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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DISCIPLINA: INT5162 – ESTÁGIO SUPERVISIONADO II ARNO GERMER NETTO BRUNA CAROLINE DE SOUZA DJEISA DÉBORA DE SOUZA CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UMA EMERGÊNCIA HOSPITALAR ACERCA DO CUIDADO AO IDOSO FLORIANÓPOLIS 2013 ARNO GERMER NETTO BRUNA CAROLINE DE SOUZA DJEISA DÉBORA DE SOUZA CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UMA EMERGÊNCIA HOSPITALAR ACERCA DO CUIDADO AO IDOSO Trabalho de conclusão de curso, apresentado à disciplina: Estágio Supervisionado II (INT5162) do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Orientadora: Enf. Dra. Eliane Regina Pereira do Nascimento Florianópolis 2013 2 3 4 AGRADECIMENTOS A Deus, Principalmente agradecer pelo milagre da vida, que nos permitiu estar aqui e lutar dentro da nossa linda profissão para que mais vidas não só aconteçam, mas permaneçam, bem como pela força que nos concedeu durante esta jornada e também pelas oportunidades dispostas, que dia após dia foram nos tornando Enfermeiros. Aos pais e familiares, Antes de tudo por acreditar no nosso potencial e pela oportunidade de estarmos aqui, nos tornando protagonistas das nossas próprias vidas. Pela paciência e pelo carinho perante tantas dúvidas e questionamentos que nos atormentaram. Por nunca ter permitido que desistíssemos. Dedicamos nossas conquistas a vocês, mestres no amor e na dedicação, sem vocês não seríamos nada! À orientadora, Queremos agradecer por ter nos aceitado como orientandos e permanecer ao nosso lado, nos ensinando, nos incentivando e nos criticando sempre de maneira construtiva e amorosa. Mostrando-se sempre humana, falível e dedicada, afinal um bom professor só pode ensinar quando também está disposto a aprender. Às supervisoras, Às enfermeiras Ana Silvia Sincero dos Reis, Karla Gomes Sifroni, Mônica Motta Lino, Marisa da Silva Martins. Mestres na arte de cuidar, nos ensinaram cada uma da sua maneira a importância do ser enfermeiro e o seu árduo e responsável trabalho no cotidiano, indicando-nos sobre nossas falhas e principalmente nossos acertos. Somos gratos pela paciência, dedicação e confiabilidade, vocês deixaram suas marcas exclusivas em nossas vidas. Aos pacientes e familiares, 5 Muitos não se lembrarão de nós e onde nos encontramos, mas seremos eternamente gratos pela confiança e pelos ensinamentos, levaremos todos na memória. À Equipe de Enfermagem, Cada um com sua especificidade, completando partes de um todo. Agradecemos por nos permitir, ainda que brevemente, ter feito parte do grupo, nos acolhendo de maneira simples e espontânea, nos ensinando e aprendendo. Vocês são peças fundamentais para o cuidado humanizado, exemplos que levaremos para nossas vidas profissionais. 6 NETTO, Arno Germer; SOUZA, Bruna Caroline; SOUZA, Djeisa Débora. Conhecimento e percepção dos profissionais de enfermagem de uma emergência hospitalar acerca do cuidado ao idoso. 2013. 86 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso de Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2013. RESUMO Trata-se do trabalho de conclusão de curso de graduação em enfermagem sobre o cuidado ao idoso em um serviço de emergência. Com o aumento da qualidade de vida, a demanda de idosos cresce substancialmente nos serviços de saúde, evidenciada de maneira mais acentuada nos atendimentos hospitalares de emergências e urgências. O estudo teve como questão norteadora “Qual o conhecimento e percepção dos profissionais de enfermagem de um serviço de emergência hospitalar sobre o cuidado ao idoso e o que sugerem para melhorar o cuidado?” e, como objetivo analisar o conhecimento e percepção dos profissionais de enfermagem de uma emergência hospitalar acerca do cuidado ao idoso. Utilizou-se o método descritivo com abordagem qualitativa com a participação de 15 profissionais de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) de um hospital geral e público de Santa Catarina. A coleta de dados foi realizada no mês de Junho, por meio de entrevista semi-estruturada. Para a análise utilizou-se a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os dados deram origem a quatro categorias e dez Ideias Centrais (IC). Como categorias surgiram: O processo de envelhecimento; Políticas públicas voltadas para o Idoso; Fragilidades no cuidado ao idoso e Sugestões para melhorar o cuidado ao idoso. Como IC relacionadas as categorias emergiram: um processo natural de mudanças físicas e fisiológicas; atitudes frente ao envelhecimento; a complexidade do envelhecimento ; conhecimento superficial sobre o estatuto do idoso; pouco conhecimento a respeito da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa; quantitativo insuficiente de pessoal; ambiente inadequado para o atendimento ao idoso; melhorar o ambiente; agilidade no atendimento e encaminhamento do idoso; atendimento humanizado. Conclui-se que os profissionais de enfermagem possuem conhecimento sobre o processo de envelhecimento, porém necessitam de melhor entendimento sobre as leis que regem o atendimento a população idosa. Os agentes sociais (participantes) percebem 7 potencialidades e fragilidades no atendimento ao idoso no serviço de emergência hospitalar e apontam sugestões para melhorar a qualidade do atendimento. Os dados encontrados oferecem subsídios para melhorar o cuidado de enfermagem ao idoso na emergência e para um programa de capacitação dos profissionais de enfermagem com vista a maior qualidade do cuidado a essa clientela. Aponta-se como limitação do estudo a não inclusão de outros agentes sociais do serviço como os assistentes sociais, psicólogos e médicos uma vez que, poderiam contribuir com informações importantes para melhorar o cuidado ao idoso na emergência. Palavras-Chave: Emergência; Enfermagem geriátrica; Enfermagem gerontológica; Envelhecimento; Idoso. 8 LISTA DE SIGLAS AC Ancoragem ACR Acolhimento com Classificação de Risco CNS Conselho Nacional de Saúde DSC Discurso do Sujeito Coletivo ECH Expressões Chaves ESF Equipe de Saúde da Família IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC Ideia Central HU Hospital Universitário NHB Necessidades Humanas Básicas ONU Organização das Nações Unidas PE Processo de Enfermagem PNH Política Nacional de Humanização PNSI Política Nacional de Saúde do Idoso PNSPI Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SEH Serviços de Emergência Hospitalar SUS Sistema Único de Saúde TCC Trabalho de Conclusão de Curso TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UPA Unidades de Pronto Atendimento 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10 2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 14 2.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 14 2.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 14 3 APROXIMAÇÃO COM O TEMA ..................................................................................15 3.1 Características do envelhecimento ...................................................................... 16 3.2 Doenças frequentes nos idosos ........................................................................... 18 3.3 Cuidado de enfermagem ao idoso ....................................................................... 21 3.4 O serviço de emergência hospitalar ..................................................................... 24 3.5 Cuidado de enfermagem ao idoso no serviço de emergência hospitalar ............. 27 4 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 30 4.1 Política Nacional do Idoso .................................................................................... 30 4.2 Política Nacional de Saúde do Idoso ................................................................... 31 4.3 Estatuto do Idoso ................................................................................................. 32 4.4 Pacto pela Vida e Saúde do Idoso ....................................................................... 34 4.5 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa ....................................................... 35 5 METODOLOGIA .......................................................................................................... 38 5.1 Tipo de estudo ..................................................................................................... 38 5.2 Local do estudo .................................................................................................... 38 5.3 Sujeitos sociais participantes do estudo .............................................................. 39 5.4 Coleta dos Dados ................................................................................................. 40 5.5 Organização, Análise e Interpretação dos Dados ................................................ 41 5.6 Aspectos Éticos .................................................................................................... 42 6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................................................... 44 7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................. 56 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 73 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 75 APÊNDICE ..................................................................................................................... 80 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............. 80 APÊNDICE B – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS COM OS PROFISSIONAIS ....................................................................................................... 82 ANEXOS ........................................................................................................................ 84 ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA .................................................. 84 10 1 INTRODUÇÃO A sociedade de modo geral tem assistido ao envelhecimento da população mundial, mais acentuado nas últimas décadas, principalmente pelos avanços da ciência e a melhoria das condições sanitárias (PROCHET; SILVA, 2008). Esta realidade é conhecida como transição demográfica, em que acontece uma mudança nos índices de mortalidade e natalidade elevados, pois as populações com predominância jovem diminuem seus índices e por consequência ocorre o aumento da proporção de pessoas idosas. No Brasil, essa mudança estatística, assim como na maioria dos países em desenvolvimento, vem ocorrendo muito mais rapidamente do que nos países desenvolvidos (MOIMAZ et al, 2009). As estatísticas mostram que a faixa etária com maior crescimento na maioria dos países em desenvolvimento, é a acima de 60 anos. No Brasil, as projeções indicam que a proporção de idosos passará de 8,6 % em 2000 para quase 15% em 2020. Em termos absolutos, em 2025, o Brasil será a sexta população de idosos no mundo, isto é, com mais de 32 milhões de pessoas acima de 60 anos. Além disso, a proporção de pessoas com mais de 80 anos também apresenta um aumento significativo (PAVARINI et al, 2005). Segundo dados do IBGE (2012) a quantidade de brasileiros com 60 anos ou mais cresceu 55% entre 2001 e 2011. Isso significa que a terceira idade passou de 15,5 para 23,5 milhões de pessoas em dez anos, representando aproximadamente 12% da população total do Brasil, que possui cerca de 195 milhões de pessoas, sendo que em 2001, o grupo das pessoas com 60 anos de idade ou mais era de 9% da população do País. As regiões Sudeste e Sul do Brasil são as duas regiões mais envelhecidas do país, ambas tinham, em 2010, 8,1% da população formada por idosos com 65 anos ou mais, enquanto a proporção de crianças menores de cinco anos era, respectivamente, de 6,5% e 6,4% (PORTAL BRASIL, 2011). Nos países desenvolvidos, o limite de idade entre o indivíduo adulto e idoso é de 65 anos, já nos países em desenvolvimento, inclusive no Brasil, esse limite diminui para 11 60 anos. Este é o critério pelo qual as instituições adotam para dar ao idoso atenção à saúde física, psicológica e social (FREITAS et al, 2006). Considerando a realidade local, o município de Florianópolis, segundo dados do Censo de 2010, vem aumentando consideravelmente sua população idosa. Dados estatísticos revelam que atualmente a população acima de 60 anos é de 48.423 e representa 11,4% dos habitantes do município (PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2012). Conforme Sequeira (2007), a idade avançada traz maior fragilidade e por consequência mais doença, tanto física quanto psíquica; e a sociedade não parece estar preparada para dar uma resposta adequada aos inúmeros problemas que surgem. Para atender a necessidade da população de idosos em Florianópolis foi necessária a criação e implantação de estratégias em consonância com as Diretrizes da Política Nacional da Saúde do Idoso. Nesse sentido, o município planejou e implantou em 12 de Outubro de 2006, o Programa de Saúde do Idoso, denominado Capital do Idoso. Este programa surgiu com a principal função de promover, manter, e recuperar a saúde da pessoa idosa, reduzindo as comorbidades e mortes prematuras, preservando a autonomia e independência dessa população, resultando assim, em qualidade de vida para o idoso e sua família (PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2012). Com o aumento da longevidade, aumentou a procura dos idosos pelos serviços de emergência. O idoso na unidade de emergência corresponde de 12% a 21% de todos os atendimentos e, esse número tende a aumentar. Os idosos, comparados com os jovens, procuram com maior frequência esse setor e com situações clínicas de maior nível de urgência no atendimento com grande probabilidade de retorno ao serviço e uso de ambulância, maior dispêndio com métodos complementares de diagnósticos e interconsultas com especialistas, maior tempo de permanência na unidade e maior possibilidade de internação hospitalar, além de evolução desfavorável mais frequente (FREITAS et al, 2006). Apesar da alta prevalência do idoso nas salas de emergência e do difícil manejo da doença e do paciente, atenção limitada tem sido dispensada à população geriátrica tanto do ponto de vista de cuidados especiais naquelas unidades, quanto de pesquisa e educação médica na área da geriatria (FREITAS et al, 2006, p. 993). 12 O presente estudo foi implementado durante a oitava fase do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na disciplina Estágio Supervisionado II e corresponde ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Justifica-se a escolha do local do estudo e do tema pelo fato de que a nossa primeira experiência com oatendimento de emergência e urgência como acadêmicos de enfermagem ocorreu na terceira fase curricular do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no Hospital Universitário (HU) Professor Polydoro Ernani de São Thiago durante a disciplina Fundamentos de Enfermagem naquela oportunidade nos chamou a atenção o dinamismo da unidade e o atendimento rápido oferecido aos usuários. A segunda vivência se deu na sétima fase da graduação, durante o estágio da disciplina Cuidado de Enfermagem ao Indivíduo Adulto em Condição Crítica de Saúde no Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, onde nos deparamos novamente com o trabalho do enfermeiro num serviço de emergência reforçando o nosso interesse pela área. Nessas duas oportunidades observamos a grande procura por pessoas idosas a esse serviço e o tempo que estas permaneciam internadas no setor em questão, aliado o nosso pouco conhecimento sobre o cuidado ao idoso em especial no serviço de emergência. A escolha pelo serviço de emergência do HU se deve ao fato de ser um hospital escolha com condições de oferecer um maior aprendizado nessa última etapa da nossa formação enquanto acadêmicos do curso de graduação. A emergência do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago recebe pacientes graves, encaminhados por outras instituições de saúde, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Corpo de Bombeiros, entre outros. É utilizado nesse serviço, atendendo a Política Nacional de Humanização (PNH), o Acolhimento com Classificação de Risco (ACR), estratégia criada pelo Ministério da Saúde, com vistas a ampliar o acesso e reduzir as filas e o tempo de espera para o atendimento (BRASIL, 2004). Os pacientes, em conformidade com essa política, são atendidos por ordem de prioridade, ou seja, de gravidade da situação e não por ordem de chegada. A avaliação é realizada inicialmente pelo enfermeiro, que define, a partir de critérios pré- 13 estabelecidos (protocolos assistenciais) a prioridade de atendimento. Os idosos são atendidos de acordo com uma política interna do Hospital, de maneira que os que possuem entre 60 e 64 anos, quando classificados na cor verde (pouco urgente), recebem prioridade no atendimento em relação aos pacientes triados na mesma cor, já os com 65 anos ou mais são classificados, no mínimo, na cor amarela (urgente). O HU oferece atendimento público e gratuito, com serviço de emergência 24 horas e atende em média, aproximadamente, 400 pacientes por dia (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO, 2012). A escolha desse hospital se deve a três motivos: pelo fato de ser referência no atendimento ao idoso (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO, 2012); por ser um hospital escola que oferece condições estruturais para a formação acadêmica; e por possuir profissionais acolhedores que nos receberam muito bem, entendendo nossa escolha pela área em questão. A escolha da área se deve, como já citado, por ser dinâmica, com diversos procedimentos técnicos e situações que oportunizam o enriquecimento do nosso aprendizado diário e por ventura, futuros profissionais de emergência. Frente ao exposto, o estudo teve como questionamentos: Qual o conhecimento dos profissionais de enfermagem de um serviço de emergência acerca do idoso, como percebem o cuidado prestado a essa clientela e o que sugerem para melhorar o cuidado? 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Analisar qual o conhecimento que os profissionais de enfermagem de um Serviço de Emergência hospitalar possuem acerca do idoso, e como percebem o cuidado de enfermagem prestado a essa clientela. 2.2 Objetivos específicos Identificar o conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre o processo de envelhecimento. Identificar o conhecimento dos profissionais sobre a política nacional de saúde da pessoa idosa e o estatuto do idoso. Conhecer as potencialidades percebidas pelos profissionais de enfermagem de um serviço de emergência hospitalar no cuidado ao idoso. Identificar as fragilidades relatadas pelos profissionais de enfermagem de um serviço de emergência hospitalar no cuidado ao idoso. 15 3 APROXIMAÇÃO COM O TEMA Os estudos brasileiros que avaliam o perfil da população idosa nos serviços de urgência e emergência são escassos e defasados, bem como pesquisas com o intuito de compreender melhor esta fase da vida e as complicações que podem ocorrer durante este percurso (BIF, 2011). Os estudos voltados para a saúde do idoso no Brasil, em grande parte, têm como eixo principal a promoção da qualidade de vida, e com ênfase para a Atenção Básica. Constatou-se, com a busca da literatura, em especial a nacional, que poucas investigações existem com enfoque aos pacientes idosos no atendimento em emergência hospitalar. Esse é um elemento preocupante a se considerar, afinal a demanda desse grupo etário nas urgências e emergências é grande e como refere Bif (2011) com tendência a crescer cada vez mais, fazendo-se necessário o desenvolvimento de pesquisas e estudos voltados ao atendimento dos idosos, para que se possa conhecer melhor esses usuários, além de desenvolver práticas que possam melhorar a assistência prestada a esses pacientes. Para o autor citado acima a população idosa de modo geral enfrenta algum tipo de enfermidade física ou psíquica, tanto pelo processo de envelhecer natural quanto pelos diversos tipos de interações com o meio onde este idoso está inserido. Atualmente o idoso vem passando por uma mudança significativa de valores, onde a velhice já não é mais sinônimo de esperar a morte ou aquele simbolismo de ser apenas um avô inativo cuidando pacificamente dos seus netos. Nos dias atuais esse idoso é ativo e dinâmico, tem diversos afazeres e muitas vezes ainda trabalha, e é a partir desta visão que se identifica a necessidade de uma atenção e um cuidado distinto, que anteriormente não eram necessários. A criação do estatuto do idoso e das políticas e programas públicos de saúde, bem como as tecnologias avançadas por parte da medicina que asseguram uma assistência adequada, foram alternativas criadas para satisfazer as necessidades desta nova geração de idosos (BIF, 2011). É fato que os profissionais de saúde possuem pouco preparo na formação para atender o paciente idoso, pois grande parte das instituições de ensino ainda não se depararam com a importância do processo de transição demográfica e epidemiológica, tendo em vista suas consequências médico-sociais. Portanto vem crescendo a 16 necessidade e importância de recursos humanos e técnicos qualificados para enfrentar a demanda explosiva desse grupo populacional nas próximas décadas, fazendo-se indispensável a formulação de novas concepções de assistência à saúde da população idosa, respeitando suas características e peculiaridades, adequando modelos técnicos e assistenciais à realidade desta população (LOURENÇO et al, 2005 apud BIF, 2011). 3.1 Características do envelhecimento Filósofos já tinham a preocupação no tema “envelhecimento”, tais como: Platão (427-347 a.C.) que considerava o envelhecimento como uma continuidade dos jovens e adultos; Hipócrates (460-377 a.C.) foi o primeiro a formular hipóteses médicas a respeito das causas do envelhecimento, considerando-o como fenômeno natural, físico e irreversível, em que a pessoa está predisposta à doenças devido à diminuição da sua resistência; Galeno (131-201) explicou o envelhecimento de acordo com o processo de desidratação do corpo, em que os ossos e órgãos se tornavam secos e débeis pelo que deixavam de funcionar; Paracelso (1493-1541) comparava a velhice à ferrugem, pelo que considera importante ter uma alimentação equilibrada para aumentaro tempo de vida. Em 1903, Elie Metchikoff propôs uma nova ciência, a Gerontologia (estudo científico dos idosos), no entanto esta apenas se desenvolveu de forma significativa após a II Guerra Mundial, em 1945, na América do Norte, com a criação da Society of Gerontology (SEQUEIRA, 2007). Cada país possui a responsabilidade de implementar políticas para o envelhecimento, com destaques nos seguintes princípios: estipulação da família, nas suas diversas formas e estruturas, como a unidade fundamental mantenedora e protetora dos idosos; preparação da população para o envelhecimento, assegurando assistência integral de ordem física, psicológica, cultural, religiosa/espiritual, econômica, de saúde, entre outros aspectos; aos idosos deve ser proporcionada a oportunidade de contribuição para o desenvolvimento dos seus países, participação ativa na formulação e implementação de políticas, incluindo aquelas a eles direcionadas; os órgãos governamentais, não governamentais e todos que têm responsabilidades com os idosos devem dispensar atenção especial aos grupos vulneráveis, particularmente aos mais pobres, mulheres e residentes em áreas rurais (RODRIGUES et al, 2007). 17 Para Sequeira (2007) o envelhecimento biológico é caracterizado pela diminuição da taxa metabólica, em consequência da redução das trocas energéticas do organismo. Há uma diminuição de regeneração da célula, o que leva ao envelhecimento dos tecidos. No envelhecimento biológico há mudanças inicialmente no aspecto exterior, como o aparecimento de cabelos brancos, lentificação progressiva dos movimentos, alteração do equilíbrio, diminuição da força muscular, diminuição da velocidade de reação e alterações emocionais e cognitivas. O sistema cardiovascular apresenta uma menor eficácia do coração, com o endurecimento e o estreitamento das artérias, o que implica em um menor rendimento cardíaco. O sistema renal mostra-se menos eficiente a eliminar as toxinas e outras substâncias, perde a capacidade de esvaziamento da bexiga, verificando-se uma diminuição da elasticidade e perda da massa renal (SEQUEIRA, 2007). Durante o envelhecimento, percebe-se ainda mudança no sistema respiratório com a perda da elasticidade e diminuição da capacidade ventilatória; no sistema gastrointestinal ocorre menor eficiência na absorção dos nutrientes, diminuição da eliminação e atrofia da mucosa gástrica; no sistema musculoesquelético está presente a redução da massa muscular e óssea, perda da elasticidade das articulações e perda da força muscular; e no sistema nervoso surge a degenerescência neurofibrilar de neurônios, acumulação de placas senis e perda de neurônios (SEQUEIRA, 2007). Sequeira (2007) ressalta que as alterações corporais do idoso têm repercussões psicológicas, como mudança de atitudes e comportamentos, uma vez que o envelhecimento é um processo dinâmico e complexo. Refere ainda o autor que, a sociedade, ora de forma explícita ora não, afasta os idosos do processo produtivo, dessa forma, devem ser criados projetos associados a prazer e bem-estar. A manutenção da atividade está relacionada ao envelhecimento bem sucedido, através da promoção do bem-estar e da funcionalidade do corpo, atingindo repercussões ao nível de satisfação pessoal e sentimentos de competências. Para a grande maioria dos idosos, o envelhecimento normal apresenta alterações cognitivas que não interfere nas atividades diárias, uma vez que existem alguns fatores que contribuem para a manutenção do funcionamento face a um declínio cognitivo ligeiro, ou seja, amortizam parte desse declínio. Esses fatores estão 18 relacionados com a natureza gradual das alterações, o que permite a readaptação e preservação dos conhecimentos gerais do idoso, que facilitam a resolução dos problemas, a automatização de muitas tarefas, a manutenção do ambiente e rotinas familiares (SEQUEIRA, 2007). Com relação ao envelhecimento no contexto social, os idosos são alvo de alterações de forma substancial ao nível dos papéis a desempenhar, no seio familiar, laboral e ocupacional, verificando-se uma possível diminuição de forma progressiva, de acordo com a idade (SEQUEIRA, 2007). Ao longo da vida as redes sociais vão se alterando em função do contexto familiar, trabalho, participação na comunidade, etc. Com o envelhecimento, algumas pessoas significativas vão desaparecendo e então é necessário reorganizar as redes de apoio informal, a fim de manter a independência e a participação social, uma vez que as redes de apoio são essenciais para a saúde mental, satisfação com a vida e um ótimo envelhecimento (SEQUEIRA, 2007). Sequeira (2007) afirma que as estimativas sobre o envelhecimento demográfico trazem desafios às famílias, já que têm um papel fundamental na assistência e manutenção do idoso no seu contexto habitual. É dever da sociedade em geral e das organizações contribuir para a dignidade do idoso para que a velhice seja vivida com bem-estar e que o idoso seja sinônimo de sabedoria/ conhecimento/ referência. 3.2 Doenças frequentes nos idosos A população idosa apresenta alterações fisiológicas e patológicas que gera cada vez mais dependência. Desse modo, há necessidade de aprofundamento de conceitos, como níveis de prevenção, paliativismo, suporte e apoio social. É raro que conceitos específicos de gerontologia constem nos conteúdos de graduação, como síndromes geriátricas, reabilitação, fragilidade, independência (capacidade de executar tarefas sem ajuda) e autonomia (capacidade de autodeterminação) (MOTTA; AGUIAR, 2007). 19 As doenças presentes na população idosa são, em sua maioria, crônicas e múltiplas, pois perduram por vários anos, necessitam de tratamento farmacológico e acompanhamento de saúde contínuo. Os idosos geralmente possuem numerosas queixas, a vista disso se faz indispensável a reformulação nas práticas assistenciais médicas para que ocorra uma abordagem mais eficiente, integrada e com melhores resultados (BIF, 2011). Os problemas médicos mais comuns do idoso que procura um serviço de emergência são: traumas (geralmente quedas), doenças cardiovasculares (síndromes coronarianas agudas, insuficiência cardíaca congestiva descompensadas, arritmias) e neurológicas (ataque isquêmico transitório, acidente vascular encefálico, crises convulsivas), infecções (pneumonia, infecção do trato urinário) e abdome agudo. Os fatores de risco para evolução negativa são: idade, déficits funcionais, hospitalizações recentes, o fato de morar sozinho e a perda de suporte social. Já os fatores que contribuem para a dificuldade diagnóstica são a coleta de dados e exame físico, interação entre a doença aguda e os medicamentos habituais do paciente, além das alterações prévias nos exames laboratoriais ou de imagem, muitas vezes desconhecidas pelo paciente e acompanhante (FREITAS et al, 2006). Pesquisadores da longevidade humana explicam que o aumento da esperança de vida tem coincidido com uma concentração da longevidade média e a curva de sobrevivência está tomando uma forma cada vez mais retangular. Na prevalência de doenças crônicas são importantes dois fatores: as taxas de reabilitação e os índices de mortalidade. Assim, a relação com as intervenções no estado de saúde, que permitem retardar o surgimento de doenças e incapacidades, sobretudo aquelas que afetam as capacidades funcionais, são aspectos determinantes para que se produzam aproximações entre a morbidade, a esperança de vida e a mortalidade. O aumento da expectativa de vida deveria ser acompanhado de um aumento também na expectativa de saúde (PAVARINI et al, 2005, p. 399). Embora a maioria dos idosos apresente pelo menos uma doença crônica, é possível continuar vivendo com qualidade desde que estas doenças sejam controladas. Um dos cuidados ao idoso é a preservação da autonomia e manutenção da independência no maior grau possível.Através de avanços tecnológicos vê-se a possibilidade de viver a vida com doenças crônicas “controladas”, desde que medidas de tratamento e prevenção sejam introduzidas (PAVARINI et al, 2005). De acordo com Motta; Aguiar (2007), o envelhecimento saudável é entendido como a interação entre saúde física e mental, independência nas atividades de vida 20 diária (capacidade de vestir-se, tomar banho, fazer higiene, transferir-se, alimentar-se, ser continente), integração social, suporte familiar e independência econômica. Em decorrência do aumento da expectativa de vida há uma necessidade de mudança no modelo clínico-assistencial e na formação profissional (MOTTA; AGUIAR, 2007). Os idosos são um grupo de pessoas que necessitam de uma atenção especial, pois possuem algumas especificações que divergem com o restante da população. Segundo a Política Nacional da Saúde do Idoso, a baixa disseminação do conhecimento na área de gerontogeriatria por parte dos profissionais de saúde tem contribuído para a ocorrência de certas dificuldades na abordagem médica do paciente idoso. As instituições de saúde devem estar preparadas para identificar esses indivíduos, de acordo com o seu grau de vulnerabilidade e dependência, assegurando- lhes uma assistência diferenciada, contando com uma equipe multiprofissional e atendimento interdisciplinar (BIF, 2011). Quando se fala em internação do idoso, ainda que em casos mais graves, deve- se estar atento para a possibilidade de recuperação e reabilitação durante todo o processo de hospitalização, evitando-se que as enfermarias não se transformem em locais de acomodação de pacientes idosos com problemas de saúde não resolvidos, aumentando o sofrimento do próprio idoso e os custos dos serviços de saúde envolvidos (BIF, 2011). Espera-se que a hospitalização do idoso não tenha longa duração e que ele e sua família recebam orientações para o cuidado domiciliar. Contudo, há falta de preparo dos profissionais de saúde para exercer essa ação educativa, principalmente no momento da alta hospitalar, o que influencia também nas sucessivas internações submetidas aos idosos portadores de doenças crônicas (MEIRELES et al, 2010 apud ALMEIDA; AGUIAR, 2011). Os serviços gerais de saúde (hospital geral, emergência/pronto-socorro, UTI, ambulatório, unidade básica de saúde) nos dias atuais, têm atendido a uma demanda de clientela idosa que se aproxima a 50% de todo o atendimento de adultos. Segundo o Ministério da Saúde os custos dos atendimentos hospitalares com essa faixa etária específica giram em torno de 30%. Esse tipo de situação é reflexo de um atendimento ao idoso inadequado e ineficaz, com uma baixa existência de programas de prevenção 21 do envelhecimento patológico e serviços primários de promoção de saúde (GONÇALVES; ALVAREZ, 2004). O Ministério da Saúde lançou a portaria nº 702/GM, de 12 de Abril de 2002, sobre a organização e implantação da Rede Estadual de Assistência à Saúde do Idoso, cuja gestão ficou a cargo das Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios em gestão plena do Sistema Municipal de Saúde em conjunto com os Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso normatizados pela portaria SAS nº 249/2002 (BRASIL, 2002 apud GONÇALVES; ALVAREZ, 2004). Há, pois, um esforço iniciado nos estados visando às considerações estabelecidas: O dever de assegurar ao idoso os direitos de cidadania, de defesa de sua dignidade, seu bem-estar e direito à vida; O aumento da expectativa de vida que tem sido observado nos últimos anos e o declínio das taxas de fecundidade, o que tem levado a um crescente incremento proporcional da população idosa em relação ao total da população brasileira; A necessidade de adotar medidas que fortaleçam o desenvolvimento de ações que visem ao incremento das diretrizes essenciais da Política Nacional do Idoso, como a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção da capacidade funcional, a assistência às necessidades de saúde do idoso, a reabilitação da capacidade funcional comprometida, a capacitação de recursos humanos especializados e o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais; A necessidade de redução do número de internações e do tempo de permanência hospitalar, uma vez que a hospitalização do idoso é um fator de deterioração de sua independência funcional e autonomia, além de sua exposição aos riscos inerentes ao ambiente hospitalar; A necessidade de estimular ações e iniciativas que visem à mudança do modelo assistencial à saúde do idoso, privilegiando a atenção integral ao idoso de forma mais humanizada, com ações de prevenção de agravos; promoção, proteção e recuperação de equipes multiprofissionais e interdisciplinares; A implantação de números de leitos especializados e de modelos assistenciais extra-hospitalares na atenção à saúde do idoso constitui uma estratégia para a redução de hospitalizações de longa permanência; A necessidade de se estabelecer mecanismos de avaliação, supervisão, acompanhamento e controle da assistência à saúde desse grupo populacional (BRASIL, 2002 apud GONÇALVES; ALVAREZ, 2004, p.66). 3.3 Cuidado de enfermagem ao idoso Segundo Santos (2000), a Enfermagem Gerontológica ou Enfermagem Gerontogeriátrica é um ramo da Enfermagem em atual ascendência, principalmente pelo aumento da população idosa brasileira, esta fundamenta-se teoricamente na 22 filosofia do envelhecimento, na filosofia da Enfermagem e no contexto sócio-histórico da própria Enfermagem. Os objetivos dessa área específica da enfermagem focam no cuidado ao ser humano idoso, sua família e comunidade, considerando o envelhecimento uma das etapas do ciclo de vida. O processo de trabalho tem como finalidade o cuidado ao idoso, nos diversos níveis de assistência à saúde; como objeto o ser humano idoso e o processo de envelhecimento; como instrumental o conhecimento específico desta área do saber e como produto final, o idoso auto- cuidando-se, caso esteja impossibilitado, sendo cuidado adequadamente por sua família, e sempre se priorizando um cuidado humanístico e digno até a sua morte. A Enfermagem Gerontológica destaca-se como processo específico pautada na compreensão de parâmetros físicos, emocionais e de ordem social, onde a equipe interdisciplinar mostra as especificidades de suas funções. É um processo educativo para todas as partes, objetivando os pacientes idosos. Assim conclui-se que a avaliação funcional da população idosa faz parte do cuidado de enfermagem, ressaltando a pessoa e as redes de apoio com os quais ela possa contar. É importante que a Enfermagem assista o idoso de maneira individualizada, levando sempre em consideração as suas limitações físicas, psíquicas e ambientais (CAMACHO, 2002). Ao abordar as competências e legislação que fundamentam a profissão atualmente, mais especificamente em Portugal, Vaz (2008), destaca que existem quatro áreas de atuação, que não se diferenciam muito da realidade brasileira, tais áreas são: prestação de cuidados, gestão, formação e investigação. A promoção da saúde pode ser definida como atividades que auxiliam as pessoas a manterem ou aumentarem o bem-estar e melhorarem a qualidade de vida. Para isto, evolve os esforços das pessoas para se manterem saudáveis na ausência de sintomas e não requererem a assistência de um membro da equipe de saúde (SMELTZER et al, 2009). Para o autor supracitado, a promoção da saúde é importante para os idosos assim como para as demais populações. Apesar de que a maioria pessoas com mais de 65 anos de idade tenham uma ou mais doenças crônicas e limitações, eles também possuem como grupo ganhos significativos. Ainda que essas doenças crônicas e limitantes não possam ser eliminadas, esses idosos podem beneficiar-se de atividades 23 capazes de ajudá-los a manter a independência e alcançar o nível de saúde cada vez mais excelente.Smeltzer et al (2009) acreditam que a enfermagem desempenha um papel vital na promoção da saúde. Em muitos casos, esses profissionais iniciaram programas de promoção da saúde e de triagem de saúde ou participaram com outros profissionais de saúde no desenvolvimento e prestação de serviço de bem-estar em diversos ambientes. Referem ainda que a enfermagem tem como uma de suas responsabilidades a de promover atividades que fomentam o bem-estar, a auto- realização e a satisfação pessoal. Cada interação com os pacientes deve ser vista como uma oportunidade para promover comportamentos e atitudes de saúde positiva. “Os valores negativos que são vigentes em nossa sociedade constituem o estereótipo do idoso, como um ser improdutivo, doente, inválido e ultrapassado, em fase final de sua vida, sem objetivos e esperanças” (BRUM; TOCANTINS; SILVA, 2005, p. 1020). A partir do momento que a tecnologia é voltada para o diagnóstico e tratamento curativo e então para a manutenção e a preservação da vida e do bem estar, contribuindo para um cuidar que atenda as necessidades da pessoa idosa, e não para reversão da patologia e/ou situação clínica (sinais e sintomas), esta deve ser valorizada e necessária para a prática de enfermagem (BRUM; TOCANTINS; SILVA, 2005). Segundo Netto; Brito (2001), é necessário perceber que o idoso não necessita de cuidados só físicos, mas também de diálogo, amizade, carinho, estabelecendo assim uma relação de confiança, o que leva o cuidador a perceber precocemente as alterações que o mesmo possa apresentar. A pessoa que cuida do idoso, que participa de sua rotina, seja ela um profissional da saúde ou não, deve estar atenta a alguns aspectos, tais como: administração de medicamentos prescritos nas dosagens e horários corretos, alterações de comportamento que podem levar à depressão, alteração no apetite ou no peso, insônia ou mudança nos hábitos de dormir, fadiga e letargia, perda de concentração, falar sobre suicídio e morte, sentimento de perda de esperança, sentimento de culpa excessiva, irritabilidade, referência vaga e dores sem causa física aparente, choro excessivo, 24 alteração no hábito intestinal e aumento do uso de álcool (MORRIS, 1996 apud NETTO; BRITO, 2001). De acordo com o estudo de Brum; Tocantins; Silva (2005), a assistência do enfermeiro que cuida de idosos hospitalizados sem expectativa de recuperação e quando a tecnologia já não se faz importante, é um cuidado de estar junto, proporcionando ao mesmo tempo conforto físico, bem-estar, apoio emocional visando o enfrentamento da situação vivida. Entretanto, este se faz presente quando a pessoa idosa comunica-se verbalmente ou através de gestos, ou seja, com aqueles idosos que não conseguem se comunicar de alguma forma os enfermeiros não estabelecem uma relação social, limitando-se provavelmente a assistência das necessidades físicas, como: higiene, curativos, prevenção de úlceras de decúbito, alimentação. Na assistência de enfermagem, o cuidado deve ser desvinculado a idade cronológica e as necessidades físicas e não físicas devem possuir o mesmo valor, uma vez que chegará o momento em que não se terá expectativa de recuperação, entretanto, sempre necessitará de cuidados no decorrer de toda a sua vida, inclusive na sua terminalidade vital (BRUM; TOCANTINS; SILVA, 2005). 3.4 O serviço de emergência hospitalar Gomes (1994) apud Almeida; Pires (2007), refere que a emergência hospitalar pode ser considerada como uma das áreas do hospital de maior complexidade de assistência e maior fluxo de atividades de profissionais e usuários. Os serviços de emergência contemporâneos possuem uma especificidade que os distingue de todos os outros serviços de saúde. Exigem uma assistência imediata, eficiente e integrada e amplo conhecimento técnico, habilidade profissional e o emprego de recursos tecnológicos. Uma unidade de emergência é permeada de condições complexas inerentes ao próprio ambiente e aos seres humanos - que cuidam e são cuidados - que experienciam e vivenciam as também complexas relações humanas no processo de cuidar/cuidado, em um sistema organizacional hospitalar (BAGGIO, CALLEGARO e ERDMANN, 2011). Segundo Bittencourt; Hortale (2009), a superlotação nos Serviços de Emergência 25 Hospitalar (SEH) é um fenômeno mundial, caracteriza- se por: todos os leitos do SEH ocupados; pacientes acamados nos corredores; tempo de espera para atendimento acima de uma hora; alta tensão na equipe assistencial; grande pressão para novos atendimentos. Indica, em última instância, baixo desempenho do sistema de saúde, como um todo e do hospital em particular, e induz à baixa qualidade assistencial. As emergências hospitalares vêm se formando, mais acentuadamente na última década, em locais onde a população em sua maioria procura por soluções rápidas para suas necessidades de saúde. Estes serviços são procurados por possuírem meios para uma avaliação médica mais ágil, bem como algumas facilidades que realizam mais efetivamente uma ação terapêutica. Também pode ser apontado como prioridade de procura, pela disponibilidade do serviço que funciona 24 horas por dia. Por tanto a população num geral tem acesso a um nível de resolutividade mais alto para seu problema imediato, onde a procura a este serviço terá como resultado, no mínimo, em uma avaliação de saúde, com a possibilidade de realização de exames diagnósticos, ainda que represente apenas uma solução paliativa para sua necessidade (LUDWIG; BONILHA, 2003). O estudo qualitativo de Baggio, Callegaro e Erdmann (2011) que tinha como objetivo compreender as relações de “não-cuidado” de enfermagem dentro de um setor de emergência/urgência provenientes da capital e também de outras regiões interioranas do estado de Santa Catarina mostrou que os participantes do estudo demonstraram evidente descontentamento com os serviços de enfermagem prestados. A construção desse estudo revelou-se importante, pois permitiu a construção de uma definição para o termo “não-cuidado” de enfermagem, essa construção foi formulada a partir do relato dos indivíduos abordados, que destacaram a falta de informação um déficit importante no que diz respeito as atenção fornecida pelos profissionais. Estudos como esses, revelam a urgente necessidade de mais investimento técnico-científico, financeiro e recursos humanos nos serviços de emergência, bem como em todo o Sistema Único de Saúde. De acordo com Azevedo et al (2010) os serviços de urgência/emergência possuem como objetivo primordial diminuir as taxas de morbi-mortalidade e as sequelas incapacitantes, mas para isso se faz necessário garantir os elementos necessários para 26 um sistema de atenção de emergência considerando recursos humanos, infraestrutura, equipamentos e materiais, para que se possa assegurar uma assistência integral, com qualidade adequada e contínua a todos os pacientes. O crescimento excessivo de acidentes, a violência urbana e a insuficiente estruturação da rede de serviços de saúde são alguns dos fatores que têm contribuído decisivamente para a sobrecarga dos serviços hospitalares em urgência. O conhecimento desta realidade é de extrema importância, para se evidenciar a necessidade de reestruturação do atual sistema de saúde, na perspectiva de consolidação dos princípios do SUS (AZEVEDO et al, 2010). Sabendo da importância da área de Urgência e Emergência enquanto um dos pilares da assistência à saúde, o crescimento da demanda por serviços nestas áreas e a insuficiente estruturação da rede assistencial o Ministério da Saúde em parceria com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, em novembro de 2002, editou a Portaria 2048/GM que dispõe sobre o regulamento técnico dos sistemas estaduais de urgências e emergências para estabelecer normas e critérios de funcionamento para o atendimentopré-hospitalar, atendimento pré-hospitalar móvel, atendimento hospitalar, transporte inter-hospitalar, e também a criação de Núcleos de Educação em Urgências e a proposição de grades curriculares para capacitação de recursos humanos nesta área. A Política Nacional de Atenção às Urgências foi instituída pela Portaria 1863/GM, de setembro de 2003, para garantir a organização dos sistemas regionalizados, a universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências (AZEVEDO et al, 2010). Azevedo et al (2010) ressalta que apesar da demanda por atendimento nos serviços de urgência e emergência hospitalar ser crescente, ainda são primitivos os estudos de enfermagem específicos sobre a organização desses serviços, sendo uma importante área de atuação do enfermeiro, este que articula ações assistenciais e gerenciais relativas ao cuidado e à unidade no geral. Nos serviços hospitalares de atenção à urgência e emergência, a atuação do enfermeiro envolve especificidades e articulações indispensáveis à gerência do cuidado a pacientes com necessidades complexas, que requerem aprimoramento científico, manejo tecnológico e humanização extensiva aos familiares pelo impacto inesperado de uma situação que coloca em risco a vida de um ente querido. Esse conjunto de elementos justifica um olhar 27 pormenorizado para a organização desses serviços (AZEVEDO et al, 2010, p. 737). 3.5 Cuidado de enfermagem ao idoso no serviço de emergência hospitalar Para Bif (2011) o atendimento ao idoso em urgência e emergência deve ser prioritário, buscando atender todas as necessidades do paciente em questão, bem como utilizar-se de todas as ferramentas disponíveis para um cuidado integral e completo ao idoso gravemente enfermo, ainda que o quadro de saúde do mesmo venha a evoluir á óbito, é importante e indispensável respeitar o direito á vida, à dignidade e a saúde deste indivíduo, sem esquecer-se de respeitar também a sua vontade e/ou a vontade da sua família. Netto; Brito (2001) afirmaram que a prevalência de idosos nos serviços de emergência norte-americanos varia de 12% a 19,6% e estima-se que em 50 anos, um a cada cinco pacientes das emergências dos Estados Unidos tenha idade igual ou superior a 65 anos. Os mesmos acrescentam que a população idosa utilizou 36% de todos os transportes de ambulância aos serviços de emergência e foi responsável por 43% de todas as admissões hospitalares (taxa de hospitalização quatro vezes maior). A população idosa vem crescendo rapidamente no Brasil, por este motivo há uma preocupação quanto a obtenção de recursos, justificando o treinamento e a presença de profissionais habilitados ao atendimento especializado a idosos nos serviços de emergência (NETTO; BRITO, 2001). Babb (1991) apud Netto; Britto (2001) definem que o envelhecimento é compreendido como um processo sequencial, individual, cumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne incapaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto aumente sua possibilidade de morte. Com esta definição pode-se concluir que se o indivíduo idoso apresenta acumulações irreversíveis, ele se torna mais vulnerável às urgências (NETTO; BRITO, 2001). A emergência nos pacientes idosos requer um enfoque diferente em relação ao adulto mais jovem devido às múltiplas condições preexistentes de doenças crônicas, uso constante de medicamentos, situações sociais e econômicas, alterações fisiológicas associadas à idade e surgimento de doenças atípicas e não específicas que podem influenciar no evento agudo (BRADWAY, 1991 apud NETTO; BRITO, 2001, p. 44). 28 Dessa forma, a urgência no idoso, requer uma reflexão cuidadosa da interpretação dos sinais e sintomas, uma vez que seu estado de saúde pode se alterar constantemente, necessitando de avaliação contínua e assistência priorizada com o objetivo de evitar que a urgência evolua para uma crise emergencial (NETTO; BRITO, 2001). Segundo Vaz (2008), ao atender um idoso, em qualquer serviço de saúde, o enfermeiro deve apresentar uma visão que engloba vários aspectos que envolvem esse determinado grupo de indivíduos, tais como dimensões físicas, psicológicas, sociais e culturais. Em seu estudo, de caráter exploratório e descritivo, a mesma aplicou um questionário sobre uma população de 40 idosos atendidos no serviço de Urgência do Hospital Nossa Senhora do Rosário, em Lisboa, Portugal. Após a aplicação do questionário como instrumento de pesquisa, foi realizada uma análise quantitativa e qualitativa dos dados obtidos e teve como conclusão que a população de idosos representada pela amostra, demonstrou satisfação, em alto grau, em relação aos cuidados de enfermagem, destacando como pontos fortes, o respeito, o acompanhamento, a disponibilidade, a tolerância e o carinho oferecidos pelos profissionais, diferente da realidade brasileira encontrada na pesquisa de Baggio, Callegaro e Erdmann (2011) já mencionada nesse estudo A enfermagem vem contribuindo na abordagem do cuidado em aspectos do processo de envelhecimento e da senilidade. Em vista que na educação, a enfermagem se destaca pelo fato do cumprimento da Política Nacional do Idoso propiciar contribuição nas pesquisas científicas (RODRIGUES et al, 2007). A enfermagem tem a oportunidade de conscientizar os idosos sobre seus direitos e informar a existência deste documento, sendo o enfermeiro um agente intermediador entre a legislação, o idoso e a sociedade. A enfermagem é fundamental na execução e cumprimento das leis direcionadas aos idosos, promovendo a inclusão social indiscriminada (sexo, cor, raça, religião, classe social) dos idosos e respeitando suas capacidades e limitações. O enfermeiro tem o dever de assistir o idoso com dignidade, igualdade e respeito, transmitindo e exigindo da sociedade igual atitude (RODRIGUES et al, 2007). 29 O enfermeiro deve ter ciência dos fatores que interferem na saúde do idoso para que seja prestada uma assistência adequada. É importante que seja realizado um exame físico rápido e eficaz para que atenda suas necessidades mais urgentes. Após isto, o enfermeiro deve realizar um plano de cuidado embasado na sistematização da assistência de enfermagem. Cabe ao enfermeiro ser o motivador e coordenador de programas de reciclagem para a equipe, proporcionando a formação de um grupo preparado para oferecer uma assistência de enfermagem otimizada e de alto grau de excelência (NETTO; BRITO, 2001). 30 4 REFERENCIAL TEÓRICO Utilizou-se como referencial teórico para essa pesquisa a Política Nacional do Idoso (Lei nº. 8.842 de 04/01/1994); Política Nacional de Saúde do Idoso (Portaria GM/MS nº. 1.395/1999); Estatuto do Idoso previsto na Lei nº. 10.741 de 01/10/2003; Pacto pela Vida e a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria nº. 2.528 de 19/10/2006). 4.1 Política Nacional do Idoso A Política Nacional do Idoso (PNI) tem por objetivo garantir os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Considera-se idoso a pessoa maior de sessenta anos de idade (BRASIL, 1994). A PNI traz que o a família do idoso, bem como a sociedade e o estado possuem a obrigação de assegurar a este todos os seus direitos como cidadão, com participação na comunidade, dignidade, bem estar e principalmente o direito à vida. Sendo que o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos (BRASIL, 1994). O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza e deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política (BRASIL,1994). Em conformidade com as diretrizes: I - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; II - participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; III - priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência; IV - descentralização político-administrativa; V - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços; VI - implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo; VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento; 31 VIII - priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família; IX - apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento. Parágrafo único. É vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou de enfermagem permanente em instituições asilares de caráter social (BRASIL, 1994, SEÇÃO II, ARTIGO 4º). A Política em questão também objetiva as ações governamentais para promover a saúde do idoso, garantindo ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde, bem como prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas. Os órgãos e entidades públicas também ficam responsáveis em adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares, com fiscalização pelos gestores do Sistema Único de Saúde e elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares, desenvolvendo formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais (BRASIL, 1994). No Art. 10 também é pronunciada a obrigatoriedade de incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais, e a necessidade de se realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de determinadas doenças do idoso, com vistas a prevenção, tratamento e reabilitação, criando serviços alternativos de saúde para o idoso (BRASIL, 1994). 4.2 Política Nacional de Saúde do Idoso A Portaria Ministerial nº. 1.395 anunciou a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI) no ano de 1999, que determinou que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde relacionados ao idoso promovessem uma elaboração ou a readequação de planos, projetos e atividades na conformidade das diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas (BRASIL, 1999). A presente Política fundamenta a ação do setor saúde na atenção integral à população idosa e àquela em processo de envelhecimento, na conformidade do que determinam a Lei Orgânica da Saúde – N.º 8.080/90 – e a Lei 8.842/94, que assegura 32 os direitos desta população específica, onde se destaca à “preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral” e a integralidade da assistência (BRASIL, 1999). A PNSI busca criar condições para que favoreçam a autonomia, a integração e a participação dos idosos na sociedade, assim consideradas as pessoas com 60 anos de idade ou mais, cabendo ao setor saúde prover o acesso dos idosos aos serviços e às ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde; e a inclusão da geriatria como especialidade clínica para realização de concursos públicos, além de promoção de estudos e pesquisas na área (BRASIL, 1999). A Política Nacional de Saúde do Idoso tem como propósito principal a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcional restringida, garantindo a estes permanência no meio em que vivem, exercendo de forma independente suas funções na sociedade (BRASIL, 1999). São definidas como diretrizes essenciais: a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção da capacidade funcional, a assistência às necessidades de saúde do idoso, a reabilitação da capacidade funcional comprometida, a capacitação de recursos humanos especializados, o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais e o apoio a estudos e pesquisas (BRASIL, 1999). 4.3 Estatuto do Idoso A lei nº. 10.741 de 2003 que dispõe sobre o Estatuto do Idoso refere que o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata o estatuto, assegurando-lhe por lei ou outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para a preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social (BRASIL, 2003). O estatuto destina-se a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos; e instituí penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos idosos. No que se refere à saúde o idoso tem direito a atendimento 33 preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS); à distribuição gratuita de próteses e órteses e a remédios, principalmente os de uso continuado (hipertensão, diabetes). Quando internado, em qualquer unidade de saúde, o idoso tem direito à acompanhante, pelo tempo determinado pelo profissional de saúde que o atende (BRASIL, 2003). Nenhum idoso poderá ser objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão. Para os casos de idosos submetidos a condições consideradas desumanas, privação de alimentação e de cuidados indispensáveis há previsão de penalidade. As instituições de atendimento a idosos responderão civil e criminalmente pelos atos praticados contra os idosos sob seus cuidados; ficarão sujeitos também às penalidades previstas em lei. As entidades governamentais estão sujeitas à advertência, afastamento provisório ou definitivo de seus dirigentes e ao fechamento de unidade ou interdição de programa (BRASIL, 2003). No Art. 15 do Estatuto do Idoso é assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos (BRASIL, 2003). Segue no Art. 16 que o idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante em tempo integral, segundo o critério médico, onde caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito (BRASIL, 2003). Dispõe também no Art. 17 que caso a pessoa idosa esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado a esta o direito de optar pelo tratamento de saúde, caso não esteja em condições de responder a esta opção, deverá ser feita: pelo curador, quando o idoso for interditado; pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contactado em tempo hábil; pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério Público (BRASIL, 2003). 34 E de grande relevância para o estudo em questãoo Art. 18, o qual cita que as instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda (BRASIL, 2003). 4.4 Pacto pela Vida e Saúde do Idoso A Portaria/GM nº 399, publicada em 22/02/2006, apresenta as Diretrizes do Pacto pela Saúde, nas quais estão contempladas três dimensões: pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. A Saúde do Idoso é umas das prioridades no Pacto pela Vida, e pela primeira vez na história das políticas públicas no Brasil, é mostrada a preocupação com a saúde da população idosa brasileira. Este documento é um compromisso assumido entre os gestores do SUS, em torno de prioridades que de fato apresentam impacto sobre a situação de saúde da população brasileira, como é o caso da atenção a saúde do idoso, que se tornou uma das prioridades do Pacto Pela Vida como consequência da dinâmica demográfica do país (BRASIL, 2010). É função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem idades avançadas com o melhor estado de saúde possível, sendo o envelhecimento ativo e saudável, o principal objetivo. Se considerarmos saúde de forma ampliada, torna-se necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente social e cultural mais favorável para população idosa (BRASIL, 2010, p. 12). As Políticas Públicas de Atenção ao Idoso possuem marcos legais e normativos que demarcam o caminho que a saúde do idoso vem percorrendo, explicitando a importância que o Pacto pela Vida delegou a população idosa. Com a crescente demanda da população envelhecida e em acordo com os direitos previstos na Constituição de 1988, em 1994 foi promulgada a Política Nacional do Idoso, através da Lei 8.842/94,regulamentada em 1996 pelo Decreto 1.948/96, que assegurou direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS (BRASIL, 2010). A Portaria Ministerial nº 1.395/99 estabelece a Política Nacional de Saúde do Idoso no ano de 1999, na qual se determina que os órgãos do Ministério da Saúde 35 relacionados ao tema promovam a elaboração ou a adequação de planos, projetos e ações em conformidade com as diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas (BRASIL, 2010). Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República sanciona o Estatuto do Idoso, considerado uma das maiores conquistas sociais da população idosa no Brasil, ampliando a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa (BRASIL, 2010). E em fevereiro de 2006, foi publicado, por meio da Portaria/ GM nº 399, o Pacto pela Saúde, no qual se inclui Pacto pela Vida, sendo que neste a Saúde do Idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de gestão, desencadeando ações de implementação de diretrizes norteadoras para reformulação da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso (BRASIL, 2010). Em 19 de outubro de 2006, foi assinada a portaria nº 2.528 do Ministério da Saúde, que aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, representando, assim a atualização da antiga portaria (nº 1935/94), afirmando ser indispensável incluir a condição funcional ao serem formuladas políticas para a saúde da população idosa, considerando que existem pessoas idosas independentes e outras mais frágeis, sendo assim as ações devem ser baseadas de acordo com estas especificidades. Faz parte também das diretrizes dessa política a promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável, de acordo com as recomendações da Organização das Nações Unidas, em 2002 (BRASIL, 2010). Em 2009, por meio do Decreto nº 6.800, a Coordenação da Política Nacional do Idoso passa a ser de responsabilidade da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (BRASIL, 2010). 4.5 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) tem como principal finalidade recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa 36 política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2006). Devem ser considerados, segundo a PNSPI: o contínuo e intenso processo de envelhecimento populacional brasileiro; os inegáveis avanços políticos e técnicos no campo da gestão da saúde; o conhecimento atual da Ciência; o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica; a necessidade de buscar a qualidade da atenção aos indivíduos idosos por meio de ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde; o compromisso brasileiro com a Assembleia Mundial para o Envelhecimento de 2002, cujo Plano de Madri fundamenta-se em: (a) participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; (b) fomento à saúde e bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável; e (c) criação de um entorno propício e favorável ao envelhecimento; e escassez de recursos sócio-educativos e de saúde direcionados ao atendimento ao idoso (BRASIL, 2006, p. 3). É importante ressaltar que segundo a PNSPI (2006) existe a necessidade de enfrentamento de desafios como: a escassez de estruturas de cuidado intermediário ao idoso no SUS, ou seja, estruturas de suporte qualificado para idosos e seus familiares destinadas a promover intermediação segura entre a alta hospitalar e a ida para o domicílio; número insuficiente de serviços de cuidado domiciliar ao idoso frágil previsto no Estatuto do Idoso. Sendo a família, via de regra, a executora do cuidado ao idoso, evidencia-se a necessidade de se estabelecer um suporte qualificado e constante aos responsáveis por esses cuidados, tendo a atenção básica por meio da Estratégia Saúde da Família um papel fundamental; a escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com conhecimento em envelhecimento e saúde da pessoa idosa; e a implementação insuficiente ou mesmo a falta de implementação das Redes de Assistência à Saúde do Idoso. Firmo et al, 2003 apud Brasil, 2006 revela que o sistema de saúde brasileiro está atualmente organizado para atender à saúde materno-infantil e não tem considerado o envelhecimento da população como um fator preponderante; como consequência do aumento do número de idosos, o número de doenças e/ou condições crônicas irão aumentar e requerer mais serviços sociais e médicos por mais tempo. E isso já faz parte da realidade do sistema, uma vez que a população idosa, que atualmente representa aproximadamente 9% da população, consome mais de 26% dos recursos de 37 internação hospitalar no SUS (LIMA-COSTA et al, 2000 apud BRASIL, 2006). Sem falar na carência de profissionais qualificados para o cuidado ao idoso, em todos os níveis de atenção cada vez mais notáveis (BRASIL, 2006). As Diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa determinam: promoção do envelhecimento ativo e saudável; atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; estímulo à participação e fortalecimento do controle social; formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; promoção de cooperação nacional e internacional dasexperiências na atenção à saúde da pessoa idosa; e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas (BRASIL, 2006, p. 7). O cuidado realizado às pessoas idosas necessita acontecer de maneira global, interdisciplinar e multidimensional, considerando a interação entre os fatores físicos, psicológicos e sociais que podem influenciar na saúde dos idosos, lembrando também da importância do ambiente no qual este idoso está inserido. A abordagem a esta clientela precisa ser flexível e adaptável às necessidades específica, bem como a identificação da rede de apoio e suas necessidades, entrando como parte da avaliação sistemática, com o intuito de prevenir e detectar precocemente o cansaço dos cuidadores. As intervenções devem objetivar a promoção da autonomia e independência do idoso, estimulando sempre o auto-cuidado. Acima de tudo é primordial que todo profissional deve procurar promover a qualidade de vida da pessoa idosa, quando chamado a atendê-la. É importante viver muito, mas é fundamental viver bem (BRASIL, 2006). 38 5 METODOLOGIA Nesta etapa descrevem-se os procedimentos metodológicos utilizados em função do tema, do problema e dos objetivos. Minayo (2007) cita que este é um momento no qual o investigador deve estar atento para que haja coerência nas colocações. 5.1 Tipo de estudo Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa. Um estudo é considerado exploratório quando tem a finalidade de esclarecer e proporcionar uma visão geral em dimensões mais ampliadas acerca de um determinado fato. Procura-se saber como este fato se manifesta, o que interfere no mesmo e como as variáveis se inter-relacionam (DYNIEWICZ, 2009). A pesquisa descritiva é uma classe da pesquisa não-experimental, esta tem como propósito observar, descrever, explorar, documentar e interpretar os aspectos de fatos e fenômenos (DYNIEWICZ, 2009; POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). A pesquisa qualitativa enfatiza a compreensão da experiência humana como é vivida, coletando e analisando materiais narrativos e subjetivos. A coleta de informações e sua análise progridem juntas. Os resultados da pesquisa qualitativa são frequentemente baseados nas experiências da vida real de pessoas com conhecimento do fenômeno (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). De acordo com Fontanella, Ricas; Turato (2008, p. 20): “A desnecessária representatividade estatística é um dos motivos pelos quais as amostras qualitativas são menores do que as necessárias nos estudos quantitativos”. 5.2 Local do estudo A pesquisa foi desenvolvida na Unidade de Emergência do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, vinculado a Universidade Federal de Santa 39 Catarina (UFSC). Trata-se de um hospital público, localizado no bairro Trindade, município de Florianópolis – Santa Catarina. O Serviço de Emergência Adulto localiza-se no térreo do referido hospital e atende em média, aproximadamente, 400 pacientes/ dia (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO, 2012), principalmente em situações de emergência/urgência, com idade superior a 14a11m29d provenientes da região da grande Florianópolis. Dispõe de 13 leitos para internação, entretanto, devido a lotação diária no hospital e principalmente na emergência, muitos usuários internados ou em observação se encontram acomodados em macas, situadas no corredor no total de 13, ou ainda em poltronas, na sala de medicação. Permanecem em média neste serviço 26 usuários internados/dia. A equipe é formada por 22 Enfermeiros sendo que destes seis são residentes de enfermagem, 51 profissionais de enfermagem do nível médio, cinco da zeladoria e um do setor administrativo, quatro bolsistas que atuam na escrituração, oito médicos staffs e residentes de medicina, das especialidades médica e cirúrgica. A unidade recebe estudantes de graduação e especialização em Medicina, graduação em Enfermagem, residentes de diversas áreas da saúde, bem como estudantes de Enfermagem de nível médio. Possui também nutricionista, psicóloga e assistente social. O serviço de emergência, assim como todas as unidades de internação do hospital, adota como metodologia assistencial de enfermagem o Processo de Enfermagem (PE) com base no referencial teórico das Necessidades Humanas Básicas (NHB) de Wanda de Aguiar Horta. 5.3 Sujeitos sociais participantes do estudo Cabe informar que de acordo com a metodologia de organização e análise de dados adotada neste estudo, os participantes devem ser nomeados como sujeitos sociais. Participaram como sujeitos sociais, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem que atuam na Emergência do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago. Utilizou-se como critério de inclusão, ser profissional de enfermagem, atuar na Unidade de Emergência, contexto deste estudo, no período 40 mínimo de seis meses, estar em exercício pleno das funções no período de coleta de dados e aceitar a gravação das informações. Do total de 73 profissionais de enfermagem, participaram 15, quantitativo que se deu com a saturação das informações. A amostragem por saturação é geralmente utilizada em relatórios de investigações qualitativas em diferentes áreas, principalmente no campo da Saúde. Seu uso estabelece o tamanho final de uma amostra detectando a desnecessária captação de mais componentes uma vez que as informações obtidas apresentam, na avaliação do pesquisador, certa redundância ou repetição (FONTANELLA, RICAS e TURATO, 2008). 5.4 Coleta dos Dados A coleta de dados ocorreu no mês de junho de 2013, após o consentimento da direção do Hospital e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC (anexo A), além do consentimento da Diretoria de Enfermagem do Hospital, da Chefia do Serviço de Emergência Adulto e após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos participantes (apêndice A). Como estratégia para a coleta de dados utilizou-se a entrevista semiestruturada (apêndice B). Esse tipo de entrevista é utilizado quando vários tópicos são contemplados na pesquisa e, é necessário que o sujeito social seja estimulado a falar livremente sobre todos os tópicos que constam do roteiro da entrevista (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). O convite para participação foi feito pessoalmente e de forma individual e na oportunidade os sujeitos sociais foram informados sobre os objetivos e a participação no estudo. Os dados foram coletados pelos autores deste trabalho. O roteiro de entrevista contemplou questões relativas à caracterização dos sujeitos sociais, ao conhecimento sobre o idoso, a percepção sobre o cuidado ao idoso no serviço de emergência e sugestões para melhorar o cuidado. As entrevistas foram realizadas em horário e local acordado entre os participantes e pesquisadores, tiveram a duração média de 20 minutos, foram gravadas após o consentimento e transcritas. 41 5.5 Organização, Análise e Interpretação dos Dados A organização, dos dados foi baseada no método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Trata-se de um método de organização e tabulação de dados qualitativos de natureza verbal, obtidos de depoimentos, artigos de jornal, cartas, papers e revistas especializadas (LEFEVRE; LEFREVE, 2006). O DSC corresponde a um discurso síntese, elaborado com recortes dos discursos de sentido semelhante utilizando-se a primeira pessoa do singular e visa expressar o pensamento de uma coletividade, como se esta fosse o emissor de um discurso, ou seja, é uma técnica de pesquisa qualitativa que une discursos de diversos sujeitos apresentando-os como partindo de apenas um sujeito (LEFEVRE; LEFREVE, 2006). Mas sendo esse pensamento coletivo, configura-se também como uma variável quantitativa, na medida em que tem de expressar as opiniões compartilhadas por um quantitativode indivíduos, que configuram a coletividade pesquisada (LEFEVRE; LEFEVRE, 2006). Segundo Lefreve; Lefreve (2006), a aplicação da técnica do DSC a um grande número de pesquisas empíricas no campo da saúde e também fora dele (banco de DSCs) tem demonstrado sua eficácia para o processamento e expressão das opiniões coletivas. Na construção/aplicação do discurso do sujeito coletivo, utiliza-se as expressões mais usadas e as ideias mais frequentes que surgem no discurso de cada sujeito entrevistado (LEFEVRE; LEFEVRE, 2006). Quatro figuras metodológicas são propostas por Lefevre; Lefevre (2006) para estruturar o DSC, são elas: expressões chaves (ECHs), ideias centrais (ICs), a ancoragem (AC) e o DSC propriamente dito (LEFEVRE & LEFEVRE, 2006) e descritas a seguir: As ECHs são frases, trechos de fala ou escrita que realçam e destacam a essência do conteúdo dos discursos apresentados em torno de uma ideia central. A IC é expressão que descreve de maneira mais sucinta e precisa possível o sentido e tema do conjunto de ECHs, dando origem assim ao DSC. As ICs não são 42 interpretações, mas sim, descrições de um depoimento ou grupo de depoimentos, o que sugere a possibilidades de um mesmo discurso apresentar mais de uma IC. A AC é a base do depoimento. É o fundamento utilizado pelo sujeito para elaborar seu discurso, que pode ser uma expressão teórica, uma ideologia ou crença. O DSC é o resultado do emprego das figuras metodológicas anteriormente apresentadas. É um discurso síntese, redigido na primeira pessoa do singular, estruturado pelas ECH que tem a mesma IC ou AC; soma de pedaços isolados do discurso que forma um todo discursivo coerente. Neste estudo utilizaram-se três figuras metodológicas: ECH, IC e DSC. A seguir será apresentado como se deu o processo de organização dos dados de acordo com a metodologia do DSC. Primeiro Passo: agrupou-se todas as respostas referentes a cada tópico do roteiro da entrevista; Segundo Passo: destacou-se em itálico as expressões chaves (ECHs) dos agrupamentos das respostas/discursos individuais, relacionadas a cada tópico; Terceiro Passo: agrupou-se as ECHs referentes a cada tópico e identificou-se a Idéia Central (IC), extraída do conjunto das ECHs. Quarto Passo: consistiu da construção do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Essa construção constituiu-se das ECHs de mesmo sentido, sendo que para cada DSC e IC correspondente foi anunciado um tema correspondente ao conjunto de IC de um único DSC . A análise e interpretação dos dados tiveram como base a literatura referente aos temas e IC que emergiram nos discursos. 5.6 Aspectos Éticos As questões éticas permearam todas as etapas do processo dessa investigação em conformidade com os princípios contidos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996) e pelos princípios do Código de Ética Profissional de Enfermagem (BRASIL, 2000). 43 A coleta dos dados foi realizada após a assinatura do TCLE sem que tenha sido utilizado qualquer tipo de coação. Foi garantido aos envolvidos o direito de participar ou não da pesquisa, bem como possível desistência em qualquer momento do estudo, sem qualquer prejuízo aos participantes. Visando preservar o anonimato dos participantes adotou-se para a identificação das entrevistas, a letra E seguido de uma ordem numérica (E1, E2...E15). Ao término da pesquisa (saída do campo) os acadêmicos apresentaram os resultados para os profissionais da emergência e entregaram uma cópia do relatório para o Centro de Educação e Pesquisa em Enfermagem (CEPEN) da Instituição. 44 6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo, apresentam-se inicialmente os resultados do estudo e em seguida os resultados com as discussões. Optou-se por essa forma de apresentação para que o leitor tenha o conhecimento na íntegra dos dados coletados uma vez que somente serão discutidos alguns dados, que serão apresentados na forma de artigo mais adiante. Os dados extraídos das entrevistas deram origem a quatro categorias: o processo de envelhecimento; os direitos do idoso; fragilidades no cuidado ao idoso e sugestões para melhorar o cuidado ao idoso. Os temas com as ICs, ECHs e os DSC correspondentes seguem abaixo: Categoria 1: O processo de envelhecimento IC1: Um processo natural de mudanças físicas e fisiológicas ECHs: “É um processo natural, porém, que passa por certas dificuldades [...] começa a perder algumas coisas, dificuldade pra locomoção, dificuldade de enxergar, ter que se adaptar a uma vida diferente por conta desse processo biológico”. (E2) “Percebo que a pessoa está envelhecendo por características como cabelos, pele, coisas assim, o jeito de andar e as próprias patologias que também vão acometendo”. (E4) “[...] começa a ter algumas dificuldades”. (E6) “O processo de envelhecimento eu vejo como um processo natural da vida que vai trazendo alguns prejuízos físicos [...] envelhecimento das células que pode causar fragilidades musculares, ósseas e outras”. (E7) “[...] é um período da vida que vai tendo muitas mudanças, principalmente no corpo”. (E9) “[...] tem o envelhecimento não só físico, mas também fisiológico”. (E10) “[...] com o passar dos anos ele vai ficando mais debilitado, aí fica mais depressivo, menos comunicativo, dificuldade para se alimentar, para deambular”. (E12) DSC1: “Vejo o envelhecimento como uma fase natural da vida em que a pessoa passa a sofrer alguns prejuízos, tanto físicos 45 e fisiológicos quanto mentais. Com o passar dos anos ele vai ficando mais debilitado, aí fica mais depressivo, menos comunicativo. É um período da vida em que ocorrem muitas mudanças, principalmente no corpo, como dificuldade de locomoção, de audição e de visão. Uma pessoa idosa, na maioria das vezes, apresenta mudanças na coloração do cabelo e no aspecto da pele, fragilidade muscular e óssea, muda o jeito de andar e começam a aparecer as doenças. Ser idoso é ter que se adaptar a uma vida diferente”. (E2, E4, E6, E7, E9, E10, E12) IC2: Atitudes frente ao envelhecimento ECHs: “Algumas pessoas assumem sua situação de idoso e muitas vezes a gente vê que essa situação é positiva, que a pessoa fica mais tranquila, só que algumas outras não assumem esse papel [...] o idoso se sente um pouco mais depressivo, ele não aceita que antes ele conseguia fazer algumas atividades e hoje não mais”. (E6) “Vejo que psicologicamente vai depender da pessoa, como ela vive a vida dela”. (E7) “[...] acredito que deva ser difícil, a pessoa entender que está iniciando aquele processo, a aceitação de que está envelhecendo e vendo que começa a ter uma função diferente naquela sociedade, na família, acredito que deva ser um pouco complicado”. (E9) “Para muitos é o fim da vida, para outros é mais uma fase da vida. [...] nem sempre é para se tornar pior, mas envelhecendo, questão de que às vezes fica mais lento, mas também vai adquirindo conhecimento pelo tempo”. (E10) DSC2: “Algumas pessoas assumem sua situação de idoso e muitas vezes a gente vê que essa situação é positiva, só que algumas outras não assumem daí o idoso se sente um pouco mais depressivo, ele não aceita que antes ele conseguia fazer algumas atividades e hoje não mais. Vejo que isso depende de cada pessoa, como ela vive a vida. Acredito que deve ser 46 difícil, a pessoa entender que está iniciando o processo de envelhecimento, a aceitação de que se está envelhecendo e vendo que começa a ter uma função diferente naquela sociedade, na família, deve ser um pouco complicado. Para muitos é o fim da vida, para outros é mais uma fase da vida. Envelhecer nem sempre é pra se tornar pior, às vezes fica mais lento, mas também vai adquirindo conhecimento pelo tempo, mais experiência”. (E6, E7, E9, E10) IC3: A complexidadedo envelhecimento ECHs: “O processo de envelhecimento, para mim, é uma coisa bem complexa”. (E1) “Eu penso que o processo de envelhecimento é o momento mais complicado e mais difícil na vida de uma pessoa, por tudo que afeta psicológico, físico, intelectual, parte motora... [...] Parece que assim é a lei da vida, é criança, adolescente, adulto, a idade que eu estou hoje [...] pensava que ele sabe que vai morrer; não, engano, ele não está preparado para morre. [...] Então o psicológico do idoso é a parte mais afetada”. (E11) “Eu vejo a vida como um ciclo e o envelhecimento para mim é o final do ciclo”. (E12) “A gente passa por uma evolução ao longo da vida, e o idoso já está no final desse ciclo”. (E14) DSC3: “O processo de envelhecimento, para mim, é uma coisa bem complexa. O idoso é uma pessoa com uma debilidade maior. Eu penso que o processo de envelhecimento é o momento mais complicado e mais difícil na vida de uma pessoa, porque afeta o psicológico, físico e intelectual. Parece que assim é a lei da vida, criança, adolescente, adulto, eu vejo a vida como um ciclo, e o envelhecimento para mim é o final do ciclo. Eu pensava que ele sabe que vai morrer; não, engano, ele não está preparado para morrer. Então o psicológico do idoso é a parte mais afetada”. (E1, E11, E12 , E14) 47 Categoria 2: Políticas Públicas voltadas para o idoso IC1: Conhecimento superficial sobre o Estatuto do Idoso ECHs: “Conheço o estatuto, já dei uma lida bem boa nele e a gente não atende muita coisa que deveria ser cumprida”. (E1) “É dever da família cuidar do idoso, dever do estado, da comunidade, prestar assistência, tem direito a prioridade, eles tem estacionamento, no caixa do supermercado”. (E2) “[...] é o direito aos cuidados integrais de saúde, bem estar e tal”. (E5) “Acima de 65 anos, tem direito a acompanhante”. (E9) “Já dei uma olhada no Estatuto do Idoso porque cai em concurso, mas não vejo aquela questão da integralidade do cuidado”. (E12) “Ele protege, dá respaldo para os idosos, até mesmo aqui no acolhimento eles têm prioridade de atendimento”. (E15) DSC1: “Conheço o estatuto, já dei uma lida bem boa nele porque cai em concurso, ele protege, dá respaldo para os idosos, até mesmo aqui no acolhimento eles têm prioridade de atendimento. O estatuto aborda várias coisas, como é dever da família cuidar do idoso, dever do estado, da comunidade, prestar assistência, o idoso tem direito a prioridade no estacionamento, no caixa do supermercado. Acima de 65 anos, tem direito a acompanhante. Porém a gente não atende muita coisa que deveria ser cumprida, como a questão da integralidade do cuidado”. (E1, E2, E5, E9, E12, E15) IC2: Pouco conhecimento a respeito da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa ECHs: “A gente ouve muito falar”. (E3) 48 “A gente acaba tendo essa visão de mais de dentro do hospital, que ele tem direito a sempre estar acompanhado”. (E6) “Sei é que ele tem preferências”. (E8) “Ele tem preferência no atendimento, começando pela classificação de risco”. (E8) “Aqui na emergência, sei que eles são classificados direto no amarelo, por serem idosos; tem direito a acompanhante”. (E10) “Eu sei que o idoso sempre vai ter o direito dele garantido no papel, nem sempre a realidade deles é real do que está escrito no papel [...] Entre a realidade e a política tem coisas muito distantes [...] a política não satisfaz totalmente o que o idoso precisa”. (E11) “Sei que eles têm um direito diferenciado [...] que eles têm direito a ter prioridade no atendimento, que existem programas específicos para eles, eles entram na campanha de vacinação”. (E14) DSC2: “A gente ouve muito falar e acaba tendo uma visão dessa Política mais dentro do hospital, que o idoso tem direito a sempre estar acompanhado. Sei é que ele tem preferências, têm direitos diferenciados, existem programas específicos para eles, eles entram na campanha de vacinação, enfim. Aqui na emergência, na classificação de risco eles são classificados direto no amarelo, por serem idosos. Porém, o idoso sempre vai ter o direito dele no papel, nem sempre garantido na realidade. Entre a realidade e a política tem muita distância. Penso que a política não satisfaz totalmente o que o idoso precisa”. (E3, E6, E8, E10, E11, E14) Categoria 3: Fragilidades no cuidado ao idoso IC1: Quantitativo insuficiente de pessoal ECHs: “[...] necessidade de pessoal [...] às vezes a gente tem oito, dez acamados, então, isso teoricamente se torna um paciente totalmente dependente”. (E5) “[...] tem uma sobrecarga bem grande de trabalho”. (E8) 49 “[...] Muitas vezes a falta de pessoal que daí já dificulta pra ti dar uma atenção maior, quando falta pessoal, dificulta”. (E9) “A gente percebe é que aumenta o número de internações de idosos”. (E10) “Às vezes há falta de profissionais e tudo prejudica, por ser mais corrido, a atenção a eles, se não tem um acompanhante, fica mais fragilizado o atendimento ao idoso”. (E13) “É uma tendência de ser acamado, dependente”. (E14) “[...] porque eles exigem um pouquinho mais de atenção”. (E15) “E acaba que a maioria dos idosos são debilitados, então acaba aumentando o serviço pelo fato de ser banho no leito, de mais troca de fraldas, nesse sentido assim, que sobrecarrega muito mais a nossa instituição, a nossa unidade”. (E15) DSC1: “Existe falta de pessoal para atender a demanda de pacientes idosos. Há um aumento do número de internações de idosos e é uma tendência de idoso ser debilitado, acamado e dependente, alguns necessitam que o banho seja no leito, troca de fralda, mudanças de decúbito. Isso tudo exige um pouco mais de atenção. A falta de funcionários faz com que alguns cuidados não sejam feitos. Se não tem um acompanhante, fica mais fragilizado o atendimento ao idoso. Existe uma sobrecarga bem grande de trabalho nessa unidade”. (E5, E8, E9, E10, E13, E14, E15) IC2: Ambiente inadequado para o atendimento ao idoso ECHs: “Eu acho que a emergência, ela não tomou uma postura ainda do quê que ela é”. (E1) “Os idosos não deveriam ser acolhidos, internados na emergência e são”. (E4) “Não tem um banheiro, ele vive entupido ou todo molhado que ele pode cair [...] aqui dentro da emergência não é um ambiente propício para o cuidado dele”. (E6) “Então o cuidado de enfermagem está deficiente em estrutura física, que acaba prejudicando a nossa assistência [...] está faltando estrutura física para o atendimento ao idoso”. (E8) 50 “É a falta de estrutura que prejudica [...] a nossa estrutura mesmo que atrapalha no cuidado”. (E9) “[...] falta de espaço, falta de estrutura pra atender todo mundo, mas o idoso acaba sendo mais prejudicado até pela limitação dele [...] as nossas condições não são tão boas pra eles, por exemplo, as macas que nem sempre são adequadas, como não tem piramidal numa maca [...] muitas vezes são altas demais, a gente não consegue baixar, não tem uma grade segura”. (E10) “[...] nem sempre tu vais conseguir dar um banho de leito numa maca [...] fazer uma mudança de decúbito numa maca, nem pensar, ele vai ficar sempre em dorsal. Na maca, enquanto estiver no corredor, não tem privacidade nenhuma [...] o cuidado no corredor, não porque a gente não quer, mas peca muito porque falta de condições [...] nem todas as macas erguem totalmente, alguns precisam manter um decúbito mais elevado por causa da falta de ar. Nem todas têm a lateral funcionando [...] não tem conforto nenhum no corredor”. (E11) “[...] o paciente fica aqui numa maca e tu não tens condições de fazer os cuidados de higiene e conforto nele, não tem como realizar mudança de decúbito [...] as macas são altas [...] às vezes é uma independência que ele tem em casa e que quando ele chega aqui ele perde e não recupera mais.” (E12) “[...] o ambiente para o idoso não é próprio”. (E13) “[...] estruturafísica às vezes fica um pouco a desejar [...] às vezes não é uma maca confortável, às vezes é um paciente acamado já há muito tempo com úlcera, que tem risco de queda [...]”. (E14) DSC2: “A emergência não tomou uma postura ainda do quê que ela é. Os idosos não deveriam ser acolhidos, internados na emergência e são. O ambiente para o idoso não é próprio. A estrutura física acaba prejudicando a nossa assistência. Falta espaço físico mais adequado. A gente tenta priorizar dentro da nossa rotina, dentro das nossas necessidades e da nossa estrutura o melhor pra ele, mas o idoso acaba sendo mais prejudicado pela limitação dele. O cuidado prestado no corredor não é adequado. Às vezes não é uma maca 51 confortável, não tem colchão piramidal, na maioria são altas demais com risco de queda, nem todas erguem totalmente, não tem uma grade segura, nem sempre se consegue dar um banho de leito numa maca, não tem condições de fazer os cuidados de higiene e conforto, nem pensar em fazer uma mudança de decúbito numa maca, além do que enquanto o paciente estiver no corredor o paciente não terá privacidade e conforto algum. Os banheiros também não são adequados para atender o idoso: vivem entupidos ou molhados e há um risco de queda. Tudo isso acaba dificultando a independência dele, que às vezes ele tinha em casa e que quando chega aqui ele perde”. (E1, E4, E6, E8, E9, E10, E11, E12, E13, E14) Categoria 4: Sugestões para melhorar o cuidado ao idoso IC1: Melhorar o ambiente ECHs: “[...] com macas adaptadas, com leitos depois bem adaptados pra eles [...] a gente precisa ter uma área pra assistir televisão pra ele dar uma oxigenada, uma espairecida”. (E1) “[...] levar um idoso para o banheiro numa cadeira de rodas, é difícil de entrar, não tem barra de apoio, não tem barra lateral como tem que ser adaptado pra idoso, barra lateral pra sentar, lugar pra sentar pra tomar banho”. (E2) “[...] falta um pouco na emergência é espaço físico mais adequado [...] questão de banheiro, quem não consegue deambular sozinho, para estar auxiliando, não tem nada pra auxiliar na parede, o corrimão. O banheiro é muito ruim, pra entrar com uma cadeira no banheiro”. (E3) “Maior quantidade de O²”. (E4) “Os banheiros também não são adequados para atender o idoso, não tem barra de segurança, não tem espaço se tu quer entrar com ele numa cadeira de rodas. As condições físicas são bem precárias. Não tem uma barra pra que ele possa ir no 52 banheiro, ter sua independência dentro do possível dele. Melhorar a estrutura física, melhorar as macas, melhorar o banheiro”. (E10) “[...] não tem é aquelas barras de segurança no banheiro”. (E11) “Uma sugestão mais em relação ao ambiente, que é o principal que tem que ser visto agora”. (E13) “Melhorar o ambiente, parte física aqui do hospital, banheiro com mais fácil acesso”. (E14) DSC1: “Penso que o principal que tem que ser visto agora é o ambiente. É preciso melhorar a estrutura física, com macas e leitos adaptados, presença de corrimão nas paredes, banheiro com mais fácil acesso, porque é difícil entrar com cadeira de roda, com barra de apoio, pois muitos deles precisam de segurança para ficar em pé, lugar para sentar na hora do banho, que seja adaptado da melhor forma para o idoso. É importante que tenha maior quantidade de saída de O², uma área para assistir televisão, para que o idoso possa dar uma oxigenada, uma espairecida As condições físicas aqui são bem precárias, a estrutura não ajuda, é preciso que haja espaço físico mais adequado”. (E1, E2, E3, E4, E10, E11, E13, E14) IC2: Agilidade no atendimento e encaminhamento do idoso ECHs: “[...] emergência não é pra ficar um idoso aqui muito tempo [...] a emergência é muita correria, muita “muvuca”, fica mais tumultuado assim. Eu acho que isso deveria ser agilizado. Muitos ficam até como se isso fosse uma casa de repouso”. (E3) “O ideal mesmo seria que o idoso fosse atendido aqui apenas na situação de urgência [...] esse lugar não é um lugar pra idoso. O atendimento de urgência tem que ser feito aqui, deve ser feito, aqui é o local adequado, só que depois disso ele tem que ser retirado daqui”. (E6) “[...] numa emergência que teoricamente seria o primeiro atendimento”. (E8) 53 “[...] agilidade no processo, não é de retirada, é de encaminhamento desse paciente e de resolução desse paciente”. (E11) “Eu acho que teria que partir da medicina, em ver a alta precoce; da avaliação melhor dos exames; da referência e contra-referência com unidade de saúde [...] orientação com o familiar, da importância de levar o seu familiar para casa, de manter o cuidado dele em casa porque é o ambiente que ele está acostumado [...] é difícil para a família manter o familiar nesses cuidados de paciente dependente, mas emergência também não é o lugar”. (E12) DSC2: Emergência não é pra ficar um idoso aqui muito tempo, teoricamente seria o primeiro atendimento, então deveria ser mais rápido, a emergência é muita correria. Eu acho que isso deveria ser agilizado. Muitos ficam até como se isso fosse uma casa de repouso. O ideal mesmo seria que o idoso fosse atendido aqui apenas na situação de urgência, atendimento de urgência tem que ser feito aqui, deve ser feito, aqui é o local adequado, só que depois disso ele tem que ser retirado daqui. Teria que partir da medicina, em ver a alta precoce; da avaliação melhor dos exames; da referência e contra- referência com unidade de saúde, agilidade no processo, não é de retirada, é de encaminhamento desse paciente e de resolução. A questão de orientação com o familiar, da importância de levar o seu familiar para casa, de manter o cuidado dele em casa porque é o ambiente que ele está acostumado, é difícil para a família manter o familiar nesses cuidados de paciente dependente, mas emergência também não é o lugar. (E3, E6, E8, E11, E12) IC3: Atendimento humanizado ECHs: “Eu acho que o idoso merece um pouco mais de respeito”. (E1) 54 “Com certeza, da melhor forma possível. Com funcionários educados, com funcionários que saibam, que tenham preparo pra isso”. (E2) “Com paciência, com muito carinho, atenção e com respeito”. (E3) “Sempre chamando pelo nome [...] ser tratado como pessoa e não como objeto”. (E4) “Com respeito, com educação”. (E5) “Com todo respeito e valendo os meus direitos, de um acompanhante comigo, não só os direitos, mas o respeito em si, de me proteger, de cuidar da melhor forma possível [...] ser chamado pelo nome, e não chamar de vô e de vó”. (E6) “[...] atendido com paciência, com boa vontade, ser bem atendido [...] com certeza ser atendida com atenção, com respeito”. (E9) “Consideração, respeito, atenção, realmente que eu fosse cuidada”. (E11) “[...] tivesse paciência comigo [...] cuidado para puncionar, não ficasse me picando um monte, porque ninguém gosta disso. Não ficasse machucando na hora de tirar o curativo, cuidar, porque a pele é mais frágil, então cuidar na hora de tirar o curativo, fazer um curativo, fazer uma punção, ser mais delicado. Na hora do banho, não expor”. (E13) “Acho que com respeito, em primeiro lugar; devida atenção [...] sem tanta demora no atendimento, porque quem é idoso, por tem essas limitações e fragilidades é difícil ficar esperando [...] com respeito e máximo de agilidade que alguém conseguisse me atender”. (E14) “Queria que fosse uma pessoa atenciosa, que fosse calma, que me ouvisse, que tivesse paciência, porque a gente vai ficando mais lento com a idade”. (E15) DSC3: “Com certeza, da melhor forma possível. Ser atendido com boa vontade, por funcionários educados e preparados para atender o idoso, sabendo das suas dificuldades, que me ouvissem, que tivessem paciência porque a gente vai ficando mais lento com a idade, me tratassem com carinho, com respeito, com consideração e atenção. Ser tratado como pessoae não como objeto ser chamado pelo nome, não de vó ou vô. Queria que tivesse cuidado na hora de puncionar, não ficasse me picando um monte, porque ninguém gosta disso. 55 Não ficasse machucando na hora de tirar o curativo, cuidar, porque a pele é mais frágil e, na hora do banho não me expor. Queria que fizesse valer os meus direitos, que eu realmente fosse cuidado, com o máximo de agilidade que alguém conseguisse me atender. Porque o idoso merece um pouco mais de respeito. (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E9, E11, E13, E14, E15). 56 7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Esse capítulo será apresentado no formato de artigo, conforme disposto no Guia para Diagramação de Trabalhos Acadêmicos, da UFSC. Faz-se necessário lembrar que se utilizou apenas parte dos resultados apresentados no capítulo anterior para a confecção do artigo. Justifica-se esse fato pela quantidade de dados coletados e o tempo estipulado para a entrega do TCC. O artigo será apresentado de acordo com as instruções aos autores do periódico previamente escolhido, com algumas adaptações necessárias para atender as normas de apresentação gráfica dos resultados de um TCC da UFSC. Artigo: “Fragilidades no cuidado ao idoso em uma emergência hospitalar e estratégias para melhorar o atendimento”. Este artigo é referente ao quarto objetivo específico do TCC e contemplou as Categorias 3 e 4 encontrados nos resultados. Fragilidades no cuidado ao idoso em uma emergência hospitalar e estratégias para melhorar o atendimento. RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar a percepção dos profissionais de enfermagem de uma emergência hospitalar sobre o cuidado ao idoso, bem como conhecer suas sugestões para melhorar o atendimento. Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa, realizada na emergência de um hospital geral em Santa Catarina, com 15 profissionais de enfermagem. Os dados foram coletados no mês de junho de 2013, mediante entrevista semiestruturada. A organização e análise foram feitas com base no método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Dos dados analisados surgiram quatro DSC: estrutura física inadequada para o idoso; quantitativo insuficiente de pessoal; melhorar a estrutura física; agilidade no atendimento e no encaminhamento do idoso. Os resultados apontam que unidade de emergência apresenta condições estruturais desfavoráveis para a independência do idoso e para o atendimento a essa clientela e o quantitativo de profissionais de enfermagem está aquém do necessário para uma assistência adequada. Os participantes apontam como sugestões o menor tempo de permanência do idoso na Unidade, melhorar a estrutura física e o quantitativo de profissionais para o atendimento. Palavras-Chave: Emergência; Enfermagem geriátrica; Envelhecimento; Idoso. 57 INTRODUÇÃO Como consequência dos progressos da ciência e o avanço das condições sanitárias a população mundial vêm acompanhando o seu envelhecimento, mais intenso nos últimos anos (PROCHET; SILVA, 2008). Fenômeno este conhecido como transição demográfica, uma mudança nos índices de mortalidade e natalidade elevados, onde populações com predominância jovem diminuem seus índices ocorrendo um aumento da proporção de pessoas idosas, sendo que no Brasil, essa transição, assim como nos demais países em desenvolvimento, vem ocorrendo muito mais drasticamente do que nos países já desenvolvidos (MOIMAZ et al, 2009). Os altos índices de envelhecimento da população brasileira é uma resposta ao aumento da expectativa de vida, ocasionada pelos avanços da saúde, bem como à redução da taxa de natalidade. As mudanças dramáticas nas estruturas e nos papéis da família, assim como nos padrões de trabalho e na migração também proporcionaram um impacto na pirâmide demográfica do país (PORTAL DO ENVELHECIMENTO, 2010). De acordo com Freitas et al (2006), devido o aumento da longevidade, aumentou a procura de idosos aos serviços de emergência. O idoso na unidade de emergência corresponde de 12% a 21% de todos os atendimentos e, esse número tende a aumentar. Esta clientela procura com mais assiduidade esse serviço, na maioria das situações com alto nível de urgência no atendimento e com grande possibilidade de retorno ao setor. Necessitam frequentemente de maior tempo de permanência na unidade e com grandes chances de internação hospitalar, além de muitas vezes evoluírem desfavoravelmente o quadro clínico (FREITAS et al, 2006). O envelhecimento traz maior fragilidade e como resultado diversas patologias, tanto de ordem física quanto psíquica; e a sociedade não se mostra capaz de dar uma resposta apropriada aos inúmeros problemas que surgem (SEQUEIRA, 2007). A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa expõe que o sistema de saúde brasileiro está atualmente sistematizado para atender à saúde materno-infantil e não tem julgado o envelhecimento populacional como um elemento importante, mesmo que 58 a consequência do aumento do número de idosos é que eventualmente estes apresentarão um maior número de doenças e/ou condições crônicas que requerem mais serviços sociais e médicos e por mais tempo (FIRMO et al, 2003 apud BRASIL, 2006). Ressaltando que a saúde do idoso é umas das prioridades no Pacto pela Vida, onde ineditamente na história das políticas públicas no Brasil, é apresentada a preocupação com a saúde da população idosa brasileira. Sendo este um documento que é um compromisso assumido entre os gestores do SUS, visto as prioridades que de fato apresentam impacto sobre a situação de saúde no Brasil, como é o caso da atenção a saúde do idoso, que se transformou em um dos focos preferenciais do Pacto Pela Vida devido as taxas demográficas do país (BRASIL, 2010). Diante disso, e entendendo que a procura por idosos aos serviços de emergência é um fato constante e crescente, e que estes possuem necessidades específicas diante de suas condições físicas, psicológicas e sociais, sentiu-se a necessidade de realizar uma pesquisa para responder ao seguinte questionamento: Como os profissionais de enfermagem de um serviço de emergência hospitalar percebem o cuidado prestado ao idoso e o que sugerem para melhorar o atendimento? Para responder esses questionamentos os objetivos foram: conhecer a percepção dos profissionais de enfermagem de um serviço de emergência sobre os cuidados ao idoso e suas sugestões para melhoria destes. METODOLOGIA Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa desenvolvido na unidade de emergência adulto de um hospital geral e público situado na região sul do Brasil. Trata-se de um hospital com 270 leitos, referência no atendimento ao idoso. São atendidos na emergência uma média de 400 pacientes/ dia (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO, 2012). Participaram desta pesquisa 15 profissionais de enfermagem atuam na emergência do referido hospital. Esse quantitativo se deu com a saturação dos dados. 59 Adotou-se como critérios de inclusão dos participantes ser profissional de enfermagem, atuar na Unidade de Emergência, contexto deste estudo, no mínimo há seis meses, estar em exercício pleno das funções no período de coleta de dados e aceitar a gravação das informações. A coleta de dados ocorreu no mês de junho de 2013, após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, (Parecer Nº 318.756/2013) e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos participantes, seguindo as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS, 1996). Para garantir o anonimato dos participantes esses foram identificados com a letra E (Entrevistado) seguido pelo número correspondente da entrevista, exemplo: E1, E2,...E15). Para a coleta de dadosfoi utilizada a entrevista semiestruturada. O roteiro de entrevista contemplou questões relativas a caracterização dos participantes, percepção sobre o cuidado ao idoso e sugestões para melhorar o cuidado . As entrevistas foram gravadas com o consentimento dos entrevistados e, em seguida, transcritas. Para o tratamento dos dados utilizou-se três das quatro figuras metodológicas do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC): Expressões Chaves (ECH), trechos extraídos dos discursos individuais que retratam a essência do conteúdo dos discursos; as Idéias Centrais (IC) são expressões que nomeiam, de maneira mais sintética possível o(s) sentido(s) presente(s) no conjunto homogêneo de ECHs, e o DSC que corresponde a um discurso síntese, elaborado com recortes dos discursos individuais e de sentido semelhante utilizando-se a primeira pessoa do singular. Nesse sentido, o DSC é composto por ECHs que têm a mesma IC (LEFEVRE e LEFEVRE, 2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto às características dos 15 profissionais que participaram do estudo seis são enfermeiros, oito técnicos de enfermagem e um auxiliar de enfermagem. Destes, 12 são mulheres. A idade variou de 25 a 41 anos, com um tempo de atuação nessa emergência de um a sete anos. Em relação à formação profissional, dos seis enfermeiros, cinco são especialistas (Terapia Intensiva; Emergência Pré-hospitalar; 60 Saúde Pública; Urgência, Emergência e APH; Administração Hospitalar) e, destes, dois também tem o título de mestre (Ciências da Saúde e Psicologia Aplicada). Dos nove profissionais de nível médio, um é graduado em enfermagem e possui especialização em Gestão em Saúde Pública. Os relatos deram origem a duas categorias, quatro IC e quatro DSC representados por DSC1, DSC2, DSC3 e DSC4. Categoria: Fragilidades no cuidado ao idoso IC: Ambiente inadequado para o atendimento ao idoso DSC 1: “A emergência não tomou uma postura ainda do que ela é. Os idosos não deveriam ser acolhidos, internados na emergência e são. O ambiente para o idoso não é próprio. A estrutura física acaba prejudicando a nossa assistência. Falta espaço físico mais adequado. A gente tenta priorizar dentro da nossa rotina, dentro das nossas necessidades e da nossa estrutura o melhor pra ele, mas o idoso acaba sendo mais prejudicado pela limitação dele. O cuidado prestado no corredor não é adequado. Às vezes não é uma maca confortável, não tem colchão piramidal, na maioria são altas demais com risco de queda, nem todas erguem totalmente, não tem uma grade segura, nem sempre se consegue dar um banho de leito numa maca, não tem condições de fazer os cuidados de higiene e conforto, nem pensar em fazer uma mudança de decúbito numa maca, além do que enquanto o paciente estiver no corredor o paciente não terá privacidade e conforto algum. Os banheiros também não são adequados para atender o idoso: vivem entupidos ou molhados e há um risco de queda. Tudo isso acaba dificultando a independência dele, que às vezes ele tinha em casa e que quando chega aqui ele perde”. (E1, E4, E6, E8, E9, E10, E11, E12, E13, E14) O DSC 1 retrata que a unidade de Emergência, contexto deste estudo, não possui ambiente adequado para o atendimento da pessoa idosa. Os profissionais citam aspectos que consideram negativos e que, por consequência, dificultam a assistência a 61 esse idoso. É demonstrado que a estrutura física inadequada pode ter como consequência uma dependência parcial ou total do idoso, pois sem os recursos físicos para auxiliar esse paciente a se locomover, por exemplo, acaba comprometendo o seu desempenho nas atividades do cotidiano, necessitando constantemente de auxílio da equipe de enfermagem. Conforme Coelho Filho (2000), a estruturação de serviços e de programas de saúde no Brasil tem sido voltada principalmente para problemas materno-infantis, cujas características são diferentes daquelas apresentadas pela população idosa. Desse modo, há necessidade de se reformular os serviços de saúde, a fim de atender a demanda do novo perfil epidemiológico do país. De acordo com Silva et al (2009), o idoso possui sua singularidade e especificidade, o que requer a necessidade de uma atenção especializada e diferenciada, como capacitações dos trabalhadores da enfermagem, por meio de programas específicos para o cuidado ao idoso. O cuidado do idoso para Coelho Filho (2000) é abrangente, inclui diferentes níveis de atenção e espaços institucionais, incluindo unidades de internamento, hospital-dia e centros para cuidado prolongado. No Estatuto do Idoso, no 48º artigo consta que as entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, observadas as normas de planejamento e execução emanadas do órgão competente da Política Nacional do Idoso. As entidades governamentais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, tendo essas que observar se está sendo cumprido os requisitos, como de oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança (BRASIL, 2003). Serbim; Gonçalves; Paskulin (2013) referem que enfermeiros e demais profissionais da saúde devem identificar os recursos utilizados pelos idosos a fim de planejar ações de cuidado. No contexto de atenção aos idosos em serviços de emergência hospitalar, deve-se estar atento para o perfil de saúde e socioeconômico dos idosos que utilizam esse serviço, quais são suas demandas de apoio e quem os mesmos poderão ter de referência quando necessitam de apoio. 62 Contempla ainda o Estatuto do Idoso, no 50º artigo algumas das obrigações das entidades de atendimento como: observar os direitos dos idosos; fornecer vestuário adequado se for instituição pública, e alimentação suficiente; oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade; oferecer atendimento personalizado; diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares; proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso; propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças; manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento; comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos familiares e manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica (BRASIL, 2003). Redante et al (2005), afirmam a importância de políticas e ações tanto para idosos dependentes quanto independentes, para tanto, deve-se ter uma preocupação com ambiente e assistência adequados a fim de que a evolução da dependência pode modificar-se ou até ser prevenida. Quanto a segurança/proteção, todo indivíduo deve estar livre de perigo,de lesão física, dano do sistema imunológico, deve ter preservação contra perdas e proteção a sua segurança. Esse cuidado deve ser acentuado na população idosa, uma vez que estes são mais vulneráveis a lesões físicas e imunológicas, devido à diminuição da reserva funcional, caracterizada pelo processo de envelhecimento que pode ser agravada e acelerada pela presença de múltiplas doenças crônico-degenerativas (GUEDES, 2009). No DSC 1 consta o perigo de quedas dos idosos. As quedas podem ser causadas por alterações fisiológicas do processo de envelhecimento, como: doenças, efeito de alguma medicação e o meio-ambiente inadequado às condições físicas dos idosos. Este incidente é causa crescente de lesões, custos de tratamentoe morte. O idoso ao possuir lesões na pele, possui uma maior gravidade do que em jovens, podendo gerar maior período de internação e reabilitação, imobilidade, incapacidades, dependência posterior e até mesmo a morte. O déficit visual e auditivo está relacionado 63 à dificuldade de enxergar os obstáculos e ouvir a aproximação de pessoas. No ambiente hospitalar, a queda representa fator negativo à qualidade de assistência, por isso, deve-se atentar para possibilidades de quedas em idosos desde sua admissão, utilizando medidas de prevenção de quedas, como: presença de corrimão, leitos apropriados, boa iluminação e, pisos antiderrapantes (GUEDES et al, 2009). Tomasini (2005) afirma que o planejamento do ambiente em função das necessidades dos usuários vem ganhando grande destaque na construção civil, principalmente quando se pensa em idoso, uma vez que o processo de envelhecimento modifica as relações do indivíduo com o seu ambiente. Lehr (1999) expõe que a partir do momento que há diminuição do preparo físico, o meio ambiente determina o comportamento dos indivíduos, esse pode contribuir para a dependência e a restrição do espaço de vida (o que levaria a uma diminuição do preparo físico e mental) ou pode ser favorável e adaptável, estimulando atividades e aumentando as competências existentes. IC : Quantitativo insuficiente de pessoal DSC 2: “Existe falta de pessoal para atender a demanda de pacientes idosos. Há um aumento do número de internações de idosos e é uma tendência de idoso ser debilitado, acamado e dependente, alguns necessitam que o banho seja no leito, troca de fralda, mudanças de decúbito. Isso tudo exige um pouco mais de atenção. A falta de funcionários faz com que alguns cuidados não sejam feitos. Se não tem um acompanhante, fica mais fragilizado o atendimento ao idoso. Existe uma sobrecarga bem grande de trabalho, nessa unidade”. (E5, E8, E9, E10, E13, E14, E15). No discurso, evidenciam-se basicamente quatro aspectos, levando-se em consideração o tema em questão. O primeiro aspecto é a insatisfação dos sujeitos sociais quanto ao quantitativo de profissionais de enfermagem disponíveis no setor para o cuidado ao idoso. Julga-se que quando ocorre falta de funcionários no setor, este deve ser administrado da melhor maneira possível, pelo enfermeiro, utilizando-se do 64 SCP (Sistema de Classificação de Pacientes). É importante que se registre que não estamos, com essa recomendação, nos posicionando a favor ou contra o que está apresentado no DSC quanto a insuficiência de profissionais de enfermagem para o cuidado ao idoso e sim analisando o que está posto. Segundo Brasil (2004), no artigo 4, consta que deve-se disponibilizar 9,4 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência semi-intensiva e ao cliente crônico com idade superior a 60 anos, sem acompanhante, classificado pelo SCP com demanda de assistência intermediária ou semi-intensiva deverá ser acrescido de 0,5 às horas de Enfermagem. Sendo que o artigo 6, da mesma resolução, apresenta que é atribuição do enfermeiro, registrar ausência ao serviço de profissionais de enfermagem e a classificação dos pacientes, conforme o SCP, subsidiando assim o quadro de funcionários da unidade (BRASIL, 2004). De acordo com Urbanetto et al (2012), a identificação do grau de dependência relacionado com o cuidado de enfermagem, utilizando-se do Sistema de Classificação de Pacientes (SCP) é de grande importância para o planejamento da assistência de enfermagem ao paciente e para o dimensionamento de recursos humanos. Considerando-se a dependência dos pacientes para a disposição dos profissionais no setor, estima-se que o cuidado de enfermagem possa acontecer de modo integral, pois quanto se direciona o quantitativo correto de profissionais para os fluxos existentes nos serviços facilita o atendimento, de forma benéfica tanto para os pacientes quanto para os profissionais. O segundo e o terceiro aspecto que merece ser ressaltado do DSC 2 é que os sujeitos sociais percebem que os pacientes idosos, geralmente, internam com um grau de dependência elevado e que isso dificulta o atendimento, levando em consideração que as internações de pessoas idosas têm tem aumentado e o quantitativo de profissionais se mantém. Ou seja, mais idosos internando e cada idoso, com grau elevado de dependência, gerando como consequência uma sobrecarga de atividades dos profissionais, comprometendo a realização dos cuidados. Nesse DSC também se verifica fortemente a ligação da imagem do idoso a um quadro clinico de dependência. Segundo Busto, Pinto e Marcon (2007), nossa sociedade vê a pessoa idosa como um ser humano decadente e dependente, que vive 65 à mercê de casas de repouso, hospitais e outras instituições. E que tal visão pode determinar uma prática de cuidado baseada no “fazer por”, retirando dos idosos o direito de exercer sua autonomia, contribuindo ainda mais para a perda da mesma. A dependência pode limitar o exercício da autonomia. Não significa que o idoso viverá dependente permanentemente, pois a dependência é um processo dinâmico, cuja evolução pode se modificar e até mesmo prevenir ou ser reduzida com um ambiente e uma rotina de cuidados adequados. Há casos em que o cuidador percebe toda pessoa idosa como sendo confusa, doente ou que não contribui em nada para a sociedade, tal pensamento prejudica o desenvolvimento de uma relação de cuidado. É preciso, então, que o profissional repense suas ideias, buscando eliminar preconceitos, bem como buscar conhecimento e entender os significados do cuidado aos idosos. É importante que cada profissional que atende pacientes idosos apresente competência, conhecimento das alterações do envelhecimento (BUSTO; PINTO; MARCON, 2007). O bem-estar na velhice, ou a saúde, num sentido mais amplo, passa a ser visto como o resultado do equilíbrio entre as várias dimensões da capacidade funcional do idoso, sem necessariamente significar a ausência de problemas em todas as dimensões. Assim, a classificação do grau de dependência dos idosos hospitalizados torna-se uma prioridade por possibilitar a previsão de vários aspectos relacionados ao processo de trabalho da assistência de enfermagem, principalmente no tocante à prescrição de cuidados individualizados à clientela (SALES; SANTOS, 2007). O quarto aspecto evidente no DSC 2, é que a presença de um acompanhante, durante a internação do idoso é de grande relevância, levando em conta o quanto um acompanhante pode auxiliar nos cuidados, como aparece na expressão “se não tem um acompanhante, fica mais fragilizado o atendimento ao idoso” . Percebe-se uma visão distorcida do papel da família no hospital ou seja os familiares são vistos como responsáveis também pelo cuidado ao seu familiar idoso mesmo estando esse em uma instituição de saúde, substituindo o papel do profissional como cuidador e não para transmitir segurança e conforto ao idoso com a sua presença. Lembrando que é assegurado no artigo 16 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741), que a pessoa idosa internada ou em observação tem o direito a um acompanhante, devendo o órgão de 66 saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral (BRASIL, 2003). Categoria: Sugestões para melhorar o cuidado ao idoso IC : Melhorar o ambiente DSC 3: “Penso que o principal que tem que ser visto agora é o ambiente. É preciso melhorar a estrutura física, com macas e leitos adaptados, presença de corrimão nas paredes, banheiro com mais fácil acesso, porque é difícil entrar com cadeira de roda, com barra de apoio, pois muitos deles precisam de segurança para ficar em pé, lugar para sentar na hora do banho, que seja adaptado da melhor forma para o idoso. É importante que tenha maior quantidade de saída de O², uma área para assistir televisão, para que o idoso possa dar uma oxigenada,uma espairecida As condições físicas aqui são bem precárias, a estrutura não ajuda, é preciso que haja espaço físico mais adequado”. (E1, E2, E3, E4, E10, E11, E13, E14) Percebe-se neste DSC que os agentes sociais mostram-se preocupados com a estrutura física da Emergência e apresentam sugestões para que esse ambiente se torne adequado a atender a pessoa idosa. Há um grande déficit de estudos brasileiros que avaliam o perfil dos idosos nas urgências e emergências. Na grande maioria das vezes, os estudos voltados para a saúde do idoso no Brasil visam a promoção da qualidade de vida deste indivíduo com ênfase na Atenção Básica e com menos abordagens aos pacientes idosos institucionalizados ou internados em ambientes hospitalares. Esse é um fator preocupante, uma vez que é crescente o número e a permanência desse grupo nas urgências e emergências. Dessa forma, é necessário que haja o desenvolvimento de pesquisas e estudos voltados ao atendimento dos idosos, com a finalidade de conhecer melhor esses usuários do Sistema de Saúde, bem como desenvolver práticas que melhorem a assistência prestada a esses pacientes (BIF, 2011). 67 De acordo com a autora supracitada, há pouca literatura específica quanto a estrutura física adequada para o idoso no ambiente hospitalar. Em 22 de Setembro de 1989 foi criada a Portaria nº. 810, com o objetivo de estabelecer normas e padrões para o funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento de idosos em todo o território nacional (BRASIL, 1989), entretanto, esta foi revogada pela Portaria nº 1.868/GM de 11 de Outubro de 2005 (BRASIL, 2005). Após a revogação da Portaria nº. 810 não houve a criação de outra lei tão específica que elaborasse normas e padrões para o funcionamento de ambiente hospitalares para o atendimento de idosos no Brasil. Houve a criação de resoluções e atualizações dessas que trataram de forma genérica as diversas instituições que a pessoa idosa utiliza, exemplo disso é a resolução da RDC 50 que não estabelece uma tipologia de edifícios de saúde, dessa forma, trata genericamente posto de saúde, centro de saúde, hospital, e outros como edifícios de estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), os quais devem se adequar as peculiaridades epidemiológicas, populacionais e geográficas da região que estão inseridos (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). IC: Agilidade no atendimento e encaminhamento do idoso DSC 4: A unidade de Emergência não é pra ficar um idoso aqui muito tempo, teoricamente seria o primeiro atendimento, então deveria ser mais rápido, a emergência é muita correria. Eu acho que isso deveria ser agilizado. Muitos ficam tanto tempo, como se a emergência fosse uma casa de repouso. O ideal mesmo seria que o idoso fosse atendido aqui apenas na situação de urgência, atendimento de urgência tem que ser feito aqui, deve ser feito, aqui é o local adequado, só que depois disso ele tem que ser retirado daqui. Teria que partir da medicina, em ver a alta precoce; avaliação melhor dos exames; ver a referência e contra- referência com unidade de saúde, agilidade no processo, não é de retirada, é de encaminhamento desse paciente e de resolução. A questão de orientação com o familiar, da importância de levar o seu familiar para 68 casa, de manter o cuidado dele em casa porque é o ambiente que ele está acostumado, é difícil para a família manter o familiar nesses cuidados de paciente dependente, mas emergência também não é o lugar. (E3, E6, E8, E11, E12). O DSC 4 denota que os profissionais avaliam o setor de emergência como local inapropriado para longa permanência de idosos e fazem uma critica ao atendimento, o qual deveria ser mais rápido e mais resolutivo, no sentido de que, ao estabilizar o paciente idoso de seu quadro clinico de emergência, o encaminhamento adequado logo deveria ser feito, garantindo o atendimento do idoso quer seja no setor de internação, casa de repouso, atendimento ambulatorial ou até mesmo juntamente com a unidade local de saúde próximo a residência do paciente, respeitando assim as diretrizes da referência e contra-referência. Conforme Sales; Santos (2007), a alta taxa de doenças crônico-degenerativas, sendo que muitas vezes, o idoso possui mais de uma dessas doenças, aliado a perda de sua autonomia para o auto cuidado são motivos responsáveis pela justificam a necessidade de maior permanência em ambiente hospitalar e pela perda de autonomia dos pacientes idosos. Muitas vezes, dentro do hospital, o grau de dependência é um indicador para definir a evolução do paciente, podendo subsidiar um atendimento diferenciado, o que poderá incluir a indicação de internação hospitalar de longa permanência, terapia ambulatorial ou assistência domiciliar. Segundo o que consta no ABC do Sistema Único de Saúde (1990), entende-se por sistema de referência e contra-referência o processo que busca garantir a assistência integral à saúde da população. Referência é o encaminhamento de um paciente atendido em um estabelecimento de saúde para outro estabelecimento de maior complexidade, que deverá ser realizado após a verificar-se a incapacidade resolutiva. O encaminhamento deve ser realizado com todas as informações necessárias ao atendimento do paciente e, através de agendamento prévio, deve-se garantir ao paciente, por meio de pré-agendamento, o atendimento na unidade para o qual foi encaminhado. 69 No que se refere a contra-referência é o ato de encaminhamento do paciente ao estabelecimento de origem após ter se resolvido o motivo que levaram o paciente a referência. A contra-referência também deve ser feita com o encaminhamento do paciente acompanhado pelas informações necessárias ao seguimento ou acompanhamento do paciente no estabelecimento de origem, onde juntamente com seus familiares, será atendido nas suas necessidades básicas de saúde. Para que este sistema funcione é de extrema importância que ocorra uma boa articulação entre as unidades local e regional, a começar por um estabelecimento do comando e coordenação únicos em cada nível, onde cada unidade dentro do sistema possua definição clara das suas atribuições, sempre de acordo com os princípios de regionalização e hierarquização (ABC DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, 1990). Outro aspecto presente nesse DSC é a participação dos familiares no cuidado a este idoso no seu ambiente domiciliar, a necessidade de orientação do familiar cuidador e a consciência de que o lar é o melhor lugar para se acolher o idoso. Para Camarano; Kanso (2010) apesar de a legislação brasileira estabelecer que o cuidado dos membros dependentes, neste caso o idoso, deva ser responsabilidade das famílias, atualmente isso vem se tornando uma raridade, graças a diminuição da fecundidade, da redução no número de casamentos e da crescente participação da mulher, tradicional cuidadora, no mercado de trabalho. Estes fatores acabam fazendo com que o Estado e o mercado privado tenham que dividir com a família as responsabilidades no cuidado com a população idosa. Frente a isso, surge uma alternativa de cuidados não-familiares existentes que seriam às instituições de longa permanência para idosos (ILPIs), podendo ser públicas ou privadas. Mas hoje a residência em instituições ainda não é uma prática comum na sociedade brasileira. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise da percepção dos profissionais de enfermagem acerca do cuidado ao idoso evidenciou que os mesmos reconhecem diversas fragilidades no atendimento ao idoso no serviço de emergência hospitalar, haja vista os relatos de que o quantitativo de profissionais de enfermagem é ineficaz e compromete o cuidado, bem como a estrutura 70 física não adaptada para a população idosa, dificulta as ações de enfermagem e limita a independência do idoso dentro de seus potenciais.Os resultados obtidos também denotam que os profissionais de enfermagem propõem sugestões para melhorar o cuidado ao idoso, porém algumas ações fogem das suas governabilidades, como a adaptação da estrutura física e o encaminhamento correto e ágil desse idoso após o quadro emergencial estar estabilizado. Com o estudo pode-se inferir que o crescimento da população idosa na realidade local não acompanha as condições estruturais desta emergência hospitalar em especial no que se refere ao ambiente físico necessário para atender a demanda e necessidades de pacientes idosos. REFERÊNCIAS ABC DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Documento elaborado por técnicos da União, dos Estados e dos Municípios, em discussão no Ministério da Saúde (versão de 18 de outubro de 1990), 1990. Disponível em: <http://www.fasi.edu.br/files/biblioteca/nut/ABC_sus.pdf> Acessado em: 24 de Junho de 2013. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução - RDC nº. 50, de 21 de fevereiro de 2002, 2002. BIF, Mônica Wusnieski. Os desafios no cuidado de enfermagem ao atendimento do idoso em urgência e emergência. 2011. 86 f. Monografia (Curso de Pós- graduação/Especialização em Assistência de Enfermagem em Urgência e Emergência) - Universidade do Extremo Sul Catarinense. Criciúma, 2011. BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. 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Aprova normas e os padrões para o funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento de idosos, a serem observados em todo o território nacional, 1989. BRASIL. Portaria nº. 1.868/GM, de 11 de Outubro de 2005. Revoga a Portaria nº 810/GM, de 22 de setembro de 1989, 2005. BUSTO, M. E. G. M.; PINTO, M. E. B.; MARCON, S. S. A dependência na velhice sob a ótica de cuidadores formais de idosos institucionalizados. Revista Eletrônica de Enfermagem, Maringá, v. 9, n. 3, set. 2007. CAMARANO, A. A.; KANSO, S. As instituições de longa permanência para idosos no Brasil. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 27, n. 1, p. 232-35, 2010. COELHO FILHO, J. M. Modelos de serviços hospitalares para casos agudos em idosos. Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 6, p. 666-71, 2000. FREITAS, E. V. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. GUEDES, H. M. et al. 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As emergências hospitalares já contam com alto número de idosos, que requerem mais tempo e dedicação por parte dos profissionais devido os altos graus de dependência. Portanto se percebeu a necessidade de abordar tal temática, podendo-se identificar o conhecimento e as fragilidades do atendimento ao idoso numa emergência hospitalar, para que o cuidado de enfermagem seja realizado sempre com excelência e segurança, com base na literatura e nas políticas públicas que garantem a atenção específica ao idoso. No que se refere ao conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre o envelhecimento, constatou-se que estes compreendem o envelhecimento como um processo fisiológico e natural, que pode estar associado ao estilo de vida de cada ser, mas também ficou explicito a interpretação que os mesmos fazem dessa etapa vida, sendo vista como a última, na sua maioria debilitante e complexa, onde alguns idosos aceitam suas condições e outros o fazem com mais relutância. Sobre as questões legais que permeiam os direitos e deveres do idoso, constatamos baixo ou nulo conhecimento por parte dos profissionais, que relataram terem tido pouco contato tanto com a Política Nacional de Saúde a Pessoa Idosa quanto com o Estatuto do Idoso. Ficou mais evidente o direito a acompanhante e preferência nos atendimentos. O cuidado ao idoso é percebido por suas fragilidades no serviço de emergência, onde os profissionais de enfermagem ressaltam os problemas com a estrutura física e a falta de pessoal, visto a dependência alta por parte dos idosos. Frente a estes problemas, surgiram sugestões, que visam auxiliar o atendimento, porém as ideias 74 apresentadas fogem da governabilidade dos próprios profissionais, onde é proposto a adaptação da estrutura física e o encaminhamento rápido e correto do idoso. Por fim quando os profissionais se colocamno lugar do paciente idoso internado num serviço de emergência é verificada a necessidade de um atendimento humanizado, onde eles vislumbrem a necessidade de se fazer valer os direitos específicos e de um cuidado realizado com paciência, respeito e dignidade. Chegando ao fim deste estudo faz-se necessário destacar a grande experiência adquirida na busca do conhecimento e da ampliação deste por meio da pesquisa de campo. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) possibilitou a compreensão de uma nova realidade da população mundial, onde a teoria ainda se encontra distante da realidade. Mas com as descobertas mostradas nos resultados muitas ações poderão se tornar efetivas. É necessário que a Enfermagem esteja preparada para atender um novo público, desafiando as dificuldades do dia-a-dia e criando soluções criativas que tornem o cuidado seguro e eficiente. Aponta-se como limitações deste estudo a não elaboração de um outro artigo com os demais DSC apresentados nos resultados do TCC, porém não discutidos com a literatura. Espera-se que os resultados encontrados neste estudo contribuam com subsídios para as mudanças que se fazem necessárias na emergência para o atendimento ao idoso e que estimulem outros estudantes e profissionais em especial da enfermagem, a também pesquisarem sobre esse tema ainda pouco explorado na realidade nacional. 75 REFERÊNCIAS ABC DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Documento elaborado por técnicos da União, dos Estados e dos Municípios, em discussão no Ministério da Saúde (versão de 18 de outubro de 1990), 1990. Disponível em: <http://www.fasi.edu.br/files/biblioteca/nut/ABC_sus.pdf> Acessado em: 24 jun 2013. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução - RDC nº. 50, de 21 de fevereiro de 2002, 2002. ALMEIDA, A. B. A.; AGUIAR, M. G. G. O cuidado do enfermeiro ao idoso hospitalizado: uma abordagem bioética. 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Lisboa, 2008. 80 APÊNDICE APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM CURSO DE GRADUAÇAO EM ENFERMAGEM TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Assinando este documento, eu, _____________________________________________________ estou dando meu consentimento para participar da pesquisa intitulada Conhecimento e percepção dos profissionais de enfermagem de uma emergência hospitalar acerca do cuidado ao idoso, conduzida pelos acadêmicos da 8ª Fase do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, Arno Germer Netto, Bruna Caroline de Souza e Djeisa Débora de Souza, orientados pela Professora Enfª Dra. Eliane Regina Pereira do Nascimento. Compreendo que participarei de uma pesquisa que irá focalizar o conhecimento e a percepção dos trabalhadores de enfermagem do Serviço de Emergência Adulto sobre o cuidado ao idoso. Estou ciente de que as informações que eu der poderão ser gravadas e transcritas, mas que o meu nome não aparecerá em qualquer registro e que serão utilizados nomes fictícios. Após a transcrição os pesquisadores entregarão uma cópia para aprovação do documento escrito que deverá ser por mim assinado. Estou ciente também de que caso não aceite a gravação da entrevista, esta poderá ser anotada pelo pesquisador que após o termino procederá a leitura para confirmação do que foi relatado ou ajustes que se fizerem necessários e assinatura. 81 Minha participação é voluntária e poderei me negar a participar da mesma, sem que isto acarrete em qualquer efeito negativo a mim. Também estou ciente de que poderei deixar de participar, em qualquer momento, se assim desejar ou de não responder algumas questões colocadas. Estou ciente de que os resultados dessa pesquisa serão do meu conhecimento, caso os solicite, e que os pesquisadores são as pessoas com quem devo entrar em contato, no caso de dúvidas sobre o estudo ou sobre o meu direito como participante. Ao assinar este termo estarei autorizando que as informações dadas também sejam utilizadas para divulgação desta pesquisa em publicações nacionais e internacionais. Caso concorde em participar, assinarei este documento, que terá duas vias, sendo que uma ficará com os pesquisadores e a outra, em meu poder. Quaisquer informações adicionais sobre a pesquisa, em qualquer momento, poderão ser obtidas através do telefone e/ou e-mail dos pesquisadores Arno Germer Netto (48) 96015283, arnogermernetto@hotmail.com; Bruna Caroline de Souza (47) 99690386, bruniikaa@hotmail.com; Djeisa Débora de Souza (48) 963319949, djeisa_s@hotmail.com; ou ainda, da Profª Dra. Eliane Regina Pereira do Nascimento (48) 9105-1202. Data: ____/____/____ ___________________________________ Assinatura do voluntário 82 APÊNDICE B – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS COM OS PROFISSIONAIS I-Caracterização dos Trabalhadores 1- Idade: ___________________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2- Profissão: ( ) Auxiliar de enfermagem ( ) Técnico de enfermagem ( ) Enfermeiro 3- Tempo de trabalho no Hospital: ( ) mais de 6 meses ( ) entre 1 a 5 anos ( )há mais de 5 anos 4- Tempo de trabalho nesta Emergência: ( ) entre 6 meses e 1 ano ( ) entre 1 a 5 anos ( ) há mais de 5 anos 5- Formação Profissional: ( ) especialização na área de ................... Concluído ( ) Em andamento ( ) ( ) mestrado em .................... Concluído ( ) Em andamento ( ) ( ) doutorado em .................... Concluído ( ) Em andamento ( ) 6- Você já trabalhou em outro Serviço de Emergência? ( ) Sim ( ) Não Tempo que atuou: ___________________ II- Conhecimento sobre o idoso. 7- Fale o que você sabe sobre o idoso e o processo de envelhecimento. 8- Fale o que você sabe sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. 9- Fale o que você sabe sobre o Estatuto do Idoso. 83 III- Percepção sobre o cuidado ao idoso 10- Como você vê o cuidado de enfermagem ao idoso neste serviço de emergência? a) Pontos positivos/potencialidades/fortalezas: b)Pontos negativos/dificuldades/fragilidades: 11- Aponte sugestões para melhorar o cuidado ao idoso. 12- Se você fosse idoso e hospitalizado, como gostaria de ser atendido? 84 ANEXOS ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA 85