Prévia do material em texto
ECONOMIA EMPRESARIAL Caro(a) estudante, A História também é importante para a Economia, facilitando através da análise de fatos, a compreensão atual embasada na evolução histórica das sociedades. As guerras, crises econômicas e revoluções, por exemplo, modificam profundamente o comportamento e a evolução da economia, até porque muitas delas têm motivações econômicas diretas ou indiretas. Além de outras áreas a economia interage fortemente com a Filosofia e até mesmo com questões religiosas, na Idade Média, por exemplo, apesar da ausência de um estudo sistemático dos empasses econômicos, a atividade econômica era fortemente conduzida por princípios morais e de justiça, como a lei da usura e o conceito de preço justo. Nessa aula, você aprenderá a evolução da ciência econômica, suas teorias, escolas e pensamentos. AULA – 2 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo. ▪ Compreender o conceito de psicologia ▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia ▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo. ➢ Compreender a evolução da economia; ➢ Conhecer os principais contribuidores da ciência econômica; ➢ Aprender sobre as escolas econômicas 2 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA Existe um consenso teórico, que a teoria econômica, de forma sistematizada, começou com o trabalho de fisiocratas na França, mas principalmente, com a publicação da obra “Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações”, do escocês, Adam Smith, no ano de 1776. Em períodos anteriores, a atividade econômica humana era tratada e estudada como parte integrante da filosofia social, da moral e da ética. Nesse sentido, a atividade econômica deveria pautar-se por princípios gerais de ética, justiça e igualdade. A noção de troca de Aristóteles e preço justo, em São Tomás de Aquino, a condenação dos juros ou da usura encontravam sua justificativa em termos morais, não existindo um estudo sistemático das relações econômicas. Durante o século XIX, a economia era conhecida como economia política, mas tendeu a desaparecer a partir do início do século XX, sob a influência de teorias marginalistas que aspiravam a ciências puras como a física e a matemática, por isso passou a ser conhecida como economia, nome simples, para a Ciências Econômica (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). 2.1 Pioneiros da teoria econômica Surgem as primeiras referências conhecidas à economia, na obra de Aristóteles (384-322 a.C.), em sua pesquisa sobre aspectos da administração privada e das finanças públicas. Os escritos de Platão (427-347 a.C.) e Xenofonte (440-335 a.C.) também contêm algumas considerações econômicas, sendo que este último designa a terminologia economia (oikonomia), no sentido de gestão de bens privados. Roma não deixou nenhum escrito notável no campo da economia. Nos séculos seguintes, até a época dos descobrimentos, são poucos trabalhos de destaque encontrados, porém não apresentam um padrão homogêneo e estão permeados de questões referentes à justiça e à moral. Os exemplos mais conhecidos são a já mencionada lei da usura, a moralidade em relação a juros altos e o que constitui o justo lucro. 2.1.1 Mercantilismo O nascimento da primeira escola econômica, o mercantilismo, pode ser observado desde o século XVI. Apesar de não representar um sistema técnico homogêneo, o mercantilismo expressava algumas preocupações com o acúmulo de riqueza de uma nação. Continha alguns princípios de como fomentar o comércio exterior e aumentar riquezas. A concentração de metais adquire grande importância, e surgem informações mais elaboradas sobre a moeda. Pressupunham que o governo de um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse acúmulo de metais preciosos. Dessa forma, a política mercantilista, estimulou guerras, exacerbou o nacionalismo, mantendo a presença poderosa e consistente do Estado nas questões econômicas em um período em que economia dos países europeus buscou se fortalecer através da colonização e exploração de povos e sociedades de outros continentes. 2.1.2 Fisiocracia Durante o século XVIII, uma escola de pensamento francesa conhecida como Fisiocracia, já referida no começo da exposição, produziu algumas obras significativas. Os fisiocratas sustentavam que a terra era a única fonte de riqueza, que havia uma ordem natural, regendo o universo por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência Divina para a felicidade das pessoas. Segundo Vasconcellos e Garcia (2019), a obra do Dr. François Quesnay, Tableau Économique, foi a primeira a dividir a economia em setores e mostrar a relação entre eles. Apesar de os trabalhos dos fisiocratas serem permeados por considerações éticas, sua contribuição para a análise econômica tem sido significativa. É possível argumentar que o Tableau Économique de Quesnay é um precursor do sistema de circulação monetária input-output, desenvolvido no século XX (por volta de 1940) pelo economista russo, Wassily Leontief, da Universidade de Harvard. Para os fisiocratas, a riqueza é compreendida como bens produzidos com a ajuda da natureza (fisiocracia significa "regras da natureza") em atividades econômicas como agricultura, pesca e mineração. Como resultado, incentiva-se a agricultura e exigia-se que atividades no comércio e nas finanças fossem reduzidas ao mínimo. Na perspectiva dos fisiocratas, em um mundo atormentado pela escassez de alimentos, regulamentação excessiva e intervenção governamental, uma economia com significativo desenvolvimento comercial e financeiro não conseguiu atender às demandas da expansão econômica. Somente a terra conseguia multiplicar a riqueza. 2.2 Os clássicos Adam Smith (1723-1790), é considerado o precursor da teoria econômica moderna, que se apresenta, como uma unidade científica sistemática, com um corpo teórico próprio. Smith já era um professor conhecido quando publicou sua obra “A Riqueza das Nações”, no ano de 1776. Em sua obra, ele trata de assuntos econômicos abrangentes, desde as leis dos mercados e considerações financeiras até a distribuição da receita da terra, terminando com um conjunto de recomendações políticas. Em sua visão harmoniosa do mundo real, Smith entendia que o funcionamento da livre concorrência sem interferência do Estado, levaria ao crescimento econômico da sociedade, como se guiado por uma “mão invisível”. Adam Smith defendia a ideia que todos os agentes que buscam maximizar os lucros acabam promovendo o bem- estar da comunidade na totalidade. Proteger o mercado como regulador das decisões econômicas do país beneficiaria muito a comunidade, independentemente da ação do Estado. Este é o princípio do liberalismo. Seus argumentos eram baseados na livre iniciativa, no laissez-faire. Constatou- se que a razão da prosperidade das nações é o trabalho humano (a chamada teoria do valor- trabalho) e um dos fatores determinantes para o aumento da produção é a divisão do trabalho, ou seja, os trabalhadores devem se especializar em determinadas tarefas laborais. “A aplicação desse princípio promoveu um aumento da destreza pessoal, economia de tempo e condições favoráveis para o aperfeiçoamento e invento de novas máquinas e técnicas”. (VASCONCELLOS; GARCIA, p.306, 2019). A ideia de Smith era clara: a produtividade surge da divisão do trabalho, e esta, no que lhe concerne, nasce da tendência inata à troca, sendo finalmente estimulada pela expansãodo mercado. Dessa forma, é necessário expandir os mercados e as iniciativas privadas para que a produtividade e a riqueza sejam aperfeiçoadas. Segundo Adam Smith, o papel do Estado na economia deveria ser apenas proteger a sociedade contra possíveis ataques e criar e manter as obras e instituições necessárias, mas não impedir as leis do mercado e, portanto, a prática econômica. David Ricardo (1772-1823) é outro representante do período clássico. Conforme as ideias de Smith, desenvolveu modelos econômicos com grande potencial analítico. Ele aperfeiçoou a tese de que todos os custos são reduzidos a custos trabalhistas e mostrou como a acumulação de capital, combinada com o crescimento populacional, provocava um aumento da renda da terra. Sua análise de distribuição do rendimento da terra foi um trabalho seminal de muitas das ideias do chamado período neoclássico. Ricardo também desenvolveu estudos sobre o comércio internacional e analisou porque os países negociam entre si, se é melhor para eles negociarem e quais produtos devem ser comercializados. A resposta de Ricardo a essas questões constitui importante contribuição à teoria do comércio internacional, conhecida como teoria das vantagens comparativas. O comércio entre os países seria determinado pelas dotações relativas dos fatores de produção. Ricardo, com base em algumas generalizações e usando algumas variáveis estratégicas, desenvolveu vários dos modelos mais expressivos da história econômica, dos quais surgiram importantes implicações políticas. Conforme Vasconcellos e Garcia (2019), a maioria dos estudiosos acredita que a pesquisa de Ricardo deu origem a duas contracorrentes: a corrente neoclássica devido às suas abstrações simplistas e a corrente marxista devido ao seu foco na questão da distribuição e considerações sociais na distribuição da renda da terra. John Stuart Mill (1806-1873) foi o sintetizador do pensamento clássico. Sua obra foi o principal texto aproveitado para o ensino de Economia no fim do período clássico e no início do período neoclássico. Sua obra reforça o exposto por seus antecessores, avançando ao incorporar mais elementos institucionais e ao definir melhor as restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de mercado. O economista francês Jean-Baptiste Say (1768-1832) retomou e expandiu a obra de Adam Smith. Subordinou o problema das trocas de mercadorias à sua produção e popularizou a chamada lei de Say: "a oferta cria sua própria procura", isto é, o aumento da produção seria convertido em renda para trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de mercadorias e serviços. A Lei de Say é a pedra angular da macroeconomia clássica e só foi contestada em meados do século XX. Thomas Malthus (1766-1834) foi o primeiro economista a estruturar uma teoria geral da população. Malthus apoiou a teoria dos salários de subsistência afirmando que o crescimento populacional é rigidamente dependente da oferta de alimentos. Segundo Malthus, a causa de todos os males da sociedade é a superpopulação: enquanto a população crescia em progressão geométrica, a produção de alimentos apenas em progressão aritmética. Como resultado, o potencial de crescimento da população excede o potencial da terra na produção de alimentos, o que estaria na base das desigualdades e problemas sociais (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). A capacidade de crescimento da população é dada pelo instinto de reprodução, mas é limitada por uma série de fatores, incluindo a miséria, o vício e a contenção moral, que atuam sobre a mortalidade e a natalidade. Como resultado, Malthus defendeu o adiamento de casamentos, a limitação voluntária de nascimentos nas famílias pobres e a aceitação de guerras como solução para deter o crescimento populacional. Malthus não previu a velocidade e o impacto do desenvolvimento tecnológico na agricultura, nem as técnicas de controle da natalidade que se configuraram no âmbito do desenvolvimento das sociedades capitalista. A partir da contribuição dos economistas clássicos, a Economia começou a ter um corpo teórico próprio e a desenvolver uma ferramenta de análise característica para as questões econômicas. Embora o pensamento clássico se caracteriza pelo desdobramento em diversas aplicações normativas; seu tema central pertence à ciência positiva, cujo interesse principal é a análise abstrata das relações econômicas, visando descobrir leis gerais e regularidades do comportamento econômico. As implicações morais e consequências sociais dessas ações são pouco enfatizadas, ainda que tenha aberto um campo de compreensão para entender as relações profundas entre desenvolvimento humano e as atividades econômicas. 2.3 Teoria neoclássica A era neoclássica dos estudos econômicos começou na década de 1870 e desenvolveu-se até as primeiras décadas do século XX. Nesse período, os aspectos microeconômicos da teoria foram privilegiados, pois a crença na economia de mercado e em sua capacidade autorreguladora fez com que os teóricos econômicos se interessassem menos pela política e planejamento macroeconômicos. O neoclassicismo reforçou o raciocínio matemático explícito iniciado por Ricardo, que buscava isolar os fatos econômicos de outros aspectos da realidade social. O grande destaque desse período foi Alfred Marshall (1842-1924). Sua obra, “Princípios de economia”, publicado em 1890, foi fundamental até a metade do século XX. Outros teóricos importantes foram: William Jevons, Léon Walras, Eugene Böhm- Bawerk, Joseph Alois Schumpeter, Vilfredo Pareto, Arthur Pigou e Francis Edgeworth. Nessa época, a formalização da análise econômica (principalmente a Microeconomia) se desenvolveu muito. O comportamento do consumidor é analisado em detalhes. O desejo do consumidor de maximizar sua utilidade (satisfação no consumo) e o do produtor de maximizar seu lucro é a base para a elaboração de um aprimorado aparato teórico. É possível deduzir o equilíbrio de mercado a partir do estudo das funções ou curvas de utilidade (que visam medir o nível de satisfação do consumidor) e da produção, considerando restrições ambientais e fatores orçamentários. Como sua análise é baseada em conceitos marginais, como receitas e custos marginais, essa corrente teórica também é conhecida como teoria marginalista. Para Vasconcellos e Garcia (2019), a análise marginalista é muito rica e diversificada. Alguns economistas, desta escola, privilegiavam aspectos como a interação de múltiplos mercados simultaneamente - o equilíbrio geral de Walras é um exemplo; enquanto outros colocavam em relevo em suas análises aspectos de equilíbrio parcial, utilizando um instrumental gráfico como a caixa de Edgeworth. Apesar das questões microeconômicas ocuparem o centro das pesquisas econômicas, houve uma produção rica em outros aspectos da teoria econômica, como a teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter e a teoria do capital e dos juros de Böhm-Bawerk. Vale enfatizar também a análise monetária, com a criação da teoria quantitativa da moeda, que compara a quantidade de dinheiro com os níveis gerais de atividade econômica e de preços. 2.4 Teoria keynesiana Para Vasconcellos e Garcia (2019), a era keynesiana, iniciou no ano de 1936, com a divulgação da Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de John Maynard Keynes (1883-1946). Diversos autores expõem a contribuição de Keynes como a revolução keynesiana, devido ao impacto de sua obra. Keynes assumiu a cadeira de Alfred Marshall na Universidade de Cambridge. Keynes, um acadêmico respeitado, também estava preocupado com as implicações práticas da teoria econômica. Para entender o impacto das realizações de Keynes, é preciso considerar sua época. Na década de 1930, a economia mundial passou por uma crise que ficou conhecida como a Grande Depressão. Naquele período, a realidade econômica dosprincipais países capitalistas se tornou crítica. O desemprego na Inglaterra e em outros países europeus era muito alto. Nos Estados Unidos, o desemprego tornou-se muito alto após o colapso da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. A teoria econômica tradicional acreditava que se tratava de um problema ocasional, apesar de a crise estar durando alguns anos. A teoria geral keynesiana consegue evidenciar que a combinação das políticas econômicas praticadas até então não funcionava corretamente naquela nova situação econômica, apontando para soluções que poderiam tirar o mundo da recessão. Conforme a concepção keynesiana, uma das principais fontes responsáveis pelo volume de emprego é o nível de produção nacional de uma economia, definido, portanto, pela demanda agregada ou efetiva. Isto é, sua teoria inverte o sentido da lei de Say (a oferta gera sua própria procura) ao enfatizar o papel da demanda agregada de bens e serviços sobre o nível de emprego. Segundo Keynes (1935/1983), em uma economia recessiva, não há forças autoajustáveis, tornando necessária a intervenção do governo por meio da política de gastos públicos. Essa posição teórica denota o fim da crença no laissez-faire como regulador dos fluxos real e monetário da economia, conhecida como princípio da demanda efetiva. Os argumentos de Keynes tiveram um impacto significativo na política econômica dos países capitalistas. Em geral, essas políticas proporcionaram resultados positivos durante os anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Houve um desenvolvimento expressivo da teoria econômica, nessa época. Por um lado, foram incorporados modelos por meio de instrumentos estatísticos e matemáticos, que ajudaram a formalizar ainda mais a ciência econômica. Por outro lado, alguns economistas ampliaram e sistematizaram a pesquisa aberta pela obra de Keynes, buscando entender quando e como o Estado poderia ser um agente de desenvolvimento direto da economia através da intervenção em setores estratégicos e conforme problemas específicos. Os debates teóricos sobre aspectos de sua obra continuam até hoje, e três grupos se destacam, os monetaristas, os fiscalistas e os pós-keynesianos. Embora nenhum deles apresentarem uma forma unificada de pensar e todos possuírem pequenas divergências internas, é possível fazer algumas generalizações em relação a eles. Os monetaristas estão afiliados à Universidade de Chicago e têm como Milton Friedman como seu economista mais proeminente. Eles geralmente favorecem o controle da moeda e intervenção mínima do governo. Os fiscalistas ou keynesianos têm representantes como James Tobin (1918-- 2002), que trabalhou basicamente toda sua vida na Universidade de Yale, e Paul Anthony Samuelson (1915-2009), que foi um proeminente professor de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachussetts. Esses teóricos comumente aconselham o uso de políticas fiscais ativas e acentuado grau de intervenção do Estado. Outras implicações do trabalho de Keynes foram exploradas por pós- keynesianos, que incluem a economista Joan Robinson (1903-1983), cujos conceitos eram, de certa forma, semelhantes aos de Keynes. Os pós-keynesianos fizeram uma releitura da obra de Keynes para demonstrar que ele não negligenciou o papel da moeda e da política monetária. Destacam o papel da especulação financeira e, como Keynes, defendem o papel ativo do Estado na condução da atividade econômica, tendo em vista o desenvolvimento social. Além de Joan Robinson, existem outros economistas como Hyman Minsky (1919-1996), Paul Davison e Alessandro Vercelli que seguem essa tendência. Vale salientar que, apesar das diferenças entre as diversas correntes, existe um consenso sobre os principais pontos da teoria, pois todos se baseiam nas obras de Keynes e se abrem a compreensão da necessidade de algum grau de intervenção do Estado na economia, diferenciando-se, assim, do Liberalismo clássico. 2.5 Atualmente A teoria econômica vem passando por algumas mudanças, principalmente a partir da década de 1970, depois de duas crises do petróleo. Este momento é definido por três características. Primeiro, há uma maior percepção das limitações e possibilidades de aplicações da teoria. O segundo está relacionado ao avanço do conteúdo empirista da economia. Por fim, há a consolidação das contribuições dos períodos anteriores (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). A evolução informática possibilitou volume e precisão sem precedentes no processamento de informações. A teoria econômica passou a ter conteúdo empírico que lhe conferiu maior aplicação prática. Por um lado, isso permite a melhoria contínua da teoria existente; por outro lado, abre novos caminhos teóricos. Atualmente, a análise econômica abrange quase todos os ângulos da vida humana, sendo significativo o impacto dessas pesquisas na melhoria da qualidade de vida e no bem- estar social. O controle e o planejamento macroeconômico admitem antecipar muitos problemas e prevenir algumas flutuações econômica desnecessárias. A teoria econômica está se movendo em muitas direções. Um exemplo é a área de finanças empresariais. Até pouco tempo, a teoria de finanças era amplamente descritiva, com pouco conteúdo experimental. A incorporação de vários métodos econométricos, o conceito de equilíbrio de mercado e hipóteses sobre o comportamento dos agentes econômicos acabou levando à revolução. Esta revolução também se fez sentir nos mercados financeiros com o desenvolvimento dos mercados de futuros e derivados. 2.6 Abordagens alternativas A teoria econômica ganha muitas críticas e abordagens alternativas a partir do século XIX e essas se consolidam também em muitos esforços de organização social. Muitas das críticas foram absorvidas, e algumas interpretações alternativas, incorporadas. O espectro de críticos é muito extenso e disperso e, notoriamente, heterogêneo. Destacam-se os marxistas e os institucionalistas. Nas duas escolas, critica-se a visão pragmática e formalista da ciência econômica e propõe-se um enfoque analítico e crítico, onde a Economia dialoga com os fatos históricos e sociais. A análise das questões econômicas sem a observação dos fatores históricos e sociais leva, segundo essas escolas, a uma visão reduzida da realidade social e das atividades produtivas. Segundo Vasconcellos e Garcia (2019), os marxistas têm como pilar de seu trabalho a obra “O capital”, de Karl Marx (1818-1883), economista, filósofo e revolucionário alemão que desenvolveu quase todo o seu trabalho em parceria com Friedrich Engels (1820-1895), tendo como objeto e modelo analítico o desenvolvimento econômico do capitalismo na Inglaterra, na segunda metade do século XIX. O marxismo desenvolve a teoria do valor-trabalho de Adam Smith e consegue analisar muitos aspectos da economia com seu referencial teórico, conforme ainda uma preocupação com a vida dos trabalhadores na sociedade capitalista. A apropriação do excedente produtivo (a mais-valia) poderia, na perspectiva marxista, explicar o processo de acumulação e a evolução das relações entre classes sociais, sendo um dos pilares da análise crítica dos processos econômicos configurada a partir do pensamento de Marx e Engels (LÖWI, 2012). Para Marx, o capital aparece com a burguesia, considerada uma classe social que se desenvolve através do paulatino desaparecimento do sistema feudal. A burguesia, nesse percurso de desenvolvimento do capitalismo, é classe que se apropria dos meios de produção e se torna a classe social dominante. A outra classe social, o proletariado, é obrigada a vender sua força de trabalho para burguesia, tornando-se, assim, uma classe economicamente dominada, apesar de se constituir como força de trabalho que permite o desenvolvimento das forças produtivas e do sistema econômico capitalista em seus alicerces fundamentais.A teoria da mais-valia desenvolvida por Marx refere-se à diferença entre o valor das mercadorias que os trabalhadores produzem em dado período de dispêndio de suas energias laborais e o valor da força de trabalho vendida aos empregadores capitalistas, que a contratam. Os lucros, juros e aluguéis (rendimentos de propriedades) representam a expressão da mais-valia. Dessa forma, o valor que extrapola o valor da força de trabalho e que vai para as mãos do capitalista é definido por Marx como mais-valia. Ela pode ser considerada o valor extra que o trabalhador produz, além do valor pago por sua força de trabalho. Marx foi influenciado pelos movimentos socialistas utópicos de origem francesa, baseados no pensamento de Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen (1771-1858), considerados por Marx em suas propostas de organização social e táticas de enfrentamento das desigualdades nas sociedades capitalistas tais como elas estavam desenvolvidas no século XIX. Apropriou-se criticamente do idealismo dialético de Hegel, concebendo através das formulações de hegelianos um método materialista de análise histórica e econômica. Através das teorias econômicas, principalmente https://pt.wikipedia.org/wiki/Conde_de_Saint-Simon https://pt.wikipedia.org/wiki/1760 https://pt.wikipedia.org/wiki/1825 https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Fourier https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Fourier https://pt.wikipedia.org/wiki/1772 https://pt.wikipedia.org/wiki/1837 https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Blanc https://pt.wikipedia.org/wiki/1811 https://pt.wikipedia.org/wiki/1882 https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Owen https://pt.wikipedia.org/wiki/1771 https://pt.wikipedia.org/wiki/1858 teoria do valor-trabalho desenvolvida por David Ricardo e Adam Smith, Marx tornou o estudo da economia em estudo científico da economia política, ou seja, das relações concretas que constituem as atividades econômicas. Ele acreditava no trabalho como determinante do valor, tal como Adam Smith e David Ricardo, mas era hostil ao capitalismo competitivo e à livre concorrência, porque entendia que esses valores e práticas asseguravam que a classe trabalhadora continuasse a ser explorada pelos capitalistas. Marx destacou o aspecto político de seu trabalho, que teve impacto ímpar não só na Ciência Econômica como em outras áreas do conhecimento (LÖWY, 2012). As contribuições dos economistas da linha marxista para a teoria econômica foram muitas e variadas. Contudo, a maioria aconteceu à margem dos grandes centros de estudos ocidentais, por razões políticas. Por conseguinte, a produção teórica foi pouco exposta. Um exemplo é o trabalho de M. Kalecki (1899--1970), economista polonês que teria abreviado uma análise semelhante com a da teoria geral de Keynes. No entanto, o reconhecimento de sua pesquisa inovadora só ocorreu tempos depois de 1933, quando divulgou pela primeira vez em seu livro “Esboço de uma teoria do ciclo econômico” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Os institucionalistas, por sua vez, que têm como grandes expoentes os norte- americanos Thornstein Veblen (1857-1929) e John Kenneth Galbraith (1917--2007); esses autores conduzem suas críticas ao alto grau de abstração da teoria econômica e ao fato dela não incorporar em sua análise as instituições sociais, daí o nome de institucionalistas, tendo grande impacto no âmbito da academia e dos cursos de economia (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). 2.7 Escolas de pensamento econômico na atualidade Os efeitos da recente crise financeira mundial possibilitam mostrar a vigência das escolas de pensamento econômico no mundo atual. Dessa forma, depois do estouro da “bolha financeira” com a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, os governos dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos aumentaram o gasto público amparando bancos, empresas e mutuários de créditos hipotecários, o que mitigou, em parte, a grande queda da atividade econômica. Esse tipo de política compensatória lembra em muito a recomendação da escola keynesiana de utilizar o gasto público como estabilizador da economia. Sob outra perspectiva, esses mesmos países, através de seus bancos centrais, injetaram quantidades significativas de dinheiro para aumentar o crédito e reativar suas combalidas economias, em operações conhecidas “afrouxamento quantitativo”. Esse tipo de política monetária expansionista está inspirado nos ensinos da escola monetarista, que relaciona a atividade econômica à quantidade de moeda (ou crédito) existente. No Brasil, o impacto da crise foi relativamente menor, contudo, ainda assim significou uma redução da atividade econômica, minimizada pela diminuição temporária do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicado aos veículos e eletrodomésticos, o que permitiu diminuir seu preço de mercado e compensar a queda nas vendas. Esse tipo de desoneração tributária programada seja uma forma de estimular a atividade econômica pelo lado da demanda agregada, idêntica ao aumento do gasto público indicado pela escola keynesiana. De outra forma, o Banco Central do Brasil também aumentou a quantidade de crédito no mercado, a partir da redução dos juros básicos (taxa Selic) e do mínimo legal de reservas bancárias (reservas compulsórias), aplicando, também, por conseguinte, a receita monetarista de saída da crise. Observa-se que, no mundo atual, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, o pensamento de antigas escolas econômicas permanece vivo, coexistindo com a implementação das políticas econômicas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LÖWY, Michael. A Teoria da Revolução no Jovem Marx. São Paulo: Boitempo, 2012. KEYNES, J. M. (1935). A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Coleção Os Economistas). VASCONCELLOS, M. A. S. D.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2019.