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IUS RESUMOS Lei de introdução às normas do direito brasileiro Organizado por: Samille Lima Alves IUS RESUMOS I. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II ........................ 3 1. Aplicação e interpretação das normas jurídicas ...................................................................... 3 2. Integração das normas jurídicas .................................................................................................... 5 2.1 Analogia ........................................................................................................................................... 6 2.2 Costumes ......................................................................................................................................... 7 2.3 Princípios gerais do direito ....................................................................................................... 7 2.4 Equidade .......................................................................................................................................... 8 3. Eficácia da lei no tempo e o conflito das leis ............................................................................ 8 3.1 Da antinomia .................................................................................................................................. 9 3.2 Conflito das leis no tempo ........................................................................................................ 9 4. Eficácia da lei no espaço ................................................................................................................ 12 4.1 A aplicação da lei estrangeira e o princípio da territorialidade mitigada ............ 12 4.2 A aplicação da sentença e laudo arbitral estrangeiro e do cumprimento de carta rogatória - o exequatur do Superior Tribunal de Justiça ................................................... 14 4.3 Da aplicação das regras de Direito de Família no espaço .......................................... 15 5. Referências .......................................................................................................................................... 17 SUMÁRIO LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II [3] Na segunda parte do resumo sobre a Lei de introdução às normas do direito brasileiro (LINDB), tratada no Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, estudaremos as formas de aplicação da norma jurídica, assim como os métodos de interpretação e de integração, sobre a eficácia da lei no tempo e no espaço e os conflitos que podem ocorrer entre as normas. Esses institutos aplicam-se a todos os ramos do direito, com algumas ressalvas, logo, é imprescindível que sejam conhecidos por todo aquele que estuda o Direito. Espero que sua leitura seja proveitosa! Samille Lima Alves Equipe Ius Resumos --- ♠ --- I. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II 1. Aplicação e interpretação das normas jurídicas Segundo afirma Carlos Roberto Gonçalves1, as normas jurídicas são genéricas e impessoais e contém um comando abstrato, e, diante de um caso concreto, o operador do direito verificará qual a norma que melhor se aplica, se será necessário integrar ou interpretar. A interpretação surge em virtude de eventuais imperfeições da norma, seja por ambiguidade ou imprecisão de seus termos, mas, ainda que fique evidente sua adequação a determinado caso concreto, haverá atividade interpretativa2. Sobre esses conceitos trataremos a seguir: A aplicação das normas jurídicas Subsunção Há a subsunção quando o fato individual se enquadra no conceito abstrato contido na norma LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II IUS RESUMOS Quando, ao julgar o caso concreto, o juiz não encontra norma que a este seja aplicável, poderá integrar a lacuna, mediante a analogia, os costumes ou os princípios gerais do direito Interpretação Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica Integração Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: A necessidade e a importância da interpretação são incontroversas. Não há, efetivamente, aplicação da norma jurídica que não seja precedida de atividade interpretativa, hermenêutica Atenção Quanto ao critério metodológico a ser utilizado pelo aplicador do direito, três teorias apresentam seus métodos3: Teoria Subjetiva Busca a vontade do legislador expressa na lei (voluntas legislatoris) Estuda a vontade histórica do legislador As teorias objetiva e da livre pesquisa são as mais aceitas atualmente. Enquanto a teoria subjetiva não é mais utilizada, visto que a vontade do legislador foi expressa em momento histórico diferente do momento em que a norma é aplicada Teoria Objetiva Busca a vontade da lei, o sentido da norma jurídica (voluntas legis) Uma vez promulgada, a lei alcança existência objetiva, desligando-se do seu elaborador A norma deve ser interpretada em função das concepções jurídicas morais e sociais de cada época O magistrado deve exercer uma função criadora na aplicação da norma Teoria da Livre Pesquisa A ciência que estuda a interpretação das leis é chamada de hermenêutica jurídica, e esses são seus métodos4: Quanto às fontes ou origem Autêntica ou literal Métodos de hermenêutica das normas jurídicas O legislador interpreta uma lei através de outro ato normativo Jurisprudencial Doutrinário Interpretação feita pela jurisprudência dos Tribunais Interpretação dos doutrinadores, estudiosos e comentaristas do direito 1 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II [5] Quanto aos meios Declarativa Extensiva Amplia o sentido do texto, para abranger hipóteses semelhantes Quanto à extensão ou os resultados Proclama que o texto legal corresponde ao pensamento do legislador 2 Gramatical Baseia-se nas regras da linguística e da gramática, busca o sentido filológico da norma Sistemático Promove a harmonização do texto em exame com outras leis do sistema jurídico Histórico Estuda o momento em que a lei foi editada, buscando a ratio legis Sociológico ou Teleológico Adapta o sentido ou a finalidade da norma às novas exigências sociais Lógico ou Racional Busca reconstruir o pensamento do legislador por meio de um raciocínio lógico, avaliando motivações históricas, políticas e ideológicas 3 Restritiva O intérprete procura conter o texto, limitando-se o campo de aplicação da lei As diferentes técnicas de interpretação não se excluem, logo, a interpretação pode ser feita pela combinação de diferentes critérios Impor tante! 2. Integração das normas jurídicas Por integração das normas jurídicas entende-se5: Integração das normas jurídicas A integração é utilizada quando existem situações concretas que não foram previstas em lei Da obrigatoriedade de apreciação do fato pelo juiz O juiz não se exime de julgar alegando omissão da lei O juiz deve utilizar-se de mecanismos que supram as lacunas da lei - art. 126, CPC Aplicação da integração IUS RESUMOS Previstos no art. 4º da LINDB, em ordem preferencial e taxativa Mecanismos de integração das normas Analogia Costumes Princípios gerais do direito 2.1 Analogia Analogia Requisitos para a utilização da analogia Aplica-se à hipótese não prevista em lei um dispositivo legal relativo a caso semelhante Semelhança entre a açãonão contemplada e a outra regulada na lei Inexistência de dispositivo legal prevendo e disciplinando a hipótese do caso concreto Identidade de fundamentos lógicos e jurídicos no ponto comum às duas situações Tipos de analogia Analogia legal ou legis Consiste na aplicação de uma norma existente, destinada a reger caso semelhante ao previsto Tem como fonte a norma jurídica isolada Analogia jurídica ou iuris Baseia-se em um conjunto de normas, para obter elementos que permitam a aplicação ao caso sub judice não previsto, mas que é similar Busca a solução numa pluralidade de normas, institutos ou acervos legais, transpondo o pensamento para o caso 1 2 A analogia não é admitida no direito penal nem no direito tributário, salvo em bona partem (em benefício da parte)Atenção A analogia e interpretação extensiva não se confundem, pois: Enquanto na analogia se aplica à hipótese não prevista em lei uma norma jurídica legal relativa a caso semelhante, a interpretação consiste na extensão do âmbito de aplicação da mesma norma a situações não expressamente previstas, mas compreendidas pelo seu espírito, mediante uma interpretação menos literal Analogia x Interpretação extensiva LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II [7] 2.2 Costumes Os costumes caracterizam-se, compõem-se e dividem-se em: Costumes Conceito É a prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade Trata-se de uma fonte do direito, com objetividade evidentemente menor, uma vez que sua formulação exige um procedimento difuso, que não se reduz a um procedimento formal, como se verifica na elaboração das leis Deve ser geral, cultivado por uma sociedade ou observado por boa parte desta Só pode ser utilizado quando esgotadas as possibilidades de suprir a lacuna através da analogia Características Espécies de costume Secundum legem Está expressamente referido na lei Praeter legem Destinado a suprir a lei, nos casos omissos Contra legem Aquele que se opõe à lei Carlos Roberto Gonçalves: Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona: Composição do costume Elemento externo, objetivo ou material Elemento interno, subjetivo ou psicológico O uso ou a prática reiterada de um comportamento no tempo A convicção da obrigatoriedade da prática como necessidade social 2.3 Princípios gerais do direito Os princípios gerais do direito consistem em: Princípios gerais do direito Postulados universalmente aceitos que procuram fundamentar todo o sistema jurídico, não estando necessariamente escritos Diretrizes básicas e gerais que orientam o intérprete ao aplicar o direito no caso de omissão do texto legal Conceito IUS RESUMOS Influenciam na formulação de determinadas decisões, além de impedir decisões contrárias a seus postulados fundamentais Ex: vedação ao enriquecimento sem causa (art. 876, CC), causar dano a outrem (art. 186), não se pode valer da própria torpeza, a boa-fé é presumida, entre outros Utilizados quando não se pode preencher a lacuna através dos outros dois mecanismos Funções Utilizados somente quando reconhecidos como direito aplicável, dotado de juridicidade Não se confundem com as máximas jurídicas A maioria desses princípios está implícita no sistema jurídico civil 2.4 Equidade A equidade não é meio supletivo de lacuna da lei, mas um recurso auxiliar da aplicação desta, e é caracterizada da seguinte maneira6: Equidade Utilizada somente quando a lei expressamente permite Geralmente ocorre em casos de conceitos vagos ou quando a lei formula várias alternativas e deixa a escolha a critério do juiz Prevista no art. 5º da LINDB O legislador recomenda ao juiz que atenda, ao aplicar a lei, aos fins sociais a que ela se destina, adequando-a às exigências oriundas das mutações sociais e às exigências do bem comum Ex: arts. 20, § 4º e 127 do CPC/73, art. 413, CC/02, arts. 7º e 51 do CDC, art. 8º da CLT, art. 15 da Lei nº 5.478/68 e art. 11, II da Lei 9.307/96 O julgamento fundado na equidade concerne aos valores mais elevados, atentos às fraquezas e necessidades imperativas humanas 3. Eficácia da lei no tempo e o conflito das leis Quando uma nova lei é publicada algumas questões surgem em relação à lei anterior. Primeiro, se toda a lei ou parte dela foi revogada. Segundo, como se modulam os efeitos da norma nova? Serão aplicados aos fatos ocorridos na vigência da lei antiga, mas que ainda se mantém após a validade da nova lei ou não? A seguir trataremos sobre a eficácia da lei no tempo e dos conflitos entre leis, pontuando inicialmente sobre direito intertemporal e o princípio constitucional da proibição ao retrocesso7. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II [9] Direito intertemporal ou direito transitório Regulamenta os efeitos e consequências dos fatos praticados anteriormente à lei nova e que se prolongam no tempo Princípio constitucional da proibição de retrocesso Não é possível uma nova norma jurídica retroagir a proteção dos direitos e às garantias fundamentais e sociais constitucionais 3.1 Da antinomia A antinomia pode ser definida, classificada e solucionada da seguinte maneira8: É a presença de duas normas conflitantes válidas, emanadas por autoridade competente, sem que se possa definir qual delas será aplicada ao caso concreto Cronológico Hierárquico A lei posterior prevalece sobre a lei A lei hierarquicamente superior revoga as normas inferiores Critérios para solução de antinomias Especialidade A lei que estabelece disposições específicas sobre determinadas matérias prevalece sobre a lei geral Antinomia Classificação das antinomias Quanto ao número de critérios envolvidos Antinomia de 1º grau Quando envolve dois critérios Quando envolve apenas um dos critérios Antinomia de 2º grau Quanto à solução da antinomia Antinomia Aparente Não pode ser resolvida por nenhum dos critérios Pode ser resolvida por quaisquer dos critérios de solução Antinomia Real Conceito 3.2 Conflito das leis no tempo Quando surge um conflito entre normas jurídicas, alguns critérios são utilizados para resolver a questão. Vejamos9: IUS RESUMOS Conflito da lei no tempo Critérios para solução Disposições transitórias Elaboradas pelo legislador, no próprio texto normativo, sua vigência é temporária, e o objetivo é resolver e evitar os conflitos ou lesões que emergem da nova lei em confronto com a antiga Irretroatividade da lei O conflito das leis no tempo surge quando a lei nova vem modificar ou regular, de forma diferente, a matéria versada pela norma anterior Irretroativa é a lei que não se aplica a qualquer situação jurídica constituída anteriormente Efeito imediato da lei A nova lei incide a todas as situações concretizadas sob sua égide Art. 6º, LINDB: a lei nova é aplicável aos casos pendentes e futuros Quanto à irretroatividade, é importante pontuar que: Ato jurídico perfeito É o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou Direito adquirido É o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular Coisa julgada É a imutabilidade dos efeitos da sentença, não mais sujeita a recursos Irretroatividade da lei A irretroatividade é a regra A lei retroagirá quando... A lei expressamente determinar a aplicaçãoa casos pretéritos Não poderá ofender o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada + Objetiva assegurar a certeza, a segurança e a estabilidade do ordenamento jurídico-positivo, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece Há casos em que o interesse social, o progresso ou a equidade justificam a retroação Quanto ao alcance, a retroatividade poderá ser de 3 (três) tipos: LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II [11] Máxima Atinge o direito adquirido e afeta os negócios jurídicos perfeitos Média Alcança os fatos pendentes, os direitos já existentes, mas ainda não integrados no patrimônio do titular Mínima Afeta apenas os atos anteriores, mas produzidos após a data em que ela entrou em vigor Quanto ao alcance, a retroatividade poderá ser Segundo Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, “a Suprema Corte também vem entendendo que nem mesmo os efeitos futuros dos fatos ocorridos ainda sob vigência da lei antiga poderão ser atingidos pela lei nova, sob pena de violação à garantia constitucional da irretroatividade normativa”. Porém, reconhecem a aplicação imediata da lei nova às relações jurídicas continuativas, que significam: Relações jurídicas continuativas ou de trato sucessivo Relações jurídicas iniciadas na vigência da lei anterior e que se protraem no tempo, mantendo-se após o advento da lei nova A existência e a validade ficam submetidas à norma vigente ao tempo de seu início A eficácia estará submetida à nova norma jurídica Desde que respeitado o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada Quanto ao direito adquirido, é necessário destacar o seguinte: Ex: art. 17, 44, §§ 1 e 3º do ato das disposições constitucionais transitórias Não existe direito adquirido em face do poder constituinte originário Entendimento não aplicado ao poder constituinte derivado Súmula Vinculante nº 1 - STF A jurisprudência superior vem admitindo uma relativização da garantia de coisa julgada e do direito adquirido nos casos em que há conflito com direitos fundamentais, pois: IUS RESUMOS Admite-se a possibilidade de aplicação das leis penal e tributária novas aos fatos pretéritos, desde que mais benéficas ao réu ou ao contribuinte – art. 5º, XL, CF/88 Retroatividade benigna A relativização se justifica em razão da proteção a direitos fundamentais se sobrepor à segurança jurídica advindos do direito adquirido e da coisa julgadaAtenção 4. Eficácia da lei no espaço 4.1 A aplicação da lei estrangeira e o princípio da territorialidade mitigada A norma jurídica deve ser aplicada nos limites das fronteiras geográficas do seu respectivo órgão político - locus regit actum. Porém, em decorrência da intensificação das relações entre Estados, surgiu a necessidade de aplicação de normas estrangeiras para solução de determinados casos, situação que não fere a soberania brasileira. A eficácia trata da produção de efeitos pela lei, e, no ordenamento jurídico brasileiro se dá seguindo alguns princípios e regras10: Eficácia da lei no espaço Princípio da territorialidade A norma jurídica se aplica apenas no território do Estado que a promulgou Previsto nos arts. 8 e 9 da LINB Princípio da extraterritorialidade Os Estados permitem que em seu território se apliquem, em certas hipóteses, normas estrangeiras segundo os princípios e convenções internacionais Aplica-se no Brasil a doutrina da territorialidade moderada ou mitigada Previsto nos arts. 7, 10, 12 e 17 da LINB Observam-se os princípios da territorialidade e da extraterritorialidade A lei estrangeira não será aplicada no Brasil se ofender a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes (art. 17 da LINDB) Aos estrangeiros, a lei poderá ser aplicada segundo o estatuto pessoal ou não. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II [13] Da aplicação da lei brasileira a estrangeiros Se o estrangeiro residir no Brasil será regido pela lei brasileira, caso contrário cumprir-se-á a lei de seu país de domicílio Denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de origem e baseia-se na lei da nacionalidade ou na lei do domicílio O estatuto pessoal como tornou-se regra de conexão da lei de outros países no território brasileiro Aplica-se a norma legal do domicílio do estrangeiro para: Aplica-se o estatuto pessoal do estrangeiro quando... Reger as relações jurídicas atinentes ao começo e ao fim da personalidade, ao nome, à capacidade e aos direitos de família A lei do domicílio da pessoa Bens móveis que o proprietário tiver consigo ou se destinarem ao transporte para outros lugares (art. 8º, § 1º, LINDB) Penhor (art. 8º, § 2º, LINDB) Capacidade para suceder (art. 10, § 2º, LINDB) As pessoas jurídicas devem obedecer a lei do Estado em que se constituíram (art. 11, LINDB) Aplica-se a lei brasileira para caso de filiais, sucursais, agências ou estabelecimentos em território brasileiro (art. 11, § 1º, LINDB) Em determinados casos, previstos em lei, não será aplicado o estatuto pessoal, que são: Não será aplicado o estatuto pessoal do estrangeiro nos seguintes casos... A lei do lugar da coisa para regular as relações de posse e de propriedade sobre bens imóveis - lex rei sitae (art. 8º, caput, LINDB) A regra legal do lugar em que foi constituída as relações obrigacionais - locus regit actum (art. 9º, § 2º, LINDB) Lei do domicílio do falecido ou do ausente na sucessão por morte ou ausência (art. 10, § 1º, LINDB) IUS RESUMOS Se o morto possuir bens no Brasil, incidirá a lei mais favorável, seja brasileira ou estrangeira, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente e aos filhos brasileiros - princípio da proteção da família brasileira (art. 5º, XXXI, CF/88) Nesse caso, a decisão será prolatada por juiz brasileiro, que poderá aplicar tanto a norma brasileira como a estrangeira, e deterá a competência para processar e julgar o inventário dos bens situados em solo nacional (é caso excepcional) Quanto aos meios de prova de fatos que não ocorreram no Brasil, o art. 13 da LINDB determina que: Fatos ocorridos no estrangeiro A prova pela lei que vigorar no respectivo país, quanto ao ônus e aos meios É vedada a utilização de provas que a lei brasileira não admita A prova será produzida conforme as regras da lei do local onde está sendo realizada 4.2 A aplicação da sentença e laudo arbitral estrangeiro e do cumprimento de carta rogatória - o exequatur do Superior Tribunal de Justiça Sobre aplicação de sentença, laudo arbitral estrangeiro e carta rogatória, tem-se que: No Brasil, a sentença estrangeira será cumprida desde que homologada pelo STJ, que exarará o cumpra-se - exequatur Art. 105, 1, I, CF/88 Os Estados não são obrigados a reconhecer decisões de órgãos judiciais estrangeiros, mas o fazem, seguindo determinados preceitos O STJ verifica a regularidade formal e material da decisão, seguindo preceitos determinados em lei A decisão estrangeira deverá ser compatibilizada com a ordem jurídica interna Arts. 960 a 965 do CPC/2015 e Resolução nº 9/2005 do STJ Admite-se a homologação parcial da decisão Em relação às decisões de países integrantes do MERCOSUL, o processo será mais célere, de acordo com o Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional O cumprimento de sentença estrangeira no Brasil LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO– PARTE II [15] Exige-se o exequatur para o cumprimento de cartas rogatórias com diligências deprecadas por autoridade estrangeira (art. 12, § 2º, LINDB) e para o cumprimento de sentença e laudo arbitral estrangeiro no Brasil (art. 34 e seguintes da lei de arbitragem). Ademais, é importante destacar: Títulos executivos extrajudiciais não estão submetidos à homologação Após homologação pelo STJ, as sentenças judiciais, cartas rogatórias e laudos arbitrais estrangeiros poderão ser executados pelos juízes federais de primeira instância (art. 109, X, CF/88)Atenção 4.3 Da aplicação das regras de Direito de Família no espaço Da aplicação das regras de Direito de Família no espaço Aplica-se a lei do domicílio nas questões de família - art. 7º, LINDB Lei brasileira submete os que estão domiciliados no país, nacionais e estrangeiros O brasileiro residente em outro país será regido pelas leis do lugar do domicílio Quanto ao casamento, aplicam-se as seguintes regras: O casamento realizado no Brasil será regido pelas leis daqui, quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração Para ter validade no Brasil, o casamento de brasileiro celebrado em território estrangeiro por autoridade estrangeira deverá ser registrado no pais - art. 32, § 1º, LRP e 1.544, CC/02 Casamento Exceção: quando o casamento for realizado perante autoridades diplomáticas ou consulares do mesmo país dos nubentes Se um dos nubentes é divorciado, e o divórcio foi decretado no exterior, há a necessidade de prévia homologação da sentença, pelo STJ, como pressuposto da habilitação para o casamento Critério da nacionalidade IUS RESUMOS Se os domicílios dos nubentes forem diversos, aplicar- se-á a lei do primeiro domicílio no Brasil Casamento consular Celebrado perante a autoridade diplomática ou consular do país de ambos os noivos (da mesma nacionalidade) e produzirá efeitos regulares em nosso país Hipóteses previstas nos artigos 7º, § 2º e 18 da LINDB Dispensa-se o registro em cartório, mas exige-se que os documentos estrangeiros sejam válidos - art. 129, § 6º, LRP Casamento entre nubentes brasileiros, que estejam no exterior, perante autoridades consulares brasileiras Estrangeiros Brasileiro Do regime de bens Quanto à dissolução do casamento, tem-se que: Dissolução do casamento Compete à Justiça brasileira processar e julgar a ação de divórcio Casamento celebrado no exterior e registrado no Brasil com casal domiciliado no país Divórcio realizado no exterior e a partilha dos bens situados no Brasil O divórcio precisa ser homologado pelo STJ A partilha de bens situados no país é de competência EXCLUSIVA do judiciário brasileiro – art. 23, III, CPC/2015 Não é mais exigido prazo para a homologação do divórcio, por força da EC 66/2010 Competência das autoridades consulares brasileiras no exterior Art. 18, §§ 1 º e 2° da LINDB Podem celebrar escritura pública de separação e de divórcio consensuais, desde que presentes alguns requisitos Dissolução consensual do casamento Não houver interesse de incapaz Partes assistidas por advogado E, por fim, quanto à sucesso, importante destacar o que se segue: LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – PARTE II [17] Da sucessão Em caso de sucessão por morte ou ausência, é a lei do domicílio do de cujus que regerá as condições de validade do testamento deixado – art. 10. LINDB A sucessão de bens de estrangeiros no Brasil será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus – art. 10, § 1º, LINDB Critério do domicílio Princípio da proteção da família brasileira Capacidade para suceder A capacidade para ser herdeiro ou legatário é regida pela lei do domicílio dos mesmos – art. 10, § 2º, LINDB Até o próximo IUS RESUMO de Direito Civil! Veja esse e outros resumos de direito, além de notícias e atualidades do mundo jurídico Acesse www.iusresumos.com.br --- ♠ --- 5. Referências BRASIL. Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. DOU de 9.9.1942, retificado em 8.10.1942 e retificado em 17.6.1943. FARIAS, Cristiano chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB. 13. ed. rev. ampl e atual. vol. 1. São Paulo: Atlas S.A, 2015. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 11. ed. vol 1. São Paulo: Saraiva, 2013. TARTUCE, FLÁVIO. Direito Civil: Lei de introdução e parte geral. vol 1. 11. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Método, 2015. IUS RESUMOS NOTAS: 1 Gonçalves (2013). 2 Farias e Rosenvald (2015, p. 84). 3 Gonçalves (2013), Tartuce (2015, p. 22). 4 Gonçalves (2013), Farias e Rosenvald (2015, p. 85-86), Tartuce (2015, p. 23-25). 5 Gonçalves (2013). 6 Gonçalves (2013), Farias e Rosenvald (2015, p. 93). 7 Farias e Rosenvald (2015, p. 105) 8 Gonçalves (2013) e Tarturce (2015, p. 37). 9 Gonçalves (2013), Farias e Rosenvald (2015, p. 106). 10 Gonçalves (2013).
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