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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde Nicoli Abrão Fasanella Estratégias Acadêmicas para a Promoção da Saúde Mental dos Estudantes de Medicina Mestrado em Educação nas profissões da saúde Sorocaba 2022 Nicoli Abrão Fasanella Estratégias Acadêmicas para a Promoção da Saúde Mental dos Estudantes de Medicina Dissertação apresentada à banca examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, para defesa pública como exigência para obtenção do título de MESTRE do Programa de Pós-Graduação Educação nas Profissões da Saúde. Linha de Pesquisa: Educação em saúde, ambiente e qualidade de vida, sob a orientação do prof., dr. Fernando Antônio de Almeida e coorientação da Prof.ª Dr.ª Maria Valeria Pavan. Sorocaba 2022 Banca Examinadora Prof.ª Dr.ª Paula Regina Peron Prof. Dr. Miguel Roberto Jorge Prof. Dr. Fernando Antônio de Almeida À comunidade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo pelo apoio permanente. AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador Fernando e à minha coorientadora Valéria por me incentivarem a buscar cada vez mais o meu desenvolvimento durante essa jornada acadêmica, tanto nos estudos quanto na carreira profissional. Agradeço muito pela ajuda, dedicação, orientação e amizade. Sou grata a todos os meus professores e colegas de turma do programa de mestrado, pois as nossas aulas trouxeram muita luz a algumas das semanas mais sombrias da pandemia de COVID-19. Agradeço muito ao apoio, paciência, ajuda e ensinamentos (especialmente os tecnológicos) do meu amor Felipe. Aos amigos e familiares, obrigada por suportarem as longas conversas sobre o tema e por vibrarem comigo durante essa conquista. Gabi, ter você próxima durante essa experiência foi um impulso de ânimo. Agradeço às alunas de graduação, agora colegas médicas, que investiram nesse tema e realizaram a pesquisa que deu origem ao meu mestrado. A todos vocês, muito obrigada. Quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado.1 RESUMO FASANELLA, NA. Estratégias Acadêmicas para a Promoção da Saúde Mental dos Estudantes de Medicina. Introdução: A saúde mental de um indivíduo diz respeito a toda a sua complexidade. Estudos apontam que um em cada cinco jovens apresenta sofrimento psíquico. As universidades podem utilizar diversas estratégias acadêmicas para contribuir com o bem-estar psíquico dos seus estudantes. Objetivos: Desenvolver e descrever estratégias acadêmicas curriculares de promoção de saúde mental para promover e proteger a saúde mental dos estudantes do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (FCMS da PUC-SP). Métodos: Trata-se de pesquisa exploratória associada a ações educativas, que utilizou análise detalhada da literatura e estudo prévio na instituição para identificar os principais motivos de sofrimento psíquico entre os estudantes do curso de medicina. Foram desenvolvidas diferentes intervenções de promoção de saúde mental, dentro da matriz curricular, com estudantes e professores nos anos de 2020 e 2021. Resultados: Foram elaboradas diferentes estratégias educativas e materiais de educação em saúde mental, desenvolvidos vídeos e materiais de leitura disponíveis para acesso em ambiente virtual de aprendizado sobre os principais temas de saúde mental. Discussão: As ações propostas foram bem recebidas e divulgadas em parceria com a coordenação do curso, diretoria da FCMS da PUC-SP, professores e entidades estudantis. Promoveram o acesso facilitado a informações sobre a saúde mental e provocaram discussões entre todos os participantes da comunidade. Conclusões: O cuidado com a saúde mental está intimamente relacionado ao conhecimento e à educação em saúde e tem o potencial de estimular os debates sobre o tema e ampliar o acesso ao conhecimento das formas de cuidados. Estudos dessa natureza podem contribuir para promover a saúde mental e a formação de médicos com habilidades específicas visando o bem-estar de seus pacientes. Palavras-chave: educação em saúde; saúde do estudante; saúde mental; esgotamento do estudante; educação superior. ABSTRACT FASANELLA, NA. Academic Strategies for the Promotion of Mental Health in Medical Students. Introduction: Studies show that one in every five young people has psychological distress. Universities can use various academic strategies to contribute to their student's psychic well-being. Objectives: to develop and describe academic curricular strategies for mental health promotion to protect the mental health of medical students at the Faculty of Medical Sciences and Health at the Pontifical Catholic University of São Paulo (FCMS at PUC-SP). Methods: This is an exploratory research associated with educational activities, which used a detailed analysis of the literature and a previous study at the same institution designed to identify the main reasons for psychological distress among medical students. Different mental health promotion interventions were developed, within the curriculum, with students and teachers in the years 2020 and 2021. Results: Different mental health education materials were prepared, videos and educational reading materials were made available for access in a virtual learning environment platform on key mental health topics. Discussion: The proposed actions were well received and publicized in partnership with the course coordination, PUC-SP FCMS board, faculty as well as with the student entities. They promoted easy access to information on mental health and provoked discussions among all community participants. Conclusions: Mental health care is closely related to education and knowledge regarding health, it also has the potential to stimulate debates on the subject and expand access to knowledge regarding care variants. Studies of such nature can contribute to promoting mental health as well as training doctors with specific skill sets aimed at the well-being of their patients. Keywords: Health education; student health; mental health; student burnout; college education. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Análise Bibliométrica da Prevalência de Transtornos Mentais ................... 44 FIGURA 2 - Análise Bibliométrica das Estratégias de Promoção de Saúde Mental ..... 45 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Matriz horária do primeiro ano do curso de medicina da FMCS da PUC- SP ............................................................................................................................................... 33 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABP Aprendizagem Baseada em Problemas APP Projeto de Assistência Psicológica APS Atenção Primária à Saúde CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior COVID Coronavirus Desease CVV Centro de Valorização da Vida EUA Estados Unidos da América FCMS Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde GRAPEME Grupo de Apoio Psicopedagógico aos Estudante de Medicina e Enfermagem GT Grupo de Trabalho J-PUC Jornal da Pontifícia Universidade Católica OMS Organização Mundial da Saúde OPAS Organização Panamericana de Saúde PAC Programa de Acolhimento Comunitário PAS Prática de Atenção à Saúde PCP Primeiros Cuidados Psicológicos PPC Projeto Pedagógico Curricular PROCRC Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias PUCSP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SNC Sistema Nervoso Central SUS Sistema Único de Saúde TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................16 1.1 Saúde mental, universidade e estudante de medicina ............................ 16 1.2 Epidemiologia dos transtornos mentais comuns ..................................... 17 1.3 Saúde mental e a pandemia de COVID-19 ............................................. 20 1.4 Barreiras ao cuidado em saúde metal ..................................................... 21 1.5 Estratégias de cuidado à saúde mental dos estudantes ......................... 23 1.6 Serviços de atendimento ao estudante de medicina no Brasil e no mundo ...................................................................................................................... 25 1.7 Realidade local: dados do estudo na FCMS da PUC-SP ........................ 27 1.8 Estudos orientados (mentoria) ................................................................ 29 1.9 Justificativa da pesquisa ......................................................................... 30 2. OBJETIVOS ............................................................................................... 31 2.1 Objetivo geral .......................................................................................... 31 2.2 Objetivos específicos .............................................................................. 31 3. PARTICIPANTES E MÉTODOS ................................................................ 32 3.1 Natureza do trabalho ............................................................................... 32 3.2 Características da população envolvida .................................................. 32 3.3 Um resumo da estrutura curricular e do projeto pedagógico do curso de medicina da FCMS da PUC-SP .................................................................... 32 3.4 Ações educativas de promoção de saúde mental ................................... 34 3.4.1 Casos clínicos ................................................................................... 34 3.4.2 Capacitação docente com foco nos mentores .................................. 34 3.4.3 Aulas sobre o tema saúde mental..................................................... 34 3.4.4 Divulgação das formas de acolhimento disponíveis na PUC-SP ...... 35 3.4.5 Cultura e saúde mental ..................................................................... 35 3.4.6 Materiais informativos ....................................................................... 35 3.5 Revisão bibliográfica e análise bibliométrica ........................................... 35 3.6 Aspectos éticos ....................................................................................... 36 4. RESULTADOS .......................................................................................... 37 4.1 AÇÕES EDUCATIVAS DE PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL ............. 37 4.1.1 Casos Clínicos .................................................................................. 37 4.1.2 Mentoria ............................................................................................ 38 4.1.3 Aulas ................................................................................................. 39 4.1.4 Divulgação de formas de acolhimento disponíveis na PUC-SP ........ 40 4.1.5 Cultura e Saúde Mental ................................................................ 40 4.1.6 Material Informativo ...................................................................... 41 4.2 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA .................................................................... 43 5. DISCUSSÃO .............................................................................................. 46 6. CONCLUSÃO ............................................................................................ 48 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49 ANEXO 1 Parecer consubstanciado do CEP ................................................ 58 APÊNDICES ..................................................................................................... 64 APÊNDICE 1 Caso clínico e material complementar para atividade de Habilidades. .................................................................................................. 64 APÊNDICE 2 Caso clínico (problema) de Tutoria ...................................... 69 APÊNDICE 3 Atividade com mentores e com alunos ................................ 78 APENDICE 4 Aulas Sustentação teórica ................................................ 86 APÊNDICE 5 Primeiros Cuidados Psicológicos ......................................... 95 APÊNDICE 6 Protocolo PUC-SP ............................................................... 99 APÊNDICE 7 Cultura e saúde mental: Cinedebate ................................. 106 APÊNDICE 8 Material de apoio: Precisamos falar sobre saúde mental .. 112 APÊNDICE 9 Material de apoio: Higiene do sono ................................... 121 APÊNDICE 10 Material de apoio: A.C.A.L.M.E.-S.E. ............................... 124 16 1. INTRODUÇÃO 1.1 Saúde mental, universidade e estudante de medicina A saúde mental de um indivíduo diz respeito a toda a sua complexidade, uma associação dos fatores biológicos, psicológicos, culturais e sociais que, em conjunto, contribuem para o bem estar emocional.2 De acordo com a definição posta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a boa saúde mental é - estar no qual o indivíduo realiza suas próprias habilidades, pode lidar com o estresse normal da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera e é capaz de contribuir para sua comunidade. 3 Quando os fatores que compõe o indivíduo não estão em harmonia, sem corresponder às demandas daquele indivíduo em determinados momentos de sua vida, pode ocorrer um impacto no seu comportamento e desempenho em diversos aspectos do seu cotidiano, como, por exemplo, a vivência acadêmica.4 A ausência de doença mental embora se relacione com a saúde mental, não é suficiente para a sua determinação. Ter uma boa saúde mental varia de acordo com a cultura, a idade, o ambiente em que o indivíduo está inserido, valores sociais e o seu momento de vida. Pode ser entendida como um estado de bem-estar que mantém o indivíduo funcional em todos os aspectos da sua vida, e permite que ele seja capaz de lidar com os estresses do cotidiano.5 O desenvolvimento psíquico que os jovens adultos experimentam é grande, mas, para além do processo biológico envolvido aí, o contexto social pode sofrer grandes transformações, como, por exemplo, a necessidade de mudar de cidade, morar sozinho, novas expectativas e responsabilidades, preocupação com o desempenho acadêmico, o auto cuidado e a independência.6 A saúde mental do universitário, independente do seu curso, é foco de alguns estudos. Identifica-se que a vida acadêmica pode ser um fator de risco e propiciar o desenvolvimento de sofrimento psíquico. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que um quinto dos estudantes universitários apresenta algum diagnóstico psiquiátrico e que, cerca de 80% destes jovens receberam os diagnósticos antes de se matricular na universidade, sendo que apenas 16% deles receberam algum tratamento.7 17 A vida universitária pode ser um fator estressor em diferentes áreas de estudos, como humanidades, engenharias e a própria medicina. Um estudo no Reino Unido, comparando estudantes universitários de diferentes áreas, estimou a prevalência de problemas de saúde mental e identificou que os estudantes de medicina foram os mais propensos a tentar o suicídio.8 O investimento emocional e social que o estudante precisa fazer ao ingressar em um curso de medicina é alto. Com frequência, fatores como a duração do curso, o gasto financeiro, as dificuldades nos estudos, a complexidade e o volume das disciplinas e a solidão são reportados como fatores estressores, que repercutem negativamente na saúde mental.9 Pela própria natureza da formação e do futuro profissional,os estudantes de medicina são mais cobrados em relação ao comprometimento, responsabilidade e desempenho nas tarefas acadêmicas.10 Habitualmente são envolvidos em longas horas de estudos, expostos a ambientes competitivos, distantes do ambiente ideal para aprendizagem e frequentemente privados de sono.11 Esses fatores, quando associados, podem levar a níveis elevados de estresse que influenciam negativamente a saúde física e mental.10,11 O cuidado em saúde mental é constituído de prevenção do adoecimento, do tratamento precoce, e do estímulo a manutenção de hábitos de vida saudáveis.5 Entre os estudantes de medicina, além da própria vida universitária como fator de risco a boa saúde mental, existem outros componentes que favorecem o adoecimento, como o abuso de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas12 e a manutenção de hábitos de sono pouco saudáveis.13 Uma possível repercussão da falta de saúde mental é a exaustão emocional que pode atingir até metade dos estudantes de medicina em algum momento da sua formação, e é caracterizada também por um estado de despersonalização, caracterizada por insensibilidade emocional e falta de realização pessoal, que compromete o seu desenvolvimento pessoal e profissional, enquanto futuros profissionais da saúde.14 1.2 Epidemiologia dos transtornos mentais comuns Os transtorno mentais comuns englobam os diferentes tipos de transtornos depressivos e ansiosos e são assim chamados, pois representam a maioria dos 18 diagnósticos de transtornos mentais entre a população mundial.15 O transtorno depressivo é caracterizado por estado de humor deprimido a maior parte do dia, quase todos os dias, com sensação de tristeza, angústia, perda de interesse pelas atividades antes prazerosas, alteração do sono e do apetite. Os transtornos de ansiedade possuem o medo e a ansiedade como sintomas chave, com preocupação antecipatória, insegurança e pensamentos catastróficos presentes a maior parte do dia, quase todos os dias, de forma persistente e progressiva. Ambos causam comprometimentos das funções do sujeito em mais de um aspecto da vida.16 Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência mundial de depressão na população entre 20 e 29 anos aproxima-se a 6% em mulheres, e 4% em homens.17 A ansiedade é o segundo transtorno mental mais comum e sua prevalência para a mesma faixa etária está em torno de 5% e 3% em mulheres e homens, respectivamente. No Brasil estima-se que 5,8% da população é acometida por depressão e 9,3% apresentam quadro de ansiedade.17 A diferença entre a prevalência de ansiedade e depressão entre homens e mulheres começa a se intensificar na adolescência e possui relação com fatores epigenético, hormonais e ambientais, pois pessoas do sexo feminino são mais expostas a adversidades ao longo da vida, como abuso sexual, desigualdade estrutural entre sexos, violência doméstica e sobrecarga de trabalho, que proporcionam maior suscetibilidade para o sexo feminino.18,19 Entre os estudantes de medicina, a prevalência global de ansiedade é de 33,8%.10 No Brasil, os sintomas de depressão, ansiedade ou estresse podem estar presentes em 30 a 47% dos estudantes de medicina.20,21 Tais sintomas podem causar prejuízo à vida dos estudantes e de seus futuros pacientes, podem ser debilitantes e levar à piora do desempenho acadêmico e social.22 24 Comparada à população geral, a prevalência de transtornos ansiosos e depressivos nos estudantes de medicina é, respectivamente, cinco e dez vezes maior.17,20 Estima-se que um em cada três estudantes de medicina no mundo tem algum transtorno de ansiedade.10 Outro fator de risco para a saúde mental dos estudantes é o abuso de substâncias psicoativas, como as drogas ilícitas. Um estudo realizado entre os estudantes de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (FCMS da PUC-SP) identificou que a aprovação sobre a experimentação de álcool, maconha, tranquilizantes e cigarro foi de 93%, 19 68,3%, 61% e 50,6%, respectivamente.25 Enquanto a desaprovação maior foi referente a experimentação de cocaína, crack e ecstasy, com 92,9%, 97,5% e 69%, respectivamente. As substâncias psicoativas mais utilizadas entre eles foram álcool, maconha e cigarro. O estudo conclui ainda que o número de alunos que experimentou álcool e tabaco supera o número dos que aprovam a experimentação dessas substâncias, além disso, a maioria dos alunos participantes aprova o uso da maconha.25 Aproximadamente um terço dos estudantes de medicina no mundo faz uso de alguma droga ilícita, sendo a maioria composta por pessoas do sexo masculino e a maconha, a mais utilizada.26 No Brasil os dados são muito semelhantes, sendo o álcool e o tabaco as drogas lícitas mais utilizadas e, entre as drogas ilícitas, maconha e solventes foram os mais utilizados. Outro ponto de encontro entre a literatura mundial, nacional e a realidade da instituição deste estudo, foi o uso sem prescrição de psicofármacos, como ansiolíticos do tipo benzodiazepínicos.27 A preocupação com a saúde mental dos estudantes universitários tem crescido nos últimos anos, com aumento de publicações sobre o assunto em todo o mundo. Segundo um estudo realizado com terapeutas de universidades dos EUA e do Reino Unido, a busca por ajuda tem crescido.9 Tais estudos apontam que um em cada cinco jovens dessas universidades, apresenta algum grau de sofrimento psíquico e preenche critérios diagnósticos para ao menos um transtorno mental.9,28 No Canadá, um estudo com jovens estudantes de medicina observou que 26% deles já receberam o diagnóstico de algum transtorno mental, com maior prevalência relatada de transtornos ansiosos; 36% dos estudantes recebiam algum tipo de tratamento para a sua saúde mental no momento da pesquisa e mais de 80% deles, com ou sem diagnóstico psiquiátrico, relacionou os estudos e a alta demanda acadêmica, como pressão e competitividade, como fonte de estresse.29 Na China, um estudo com estudantes de medicina concluiu que as taxas de prevalência de depressão e ansiedade era de 29% e 21%, respectivamente, indicando novamente índices altos, maiores que da população geral.30 E quando analisamos estudos realizados na Europa, mais de 70% dos universitários de um curso de medicina na Itália faziam uso de psicofármacos, medicamentos utilizados para tratamento de transtornos mentais e foi também evidenciada grande busca por medicamentos estimulantes do sistema nervoso central (SNC), para melhora do desempenho acadêmico.31 20 A autopercepção da necessidade de receber cuidado em saúde mental entre os estudantes de medicina é de 56%. É possível projetar a hipótese de que metade dos estudantes apresenta algum sofrimento psíquico. No entanto, ao menos um terço deles não inicia qualquer tipo de tratamento. Apesar da autopercepção da necessidade de buscar ajuda, apenas aqueles que recebem orientação direta para tal é que tem mais chance de se tratar, mostrando uma baixa procura espontânea ao cuidado de saúde mental.32 1.3 Saúde mental e a pandemia de COVID-19 Com início em fevereiro de 2020 no Brasil, a pandemia de COVID-19 impôs muitas mudanças na forma de viver, na interação social, nos estudos e na saúde mental da população.33 Com a evolução de uma doença grave e ameaçadora de vida como a causada pelo novo coronavírus, houve necessidade de adaptação dos estudos para a forma online, interrompendo atividades práticas e presenciais, e repercutindo na vida acadêmicas dos universitários.34 O comprometimento da saúde mental foi observado por todo o mundo, com aumento dos níveis de estresse, piora dos quadros pré-existentes de depressão e ansiedade, aumento no número de novos diagnósticos, houve intensificação da vivência do luto, e prejuízo na qualidade de vida.35 Embora a doença causada pelo novo coronavírus não é o único fator para o risco de suicídio, o isolamento social e o sofrimento psíquicocausados por ela podem aumentar o risco.36 A ideação suicida é um sintoma grave que pode surgir em alguns transtornos mentais. É potencialmente evitável e representa uma emergência, pois o indivíduo com intenso sofrimento mental e ideação suicida pode mesmo cometer algo contra si. Há uma tendência crescente em estratégias para prevenção do suicídio, inclusive no meio médico e acadêmico.37,38 Entre os estudantes de medicina não foi diferente e eles experimentaram também a deterioração da sua saúde mental.39,40 O ensino remoto trouxe consigo alguns riscos, como piora da participação em aulas e do cinismo, ou seja, a indiferença ou o descaso com as atividades, muitas vezes relacionado ao estresse crônico, comprometendo o desenvolvimento acadêmico. Por outro lado, através do ensino por meio de ambientes virtuais foi possível diversificar as formas de disseminação de conteúdos e ampliar os conhecimentos sobre o tema saúde mental.41 21 Após o início da pandemia o sofrimento psíquico foi maior do que costumava ser, com aumento da prevalência de transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão, particularmente em pessoas de 18 a 34 anos, mulheres e pessoas que vivem com crianças pequenas em suas casas. Medidas para reduzir os impactos da pandemia devem ser tomadas para todas as populações, mas aquelas mais vulneráveis precisam de maior atenção.42 O ensino remoto passou a ser uma alternativa para muitas escolas e instituições de ensino superior. Na PUC-SP foi elaborado um protocolo de mudança do ensino tradicional presencial para o ensino remoto emergencial rapidamente, utilizando um ambiente de aprendizagem virtual para realizar encontros durante a semana, com aulas sendo realizadas nos mesmos dias e horários e com os professores responsáveis por cada atividade, ou seja, aulas online de forma síncrona. Para aqueles que não possuíam condições de ter equipamento ou internet que suportassem tais encontros, a instituição realizou um levantamento e forneceu a esses estudantes os equipamentos necessários e acesso à internet para acompanhamento das aulas.43,44 No curso de medicina, a mudança para o ensino remoto trouxe um prejuízo específico que foi a falta de contato com os pacientes nos cenários de ensino, que na PUC-SP acontece desde o primeiro ano. A falta dessa experiência trouxe para os estudantes uma grande insegurança sobre a sua formação médica, além de uma dificuldade de adaptação. Houve também o desafio de transformar um currículo que utiliza metodologias ativas de aprendizagem para o ensino remoto.34 1.4 Barreiras ao cuidado em saúde metal Os obstáculos mais comuns ao atendimento especializado para cuidado de saúde mental entre os estudantes parecem ser a falta de tempo, por carga horária acadêmica muito alta, dificuldade de acesso aos serviços e estigma, representado pelo medo de sofrer preconceitos, incluindo o próprio preconceito. A falta de cuidado e a demora na busca por ajuda pode colocar os estudantes em risco de sério adoecimento, de ideação suicida, de evasão estudantil e complicações do transtorno para aqueles que já têm um diagnóstico.32 O estigma em saúde mental pode ser entendido como marca, presença de rótulos, banalização do sofrimento e segregação daqueles que sofrem de algum 22 transtorno mental. É uma forma de discriminação e preconceito extremamente danoso para a saúde mental de pessoas que já estão em sofrimento. O estigma é descrito como a maior barreira para o tratamento e a recuperação do sujeito e deve ser combatido em todas as suas manifestações. O estigma tem diferentes origens, familiares, sociais e culturais. Desdobra-se por falta de conhecimento, compreensão ou informação sobre os transtornos mentais e suas manifestações e, por isso, deve ser combatido com educação.45,46 O impacto das diferentes formas de percepção da vivência acadêmica repercute também na autoeficácia e capacidade de gerenciar essa fase da vida. Quando tais impactos se tornam negativos, observa-se dificuldade de concentração, medo, insegurança, baixo rendimento acadêmico e até desistência e abandono do curso.47 A vivência acadêmica pode ser uma barreira ao tratamento assim como um fator de risco para o adoecimento mental. Quando ocorre uma percepção negativa dessa fase da vida, podem surgir inseguranças sobre a escolha do curso e suas habilidades pessoais para a escolha da carreira. Neste cenário de percepção negativa, há também a deterioração da qualidade de vida ao longo do curso de medicina, com picos de maior sofrimento no final da graduação.48 A desigualdade racial e econômica tem impacto negativo na saúde mental dos jovens, seja na probabilidade menor em receber um tratamento adequado, ou na eficácia do tratamento quando ele existir.49 O racismo é um grande obstáculo para uma boa saúde mental e também um risco para a formação médica inadequada para aqueles que o sofrem suas consequências, facilitando a marginalização das minorias raciais na prática médica.50 A falta de psicoeducação, ou seja, educação em saúde mental compromete a capacidade de usar informações de saúde para reconhecer, gerenciar e prevenir transtornos de saúde mental e tomar decisões adequadas sobre busca de ajuda e apoio profissional, sendo considerada uma barreira ao cuidado em saúde mental, pois induz a um fraco reconhecimento das condições adversas da saúde mental (própria e de outros) e a falta de consciência das fontes de ajuda disponíveis.51 Existem ainda barreiras relacionadas ao próprio atendimento e disponibilidade de profissionais especializados, além de outros fatores estruturais como custo, transporte e tempo de espera.51 Considerando a estrutura organizacional do sistema de atenção primária e especializada em saúde mental do Sistema Único de Saúde 23 (SUS), e considerando que no município de Sorocaba estes serviços são campo de estágio dos alunos do curso de medicina, na instituição de ensino do presente estudo há ainda a barreira de acesso ao atendimento gratuito do SUS pois os estudantes não poderiam ser atendidos por outros estudantes da mesma instituição. 1.5 Estratégias de cuidado à saúde mental dos estudantes Embora o número de estudos sobre a saúde mental dos estudantes de medicina venha crescendo, já é de conhecimento mundial que esse grupo está em maior risco de sofrimento mental e adoece de forma crescente a cada ano que passa na sua graduação e os estudos sobre formas de cuidado destes estudantes e estratégias de promoção e proteção da sua saúde mental ainda são escassos.8 Terapias medicamentosas ou comportamentais são importantes ferramentas no tratamento dos transtornos mentais, mas por vezes são insuficientes para resolver todos os sintomas, ou então são buscadas tardiamente, quando o sofrimento já está insuportável. Diminuir barreiras entre o estudante e o tratamento, reduzir estigma, incentivar a melhora da qualidade de sono e da qualidade de vida são estratégias que podem proteger a saúde mental de um indivíduo.28,52 Um dos desafios para promover a saúde mental dos jovens universitários é diminuir o estigma. Construído socialmente como uma característica de vergonha ou desgraça, o estigma coloca esses universitários em maior desvantagem e, portanto, vulnerabilidade. Com medo das repercussões sociais que podem sofrer, acabam atrasando ou evitando a busca pela ajuda.53 O sono tem relação direta com o desenvolvimento da saúde física e mental, sendo capaz de auxiliar na concentração, atenção, aprendizado, entre outros.28 A avaliação da qualidade do sono é complexa e envolve, entre outros fatores, a análise da quantidade de horas dormidas, cuja recomendação para jovens adultos é de 7 a 9 horas por noite.54 Outro fator importante para a promoção da saúde mental dos estudantes é a promoção de qualidade de vida. Ambientes com mais interação com a natureza, com espaços de convivência, oportunidades de atividades de lazer ou terapias alternativas de relaxamentosão fatores de proteção e ajudam a promover o bem estar psíquico.55 Não existe consenso sobre quais ferramentas devem ser utilizadas para garantir a saúde mental, mas algumas são mais frequentemente inseridas nas 24 universidades e apresentam resultados positivos, como por exemplo a recomendação de atividade física regular, sono reparador de boa qualidade, atividades de lazer e convívio social e espiritualidade. Outras estratégias que podem contribuir com a elevação da autoestima, desenvolvimento de habilidades de vida diária, da confiança e autoeficácia podem também proteger a saúde mental.28 A utilização de estratégias acadêmicas para promoção de saúde mental pode incluir o fornecimento de informações, estudos sobre os temas desde o início do curso, incentivo ao diálogo e espaço de conversa seguro sobre as maiores dificuldades vividas e orientação sobre onde e quais ajudas buscar. Os docentes podem contribuir muito nesse processo, portanto sua capacitação também pode estar implicada.56 Para diminuir a vulnerabilidade dos graduandos é necessário adotar ferramentas para a detecção precoce de sintomas de transtornos mentais e ações acadêmicas de promoção da saúde mental.57 Além dos fatores individuais e socioculturais envolvidos no processo de saúde, alguns aspectos da vida universitária podem constituir fatores de risco ou proteção para a saúde dessa população e devem ser conhecidos.48 Uma estratégia utilizada para reduzir o estigma, e assim aumentar a busca por ajuda, é a educação em saúde, ou seja, disseminação de informações, propagação de conhecimento e ampliação das discussões sobre o tema.58 Diferentes formas de ampliar o conhecimento dos estudantes sobre saúde mental, tratamento, acesso à saúde e formas de cuidado contribuem positivamente para a saúde mental dos estudantes podendo representar declínio no sofrimento psicológico, no esgotamento acadêmico e aumento nos níveis de satisfação com a vida.59 A educação em saúde mental ajuda a estimular a maturidade emocional, ampliar a resiliência dos envolvidos, além de incentivar a busca por ajuda e as formas de autocuidado necessárias para promover a saúde mental. Diversos estudos apontam para o benefício de ampliar a educação para alunos e docentes, favorecendo aumento do reconhecimento dos transtornos mentais, da eficácia na busca por ajuda e na manutenção do bem estar.59 63 Um estudo finlandês utilizou intervenções digitais para educação em saúde e avaliou como isso pode aumentar o bem-estar dos estudantes de medicina.64 As ações utilizadas incluíam palestras e material de autoaprendizagem online, cujo conteúdo principal era a vida acadêmica e habilidades adquiridas nesse contexto, gerenciamento de estresse, saúde mental positiva, problemas e distúrbios de saúde 25 mental. Os níveis de estresse dos alunos reduziram e suas atitudes em relação à procura de ajuda melhoraram após a intervenção a curto prazo.64 Os enfrentamentos cognitivo, emocional e comportamental são essenciais para o bem-estar mental. Conhecer as principais formas de lidar, intensificá-las e incentivá- las contribuem para a saúde mental dos estudantes de medicina. Embora as pesquisas ainda sejam limitadas sobre esse tema, foram identificados os seguintes fatores que influenciam o enfrentamento: busca de apoio, enfrentamento ativo, aceitação, fé/religião e esportes.65 Desta maneira, as próprias instituições de ensino passam a ter função importante de ensinar seus estudantes a lidar com o sofrimento.65 Outra possibilidade de ampliar o cuidado em saúde mental, é a aplicação do Primeiro Cuidado Psicológico (PCP) elaborado pela Organização Mundial da Saúde e traduzido para o português pela Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil (OPAS), com apoio do Ministério da Saúde. Constitui-se uma ferramenta para oferecer assistência direta a indivíduos e comunidades em situações de crise, por pessoas leigas ou não, com o objetivo de reduzir o estresse causado, auxiliando indivíduos e comunidades respeitando sua cultura, sua dignidade e sua história.66 Os PCPs podem ser prestados por pessoas sem qualquer formação na área de saúde mental. As situações que exigem que este tipo de cuidado seja prestado variam desde guerras, desastres naturais, ou pandemias, como a de Covid-19. Conhecer os PCPs e treinar essa habilidade pode ter efeitos benéficos na formação médica, na atitude e comportamento dos estudantes, contribuindo para a sua confiança no suporte a pessoas com problemas de saúde mental.66 68 1.6 Serviços de atendimento ao estudante de medicina no Brasil e no mundo Algumas instituições de ensino superior têm desenvolvido serviços especializados de atendimento em saúde mental para os estudantes de medicina, movimento que acontece no Brasil e no mundo, como é o caso da Escola de Medicina Clínica da Universidade de Cambridge, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), entre outras.69 72 No caso da escola de Cambridge foi criado o Serviço de Saúde Mental para Estudantes Clínicos para fornecer informações especializadas para esse grupo vulnerável. Em estudo da avaliação da eficiência e eficácia deste serviço foi 26 identificado que os níveis de angústia, depressão, ansiedade e risco de suicídio foram significantemente reduzidos após a criação do serviço. O funcionamento dos participantes melhorou significantemente, eles se beneficiaram de informações oportunas, mostrando melhorias no bem-estar mental e no desempenho acadêmico.71 Já o serviço da Unicamp, o Grupo de Apoio Psicopedagógico aos Estudante de Medicina e Enfermagem (GRAPEME) surgiu na década de 1990, e atualmente atende estudantes de graduação de medicina e fonoaudiologia, além dos residentes médicos e multiprofissionais que buscam atendimento na área de saúde mental. Além dos atendimentos psiquiátricos e da psicoterapia breve, o serviço também atua em conjunto com algumas disciplinas do curso com o objetivo de promover e proteger a saúde mental do estudante de medicina. A busca por atendimento foi crescente: no ano de 2015 o serviço recebeu 62 novos estudantes ou residentes, enquanto no ano de 2018 (último dado publicado) foram 174.69 O grupo de assistência psicológica ao aluno da FMUSP foi desenvolvido em 1986 e possui duas principais vertentes: atendimento em psiquiatria clínica e psicoterapia. O serviço encontra alguns desafios, como a dificuldade em encontrar equilíbrio entre as atividades assistenciais, científicas e institucionais. Um dos focos da sua criação era reduzir a taxa de suicídio entre os estudantes de medicina, que no ano de sua criação era cinco vezes maior do que a taxa do município, e alguns anos após sua criação, o serviço conseguiu equiparar as taxas, mostrando redução do número de suicídios entre os estudantes de medicina.72 É possível observar que a maioria das escolas médicas brasileiras que possuem um serviço de atendimento psicológico é pública e temos pouca produção científica dentre as particulares.70 A PUC Minas possui o Projeto de Assistência Psicológica (APP), desenvolvido em 2002 com o objetivo de desenvolver atendimento psicológico entre os estudantes que apresentava algum tipo de sofrimento mental. Além disso, sua criação veio ao encontro às exigências de políticas de atendimento aos estudantes. O serviço conta com três estagiários bolsistas e um monitor voluntário do curso de psicologia, sob orientação de um professor e os atendimentos consistem em acolhimento que dura entre quatro e seis semanas.73 Questiona-se, neste serviço, se é papel da universidade prover um serviço de atendimento especializado permanente, o que poderia dificultar a responsabilização subjetiva do estudante frente a suas questões.73 27 O corpo docente das universidades, independente do curso, desempenha um papel importante no cuidado da sua comunidade e precisa estar bem-posicionado para conectar os alunos comos cuidados de saúde mental. Um estudo australiano avaliou como o nível de conhecimento dos funcionários e professores pode influenciar a orientação sobre cuidados e busca por ajuda em saúde mental.74 Os professores com níveis mais altos de conhecimento em depressão eram mais propensos a se sentir suficientemente informados para ajudar os alunos com problemas de saúde mental, representando maior cuidado e proteção aos seus estudantes.74 Existem alguns modelos inovadores de estratégias para proteção da saúde mental dos estudantes, como o desenvolvimento de disciplinas não relacionadas com a área médica, como as aulas de artes.75 Um estudo realizado na King's College de Londres avaliou o impacto das aulas de artes na saúde mental.76 Foi possível identificar que os alunos puderam projetar suas próprias peças de arte e discutir questões de saúde mental de forma aberta e criativa e relataram sensação de bem- estar.76 Outra técnica que vem sendo utilizada como estratégia de cuidado de saúde mental é o mindfulness, técnica de meditação guiada que busca a atenção plena no presente.77 Os efeitos parecem positivos para docentes e discentes, com redução dos pensamentos ansiosos e distrativos e redução dos sintomas depressivos e relacionados ao estresse.77,78 Novos estudos são necessários para completar o que nos falta de conhecimento sobre quais as estratégias mais adequadas e eficazes nesse cuidado e contribuir para o desenvolvimento de programas direcionados para melhorar a saúde mental e o bem estar de estudantes de medicina, contribuindo para a formação de médicos mais saudáveis e com maior probabilidade de promover o bem-estar de seus pacientes.79 1.7 Realidade local: dados do estudo na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo No contexto da FCMS da PUC SP, realizamos em 2019 um estudo para o qual foram convidados todos os estudantes do curso de medicina e avaliamos a saúde mental por meio do autorrelato de diagnósticos psiquiátricos, do uso de psicofármacos e dos fatores associados a esse uso. O estudo foi utilizado como base para a 28 elaboração personalizada das estratégias desta pesquisa de acordo com a saúde mental dos estudantes desta instituição. A seguir são apresentados os resultados que já foram publicados, considerando que ainda existem dados qualitativos sendo trabalhados para futura publicação e que também foram utilizados para esta pesquisa.80 Participaram da pesquisa 263 estudantes, o que corresponde a 41,7% dos estudantes do curso de medicina. Os estudantes participantes eram do primeiro ao sexto ano do curso e estavam igualmente distribuídos entre os anos. Entre os participantes, 66,5% eram do sexo feminino e a idade média foi de 22,9 anos. Em relação à orientação sexual, 83,7% se declararam heterossexuais, 7,6% homossexuais e 7,2% bissexuais. Em relação a cidade de origem, 91,3% dos participantes são provenientes de outros municípios, 35% possuem alguma bolsa de estudos ou financiamento estudantil e 75,7% possuem plano de saúde.80 Os resultados mostraram que 30,4% dos participantes faziam uso de algum psicofármaco durante a pesquisa, sendo os antidepressivos os mais utilizados, seguidos de ansiolíticos do tipo benzodiazepínicos. O estudo indicou que 25,5% dos estudantes que participaram da pesquisa referiam ter algum diagnóstico psiquiátrico, os mais mencionados foram transtornos ansiosos e depressão, mas também houve relato de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno obsessivo compulsivo e transtornos de personalidade. Entre os participantes, 28,9% reportaram usar alguma droga ilícita, sendo a maconha a mais citada, com 25,5%, o MDMA (metilenodioximetanfetamina) com 10,3%, os alucinógenos e os solventes inaláveis ambos com 3%.80 Apenas 63,5% dos entrevistados referiram dormir entre seis e oito horas por noite, o recomendável para a idade média dos estudantes. Em relação a adesão ao tratamento, parte importante do planejamento terapêutico e que pode influenciar no prognóstico mais reservado quando não acontece da maneira adequada, 35,5% dos estudantes que usavam algum psicofármaco apresentavam pouca adesão ao tratamento. A chance de apresentar algum diagnóstico psiquiátrico ao longo da formação médica foi de 26,6% a cada ano do curso, mostrando possível relação entre a formação e o adoecimento mental. Foi possível observar que apesar da chance crescente, houve dois picos de diagnóstico e uso de psicofármacos ao longo do curso. No segundo ano, quando a felicidade do ingresso já não é tão intensa, há dificuldade de adaptação à vida longe da casa dos pais e crescem as demandas acadêmicas. 29 Outro pico foi no quinto e sexto anos, os anos de internato, com alta carga horária, aumento de responsabilidades e proximidade com o fim do curso.80 1.8 Estudos orientados (mentoria) A atividade de mentoria tem como pilar do seu desenvolvimento o relacionamento especial que se constrói entre estudante e mentor. Com a evolução dessa relação, pode ser possível proporcionar melhor desenvolvimento e amadurecimento do estudante, maior sensação de satisfação com o curso e uma parceria no processo ensino-aprendizagem. A mentoria pode contribuir ainda para a formação da identidade profissional dos futuros médicos, influenciando em como ocorrerá o desenvolvimento da sua forma de pensar e agir, através do diálogo frequente sobre diversos temas em ambiente seguro e com escuta acolhedora.81 83 Na FCMS da PUC-SP, os estudos orientados, denominação formal da instituição para a atividade de mentoria, tiveram início em 2018, contemplando os três primeiros anos do curso, com encontros semanais, de duas horas de duração, com um mentor responsável por pequeno grupo de dez alunos, que idealmente será o mesmo durante os três anos. Durante a pandemia de COVID-19 tais encontros aconteceram de forma remota e, diferentemente das outras disciplinas, sem que houvesse gravação da atividade na plataforma virtual utilizada, garantindo, dessa forma, um espaço seguro e sigiloso. No início do ano todos os grupos criam um contrato de convivência, elaborado com os alunos, que dispõe sobre respeito, horários, sigilo, participação entre outros itens que surgem para cada grupo.81,83 Como não existe um cronograma de temas a serem discutidos, as demandas de cada grupo variam a cada encontro. Muitos motes das conversas eram desencadeados por eventos referentes à faculdade e acabavam sendo comuns a todos os grupos, como foram algumas discussões sobre uso de álcool e drogas, política e a escolha da profissão. As avaliações também foram temas comuns, acompanhado de conversa sobre ansiedade, competitividade e discussões sobre os formatos das avaliações na instituição.81 A mentoria é um ambiente muito propício para discussões sobre saúde mental dos estudantes de medicina, tendo em vista a sua flexibilidade de temas, sem pressão acadêmica conteudista e respeitando as demandas da vida dos futuros médicos. Para a construção desse espaço acolhedor, mentor e mentorados trabalham juntos e se 30 desenvolvem juntos. Na FCMS da PUC-SP, foi utilizado o máximo que o currículo e o projeto pedagógico do curso oferecem para a sua criação e desenvolvimento. Em cada pequeno grupo de mentoria ocorre o desenvolvimento de confiança e parceria moldados pelas relações e demandas subjetivas a cada um. 1.9 Justificativa da pesquisa A saúde mental dos estudantes universitários dos cursos de medicina tem sido foco de estudos acerca da prevalência de transtornos mentais, seus fatores de risco e proteção. É possível identificar que o sofrimento psíquico repercute em diversos aspectos da vida dos indivíduos, entre eles, a vida acadêmica. O conhecimento sobre o estado de saúde e bem-estar dos estudantes pode direcionar as ações necessárias para a inserção de intervenções de promoção e prevenção de saúde mental. A elaboração de estratégias para promoçãoda saúde mental dos estudantes tem importância para a prática diária no universo estudantil, incita a reflexão sobre o tema, o combate ao estigma, incentiva a busca por tratamentos, protege a vida destes jovens e favorece a formação de médicos mais cuidadosos com seus futuros pacientes. Não há consenso na literatura sobre quais estratégias acadêmicas são mais indicadas e mais eficazes e muitos estudos sugerem que a escolha das ações depende do conhecimento que se tem sobre a saúde mental dos estudantes de cada instituição de ensino. Para este estudo foi utilizado o conhecimento adquirido através de pesquisa prévia sobre o tema, identificando quais os principais focos de sofrimento psíquico dentro da comunidade acadêmica e facilitando a escolha das ações e dos temas das intervenções.80 31 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Promover e proteger a saúde mental dos estudantes do curso de medicina da FCMS da PUC-SP por meio de estratégias curriculares e extracurriculares. 2.2 Objetivos específicos 2.2.1 Utilizar educação em saúde mental para sensibilizar e capacitar os docentes sobre o tema saúde mental dos estudantes, ampliando as ações curriculares de promoção do debate sobre saúde mental desde o início da graduação e contribuindo para a redução do estigma das doenças mentais; 2.2.2 Contribuir para que a atividade de estudos orientados (mentoria) se consolide como local de escuta facilitadora para o acolhimento do sofrimento psíquico do estudante, contribuindo para o desenvolvimento cultural e social da comunidade acadêmica da FCMS da PUCSP e ampliando a integração docente-aluno; 2.2.3 Sensibilizar as entidades estudantis a participar de projetos de psicoeducação e promoção de saúde mental; 2.2.4 Contribuir com revisão da literatura científica sobre o tema através de análise bibliométrica. 32 3. PARTICIPANTES E MÉTODOS 3.1 Natureza do trabalho Trata-se de pesquisa-ação, exploratória, associada à ações educativas que se baseou no conhecimento prévio dos dados de pesquisa sobre uso de psicofármacos por estudantes do curso de medicina da FCMS da PUC-SP e seus possíveis determinantes diagnósticos, coletados durante o ano de 2019.80 As intervenções foram adaptadas segundo as orientações dos órgãos responsáveis pela condução e orientação das atividades acadêmicas durante o período da pandemia do Covid-19, para que se mantivesse a segurança dos envolvidos, de acordo com o momento em que as atividades foram realizadas. 3.2 A população envolvida A população envolvida foi constituída pelos alunos do primeiro ao sexto ano do curso de medicina da FCMS da PUC-SP (n=619) e professores do módulo de estudos orientados (mentores) dos três primeiros anos do curso (n=36) a partir do ano de 2020. 3.3 Um resumo da estrutura curricular e do projeto pedagógico do curso de medicina da FCMS da PUC-SP Para que se entenda como foram aplicadas as estratégias educacionais de promoção e proteção à saúde mental dos estudantes, é importante apresentar, de forma resumida, a estrutura curricular prevista no projeto pedagógico do curso (PPC) de medicina da FCMS da PUC-SP.84 Um quadro típico da matriz horária de um dos 3 primeiros anos do curso está mostrado no quadro 1. Do primeiro ao terceiro ano o curso se organiza em módulos. Os módulos horizontais, que se estendem pelo eixo condutor de cada ano e utilizam: a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) desenvolvida em duas sessões tutoriais por semana (tutoria), com três horas de duração cada sessão e 10 (dez) alunos por docente (tutor); as Sustentações Aplicadas (práticas de laboratório e aplicação de conceitos, com 25 alunos), oito horas semanais para o primeiro e segundo ano e quatro horas para o terceiro e as Sustentações Teóricas, uma hora semanal para toda a turma (110 alunos). Dois módulos verticais são eminentemente práticos, com 10 33 (dez) alunos por professor, estendem-se do primeiro ao terceiro ano, têm complexidade progressiva e retomada contínua dos conteúdos. São eles: Habilidades, que exercita o desenvolvimento de práticas semiológicas em um período de 4 horas para o primeiro e segundo ano e dois períodos de quatro horas por semana para o terceiro ano; Prática em Atenção à Saúde (PAS), realizado em grande parte na Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde (APS do SUS) com quatro horas de atividades, uma vez por semana. O terceiro módulo vertical, Estudos Orientados (ou Mentoria), tem por objetivo dar apoio pessoal ao aluno e estimular o desenvolvimento do profissionalismo, com duas horas semanais, 10 (dez) alunos por professor (mentor) e os grupos se formam no primeiro ano e continuam os mesmos até o terceiro ano. O módulo Estudos Eletivos, com duração de quatro semanas no segundo semestre, ocupa a grade horária dos módulos horizontais. QUADRO 1 - Matriz horária do primeiro ano do curso de medicina da FMCS da PUC-SP A partir do quarto ano o curso de medicina se desenvolve na forma de internato com os alunos passando em subgrupos (5 alunos) nas cinco áreas básicas da medicina (clínica médica, cirurgia, pediatria, tocoginecologia e saúde coletiva/saúde mental), que se repetem com complexidade progressiva a cada ano. O internato do quarto ano desenvolve-se predominantemente na APS do SUS e o quinto e sexto anos em ambulatórios de especialidades, enfermarias, centro cirúrgico, centro obstétrico e também na APS do SUS e unidades de pronto atendimento. 34 3.4 Ações educativas de promoção de saúde mental As ações e intervenções de promoção de saúde mental curriculares e extracurriculares foram escolhidas e elaboradas baseadas no conhecimento prévio sobre as maiores demandas de sofrimento psíquico na instituição, utilizando dados de pesquisa prévia, realizada em 2019, sobre o uso de psicofármacos entre os estudantes de medicina da instituição e seus possível determinantes.80 3.4.1 Casos clínicos Foram criados casos clínicos (problemas) com as características da ABP para serem discutidos nas sessões de tutoria com foco nos temas de saúde mental comuns, como depressão e ansiedade, colocando o aluno como foco do estudo, respeitando os objetivos do PPC para cada ano e fornecendo o material de apoio necessário para os tutores. 3.4.2 Capacitação docente com foco nos mentores Foram realizadas capacitações através de ações diretas informativas sobre identificação e abordagens iniciais ao aluno em sofrimento psíquico e fornecimento de material de apoio sobre os temas. As capacitações docentes, especificamente relacionadas aos mentores, buscaram promover a melhora da qualidade das funções de ensino e acolhimento, por meio de atualização profissional, dando oportunidade de aprofundamento e/ou aperfeiçoamento de seus conhecimentos sobre a temática da saúde mental, favorecendo a interação entre professor e aluno, mentor e mentorado. 3.4.3 Aulas sobre o tema saúde mental Foram oferecidas sustentações teóricas para os estudantes dos primeiros anos do curso com o objetivo de ampliar os conhecimentos e diminuir o estigma quando se trata do tema sofrimento mental. A escolha dos temas das aulas seguiu o PPC e os módulos de cada eixo, além de respeitar as demandas encontradas no estudo sobre a saúde mental da nossa população. 35 3.4.4 Divulgação das formas de acolhimento disponíveis na PUC-SP Ampliação da divulgação das estratégias disponíveis na Universidade para acolhimento de pessoas da comunidade com dificuldades relacionas à saúde mental, consolidando o suporte fornecido pela instituição. Recepção e acolhimento dos novos estudantes com envolvimento dos veteranos. Parceria com outros profissionais e pesquisadores da instituição para ampliar a divulgação das práticas integrativas de cuidados em saúde. 3.4.5 Cultura e saúde mental Através de parcerias com representações acadêmicas, como as Ligas Acadêmicas, Centro Acadêmico, Atlética e outrasentidades estudantis para promoção de diálogo sobre o tema, com divulgação de material informativo. 3.4.6 Materiais informativos Elaboração de material escrito sobre os principais temas de saúde mental para leitura e consulta posterior, veículos de divulgação de conhecimento, que complementam as ações educativas e incentivam a discussão sobre os temas. Também foi elaborado material audiovisual com o mesmo propósito. 3.5 Revisão bibliográfica e análise bibliométrica Com a finalidade de se obter um panorama sobre a produção científica do tema saúde mental dos estudantes de medicina e sobre as estratégias acadêmicas mais utilizadas para a sua promoção e proteção, foi realizada uma análise bibliométrica, técnica de medição e avaliação dos índices de produção e disseminação do conhecimento científico que pode ser de cunho quantitativo e/ou qualitativo. Tal análise é regida por três principais leis: a lei de Lotka, que mede a produtividade científica de autores; a lei de Bradford, que mede a produtividade de periódicos científicos; e as leis de Zipf, aplicadas neste estudo, que identificam e atribuem métrica (volume) à distribuição e frequência de palavras num texto.85 36 3.6 Aspectos éticos O projeto de pesquisa, o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para os alunos e professores foram avaliados e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (CEP-FCMS-PUC-SP) e os procedimentos do estudo só foram iniciados após sua aprovação no CEP-FCMS-PUC-SP, identificado pelo CAAE: 38786120.1.0000.5373 (ANEXO 1). 37 4. RESULTADOS 4.1 Ações educativas de promoção de saúde mental Com dados prévios sobre a saúde mental dos estudantes de medicina da FCMS da PUC-SP foi possível identificar que os transtornos mais comuns relatados foram transtornos ansiosos (30,0%), depressão (22,8%), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (3,8%), transtorno obsessivo compulsivo (1,5%) e síndrome do pânico (5,3%).80 Utilizando esse conhecimento como fundamento nas escolhas dos temas, as ações educativas também contaram com a colaboração dos professores mentores, da coordenação do curso de medicina e de entidades estudantis, como o centro acadêmico e ligas acadêmicas para serem realizadas. Houve parceria com a Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias (PROCRC) da PUC-SP, através do Grupo de Trabalho de Saúde Comunitária, e também houve parceria com o Jornal da PUC (J.Puc) por meio do Grupo de Trabalho de Comunicações. Em todas as ações educativas, independente da sua categoria, foram apresentados alguns resultados encontrados na pesquisa anterior aos alunos e professores, do primeiro ao sexto ano, com o intuito de ampliar seus conhecimentos sobre o cenário em que estão inseridos. As ações educativas de intervenção foram realizadas entre os anos de 2020 e 2022, e são descritas a seguir em detalhes. Para fins de maior organização e compreensão, as ações estão categorizadas conforme descritas em casos clínicos; capacitação docente com foco nos mentores; aulas sobre o tema saúde mental; divulgação de formas de acolhimento disponíveis na PUC-SP; cultura e saúde mental e material informativo. Para cada categoria foi selecionado pelo menos um exemplo que a representa bem e são apresentados nos apêndices. 4.1.1 Casos Clínicos 4.1.1.1 Habilidades sobre Transtorno de Ansiedade (APENDICE 1) Caso clínico elaborado pelos pesquisadores para a disciplina de Habilidades do primeiro ano do curso de medicina, sobre o tema transtornos ansiosos. O caso contou com a participação de atores que simularam o caso de um jovem muito ansioso 38 que também apresentava crises de ansiedade. Os atores foram instruídos sobre a melhor maneira de realizar a simulação. Os professores de cada grupo de Habilidades receberam a orientação adequada e material de apoio. 4.1.1.2 Tutoria sobre Transtorno de Ansiedade (APENDICE 2) Caso clínico elaborado pelos pesquisadores para as tutorias (ABP) do segundo ano do curso de medicina sobre transtorno de ansiedade. Os professores de cada grupo de tutoria receberam a orientação adequada e material de apoio, e os objetivos do caso contemplavam os objetivos do módulo, de acordo com o PPC. 4.1.1.3 Saúde Coletiva III Casos clínicos elaborados pelos pesquisadores para a atividade do internato em saúde coletiva do sexto ano do curso de medicina, sobre os transtornos mentais mais comuns: depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno do estresse pós-traumático, dependência de substâncias psicoativas, transtornos de personalidade e transtornos alimentares. Os casos eram discutidos ao longo do estágio do internato. 4.1.2 Mentoria 4.1.2.1 Orientação aos Mentores (APENDICE 3) Reunião realizada com os docentes do módulo de estudos orientados do primeiro ano, a mentoria da FCMS da PUC-SP. Em uma roda de conversa, contando com a participação da psicóloga do Setor de Acolhimento Comunitário (PAC) Sorocaba, Shelley Arruda, foram apresentados os dados sobre saúde mental dos estudantes de medicina, sobre depressão e suicídio. Os professores receberam um material de apoio no momento da reunião. 4.1.2.2 Saúde Mental e Mentoria Aula para todos os alunos do segundo ano, com a presença de todos os mentores, onde foram apresentados os dados sobre a saúde mental dos estudantes 39 de medicina da instituição, os principais riscos e os fatores de proteção. Foi fornecido o material de apoio e informados os caminhos para buscar ajuda na instituição e na rede de saúde do município. 4.1.3 Aulas 4.1.3.1 Recepção aos novos estudantes. Aula expositiva aos novos alunos do primeiro ano, realizada durante a semana de recepção, junto à psicóloga do PAC de Sorocaba, Shelley Arruda. Aconteceu durante os dois anos da pesquisa e já está incorporada à matriz curricular do curso. Nela são apresentadas informações pontuais e relevantes sobre a saúde mental, formas de cuidado e os caminhos para buscar ajuda na instituição e na rede de saúde do município. 4.1.3.2 Sustentação Teórica (APENDICE 4) Aula dialogada com duração de 60 minutos sobre emoções básicas, transtornos fóbicos e ansiosos para os alunos do segundo e terceiro ano do curso de medicina. Além do conteúdo teórico sobre os temas, foram apresentados dados sobre a saúde mental dos estudantes de medicina, formas de cuidado e caminhos para buscar ajuda na instituição e na rede de saúde do município. As aulas aconteceram nos dois anos de pesquisa e já foi incorporada à matriz curricular do curso. 4.1.3.3 Primeiro Cuidado Psicológico (APENDICE 5) Aula dialogada realizada com os alunos do sexto ano do curso de medicina sobre os primeiro cuidados psicológicos (PCP), abordagem inicial realizada a alguém em situação de crise, de intenso sofrimento psicológico, estratégia criada pela Organização Mundial da Saúde e utilizada também em situações de catástrofes naturais ou de conflitos armados.68 4.1.3.4 Psicofobia e Estigma 40 Aula realizada pela Liga de Saúde Mental da FCMS da PUC-SP sobre psicofobia e estigma. O termo psicofobia faz referência ao medo exagerado, à aversão a pessoas que sofrem de algum transtorno mental. A atividade teve como objetivo reduzir o estigma diante de um diagnóstico psiquiátrico e incentivar a busca precoce por ajuda. 4.1.4 Divulgação de formas de acolhimento disponíveis na PUC-SP 4.1.4.1 Acolhimento Online Durante a Pandemia de Covid-19 Projeto assistencial desenvolvido junto à PROCRC e ao GT de Saúde Comunitária. Buscando o acolhimento do sofrimento psíquico de toda a comunidade da PUC-SP, motivado predominantemente pela pandemia de COVID-19, divulgado pelo J.Puc e pelas coordenações de curso, o projeto fornecia acolhimento psicológico em grupo ou individual em razão de sofrimento mental. O projeto encerrou-se no início de2022, era aberto a toda a comunidade acadêmica que buscasse atendimento e também atendeu alunos e professores da FCMS da PUC-SP. 4.1.4.2 Protocolo de Saúde Comunitária. (APENDICE 6) Divulgação de um protocolo de acolhimento ao aluno em crise, desenvolvido pelo GT de Saúde Comunitária da PUC-SP, em parceria com a PROCRC. O protocolo buscou direcionar os primeiros cuidados e o seguimento a um aluno em crise por intenso sofrimento psíquico, com o intuito de impedir suicídios e outras repercussões mais graves dentro de cada campus universitário. 4.1.5 Cultura e Saúde Mental 4.1.5.1 Cinedebate Debate sobre o filme As Vantagens de Ser Invisível, dirigido por Stephen Chbosky, foi conduzido em parceria com o Centro Acadêmico Vital Brasil e o Centro de Valorização à Vida (CVV). Durante o debate, utilizando o roteiro do longa- metragem, foram abordados temas como depressão, dependência de substâncias, transtornos ansiosos, transtornos alimentares e suicídio. 41 4.1.5.2 PUC Analisa: resiliência em tempos de isolamento social. Matéria realizada com texto e vídeo, em parceria com Prof. Dr. José Roberto Pretel Job, divulgada no J.Puc, sobre resiliência durante o período de distanciamento social na pandemia de COVID-19. Disponível em: https://j.pucsp.br/noticia/puc- analisa-resiliencia-em-tempos-de-isolamento-social 4.1.5.3 PUC-SP na Mídia: Síndrome de Burnout é doença ocupacional. Matéria realizada no Jornal Cruzeiro do Sul de Sorocaba e divulgada no J.Puc discorre sobre os critérios diagnósticos da Síndrome de Burnout, doença ocupacional caracterizada pelo sofrimento e esgotamento mental. No texto são apresentados os fatores de risco e de proteção. Disponível em: https://j.pucsp.br/noticia/puc-sp-na- midia-sindrome-de-burnout-e-doenca-ocupacional 4.1.6 Material Informativo 4.1.6.1 Precisamos Falar Sobre Saúde Mental (APENDICE 8) Texto elaborado pelos pesquisadores, divulgado pelas plataformas Moodle e Microsoft Teams para a comunidade da FCMS da PUC-SP, composto de informações pontuais e relevantes sobre o combate ao estigma, sobre depressão, ansiedade, suicídio e abuso de substâncias psicoativas. Apresenta informações sobre a identificação precoce do sofrimento e caminhos para buscar ajuda na instituição e na rede de saúde do município. 4.1.6.2 Higiene do Sono (APENDICE 9) Texto elaborado pelos pesquisadores, divulgado pelas plataformas Moodle e Microsoft Teams para a comunidade da FCMS da PUC-SP, composto de informações pontuais e relevantes sobre as regras de higiene do sono, facilitando mudanças comportamentais que prejudicam o sono e fornecendo informações sobre formas de melhorar a qualidade do sono. 42 4.1.6.3 A.C.A.L.M.E.-S.E. (APENDICE 10) Material e texto com arte elaborada pelos pesquisadores, divulgado pelas plataformas Moodle e Microsoft Teams para a comunidade da FCMS da PUC-SP, sobre técnica de relaxamento e redução da ansiedade, adaptada de Beck, Emery e Greenberg e elaborada por Bernard Rangé, professor de Psicoterapia Cognitivo- Comportamental da UFRJ.86 4.1.6.4 Todos Contra o Estigma Material audiovisual, publicado no YouTube, elaborado pelos pesquisadores, divulgado pelas plataformas Moodle e Microsoft Teams para a comunidade da FCMS da PUC-SP, sobre grandes personalidades da história que tiveram ou ainda têm algum transtorno mental, com intuito de reduzir o estigma e favorecer uma discussão sobre como a doença mental não define o indivíduo. Disponível em: https://youtu.be/24acso_jsf4 43 4.2 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA Com a finalidade de se obter um panorama sobre a produção científica do tema saúde mental dos estudantes de medicina e as estratégias acadêmicas mais utilizadas para a sua promoção e proteção, foi realizada uma análise bibliométrica para mensurar a distribuição e frequência das palavras-chaves no acervo de periódicos da CAPES. Com a análise bibliométrica é possível estimar as frequências que algumas palavras aparecem em uma seleção de textos científicos. Uma maneira de utilizar os resultados dos dados bibliométricos é como indicadores da produção científica, podendo nos mostrar quais são os termos mais frequentes, e os menos frequentes. Conhecer esses dados pode ser útil na fase de planejamento das ações que merecem mais atenção em uma pesquisa científica. Através da avaliação da concentração de termos, ou seja, a avaliação de um pequeno grupo de palavras que ocorre muitas vezes ou um grande número de palavras que ocorre poucas vezes, podemos definir a frequência de ocorrência e contribuir para a escolha da produção de conteúdo e das ações realizadas na pesquisa. Foram realizadas duas análises bibliométricas, selecionando artigos científicos publicados em periódicos, revisados por pares, nos últimos 5 anos, disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES. Posteriormente foi utilizado o aplicativo Mendeley para armazenamento das referências utilizadas e o aplicativo VOSViewer para a elaboração da análise com produção das FIGURAS 1 e 2. Para a primeira análise bibliométrica foram utilizados os te medical student , mental health university a cinco mil artigos publicados utilizando esses termos no título ou no resumo. Para a análise bibliométrica é necessário selecionar no máximo 300 artigos, limite do aplicativo utilizado. Para isso foi utilizado o critério de relevância da própria plataforma de periódicos da CAPES, ou seja, aqueles mais citados e publicados em periódicos de maior impacto. Ao analisar a força de associação que ocorre entre os termos buscados nos artigos publicados, é possível identificar que as palavras maiores são aquelas citadas mais vezes, enquanto as menores, são citadas menos vezes. Este tipo de análise bibliométrica realizada pelo aplicativo VOSViewer separa o material analisado em clusters de acordo com relações de citação, cocitação, autoria, coautoria e acoplamento bibliográfico e mostra através de cores semelhantes e de linhas que unem os termos, a intensidade dessas relações. A alocação de um 44 termo em cada cluster depende de sua similaridade calculada pelo aplicativo: objetos com maior similaridade estarão em um mesmo cluster; objetos com menor similaridade estarão em clusters vizinhos; e objetos com pouca ou nenhuma similaridade estarão em clusters distantes, muitas vezes sem linhas os unindo. Na FIGURA 1 é possível observar as palavras mais citadas, aquelas sobre os maiores círculos, são anxiety depression program . Na FIGURA 1 também é possível identificar linhas que unem alguns termos, mostrando a correlação entre eles, por citação no mesmo trabalho. Enquanto a prevalência dos transtornos mentais nos estudantes de medicina vem sendo estudada e tem se tornado uma preocupação comum a diversas instituições de ensino superior, ainda faltam estudos sobre o que fazer para proteger esses jovens e promover a sua saúde mental através da universidade, e não apesar dela. FIGURA 1 - Análise Bibliométrica da Prevalência de Transtornos Mentais 45 Para a segunda análise bibliométrica foram utilizando os seguintes termos na busca na mesma base de dados: medical student , mental health , intervention , undergraduate e education on health , e a busca resultou em 375 artigos, um número muito inferior ao encontrado na primeira análise, reforçando a hipótese de que a produção científica sobre as intervenções mais adequadas para a promoção da saúde mental dos estudantes de medicina ainda é pequena. Os critérios de busca foram os mesmos realizados na primeira análise, ou seja, artigos publicados em periódicos revisados por pares dos últimos 5 anos. A análise foi realizada de acordo com o aparecimento das palavras no título e no resumo, de tal forma que fosse possível avaliar a relação de associação. Na FIGURA 2 é possível observar que os termos mais citados nos artigos selecionados aparecem sobre os círculos maiores e a forma como eles se relacionamentre si são as linhas que os conectam coloridas. Foi possível identificar uma frequência alta do uso de termo educação em suas diferentes formas (education, health education, learning e curriculum), mostrando que um caminho para esse cuidado é através da educação em saúde mental. Em relação a outras estratégias que podem ser utilizadas, como mindfulness, psichology, prevention, ou simulation, são termos que aparecem em tamanho menor. FIGURA 2 - Análise Bibliométrica das Estratégias de Promoção de Saúde Mental 46 5. DISCUSSÃO A implementação de ações curriculares de promoção de saúde mental através da educação em saúde e da criação de espaço seguro para compartilhamento e acolhimento do sofrimento psíquico têm um potencial de proteger os estudantes e ensiná-los sobre caminhos de cuidado, facilitando o acesso ao cuidado, quando for necessário um cuidado especializado, como psicoterapia e consultas médicas. Ainda não encontramos consenso sobre quais as melhores ações para proteger e promover a saúde mental dos estudantes de medicina. Em estudo realizado na Universidade de Harvard foi desenvolvido um passo-a-passo para facilitar educadores a reproduzirem o cuidado implementado na instituição.87 Segundo o estudo, o primeiro passo (collaborate) é a construção de parcerias para que seja possível realizar uma pesquisa colaborativa entre as partes interessadas. Trata-se de um esforço para coletar dados e motivar a realização das intervenções. O segundo passo (measure) é a avaliação objetiva da saúde mental dos estudantes através de interrogatórios e instrumentos validados. Assim que os dados foram coletados, começa o terceiro passo (discuss) que busca a escolha das melhores intervenções para o perfil de estudantes em questão. Por exemplo, caso identifique maior prevalência de depressão, buscar ações sobre esse tema. Os resultados parecem melhores quando há a participação dos diferentes departamentos da faculdade. O quarto passo é a implementação (implement) das ações escolhidas para promover a saúde mental dos estudantes. Nesta etapa é importante o estabelecimento das expectativas por parte de cada departamento e a realização de um acordo de realização de um acompanhamento de pelo menos dois anos na pesquisa.87 A escolha de quais ações devem ser implementadas cabe a cada instituição de acordo com a sua realidade local e os conhecimentos adquiridos em pesquisas anteriores. Apesar de não existir um consenso sobre quais são as melhores ações de promoção de saúde mental para proteger os estudantes de medicina, o estudo aponta quais ações são mais utilizadas: atividades sociais e comunitárias; atividades que buscam facilitar a evolução no curso e nas avaliações; workshops e seminários; conversas sobre o fenômeno do impostor; orientação de colegas e grupos de apoio; conscientização sobre recursos de saúde mental e ações para reduzir o estigma e ajudar os alunos a ter acesso a recursos de saúde.87 47 A utilização de diferentes estilos de abordagens, como aulas expositivas para grandes grupos, discussões de casos clínicos para grupos pequenos, simulação com atores, utilização de recursos de comunicação da instituição, como o jornal da universidade e divulgação de material instrucional através do ambiente virtual de aprendizagem pode facilitar o acesso e ampliar o debate sobre o tema.59,88,89 Para que processo educativo aconteça, com potencial transformador do cuidado, é necessária a participação de ao menos três atores: os gestores, em nossa instituição representados pela coordenação de curso, direção da FCMS, Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias e Reitoria; os profissionais da saúde, que neste estudo são representados por professores, especialmente mentores, que lidam diretamente com questões relativas ao sofrimento dos alunos dentro da universidade; e por último a população, que aqui é representada pelos alunos, os principais atores, pois é para eles que buscamos estratégias de promoção de saúde mental.90 O processo de construção de ações educativas de promoção de saúde mental foi compartilhado por todos os atores envolvidos e buscou atender às principais demandas da população estudada, os alunos do curso de medicina. Para que as ações contemplassem diferentes assuntos, dentro da temática da saúde mental e também fosse capaz de acessar alunos com diferentes preferências de aprendizagem, foi importante compor um conjunto de ações diversas, adaptadas ao contexto da pandemia de COVID-19 e utilizar de forma significativa os meios digitais para a divulgação. A impossibilidade da realização de atividades presenciais durante parte do processo do estudo foi uma adaptação desafiadora, vivenciada por muitos educadores. A educação mediada pela internet ampliou as formas de aprendizado e de comunicação, difundindo conhecimento de formas diversas e acessíveis, além de propiciar que diferentes profissionais atuassem com esse propósito.91 48 6. CONCLUSÃO O presente estudo buscou realizar ações para promoção de saúde mental dos estudantes de medicina da FCMS da PUC-SP. Através dele foi possível realizar algumas ações curriculares e extracurriculares para promoção de saúde e formas de cuidado em saúde mental. Algumas ações se consolidaram na matriz curricular e aconteceram nos dois anos da pesquisa, com planejamento de continuar nos próximos anos. Houve suporte e apoio institucional por parte do corpo docente, discente e de suas instituições representativas. O público das ações foi de estudantes e docentes, especificamente os mentores, contribuindo para o aprimoramento da mentoria como local de escuta facilitadora e acolhedora. As ações escolhidas foram direcionadas pelos resultados encontrados no estudo realizado anteriormente às intervenções e tiveram como foco a educação em saúde mental, a redução do estigma, a apresentação dos caminhos de cuidado disponíveis na instituição e na rede de saúde do município. O estudo contribuiu para o desenvolvimento cultural e social da comunidade acadêmica da instituição e sensibilizou entidades estudantis a participar de projetos de psicoeducação e promoção de saúde mental dos estudantes, parte importante do processo de cuidado, como mostrou a revisão da literatura sobre o tema e a análise bibliométrica realizadas. Como um projeto piloto de cuidado da saúde mental dos estudantes de medicina através da educação em saúde, existe a proposta de manter as ações educativas sobre a saúde mental para os estudantes de medicina da instituição nos próximos anos, para que todas se consolidem e façam parte definitiva da matriz curricular, do currículo oculto e do currículo paralelo do curso. Serão necessários novos estudos futuros para investigar os impactos de tais ações e comparar o resultado com os dados prévios. 49 REFERÊNCIAS 1. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. 68o ed. São Paulo: Paz e Terra; 2019. 144 p. 2. 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Através da experiência e das informações obtidas em um trabalho de pesquisa desenvolvido em 2019 com alunos do curso de medicina da PUC-SP, foi possível identificar o sofrimento psíquico dentro desta comunidade. A elaboração de estratégias para promoção da saúde mental dos estudantes tem importância para a prática diária no universo estudantil, incita a reflexão sobre o tema, combate ao estigma, incentiva a busca por tratamentos e protege a vida destes jovens. Não há consenso sobre quais estratégias acadêmicas devem ser adotadas, e o estudo irá contribuir com a elaboração e inserção de tais medidas. Objetivo da Pesquisa: Os autores informam que os objetivos são: Objetivo Primário: Promover e proteger a saúde mental dos estudantes do curso de medicina da FCMS da PUC-SP através de estratégias curriculares e extracurriculares e avaliar os impactos de tais estratégias. Objetivo Secundário: Sensibilizar e capacitar os docentes sobre o tema saúde mental dos estudantes; Contribuir para a mentoria se consolidar como local de escuta facilitadora para o acolhimento do sofrimento psíquico do estudante; Sensibilizar as entidades estudantis a participar de projetos de psicoeducação e promoção de saúde mental; Ampliar ações curriculares de promoção do debate e da busca por informações sobre saúde mental desde o início da graduação, estimulando e incorporando ações que facilitem a solução dos problemas relacionados à educação e exercício profissional na área da saúde; Contribuir para a redução do estigma das doenças mentais e melhora da qualidade de vida dos 60 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - FCMS-PUC/SP Endereço: Rua Joubert Wey, 290 Bairro: Vergueiro CEP: 18.030-070 UF: SP Telefone: Município: SOROCABA Fax: (15)3212-9896 (15)3212-9896 E-mail: cepfcms@pucsp.br Página 03 de 06 Continuação do Parecer: 4.335.194 estudantes; Investigar os impactos das ações na saúde mental dos estudantes e na qualidade da vida acadêmica; Contribuir para o desenvolvimento cultural e social da PUC-SP, ampliando a integração docente-aluno. Avaliação dos Riscos e Benefícios: os autores informam que: Riscos: Há um pequeno risco dos participantes se sentirem desconfortáveis ao responderem o questionário e com as ações implementadas no estudo. Benefícios: Promover e proteger a saúde mental dos estudantes de medicina, e provocar discussões entre todos os participantes da comunidade de forma a melhorar a capacidade de entendimento e acolhimento dos professores e alunos, melhorar o grau de bem estar de todas na comunidade acadêmica. O material apresentado, na minha opinião, segue a colocação dos autores do projeto. O risco é muito baixo para os pesquisados, mas de grande beneficio para todos os estudantes. Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: O projeto é muito interessante e útil para o desenvolvimento de ações afirmativas em relação a saúde mental dos alunos. O olhar de estudantes e docentes será um ganho importante para o tema estudado. Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: Foram analisados os seguintes documentos: Outros C_Lattes_Clarissa_Garcia_Custodio.pdf TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de Ausência TCLE_Professores.pdf 61 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - FCMS-PUC/SP Continuação do Parecer: 4.335.194 Endereço: Rua Joubert Wey, 290 Bairro: Vergueiro CEP: 18.030-070 UF: SP Telefone: Município: SOROCABA Fax: (15)3212-9896 (15)3212-9896 E-mail: cepfcms@pucsp.br Página 04 de 06 S o l i c i t a ç ã o A s s i n a d a p e l o P e s q u i s a d o r R e s p o n s á v e l Car ta_ao_CEP_Estra teg ias_para_promocao_saude_mental_estudantes_de_medic ina .pdf Outros C_Lattes_Maria_Valeria_Pavan.pdf Projeto Detalhado / Brochura Investigador Projeto_Detalhado_Nicoli_A_Fasanella.pdf TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de Ausência TCLE_Estudant es.pdf Outros C_Lattes_Maria_Valeria_Pavan.pdf Informações Básicas do Projeto PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_PROJETO_1637261.pdf Outros Autorizacao_coordenacao_de_curso.pdf Outros C_Lattes_Julia_Santos_do_Cabo.pdf S o l i c i t a ç ã o A s s i n a d a p e l o P e s q u i s a d o r R e s p o n s á v e l Car ta_ao_CEP_Estra teg ias_para_promocao_saude_mental_estudantes_de_medic ina .pdf TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de Ausência TCLE_Professor es.pdf Outros C_Lattes_Julia_Santos_do_Cabo.pdf TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de Ausência TCLE_Estudantes.pdf Outros C_Lattes_Nicoli_Abrao_Fasanella.pdf Outros C_Lattes_Fernando_Antonio_de_Almeida.pdf Outros C_Lattes_Maria_Valeria_Pavan.pdf Folha de Rosto Folha_de_rosto.pdf Folha de Rosto Folha_de_rosto.pdf Outros 62 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - FCMS-PUC/SP Continuação do Parecer: 4.335.194 Endereço: Rua Joubert Wey, 290 Bairro: Vergueiro CEP: 18.030-070 UF: SP Telefone: Município: SOROCABA Fax: (15)3212-9896 (15)3212-9896 E-mail: cepfcms@pucsp.br Página 05 de 06 Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Não há Considerações Finais a critério do CEP: ACATAR Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados: Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação Informações Básicas PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 29/09/2020 Aceito do Projeto ROJETO_1637261.pdf 17:32:44 Outros Autorizacao_coordenacao_de_curso.pdf 29/09/2020 Nicoli Abrão Aceito 17:31:57 Fasanella Solicitação Assinada Carta_ao_CEP_Estrategias_para_prom 27/09/2020 Fernando Antonio de Aceito pelo Pesquisador ocao_saude_mental_estudantes_de_me 18:47:57 Almeida Responsável dicina.pdf Folha de Rosto Folha_de_rosto.pdf 27/09/2020 Nicoli Abrão Aceito 09:35:59 Fasanella TCLE / Termos de TCLE_Estudantes.pdf 26/09/2020 Nicoli Abrão Aceito Assentimento / 18:07:46 Fasanella Justificativa de Ausência TCLE / Termos de TCLE_Professores.pdf 26/09/2020 Nicoli Abrão Aceito Assentimento / 18:07:18 Fasanella Justificativa de Ausência Projeto Detalhado/ Projeto_Detalhado_Nicoli_A_Fasanella. 26/09/2020 Nicoli Abrão Aceito Brochura pdf 18:06:16 Fasanella Investigador Outros C_Lattes_Julia_Santos_do_Cabo.pdf 26/09/2020 Fernando Antonio de Aceito 17:17:58 Almeida Outros C_Lattes_Clarissa_Garcia_Custodio.pdf 26/09/2020 Fernando Antonio de Aceito 17:17:25 Almeida Outros C_Lattes_Fernando_Antonio_de_Almeid 26/09/2020 Fernando Antonio de Aceito a.pdf 17:13:06 Almeida Outros C_Lattes_Maria_Valeria_Pavan.pdf 26/09/2020 Fernando Antonio de Aceito 17:12:51 Almeida Outros C_Lattes_Nicoli_Abrao_Fasanella.pdf 26/09/2020 Fernando Antonio de Aceito 17:12:33 Almeida 63 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - FCMS-PUC/SP Endereço: Rua Joubert Wey, 290 Bairro: Vergueiro CEP: 18.030-070 UF: SP Telefone: Município: SOROCABA Fax: (15)3212-9896 (15)3212-9896 E-mail: cepfcms@pucsp.br Página 06 de 06 Continuação do Parecer: 4.335.194 Situação do Parecer: Aprovado Necessita Apreciação da CONEP: Não SOROCABA, 13 de Outubro de 2020 Assinado por: Dirce Setsuko Tacahashi (Coordenador(a)) 64 APÊNDICES APÊNDICE 1 Caso clínico e material complementar para atividade de Habilidades. CASO CLÍNICO - HABILIDADES I- RETOMADA DAS ATIVIDADES PRÁTICAS ANAMNESE: Identificação: ALS, 28 anos, sexo feminino, estudante do curso de medicina, católica, branca, solteira, natural e procedente de São Paulo, morando em Sorocaba nos últimos 3 anos. Queixa e duração: irritabilidade há 5 meses e insônia há 4 meses História pregressa da moléstia atual: A paciente refere que ao iniciar o terceiro ano da faculdade em 2020, achou que seria um ano mais fácil uma vez que os ensinamentos mais básicos desenvolvidos nos 2 primeiros anos já haviam se encerrado e neste ano o aprendizado estaria mais voltado para a clínica, o que a deixava menos apreensiva. Sempre se preocupou muito com os estudos, procura nunca chegar atrasada às aulas e quando tem que faltar por algum motivo, fica aflita em inteirar-se da matéria que fora abordada. Por vezes é invadida por pensamentos de que não está aprendendo, teme em ficar de recuperação e está sempre preocupada com os próximos módulos. Quando teve início a pandemia e as aulas presenciais foram suspensas, ficou sem saber o que fazer, se voltava para a casa dos pais ou permanecia em Sorocaba. No início achou que ficando em Sorocaba estudaria mais, porém passadas as primeiras semanas foi sentindo uma irritabilidade, preocupação crescente, dificuldade de concentração com falta de memória, principalmente ao perceber que a situação da pandemia era muito mais séria do que ela pensava e que não havia previsão para seu término. Passou a ter dificuldade para dormir, acordando algumas horas antes do despertador tocar, já aflita com tudo que tinha para fazer. Às vezes passava longos períodos da noite acordada, sentindo-se prejudicada pela situação e por não vislumbrar um final para tudo isso. Voltou para a casa dos pais em São Paulo, mas isso fez com que entrasse em contato com a realidade financeira da família que já não era boa antes da pandemia e agora estava pior. Este fato a deixou mais apreensiva ainda, uma vez que sua faculdade é particular. 65 Com todas essas preocupações sua insônia foi se agravando e ultimamente acorda pela manhã já se sentindo cansada, não consegue concentrar-se nos estudos o que a deixa muito tensa. Resolveu então procurar um médico pois quem sabe uma medicação para dormir fizesse ela se sentir melhor! Interrogatório dos diversos aparelhos: Sintomas gerais: perdeu 2 kilos, embora não tenha modificado sua ingesta. Cefaleia, antes só no pré-menstruo, mas ultimamente está mais frequente. Quando está muito preocupada tem a impressão que o ar não entra nos pulmões, fazendo com que tenha que respirar mais fundo. Também tem sentido palpitações, acompanhadas de sensação de aperto no peito de média intensidade, principalmente quando fica muito nervosa, piorando também a falta de ar. Nestas ocasiões só melhora quando consegue respirar fundo e pausadamente. Nega sintomas digestivos. Não notou alteração nas fezes. Urina normalmente (5 vezes ao dia, em média). Menstruações normais com pouca cólica menstrual antecedentes pessoais: Refere ter boa saúde e não faz uso regular de nenhuma medicação a não ser anticoncecional. Nunca foi operada ou internada. Boas condições de moradia. Mora com a família em um apto e não divide o quarto com ninguém. Boa alimentação e faz caminhadas e academia. Está parada agora na quarentena. Antecedentes familiares: Mãe tem boa saúde, mas toma Citalopram. Pai faz tratamento de hipertensão arterial e gastrite. Tem um irmão com saúde. Hábitos e vícios: Não fuma, não bebe nem socialmente e nunca usou drogas ilícitas. Uso regular de preservativo. Material de apoio habilidades 66 Caso clínico transtornos de ansiedade Texto 1. O que são os transtornos ansiosos: São transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos que modificam o comportamento do sujeito. Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Os transtornos ansiosos se diferenciam do medo ou da ansiedade normais, ou adaptativos por serem excessivos ou persistirem, com frequência induzidos por estresse. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. O que os pacientes sentem no transtorno de ansiedade generalizada: Pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga, tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva. Preocupação antecipatória, pensamentos catastróficos, alteração do sono e do apetite. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação, e tem pelo menos um dos seguintes itens (com frequência mais de um ou até todos): 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em concentrar- mente. 4. Irritabilidade. 5. Tensão muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto). A crise de ansiedade na sua maior intensidade caracteriza um ataque de pânico, que pode acontecer isoladamente, ou com frequência e periodicidade (neste caso caracterizando a síndrome do pânico), e tem as seguintes características, podendo ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso. 1. Palpitações, coração acelerado ou taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 67 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 13. Medo de morrer. Em nenhum caso os sintomas se justificam pelo uso de substâncias psicoativas. Fonte: dsm v - manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5ª edição Texto 2. O que é ansiedade? O termo tem várias definições nos dicionários não técnicos: aflição, angústia, perturbação do espírito causada pela incerteza, relação com qualquer contexto de perigo etc. Levando-se em conta o aspecto técnico, devemos entender ansiedade como um fenômeno que ora nos beneficia ora nos prejudica, dependendo das circunstâncias ou intensidade, podendo tornar-se patológica, isto é, prejudicial ao nosso funcionamento psíquico (mental) e somático (corporal). A ansiedade estimula o indivíduo a entrar em ação, porém, em excesso, faz exatamente o contrário, impedindo reações. Os transtornos de ansiedade são doenças relacionadasao funcionamento do corpo e às experiências de vida. Pode-se sentir ansioso a maior parte do tempo sem nenhuma razão aparente; pode-se ter ansiedade às vezes, mas tão intensamente que a pessoa se sentirá imobilizada. A sensação de ansiedade pode ser tão desconfortável que, para evitá-la, as pessoas deixam de fazer coisas simples (como usar o elevador) por causa do desconforto que sentem. 68 Os transtornos da ansiedade têm sintomas muito mais intensos do que aquela ansiedade normal do dia a dia. Eles aparecem como: - Preocupações, tensões ou medos exagerados (a pessoa não consegue relaxar); - Sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer; - Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho; - Medo extremo de algum objeto ou situação em particular; - Medo exagerado de ser humilhado publicamente; - Falta de controle sobre os pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade; - Pavor depois de uma situação muito difícil. Fonte: biblioteca virtual em saúde ministério da saúde Sugestão de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=iic97zkxsbu Para saber mais sobre outros transtornos ansiosos: Castillo, ana regina gl, recondo, rogéria, asbahr, fernando r, & manfro, gisele g. (2000). Transtornos de ansiedade. Brazilian journal of psychiatry, 22(suppl. 2), 20-23. Https://doi.org/10.1590/s1516-44462000000600006 Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1516- 44462000000600006 69 APÊNDICE 2 Caso clínico (problema) de Tutoria Apresentação de problema de Tutoria 2o Ano Eixo: MANUTENÇÃO DA ESPÉCIE Módulo: ( X ) Movimento, Sensações e Emoções 1o semestre CASO ATAQUE DE TIGRE-DENTES-DE-SABRE Imagem retirada do livro Psicofarmacologia: Bases neurocientíficas e aplicações práticas. Stahl, 2013 Resumo (mesmo que da versão incompleta) Caso de jovem com quadro de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), com vivência de muitas situações estressantes crônicas, com sua mãe acamada por paraplegia. Proporciona o estudo das emoções, da anatomia do SNC e periférico, das áreas relacionadas às emoções e ao movimento. É uma oportunidade para divulgar os serviços de acolhimento emocional da PUC-SP, diminuir o estigma sobre doenças mentais e aproximar os alunos 70 dessa temática que faz parte da realidade deles. Proporciona também a discussão sobre organização do SUS, atenção primária à saúde e importância da Visita Domiciliária nos cuidados. Instiga ainda a discussão sobre o papel da espiritualidade como fator de proteção. Texto do problema ça. Por isso, acredita- sobrevivência. Enquanto pode ser normal ou até mesmo adaptativo ficar ansioso ao ser atacado por um tigre-dentes-de-sabre (ou algo equivalente), existem muitas circunstâncias em que a ansiedade não é adaptativa e constitui Texto retirado do livro Psicofarmacologia: Bases neurocientíficas e aplicações práticas. Stahl, 2013. Ana Maria é uma estudante de enfermagem de vinte anos de idade que também trabalha com telemarketing para poder pagar seus estudos. Nunca foi atacada por um tigre-dente-de-sabre ou nada equivalente, mas nos últimos meses tem apresentado muito medo, preocupação com o futuro, muitas dores musculares, especialmente na região cervical de forma intermitente, e sensação de palpitação no peito. Refere que sente seus ombros rígidos e com frequência tem cefaleia, fraqueza nas pernas e tremores nas mãos, principalmente quando fica mais nervosa ou preocupada. A jovem não consegue relacionar suas dores a nenhuma lesão ou trauma que tenha sofrido. Ela relata que tem problemas para pegar no sono, com frequência acorda antes do seu despertador tocar e sente muito cansaço durante o dia, mesmo quando dormiu 8 horas à noite. Frequentemente, ela se sente inquieta ou nervosa, às vezes com medo. Ela afirma que está constantemente preocupada com seu desempenho na faculdade, sua família e com a saúde de sua mãe, que tem paraplegia e passa seus dias na cama ou na cadeira de rodas. Ela sofreu um atropelamento há muitos anos, quando estava em uma padaria que foi assaltada, correu para a rua para fugir e foi atropelada por uma moto. Não sabe se a condição de sua mãe será assim para sempre, hoje em dia ela não anda, não sente suas pernas e tem franqueza nos braços, apesar de conseguir movimentá-los. 71 Quando sua mãe recebe a visita da agente comunitária de saúde da unidade de saúde perto da sua casa, Ana Maria sempre a escuta dizer: além da ACS, a médica e a enfermeira também vão até a sua casa, e fica se Ana Maria também tem dificuldade em prestar atenção nas aulas e terminar os trabalhos da faculdade, e por este motivo foi abordada por sua professora, que orientou que a aluna buscasse ajuda em um dos serviços de acolhimento emocional da sua universidade. Chegou a conversar com uma amiga da faculdade sobre o que vem sentindo e ambas ficaram pensando: que problema é esse que afeta partes tão diferentes do corpo e tem comprometido tanto sua qualidade de vida? De onde surgem essas sensações tão desconfortáveis? Será que existe um remédio para isso? Será possível prevenir ou tratar de outra forma que não seja com medicamentos? Não gosto de tomar remédios. Objetivos do problema 1- Compreender e identificar os componentes do sistema nervoso envolvidos no caso: córtex cerebral, amigdala, SN simpático, núcleo da base 2- Reconhecer a localização de lesão medular da mãe de Ana Maria 3- Reconhecer e diferenciar a ansiedade como emoção e como transtorno mental 4- Identificar sinais e sintomas de um quadro de ansiedade generalizada 5- Conhecer o exame físico neurológico 6- Propor aspectos comportamentais protetores da saúde mental, como atividade física, lazer e psicoterapias 7- Conhecer os serviços de acolhimento emocional da PUC-SP 8- Conhecer a organização da atenção primária do SUS no atendimento domiciliar 9- Compreender e identificar a principal classe medicamentosa utilizada para o tratamento de TAG 10- Refletir sobre o papel da espiritualidade na saúde mental 72 Objetivos do módulo contemplados pelo problema (consultar abaixo os objetivos que constam do projeto pedagógico) 1- Compreender e identificar os componentes dos sistemas nervoso (central e periférico) tegumentar e musculoesquelético com suas características anatômicas macro e microscópicas. 2- Compreender e identificar as funções corticais superiores: linguagem, memória, inteligência e comportamento 3- Compreender e identificar os aspectos psicoafetivos de uma vida saudável 4- (Dentro de Habilidades) Interpretação dos sintomas e sinais gerais e específicos dos sistemas osteoarticular e neurológico além dos já aprendidos. 5- (Dentro de PAS) identificar as ações de proteção específica na área e no serviço 6- (Dentro de Teologia) Focar a experiência religiosa do homem, enquanto este último se confronta com os limites de sua existência e a busca do sentido Suporte ao tutor (texto, imagens ou fonte (s) que auxiliem o tutor no preparo e condução da tutoria) 1 em cada 3 estudantes de medicina no mundo tem algum transtorno de ansiedade. Quek TT-C, et al. The Global Prevalence of Anxiety Among Medical Students: A Meta-Analysis. Int J Environ Res Public Health. 2019 Diferenciamos ansiedade normal (emoção) do transtorno de ansiedade de acordo com a intensidade e a frequência dos sintomas (principalmente medo e preocupação antecipada) e quando há comprometimento de pelo menos um aspecto da vida (família, trabalho, amigos, estudos, sono...). A ela que nos protege do perigo, nos prepara para situações adversas e aquela que nos movimenta a buscar condições melhores para nossas vidas. Quando essa ansiedade se intensifica ou 73 aparece a maior parte do tempo e na maior parte dos dias, compromete o desempenho da pessoa em algum aspecto de sua vida, como dificuldade de trabalhar, estudar,desejo de permanecer isolado, alteração do sono e do apetite, grande preocupação com o futuro, pensamentos pessimistas ou catastróficos, causa sofrimento e pode causar sintomas físicos, como sensação de taquicardia, cefaleia, parestesia, dor precordial, tremores e sensação de falta de ar (dispneia suspirosa). O transtorno de ansiedade deve ser tratado precocemente e de forma multidisciplinar, garantindo melhora da qualidade de vida da pessoa e melhora do prognóstico. O tratamento consiste no uso de antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (primeira escolha), por período maior do que 6 meses contado a partir da remissão dos sintomas. O tempo de tratamento deverá ser avaliado a cada caso. Os ansiolíticos benzodiazepínicos só devem ser utilizados em situações de crises, eventualmente, de forma criteriosa. Além do tratamento medicamentoso, utiliza-se também a psicoterapia, atividade física regular e atividades de lazer. Já existem estudos sobre o papel da espiritualidade como protetora dos transtornos mentais e é possível ajudar a pessoa com ansiedade a resgatar a sua espiritualidade. Há ainda muito estigma sobre transtornos mentais, como a ansiedade, e muitas pessoas demoram a buscar ajuda por medo de serem rotuladas como pacientes psiquiátricos. A prevalência de transtornos ansiosos nos estudantes de medicina é 5 vezes maior do que na população geral e dos transtornos depressivos é 10 vezes maior do que na população geral. Atualmente há um projeto de pesquisa na FCMS da PUC-SP sobre esse tema e este problema é uma oportunidade para que os alunos e professores estudem e conversem sobre o assunto, contribuindo para a redução do estigma, identificação dos sintomas precocemente, o que pode favorecer a proteção da saúde mental de todos na comunidade. DSM-V: Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais Critérios Diagnósticos de TAG 74 A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). Nota: Apenas um item é exigido para crianças. 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em concentrar- 4. Irritabilidade. 5. Tensão muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto). D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo). F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade social [fobia social], contaminação ou outras obsessões no transtorno obsessivo- 75 compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós- traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia ou transtorno delirante). Amígdala e neurobiologia do medo. Página 556 Serotonina e ansiedade. Página 573 Hiperatividade noradrenérgica na ansiedade. Página 576 Psicofarmacologia: Bases neurocientíficas e aplicações práticas. Stahl, 2013 Lista de serviços de acolhimento emocional da PUC-SP: Acolhimento online a saúde mental para toda comunidade puquiana- https://www.pucsp.br/procrc/acolhimento-online-isolamento Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic (PUC-SP) atendimentopsicologico@pucsp.br Rodas de conversa online Instagram de divulgação: cuidandodevocenapandemia PAC - programa de apoio comunitário pacsorocaba@gmail.com Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_lesao_medular .pdf - Nível Neurológico da Lesão - Acompanhamento psicológico - Reabilitação 76 - Componente da atenção básica Oportunidade de aprendizagem e Referências (que serão orientação para o fechamento e para a avaliação somativa) Neurociência: Desvendando o Sistema Nervoso. Bear, Mark. 2017 Quek TT-C, et al. The Global Prevalence of Anxiety Among Medical Students: A Meta-Analysis. Int J Environ Res Public Health. 2019 Psicofarmacologia: Bases neurocientíficas e aplicações práticas. Stahl, 2013 Ferreira FMPB, et col. Programas de promoção da saúde no ensino superior: revisão integrativa de literatura. Rev Bras Enferm. 2018 Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_lesa o_medular.pdf Objetivos do Módulo MSE Compreender e identificar o papel fisiológico da(o)(s): Componentes dos sistemas nervoso (central e periférico), tegumentar e musculoesquelético com suas características anatômicas macro e microscópicas. Transporte através das membranas excitáveis e a sinalização bioelétrica, potencial de membrana e os mecanismos envolvidos no potencial de ação. Relações anatômicas e biomecânicas do esqueleto, tendões, ligamentos, músculos e tegumento do corpo humano. Principais vias de inervação e vascularização do sistema musculoesquelético e tegumentar. Componentes dos órgãos dos sentidos com suas características anatômicas micro e macroscópicas. Ritmos biológicos e integração neuroendócrina. Exercício e condicionamento físico. Compreender e identificar o(a)(s): 77 Regulação da postura e locomoção. Funções corticais superiores: linguagem, memória, inteligência e comportamento. Regulação da temperatura corporal. Imagenologia do sistema musculo esquelético e nervoso. Aspectos psico-afetivos de uma vida saudável 78 APÊNDICE 3 Atividade com mentores e com alunos Intervenção Mentoria Tema: Saúde Mental Saúde Mental: A forma como cada indivíduo se relaciona com suas emoções e comportamentos, e os fatores biológicos, psicológicos, culturais e sociais que influenciam essa relação. Não é apenas sobre a ausência de uma doença, mas sobre o bem-estar emocional. Pesquisa sobre bem-estar dos professores: Realizada pelo Instituto Península (IP) com 3.800 professores em todo o país entre 20 de julho e 14 de agosto de 2020. Sinais de alerta para o sofrimento psíquico: Isolamento social Irritabilidade Alteração do sono Alteração de comportamento Impulsividade Agressividade 79 Sentimento de culpa Perda de interesse Mudança na aparência Preocupação com a morte Abuso de substâncias Alteração do apetite Problemas nos estudos Tentativa de suicídio prévia Como as pessoas descrevem as doenças mentais: Apresentação dos dados da faculdade: 80 81 82 83 84 85 86 APENDICE 4 Aulas Sustentação teórica 87 88 89 90 91 92 93 94 95 APÊNDICE 5Primeiros Cuidados Psicológicos 96 97 98 99 APÊNDICE 6 Protocolo PUC-SP PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DE SITUAÇÃO DE CRISE DE SAÚDE MENTAL GT Saúde Comunitária da PUC-SP Nicoli Abrão Fasanella Paula Peron Márcia Batista Ida Cardinalli Marisa Penna Pedro Aguerre 100 OBSERVAÇÕES: 101 ANEXO 1: SINAIS PARA IDENTIFICAR SITUAÇÕES DE CRISE SOFRIMENTO PSÍQUICO Isolamento social, Irritabilidade, Faltas frequentes, Sonolência diurna, Alteração de comportamento, Baixo desempenho laboral ou acadêmico ANSIEDADE Sensação desagradável, inquietação interna, preocupação com o futuro, medo, pensamentos catastróficos, acompanhada de sensações corporais. Na crise de pânico, os ataques são súbitos, com sintomas muito intensos. DEPRESSÃO E COMPORTAMENTO SUICÍDA Tristeza, angústia; Mudança no comportamento como isolamento social; Abuso de substâncias; Prejuízo do desempenho escolar/social; Irritabilidade; Desfazer-se de objetos pessoais; Verbalizar desejo de morte ou suicídio. 102 AGITAÇÃO E AGRESSIVIDADE Estado de tensão, inquietação, hiperatividade manifestado por um estado psicomotor. Estado de violência dirigido a algo ou alguém. SURTO PSICÓTICO Ocorre um desvio de conduta que decorre de uma ruptura da realidade de forma temporal. Ocorrem alterações comportamentais que resultam de distúrbios ocasionais ou alucinações. Indivíduos em crise podem perder a noção da realidade e se comportarem de modo muito diferente do habitual. rápidas oscilações de emoções e de humor, como medo, euforia, pânico e raiva; 103 confusão mental, ansiedade, agressividade, perda da noção de tempo e espaço; dificuldade de comunicação; comportamento catatônico; isolamento social. ANEXO 2 MANEJO DA SITUAÇÃO COM SEGURANÇA - Disponibilização de equipe de segurança - Retirada de objetos que possam ser usados como instrumentos de agressão - Deixar a porta aberta, ter fácil acesso à saída - Redução de estímulos externos - Observação contínua de todos os envolvidos - Apresentar-se, bem como todos os presentes - Não dar as costas ao paciente - Falar calmamente e não elevar o tom de voz - Não ficar sozinho - Olhar diretamente para a pessoa - Evitar fazer anotações / olhar no celular - Colocar limites de maneira objetiva, mas acolhedora - Não fazer ameaças - Assegurar que todos estão lá para ajudá-lo - Estimular a conversa ANEXO 3 MANEJO DO PAC FORA DA CRISE - Atualizar cadastros dos alunos semestralmente, com contatos de familiares e/ou referências para situações de crise; 104 - Acompanhar evolução dos casos, verificando se pessoa se mantém em crise, com sintomas e fazendo tratamento; ANEXO 4 SERVIÇOS DE REFERÊNCIA PARA ENCAMINHAMENTO CAMPUS CONSOLAÇÃO, CAMPUS PERDIZES E UNIDADES COGEAE E VILA MARIANA - CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental) da Vila Mariana - Pronto Socorro Municipal Dr. Álvaro de Dino Almeida (Barra Funda) OBSERVAÇÃO: CAPS PERDIZES RECEBE PACIENTES DO CAMPUS PERDIZES ATÉ ÀS 15:00 HORAS. (Casos leves ou moderados, de pessoas com condições de ir até o CAPS, sem risco iminente à vida) CAMPUS SANTANA - Hospital Mandaqui - Pronto-Socorro Municipal Dr. Lauro Ribas Braga (Santana) CAMPUS IPIRANGA - Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya - Pronto Socorro Augusto Gomes de Mattos CAMPUS SOROCABA - Pronto Atendimento Humberto Campos - Pronto Atendimento UPH Zona Leste UNIDADE DERDIC - CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental) da Vila Mariana - Pronto Socorro Augusto Gomes de Mattos ANEXO 5 ATENDIMENTO DO SAMU Caso o SAMU caso não tenha previsão de atendimento, solicitar o recurso de avaliação dos profissionais da saúde, via serviço de atendimento com motos, explicar que não há nenhum profissional da saúde para avaliar as condições da pessoa, no local do chamado. Normalmente, é realizado pelo corpo técnico de 105 Enfermagem do Samu. Atende de forma mais rápida e conseguem dar uma posição sobre a necessidade ou não da presença do resgate. ANEXO 6 ACOLHIMENTO SOCIAL Ligar 156 no SEAS (Serviço Especializado de Abordagem Social - Secretaria Municipal de Assistência Social). Trata-se de uma rede de atendimento socioassistencial voltado à população adulta em situação de rua. 106 APÊNDICE 7 Cultura e saúde mental: Cinedebate 107 108 109 110 111 112 APÊNDICE 8 Material de apoio: Precisamos falar sobre saúde mental Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde Programa de Estudos Pós-Graduados Stricto Sensu Educação nas Profissões da Saúde PRECISAMOS FALAR SOBRE SAÚDE MENTAL Este material contém informações sobre os transtornos mentais mais comuns entre os estudantes universitários, e faz parte do projeto de pesquisa: Estratégias Acadêmicas para Promoção da Saúde Mental dos Estudantes de Medicina. Pesquisadora: Nicoli Abrão Fasanella Orientador: Prof. Dr. Fernando Antonio de Almeida Coorientadora: Profª Drª Maria Valeria Pavan Colaboração: Profª MS. Marcia Braga Cliquet 113 Sorocaba, 2021 PRECISAMOS FALAR SOBRE SAÚDE MENTAL Como está a sua saúde mental? A forma como cada indivíduo tem suas emoções, comportamentos, fatores biológicos, psicológicos, culturais e sociais harmonizados pode nos dizer como anda a sua saúde mental. Não é apenas sobre a ausência de uma doença, mas sobre o bem estar emocional. Por que é importante identificar precocemente os transtornos mentais? A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 700 milhões de pessoas no mundo têm algum transtorno mental, só no Brasil são 50 milhões de pessoas doentes. A carga dos transtornos mentais continua crescendo, com impactos significativos sobre a saúde e as principais consequências sociais, de direitos humanos e econômicas em todos os países do mundo. Como combater o estigma associado aos transtornos mentais? Falar sobre saúde mental, propor conversas e acolher o sofrimento sem julgamentos contribui para o combate ao estigma. CONHECER PARA PODER AGIR Este material abordará os principais problemas relacionados à saúde mental, com informações sobre alguns transtornos mentais, o que fazer quando identificar o sofrimento e como pedir ajuda. 1. PRECISAMOS FALAR SOBRE ANSIEDADE 2. PRECISAMOS FALAR SOBRE DEPRESSÃO 3. PRECISAMOS FALAR SOBRE SUICÍDIO 4. PRECISAMOS FALAR SOBRE ABUSO DE SUBSTÂNCIAS (links interativos que abrem ao clicar) 114 PRECISAMOS FALAR SOBRE ANSIEDADE De acordo com a OMS em 2018, o Brasil é o país mais ansioso do mundo, com mais de 9% da população com algum transtorno ansioso incapacitante. Os principais sintomas de ansiedade são: Aflição, angústia, fadiga, perturbação do estado de espírito, medo da incerteza, antecipação de ameaças futuras, sensação de perigo iminente, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, perturbação do sono, e são sintomas que comprometem vários aspectos da vida (familiar, acadêmico, social) e geram grande sofrimento. O que fazer? Existe tratamento e conversar é o primeiro passo rumo a ele. Procure ajuda profissional, pratique exercícios físicos regularmente, garanta suas atividades de lazer no dia a dia e não apenas nas férias, tenha uma boa noite de sono. Onde buscar apoio? Serviços de acolhimento à saúde mental na nossa universidade: - Acolhimento online a saúde mental para toda comunidade puquiana- https://www.pucsp.br/procrc/acolhimento-online-isolamento - Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic (PUC-SP) atendimentopsicologico@pucsp.br - Rodas de conversa online Instagram de divulgação: cuidandodevocenapandemia - PAC - programa de apoio comunitário pacsorocaba@gmail.com Serviços disponíveispara toda a população pelo SUS: - (Unidade Básica de Saúde) UBS mais próxima de sua casa - (Centro de Apoio Psicossocial) CAPS mais próximo de você Para mais informações, acesse: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html http://www.ans.gov.br/aans/noticias-ans/consumidor/6138-janeiro-branco-sinal-de-alerta- para-a-saude-mental 115 PRECISAMOS FALAR SOBRE DEPRESSÃO De acordo com a OMS 7% da população mundial sofre de depressão, e a prevalência entre jovens com idade entre 18 a 25 anos é três vezes maior. No Brasil, a depressão é responsável por um quarto dos atendimentos de saúde mental. Os principais sintomas de depressão são: Tristeza, sentimento de vazio ou desesperança na maior parte do dia, quase todos os dias, choro fácil, diminuição do interesse ou prazer pelas atividades que antes eram prazerosas, alteração do apetite e do sono, agitação, inquietação ou sensação de estar mais lento, fadiga, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de se concentrar, pensamentos de morte ou de suicídio. O que fazer? Existe tratamento e cura para depressão! Converse, procure ajuda profissional, faça o tratamento corretamente, se mantenho conectado com pessoas de confiança, pratique exercícios físicos regularmente, garanta suas atividades de lazer no dia a dia e não apenas nas férias, tenha uma boa noite de sono. Onde buscar apoio? Serviços de acolhimento à saúde mental na nossa universidade: - PAC - programa de apoio comunitário pacsorocaba@gmail.com - Acolhimento online a saúde mental para toda comunidade puquiana- https://www.pucsp.br/procrc/acolhimento-online-isolamento - Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic (PUC-SP) atendimentopsicologico@pucsp.br - Rodas de conversa online Instagram de divulgação: cuidandodevocenapandemia Serviços disponíveis para toda a população pelo SUS: - (Unidade Básica de Saúde) UBS mais próxima de sua casa - (Centro de Apoio Psicossocial) CAPS mais próximo de você Para mais informações, acesse: https://www.depressaosemtabu.com/ 116 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/76depressao.html https://www.paho.org/pt/topicos/depressao https://youtu.be/DzU63rT4L5Y 117 PRECISAMOS FALAR SOBRE SUICÍDIO De acordo com a OMS, 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo a cada ano, é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 a 29 anos. No Brasil, as taxas de suicídio cresceram nos últimos anos. Os principais sinais de alerta são: Tristeza, isolamento social, pensamentos de morte como alívio, desapego de objetos e não vale a pena viver, não aguento mais, eu queria sumir, não posso fazer mais nada, cansei da minha vida, eu quero morrer O que fazer? É possível prevenir e tratar! Converse, procure ajuda profissional, faça o tratamento corretamente, se mantenho conectado com pessoas de confiança, pratique exercícios físicos regularmente, garanta suas atividades de lazer no dia a dia e não apenas nas férias, tenha uma boa noite de sono. Onde buscar apoio? Serviços de acolhimento à saúde mental na nossa universidade: - PAC - programa de apoio comunitário pacsorocaba@gmail.com - Acolhimento online a saúde mental para toda comunidade puquiana- https://www.pucsp.br/procrc/acolhimento-online-isolamento - Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic (PUC-SP) atendimentopsicologico@pucsp.br - Rodas de conversa online Instagram de divulgação: cuidandodevocenapandemia Serviços disponíveis para toda a população pelo SUS: - (Unidade Básica de Saúde) UBS mais próxima de sua casa - (Centro de Apoio Psicossocial) CAPS mais próximo de você - (Centro de Valorização à Vida) CVV LIGUE 188 Para mais informações, acesse: 118 https://www.paho.org/pt/topicos/suicidio https://www.cvv.org.br/ http://www.conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/809-um-suicidio-ocorre-a-cada-40- segundos-no-mundo-diz-organizacao-mundial-da-saude 119 PRECISAMOS FALAR SOBRE ABUSO DE SUBSTÂNCIAS De acordo com a OMS, cerca de 217 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos usaram alguma substância psicoativa pelo menos uma vez nos últimos 12 meses, o que correspondia a cerca de 5.5% da população de todo o mundo nesta faixa etária. Em 2017, cerca de 35 milhões de pessoas sofriam de transtornos mental relacionados ao uso de substâncias. Os principais sinais do abuso de substâncias psicoativas são: Uso da substância é cada vez mais frequente, em quantidades progressivamente maiores, com esforços malsucedidos para reduzir ou controlar o uso, muito tempo é gasto para a obtenção das substâncias, há fissura ou um forte desejo do uso, ocorre fracasso em desempenhar papéis importantes no trabalho, na escola ou em casa, outras atividades não relacionadas ao uso são abandonadas. O que fazer? Existe tratamento e conversar é o primeiro passo rumo a ele. Procure ajuda profissional, pratique exercícios físicos regularmente, garanta suas atividades de lazer no dia a dia e não apenas nas férias, tenha uma boa noite de sono. Onde buscar apoio? Serviços de acolhimento à saúde mental na nossa universidade: - Acolhimento online a saúde mental para toda comunidade puquiana- https://www.pucsp.br/procrc/acolhimento-online-isolamento - Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic (PUC-SP) atendimentopsicologico@pucsp.br - Rodas de conversa online Instagram de divulgação: cuidandodevocenapandemia - PAC - programa de apoio comunitário pacsorocaba@gmail.com Serviços disponíveis para toda a população pelo SUS: - (Unidade Básica de Saúde) UBS mais próxima de sua casa - (Centro de Apoio Psicossocial) CAPS mais próximo de você 120 Para mais informações, acesse: https://www.paho.org/hq/dmdocuments/2009/mitos%20brochure_port.pdf http://saudeamanha.fiocruz.br/wp- content/uploads/2020/03/PJSSaudeAmanha_Texto0039_v02.pdf 121 APÊNDICE 9 Material de apoio: Higiene do sono HIGIENE DO SONO Como anda o seu sono? Tem dormido pouco, com vários despertares à noite ou acordando muito cansado, como se o sono não fosse reparador? A falta de sono é um sinal de que sua saúde mental não está boa, e pode prejudicá-la ainda mais. Sua concentração e rendimento nos estudos também podem diminuir! Essas regras de higiene do sono podem te ajudar a dormir melhor: 1. MANTENHA ROTINA. Mantenha horários relativamente constantes para dormir e acordar, assim condicionará o corpo a reconhecer o momento de começar a desligar sua mente, use despertador para te auxiliar! 2. DURMA O NECESSÁRIO. Observe quantas horas são necessárias para se sentir bem durante o dia. Dormir a mais ou a menos, faz com que não fique bem. Recomenda-se entre 7 e 9 horas de sono por noite para jovens adultos*(HIRSHKOWITZ et al., 2015). 3. COCHILOS DEVEM SER EVITADOS. Para os insones de plantão, os cochilos de dia atrapalham o sono da noite, entretanto, siestas habituais para aqueles que dormem bem, não atrapalham o sono. 4. MENOS CAFEÍNA. Não tomar café, chá preto, chá mate, chá verde, chocolate ou qualquer bebida estimulante após as 17 horas. Evite o consumo em excesso durante o dia. 5. BEBIDA ALCOÓLICA NÃO AJUDA. Embora pareçam ajudar a relaxar, perturbam a qualidade do sono. Pessoas que roncam devem evitá-las, pois pode haver piora do ronco e das pausas respiratórias, devido ao relaxamento provocado pelo álcool na musculatura respiratória. 6. DIMINUA OS ESTÍMULOS. Exercícios físicos ajudam, mas devem ser evitados algumas horas antes de ir para a cama. A nicotina é estimulante, favorece a insônia e um sono não reparador. O uso de telas (celular, tablet, uso 3-4 horas antes de dormir. . 122 COMO SE PREPARAR PARA DORMIR: O SEU QUARTO: Se possível, Invista em uma cama e um colchão confortáveis, utilize cobertas adequadas para tentar se manter em uma temperatura agradável. Iluminação excessiva e/ou ruídos atrapalham osono. Organize seu quarto, para que lhe convide ao sono e EVITE trabalhar, estudar ou comer na cama. Utilize a cama para dormir ou namorar! O SEU CORPO: Relaxe o corpo e a mente de 60 a 90 minutos antes de ir para a cama. Nunca tentar resolver problemas antes de dormir ou desempenhe atividades que exijam alto nível de concentração imediatamente antes de deitar- se. Leia livros ou veja filmes tranquilos, ou que já conhece para evitar que prendam muito a sua atenção! Procure fazer refeições mais leves à noite e vá para a cama quando sentir-se sonolento. LEMBRE-SE: Ir para a cama antes de sentir sono pode provocar ansiedade por não conseguir dormir e ir para a cama depois que adormeceu no sofá pode interromper o sono. JÁ NA CAMA: Se você não adormecer em 15-30 minutos, não adianta insistir. Você vai se irritar e o sono não vem. Levante, vá para outro cômodo, leia um livro monótono ou faça uma atividade monótona (NÃO pode prender a sua atenção!) e volte para a cama quando o sono voltar. Mesmo que você só volte à cama às 3 horas da manhã, depois de alguns dias fazendo este ritual (e não dormindo durante o dia!), o corpo estará cansado e a chance de você dormir será muito maior! Se você acordar no meio da noite e notar que não consegue mais adormecer após 15-20 minutos, repita o passo acima. BOM SONO! *HIRSHKOWITZ, M. et al. recommendations: Final report. Sleep Health, [s. l.], v. 1, n. 4, p. 233 243, 2015. Available at: https://doi.org/10.1016/j.sleh.2015.10.004 123 Material elaborado por Nicoli Abrão Fasanella, mestranda do Programa de Estudos Pós-Graduados Stricto Sensu Educação nas Profissões da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2021, como parte do projeto de Estuda Orientador: Prof. Dr. Fernando Antonio de Almeida. Coorientadora Profª Drª Maria Valeria Pavan. 124 APÊNDICE 10 Material de apoio: A.C.A.L.M.E.-S.E. 125