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Direito Civil 2ª nota

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Direito Civil 2ª nota
Aula 1			29/10/14
Contrato de empréstimo
Comodato – é o empréstimo de coisas infungíveis (empréstimo de uso) – empréstimo gratuito de coisas não-fungíveis. Aperfeiçoa-se com a tradição do objeto, imóveis ou móveis. Pode ter prazo determinado ou indeterminado (o comodante deve notificar o comodatário para que restitua o bem no prazo que assinar, nos casos em que já decorreu o tempo necessário para o uso efetivo da coisa), não havendo restituição, além de pagar o aluguel fixado pelo comodante, configurar-se-á o esbulho a autorizar a propositura de ação de reintegração de posse. Para que o comodante possa reaver o bem não é o despejo, mas o interdito possessório. Não sendo determinado prazo, presume-se que o contrato deverá durar o tempo necessário e suficiente para o uso concedido.
São requisitos do comodato:
A gratuidade – não pode ser uma coisa consumível ou fungível, uma vez que deve ser devolvida a mesma coisa que foi emprestada;
Obs.: a única hipótese em que pode haver comodato de coisa consumível ou fungível é quando estas forem destinadas a ornamentação – comodatum ad pompam vel ostentationem.
A não-fungibilidade da coisa – exige-se também que a coisa seja inconsumível;
Comodato “ad pompam vel ostentationem” é uma espécie de comodato em que se pode verificar consumo e não somente o uso, que é uma característica do comodato = empréstimo de uso.
A tradição – efetiva entrega da coisa que se aperfeiçoa com a tradição. Com a transferência da posse direta para o comodatário, mantém-se com o comodante a propriedade do bem e a sua posse indireta.
A temporariedade – também é elemento estrutural do comodato. Até mesmo porque a entrega gratuita de um bem sem prazo para sua restituição caracterizaria doação – e não empréstimo. Dessa forma, só se configura o comodato com a condição de que a coisa emprestada seja devolvida. Enfim, o uso gratuito da coisa é temporário.
É, pois, inadmissível o comodato vitalício.
A teor do dispositivo no artigo 581 da Lei Civil, o prazo para a restituição da coisa pode ser determinado ou determinável – este último apelidado de comodato precário (No comodato precário, a constituição em mora do devedor exige a sua prévia notificação (judicial ou extrajudicial). É a mora ex persona. Somente após a sua interpelação é que estará caracterizado o esbulho, permitindo o uso da via possessória em juízo.
Esbulho - É o ato pelo qual o possuidor se vê privado da posse, violenta ou clandestinamente, e ainda por abuso de confiança. Todos aqueles que sofrem o esbulho na sua posse, podem ser restituídos por meio de desforço imediato ou ação de reintegração de posse. 
Havendo comodato com prazo certo, a não devolução do bem no prazo estimado importa automática caracterização de esbulho (por conta da privação da coisa imposta ao titular), autorizando a propositura de ação de reintegração de posse pelo comodante.
A toda evidência, a medida processual cabível para a retomada da coisa pelo comodante é a ação de reintegração de posse, e não a ação de despejo, que é típica do contrato locatício, ou a ação de busca e apreensão, cuja essência é cautelar e não satisfativa. A jurisprudência vem tolerando o ajuizamento de ação reivindicatória, quando o comodante for o legitimo proprietário do bem.
Pois bem, não havendo prazo convencionado, presume-se que o empréstimo ocorreu pelo tempo necessário para o uso concedido, não podendo o comodante retomar a coisa antes disso, salvo por necessidade imprevista e urgente.
Só existe comodato com a condição de que a coisa emprestada seja devolvida, seu uso deve ser temporário, pois do contrário haveria doação.
Comodato – é o contrato unilateral, real, gratuito, através do qual uma pessoa, comodante, transfere a posse direta de um bem, móvel ou imóvel a outrem, denominado comodatário, para que este utilize o bem de acordo com sua comodidade e interesse, devendo restituí-lo “ad nutum” - Termo jurídico em latim que determina que o ato pode ser revogado pela vontade de uma só das partes. Proveniente da área do Direito Administrativo considera-se "ad nutum" os atos resolvidos pela autoridade administrativa competente, com exclusividade – ou ao final de certo tempo, na forma como recebera.
Classificação do comodato
Típico: possui previsão legal do art. 579 a 592, do Código Civil.
Real: não basta o consenso das partes. O bem deve ser entregue ao comodatário.
Unilateral: gera obrigações apenas para uma das partes, qual seja, o comodatário.
Gratuito: em regra, pois gera sacrifício patrimonial apenas para uma das partes - comodante - que empresta o bem. Isto porque somente uma das partes tem beneficio patrimonial (o comodatário), na medida que terá o uso e a fruição do bem objeto do contrato.
Não solene: não exige solenidade, pois o comodato pode estabelecido sem qualquer documento escrito e admite qualquer meio de prova de sua existência.
Personalíssimo: intuitu personae – assim a relação contratual não é transmitida para os sucessores do comodatário, extinguindo-se e permitindo a retomada do bem emprestado.
Exceção: O contrato de mútuo pode ser oneroso quando, por exemplo, há empréstimo de dinheiro com cobrança de juros. Nesse caso, o contrato será nomeado de Mútuo Feneratício.
O comodatário tem a obrigação de restituir a coisa comodatária conforme recebera.
A regra que se aplica ao comodato é a “res perit domino” – ou seja – a coisa perece para o dono (comodante)
O objetivo é ajudar e contribuir solidariamente com aquele que necessita.
Ação reivindicatória
É uma ação específica da propriedade
Se vale da via protetória para instituir o bem, móvel ou imóvel, emprestado – transferência de posse.
Remédios jurídicos
Os interditos possessórios:
São três as ações possessórias ou interditos possessórios, ou seja, aquelas através das quais se busca a tutela da posse: 
1) ação de reintegração de posse
2) ação de manutenção de posse
3) ação de interdito proibitório.
Na ação de reintegração de posse busca-se a tutela da posse quando há esbulho, ou seja, quando há perda integral da posse, tomada de forma injusta por terceiro.
Já na ação de manutenção de posse, o que se pretende é buscar a tutela da posse quando há turbação, ou seja, quando a posse sofre limitações em razão de ato praticado por terceira pessoa.
E, por fim, a ação de interdito proibitório é adequada para os casos de ameaça de esbulho ou de turbação, sendo, portanto, preventiva, ou seja, para evitar que a posse seja molestada, ao contrário das demais, que são usadas quando a posse já foi violada.
Esbulho possessório – quando não restitui o bem – ação cabível de reintegração de posse.
Esbulho - É o ato pelo qual o possuidor se vê privado da posse, violenta ou clandestinamente, e ainda por abuso de confiança. Todos aqueles que sofrem o esbulho na sua posse, podem ser restituídos por meio de desforço imediato ou ação de reintegração de posse. 
É possível a ação reintegratória de posse quando o comodante notifica o comodatário para a restituição do bem, objeto do comodato e este não o faz no prazo estabelecido pelo comodante, caso que se verifica prática esbulhiativa e, portanto ensejadora possessória reintegração, mas o correto é a ação reinvidicatória para alguém que já teve posse e que não haja esbulho, turbação e ameaça (remédios jurídicos).
Reintegratória – pede liminar;
Reivindicatória – não pede liminar.
Reintegração e Reivindicação de Posse
Reintegração e Reivindicação de Posse - Em caso de POSSE, o direito de reaver o imóvel do poder de quem injustamente o possua ou detenha é exercido através da Ação de Reintegração de Posse.
A Ação de Reivindicação é exercida pelo titular do domínio (proprietário), tem caráter real, e visa reconhecer seu direito de propriedade, com a restituição da coisa e seus acessórios pelo possuidor ou detentor da mesma.
Só pode reivindicarquem for proprietário, ou seja, quem tiver título de propriedade devidamente registrado no Registro de Imóveis.
A pessoa que tem o título (escritura de compra e venda), mas não tem registro, não terá êxito na ação reivindicatória, que será julgada improcedente, porque não tem o direito que fundamenta o pedido:  a propriedade. 
 Terá de se valer de Ação Possessória, que no caso será a Ação de Reintegração de Posse, devendo provar que foi esbulhada em sua posse.
O possuidor tem direito a ser reintegrado no caso de esbulho (Código de Processo Civil, art. 926).
A reintegração de posse se dá nos casos em que o proprietário ou possuidor foi despojado de seu imóvel em virtude de ato violento (invasão armada), clandestino (invasão de forma furtiva) ou eivado de vício de precariedade (abuso de confiança ou com apropriação indébita da posse).
O proprietário presume-se possuidor. Por isso, ele pode escolher entre dois caminhos para recuperar o imóvel que se encontra em poder de outrem:
1) Ação Possessória – baseada numa situação de fato, cabendo-lhe provar que estava na posse direta do imóvel que lhe foi arrebatado;
2) Ação Reivindicatória – baseada na propriedade, cabendo-lhe provar, através de Certidão do Registro de Imóveis que é o proprietário do Imóvel.
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
 
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.
 
Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.
Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
 
Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.
Mútuo – é o empréstimo de coisas fungíveis (empréstimo de consumo), onde o mutuário se obriga a restituir outra do mesmo gênero, quantidade e qualidade. Transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, já que este não está obrigado a devolvê-la, mas sim outra do mesmo gênero, quantidade e qualidade. A transferência da propriedade se opera com a tradição da coisa fungível (Prima facie). O mutuário, a partir da tradição, responde por todos os riscos da coisa. É contrato unilateral e real. Unilateral, pois implica obrigação a apenas uma das partes, qual seja o mutuário. É contrato real, pois se aperfeiçoa com a entrega da coisa, ou seja, com a tradição e não com o simples consenso. É temporário, concluído por certo prazo, visto que, se fosse perpétuo, seria uma doação. Geralmente o mútuo tem por objeto dinheiro.
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente:
I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente;
II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais;
III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica.
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual.
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura;
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.
Classificação do mútuo
Real – exige a tradição – somente estará aperfeiçoado o mútuo com efetiva entrega da propriedade da coisa mutuada, sendo o acordo de vontades insuficiente para formação contratual. Enquanto a coisa não for transferida para o domínio do mutuário, o contrato é juridicamente inexistente;
Unilateral – estabelece obrigações para uma das partes – formado o contrato pela entrega da coisa, somente o mutuário terá obrigações, como o dever de restituí-la;
Informal – não exige o cumprimento de formalidades – contrato não solene, inexistindo formalidade especifica para a sua constituição;
Pode se apresentar como gratuito ou oneroso, a depender de sua finalidade – se o mutuo não é remunerado, por juros, assume feição gratuita, pois nesse caso, somente uma das partes (o mutuário) se beneficia economicamente. Porem, havendo estipulação de pagamento em prol do mutuante ou assumindo finalidade econômica, haverá também sacrifício patrimonial ao tomador do empréstimo, convertendo o contrato em oneroso.
Havendo remuneração do mutuante, o contrato será denominado mútuo feneratício.
Mútuo feneratício – empréstimo de dinheiro
Mútuo feneratício ou oneroso é permitido em nosso direito desde que, por cláusula expressa, se fixem juros ao empréstimo de dinheiro ou de outras coisas fungíveis, desde que não ultrapassem a faixa de 12% ao ano.
Restituição
Segundo o artigo 590 do Código Civil Brasileiro, "o mutuante poderá exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica". Por exemplo: durante a vigência do contrato o mutuante recebe a notícia de que o mutuário está falido. Diante disso, o primeiro pode pedir a restituição do contrato de mútuo.
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica.
Em regra, o prazo para que seja realizada a restituição é aquele que foi convencionado entre as partes. Entretanto, se não houver prazo estipulado, valem as regras dispostas no art. 592 do Código Civil.
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura;
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.
Mútuo feito com menor
O artigo 588 do Código Civil dispõe que, não havendo autorização dos responsáveis pelo menor, o bem ou o valor a este entregue não poderá ser reavido. Existem, ainda, os casos excepcionais regulados pelo art. 589 do mesmo dispositivo legal (casos em que é autorizada a cobrança do mutuante ao menor).
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente:
I - se a pessoa, de cuja autorizaçãonecessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente;
II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais;
III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.
Aula 2			25/11/14
Contrato de Depósito – custódia
É aquele pelo qual uma parte (depositante ou tradens) entrega uma coisa para ser guardada e conservada (de regra, sem utilização) por outra (depositário ou accipiens), com posterior restituição, quando solicitada ou pelo advento do prazo estipulado.
É o contrato unilateral, gratuito, real, personae, através do qual alguém recebe objeto móvel para guardá-lo e restituí-lo, por certo prazo, aquele que o entregou. Quanto ao requisito formal, o deposito deve observar a forma escrita, uma vez que não se admite sua prova por outros meios probatórios. Art. 646, CC.
Trata-se, pois, de negócio jurídico com a específica finalidade de guarda e conservação de coisa alheia.
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame.
Art. 628. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão.
Parágrafo único. Se o depósito for oneroso e a retribuição do depositário não constar de lei, nem resultar de ajuste, será determinada pelos usos do lugar, e, na falta destes, por arbitramento.
Art. 629. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante.
Art. 630. Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se manterá.
Art. 631. Salvo disposição em contrário, a restituição da coisa deve dar-se no lugar em que tiver de ser guardada. As despesas de restituição correm por conta do depositante.
Art. 632. Se a coisa houver sido depositada no interesse de terceiro, e o depositário tiver sido cientificado deste fato pelo depositante, não poderá ele exonerar-se restituindo a coisa a este, sem consentimento daquele.
Art. 633. Ainda que o contrato fixe prazo à restituição, o depositário entregará o depósito logo que se lhe exija, salvo se tiver o direito de retenção a que se refere o art. 644, se o objeto for judicialmente embargado, se sobre ele pender execução, notificada ao depositário, ou se houver motivo razoável de suspeitar que a coisa foi dolosamente obtida.
Art. 634. No caso do artigo antecedente, última parte, o depositário, expondo o fundamento da suspeita, requererá que se recolha o objeto ao Depósito Público.
Art. 635. Ao depositário será facultado, outrossim, requerer depósito judicial da coisa, quando, por motivo plausível, não a possa guardar, e o depositante não queira recebê-la.
Art. 636. O depositário, que por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira.
Art. 637. O herdeiro do depositário, que de boa-fé vendeu a coisa depositada, é obrigado a assistir o depositante na reivindicação, e a restituir ao comprador o preço recebido.
Art. 638. Salvo os casos previstos nos arts. 633 e 634, não poderá o depositário furtar-se à restituição do depósito, alegando não pertencer a coisa ao depositante, ou opondo compensação, exceto se noutro depósito se fundar.
Art. 639. Sendo dois ou mais depositantes, e divisível a coisa, a cada um só entregará o depositário a respectiva parte, salvo se houver entre eles solidariedade.
Art. 640. Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem.
Parágrafo único. Se o depositário, devidamente autorizado, confiar a coisa em depósito a terceiro, será responsável se agiu com culpa na escolha deste.
Art. 641. Se o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a administração dos bens diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada e, não querendo ou não podendo o depositante recebê-la, recolhê-la-á ao Depósito Público ou promoverá nomeação de outro depositário.
Art. 642. O depositário não responde pelos casos de força maior; mas, para que lhe valha a escusa, terá de prová-los.
Art. 643. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem.
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
Parágrafo único. Se essas dívidas, despesas ou prejuízos não forem provados suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução idônea do depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o Depósito Público, até que se liquidem.
Art. 645. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acerca do mútuo.
Art. 646. O depósito voluntário provar-se-á por escrito.
Partes
Depositante – aquele que entrega a coisa para ser guardada.
Depositário – aquele que recebe a coisa para guardar.
Contrato se perfaz com a entrega do bem. Somente podendo ser objeto de contrato de depósito os bens móveis. Algumas legislações permitem a incidência sobre imóveis.
A guarda deve ser temporária, já que é da essencial contrato a obrigação de restituição da coisa depositada – prazo determinado ou indeterminado.
Característica
É obrigação de custódia, distinguindo-se do comodato e do mandato, pois estes não possuem como causa a guarda e conservação, porém estão compreendidas.
Pode-se converter em contrato bilateral – em razão da onerosidade – obrigações para depositante em razão de despesas efetuadas pelo depositário.
Se for estipulada remuneração para o depositário, o contrato será bilateral.
Entrega da coisa (tradição) pelo depositante ao depositário – demonstra a natureza real do negócio jurídico, com a tradição simbólica (entrega de algum objeto representativo da coisa), ou ficta (através de constitutivo possessório, quando se transfere a coisa por cláusula contratual);
Finalidade de guarda e conservação - no contrato de depósito, o possuidor recebe a coisa para guardar e não para usar ou fruir, sob pena de responsabilidade contratual. Artigo 389, CC.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
A restituição no prazo entabulado entre as partes – o depósito não é translativo de propriedade do bem, não transferindo sua titularidade, que se mantém com o depositante, podendo ter mero direito real ou pessoal sobre a coisa;
Temporariedade do negócio jurídico – mesmo que o depositante abandone a coisa, não exigindo a sua restituição e, pior, se recusando a recebê-la de volta, há previsão legal no sentido de que após 25 anos o contrato de deposito será extinto, sendo o bem recolhido ao Tesouro Nacional, salvo renovação expressa pelas partes.
Possibilidade de estabelecimento do contrato a título oneroso ou gratuito – será gratuito, salvo quando houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão, sem remuneração – será oneroso, quando houver cláusula contratual fixando, expressamente, uma retribuição pecuniária para depósito. Também haverá onerosidadequando a necessidade de remuneração resulta da própria natureza do negócio jurídico.
Classificação do contrato de depósito
Real – se concretiza com a efetiva entrega da coisa (a tradição, que pode ser real, simbólica ou ficta). 
Unilateral ou bilateral – unilateral, se impor obrigações a somente uma das partes; bilateral, se houver deveres jurídicos, tendo que remunerar a contraparte.
Gratuito ou oneroso – gratuito se ocorrer sem remuneração e oneroso quando há remuneração, retribuição pecuniária para depósito. 
Negócio jurídico personalíssimo – se apresenta como depósito voluntário (intuitu personae), pois o dever de guardar é atribuído a alguém, com caráter gratuito.
Contrato não solene, informal – o depósito é valido, seja por escrito ou verbal, entrementes, a comprovação efetiva do deposito para fins de exigibilidade jurídica, por exemplo, impõe a forma escrita.
Espécies
Voluntário – se faz espontaneamente, pela vontade das partes, é consensual;
Obrigatório – realizado em consequência de circunstâncias que se impõe.
Subdivisão
Depósito legal – realizado em desempenho de obrigação prescrita em lei – o caso do hospedeiro nos hotéis, as bagagens dos viajantes ou hóspedes são presumidas em lei que a remuneração as inclui no preço da hospedagem, porém nos casos de força maior, como os de assalto a mão armada é exceção para o caso de responsabilização do hospedeiro;
Depósito miserável – calamidade, incêndio, inundação;
Depósito necessário – deve ser gratificado, é feito em desempenho de obrigação legal (depósito legal), como o executado que tem bens penhorados e o credor no penhor comum ou, ainda, aquele efetuado por ocasião de alguma calamidade, como incêndio, inundação, naufrágio, saque (depósito miserável).
Podem ser – em relação á coisa (depósito voluntário):
Regular – é o de coisa individuada não consumível, não fungível – sendo necessária a restituição da própria coisa.
Irregular – admite-se o depósito de coisas que deverão ser restituídas em gênero, qualidade e quantidade.
Ex.: Depósitos bancários – não é a mesma nota depositada, mas o valor depositado.
Cômodo de representação – é obrigação de entregar a coisa recebida em substituição a perdida por força maior e a ceder as ações que tiver contra terceiros.
Depósito do depositário – depósito judicial, retenção, reembolso de despesas, direito de compensação – fundado em outro depósito.
Extinção
Vencimento;
Desconfiança;
Restituição – a incapacidade superveniente do depositário também extingue o contrato;
Perecimento.
Contrato estimatório
Venda por consignação
Livreiros, brechós, vendedores de veículos usados, jóias, chapeados.
Conceito
É o contrato por meio do qual uma pessoa (consignante, tradens ou outorgante) entrega à outra (consignatário, accipiens ou outorgado), bem ou bens móveis, que fica autorizada a vendê-los, pagando ao consignante o preço acordado, caso não queira, no prazo estabelecido, restituindo-lhe as coisas consignadas (art. 534, CC).
Partes
Consignante;
Consignatário.
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou seqüestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
Transferência temporária do poder de alienação.
Classificação
Típico: por estar elencado no ordenamento jurídico, recebendo tratamento legislativo específico.
Autônomo: não está subordinado a qualquer outro negócio jurídico, a sua existência não se condiciona a outra figura.
Bilateral: quando ambas as partes assumem obrigações.
Oneroso: quando os contratantes terão vantagem econômica.
Comutativo: quando ambas as partes já conhecem, previamente, as vantagens que obterão com o negocio.
Eficácia real: exige a tradição (real, ficta ou simbólica), somente se aperfeiçoando quando a coisa é entregue ao consignatário. Exige-se a traditio, sem a qual não existe a avença.
Informal: não há necessidade de celebração de contrato estimatório por determinada forma legal. Mas nos contratos cujo valor exceder o décuplo o salário mínimo, não se admite prova exclusivamente testemunhal (artigo 401, CPC). Nos casos de bem imóvel acima de 30 salários mínimos é que imporá a celebração por escritura pública (artigo 108, CC). 
 Fiduciário – confiança, impessoal, tendo o resultado da atividade é o que interessa é a atividade principal.
Proibição de penhora e sequestro
A coisa deixada em consignação não pode ser penhorada ou seqüestrada pelos credores consignatários - artigo, 536, CC – é o patrimônio do consignatário que responde por suas dívidas, daí o bem deixado em consignação, não pertence ao consignatário, mas ao consignante, não podendo o mesmo ser tratado como motivo de penhora ou seqüestro.
Riscos res perit domino – a coisa perece para o dono – consignante, pois o contrato não opera transferência de propriedade, que permanece com o trades, respondendo, assim, pelos riscos da evicção e pelos vícios da coisa.
Art. 535, CC – favorecimento do accipiens – devedor
Tradens (aquele que promove a tradição, que em comparação simplista, seria o consignante) e accipiens (aquele que recebe a coisa, isto é, meramente comparando, consignatário).
Em caso de roubo, incêndio e fatos acidentais a obrigação será extinta em razão do fortuito, suportando o consignante o prejuízo.
Aula 3 		18/11/14
Contrato de mandato – artigo 653 e seguintes, CC.
É o contrato pelo qual uma pessoa não podendo ou não querendo exercer atos que lhe compete nomeia uma outra para que haja por ela, gratuita ou onerosamente.
Classificação
Contrato bilateral, consensual, intuito personae, gratuito ou oneroso, comutativo, podendo ser especifico ou geral.
Partes
Mandante e mandatário
Pode ser
Expresso, tácito, verbal ou escrito.
O mandato também pode ser simples, plural.
Mandato plural
Conjunto;
Solidário;
Fracionário; 
Sucessivo.
Conjunto – quando se permite que um dos mandatários pratique atos com independência.
Solidário – quando não se observar a ordem entre os mandatários para pratica dos poderes outorgados.
Fracionário – quando cada mandatário estiver subordinado á determinadas práticas específicas.
Sucessivo – quando se permitir que na ausência de um, outro o substitua.
Substabelecimento – é a outorga dos poderes conferidos ao mandatário, por este, á outra pessoa substabelecida, pelo substituto.
Há culpa “in eligendo”.
Os juristas chamam de culpa in eligendo, ou culpa por ter escolhido a pessoa (funcionário) errado. Isso está no art. 932, III de nosso Código Civil, diz que “são (…) responsáveis pela reparação civil o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele”. Além disso, a Súmula 341 do STF diz que “é presumível a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”.
Culpa “in vigilando”.
Em direito civil temos o que se chama de culpa in vigilando: aqueles que têm obrigação de vigiar tornam-se civilmente responsáveis pelos atos daqueles que deixam de vigiar adequadamente. Se as filhas causam o dano, os pais pagam pelo dano. É o que diz o art. 932, inciso I de nosso Código Civil: "São também responsáveis pela reparação civil (...) os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”.

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