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TCC_II-_THAMILLY_E_DAYANNE_FUNORTE-REVISTA_UFV- versão outubro 25 docx

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REVISTA DE DIREITO | VIÇOSA | ISSN 2527-0389 | V.XX N.XX 2022 
DOI: doi.org/XX.XXXX/XXXXXXXXxxxx 
 
A aplicação da Convenção Sobre os Aspectos Civis do Sequestro 
Internacional de Crianças, em Casos de Violência Doméstica sofrida por 
mães brasileiras| Título em inglês: subtítulo (se houver) – fonte: arial / itálico / 
tamanho 12 (alinhamento à esquerda) 
 
 
 
RESUMO | O texto deve ser em 
Arial, tamanho 12 e justificado, 
como este aqui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT | O texto deve ser em 
Arial, tamanho 12, em itálico e 
justificado, como este aqui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALAVRAS-CHAVE | Fonte Arial, 
tamanho 12, alinhamento à 
esquerda. 
KEYWORDS | Fonte Arial, tamanho 
12, alinhamento à esquerda e em 
itálico. 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
No mundo contemporâneo globalizado é bastante significativo o 
aumento de relações privadas transfronteiriças, e dentro desse contexto, com o 
objetivo de assegurar os direitos civis nas relações conjugais transnacionais, 
em especial garantir a proteção e segurança das crianças decorrentes dessas 
relações, os Estados convencionaram normas internacionais. Nesta esteira, em 
outubro de 1980, na cidade de Haia, sede das Conferências de Paz, foi 
elaborado em sessão plenária a 14ª Conferência de Haia, conhecida como 
Convenção de Haia de 1980 relativa aos Aspectos Civis do Sequestro 
Internacional de Crianças (doravante denominada Convenção de Haia ou 
CH-80). 
A Convenção de Haia surgiu com o intuito de instituir normas e tornar 
mais ágil e célere a atuação entre os Estados, para fins de reinserir, no menor 
lapso de tempo possível, a criança sequestrada à sua residência habitual. 
Nesses casos, o “sequestro” internacional de crianças ocorre quando a criança 
é subtraída do seu país habitual, sem autorização de um dos seus genitores, 
ou quando a criança é retirada licitamente do seu país habitual, mas não é 
devolvida. É importante ressaltar que a expressão “sequestro” foi traduzida de 
forma errônea e pode trazer uma confusão. Pois, não se trata do “sequestro” e 
sim a transferência ou retenção, o próprio título na linguagem original se trata 
de subtração (abduction) de menores. Independentemente de como tenha sido 
denominado, é importante entender que a CH-80 trata da proteção à criança 
subtraída, criando mecanismos para seu retorno imediato ao seu país habitual. 
“Portanto, a Convenção de Haia traz consigo em um dos seus principais 
objetivos, assegurar o retorno imediato desse menor para o país em que 
residia (Sobreiro, 2022, p.)”. 
Tal Convenção foi ratificada pelo Brasil no ano de 2000, por meio do 
Decreto n° 3.413, um acordo de cooperação entre as autoridades judiciais e 
administrativas dos Estados-partes, com o intuito de regulamentar os efeitos 
prejudiciais resultantes da retenção ilícita de crianças, quando a conduta de um 
 
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dos pais ou responsável legal viola o direito de guarda. Passando a ser 
aplicada, inclusive, nos casos em que a mãe brasileira vítima de violência 
doméstica vem para o Brasil trazendo seus filhos, tirando-os do Estado 
estrangeiro onde se estabeleceu a residência habitual do menor. (fonte) 
O objetivo principal da Convenção de Haia é o retorno da criança ao seu 
país de origem, porém estabelece também exceções à regra nos casos em que 
a criança se encontrar integrada ao novo meio. Podemos observar nos artigos 
13 e 20, exceções que versam sobre situações em que existe um risco grave 
no retorno da criança, seja de ordem física ou psíquica ou quando houver 
violação dos princípios fundamentais do Estado requerido, com relação à 
proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. (fonte) 
Entretanto, dentre as hipóteses de exceções prevista na CH-80, que 
tratam das circunstâncias que podem impedir o retorno da criança, não há 
previsão no texto de lei para os casos de violência doméstica sofrida pela mãe 
da criança. Visto que, quando uma mãe se encontra em uma situação de 
abuso, as consequências podem se estender muito além de seu bem-estar 
imediato, afetando diretamente o desenvolvimento emocional e psicológico da 
criança. Permanecer em um ambiente abusivo não apenas coloca a mãe em 
risco, mas também expõe a criança a um contexto de tensão, medo e 
insegurança, que pode comprometer sua saúde psíquica. (referência) 
De acordo com dados levantados pela Advocacia Geral da União, das 
173 ações envolvendo sequestro internacional de menores, analisadas por 
esse órgão, desde 2017, metade envolveu alegação de violência doméstica. 
“E, dentre essas, uma em cada cinco teve reconhecimento judicial da violência. 
No geral, as mães são as principais vítimas desse tipo de violência”. (Brasil, 
2023). Site da AGU 
O presente trabalho busca estudar, portanto, a aplicação da 
Convenção de Haia no âmbito nacional, em razão do aumento do número de 
relações transnacionais de natureza familiar, em relação à mãe brasileira que 
sofre violência doméstica pelo seu companheiro em país estrangeiro. 
 
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Para tanto, a primeira seção será voltada para uma abordagem da 
Convenção de Haia Sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de 
Criança, já a segunda seção será para discutir a natureza e o alcance da 
subtração de crianças em casos de violência doméstica que envolvam 
brasileiras. Por fim, a última seção tratará de analisar a aplicação da CH-80 nas 
decisões judiciais, em casos de violência doméstica, com foco no princípio do 
melhor interesse da criança. 
 
2. A Convenção de Haia de Sobre os Aspectos Civis do Sequestro 
Internacional de Crianças 
É possível entender que a Convenção de Haia de 1980 atua de duas 
formas, preventiva e repressivamente, em busca de materializar seus objetivos 
expressos presentes na Convenção. Os objetivos da CH-80 versam sobre 
assegurar o retorno imediato das crianças que foram subtraídas para outro 
país, e efetivar os direitos de guarda e de visitas, em qualquer um dos Estados 
contratantes. (Convenção de Haia, 1980, artigo 1º). 
O que prevalece é o retorno da criança de forma imediata para seu 
país habitual, com a intenção da garantia do status quo ante. Assim, o 
instrumento visa proteger as crianças dos efeitos nocivos da sua subtração ou 
retenção. Esse retorno ocorre através de medidas apropriadas, tomadas pelos 
Estados contratantes, que recorrem a procedimentos de urgência, conforme 
disposto no artigo 12 da CH-80. 
Nos termos da Convenção, existe duas possibilidades que configura a 
subtração de menores, através da transferência ou da retenção do menor. A 
transferência ou a retenção de uma criança é considerada ilícita quando: 
 
A transferência ou a retenção de uma criança é considerada ilícita quando: a) 
tenha havido violação a direito de guarda atribuído a pessoa ou a instituição 
ou a qualquer outro organismo, individual ou conjuntamente, pela lei do 
Estado onde a criança tivesse sua residência habitual imediatamente antes de 
sua transferência ou da sua retenção; e b) esse direito estivesse sendo 
exercido de maneira efetiva, individual ou em conjuntamente, no momento 
da transferência ou da retenção, ou devesse está-lo sendo se tais 
 
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acontecimentos não tivessem ocorrido à criança. (Convenção de Haia, 1980, 
artigo 3). 
 
Dessa forma, o direito de guarda compreende os direitos relativos aos 
cuidadoscom o menor, mais precisamente esse direito versa sobre decidir o 
lugar de sua residência. Apesar de dispor brevemente sobre o direito de 
guarda, a CH-80 não o regula. Pois este, deverá ser definido conforme o 
ordenamento jurídico do país de residência habitual do menor. (Bezerra, 2022) 
A CH-80 não conceituou residência habitual, sendo assim, para aplicar 
a Convenção, deve-se entender a definição. Araujo e Nardi (2018, p. 116) 
apontam que em face dessa ausência normativa, cada país aplica um conceito 
diferente de residência, com base na sua jurisdição interna, o que resulta em 
“situações em que uma transferência seja considerada ilícita no país 
requerente, mas lícita no país requerido, justamente em função dos critérios 
adotados para determinação da residência habitual da criança”. 
Com base nisso, como a CH-80 não nos apresenta este conceito, de 
acordo com a legislação brasileira aplica-se o domicílio, já que o Código Civil 
de 2002 traz em seus artigos somente o conceito de domicílio. Araújo e Nardi 
(2018, p. 117) apontam que: 
 
É preciso estabelecer os fatores que apontem para a preponderância de um 
lugar em detrimento de outro. Não se exige, propriamente, o ânimo definitivo 
como no domicílio, mas o uso prevalecente do local como morada estável, em 
detrimento de outras residências que o indivíduo possa manter. A 
preponderância de uma residência sobre as demais deverá ser verificada a 
partir dos elementos fáticos que se somam para delinear a vida social do 
indivíduo. 
 
Para a aplicação da Convenção de Haia no território dos 
Estados-partes, cada Estado designará autoridades centrais (órgãos internos) 
que ficam encarregadas de dar cumprimento as obrigações impostas pela 
Convenção. Dessa forma, essas autoridades que cooperam entre sim, buscam 
tomar as medidas para que a criança seja localizada e que sejam evitados 
 
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novos danos a esse menor, ou até prejuízos as partes interessadas, nesses 
casos aos genitores. (Convenção de Haia, 1980, artigo 6). 
 Além disso, as autoridades centrais têm por objetivo assegurar as 
entregas voluntárias das crianças ou mediar uma solução amigável, quando 
necessário também fornecer informações de caráter geral sobre a legislação de 
seu Estado, referente a aplicação da Convenção. Essas autoridades também 
podem dar início ou favorecer a abertura de processo judicial e assegurar o 
retorno da criança de forma administrativa. (Convenção de Haia, 1980, artigo 
7). No Brasil a autoridade central designada para aplicação da Convenção de 
Haia é a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. 
A Convenção de Haia define em seu artigo 12 quais são as 
providências que devem ser tomadas quando ocorrer o sequestro internacional 
(subtração do menor): 
Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos 
do Artigo 3 e tenha decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da 
transferência ou da retenção indevidas e a data do início do processo perante 
a autoridade judicial ou administrativa do Estado Contratante onde a criança 
se encontrar, a autoridade respectiva deverá ordenar o retorno imediato da 
criança. A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo após 
expirado o período de 1 ano referido no parágrafo anterior, deverá ordenar o 
retorno da criança, salvo quando for provado que a criança já se encontra 
integrada no seu novo meio. Quando a autoridade judicial ou administrativa 
do Estado requerido tiver razões para crer que a criança tenha sido levada 
para outro Estado, poderá suspender o processo ou rejeitar o pedido para o 
retorno da criança (Convenção de Haia, 1980, artigo 12). 
 
O artigo 13 da Convenção, elenca que existem exceções para essas 
providências tomadas no artigo 12, supracitado. Em seu texto, é citado que a 
autoridade judicial ou administrativa não é obrigada a ordenar o retorno 
imediato da criança, caso seja provado pelo genitor que oponha essa volta do 
menor ao seu país habitual. São duas essas hipóteses: 
a) que a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da 
criança não exercia efetivamente o direito de guarda na época da transferência 
ou da retenção, ou que havia consentido ou concordado posteriormente com 
esta transferência ou retenção; ou b) que existe um risco grave de a criança, no 
seu retorno, ficar sujeita a perigos de ordem física ou psíquica, ou, de qualquer 
outro modo, ficar numa situação intolerável. (Convenção de Haia de 1980) 
Dessa forma, em consonância com a Convenção de Haia de 1980, 
 
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existe essa preocupação com o estado físico e psíquico da criança, Morley 
(2007) destaca, com seus estudos, que os Estados signatários da CH-80, em 
suas decisões judiciais sobre a subtração de crianças, interpretam o “risco 
grave” e a “situação intolerável”, citados no artigo 13, relacionam-se às 
situações de guerra, fome e outras catástrofes que coloquem a criança em 
perigo de vida, e principalmente a situações que envolvam sério risco de 
abuso ou negligência para as quais os tribunais do país de residência habitual 
se mostrem incapazes de oferecer proteção adequada a essas crianças. 
Além da exceção destacada acima, o artigo 13 da Convenção de Haia 
também assinala que a autoridade judicial ou administrativa pode recusar 
ordenar o regresso da criança se esta se opuser ao seu regresso e tiver 
atingido uma idade e um grau de maturidade para os quais seja adequado ter 
em conta os seus pontos de vista. Entretanto, a CH-80 não aborda o que pode 
ser considerado para entender o que seria essa maturidade da criança. 
Por fim, ainda segundo o artigo 13 da CH-80, as autoridades devem 
buscar informações relativas à situação social da criança fornecidas pela 
autoridade central ou por qualquer outra autoridade competente do Estado de 
residência habitual da criança. 
Em complemento ao artigo 13, a Convenção traz em seu artigo 20 a 
informação de que as disposições contidas no artigo 12 poderão ser recusadas 
quando não forem compatíveis com os princípios fundamentais do Estado 
requerido com relação à proteção dos direitos humanos e das liberdades 
fundamentais. Ou seja, além das hipóteses previstas em lei, as autoridades 
responsáveis, devem considerar os princípios fundamentais. 
Princípio fundamental, como o princípio do melhor interesse do menor, 
tem uma ligação direta com o artigo supra. Esse princípio apareceu 
originalmente no texto da Convenção Internacional das Nações Unidas sobre 
os Direitos das Crianças, 1989, quando apresentou as obrigações dos Estados 
para com a infância, determinando o mínimo que cada nação deveria garantir 
às suas crianças e adolescentes. 
Gama (2008, p. 80), traz seu entendimento a cerca deste assunto: 
 
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O princípio do melhor interesse da criança e do adolescente representa 
importante mudança de eixo nas relações paterno-materno-filiais, em que o 
filho deixa de ser considerado objeto para ser alçado a sujeito de direito, ou 
seja, a pessoa humana merecedora de tutela do ordenamento jurídico, mas com 
absoluta prioridade comparativamente aos demais integrantes da família de 
que ele participa. Cuida-se, assim, de reparar um grave equivoco na história da 
civilização humana em que o menor era relegado a plano inferior, ao não 
titularizar ou exercer qualquer função na família e na sociedade, ao menos para 
o direito. (Gama, 2008, p. 80) 
A importância da aplicação deste princípio, em consonância com os 
termos da CH-80, se dá diante da necessidade de amparo àquelesque se 
encontram em situação de vulnerabilidade. Sendo de suma importância 
observar o princípio do melhor interesse do menor, na aplicação de decisões 
envolvendo subtração internacional de menores, visto que há a necessidade de 
garantir os direitos inerentes ao menor, impedindo que ao retornar para seu 
país habitual a criança sofra ou continue sofrendo abusos de ordem física e 
psíquica pelo seu genitor. 
Por fim, é de suma importância esclarecer que apesar de usar termos 
como sequestro e subtração, ambos não estão relacionados como tipo penal 
pela CH-80. Ou seja, na Convenção de Haia não existe nenhum tipo de 
punição em âmbito criminal. 
 
3. O sequestro internacional de crianças em casos de violência doméstica 
que envolvam mães brasileiras 
Segundo o Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, mais de um 
milhão de pessoas perdem suas vidas a cada ano e muitas outras sofrem 
lesões fatais decorrentes da violência autoinfligida, interpessoal ou coletiva, 
tornando a violência uma das principais causas de morte de pessoas na faixa 
etária de 15 a 44 anos em todo o mundo (Lozano, 2002). 
Em um âmbito mais reduzido, a violência doméstica nos últimos anos, 
tomou espaço de destaque na mídia mundial. Entretanto, essa evolução, 
principalmente no âmbito legislativo brasileiro, é tardia, surgindo somente após 
grande pressão internacional, devido à condenação pela Organização dos 
 
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Estados Americanos (OEA) por negligência e omissão no caso de violência 
doméstica de Maria da Penha Maia Fernandes, que, durante 19 anos e seis 
meses, buscou por justiça pela dupla tentativa de feminicídio por parte de seu 
marido (Instituto Maria da Penha, 2018). 
O caso da Maria da Penha, trouxe visibilidade para um tema que não 
era falado, e os Legisladores brasileiros criaram a Lei n.º 11.340/2006, 
conhecida como a Lei Maria da Penha, que é a principal fonte de direito, no 
Brasil, quando se trata de violência doméstica, em especial de violência contra 
a mulher. 
No entanto, partindo para uma abordagem mais ampla, Elsa de Mattos 
(2023) destaca uma realidade preocupante: o sequestro internacional de 
menores, quando resultante de mulheres que fogem da violência doméstica. 
Muitas vezes, mulheres que sofreram tal violência buscam proteção em outros 
países, levando seus filhos consigo. Essa situação complexa exige uma 
abordagem sensível e colaborativa entre as nações para garantir a segurança 
das crianças e a justiça para as mães. De acordo com os seus estudos sobre a 
Convenção de Haia, aponta-se que a maior parte dos sequestros internacionais 
de menores vem sendo realizada por mulheres que denunciam ter sofrido 
violência, informando que fugiram para outro país com os filhos em busca de 
proteção (Mattos, 2023). 
Dessa forma, em conformidade com os dados disponibilizados pelo 
Itamaraty, no primeiro semestre de 2024, a Central de Atendimento à Mulher, 
180, recebeu 640 denúncias de violência doméstica e de gênero sofridas por 
brasileiras no exterior, um aumento de 30% em relação ao mesmo período do 
ano passado. Cabe mencionar ainda que, entre novembro de 2019 e dezembro 
de 2023, a Rede de Apoio às Brasileiras Vítimas de Violência Doméstica na 
Europa (Revibra) atendeu cerca de 1200 casos, sendo mais de 90% referentes 
a violência doméstica ou de gênero. Neste ano, já foram 400 casos 
denunciados à organização. (Souza, 2024). 
Entretanto, apesar do número considerável de mulheres vítimas de 
violência doméstica no exterior, a Convenção de Haia não evidenciou esses 
 
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casos no seu texto, e a violência doméstica não entra no rol das exceções do 
artigo 13 de forma expressa. 
Por outro lado, partindo da discussão sobre os casos de sequestro 
internacional que envolvem a violência doméstica sofrida por mães brasileiras 
no exterior, no dia 03 de outubro de 2023, no Senado Federal, aconteceu a 7ª 
Reunião da Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e 
Refugiados da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura, com a 
finalidade de debater a aplicação da Convenção sobre os Aspectos Civis do 
Sequestro Internacional de Crianças. Essa reunião teve a presença das Mães 
de Haia, grupo de mulheres brasileiras que denunciam violências domésticas 
em outros países contra ex-companheiros, e que foram motivadas a cometer a 
“subtração” dos seus filhos visando a segurança dos menores. Também esteve 
presente, o Grupo de Apoio a Mulheres Brasileiras no Exterior (Gambe). 
(Brasil, 2024) 
Essa reunião, também contou com a presença da Raquel Cantarelli, 
brasileira que foi acusada de sequestrar suas duas filhas, após fugir da Irlanda 
depois de sofrer violência doméstica do seu ex-companheiro. Cantarelli relatou, 
na Reunião Legislativa supracitada, as agressões e abusos que sofreu por 
parte do genitor das suas filhas, ela conseguiu vir ao Brasil e ficou durante 
quatro anos com as filhas, aguardando o resultado do “processo de Haia”, 
processo de competência da Justiça Federal, realizado conforme a Resolução 
Nº 449 de 30/03/2022. Após participar de audiências e de todo o trâmite, foi 
decidido pela Juíza Federal designada que o caso se aplicaria no artigo 13 da 
CH80. (Brasil, 2024). 
Com isso, ao entrar com o pedido de regulamentação da guarda das 
filhas, pela Justiça Estadual, foi definido junto ao Ministério Público Estadual, a 
guarda unilateral das crianças para a mãe e a suspensão do direito de visitas 
do genitor. Porém, o genitor recorreu da decisão, e segundo o depoimento na 
Reunião supracitada, a Raquel só foi tomar conhecimento quando recebeu 
policiais federais na porta da sua casa, buscando as crianças para o retorno 
imediato ao país de nascimento, Irlanda. Ignorando a decisão da Juíza Federal 
 
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de acordo com a Convenção de Haia de 1980, e o princípio do melhor 
interesse da criança. (Brasil, 2024). 
O artigo 13 da CH-80, trata das possibilidades de não devolução da 
criança, quanto a existência de risco grave de a criança ficar sujeita a perigos 
de ordem física ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situação 
intolerável. Em razão deste artigo, recentemente a Presidência da República 
enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), informações para o 
reconhecimento da violência doméstica como possível fator de impedimento 
para a repatriação de crianças que viviam em país estrangeiro e foram trazidas 
ao Brasil por um dos genitores sem autorização do outro. (Brasil, 2024). 
De acordo com informações divulgadas pela AGU, o Ministro Luís 
Roberto Barroso foi designado relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade 
(ADI) n.º 7686, proposta pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que 
busca conferir interpretação conforme a Constituição ao artigo 13(1)(b), da 
Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças. 
De acordo com a AGU, a Presidência da República defende que a 
violência doméstica é passível de ser inserida nessa exceção, uma vez que 
pode, com base na prova produzida em cada caso, configurar risco grave de 
perigo à criança, ainda que ela não seja a vítima direta da violência. Sendo 
assim, o PSOL, requerente da Ação Direta de Inconstitucionalidade, entende 
que a expressão “perigos de ordem física ou psíquica, ou, de qualquer outro 
modo, ficar numa situação intolerável” deveria incluir casos de suspeita ou 
evidência de violência doméstica contra as genitoras e os genitores ocorridos 
em países estrangeiros, de forma a impedir que a criança retorne ao lar do 
agressor.(Brasil, 2024). 
A ADI n.º 7686, supracitada, aborda discursões e questionamentos 
acerca da interpretação do artigo 13(1)(b), da Convenção de Haia sobre os 
Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças. Argumenta que os 
tribunais brasileiros e internacionais, em alguns casos, não têm levado em 
consideração o impacto da violência doméstica no bem-estar das crianças ao 
aplicar a CH-80, haja vista que, esses casos devem ser analisados com 
 
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cautela, pois o risco físico e psíquico da criança advém de violência doméstica 
contra a mãe, podendo também nestes casos ser aplicada como fundamento 
das exceções no impedimento do retorno da criança ao país de origem. (fonte) 
A petição inicial protocolada, ressalta a necessidade de uma 
compatibilização da interpretação da CH-80 com os direitos garantidos pela 
CRFB/1988, especialmente o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 
1º, III CF), a prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais (art. 
4º, II CF), da garantia pelo Estado de mecanismos para coibir a violência no 
âmbito de relações familiares (art. 226, §8º, CF) e do princípio da prioridade 
absoluta (art. 227, caput, CF). Segundo a petição, é necessário proteger as 
crianças que convivem com a violência doméstica, mesmo que não sejam as 
vítimas diretas dos abusos (Messias; Arruda; Junior, 2024). Não está nas 
Referências e não consigo verificar se está correto, mas não se coloca 
somente Junior, tem que colocar o sobrenome anterior a Junior tbm. 
4. A CH-80 e o princípio do melhor interesse da criança 
A Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança (1959) busca 
preservar o melhor interesse da criança, em contraste com a Convenção da 
Haia de 1980, que foi construída com hipóteses muito restritas, priorizando 
manter a criança no local do qual foi levada, em detrimento de preservar o seu 
melhor interesse, que pode estar sendo prejudicado de formas outras que 
aquelas previstas pela CH-80. (Convenção sobre os Direitos da Criança,1959; 
Convenção de Haia, 1980). 
Em seu artigo 3, a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, 
diz que: 
1. Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições públicas 
ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou 
órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior da 
criança. 
2. Os Estados Partes se comprometem a assegurar à criança a proteção e o 
cuidado que sejam necessários para seu bem-estar, levando em consideração os 
direitos e deveres de seus pais, tutores ou outras pessoas responsáveis por ela 
perante a lei e, com essa finalidade, tomarão todas as medidas legislativas e 
administrativas adequadas. 
 3. Os Estados Partes se certificarão de que as instituições, os serviços e os 
estabelecimentos encarregados do cuidado ou da proteção das crianças 
cumpram com os padrões estabelecidos pelas autoridades competentes, 
 
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especialmente no que diz respeito à segurança e à saúde das crianças, ao 
número e à competência de seu pessoal e à existência de supervisão adequada. 
(Brasil, 1990). 
 
O seu artigo 9, consta que: 
Artigo 9-1. Os Estados Partes deverão zelar para que a criança não seja 
separada dos pais contra a vontade dos mesmos, exceto quando, sujeita à 
revisão judicial, as autoridades competentes determinarem, em conformidade 
com a lei e os procedimentos legais cabíveis, que tal separação é necessária 
ao interesse maior da criança. Tal determinação pode ser necessária em casos 
específicos, por exemplo, nos casos em que a criança sofre maus tratos ou 
descuido por parte de seus pais ou quando estes vivem separados e uma 
decisão deve ser tomada a respeito do local da residência da criança. 
2. Caso seja adotado qualquer procedimento em conformidade com o 
estipulado no parágrafo 1 do presente artigo, todas as partes interessadas terão 
a oportunidade de participar e de manifestar suas opiniões. 
3. Os Estados Partes respeitarão o direito da criança que esteja separada de um 
ou de ambos os pais de manter regularmente relações pessoais e contato direto 
com ambos, a menos que isso seja contrário ao interesse maior da criança. 
4. Quando essa separação ocorrer em virtude de uma medida adotada por um 
Estado Parte, tal como detenção, prisão, exílio, deportação ou morte (inclusive 
falecimento decorrente de qualquer causa enquanto a pessoa estiver sob a 
custódia do Estado) de um dos pais da criança, ou de ambos, ou da própria 
criança, o Estado Parte, quando solicitado, proporcionará aos pais, à criança ou, 
se for o caso, a outro familiar, informações básicas a respeito do paradeiro do 
familiar ou familiares ausentes, a não ser que tal procedimento seja prejudicial 
ao bem-estar da criança. Os Estados Partes se certificarão, além disso, de que a 
apresentação de tal petição não acarrete, por si só, consequências adversas para 
a pessoa ou pessoas interessadas. 
 
Partindo desse pressuposto, é importante salientar que ambas as 
Convenções foram aderidas ao ordenamento jurídico brasileiro com caráter 
supralegal. Entretanto, Sobreiro (2023) cita em seus estudos que, apesar 
dessas Convenções ocuparem a mesma posição hierarquicamente no 
ordenamento jurídico brasileiro, em razão ao princípio da especialidade, num 
eventual conflito entre elas, há de prevalecer o princípio do melhor interesse da 
criança. 
Gama (2008, p. 80), em sua obra, aborda tal entendimento sobre 
esse princípio: 
O princípio do melhor interesse da criança e do adolescente representa 
importante mudança de eixo nas relações paterno-materno-filiais, em que o 
filho deixa de ser considerado objeto para ser alçado à sujeito de direito, ou 
seja, a pessoa humana merecedora de tutela do ordenamento jurídico, mas com 
absoluta prioridade comparativamente aos demais integrantes da família de que 
ele participa. Cuida-se, assim, de reparar um grave equívoco na história da 
civilização humana em que o menor era relegado a plano inferior, ao não 
titularizar ou exercer qualquer função na família e na sociedade, ao menos para 
o direito (Gama, 2008, p. 80). 
 
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Desse modo, a Convenção de Haia foi criada para tratar de casos 
relacionados ao sequestro internacional de menores, levando em conta o 
bem-estar e o melhor interesse da criança, como previsto no artigo 1° desta. 
Entretanto, no que diz respeito à aplicação da CH-80 em casos de violência 
doméstica, sofrida pela mãe ou até mesmo pelo menor, surgem desafios 
únicos, principalmente quando se deve considerar o princípio de melhor 
interesse da criança. 
As próprias exceções ao retorno do menor previstas no texto da 
Convenção de Haia reforçam a ideia de que o comando de retorno imediato da 
criança não é absoluto, mas sim uma das medidas previstas pela Convenção 
para efetivar o princípio do melhor interesse da criança. Sendo assim, além de 
ser coerente com o objetivo da própria Convenção de Haia, aplicar o artigo 12 
e 13 de acordo com o princípio do melhor interesse da criança é também 
compatível com a Constituição Federal e com o Estatuto da Criança e do 
Adolescente que defendem, respectivamente, em seus artigos, a necessidade 
de preservação dos direitos da criança com absoluta prioridade e a prevalência 
do interesse da criança e do adolescente em detrimento de outros interesses. 
Nos termos da Constituição Federal de 1988, o art. 227 versa sobre 
a prioridade absoluta em questões relacionadas ao interesse do menor, quando 
diz que: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurarà criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de 
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão (Constituição Federal de 1988, art. 227). 
 
 
Ademais, em todo o seu texto, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), aborda sobre o princípio de forma indireta, o que se pode 
ver mais específico no seu artigo 3°: 
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta 
Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e 
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, 
 
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espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (Estatuto da 
Criança e do Adolescente, 1990, art. 3°). 
 
Destarte, com base nos referidos artigos é possível dizer que o 
bem-estar do menor deverá prevalecer com prioridade absoluta, cabendo ao 
julgador a busca efetiva de tal objetivo. 
Percebe-se, assim, que buscar o melhor interesse do menor é um 
dever indispensável imposto pelo ordenamento brasileiro e que qualquer 
decisão que viole este princípio esvazia os preceitos fundamentais previstos na 
Constituição Federal de 1988. 
A CRFB/1988 traz em seu texto que é dever da família, da 
sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
(Brasil, 1988, art. 227). 
Sendo assim, tendo em vista a importância dos direitos tutelados 
pela Convenção de Haia, é fundamental que o seu texto seja, definitivamente, 
adequado aos princípios e direitos consagrados pela nossa Constituição, de 
modo a assegurar que tal se dê efetivamente em consonância com o princípio 
da proteção integral da criança. 
Conclui-se, pois, que o princípio do melhor interesse da criança é 
amplamente consagrado e aceito, seja no plano nacional ou internacional, e, 
por isso, deve ser observado no momento de aplicação da Convenção, em 
especial no que se refere ao seu artigo 13(1)(b). Pois, outra interpretação iria 
de encontro às disposições da Convenção sobre os Direitos da Criança, a 
Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a própria 
Convenção de Haia de 1980. 
Em síntese, Toninello (2007) define tal princípio de forma objetiva, 
dizendo que é o conjunto de bens necessários ao desenvolvimento integral e a 
proteção da criança em um determinado momento, em certa circunstância, 
 
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considerada particular. Assim sendo, a aplicação de tal princípio sempre 
dependerá da análise do caso concreto, e principalmente das particularidades 
de cada caso, desde as condições psicológicas da criança e até mesmo 
contexto em que a criança está envolvida. 
3. CONCLUSÃO 
A interseção entre sequestros internacionais de menores e violência 
doméstica é um tema que exige atenção e aprimoramento contínuo. Embora a 
CH-80 não mencione explicitamente a violência doméstica como exceção, é 
evidente que mães brasileiras enfrentam dilemas complexos ao buscar 
proteger seus filhos em situações de risco. 
A história de Raquel Cantarelli, que lutou para proteger suas filhas 
após sofrer violência doméstica na Irlanda, ilustra os desafios enfrentados por 
essas mulheres. A aplicação do artigo 13 da Convenção, que permite exceções 
ao retorno da criança quando há risco grave, é crucial. No entanto, a legislação 
precisa evoluir para abordar diretamente a violência doméstica como fator 
relevante. 
Em última análise, é fundamental que a sociedade, os legisladores e os 
órgãos internacionais continuem a debater e aprimorar as políticas 
relacionadas a essas questões. A proteção das mães e dos filhos deve ser uma 
prioridade, independentemente das fronteiras. 
 
REFERÊNCIAS 
 
A formatação das referências deverá seguir a regra 6023 da ABNT. 
 
BRASIL. Decreto nº 8.894, de 3 de novembro de 2016. Diário oficial [da] 
União, 3 nov. 2016. Brasília, DF: 2016a. Disponível em: http://www.planalto. 
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8894.htm. Acesso em: 24 jun. 
2018. 
 
https://www.gov.br/agu/pt-br/comunicacao/noticias/presidencia-da-republica-defende-no-sup
remo-que-violencia-domestica-comprovada-pode-impedir-repatriacao-de-criancas 
 
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