Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 01 Noções de Direito Administrativo p/ ANS - Técnico em Regulação Professor: Daniel Mesquita Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita AULA 01: Atos administrativos. SUMÁRIO 1) INTRODUÇÃO À AULA 02 2 2) ATOS ADMINISTRATIVOS 2 2.1. CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO. 2 2.2. ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO; TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES; PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. 11 2.3. ATRIBUTOS (OU CARACTERÍSTICAS) DO ATO ADMINISTRATIVO. 39 2.4. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 58 2.4.1 EXISTÊNCIA, VALIDADE, EFICÁCIA E EXEQÜIBILIDADE 58 2.4.2 VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE 61 2.4.3 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. 73 2.5. ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE 82 2.5.1 ATOS ADMINISTRATIVOS NORMATIVOS 82 A. DECRETOS 82 B. INSTRUÇÕES NORMATIVAS, REGIMENTOS, REGULAMENTOS, RESOLUÇÕES E DELIBERAÇÕES 84 2.5.2 ATOS ADMINISTRATIVOS ORDINATÓRIOS 85 2.5.3 ATOS ADMINISTRATIVOS NEGOCIAIS 87 A. LICENÇA E ALVARÁ 88 B. PERMISSÃO E AUTORIZAÇÃO 90 C. ADMISSÃO, APROVAÇÃO, VISTO E HOMOLOGAÇÃO 90 2.5.4 ATOS ADMINISTRATIVOS ENUNCIATIVOS 92 A. CERTIDÕES 92 B. PARECERES 92 C. ATESTADOS 93 D. APOSTILA 94 2.5.5 ATOS ADMINISTRATIVOS PUNITIVOS 94 3) TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO. 99 3.1 ATOS ADMINISTRATIVOS NULOS, ANULÁVEIS E INEXISTENTES. 99 3.2 TEORIAS MONISTA (OU UNITÁRIA) E DUALISTA. 100 3.3 VÍCIOS DO ATO ADMINISTRATIVO. 102 3.4 DESCONSTITUIÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 105 3.4.1 INVALIDAÇÃO 107 3.4.2 REVOGAÇÃO 116 3.5 CONVALIDAÇÃO (OU SANATÓRIA) 136 Direito Administrativo p/ ANS ʹ Técnico em Regulamentação. Teoria e exercícios comentados. Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 4) RESUMO DA AULA. 141 5) QUESTÕES 153 6) REFERÊNCIAS 173 1) Introdução à aula 02 Que bom que você veio para a nossa aula 02! Nesta nossa aula do curso de Direito Administrativo para o concurso da ANS, falaremos do seguinte assunto: 3 Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. Não se esqueça de que, ao final, você terá um resumo da aula e as questões tratadas ao longo dela. Use esses dois pontos da aula na véspera da prova! Chega de papo, vamos à luta! 2) Atos Administrativos 2.1. Conceito de ato administrativo. Antes de conceituarmos ato administrativo, lembrando que não há conceito legal e sim doutrinário, devemos distinguir os conceitos de fato e de ato, de modo que a ideia do ato administrativo fique clara. Fato: é acontecimento sem qualquer interferência da vontade humana, como no caso de eventos da natureza. Ato, por sua vez, é manifestação de vontade praticada pelo homem. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 6H� ³DWR´� p� PDQLIHVWDomR� GD� YRQWDGH� KXPDQD�� ³atos administrativos´� VmR� GHFODUDo}HV� KXPDQDV� �H� QmR�PHURV� IHQ{PHQRV� da natureza), unilaterais (as bilaterais constituem contratos), expedidas pela administração pública ou por particular no exercício de suas prerrogativas, com o fim imediato de produzir efeitos jurídicos determinados, em conformidade com o interesse público, sob regime de direito público e sujeitas a controle. Exemplos: aplicação de uma pena de multa em razão do excesso de velocidade; a desapropriação de uma área privada; o tombamento de um patrimônio de relevância histórica. Fernanda Marinela destaca que os serviços ou atividades controlados por computadores, como, por exemplo, as centrais controladoras dos semáforos da cidade, hipótese em que a própria PiTXLQD� HPLWH� RUGHQV� GH� ³SDUH´� RX� ³VLJD´�� VmR� DWRV� MXUtGLFRV� H� administrativos, embora não decorram de uma verdadeira manifestação de vontade humana. Como já visto, ato é diferente de fato, por isso não confunda ato administrativo com fato administrativo (acontecimentos que produzem efeitos jurídicos relevantes para o Direito Administrativo), cujos exemplos são: a morte de um funcionário que gera vacância de um cargo; a destruição de uma escola pública em razão da chuva; a mudança de lugar de certo órgão público; a cirurgia realizada por um médico em um hospital público; etc. Ademais, para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, se o fato não produz qualquer efeito jurídico no Direito Administrativo, ele é denominado fato da administração. Os atos administrativos podem ser anulados e revogados dentro dos limites do Direito, em quanto os fatos administrativos não admitem nem anulação nem revogação. Por fim, os atos administrativos gozam de presunção de legitimidade, enquanto os fatos não. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Por outro lado, importante destacar o conceito trazido por Marinela de ato da administração, que é todo ato praticado pela Administração Pública, mais especificamente pelo Executivo, no exercício da função administrativa, podendo ser regido pelo direito público ou pelo direito privado. Note que esse conceito tem sentido mais amplo do que o de ato administrativo, que necessariamente deve ser regido pelo direito público. A autora continua dizendo que os atos da administração podem ser: a) Atos privados da Administração. Exs: doação, permuta, compra e venda, locação b) Atos materiais: condutas que não contêm manifestação de vontade, constituindo apenas em uma execução, configurando fatos administrativos e não atos administrativos. Exs: demolição de uma cassa, apreensão de mercadoria, realização de um serviço c) Atos administrativos Ficam excluídos do conceito de atos da administração os atos administrativos não praticados pela Administração, como é o caso, por exemplo, de alguns atos praticados por concessionárias prestadoras de serviços públicos. A prescrição e da decadência são institutos que produzem efeitos jurídicos em razão da soma de dois elementos: o decurso do tempo e a inércia do titular do direito. Assim, não representam nem evento da natureza nem conduta material, tendo sido reconhecidos de forma pacífica como fatos jurídicos em sentido estrito, ou fatos jurídicos objetivos. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 9ROWDQGR�DR�FRQFHLWR�GH�³DWR�DGPLQLVWUDWLYR´��Sara quem gosta de demonstrar seu apurado conhecimento jurídico em provas subjetivas, citando doutrinadores de renome, colacionamos a definição de ato administrativo da professora Di Pietro: ³SRGH-se definir o ato administrativo como a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito S~EOLFR�H�VXMHLWD�D�FRQWUROH�SHOR�3RGHU�-XGLFLiULR´��������S������ Na tentativa de melhor definir o ato administrativo, Marinela fixa alguns pontos fundamentais, tais como: a vontade, que deve necessariamente emanar de um agente público no exercício de sua função administrativa, o que o distingue do particular; seu conteúdo, que deve propiciar efeitos jurídicos sempre com um fim público; e, por fim, o regime, que deve ser de direito público. O aluno não pode se esquecer de que, além do Poder Executivo, os órgãos que compõem o Poder Judiciário e o Legislativo também editam atos administrativos (ex: quando o Tribunal de Justiça realiza uma licitação para a compra de papel e deimpressora, quando a Assembleia Legislativa contrata uma empresa de engenharia para fazer uma reforma etc.). Também não pode se esquecer de que a Administração Pública pode editar atos regidos pelo direito privado quando, por exemplo, uma empresa estatal vende os bens produzidos por ela no mercado num ambiente de livre concorrência. Assim, existem atos administrativos que não são atos da administração e vice-versa. Por fim, vale destacar a valiosa lição de Bandeira de Mello (2010, p. 413-416) acerca do silêncio da Administração quando esta não se pronuncia quando deve fazê-lo. Para o ilustre administrativista, o Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita silêncio não é ato jurídico, mas um fato jurídico administrativo, pois não houve qualquer manifestação. Para a doutrina majoritária, o silêncio administrativo não produz nenhum efeito, salvo quando a lei ± reconhecendo o dever da Administração de agir, atribui esse resultado, admitindo-se, nesse caso, a possibilidade de uma anuência tácita, ou até, de efeito denegatório do pedido, contrariando o interesse de peticionário. Nessas hipóteses ± em que a lei atribui efeito ao silêncio ± o mesmo não decorre do silêncio e sim da previsão legal. Normalmente, o silência é um ato irregular da Administração, pois o administrado tem o direito de obter uma resposta de suas solicitações e requerimentos dirigidos à Administração. Essa resposta obrigatória está prevista no texto constitucional (art. 5º, XXXIV), o qual define o direito de petição, que abrange não somente a possibilidade de requerer, como também a certeza de obter uma resposta, caracterizando-se, dessa maneira, como um dever para o administrador. Assim, se após o prazo fixado em lei a Administração não fornecer as informações solicitadas, o administrado pode questionar a conduta do agente público junto ao Judiciário, pois ele descumpriu o dever legal de decidir. Atualmente, a Lei n. 12.527/11 (lei do acesso a informação) regula o tema da seguinte forma: Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível. § 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão; Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do acesso pretendido; ou III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de informação. § 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado o requerente. O STJ manifestou-VH�� ³��� 2� µGLUHLWR� GH� SHWLomR� DRV� poderes públicos em defesa de direitos e contra ilegalidade ou abuso de SRGHU¶�� DVVHJXUDGR� SHOR� DUW�� ��� ;;;,9�� ,�� GD� &)�� WHP� QDWXUH]D� instrumental: é direito, assegurado ao cidadão, de ver recebido e examinado o pedido em tempo razoável e de ser comunicado da decisão tomada pela autoridade a quem é dirigido. Nele não está FRQWLGR�� WRGDYLD�� R� GLUHLWR� GH� YHU� GHIHULGR� R� SHGLGR� IRUPXODGR� �����´� (RMS 16.424/DF, STJ ± Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julg: 05.04.2005, DJ: 18.04.2005). 1. (CESPE - 2013 - DEPEN - Especialista - Todas as áreas) A função administrativa, ou executiva, é exercida privativamente pelo Poder Executivo. Além do Poder Executivo, os órgãos que compõem o Poder Judiciário e o Legislativo também editam atos administrativos. Gabarito: Errado. Questões de concurso Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 2. (CESPE ± 2013 ± TJDFT ± Oficial de Justiça) A designação de ato administrativo abrange toda atividade desempenhada pela administração. O ato administrativo não abrange toda atividade desempenhada pela administração, representando apenas uma parcela da atuação da administração. Logo, está INCORRETA. 3. (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) Um banco estatal que celebra com o particular um contrato para fornecimento de cheque especial pratica um ato administrativo. 6H� ³DWR´� p� PDQLIHVWDomR� GD� YRQWDGH� KXPDQD�� ³atos administrativos´� VmR� GHFODUDo}HV� KXPDQDV� �H� QmR�PHURV� IHQ{PHQRV� da natureza), unilaterais (as bilaterais constituem contratos), expedidas pela administração pública ou por particular no exercício de suas prerrogativas, com o fim imediato de produzir efeitos jurídicos determinados, em conformidade com o interesse público, sob regime de direito público e sujeitas a controle. O ato praticado não visa o interesse público, mas de particulares, por isso está errado!! 4. (CESPE ± 2010 - MPS ± Técnico Em Comunicação Social ± Rel. Públicas) Quando um banco estatal celebra, com um cliente, um contrato de abertura de conta-corrente, está praticando um ato administrativo. Cumpre ressaltar que nem toda ação da Administração Pública é tida como ato administrativo. Os atos administrativos são manifestações, unilaterais, quando a Administração age como tal, tendo assim, superioridade, prerrogativas e supremacia em relação ao particular. As empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) são submetidas ao mesmo regime jurídico das demais Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita empresas privadas (regime jurídico de direito privado). Desta forma, os atos praticados por estas não são considerados atos administrativos, mas atos privados da Administração. Assim se enquadra o contrato de abertura de conta-corrente. Gabarito: Errado. 5. (CESPE - 2012 - ANATEL ± Analista) A formalização de contrato de abertura de conta-corrente entre instituição financeira sociedade de economia mista e um particular enquadra-se no conceito de ato administrativo. Vimos que atos de empresas estatais se enquadram como ato privado da administração, pois não é unilateral e também não possui prerrogativas. Gabarito: Errado. 6. (CESPE ± 2012 ± TJ/AL ± Analista Judiciário ± Administrativa) Todo ato praticado no exercício da função administrativa consiste em ato da administração. Vimos que os ³DWRV� DGPLQLVWUDWLYRV´� VmR� GHFODUDo}HV� KXPDQDV�� unilaterais, expedidas pela administração pública ou por particular no exercício de suas prerrogativas, com o fim imediato de produzir efeitos jurídicos determinados, em conformidade com o interesse público, sob regime de direito público e sujeitas a controle. Os atos administrativos são espécies do gênero atos da administração. Entre os atos da administração temos: os atos de direito privado; os atos materiais da administração; atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor; os atos políticos; os contratos; os atos normativos; e os atos administrativos propriamente ditos. Gabarito: Certo. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 7. (CESPE - 2012± TJ/AL ± Analista Judiciário ± Administrativa)Os atos políticos não se sujeitam ao regime jurídico constitucional. Todo ato da administração está sujeito ao regime constitucional. Lembre-se de que os atos políticos não são considerados atos administrativos. Gabarito: Errado. 8. (CESPE - 2010 - CETURB/ES - Advogado) Atos praticados pela administração valendo-se de suas prerrogativas e regido pelas normas de direito público são exemplos de atos administrativos, não podendo ser classificados, portanto, como atos da administração. A primeira parte do enunciado está correta. No entanto, se os atos citados são atos administrativas, consequentemente são atos da administração, já que são espécies destes últimos. Gabarito: Errado. 9. (CESPE - 2012 ± TJ/AL ± Analista Judiciário ± Administrativa) De acordo com os critérios objetivo, funcional ou material, ato administrativo corresponde ao ato praticado no exercício concreto da função administrativa que é editado exclusivamente por órgãos administrativos. Sabemos que o sentido objetivo, material ou funcional da administração pública denota a própria atividade administrativa exercida pelo Estado. Desta forma, por tal critério, o ato administrativo surge do exercício dessa função que poderá ser editado por órgão ou entidade administrativa, bem como pelos delegatários dos serviços públicos, ou seja, particulares no exercício delegado da função administrativa. Gabarito: Errado. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 10. (CESPE - 2011 ± STM ± Analista Judiciário ± Administração) Os atos administrativos têm origem no Estado ou em agentes investidos de prerrogativas estatais. Vimos que se pode definir o ato administrativo como a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei. Gabarito: Certo. 11. (CESPE - 2012 ± TJ/AL ± Analista Judiciário ± Administrativa) Os atos administrativos incluem os despachos de encaminhamento de papéis e os processos. Os despachos não são manifestações unilaterais de vontade da administração revestidas de prerrogativas públicas, ou seja, são considerados meros atos. Gabarito: Errado. 2.2. Elementos do ato administrativo; teoria dos motivos determinantes; procedimento administrativo. O que vamos estudar agora são os elementos que constituem os atos administrativos, sem eles o ato administrativo não completa seu ciclo de formação ou são considerados, até mesmo, a depender do elemento faltante, inexistente. Alguns doutrinadores preferem usar a expressão ³requisitos´��RXWURV�D�H[SUHVVmR�³SUHVVXSRVWRV´��$VVLP��VH�D� VXD�SURYD�WURX[HU�QR�HQXQFLDGR�R�WHUPR�³UHTXLVLWRV�RX�SUHVVXSRVWRV�GR� DWR�DGPLQLVWUDWLYR´�VDLED�TXH�D�TXHVWmR�HVWi�WUDWDQGR�GRV�HOHPHQWRV�GR� ato administrativo. A doutrina do direito administrativo brasileiro diverge quanto aos elementos que compõem os atos administrativos. Em razão disso, o Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita critério mais seguro para se utilizar em uma prova de concurso é o do art. 2º da Lei nº 4.717/65. Para essa lei, os elementos do ato administrativo são: competência, forma, objeto, motivo e finalidade. Isso não quer dizer que o aluno deve marcar errado se apresentada na questão que o sujeito, e não a competência, é um dos elementos do ato administrativo. O que você deve levar para a prova é que os elementos do ato administrativo são o SUJOMOFOFI = Sujeito, objeto, motivo, forma e finalidade; ou o COMFIFOMOB = Competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Nesse ponto, Di Pietro (2009, p. 202) informa, com razão, que a competência é um atributo do sujeito que pratica o ato e, além desse atributo, ele deve ter a capacidade para realizá-lo. Desse modo, mais adequado falar-se que o sujeito ± e não a competência ± é um dos elementos do ato administrativos. a) Sujeito ou competência (SUJ ou COM) Sujeito é aquele que pratica o ato. Ele deve ter capacidade e competência para a prática do ato. A primeira se verifica das normas de direito civil (idade, sanidade mental etc.). Já a competência, no direito administrativo, decorre da Constituição, das leis e atos normativos. Esses diplomas não só definem o plexo de competências, mas impõem aos seus titulares o dever de exercê-las em prol do interesse público. *Pensou em sujeito ± pense em capacidade e competência!* O sujeito competente deve ser necessariamente um agente público, que é o conceito mais amplo encontrado na doutrina, consistindo em qualquer pessoa que exerça de forma temporária ou Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita permanente, com ou sem remuneração, uma função pública, devendo estar, de alguma forma, ligado à Administração Pública. Além disso, é necessária a análise da capacidade jurídica desse agente e do ente a que ele pertence, a quantidade de atribuições do órgão que o produziu, a competência do agente emanante e a inexistência de óbices à sua atuação no caso concreto, tais como afastamentos legais, impedimentos e outros. Aqui já entramos em um ponto que pode ser explorado na prova: o estudo da competência para a prática do ato administrativo. Portanto, SINAL DE ALERTA! Segundo Marinela, entende-se por competência o conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, fixado pelo direito positivo, representando a esfera de atuação de cada um deles; é o círculo definido por lei dentro do qual podem os administradores exercer legitimamente sua atividade. A competência para a prática de atos administrativos não se presume, dependendo sempre de previsão legal. Importante observar as características da competência exercida pelo sujeito que pratica o ato administrativo. Mencionamos aqui as características da competência trazidas por Alexandrino (2010, p. 437), com fundamento na doutrina brasileira, especialmente em Bandeira de Mello: x de exercício obrigatório; A competência representa regra de exercício obrigatório para os órgãos e agentes públicos, sempre que caracterizado o interesse público. Portanto, exercitá-la não é livre decisão de quem a titulariza; trata-se de um poder-dever do administrador. x irrenunciável; Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Com base no princípio da indisponibilidade do interesse público, o administrador que recebe uma competência legal não pode renunciá-la para deixar de exercê-la. Fundamenta-se em dois artigos da Lei nº 9.784/99: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. x intransferível; O exercício da competência não admite transação ou acordo, descabendo repassá-la a outrem, salvo quando expressamente autorizado por lei. x imodificável pela vontade do agente;O administrador não pode, por intermédio de ato administrativo, dilatar ou restringir sua competência, considerando que sua fonte definidora é a lei, logo um ato superior na estrutura do ordenamento jurídico. x imprescritível O não exercício não extingue a competência, ou seja, mesmo que a competência não seja utilizada, independente do tempo, o agente continuará sendo o competente. x improrrogável Se o sujeito competente não exerce a competência, ela não se transfere ao órgão incompetente que praticou o ato. Isso porque, quem confere a competência é a lei. Assim, o agente não pode revogar uma lei pelo seu costume. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita CUIDADO: O concursando nunca pode se esquecer de que, apesar das características de irrenunciabilidade e intransferibilidade, a competência pode ser objeto de delegação e avocação. A delegação é um instrumento de descentralização administrativa (art. 11 do Decreto-lei nº 200/67) e não importa em transferência de competência, tanto é que a autoridade delegante pode avocar a competência delegada a qualquer momento (art. 2º, parágrafo único, do Decreto nº 83.937/79). Assim, o ato de delegação não retira a competência da autoridade delegante que continua competente cumulativamente com a autoridade delegada; tal transferência também é passível de revogação a qualquer tempo, devendo também ser publicado no órgão oficial. Deve-se observar que a delegação de competência normalmente é realizada para agentes de plano hierárquico inferior. Contudo, a lei também a admite para o mesmo plano hierárquico, quando não existirem impedimentos, sendo conveniente em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Essa hipótese aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes (art. 12 da Lei nº 9.784/99). O ato de delegação exige publicação oficial e deverá especificar as matérias e os poderes transferidos, definindo os limites de atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação, além dos recursos cabíveis e demais ressalvas que o delegante entender convenientes. MUITO CUIDADO ± EXCEÇÃO À REGRA DA DELEGAÇÃO: Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita A Lei nº 9.784/99 (art. 13), que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, proíbe a delegação da competência: (a) de editar atos normativos; (b) de decidir recursos administrativos; e (c) das matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Por essa razão, os atos de delegação e os demais atos praticados em razão dessa ilegalidade pela autoridade que a recebeu são considerados inválidos. IMPORTANTE: Dos demais dispositivos da Lei nº 9.784/99 e do Decreto nº 83.937/79, extraem-se as seguintes conclusões que já foram cobradas em inúmeras provas de concursos, são elas: x o ato de delegar pressupõe a autoridade para subdelegar; x pode haver delegação de competências a órgãos não subordinados; x a delegação pode ser parcial; x ela deve ser feita por prazo determinado; x a autoridade delegante pode permanecer com o poder de exercer a competência de forma conjunta com a delegatária. Segundo Marinela, o fenômeno da avocação ocorrerá quando a autoridade superior, que inicialmente era incompetente, atrai para a sua esfera de competência a prática de um determinado ato. Enquanto na delegação há transferência, na avocação há atração. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Importante ressaltar que, para a realização desse evento, pressupõem-se um sistema de hierarquia e a inexistência de competência exclusiva. Veja o art. 15 da Lei nº 9.784/99: Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. Por fim, com relação à competência, o aluno deve ter em mente que, quando o agente público atua fora de sua esfera de competência, ocorre o excesso de poder (Alexandrino, 2010, p. 440). b) Forma (FO) Além do elemento sujeito ou competência, existe o elemento forma. Conforme destaca Marinela, a exteriorização da vontade é condição para que o ato administrativo produza efeitos no mundo jurídico, considerada como instrumento de sua projeção, representando elemento que integra a própria formação do ato e é fundamental para completar o ciclo de existência. Entretanto, para o ato administrativo ser válido, não basta a manifestação da vontade, sendo necessário que seja realizado de acordo com as exigências definidas pela lei (formalidades específicas do ato), cuja ausência gera vício de legalidade, com sua consequente invalidação. Em regra, os atos administrativos representam o resultado de um procedimento administrativo prévio, formado por uma série de atos formais que levam a um provimento final, observando o princípio constitucional do devido processo legal. Para completar as exigências da forma, a doutrina aponta, ainda, a motivação, enquanto correlação lógica entre o motivo, o resultado do ato e a previsão legal. Isso mesmo! A motivação decorre da forma. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Com relação à motivação, Di Pietro (2009, p. 207) destaca que ela tem duas acepções: a) em sentido estrito: a forma é considerada como a exteriorização do ato, ou seja, o modo pelo qual a declaração se apresenta; b) HP� VHQWLGR� DPSOR�� D� IRUPD� LQFOXL� ³WRGDV� DV� formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação da vontade da Administração, e até os requisitos concernentes à SXEOLFLGDGH�GR�DWR´� A regra, estabelecida no art. 22 da Lei n. 9.784/99, é o informalismo do ato administrativo. Entretanto, esse princípio não chega ao ponto de aplicar no direito administrativo o princípio do direito privado da liberdade de formas. Pelo contrário, aplica-se o princípio da solenidade, segundo o qual os atos administrativos devem observar os procedimentos de formação previstos na lei. Assim, o informalismo só se aplica se a forma ou o procedimento formal não estiverem expressamente previstos em lei. Interessante notar que a motivação pode ser feita por meio de declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte integrante do ato (art. 50, §2º, da Lei nº 9.784/99). É a chamada motivação per relationem ou aliunde, na qual as razões para a prática do ato não constam no ato em si, mas em um documento a que o ato faz referência. Os atos administrativos deverão ser formalizados por escrito, independentemente de qualquer previsão específica. Contudo, essa regra não é absoluta, admitindo-se que esses atos, excepcionalmente, sejam praticados de outra maneira, desde que expressamente autorizados por lei. Exemplos: gestos realizados pelo guarda de trânsito; palavras da polícia de segurança; art. 60, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93 (possibilidade de contrato administrativo verbal, atendidas as condições legais). Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Quanto ao vício na forma, vamosobservar o que diz Marinela: ³&RQVLGHUDQGR�TXH�D�IRUPD�GRV�DWRV�DGPLQLVWUDWLYRV�p�GHILQLGD�SRU�OHL��QmR�VH� admite que o administrador deixe de observá-la, sob pena de invalidação do ato por vício de legalidade. Todavia, a adequação dessa forma legal exige sempre uma carga de comedimento e razoabilidade por parte do intérprete, do aplicador da norma, para evitar exageros desnecessários. Em algumas circunstâncias, o defeito de forma representa mera irregularidade sanável, o que ocorre quando o vício não atinge qualquer esfera de direito, merecendo, nessa hipótese, a correção pelo instituto da convalidação, como acontece com o ato administrativo formalizado por portaria, quando deveria ser por ordem de serviço, segundo a exigência da OHL�´ c) Objeto (O) Em seguida, ainda com relação aos elementos do ato administrativos apresentados na Lei nº 4.717/65, destacamos o objeto. O objeto é o conteúdo material, o resultado prático, é o que o ato realiza, é a resposta às seguiQWHV�SHUJXQWDV�� ³2�TXr�p�R� DWR"´�� ³3DUD� TXr�VHUYH�R�DWR"´��2�REMHWR�GHYH ser lícito, certo e moral. O objeto é o ato em si mesmo considerado, representa o efeito jurídico imediato que o ato produz, o que este decide, certifica, opina, atesta. Esse elemento configura a alteração no mundo jurídico que o ato administrativo se propõe a processar. Exemplos: em uma licença SDUD� FRQVWUXLU�� R� REMHWR� p� R� ³SHUPLWLU� TXH� R� LQWHUHVVDGR� HGLILTXH� legitimamente ± R� FRQFHGR� D� OLFHQoD´�� QD� DSOLFDomR� GH� XPD� PXOWD�� R� objetR� p� D� ³DSOLFDomR� HIHWLYD� GD� SHQDOLGDGH´�� HP� XPD� QRPHDomR�� R� REMHWR�p�R�³DGPLWLU�R�LQGLYtGXR�QR�VHUYLoR�S~EOLFR�± atribuir um cargo a DOJXpP´� Objeto e conteúdo são utilizados pela maioria dos doutrinadores como expressões sinônimas. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Segundo Marinela, o objeto pode ser dividido em: a) objeto natural: é o efeito jurídico que o ato produz, sem necessidade de expressa menção, é uma consequência natural do ato; b) objeto acidental: é o efeito jurídico que o ato produz, em decorrência de cláusulas acessórias apostas ao ato pelo sujeito que o pratica, como, por exemplo, o termo, a condição ou um encargo. d) Finalidade (FI) Além do sujeito (ou competência), da forma e do objeto, a finalidade é outro elemento do ato administrativo. Assim como a forma, a finalidade pode ser analisada sob duas acepções (que já foram objeto de cobrança em concurso público): a) em sentido estrito, a finalidade é o resultado específico que o agente quer alcançar com a prática do ato, é o efeito que ele deseja produzir ao praticar o ato; é a finalidade específica, prevista pela lei, tendo em vista que, para cada propósito que a Administração pretende alcançar, existe um ato definido em lei. Exemplo: não é possível remover um servidor com a finalidade de puni-lo, ainda que se trate de autoridade competente para praticar tanto a remoção, quanto a punição; o vício decorre do descumprimento da finalidade específica da remoção que não é punir, mas sim acomodar deficiências e necessidades do serviço público. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita b) em sentido amplo: a finalidade se confunde com o interesse público, com o bem comum, qualquer que seja o resultado esperado pelo sujeito, a finalidade dele é a consecução do interesse público, representando o fim mediato do ato administrativo (lembrando que o fim imediato é o objeto). Exemplo: na nomeação de um servidor, o objetivo é aumentar o quadro da Administração, buscando dar maior eficiência ao serviço. Portanto, se o ato administrativo perseguir interesses ilícitos ou contrários ao interesse coletivo, estará eivado de vício de finalidade, denominado desvio de finalidade, e deverá ser retirado do ordenamento jurídico. Se o agente se valeu de um ato para atender finalidade diversa da prevista no ordenamento, esse ato será inválido em razão do desvio de poder. Bandeira de Mello (2010, p. 407) observa que o desvio de poder pode se manifestar de duas formas: (a) o agente busca finalidade alheia ao interesse público; (b) o agente busca uma finalidade de interesse público, mas alheia à prevista para o ato que utilizou. O desvio de poder (vício na finalidade) e o excesso de poder (vício na competência) são espécies do gênero abuso de poder (Alexandrino, 2010, p. 440) Assim, temos o importante quadro ± SINAL DE ALERTA: e) Motivo (MO) Desvio de poder ± vício na finalidade Abuso de poder Excesso de poder ± vício na competência Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita O motivo é outro elemento do ato administrativo e pode ser definido como a causa imediata do ato administrativo, representando as razões que justificam a edição do ato; é a situação de fato (ocorrida no mundo empírico, ou seja, conjunto de circunstâncias fáticas que levam à prática do ato) e de direito (previsão legal ou o princípio) que determina a prática do ato (Alexandrino, 2010, p. 444). A análise da vinculação e da discricionariedade é de fundamental importância no estudo do motivo e do objeto do ato administrativo. Nas hipóteses de vinculação, a situação de fato já está delineada pela norma legal, nada mais cabendo ao agente a não ser praticar o ato, tão logo seja configurada. Ele atua como executor da lei, em virtude do princípio da legalidade. Exemplo: licença para exercer atividade profissional em todo o território nacional. Quando da discricionariedade, a lei não delineia a situação fática, mas transfere ao agente a verificação de sua ocorrência, atendendo a critérios de caráter administrativo ± conveniência e oportunidade ± vale dizer, é o agente que elege a situação fática ensejadora da vontade, permitindo, assim, maior liberdade para definição do motivo do ato, sem se afastar dos princípios administrativos. O autor do ato pode traçar as linhas que limitam o objeto de seu ato, mediante a avaliação do motivo declarado. Exemplo: autorização para funcionamento de um circo em praça pública. Exemplos: remoção de um servidor público que pode ter como motivo a ausência de trabalho suficiente no local em que está lotado; dissolução de uma passeata tumultuosa que tem como motivo a perturbação da ordem pública ± o tumulto; interdição de uma fábrica poluente que tem como motivo a existência real de poluição da atmosfera causada por essa empresa. Segundo Marinela, para a legalidade do motivo e, por conseguinte, validade do ato administrativo, exige-se: Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita a) materialidade do ato, isto é, o motivo em função do qual foi praticado o ato deve ser verdadeiro e compatível com a realidade fática apresentada pelo administrador. b) correspondência do motivo existente que embasou o ato com o motivo previsto na lei. c) congruência entre o motivo existente e declarado no momento da realização do ato e o resultado prático desse ato, que consiste na soma do objeto com a finalidade do ato. É possível concluir que o motivo será ilegal e o ato administrativo será inválido quando o fato alegado não for verdadeiro, isto é, o motivo não existir; quando não existir compatibilidade entre o motivo declarado no ato e a previsão legal; quando inexistir congruência entre o motivo e o resultado doato e, por fim, quando o motivo depender de um critério subjetivo de valoração do administrador e este extrapolar os limites legais, vale dizer, não for razoável e proporcional. CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR FINALIDADE COM MOTIVO NEM COM OBJETO!!! O motivo do ato administrativo é composto pelas razões de fato e de direito, que levam à prática do ato, portanto é uma ocorrência que antecede ao próprio ato. De outro lado, a finalidade sucede à prática do mesmo, porque corresponde a algo que a Administração quer alcançar com a edição do ato. Por fim, o objeto consiste no resultado da prática do ato, o que ele faz em si mesmo. Motivo Finalidade objeto Razões de fato e de direito, que levam à Resultado específico (o efeito) que o O que o ato faz no mundo exterior. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita prática do ato agente quer alcançar com a prática do ato A soma do objeto com a finalidade compõe o resultado do ato administrativo. Ambos são vetores desse resultado, que é composto pelo seu fim mediato ± a finalidade ± que é sempre o interesse público, aspecto invariável do ato, e pelo seu fim imediato ± o objeto ± que é variável, conforme o resultado prático buscado pelo agente. Exemplos trazidos por Marinela: na hipótese da dissolução de uma passeata tumultuosa, tem-se o motivo que é o tumulto, o objeto que é a dissolução propriamente dita e a finalidade que é a proteção da ordem pública; na hipótese de interdição da fábrica poluidora da atmosfera, o motivo é a efetiva poluição com o prejuízo para o ar atmosférico, o objeto é o fechamento da empresa e a finalidade é a proteção da salubridade pública. Em resumo, diante de certa situação de fato ou de direito (motivo), a autoridade pratica certo ato (objeto ± efeito jurídico imediato) para alcançar determinado resultado (finalidade ± efeito jurídico mediato). Nesse tema, quatro pontos são relevantes para concursos públicos: (I) diferenciar conceitualmente motivo, móvel e motivação; (II) possível motivação posterior do ato administrativo, em hipóteses excepcionais; (III) o fundamento da motivação dos atos administrativos; e (IV) a teoria dos motivos determinantes. (I) A diferenciação conceitual mais exata entre motivo, móvel, motivação é dada por Bandeira de Mello (2010, p. 399). Ele observa que motivo se distingue de móvel porque este designa a representação subjetiva, psicológica, interna; a intenção do agente ao praticar o ato. O motivo decorre da situação objetiva, real, empírica, ou seja, ocorrida no mundo dos fatos e externa ao agente. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita O mesmo autor ensina também que o motivo não se confunde com a motivação, pois esta é a justificativa formalizada pelo agente para a prática do ato e decorre do princípio da transparência. O motivo é o fato e o fundamento jurídico que justificam a prática do ato, enquanto a motivação tem um enfoque mais amplo. A motivação é a justificativa da edição do ato. Ela exige da Administração o dever de justificar seus atos, de expor as razões do ato para o mundo exterior, apontando-lhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação lógica entre esses fatos ocorridos e o ato praticado, demonstrando a compatibilidade da conduta com a lei. Enfim, exige um raciocínio lógico entre o motivo, o resultado do ato e a lei. temos o seguinte quadro conceitual: Motivo Causa imediata dos atos administrativos ocorrida no mundo dos fatos. Móvel Intenção do agente ao praticar o ato. Motivação Justificativa formalizada pelo agente para a prática do ato. (II) Para o entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência, o que se registra adequado ao atual contexto legal, a motivação é obrigatória em praticamente todos os atos administrativos, ou seja, não é necessária a motivação em todos os atos administrativos. Nas hipóteses em que a motivação é obrigatória, é imprescindível que ela seja prévia ou contemporânea à prática do ato. A motivação posterior à prática do ato só é admitida em hipóteses excepcionais, conforme reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça no seguinte julgado divulgado no Informativo STJ nº 529: Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita O vício consistente na falta de motivação de portaria de remoção ex officio de servidor público pode ser convalidado, de forma excepcional, mediante a exposição, em momento posterior, dos motivos idôneos e preexistentes que foram a razão determinante para a prática do ato, ainda que estes tenham sido apresentados apenas nas informações prestadas pela autoridade coatora em mandado de segurança impetrado pelo servidor removido. De fato, a remoção de servidor público por interesse da Administração Pública deve ser motivada, sob pena de nulidade. Entretanto, consoante entendimento doutrinário, nos casos em que a lei não exija motivação, não se pode descartar alguma hipótese excepcional em que seja possível à Administração demonstrar de maneira inquestionável que: o motivo extemporaneamente alegado preexistia; que era idôneo para justificar o ato; e que o motivo foi a razão determinante da prática do ato. Se esses três fatores concorrem, há de se entender que o ato se convalida com a motivação ulterior. Precedentes citados: REsp 1.331.224-MG, Segunda Turma, DJe 26/2/13; MS 11.862-DF, Primeira Seção, DJe 25/5/09. AgRg no RMS 40.427-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2013. Concluindo, para os atos administrativos em que a motivação é obrigatória e esta não for realizada, o ato será ilegal e deve ser retirado do ordenamento jurídico, ocorrendo o mesmo quando a motivação é apresentada após a prática do ato. De outro lado, para as hipóteses em que a motivação é facultativa (porém aconselhável), a sua ausência não prejudica a validade do ato, podendo ser apresentada posteriormente. (III) O fundamento da motivação dos atos administrativos é tema que pode auxiliar o aluno no momento de julgar itens de alta complexidade. Por isso, é de fundamental importância que o aluno absorva esse ponto da matéria. Para isso, partimos do voto do Ministro Ricardo Lewandowski, do STF, no julgamento do RE 589998. Ao analisar a necessidade de se motivar o ato administrativo que demite empregado de empresa pública, afirmou o Ministro que a obrigação de motivar os atos GHFRUUHULD��³HVSHFLDOPHQWH��GR�IDWR�GH�RV�DJHQWHV�HVWDWDLV�OLGDUHP�FRP� a res publica, tendo em vista o capital das empresas estatais ² Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita integral, majoritária ou mesmo parcialmente ² pertencer ao Estado, isto é, a todos os cidadãos. Esse dever, ademais, estaria ligado à própria ideia de Estado Democrático de Direito, no qual a legitimidade de todas as decisões administrativas tem como pressuposto a possibilidade de que seus destinatários as compreendam e o de que possam, caso queiram, contestá-las. No regime político que essa forma de Estado consubstancia, seria preciso demonstrar não apenas que a Administração, ao agir, visou ao interesse público, mas também que DJLX�OHJDO�H�LPSDUFLDOPHQWH´ (texto extraído do Informativo STF nº 576 ± o julgamento ainda não foi concluído em razão do pedido de vista do Ministro Joaquim Barbosa).Por fim, com relação ao elemento motivo do ato administrativo, pedimos, mais uma vez, que o aluno ligue o SINAL DE ALERTA!, pois passamos a tratar da teoria dos motivos determinantes. (IV) A teoria dos motivos determinantes dispõe que a validade do ato se vincula aos motivos ± fáticos e legais ± indicados como seu fundamento. Os motivos enunciados pelo agente aderem ao ato e a sua ocorrência deve ser provada e deve ser suficiente para justificá-lo. Caso os motivos sejam inexistentes ou falsos, o ato será inválido. Esse é o entendimento que se extrai do ROMS 29774, julgado pela 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, e do MS 11741, julgado pela 1ª Seção da mesma Corte. Seja o ato discricionário ou vinculado, o motivo declarado vincula o ato para todos os efeitos jurídicos. A partir daí, os órgãos de controle internos e externos podem avaliar a legitimidade do ato também com relação aos motivos que ensejaram a sua prática, mesmo que Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita desnecessária a expressa declaração do motivo. Havendo desconformidade entre os motivos determinantes e a realidade, o ato pode ser retirado do ordenamento. Foi isso que ocorreu no ROMS 29774, acima indicado. O STJ declarou nulo o ato da administração de reduzir unilateralmente o valor pago às escolas que realizam cursos para a obtenção da CNH em percentual muito superior ao verificado como necessário pelo estudo técnico da própria administração. Esse estudo foi, justamente, o utilizado pela administração como motivação para a redução do valor do contrato com as escolas. O administrador pode praticar o ato administrativo sem declarar o motivo nas hipóteses em que este não for exigido. Porém, se ainda assim decidir declará-lo, o administrador fica vinculado às razões de fato e de direito que o levaram à prática do ato. Exemplos: 1 - se um determinado administrador decide exonerar um servidor ocupante de cargo em comissão, alegando como motivo a necessidade de redução de despesas com folha de pagamento, cumprindo regra para racionalização da máquina administrativa, prevista no art. 169 da CF, ele não poderá nomear outra pessoa para o mesmo cargo, em decorrência da teoria dos motivos determinantes, que exige a veracidade e o cumprimento do motivo alegado; 2 - determinado governador de um Estado tem uma filha que está namorando um rapaz, servidor público estadual, que não é de seu agrado, fazendo com que ele decida removê-lo para uma cidade bem distante, alegando necessidades do serviço, quando, na verdade, o administrador deseja prejudicar o relacionamento. Importante lembrar que há uma situação excepcional em que se admite a possibilidade de mudança do motivo alegado, quando ficarem mantidas as razões de interesse público. Isso ocorre no caso da desapropriação. Se, por exemplo, o Estado resolve desapropria um Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita terreno para a construção de uma escola, declara essa razão no decreto expropriatório e, posteriormente, decide construir um hospital no local. No caso, o motivo se alterou, mas se mantiveram as razões de interesse público. Houve o que a doutrina e a jurisrprudência chama de tredestinação lícita, não representando violação à teoria dos motivos determinantes. Veja um julgado sobre a tredestinação lícita, divulgado no Informativo 331 do STJ: DESAPROPRIAÇÃO. TREDESTINAÇÃO LÍCITA.Cuida-se de recurso interposto contra acórdão do TJ-SP que entendeu não haver desvio de finalidade se o órgão expropriante dá outra destinação de interesse público ao imóvel expropriado. Para a Min. Relatora não há falar em retrocessão se ao bem expropriado for dada destinação que atende ao interesse público, ainda que diversa da inicialmente prevista no decreto expropriatório. A Min. Relatora aduziu que a esse tipo de situação a doutrina vem dando o nome de ³WUHGHVWLQDomR� OtFLWD´ - aquela que ocorre quando, persistindo o interesse público, o expropriante dispensa ao bem desapropriado destino diverso do que planejara no início. Assim, tendo em vista a manutenção da finalidade pública pecualiar às desapropriações, a Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp 710.065-SP, DJ 6/6/2005, e REsp 800.108-SP, DJ 20/3/2006. REsp 968.414-SP, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 11/9/2007. Por fim, com relação ao conceito de procedimento administrativo, mais uma vez invocamos a lição de Di Pietro. A professora ensina (2009, 197) que determinados atos são preparatórios de um ato principal, mesmo assim, esses atos são considerados atos administrativos, pois integram um procedimento ou fazem parte de um ato complexo. Assim, procedimento administrativo seria o rito legal a ser percorrido pela Administração para a obtenção de efeitos regulares de um ato administrativo principal. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Importante deixar claro que adotamos os elementos do ato administrativo segundo a definição legal (Lei nº 4.717/65) e a lição da maioria da doutrina do direito administrativo (Di Pietro, José dos Santos Carvalho Filho, Vicente Paulo etc.). Não ignoramos a lição de Bandeira de Mello de que há outros elementos do ato administrativo, quais sejam: conteúdo (para o autor, o conteúdo é o próprio ato, se diferenciando do objeto, porque este seria sobre o que trata o ato), causa (relação entre o motivo ± fato ± e o conteúdo do ato sob o enfoque da finalidade conferida pela lei), requisitos procedimentais (percurso percorrido pelo ato até a sua edição), formalização (modo específico pelo qual o ato administrativo deve ser externado) e pertinência à função administrativa (só é ato administrativo aquele que seja afeto às atividades administrativas). Não abordaremos profundamente a lição desse doutrinador, pois ele representa posição isolada no direito administrativo nesse ponto. 1) 6~PXOD�Q�����GR�67)��³3UDWLFDGR�R�DWR�SRU�DXWRULGDGH��QR exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de VHJXUDQoD�RX�D�PHGLGD�MXGLFLDO´. 2) ³������ ��� 6HJXQGR� D� 7HRULD� GRV� 0RWLYRV� 'HWHUPLQDQWHV�� HP havendo motivo para a edição do ato exoneratório, fica o Administrador vinculado ao motivo, cuja existência e validade podem ser submetidas à DSUHFLDomR� GR� 3RGHU� -XGLFLiULR�� �����´� �506�������� �������������-6), STJ ± Sexta Turma, Rel.ª Min.ª Maria Thereza de Assis Moura, DJe: 21.03.2012). 3) ³�������� 2V� DWRV� GLVFULFLRQiULRV� GD� $GPLQLVWUDomR� 3~EOLFD estão sujeitos ao controle pelo Judiciário quanto à legalidade formal e substancial, cabendo observar que os motivos embasadores dos atos administrativos vinculam a Administração, conferindo-lhes legitimidade H� YDOLGDGH�� ��� µ&RQVRDQWH� D� WHRULD� GRV� PRWLYRV� GHWHUPLQDQWHV�� R� Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita administrador vincula-se aos motivos elencados para a prática do ato administrativo. Nesse contexto, há vício de legalidade não apenas quando inexistentes ou inverídicos os motivos suscitados pela administração, mas também quando verificada a falta de congruência HQWUH� DV� UD]}HV� H[SOLFLWDGDV� QR� DWR� H� R� UHVXOWDGR� QHOH� FRQWLGR¶� �06� 15.290/DF, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, julg: 26.10.2011, DJe: 14.11.2011). 3. No caso em apreço, se o ato administrativode avaliação de desempenho confeccionado apresenta incongruência entre parâmetros e critérios estabelecidos e seus motivos determinantes, a atuação jurisdicional acaba por não invadir a seara do mérito administrativo, porquanto limita-se a extirpar ato eivado de ilegalidade. 4. A ilegalidade ou inconstitucionalidade dos atos administrativos podem e devem ser apreciados pelo Poder Judiciário, de modo a evitar que a descricionariedade transfigure-se em arbitrariedade, conduta ilegítima e suscetível de controle de legalidade. 5. µAssim como ao Judiciário compete fulminar todo o comportamento ilegítimo da Administração que apareça como frontal violação da ordem jurídica, compete-lhe, igualmente, fulminar qualquer comportamento administrativo que, a pretexto de exercer apreciação ou decisão discricionária, ultrapassar as fronteiras dela, isto é, desbordar dos limites de liberdade que lhe assistiam, violando, por tal modo, os ditames normativos que assinalam os confins da liberdade discricionária¶ (Celso Antônio Bandeira de Mello, in Curso de Direito Administrativo, Editora Malheiros, 15ª edição). (...) (AgRg no REsp 1.280.729/RJ, STJ ± Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julg: 10.04.2012, DJe: 19.04.2012). 4) ³������ ��� (P� XP� DWR� DGPLQLVWUDWLYR� GLVFULFLRQiULR�� $ Administração Pública possui uma certa margem de liberdade para escolher os motivos ou a postura a ser adotada. Todavia, onde houver a necessidade de motivação, não poderá a administração deixar de explicitar quais foram as razões que lhe conduziram a praticar o ato. 4. A necessidade de motivação ocorre em benefício dos destinatários do Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita ato administrativo, em respeito não apenas ao princípio da publicidade e ao direito à informação, mas também para possibilitar que os administrados verifiquem se tais motivos realmente existem. Não é outra a ratio essendi da teoria dos motivos determinantes. (...) (AgRg- AG-REsp. 94.480, STJ ± Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe: 19.04.2012). Creio que, até o momento, podemos acertar cerca de 20% (vinte por cento) das questões relativas a ato administrativo nos concursos. Isso não é o bastante para a aprovação num certame. Por isso, vamos em frente! 12. (CESPE ± 2015 -DPE-PE - Defensor Público) Julgue o item que se segue, a respeito de atos administrativos. Em obediência ao princípio da solenidade das formas, o ato administrativo deve ser escrito, registrado e publicado, não se admitindo no direito público o silêncio como forma de manifestação de vontade da administração. Pessoal, o silêncio da administração pública só pode ser ato administrativo se na lei houver previsão legal. Simples assim! Gabarito ± Errado. 13. (CESPE ± 2009 - TRF 5ª Região - Juiz Federal Substituto) Analise a seguinte situação hipotética: Pedro, autoridade superior, delegou determinada competência a Alfredo com o propósito de descentralizar a prestação do serviço público e assegurar maior rapidez nas decisões, uma vez que Alfredo tem um contato mais direto com o objeto da delegação. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Nessa situação, Alfredo somente pode subdelegar a competência se Pedro deixou essa autorização consignada de forma expressa no ato de delegação. O art. 11 GR�'/��������GLVS}H�TXH� ³D�GHOHJDomR�GH�FRPSHWrQFLD� será utilizada como instrumento de descentralização administrativa, com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a DWHQGHU´�� Ocorre que, o Decreto nº 83.937/79, que regulamenta o dispositivo, afirma, em seu art. ��TXH�³o ato de delegar pressupõe a autoridade para subdelegar, ficando revogadas as disposições em contrário constantes de decretos, regulamentos ou atos normativos em YLJRU�QR�kPELWR�GD�$GPLQLVWUDomR�'LUHWD�H�,QGLUHWD´� Assim o item está errado. 14. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - Taquigrafia - Específicos) Nem todo ato administrativo necessita ser motivado. No entanto, nesses casos, a explicitação do motivo que fundamentou o ato passa a integrar a própria validade do ato administrativo como um todo. Assim, se esse motivo se revelar inválido ou inexistente, o próprio ato administrativo será igualmente nulo, de acordo com a teoria dos motivos determinantes. A teoria dos motivos determinantes de aplica tanto aos atos vinculados quanto aos discricionários. De acordo com Hely Lopes Meirelles o ato discricionário confere ao administrador uma margem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo obrigatória a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de observância da Teoria dos Motivos Determinantes. Resposta: certo. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 15. (CESPE - 2013 - TJ-RR - Titular de Serviços de Notas e de Registros) A competência, irrenunciável, pode ser delegada a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não sejam hierarquicamente subordinados ao órgão originalmente competente, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Observem que essa questão caiu para Titular de Serviços de Notas e de Registros e que vocês tem pleno conhecimento para responder. É um boa questão, pois tem um peguinha interessante. Não confundam a FDUDFWHUtVWLFD� ³LUUHQXQFLiYHO´� FRP� ³H[FOXVLYD´�� (X� H[SOLFR�� Todas as competências administrativas são irrenunciáveis. O agente não pode simplesmente abrir mão delas. Acontece que algumas competências são delegáveis, enquanto outras jamais poderão ser delegadas, ou seja, são exclusivas (ex: decisão de recurso e elaboração de ato normativo). Se alguém pensou em marcar a questão como errada por conta do WHUPR� ³LUUHQXQFLiYHO´�� GHYH� OHPEUDU� TXH� HVVD� p� XPD� FDUDFWHUtVWLFD� GH� todos os atos. Portanto, a resposta está correta. 16. (CESPE/2011 ± PC/ES ± Perito Papiloscópico) O poder legal conferido ao agente público para o desempenho específico das atribuições de seu cargo constitui um requisito do ato administrativo, ou seja, o requisito da competência. A competência é de fato o requisito ou elemento do ato administrativo que se traduz no poder legal conferido ao agente público para o desempenho específico das atribuições de seu cargo. Gabarito: Certo. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 17. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) A decisão de recurso administrativo pode ser objeto de delegação. Abra o olho! Você não pode errar esse tipo de questão destacada em aula! A Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, proíbe a delegação da competência: (d) de editar atos normativos; (e) de decidir recursos administrativos; e (f) das matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Gabarito: Errado 18. (CESPE - 2012 ± DPE/RO ± Defensor Público) A competência, um dos elementos do ato administrativo, é irrenunciável, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos; entre as hipóteses cabíveis de delegação inclui-se a edição de decretos normativos.É verdade que a competência é um dos elementos ou requisitos do ato administrativo, sendo irrenunciável, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. No entanto, a Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, proíbe a delegação da competência de editar atos normativos. Gabarito: Errado. 19. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário) A delegação da competência para a realização de um ato administrativo configura a renúncia da competência do agente delegante. Como disse em aula, a delegação é um instrumento de descentralização administrativa (art. 11 do Decreto-lei nº 200/67) e não Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita importa em transferência de competência, tanto é que a autoridade delegante pode avocar a competência delegada a qualquer momento (art. 2º, parágrafo único, do Decreto nº 83.937/79). Gabarito: Errado. 20. (CESPE - 2010 ± MPS ± Agente Administrativo) A competência é delegável, mas não é passível de avocação. De acordo com o art. 11, da Lei nº 9.784/99, a competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. Portanto, é possível tanto a delegação quanto a avocação de competência. Gabarito: Errado. 21. (CESPE - 2013 - TCE-RO - Agente Administrativo) A motivação de um ato administrativo é o pressuposto fático e jurídico que enseja a prática do ato. O motivo de um ato administrativo é a exposição escrita da razão que determinou a prática do ato. Motivo Causa imediata dos atos administrativos ocorrida no mundo dos fatos. Motivação Justificativa formalizada pelo agente para a prática do ato. Gabarito: Errado. 22. (CESPE - 2012 ± TJ/AC ± Juiz) O motivo, como pressuposto de fato que antecede a prática do ato administrativo, será sempre vinculado, não havendo, quanto a esse aspecto, margem a apreciações subjetivas por parte da administração. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita O motivo pode ser expresso em lei ou a lei pode dar margem para escolha (decisão). Portanto, o motivo pode ser um elemento vinculado ou discricionário. Gabarito: Errado 23. (CESPE - 2013 - MJ - Analista Técnico) O motivo do ato administrativo não se confunde com a motivação estabelecida pela autoridade administrativa. A motivação é a exposição dos motivos e integra a formalização do ato. O motivo é a situação subjetiva e psicológica que corresponde à vontade do agente público. Como vimos, o motivo se distingue de móvel porque este designa a representação subjetiva, a intenção do agente ao praticar o ato. O motivo decorre da situação ocorrida no mundo dos fatos. Gabarito: Errado. 24. (CESPE - 2010 ± INSS ± Perito Médico Previdenciário) A alteração da finalidade do ato administrativo expressa na norma legal ou implícita no ordenamento da administração caracteriza o desvio de poder. Caracteriza o desvio de finalidade ou de poder a alteração da finalidade expressa ou implicitamente imposta no ordenamento legal. Gabarito: Certo. 25. (AFCE ± TI ± CESPE/2010) Sempre que a lei expressamente exigir determinada forma para que um ato administrativo seja considerado válido, a inobservância dessa exigência acarretará a nulidade do ato. A forma é considerada elemento vinculado, ou seja, a forma é prescrita ou não vedada em lei. No entanto, quando a lei não a exigir como essencial, mesmo tendo sido adotada outra forma, o ato não será Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita considerado nulo. Por outro lado, sempre que a lei expressamente a exigir, a inobservância acarretará a nulidade do ato. Gabarito: Certo. 26. (CESPE - 2014 - PGE-BA - Procurador) No que se refere aos atos administrativos, julgue os itens subsequentes. O ato de exoneração do ocupante de cargo em comissão deve ser fundamentado, sob pena de invalidade por violação do elemento obrigatório a todo ato administrativo: o motivo. Cargo em comissão é de livre nomeação e exoneração, ou seja, não precisa de motivo para destituir o cargo. Gabarito: Errado 27. (CESPE - 2014 - CADE - Nível Médio) Acerca de organização administrativa e ato administrativo, julgue o item a seguir. Considere que, após a realização de uma correição, tenha sido detectado vício de finalidade em ato administrativo editado pelo diretor de departamento de uma agência reguladora, situação que foi, então, comunicada ao presidente da entidade. Nessa situação, tendo avocado para si a competência, o presidente poderá convalidar o referido ato administrativo. Pessoal, a convalidação só atinge os vícios sanáveis de Forma e Competência. Vício de Finalidade o ato é anulado. Gabarito: Errado. 28. (CESPE - 2014 - PGE-BA - Procurador) No que se refere aos atos administrativos, julgue os itens subsequentes. Incorre em vício de Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita forma a edição, pelo chefe do Executivo, de portaria por meio da qual se declare de utilidade pública um imóvel, para fins de desapropriação, quando a lei exigir decreto. Considera-se vício de forma a ilegalidade na forma do ato administrativo ocorre quando a forma prevista em lei não for observada. Gabarito: Correto. 2.3. Atributos (ou características) do ato administrativo. Os atos administrativos, como manifestação do Poder Público, possuem atributos que os diferenciam dos atos privados e lhes conferem características peculiares. Para a maioria da doutrina, os atributos são a presunção de legitimidade ou de veracidade, a autoexecutoriedade e a imperatividade, embora alguns doutrinadores incluam um quarto atributo, a tipicidade. O primeiro ponto que costuma cair em concurso relativo aos atributos é a sua diferenciação com relação aos elementos. Enquanto estes são necessários para a própria formação e validade do ato, aqueles são as características comuns aos atos administrativos. De modo geral, a doutrina identifica os seguintes atributos dos atos administrativos ± você observará que eles formam a sigla PAI: x presunção de legitimidade (e veracidade) ± presunção juris tantum (= presunção jurídica relativa, que pode ser ilidida caso exista prova em contrário, cabendo o ônus a quem alega a ilegitimidade ou ilegalidade do ato) de que os atos estão adequados ao direito e verídicos quanto aos fatos. Decorre do princípio da legalidade. Conseqüências disso: auto-executoriedade e inversão do ônus da prova (Alexandrino, 2010, p. 458); Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Os atos administrativos presumem-se: legais, isto é, compatíveis com a lei, legítimos, porque coadunam com as regras da moral, e verdadeiros, considerando que os fatos alegados estão condizentes com a realidade posta. Essa presunção permite que o ato produza todos os seus efeitos até qualquer prova em contrário. Assim, o ato administrativo, ainda que ilegal, produzirá todos os seus efeitos como se válido fosse até a declaração de ilegalidade e sua retirada do ordenamento jurídico. Marinela traz os seguintes fundamentos que são utilizados parajustificar a presença desse atributo: a) a existência de um procedimento prévio, com a obediência às formalidades que precedem a sua edição, constituindo, ao menos no plano teórico, uma garantia de observância à lei; b) o fato de ser uma forma de expressão da soberania do Estado, portanto, a autoridade que pratica o ato o faz como manifestação da vontade do povo, o que, por si só, é suficiente para legitimar a sua prática; c) decorre da necessidade de assegurar celeridade no cumprimento dos atos administrativos; d) esses atos se sujeitam a um rigoroso controle realizado dentro da própria Administração e pelo Judiciário, sempre com a finalidade de garantir a obediência à lei, impedindo a manutenção de atos ilegais, não restando justificativa para a sua realização; e) por fim, a própria aplicação do princípio da legalidade que, para o direito público, estabelece que o administrador só pode fazer o que a lei autoriza ou determina, cabendo a ele a sua tutela, o que justifica a presunção desses atos. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita x imperatividade ± os atos administrativos, sejam eles normativos (quando regulam determinada situação), ordinatórios (quando organizam a estrutura da Administração) ou punitivos (quando aplicam penalidades), se impõem unilateralmente a terceiros, independentemente de sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições. Decorre do poder extroverso do Estado ± prerrogativa que tem o Estado de praticar atos que influam na esfera jurídica de terceiros. Assim, a imposição do ato administrativo de forma coercitiva independe de o destinatário reputá-lo válido ou inválido, uma vez que, somente após obter pronunciamento da Administração ou do Judiciário, é que este poderá furtar-se à sua obediência. Nem todos os atos administrativos, contudo, possuem esse atributo, pois nem todos geram deveres a terceiros (Bandeira de Mello, 2010, p. 419). Dessa forma, quando o ato administrativo visa conferir direitos solicitados pelos administrados, como nas licenças, autorizações, permissões, além de outros, não há imperatividade. Ademais, para os atos enunciativos, que emitem opinião, certificam ou atestam determinada situação, não há também que se falar em imperatividade. x Autoexecutoriedade ± autoriza a Administração a executar diretamente seus atos e fazer cumprir suas determinações sem precisar recorrer ao Judiciário, admitindo-se até o uso de força pela Administração, se necessário, sempre que for autorizada por lei. Se subdivide em: o exigibilidade ± esse atributo é definido por Bandeira de Mello ������� S�� ����� FRPR� D� ³TXDOLGDde em virtude da qual o Estado, no exercício da função administrativa, pode exigir de Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita terceiros o cumprimento, a observância, das obrigações que LPS{V´�� ,VVR� TXHU� GL]HU� TXH� DOJXQV� DWRV� DGPLQLVWUDWLYRV� impõem ao particular uma obrigação de fazer ou de dar, mas não chegam ao ponto de autorizar a Administração a promover uma coação material para que o particular execute o ato. o executoriedade ± é o atributo que possibilita ao Poder Público implementar materialmente o ato administrativo, podendo, inclusive, se valer do uso da força sem a necessidade de autorização judicial prévia. É a possibilidade que tem o administrador de fazer cumprir as suas decisões e executá-las, independentemente de autorização de outro Poder. A administração pode se valer desse atributo quando SINAL DE ALERTA!: a) a lei autoriza (p. ex: apreensão de produtos alimentícios comercializados sem a aprovação da ANVISA); ou b) em situações de urgência, em que o ato é condição indispensável para a garantia do interesse público (p. ex: retirada dos moradores de um prédio com risco de desabamento). Marinela destaca que a grande diferença está no meio coercitivo utilizado, uma vez que, na exigibilidade, a Administração utiliza-se de meios indiretos de coerção, sempre previstos em lei como, por exemplo, a multa, além de outras penalidades, pelo descumprimento do ato. Já na executoriedade, a Administração emprega meios diretos de coerção, compelindo materialmente o administrado, utilizando inclusive a força, independente de previsão legal para socorrer situação emergente. Em regra, a exigibilidade está presente em todo ato administrativo, porém o mesmo não acontece com a executoriedade, que depende de Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita previsão legal, exceto quando se trata de medida urgente para a proteção do interesse público. MUITA ATENÇÃO!!! Esse atributo não chega a autorizar a execução pela Administração de multas devidas pelo cidadão (a única hipótese em que isso é possível é na situação prevista no art. 80, III, da Lei nº 8.666/93, em que a Administração pode subtrair da garantia prestada pelo contratado o valor da multa aplicada pela falha na execução). Importante notar, ainda, que esse atributo também não dispensa o cumprimento de determinadas formalidades, a saber: o dever de notificar previamente o administrado, de instaurar procedimento administrativo com contraditório e ampla defesa, dentre outras exigências previstas em lei específica. Observe a Súmula nº 312 do 67-��³1R�SURFHVVR�DGPLQLVWUDWLYR�SDUD� LPSRVLomR�GH�PXOWD�GH�WUkQVLWR�� são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena GHFRUUHQWH�GD�LQIUDomR´� Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os atos administrativos gozam de um quarto atributo, a tipicidade, FDUDFWHUtVWLFD�SRU�PHLR�GD�TXDO�R�³DWR�DGPLQLVWUDWLYR�GHYH�FRUUHVSRQGHU� a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração SUHWHQGH�DOFDQoDU�H[LVWH�XP�DWR�GHILQLGR�HP�OHL´� Esse atributo decorre do princípio da legalidade, representando mais uma garantia para o administrado, o que impede que a Administração pratique atos inominados, ato sem a respectiva previsão legal, representando limites à discricionariedade do administrador, e, por conseguinte, afastando a possibilidade de ato arbitrário. Para a autora, a tipicidade só está presente nos atos administrativos unilaterais, inexistindo nos atos bilaterais, como os contratos, porque nestes não há imposição de vontade da Administração, dependendo sempre da aceitação do particular. Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 171 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Em resumo, temos o seguinte quadro com as características principais de cada um dos atributos: Presunção de legitimidade Autoexecutoriedade Imperatividade Tipicidade (Di Pietro) Presunção juris tantum de que os atos correspondem aos fatos e ao direito aplicável. Exigibilidade O Estado pode exigir de terceiros o cumprimento de obrigações, mas não chega ao ponto de promover coação material Executoriedade O Estado pode implementar materialmente o ato, sem a necessidade de autorização judicial, com autorização legal ou em urgência. Os atos administrativos se impõem a terceiros. 2� ³DWR� administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração
Compartilhar