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DIREITO CIVIL III – CONTRATOS
AULA 01 – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Conceito de Contrato: Negócio jurídico bilateral ou plurilateral, que se caracteriza por ser um 
acordo de duas ou mais vontades pelo qual se regulamentam interesses entre os contratantes, com 
a finalidade de se adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas.
Atenção: A expressão “convenção”, no Direito Civil Brasileiro, é utilizada como sinônimo de 
“contrato”. Alguns autores, contudo, com apoio na doutrina francesa, utilizam as expressões 
“convenção” como um acordo sobre determinado objeto jurídico, sem necessidade de criação de 
obrigação e “contrato” como um acordo que, necessariamente, cria obrigações.
Natureza jurídica: Negócio jurídico bilateral.
Lembrete: Negócio jurídico é uma espécie de fato jurídico humano – aquele dotado de volição 
(emissão de vontades) e que tem relevância para o Direito – caracterizado pela determinação de 
efeitos jurídicos pelo sujeito de direito.
Atenção: O contrato é uma predisposição convergente de vontades emanadas de diferentes 
sujeitos de direito, para a obtenção de determinado resultado econômico. Um só sujeito de direito, 
em regra, não pode manifestar as vontades necessárias para a formação do contrato.
Cuidado: Segundo o STF, excepcionalmente, é válido o contrato consigo na hipótese da venda 
realizada, com autorização, pelo mandante ao mandatário, não gerando nulidade (Art. 497, I, CC) 
ou anulabilidade (Art. 117, caput, CC)
Contrato consigo mesmo “é a convenção em que um só sujeito de direito, revestido de duas 
qualidades jurídicas diferentes, atua simultaneamente em seu próprio nome e no de outrem” 
(Sílvio Rodrigues). 
A venda realizada diretamente pelo mandante ao mandatário não é atingida pela nulidade do Art. 
1.133, II, do Código Civil (Súmula 165, STF).
Atenção: A súmula é anterior ao Código Civil de 2002. A referência deve ser feita ao Art. 497, I, 
CC.
Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pelos tutores, 
curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração... 
(Art. 497, I, CC).
Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no 
seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo (Art. 117, caput, CC).
Noções importantes: “O contrato é o centro da vida dos negócios... [é] instrumento prático que 
realiza o mister de harmonizar interesses não coincidentes” (Sílvio Rodrigues).
O contrato é o veículo básico de circulação de riquezas, sejam bens ou serviços, sendo um 
desdobramento da tutela da propriedade.
Evolução do contrato
1. Código Civil Francês (1804): também chamado Código de Napoleão, considerava o contrato 
uma espécie do gênero convenção, sendo mero instrumento de ligação entre pessoas para 
aquisição de propriedade.
O Código Civil francês, traduzindo os ideais burgueses da revolução de 1789, não previa 
limitações à autonomia individual e à liberdade contratual e considerava a propriedade como 
direito supremo, fundamental para a liberdade.
2. Código Civil Alemão (1896): considerava o contrato uma espécie do gênero negócio jurídico 
(com elementos obrigatórios), sendo, portanto, uma declaração de vontade destinada a produzir 
efeitos jurídicos, entre eles a transferência (e não aquisição) de propriedade.
3. Código Civil Brasileiro (1916): considerava o contrato uma espécie do gênero negócio jurídico, 
sendo, portanto, uma declaração de vontade livre e de boa-fé, desde que cumpridos alguns 
requisitos: agente capaz e legitimado; objeto lícito, possível e determinado (ou determinável); forma 
prescrita ou não defesa em lei.
AULA 02 – PRINCÍPIOS CONTRATUAIS
1. Princípio da autonomia privada: representa o princípio contratual clássico chamado 
liberdade contratual, mas limitado pela supremacia da ordem pública (a convenção não pode ser 
contrária à moral, à ordem, aos bons costumes e demais normas que a garantam) e pela função 
social e econômica do contrato. 
A autonomia privada, portanto, leva e conta o respeito aos preceitos de ordem pública que não 
podem ser derrogados pelas partes.
2. Princípio da força obrigatória: princípio contratual clássico que determina que o contrato deve 
ser cumprindo, vinculando os contratantes às obrigações por ele geradas, ou seja, o contrato “faz 
lei” entre as partes (pacta sunt servanda). 
Fundamento da força obrigatória: segurança jurídica. aquele que, por livre manifestação de 
vontade, propõe-se a dar, fazer ou não-fazer, cria expectativa de cumprimento no meio social. 
Assim, a lei, indiretamente, torna obrigatório cumprimento de uma obrigação contratual, impondo 
sanções ao inadimplente. 
Desdobramentos da força obrigatória: proibição da retratação pura e simples ou a da 
modificação unilateral das suas cláusulas. 
O princípio da força obrigatória comporta relativização, por exemplo, pela teoria da imprevisão – 
alteração das condições econômicas do contrato – e pela exceção do contrato não cumprido.
3. Princípio da relatividade dos efeitos: também chamado princípio da relatividade subjetiva, é u, 
princípio contratual clássico que determina que os contratos, como regra, produzem efeitos entre 
os contratantes (inter partes), não podendo ser opostos a terceiros.
As obrigações contratuais com eficácia real são uma exceção ao princípio da relatividade 
subjetiva dos contratos. Ex. obrigação de respeitar o contrato de locação devidamente registrado, 
com cláusula de vigência (Art. 576, caput e Art. 8º, caput, Lei 8.245/91). 
4. Princípio da boa-fé: novo princípio contratual, é um preceito ético de conduta que recomenda 
ao sujeito de direito proceder com espírito de honestidade, de boa intenção, lealdade, confiança 
etc.
O princípio da boa-fé é uma decorrência do princípio da eticidade norteador do Código Civil.
a) Boa-fé objetiva: também chamada boa-fé lealdade, é um dever genérico de lealdade, 
relacionado a todos os atos do sujeito de direito, incluindo-se todos os atos negociais de 
celebração, execução e conclusão do contrato, assim como também após o encerramento desse. 
Leva-se em conta o padrão de conduta do homem médio.
O dever decorrente da boa-fé objetiva implica um rol de deveres anexos ou laterais que são 
contraídos pelos contratantes, independentemente de virem expressos no conteúdo contratual. 
São deveres decorrentes da boa-fé objetiva: de cooperação (ex. de descumprimento: CDHU 
deixa de enviar boletos para a residência do mutuário); de coerência, ou cuidado (ex.: financiadora 
demora tempo considerável para propor ação judicial, estando os juros a incidir mês a mês neste 
tempo); e dever de informação (ex. faculdade não informa encargos com material didático; locador 
não informa que imóvel locado não tem água potável).
Assim, os bancos são obrigados a avaliar a situação financeira global dos idosos antes de 
conceder empréstimos consignados com supostas taxas “favoráveis”, com base nos deveres 
anexos de informação e de cooperação, aplicáveis na formação e na execução do contrato.
O não cumprimento destes deveres especiais que permeiam o contrato podem acarretar a 
revisão do contrato, sua rescisão ou a não incidência de cláusulas contratuais que acarretem 
excessiva desvantagem para a parte contrária.
A boa fé objetiva também é limitadora de direitos subjetivos, em uma função reativa, como 
proteção contra a parte que exerce seus direitos de modo não razoável.
Nesse sentido, como desdobramento da boa-fé objetiva, há a proibição do abuso de posição 
jurídica, que pode se configurar nas situações de venire contra factum proprium, 
supressio/surrectio, exceptio doli e tu quoque.
A proibição ao comportamento contraditório (venire contra factum proprium) éa vedação ao 
sujeito de direito de buscar favorecimento, mediante assunção de conduta que contrarie conduta 
própria anterior e que frustra confiança gerada por essa. Ex. a parte que autoriza juntada de 
documentos com informações próprias não pode pleitear indenização por danos decorrentes a lesão 
a direito de privacidade.
A supressio, também chamada verwirkung, consiste na redução do conteúdo obrigacional pela 
inércia de um dos polos no exercício de direito ou faculdade, gerando legítima expectativa a 
outrem. Ex. pagamento reiterado realizado pelo devedor em local diverso do ajustado em 
contrato; parte não toma a iniciativa de exigir a prestação em um contrato de longa duração, 
dando a entender que se extinguiu a obrigação.
Assim, a supressio é a inadequação do exercício de determinado direito após a inércia do titular 
durante determinado lapso temporal. Seus requisitos são o decurso de prazo sem o exercício do 
direito, com indícios objetivos de que não mais o será, e o desequilíbrio no contrato.
Por sua vez, a surrectio é a geração, a outrem, de um direito subjetivo em razão da continuada 
prática de certos atos. Ex. a entrega reiterada e duradoura de lucros a um sócio, mesmo que 
contrária ao contrato social, pode gerar direito à aquisição.
A exceptio doli determina que quem age dolosamente não pode exigir conduta da parte 
contrária.
Por fim, tu quoque, como desdobramento da teoria da exceptio non adimpleti contractus, 
determina que não se pode exigir de outrem um comportamento baseado em preceito 
descumprido por si próprio. Ex. o condômino não tem legitimidade para exigir de outrem a 
obediência a uma regra da convenção descumprida por si.
A boa fé objetiva também é limitadora da interpretação. Nesse sentido, os negócios jurídicos 
devem ser interpretados conforme a boa-fé do lugar da sua celebração. Se uma cláusula não é 
clara, a interpretação deve favorecer a boa-fé objetiva.
Por fim, a boa-fé também exerce função integradora (eventuais lacunas devem ser preenchidas 
com apoio na boa-fé).
b) Boa-fé subjetiva: também chamada boa-fé crença, é um dever específico de lealdade referente 
ao convencimento (crença) da correção da própria conduta e dos próprios interesses. Levam-se 
em conta os elementos pessoais (subjetivos) da conduta do sujeito de direito. Ex. a parte somente 
move ação de cobrança, pois está convencida de que este é o único meio de satisfação de seu 
crédito.
Circunstâncias como a situação sociocultural das partes e o momento econômico de celebração 
influenciam na análise da boa-fé e devem ser ponderadas pelo juiz. A norma do artigo 422, do 
Código Civil é uma cláusula aberta, que dá ampla margem ao exercício da hermenêutica.
5. Princípio da função social dos contratos: novo princípio contratual, determina que os efeitos 
dos contratos não podem ser desestabilizadores das relações sociais.
A função social dos contratos é o estabelecimento de equidade nas relações obrigacionais e o 
atendimento de interesses meta individuais (ou supra individuais – entre eles, os direitos difusos). 
Possui dois aspectos, falando-se, assim, em dupla eficácia da função social dos contratos:
a) Função social interna: verifica o equilíbrio entre as partes, não se admitindo um contrato em 
que uma parte assume todos os ônus e a outra todos os bônus. Ex. Afastamento da abusividade 
da cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado 
(Súmula 302, STJ).
Há alguns aspectos quanto à função social interna dos contratos: a) maior proteção contratual 
dos vulneráveis; b) maior proteção da dignidade humana e dos direitos da personalidade; c) 
restrição à onerosidade excessiva; d) tendência de conservação dos contratos.
b) Função social externa: busca a salvaguarda dos interesses transindividuais, não podendo o 
contrato ser origem de dano a terceiro ou à coletividade. 
Quanto à função social externa dos contratos, além da proteção de direitos difusos e coletivos, 
fala-se da tutela externa do crédito, que veda terceiro que não está no contrato nele intervenha 
para, por exemplo, aliciar o prestador de serviços (Art. 608).
AULA 03 – ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTRATO
Conceito: são os elementos necessários para que um contrato exista e não seja eivado de nulidade 
ou anulabilidade (planos de existência e validade). Subdividem-se em elementos essenciais 
genéricos e elemento essencial específico.
1. Elementos essenciais genéricos: são os mesmo de qualquer negócio jurídico (Art. 104). Não há 
necessidade de sua menção expressa no contrato .
a) Capacidade e legitimidade das partes: 
O agente deve ser dotado de capacidade de fato (exercício, por si, dos direitos, com pleno 
discernimento) ou ter sua incapacidade suprida por assistência ou representação.
Quanto à legitimidade, além da titularidade dos interesses e direitos discutidos, deve haver 
capacidade específica de contratar, ou seja, ausência de vedações para fazê-lo (ex. consentimento 
de cônjuge para venda a descendente - Art. 496; vedação de venda de bem do tutelado ao tutor - Art. 
497, I).
b) Objeto lícito, possível e determinado (ou determinável)
O objeto lícito é aqule que não contraria a lei, a moral, os bons costumes e a ordem pública. 
Contraria a licitude do objeto o pacto do corvo (Art. 426, CC).
Os preceitos de ordem pública são normas cogentes (jus cogens), de interesse da coletividade, 
que visam à manutenção da organização social e cuja aplicação não pode ser afastada pelos 
particulares.
O objeto possível refere-se às prestações fisicamente realizáveis pelo homem médio.
O objeto determinado ou determinável é o individualizado ou que será individualizado.
 
Prevalece na doutrina que a causa do contrato se confunde com seu objeto, razão pela qual a causa 
ilícita tornaria o contrato ilícito. 
c) Forma prescrita em lei ou não defesa por ela
Quanto à forma dos contratos adotou-se a teoria da liberdade das formas, ou seja, uma vez não 
prevista uma forma do contrato, ela é livre.
Contudo, o desrespeito à formalidade eventualmente imposta pela lei leva à nulidade, com 
possibilidade de aproveitamento das declarações de vontade.
A ausência de qualquer dos elementos essenciais genéricos (ressalvadas a legitimidade e a 
capacidade relativa) do contrato leva à nulidade do contrato (Art. 166, CC).
2. Elementos essenciais específicos: são elementos exigidos à existência de determinadas 
modalidades de contratos (não necessariamente para todos os negócios jurídicos). Ex. 
especificação do preço na compra e venda; especificação bem na locação etc.
Pressuposto contratual: consentimento, ou seja, é manifestação de vontade livre, tácita ou 
expressa, que converge com outra vontade, a qual manifesta uma proposta.
Assim como nos demais negócios jurídicos, a manifestação de vontade não se enquadra como um 
elemento do contrato, mas sim como um fato antecedente necessário à existência do próprio 
contrato. Portanto, a ausência de completa manifestação livre de vontade pode levar ora à 
inexistência do contrato (ex. coação física), ora à sua invalidade (ex. simulação), ora à sua falta 
eficácia (ex. erro sobre condição).
AULA 04 – FORMAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO CONTRATO
A vontade negocial, pressuposto de qualquer negócio jurídico, constitui-se de dois elementos: 
elemento interno, que é a vontade psíquica (não apreensível por outros sujeitos de direito); e de um 
elemento externo, que é a vontade propriamente dita, manifestada e apreensível por demais 
sujeitos de direito. Se não houver concordância entre esses dois elementos, está-se diante de um 
vício de vontade, como ocorre, por exemplo, no erro ou no dolo.
Formas de exteriorização da vontade:
1. Expressa: a vontade é manifestada por palavras,sejam escritas ou orais, ou por gestos. A 
manifestação por palavras, por sua vez, pode ser pública (escritura devidamente registrada) ou 
particular (instrumento particular). Ex. Manifestam-se por palavras escritas, vontades em um 
contrato de compra e venda de bem imóvel. Podem manifestar-se por palavras orais vontades em 
um contrato de comodato. Manifesta-se vontade de contratar por gestos, por exemplo, em um leilão.
2. Tácita: a vontade é manifestada, indiretamente, por uma conduta, em regra, comissiva, ou seja, 
por atos ou comportamento positivos, desde que representem, inequivocamente, uma determinada 
intenção. Ex. a conduta de ingressar em um ônibus é manifestação de vontade em contrato de 
transporte. 
Sempre que não houver determinação de forma pela lei, a manifestação de vontade pode ser 
expressa ou tácita (Art. 107), com pessoas presentes ou ausentes, por interposta pessoa ou não 
(mandatário).
O silêncio, em regra, não é considerado, juridicamente, como manifestação de vontade. Não se 
deve identificar silêncio, pura e simplesmente, como aceitação tácita: portanto, não é válido o dito 
popular “quem cala, consente”, em matéria contratual.
O silêncio somente pode ser apreendido como aceitação se as circunstâncias de uso e costume de 
um lugar assim o determinarem.
Declarações de vontade no contrato: proposta e aceitação. 
1. Proposta: também chamada oferta, policitação ou oblação, é a declaração inicial que visa 
suscitar o contrato, feita pelo proponente (policitante ou oblato).
O local da realização da proposta será o local onde se reputa realizado o contrato (Art. 435).
A proposta e a oferta ao público, em geral, obrigam o proponente (que responderá por perdas e 
danos caso venha a revogá-la durante certo prazo), salvo se a natureza do contrato (ex. proposta 
aberta ao público limitada ao estoque) ou as circunstâncias do caso indicarem o contrário.
Outras exceções à obrigatoriedade da proposta:
a) Se não foi imediatamente aceita, feita sem prazo a pessoa presente (aquele que conversa 
diretamente). Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de 
comunicação semelhante (Art. 428, I);
b) Se tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente, 
feita sem prazo a pessoa ausente (e não seja o caso de aceitação tácita – Art. 428, II). Ex. proposta 
feita por correspondência que chega ao destinatário 1 ano após;
c) Se não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado feita a pessoa ausente (Art. 428, III);
d) Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do 
proponente (Art. 428, IV).
Em razão da adoção da teoria da expedição, a proposta feita à pessoa ausente é considerada 
válida, salvo se ocorrer a retratação eficaz.
2. Aceitação: manifestação de vontade de comprometimento com o acordo feita pelo o oblato.
A aceitação deve dar-se dentro do prazo estabelecido e se não houver prazo deve ser imediata.
A aceitação pode ser tácita quando não for costume do negócio jurídico a aceitação expressa ou 
quando o proponente dispensa a aceitação, sendo válida desde que a recusa não chegue em 
tempo razoável.
É possível a retratação do aceitante, desde que chegue ao conhecimento do proponente 
juntamente ou antes da aceitação.
Prevalece que foi adotada a teoria da expedição quanto à aceitação entre pessoas ausentes, de 
modo que a aceitação reputa-se realizada (e o contrato realizado, salvo se real), quando for 
expedida, ou seja, quando o consentimento sai do alcance do oblato.
Momento de formação do contrato
O contrato se aperfeiçoa no momento em que nasce o vínculo obrigacional, que, em uma relação 
contratual, surge do acordo de vontades. São as seguintes as teorias sobre a formação:
1. Teoria da cognição: defende que o contrato só se aperfeiçoa no momento em que o policitante 
toma conhecimento da aceitação.
2. Teoria da agnição: defende que o contrato aperfeiçoa-se no momento da declaração de aceitação 
do oblato. A teoria da agnição, quanto a pessoas ausentes, subdivide-se em:
a) Subteoria da declaração: defende que o contrato aperfeiçoa-se no momento em que o oblato 
redige sua aceitação.
b) Subteoria da expedição: defende que o contrato aperfeiçoa-se no momento da expedição da 
carta de aceitação.
Segundo a subteoria da expedição, adotada pelo Código Civil, o aceitante, uma vez enviada a 
carta, perde o comando de vontade de arrependimento.
c) Subteoria da recepção: defende que o contrato aperfeiçoa-se no momento da chegada da carta 
de aceitação as mãos do proponente.
Interpretação dos contratos
Conceito: busca da correta relação entre a vontade interna e sua exteriorização. A interpretação 
deve seguir algumas regras de hermenêutica contratual:
1. Maior atenção à intenção consubstanciada na declaração do que ao sentido literal da linguagem 
(Art. 112).
2. Observância da boa-fé e da equidade.
3. Interpretação mais favorável ao aderente: em cláusulas ambíguas ou contraditórias, sendo 
nulas cláusulas que estipulem a renúncia antecipada a direito do aderente.
4. Interpretação estrita dos negócios jurídicos benéficos (art. 114, CC).
5. Interpretação em desfavor do estipulante que poderia ter sido, mas não foi claro.
6. Interpretação deve ser a menos onerosa ao devedor, em cláusula duvidosas.
7. Interpretação como um todo dos contratos sucessivos.
AULA 05 – CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
1. Quanto às obrigações assumidas:
a) Contrato unilateral: acordo entre duas ou mais vontades em que apenas uma delas assume 
obrigações. Ex. doação sem condição ou encargo (pura e simples); comodato.
b) Contrato bilateral: também chamado sinalagmático, é o acordo entre duas ou mais vontades 
em que cada um dos contratantes assume obrigações, sendo simultaneamente credor e devedor do 
outro. Ex: compra e venda; troca.
A sinalagma significa dependência ou vinculação recíproca 
c) Contrato plurilateral: acordo entre três ou mais vontades em que todas assumem obrigações. 
Ex. contrato de constituição de sociedade.
2. Quanto às vantagens patrimoniais
a) Contrato gratuito: há diminuição patrimonial unilateral. Apenas uma parte aufere vantagens 
patrimoniais e a outra suporta ônus. Ex. doação pura e simples; comodato.
b) Contrato oneroso: todas partes auferem vantagens patrimoniais e suportam ônus. Ex. 
locação; prestação de serviços.
Nos contratos onerosos, as partes podem reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela 
evicção (Art. 447 e 448, CC).
3. De acordo com a equivalência das prestações
a) Contratos comutativos: as obrigações são conhecidas pelas partes e são equivalentes. Ex. 
compra e venda.
b) Contratos aleatórios: a definição das prestações depende de um evento incerto (fator alea) o 
que retira a possibilidade de se aferir equilíbrio. Ex. seguro. Há, ainda, outras duas hipóteses:
b1) Contratos que dizem respeito a coisas futuras. Pode recair sobre a existência da coisa (emptio 
spei – Art. 458, CC) ou sobre a quantidade da coisa esperada (emptio rei speratae – Art. 459, CC).
Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a 
existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi 
prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado 
venha a existir (Art. 458, CC). 
Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a 
existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua 
parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à 
esperada.
Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido 
(Art. 459, caput e § único, CC).
b2) Contratosque dizem respeito a coisas já existentes, mas expostas a risco (Art. 460 e 461, CC).
Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo 
adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, 
em parte, ou de todo, no dia do contrato (Art. 460, CC). 
A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo 
prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no 
contrato se considerava exposta a coisa (Art. 461, CC).
4. Quanto à previsão legal:
a) Contratos típicos: contém regulamentação específica em lei. Ex. compre e venda; locação; 
seguro.
b) Contratos atípicos: não contém regulamentação em lei. Ex. "dupla prestação de serviços"; 
contrato de mediação.
É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código 
(Art. 425, CC).
c) Contratos nominados: contêm denominação própria. Ex. todos os contratos típicos.
d) Contratos inominados: não contêm denominação própia. Ex. os contratos atípicos.
5. Quanto à formação:
a) Contratos solenes: também chamados formais, são aqueles que devem obedecer à forma 
prescrita em lei. Ex: compra e venda de imóveis com valor superior a 30 salários mínimos (Art. 
108, CC); contrato que constitui a hipoteca.
Nos contratos solenes, o juiz somente pode admitir a forma prevista em lei como prova da 
existência do contrato.
b) Contratos não-solenes: também chamados nãoformais, são aqueles de forma livre, eis que ela 
não é prescrita na lei. Ex. doação pura e simples; contrato de locação.
c) Contratos consensuais: são aqueles cuja existência jurídica inicia-se com a efetiva 
convergência de vontades do bem. Ex. compra e venda; prestação de serviços.
c) Contratos reais: são aqueles cuja existência jurídica inicia-se com a entrega do bem. Ex. 
depósito; comodato.
6. Quanto à existência ou autonomia:
a) Contratos principais: são aqueles que não dependem de qualquer outro para quem possam 
existir e ser válidos. Ex. compra e venda; prestação de serviços.
b) Contratos acessórios: são aqueles que têm sua existência e validade vinculadas a outro negócio 
jurídico considerado principal. Ex. contrato de fiança; compromisso de compra e venda.
7. Quanto à pessoa do contratante:
a) Contratos pessoais: também chamados personalíssimos ou intuitu personae, são aqueles que 
têm como objeto uma obrigação de fazer infungível, ou seja, em que somente o contratante pode 
executá-la. Ex. mandato; prestação de serviços de obra rara.
b) Contratos impessoais: são aqueles que têm como objeto uma obrigação de fazer fungível, ou 
seja, outra pessoa pode substituir o contratante na execução. Ex. empreitada; transporte.
8. Quanto à negociação do conteúdo:
a) Contratos paritários: são aqueles cujas cláusulas podem ser discutidas, pois as partes estão em 
situação de igualdade. Ex. locação entre particulares; comodato de imóvel.
b) Contratos de adesão: são aqueles cujas as cláusulas são estabelecidas unilateralmente, sem 
possibilidade de discussão.
Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente 
ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor 
possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo (Art. 54, CDC).
Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a 
direito resultante da natureza do negócio (Art. 424, CC).
AULA 06 – FORMAS DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
1. Normal: cumprimento (solutio); há execução de todas prestações avençadas.
2. Rescisão: gênero de extinção dos contratos por inexecução ou manifestação de vontade do não 
cumprimento. Pode ser:
a) Resolução: causa superveniente representada pela inexecução das prestações contratuais nas 
seguintes hipóteses:
a1) inexecução voluntária (ou culposa): Conseqüência: extinção do vínculo, além da 
responsabilidade civil contratual (indenização por perdas e danos).
A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe 
o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos (Art. 475, CC).
A violação positiva do contrato, que pode decorrer da violação de deveres instrumentais impostos 
pelo princípio da boa-fé, pode ensejar a resolução do contrato.
a2) inexecução involuntária: Conseqüência: liberação do vínculo sem incidência de perdas e 
danos (salvo nas hipóteses de responsabilidade objetiva). Ex. perda do objeto, sem culpa do 
devedor.
a3) cláusula resolutiva tácita: é a chamada exceção de contrato não cumprido total ou parcial 
(exceptio non adimpleti contratus) – uma parte que tenha cumprido suas obrigações pode resolver o 
contrato, se a outra parte não cumpriu as suas. Ex. compra e venda à vista, não sendo o vendedor 
obrigado a entregar o bem antes de receber o preço (Art. 491, CC).
A cláusula resolutiva tácita é uma exceção (defesa) processual que afasta a exigibilidade 
(pretensão). 
Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir 
o implemento da do outro (Art. 476, CC).
Fundamento jurídico: sinalagma (dependência recíproca das obrigações geradas pelo contrato). 
Deve haver interpelação judicial.
A exceção de contrato não cumprido somente tem aplicação quando as obrigações, juridicamente, 
puderem ser cumpridas simultaneamente, eis que não fixado momento para o cumprimento das 
obrigações. 
Há diferença entre exceptio non adimpleti contratus e exceptio non rite adimpleti contractus: esta 
última ocorre em hipótese de cumprimento incompleto ou defeituoso da obrigação, de modo que 
na alegação de tal exceção, o ônus da prova do inadimplemento cabe a quem a alega. 
Já na exceção fundada no inadimplemento total, cabe ao contratante supostamente inadimplente 
o ônus de provar o adimplemento.
A diminuição considerável do patrimônio de uma das partes que possa colocar risco ao contrato 
não dá o direito à parte contrária de resolver o contrato, mas sim de exigir garantia ou aguardar o 
cumprimento.
Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu 
patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a 
outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê 
garantia bastante de satisfazê-la (Art. 477, CC).
a3) onerosidade excessiva (cláusula rebus sic stantibus): atinge o desequilíbrio inicial econômico 
do contrato; pode ocorrer se a execução do contrato que se prolongue no tempo e se houver 
disparidade econômica contundente das obrigações por acontecimento extraordinário e 
imprevisível. O Código Civil adotou a Teoria da Imprevisão.
Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar 
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos 
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da 
sentença que a decretar retroagirão à data da citação (Art. 478, CC). 
Há possibilidade de manutenção do contrato atingido pela onerosidade excessiva, desde que ao 
prejudicado seja dado o direito de equilibrar o contrato. 
A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do 
contrato (Art. 479).
São direitos básicos do consumidor: ...V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas (Art. 6º, V, CDC).
b) Resilição: manifestação de um, dos dois ou de todos contratantes em rescindir ocontrato 
(vontade unilateral ou bilateral). Pode ser:
b1) resilição bilateral (ou distrato): deve operar-se da mesma forma pela qual se deu a celebração 
do contrato (Art. 472, CC).
b2) resilição unilateral: representa um direito de uma ou de duas partes, quando a lei o permita, e 
opera-se mediante a denúncia (notificação) a uma das partes. Ex: revogação ou renúncia do 
mandato.
A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante 
denúncia notificada à outra parte.
Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis 
para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo 
compatível com a natureza e o vulto dos investimentos (Art. 473)..
Revogação ou renúncia (ex, mandato) ou exoneração unilateral (quanto a um dos contratantes) 
3. Cessação: morte nos contratos personalíssimos.
AULA 07 – COMPRA E VENDA
Conceito: negócio jurídico bilateral pelo qual uma das partes (chamada vendedor) compromete-se a 
transferir o domínio de certa coisa (corpórea ou incorpórea) a outrem (comprador), como 
contraprestação pelo pagamento de preço em dinheiro ou valor correspondente (artigo 481, CC). 
Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa 
coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro (art. 481, CC).
Classificação da compra e venda: contrato bilateral (ou sinalagmático); oneroso (ambos objetivam 
vantagem patrimonial, suportando ônus); em regra, comutativo (o bem cujo domínio é transferido 
é certo e seu valor e o preço pago são equivalentes); em regra, não solene (exceção: Art. 108, CC); 
e consensual (forma-se com o acordo de vontades).
Embora se trate de contrato consensual, o momento de aperfeiçoamento (exaurimento) da compra 
e venda ocorre com a tradição (entrega do bem imóvel), ou com a transcrição (registro do título 
no cartório se for bem imóvel), pois é partir de tais atos que, em regra, promove-se a transferência 
da propriedade.
Hipóteses de compra e venda aleatória:
a) Se for submetida a fato futuro, cujo risco de não existir seja assumido por um dos contratantes 
(emptio spei - Art, 458, CC). Ex. exploração de direito autoral de obra que venha a existir.
A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o 
contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório 
(Art. 483, CC).
 
b) Se tiver por objeto coisas futuras, tomando o comprador o risco de virem a existir em 
qualquer quantidade (emptio rei sperate).
O vendedor terá direito ao preço total, desde que não tenha atuado com culpa e que algo da coisa 
venha a existir (Art. 459, caput e §único). Ex. compra dos grãos de futura safra de soja.
c) Se tiver por objeto coisa existente, mas exposta a risco de perda ou deterioração, tomando o 
comprador tal risco, o vendedor terá direito ao preço. Ex. compra de mercadoria embarcada.
O contrato de compra e venda será obrigatoriamente solene, se o objeto for coisa imóvel com 
valor superior a 30 salários mínimos (Art, 108, CC).
Riscos sobre a coisa 
Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por 
conta do comprador.
Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que 
comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à 
disposição do comprador, correrão por conta deste.
Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as 
receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados (Art. 492, CC).
Local da tradição
A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se 
encontrava, ao tempo da venda (Art. 493, CC).
Elementos constitutivos do contrato de compra e venda:
1. Coisa: deve ser um bem in commercium, ou seja, aquela cujo domínio pode ser transferido, 
alienado. Deve ter existência, ainda que potencial (coisa futura), quando da celebração do 
contrato, podendo ser corpórea (imóveis, móveis, semoventes - animais) ou incorpórea 
(ações na Bolsa, créditos, propriedade literária) e ser determinada (individualizada) ou 
determinável no momento da execução do contrato. A venda por amostra deve assegurar 
que a coisa tenha as qualidades daquela (Art. 484, CC). 
Leitura do CC (Art. 484, caput e § único). Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou 
modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas 
correspondem.
Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira 
pela qual se descreveu a coisa no contrato.
2. Preço: Características – pecuniariedade, ou seja, a contraprestação deve se dar em soma 
em dinheiro ou coisas representativas dele, títulos cambiários (cheque, notas promissória) 
ou títulos da dívida pública; seriedade – valor real e verdadeiro, mesmo que não seja 
perfeitamente ao valor da coisa. Não pode ser valor irrisório, que represente mera 
liberalidade; certeza – deve ser determinado, mas pode ser submetido a índices variáveis, 
desde que objetivamente (Art. 486 e 487, CC). Não pode ser fixado arbitrariamente por uma 
das partes (há nulidade, Art. 489, CC).
Leitura do CC (Art. 486 e 487). Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou 
de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de 
objetiva determinação.
3. Consentimento: convergência de vontades sobre a coisa, preço e condições do negócio.
Atenção: Elemento eventual nos contratos solenes: forma. Em regra, as despesas quanto á forma 
correm por conta do comprador:
Leitura do CC (Art. 490). Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a 
cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
AULA 08 – COMPRA E VENDA (CONTINUAÇÃO)
Cláusulas e regras especiais:
1. Retrovenda: cláusula que dá ao vendedor de coisa imóvel o direito de retrato, ou seja, a 
prerrogativa de recobrá-la no prazo máximo decadencial de 03 anos (podendo ser cedido e 
exercido contra terceiro adquirente – Art. 507), restituindo o preço recebido e reembolsando as 
despesas do comprador, incluindo-se as realizadas com benfeitorias necessárias (Art. 505, CC).
Se o comprador se recusar à restituição do preço e à entrega do bem, poderá o titular do direito de 
retrato realizar a consignação em pagamento judicial (Art. 506, CC).
Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito 
de resgate, as depositará judicialmente.
Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, 
até e enquanto não for integralmente pago o comprador (Art. 506, caput e §único, CC).
Lembrete: Consignação em pagamento é uma forma de pagamento indireto de uma obrigação, 
caracterizado pelo depósito judicial ou extrajudicial, feito em estabelecimento bancário, de uma 
coisa certa em pagamento de uma dívida, dentre outras hipóteses, em caso de recusa imotivada de 
recebimento da prestação (Art. 335, CC).
A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o 
pagamento, ou dar quitação na devida forma... (Art. 335, I, CC).
2. Venda a contento: cláusula que submete o contrato de compra e venda a uma condição 
suspensiva relacionada à satisfação do adquirente, ou seja, o contrato não se reputará perfeito 
enquanto o adquirente não manifestar seu agrado (Art. 509, CC).
A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva,ainda que a 
coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu 
agrado (Art. 509, CC).
Lembrete: condição suspensiva é uma cláusula contratual que deriva exclusivamente da vontade 
das partes e subordina um a instauração de um efeito do negócio jurídico a um evento futuro e 
incerto. (Art. 125, CC). 
Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não 
verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa (Art. 125, CC).
3. Venda sujeita a prova: cláusula que também submete o contrato de compra e venda a uma 
condição suspensiva relacionada à satisfação do adquirente, mas nesse caso, o comprador já 
conhece a coisa, necessitando apenas prová-la, para assegurar as qualidades prometidas.
Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha 
as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina (Art. 510, CC).
Tanto na venda a contento, quanto na venda sujeita à prova, enquanto não houver manifestação da 
satisfação, o comprador é considerado como simples comodatário (ou seja, aquele que toma 
empréstimo gratuito de coisa infungível – Art. 511, CC). 
Não há prazo legal para tal manifestação de satisfação; na ausência de estipulação de prazo entre as 
partes, tem o vendedor, intimando o comprador, direito de fixar prazo para a manifestação (Art. 
512, CC) 
4. Preferência (ou preempção): cláusula que impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao 
vendedor a coisa em uma futura e eventual venda, ou em uma dação em pagamento, usando este o 
seu direito de prelação na compra (que não é passível de cessão ou transmissão – Art. 520), 
devendo pagar o preço ajustado entre comprador e possível terceiro adquirente.
Atenção: A previsão contratual do prazo para exercer o direto de preferência não poderá exceder 
o limite legal de 180 dias, se a coisa for móvel, ou de 02 anos, se for imóvel, contados da 
notificação (Art. 513, CC).
A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa 
que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na 
compra, tanto por tanto.
O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa 
for móvel, ou a dois anos, se imóvel (Art. 513, caput e §único, CC).
Inexistindo estipulação de prazo, o direito de preferência deverá ser exercido em 03 dias para 
bens móveis e em 60 dias para bens imóveis da notificação ao vendedor (Art. 516, CC),
Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se 
exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subseqüentes à data 
em que o comprador tiver notificado o vendedor (Art. 516, CC). 
Conseqüência do descumprimento do direito de preferência: responsabilidade civil do 
comprador por danos materiais e/ou morais, havendo responsabilidade solidária do adquirente em 
caso de má-fé (Art. 518, CC). 
Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência 
do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se 
tiver procedido de má-fé (Art. 518, CC).
5. Venda com reserva de domínio: cláusula que dá ao vendedor o direito de preservar para si o 
domínio (a propriedade, não a posse) de uma coisa certa (perfeitamente individualizada), móvel e 
fungível até que o preço esteja inteiramente pago. Depende de registro para ter validade erga 
omnes (contra terceiros) – Art. 521 e 522, CC.
Atenção: O comprador responde pelos riscos da coisa a partir da entrega da coisa. 
Leitura do CC (Art. 524): A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que 
o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir 
de quando lhe foi entregue.
Constituindo o comprador em mora (ou seja, após notificar o comprador de que há 
inadimplemento) o vendedor poderá exercer sua pretensão (direito de exigir a prestação) realizando 
a cobrança das parcelas vencidas e vincendas ou retomando a posse do bem vendido (mas 
devolvendo o que lhe foi pago – Art. 526, CC) 
Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente ação de 
cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a 
posse da coisa vendida (Art. 526, CC).
6. Venda sobre documentos: a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título 
representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato. Se a documentação estiver em 
ordem, não pode o comprador recusar-se a pagar, alegando defeito, salvo se comprovado (Art. 529, 
CC)
Ocorre uma tradição simbólica, ou seja, realizam-se atos que simbolizam a entrega do bem. 
 
AULA 09 – TROCA
Conceito: Também chamada permuta, é o negócio jurídico bilateral pelo qual as partes se obrigam 
a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro (Clóvis Beviláqua).
Obrigações geradas para as partes (permutantes): transferir para o outro o domínio da coisa objeto 
da sua prestação. 
Para Maria Helena Diniz, a troca é similar a uma dupla-venda.
Classificação: bilateral, oneroso, comutativo, em regra consensual, e translativo de propriedade.
Atenção: Se uma (ou as duas) das coisas permutadas forem bem imóvel, o contrato será solene, 
pois se exigirá escritura pública
Objeto das prestações: Dois bens suscetíveis de alienação e passíveis de determinação. Não 
precisam ser da mesma espécie ou conter o mesmo valor. Podem ser permutados direitos, desde que 
não sejam de personalidade. Não será troca se uma das prestações for realizar serviço.
Atenção: Possui a mesma natureza que a compra e venda, sendo aplicáveis as regras dessa, com 
exceções: 
a) as despesas com a troca serão repartidas igualmente, salvo disposição em contrário; 
b) a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento do cônjuge 
e demais descendentes, é anulável, 
Leitura do CC (Art. 533). Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as 
seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o 
instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento 
dos outros descendentes e do cônjuge do alienante. 
Atenção: Qual o prazo para pleitear a anulação dessa troca: 02 anos a partir da entrega da conclusão 
do contrato.
Leitura do CC (Art. 179). Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer 
prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
c) entregue a coisa permutada, o devedor pode repetir (pedir a devolução) o que deu, se não lhe 
for entregue o objeto permutado.
AULA 10 – CONTRATO ESTIMATÓRIO
Conceito: Também chamado venda em consignação, é o negócio jurídico bilateral em que uma 
parte (consignatário) recebe de outrem (consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los, 
obrigando-se a restituir as coisas consignadas ou a pagar um preço estimado previamente, se não 
as devolver dentro do prazo estipulado. 
Leitura do CC (Art. 534). Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao 
consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, 
no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
Objeto da prestação do consignante: bens móveis.
Classificação: bilateral, oneroso, comutativo, em regra consensual, e real (requer a efetiva 
entrega da coisa móvel).
Efeitos do contrato: 
Atenção: O contrato estimatório gera obrigações alternativas ao consignatário – são aquelas que 
têm objeto múltiplo (duasou mais prestações), mas que se extingue com um cumprimento de uma 
delas.
O consignante, salvo estipulação em contrário, conserva a propriedade do bem consignado até 
que o consignatário venda o bem a terceiro ou pague o preço estipulado ao consignante. 
Há transferência do poder de disposição do bem, de modo que o consignante, ao dar a posse 
direta ao consignatário, não pode alienar o bem, até a restituição ou a sua comunicação (deve 
aturar com boa-fé objetiva, sob pena de nulidade – Art. 166, VI, CC – fundamento, fraude à lei). 
Leitura do CC (Art. 537). O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de 
lhe ser comunicada a restituição.
As coisas consignadas não poderão ser objeto de penhora pelos credores do consignatário, 
enquanto não for pago integralmente seu preço (Art. 536, CC). Credores do consignante podem 
penhorar o bem consignado? Lacuna – entende-se que sim.
Consignatário deve pagar despesas de guarda e venda a terceiro, mas tem o direito de guardar a 
compensação pela diferença entre o preço estimado e o preço de venda a terceiro. 
Consignatário não se excusa de pagar o valor do bem consignado, se a obrigação de restituir se 
tornar impossível, mesmo que sem sua culpa – salvo se for o consignante quem deu causa à perda 
ou deterioração.
Leitura do CC (Art. 535). O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a 
restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não 
imputável.
AULA 11 – DOAÇÃO
Conceito: Doação é o negócio jurídico bilateral em que uma pessoa (doador), por liberalidade, 
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra (donatário) (Art. 538, CC).
Características: contrato unilateral; em regra, gratuito, em regra formal.
Leitura do CC (Art. 541). A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, 
se lhe seguir incontinenti a tradição.
Elementos característicos: 
1. Ânimo de realizar liberalidade (animus donandi); 
2. Transferência de bens ou de direitos: o objeto da prestação precisa estar in commercio; deve ser 
lícita e possível de determinação. 
Atenção: Será nula a doação inoficiosa, ou seja, a que recair sobre todos os bens do doador, sobre 
os indispensáveis à subsistência, ou à parte indisponível no testamento.
Leitura do CC (Art. 548). É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda 
suficiente para a subsistência do doador.
Leitura do CC (Art. 549). Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, 
no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
3. Aceitação do donatário: é possível a doação ao nascituro, se aceita por seu representante legal 
(Art. 542, CC). Dispensa-se a aceitação feita ao absolutamente incapaz, desde que seja doação pura 
(Art. 543, CC).
Espécies de doação:
1. Doação pura e simples: é a doação feita sem qualquer restrição ou modificação para a sua 
constituição (sem condição, encargo ou termo). Ex: doação feita em contemplação do merecimento 
do donatário (Art. 540, primeira parte, CC).
2. Doação modal (ou com encargo): é a doação onerosa em que o doador impõe ao donatário 
(incluindo-se o legatário) uma incumbência em seu benefício, em favor de terceiro ou no interesse 
geral (Art. 553, CC e Art. 1.938, CC).
Leitura do CC (Art. 562). A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o 
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar 
judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
3. Doação condicional: é aquela que depende de acontecimento futuro ou incerto que instaurará 
os efeitos da doação (condição suspensiva) ou extinguirá os efeitos dela (condição resolutiva).
Leitura do CC (Art. 546). A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e 
determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos 
filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só 
ficará sem efeito se o casamento não se realizar. (CONDIÇÃO SUSPENSIVA)
Leitura do CC (Art. 547). O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, 
se sobreviver ao donatário. (CONDIÇÃO RESOLUTIVA)
4. Doação a termo: é a doação que contém termo final ou inicial.
5. Doação remuneratória: é a doação que conserva o caráter de liberalidade, mesmo 
representando propósito de remuneração por serviços prestados ou por vantagem oferecida (Art. 
540, segunda parte).
Revogação da doação (Art. 555): direito que pode ser exercido no prazo máximo de 01 ano (Art. 
559, CC), a partir do conhecimento, pelo doador, do fato praticado pelo donatário, nos casos de 
ingratidão do donatário (ex. ofensa grave, injúria, recusa de alimentos) ou de inexecução 
(incluindo a mora) do encargo (Art. 562, CC), desde que não sejam por doações remuneratórias, 
por obrigação natural ou para determinado casamento (564, CC).
Leitura do CC (Art. 557, 558 e 562). Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra 
ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
(558) Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o 
cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
 
(562) A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em 
mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o 
donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
AULA 12 – LOCAÇÃO
LOCAÇÃO
Conceito: Negócio jurídico bilateral pelo qual uma das partes (locador), compromete-se a fornecer, 
durante um lapso temporal e mediante remuneração paga pela outra parte (locatário): o uso e o gozo 
de uma coisa infungível (locação de coisas); a prestação de um serviço apreciável 
economicamente; ou a execução de alguma obra determinada (locação de obra ou empreitada) – 
Clóvis Beviláqua. 
Espécies de Locação:
1. Locação de coisa
2. Locação de serviço
3. Locação de obra ou empreitada.
Características Gerais:
Remuneração: aluguel, na locação da coisa; salário, na locação de serviço; e preço na locação de 
obra.
Contrata bilateral, oneroso, comutativo, consensual e de execução sucessiva.
1. LOCAÇÃO DE COISA 
Conceito: Negócio jurídico bilateral pelo qual uma das partes (locador), compromete-se a fornecer, 
durante período determinado ou indeterminado e mediante aluguel pago pela outra parte 
(locatário): o uso e o gozo de uma coisa infungível.
Leitura do CC (Art. 565): Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por 
tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
Atenção: Locação de imóveis urbanos: há aplicação de Legislação Especial: Lei 8.245/91 (Lei do 
Inquilinato); Locação de imóveis rurais: Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra).
Deveres do Locador:
a) Transferir a posse direta do bem ao locatário, incluindo os bens acessórios a ele, em bom 
estado para o uso durante o tempo do contrato (antes do prazo, não pode reaver a coisa, senão 
ressarcindo o locatário por perdas e danos; enquanto não ressarcir o locatário terá direito de 
retenção – Art. 571, CC).
Atenção: O locatário detém a posse do bem locado. Ele não se confunde com o fâmulo da posse, 
que é o detentor, ou seja, aquele que guarda o bem em nome de outrem, cumprindo suas ordens (ex. 
caseiro, motorista particular).
b) Garantir que não haja turbação daposse do locatário por terceiros: ou seja, garantir que o uso 
da coisa seja pacífico e não seja embaraçado por terceiros que pretendam ter direito à coisa alugada.
c) Responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação. 
Leitura do CC (Art. 566). O locador é obrigado: I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com 
suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo 
do contrato, salvo cláusula expressa em contrário; II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, 
o uso pacífico da coisa.
Leitura do CC (568): O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de terceiros, 
que tenham ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios, ou 
defeitos, anteriores à locação.
Atenção: Em caso de privação da posse (esbulho), caberá Ação de Reintegração de Posse; em caso 
de agressão da posse, sem privação (turbação), caberá Ação de Manutenção da Posse; em caso de 
agressão potencial (não ocorrida – ameaça) caberá a ação chamada Interdito Proibitório (artigos 
926, 932 e 1.210, CPC).
AULA 13 – LOCAÇÃO DE COISA (CONTINUAÇÃO)
Deveres do Locatário:
a) Servir-se da coisa somente para os fins contratados e usá-la com o cuidado necessário à boa 
conservação, como se sua fosse presumidos (caso contrário, pode haver rescisão unilateral, podendo 
responder por perdas e danos – art. 570, CC).
b) Cumprir sua contraprestação pontualmente, ou seja, pagar os alugueres no prazo determinado 
(não pode o locatário devolvê-la antes do prazo, senão pelo pagamento de multa).
c) Levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros.
d) Restituir a coisa com o término da locação, no estado em que recebeu, desconsideradas as 
deteriorações naturais do uso.
Leitura do CC (Art. 569) O locatário é obrigado: I - a servir-se da coisa alugada para os usos 
convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la 
com o mesmo cuidado como se sua fosse; II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos 
ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; III - a levar ao conhecimento do 
locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em direito; IV - a restituir a coisa, 
finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular.
Atenção: Em caso de deterioração da coisa locada sem culpa do locatário, ele pode pedir a 
redução proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, se a coisa não servir mais ao uso 
estipulado (art. 567, CC).
Atenção: Terminado o prazo da locação, se o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem 
oposição do locador, presume-se prorrogada a locação sem prazo determinado, pelo mesmo 
aluguel (art. 574, CC). 
Contudo, se o locatário continuar na posse contrariamente e após a notificação de restituição 
feita pelo locador, ele deverá arcar com o aluguel arbitrado pelo locador e poderá ser 
responsabilizado pela deterioração ou perda do bem, mesmo que não tenha agido com culpa 
(Art. 575, CC). 
Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de benfeitorias 
necessárias ou úteis, desde que tenham sido feitas com expresso consentimento do locador (Art. 
578, CC).
Morte do locador ou locatário: transferem-se aos herdeiros os direitos e obrigações referentes ao 
contrato de locação por prazo determinado (Art. 577, CC); 
Atenção: a locação de coisa pode ensejar obrigações com eficácia real (são as que possuem 
eficácia real, ou seja, erga omnes, contra todos), desde que haja registro cláusula de vigência de 
locação. É uma exceção ao princípio da relatividade dos efeitos do contrato.
Leitura do CC (Art. 576, caput e § 2º). Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não 
ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no 
caso de alienação, e não constar de registro. 
Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador não esteja obrigado a respeitar o 
contrato, não poderá ele despedir o locatário, senão observado o prazo de noventa dias após a 
notificação.
Leitura da Lei 8.245/91 (Art. 8º, caput): Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente 
poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação 
for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e 
estiver averbado junto à matrícula do imóvel.
AULA 14 – LOCAÇÃO DE SERVIÇOS
LOCAÇÃO DE SERVIÇOS (PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS)
Introdução: No Código Civil de 1916, a prestação de serviços era tratada como “locação de 
serviços”. Alguns autores, pelo Código Civil atual não empregar mais a expressão “locação de 
serviços” entendem que o termo “locação” é utilizado apenas para coisas e não mais para 
pessoas. Ainda se emprega, contudo, a expressão “Locação de serviços”.
Conceito: Negócio jurídico bilateral pelo qual uma das partes obriga-se para com outra, sem 
subordinação, a prestar-lhe uma atividade lícita, material ou imaterial, mediante remuneração.
Figuras e obrigações: 
Prestador: realiza a prestação de atividade lícita material ou imaterial.
Tomador: realiza a prestação de dar quantia certa (salário). 
Atenção: O trabalho com vínculo empregatício é regulado pelo Direito do Trabalho. O Código 
Civil regula a prestação de serviços residual, ou seja, a prestação de serviços sem as 
características cumulativas de continuidade, subordinação (sujeição técnica e hierárquica) e 
pessoalidade.
Cuidado: Há serviços específicos que são tratados em seção específica do Código Civil, como 
transporte, agência e distribuição, ou até mesmo em lei específica, como os serviços de telefonia 
e bancário.
Desde que respeitados os pressupostos e requisitos para os negócios jurídicos, qualquer espécie de 
serviço pode ser objeto do contrato de prestação de serviço.
Características da Locação de Serviços: Contrato bilateral, consensual, comutativo e oneroso.
Peculiaridades:
Falta de estipulação ou desacordo sobre remuneração (Art. 596, CC): arbitramento. Se não 
houver acordo sobre a remuneração ou não for estipulado seu valor, ela será objeto de 
arbitramento (judicial ou extrajudicial), tendo-se em conta os costumes, o tempo de serviço e 
qualidade.
Leitura do CC (Art. 596). Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por 
arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade. 
Momento do pagamento da remuneração (Art. 597, CC): em regra, após a realização do serviço. 
Contudo, por acordo ou costume, pode ser adiantada ou paga em prestações.
Leitura do CC (Art. 597). A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, 
ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
Prazo máximo do contrato (Art. 598): 04 anos. Mesmo que a causa do contrato tenha sido o 
pagamento de dívida pelo prestador ou que a obra contratada não esteja concluída.
Leitura do CC (Art. 598, CC): A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de 
quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se 
destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por 
findo o contrato, ainda que não concluída a obra.
Término do contrato (Art. 607): Morte de qualquer das partes; término do prazo; conclusão da 
obra; inadimplemento; impossibilidade por força maior; ou resolução unilateral.
Possibilidade de resolução unilateral (Art. 599, 602 e 603, CC): Contrato de prestação de serviços 
com prazo indeterminado – é possível, sem responsabilização. Desde que haja aviso prévio, cujo 
prazo depende da habitualidade da remuneração. 
Com prazo determinado, não é possível,em regra, sem responsabilização. A despedida sem justa 
causa gera responsabilidade de pagar metade do restante a que teria direito. Se o prestador se 
despedir no contrato com prazo determinado ou obra certa, responderá por perdas e danos.
Leitura do CC (Art. 599). Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do 
contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode 
resolver o contrato. Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: I - com antecedência de oito dias, se o 
salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais; II - com antecipação de quatro dias, se o 
salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena; III - de véspera, quando se tenha contratado por 
menos de sete dias. 
Leitura do CC (Art. 602). O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra 
determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou 
concluída a obra. Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição 
vencida, mas responderá por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se despedido por justa causa.
Leitura do CC (Art. 603). Se o prestador de serviço for despedido sem justa causa, a outra parte 
será obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria de 
então ao termo legal do contrato.
AULA 15 – LOCAÇÃO DE OBRA (OU EMPREITADA)
Conceito: Negócio Jurídico Bilateral em que uma das partes obriga-se, sem subordinação, a 
executar determinada obra, pessoalmente ou por terceiros, como contraprestação da remuneração 
certa, ou de acordo com o trabalho realizado, a ser paga pela outra parte, utilizando-se de material 
próprio ou fornecido pelo dono da obra.
Figuras: Dono da Obra: obriga-se a pagar o preço; Empreiteiro: obriga-se a executar obra certa.
 
Características da Empreitada: Bilateral (ou sinalagmático); Consensual; Oneroso.
Espécies de empreitada:
Empreitada de lavor (ou de mão-de-obra): aquela em que o empreiteiro contribui apenas com seu 
trabalho, (empreitada sob administração). Atenção: Nessa espécie, o empreiteiro não fornece 
materiais.
Empreitada de lavor e de materiais (ou mista): aquela em que o empreiteiro contribui com seu 
trabalho, seja pela realização propriamente dita da obra ou por sua administração, e também com o 
fornecimento de materiais.
Peculiaridades:
Riscos com aumento ou redução de preços: Em regra, correm por conta do empreiteiro. Salvo 
estipulação em contrário ou em caso de modificação do projeto por instrução do dono da obra, os 
riscos da alta ou baixa do preço dos materiais e do salário são assumidos pelo empreiteiro. (Art. 
619, CC):
Leitura do CC (Art. 619). Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se incumbir de 
executar uma obra, segundo plano aceito por quem a encomendou, não terá direito a exigir 
acréscimo no preço, ainda que sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser que estas 
resultem de instruções escritas do dono da obra.
Modificação do projeto sem anuência do dono da obra: em regra, não é possível (Art. 621, CC). 
Contudo, se o projeto original tornar-se comprovadamente inconveniente ou com onerosidade 
excessiva, pode haver modificação sem autorização. 
Leitura do CC (Art. 621). Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário da obra introduzir 
modificações no projeto por ele aprovado, ainda que a execução seja confiada a terceiros, a não 
ser que, por motivos supervenientes ou razões de ordem técnica, fique comprovada a 
inconveniência ou a excessiva onerosidade de execução do projeto em sua forma originária.
Responsabilidade do empreiteiro de edifícios: prazo decadencial de 05 anos e prazo prescricional 
de 180 dias. O empreiteiro de lavor e de materiais de edifícios e construções consideráveis 
responderá pela solidez e segurança da obra e dos materiais, e pela adequação do solo, pelo prazo 
decadencial de 05 anos, devendo o dono da obra ajuizar a ação em 180 dias a partir do 
conhecimento do vício.
Leitura do CC (Art. 618). Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções 
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de 
cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. 
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a 
ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
Suspensão da Obra: pelo dono da obra, é possível desde que haja ressarcimento (Art. 623, CC). 
Desde que pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais 
indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a obra.
Pelo empreiteiro: é possível (Art. 625, CC), nos casos de culpa do dono da obra, ou por motivo de 
força maior (segundo Orlando Gomes, fato jurídico em sentido estrito extraordinário previsível, 
mas totalmente inevitável); dificuldades imprevisíveis, resultantes de causas geológicas, hídricas, 
ou outras (seriam casos fortuitos?), que cause onerosidade excessiva e o dono da obra se opuser 
ao reajuste do preço; modificações desproporcionais exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e 
natureza.
Atenção: Se o empreiteiro suspender a obra sem uma das causas acima (justa causa), responde por 
perdas e danos (Art. 624, CC). 
Atenção: não se extingue o contrato por morte do empreiteiro, salvo se a obrigação decorrente for 
personalíssima (Art. 626, CC).
AULA 16 – CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
Conceito: Acordo de vontades por meio do qual uma das partes recebe coisa alheia para utilizá-
la e, em seguida, devolvê-la ao legítimo proprietário.
Obrigação sempre gerada no contrato de empréstimo: Uma das partes obriga-se à prestação de 
entregar coisa certa.
Espécies de empréstimo:
A. COMODATO
B. MÚTUO
A. COMODATO:
Conceito: Também chamado de “empréstimo de uso”, é o negócio jurídico bilateral do gênero 
“empréstimo”, que se caracteriza pelo recebimento gratuito de uma coisa não fungível destinada 
ao uso temporário, com posterior devolução ao legítimo proprietário (Art. 579, CC).
Leitura do CC (Art. 579). O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se 
com a tradição do objeto.
Figuras: Comodante – tem a obrigação de entregar a coisa infungível, transferindo o uso 
temporariamente. Comodatário – recebe a coisa infungível, devendo restituir. 
Características: Contrato unilateral (só há obrigação para uma das partes do contrato); gratuito 
(apenas uma das partes suporta ônus, enquanto a outra aufere vantagens), real (aperfeiçoa-se com a 
entrega do bem).
Características da coisa a ser entregue: Infungível e inconsumível. 
Peculiaridades:
Vedação, em regra, aos tutores e curadores de disporem, gratuitamente e por empréstimo, mesmo 
que temporariamente, dos bens confiados a sua guarda (Art. 580, CC).
Leitura do CC (Art. 580). Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens 
alheios não poderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda.
Prazo: O Comodante, mesmo dispondo gratuitamente do bem, deve aguardar o prazo para exigir a 
restituição (Art. 581, CC):
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso 
concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo 
juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se 
determine pelo uso outorgado.
Uso e mora do comodatário: este deve conservar a coisa infungível e dar o uso convencionado ou 
esperado, sob pena de responder por perdas e danos. Se retardar a restituição, pode responder 
pelos riscos deperda e perecimento, além de poder ser obrigado a pagar um aluguel que o 
comodante fixar (Art. 582, CC) 
Leitura do CC (Art. 582). O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a 
coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob 
pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela 
responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.
Despesas com o uso da coisa e gozo (Art. 584, CC): ficam a cargo do comodatário. 
Leitura do CC (Art. 584, CC) O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as 
despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
AULA 17 – EMPRÉSTIMO (CONTINUAÇÃO)
B. MÚTUO
Conceito: Também chamado de “empréstimo de consumo”, é o negócio jurídico bilateral do gênero 
“empréstimo”, em que uma das partes transfere a propriedade de uma coisa fungível à outra, a 
qual se obriga, após certo período, a entregar uma coisa do mesmo gênero, qualidade e 
quantidade àquele (Art. 586, CC).
Leitura do CC (Art. 586): O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a 
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Figuras e obrigações: Mutuante – tem a obrigação de entregar a coisa fungível, transferindo a 
propriedade. Mutuário – tem a obrigação de entregar, após certo período, coisa do mesmo 
gênero, qualidade e quantidade da coisa recebida. 
Características: Em regra unilateral (mas pode ser bilateral); bifronte (pode ser gratuito ou 
oneroso – pagamento de juros), real (aperfeiçoa-se com a entrega do bem fungível).
Características da coisa a ser entregue: Fungível (pode ser uma coisa não-consumível. Ex. livro). 
Atenção: por ser contrato translativo de propriedade, o mutuário pode usar e dispor do bem 
como bem entender sem autorização do mutuante. 
Peculiaridades:
Riscos perda e perecimento: Após a entrega do bem, correm por conta do mutuário (587). 
Leitura do CC (Art. 587): Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, 
por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
Empréstimo de coisa fungível a menor (Artigo 588 e 589, CC). 
Mútuo destinado a fins econômicos: Ex. Empréstimo de Dinheiro; Financiamento – Presume-se 
que são devidos juros (salvo estipulação em contrário) não superiores aos juros de mora de 
pagamento de tributos. (Art. 591, c/c 490, CC)
Leitura do CC (Art. 591). Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os 
quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a 
capitalização anual.
Leitura do CC (Art. 406). Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem 
taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que 
estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
Prazo do Mútuo (Art. 592, CC): Se não for estipulado – 30 dias para dinheiro; e Colheita 
seguinte: para produtos agrícolas (ex. empréstimo de 10 sacos de sementes abóbora – serão pagos 
na colheita desse produto). 
Morte do mutuário: herdeiros têm obrigação de entregar coisa do mesmo gênero, quantidade e 
qualidade (Jurisprudência).
AULA 18 – DEPÓSITO
Conceito: Negócio jurídico bilateral por meio do qual uma parte (depositário) recebe de outrem 
(depositante) um bem móvel corpóreo (coisa), com a obrigação de guardá-lo, devendo restituí-lo, 
quando lhe for exigido. 
Figuras e obrigação: Depositário – tem a obrigação de fazer (guardar o bem móvel corpóreo). 
Depositante: entrega a coisa para a guarda.
Características: Em regra, unilateral (mas pode ser bilateral – se houver disposição contratual ou 
se disser respeito à profissão de depositário); gratuito (mas pode ser oneroso – se o depositário 
tiver direito a uma contraprestação pela guarda da coisa); real.
Espécies:
Depósito voluntário: resulta da autonomia privada das partes.
Depósito necessário (ou obrigatório) – Pode ser:
a) Depósito Legal: realizado no desempenho de uma obrigação decorrente de lei. Ex. O depósito 
obrigatório feito pelo descobridor da coisa perdida à autoridade pública (Art. 1233, § único); A 
consignação em pagamento feita pelo devedor de dívida vencida se houver lide entre credores (Art. 
345, CC). O depósito feito pelo administrador de bens em caso de incapacidade superveniente do 
antigo depositário (Art. 641, CC).
b) Depósito Miserável: realizado quando há situações de calamidade, como inundação, incêndio, 
naufrágio ou saque. A primeira pessoa que aceitar socorrer o depositante, será o depositário (Art. 
647, II).
c) Depósito do hospedeiro: refere-se à bagagem dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde 
estiverem. Os hospedeiros têm responsabilidade objetiva, pois respondem pela conduta de seus 
empregados ou equiparados no tocante à guarda do bem depositado (Art. 649, § único, CC) 
Leitura do CC (Art. 649. Parágrafo único). Os hospedeiros responderão como depositários, assim 
como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus 
estabelecimentos.
Muita Atenção: A prisão do depositário infiel subsiste no ordenamento jurídico brasileiro? Não, o 
STF firmou jurisprudência no sentido de que é contrária à Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos (Pacto de San Jose da Cost Rica), ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e 
à Constituição Federal (Ver STF, HC 98893, Rel. Celso de Mello). 
AULA 19 – MANDATO
Conceito: Negócio Jurídico Bilateral pelo qual uma pessoa (mandatário) recebe poderes de outra 
(mandante) para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses (653, CC). 
Leitura do CC (Art. 653). Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em 
seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
Atenção: Mandato é o contrato; procuração é o instrumento dele.
Natureza Jurídica: Em regra, gratuito e unilateral (mas pode ser bilateral e oneroso – 658, CC), 
em regra consensual (mas pode ser solene – 656 e 657, CC), em regra personalíssimo (mas pode 
ser não ser intuito personae).
Leitura do CC (Art. 656). O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Leitura do CC (Art. 657). A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a 
ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
Leitura do CC (Art. 658). O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada 
retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou 
profissão lucrativa.
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou 
no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por 
arbitramento.
Requisitos do mandato e do instrumento: Capacidade civil – de fato; indicação do lugar onde foi 
passado; qualificação das partes, data, objetivo e extensão dos poderes (654)
Leitura do CC (Art. 654). Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante 
instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. § 1º O instrumento 
particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do 
outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos. § 
2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma 
reconhecida.
Substabelecimento: transferência dos poderes com ou sem reserva de poderes. Mesmo que se dê 
por instrumento público, pode substabelecer-se por instrumento particular (655).
Espécies de mandato:
Quanto à origem:
• Legal: dispensa a elaboração de qualquer instrumento. Ex:

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