasoras 
Para minimizar os impactos da degradaçãodas pastagens, algumas 
medidas podem ser tomadas para a sua recuperação. A degradação de uma 
pastagem pode ocorrer por naturezas diversas, por isso é difícil definir a causa 
primária de uma degradação. Normalmente, observa-se uma queda acentuada 
na produção de forragens, acompanhada da redução da capacidade de lotação 
e performance animal. Pode-se também notar a presença de pragas invasoras 
que competem com a forrageira. Recursos naturais também podem ser 
prejudicados, pois, com a degradação do solo, podem surgir alterações em sua 
 
 
16 
estrutura, resultando em compactação, diminuição das taxas de infiltração e da 
capacidade de retenção de água, inclusive com presença de erosão e 
assoreamento de nascentes, lagos e rios. Nesses casos, deve-se fazer o estudo 
da degradação para aplicar, conforme a necessidade levantada, a limpeza da 
área de pastagem e técnicas de conservação do solo, como estabelecimento 
estratégico de curvas de nível, tanto para descompactação do solo, como para 
controle da erosão (Oliveira; Corsi, 2005; Zonta et al., 2012). 
Figura 6 – Pastagem, em morro, apresentando severa degradação por erosões 
 
Créditos: Mhmatsu/Shutterstock. 
 
 
 
17 
Figura 7 – Pastagem apresentando degradação por erosões e compactação do 
solo 
 
Créditos: Kleyton Kamogawa/Shutterstock. 
NA PRÁTICA 
Você foi contratado(a) para fazer gestão e assessoria em uma 
propriedade de bovinocultura de corte. O seu primeiro passo será calcular a taxa 
de lotação da pastagem disponível, considerando que a MS de forragem pré-
pastejo é de 1.900 kg/ha, a taxa de acúmulo de forragem, de 40 kg de MS/ha/dia, 
o período de ocupação é de 14 dias, o peso médio do lote, de 350 kg de PV, e a 
oferta de forragem, de 13 kg/MS/100 kg de PV (13%). Além disso, é necessário 
calcular o número de piquetes necessários para respeitar o período de ocupação 
de 14 dias e o período de descanso de P. maximum spp., de 42 dias. Faça os 
cálculos como se fosse apresentá-los na reunião de planejamento da fazenda. 
FINALIZANDO 
A denominação pastejo é pouco precisa e inadequada à finalidade de 
permanência dos animais em determinada área, por isso tecnicamente 
denominada lotação. Dessa forma, existem duas formas de lotação, a contínua 
 
 
18 
e a rotacionada (também denominada intermitente). A lotação contínua consiste 
basicamente em um método de pastejo em que os animais têm acesso irrestrito 
e ininterrupto à pastagem por longos períodos, muitas vezes indeterminados. A 
lotação rotacionada é um método de pastejo que restringe a área de acesso dos 
animais e determina o tempo de permanência, fazendo um rodízio entre 
piquetes. Para evitar um processo irreversível de degradação dos sistemas de 
pastagem, ou mesmo o destino evitável de recursos extras para a recuperação 
de uma área degradada, quer seja em lotação pelo método contínuo, quer pelo 
intermitente, é fundamental que sejam respeitados os limites de resistência e 
tolerância das forrageiras à ação animal, suas exigências em relação ao solo, 
umidade, clima etc. Cada espécie forrageira tem características de altura de 
pastejo, massa de forragem, desempenho e produção de forragem; e, 
respeitando-se tais características, deve-se tentar controlar fatores como o 
período de descanso da forrageira e a taxa de lotação, sempre que possível. 
Em situações de desfolhação frequente e excessiva, como ocorre em 
lotação contínua com alta taxa de lotação, a intercepção de luz (fotossíntese) é 
pequena e produz folhas menores e aumenta a densidade dos perfilhos. Em 
casos de lotação intermitente, ocorre uma competição maior pela luz durante a 
rebrotação e, por isso, mudanças na qualidade e quantidade de luz absorvida e 
na estrutura do dossel fazem com que os vegetais desenvolvam folhas mais 
longas e reduzam a sua taxa de perfilhamento. 
Estudamos ainda que a taxa de lotação pode ser calculada pela fórmula 
MSF x AP x 100 / DO x OF, assim como a capacidade de suporte (CS) (produção 
anual de forragem/ha/ano / consumo por unidade animal a cada ano). 
Para a produção de pastagem, estes três princípios que comentamos 
precisam ser respeitados: produzir grande quantidade de forragem, de valor 
nutritivo adequado, em consonância com as necessidades dos animais; garantir 
o consumo voluntário em níveis ideais; obter índices de conversão alimentar 
satisfatórios. Partindo do princípio de que produziremos pastagem do ponto 
inicial, para que alcancemos esses princípios, devem ser conhecidas as 
características das plantas forrageiras a serem utilizadas no sistema de criação. 
Resumidamente, o crescimento das plantas, a sua utilização e conversão são 
três fases distintas e importantes na produção animal a pasto. 
 
 
19 
O preparo do solo deve ter como objetivo deixá-lo uniforme, firme e com 
ausência de torrões. As técnicas utilizadas para isso consistem na aração e na 
gradagem. 
Já ficou claro que os métodos de pastejo interferem na produção vegetal 
e, consequentemente, na produtividade animal. Por isso, é fundamental que a 
intensidade da desfolha seja sistematicamente controlada para, assim, 
proporcionar um bom consumo e desempenho animal, sem se prejudicar a 
forrageira. 
Cada forrageira apresenta características ideais de pastejo, com estatura 
ideal de entrada e saída dos animais, independentemente do sistema de lotação. 
A degradação da pastagem pode ocorrer devido a seu uso incorreto, o que 
culmina com a diminuição da produtividade e da capacidade natural de 
recuperação necessária do solo para garantir a produção da matéria vegetal que 
servirá na alimentação animal. Para minimizar os impactos dessa degradação, 
algumas medidas devem ser tomadas para a recuperação das pastagens. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ALVES, S. J. et al. Espécies forrageiras recomendadas para a produção 
animal. São Paulo: Unesp, [S.d.]. 82 p. Disponível em: 
. Acesso em: 28 abr. 2022. 
CONGIO, G. F. S.; MESCHIATTI, M. A. P. Forragicultura. 1. ed. Porto Alegre: 
Sagah, 2019. 
COSTA, N. L. et al. Fisiologia e manejo de plantas forrageiras. Porto Velho: 
Embrapa Rondônia, 2004. Disponível em: 
. Acesso em: 28 abr. 2022. 
MARTHA JÚNIOR, G. B. et al. Área do piquete e taxa de lotação no pastejo 
rotacionado. Comunicado Técnico [do] Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento, Planaltina, n. 101, dez. 2003. Disponível em: 
. Acesso em: 28 abr. 2022. 
MITTELMANN, A. Principais espécies forrageiras. In: PEGORARO, L. M. C. 
(Ed.). Noções sobre produção de leite. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 
2006. 153 p. 
MORRISON, F. B. Alimentos e alimentação dos animais. 2. ed. São Paulo: 
Melhoramentos, 1966. 
OLIVEIRA, P. P. A.; CORSI, M. Recuperação de pastagens degradadas para 
sistemas intensivos de produção de bovinos. Circular Técnica [da] Embrapa, 
São Carlos, n. 38, mar. 2005. Disponível em: 
. Acesso em: 28 abr. 2022. 
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 
RUGGIERI, A. C. Formação de pastagens. Jaboticabal: Unesp, 2011. 
Disponível em: 
. Acesso em: 28 abr. 2022. 
 
 
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ZONTA, J. H. et al. Práticas de conservação do solo e de água. Circular Técnica 
[da] Embrapa, Campina Grande, n. 133, set. 2012. Disponível em: 
. Acesso em: 28 abr. 2022.

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