Prévia do material em texto
🏥 Doença diverticular do cólon (DDC) Morgana R. Duarte- TXI A) Definição e conceitos iniciais Divertículo: derivado do latim “di-verticulum ,ˮ significa "pequeno desvio da via normal". Diverticulose: presença de divertículos sem sintomas/inflamação. Doença diverticular DD: presença de sintomas ou complicações (ex: sangramentos ou inflamação/diverticulite). Diverticulite aguda: inflamação/infecção do divertículo. Diverticulite não complicada: peridiverticulite ou flegmão, sem abscesso, fístula, obstrução ou perfuração livre. Diverticulite complicada: quando há abscesso, perfuração, fístula ou obstrução. Divertículo verdadeiro Divertículo falso Raros, herniação de todas as camadas da parede intestinal. Representam a grande maioria; consistem na herniação da mucosa e submucosa através da camada muscular, revestidos Doença diverticular do cólon DDC 1 Divertículo verdadeiro Divertículo falso por serosa. Não possuem camada muscular. B) Epidemiologia Aumento da prevalência: ao longo do século XX, com a redução de fibras alimentares na dieta. a Forte correlação entre baixa ingestão de fibras e aumento de diverticulose. b Vegetarianos apresentam menor prevalência 12%. Diferença geográfica: a Alta prevalência EUA, Europa, Austrália 10% da população). b Baixa prevalência África e Ásia 0,2% em alguns países). i A adoção de dietas ocidentalizadas tem aumentado a prevalência em países como o Japão. Distribuição no cólon Ocidente Oriente Maioria dos divertículos no cólon esquerdo Maioria no cólon direito (mesmo em imigrantes em países ocidentalizados, sugerindo influência genética)) Idade e sexo: rara antes dos 40 anos, similar entre os sexos. a 5ª década: 5% de prevalência, 9ª década: 50%. Doenças hereditárias associadas: doença policística renal, síndrome de Marfan, síndrome de Ehlers-Danlos → condições que afetam a força da submucosa colônica → maior risco de desenvolver doença diverticular prrecocemente. Fatores adicionais AINEs (maior risco de perfuração e hemorragia diverticular, envolve inibição de prostaglandinas) e tabagismo (aumenta risco de complicações da doença diverticular). Doença diverticular do cólon DDC 2 💡 Envelhecimento e alterações do cólon: redução da força tênsil das fibras colágenas e musculares com o tempo → na diverticulose, essas alterações são mais intensas. C) Patogênese Fatores principais na patogênese 3: alterações estruturais da parede intestinal + alterações da motilidade colônica com aumento da pressão intraluminar + baixo consumo de fibras na dieta. Papel da fibra na dieta: relação inversa, fator etiológico mais bem estabelecido. a Celulose: tem efeito protetor, retém sais e água → fezes volumosas e consistentes, previne hipersegmentação colônica. b Dieta rica em fibras: aumentam o peso e diâmetro das fezes, reduzem a pressão intraluminar e as contrações musculares. Alterações musculares e estruturais: a Anormalidade da camada muscular: característica mais marcante, espessamento da muscular própria. i Myochosis: espessamento da parede colônica, sem hipertrofia nem hiperplasia → causado por encurtamento das tênias (acúmulo de elastina), espessamento da camada muscular circular e estreitamento do lúmen intestinal. b Elastose nas tênias: aumento de elastina (até 2x o normal), torna a doença irreversível mesmo com dieta rica em fibras → distorção no padrão normal das fibras musculares. i Pode ser primária ou consequência da doença. ii A distensão muscular intermitente pode estimular a captação de prolina, que favorece a elastose. Pressão intraluminar e segmentação: espasmo muscular prolongado (por dieta pobre em resíduos) → aumento da pressão intraluminar → herniação da mucosa/submucosa. Doença diverticular do cólon DDC 3 a Contra-argumento: pressão pode ser normal em alguns pacientes → espasmo isolado não explica toda a doença. b Segmentação exagerada: contrações colônicas não propulsivas formam segmentos fechados de alta pressão → predispõem à herniação da mucosa nos pontos de fraqueza da parede. Pontos anatômicos vulneráveis: locais de penetração das artérias entre as tênias (omental e mesentérica) → regiões mais suscetíveis à formação dos divertículos. a Reto é poupado: possui camada muscular longitudinal contínua (coalescência das tênias). b Mais comum no cólon sigmoide: parte mais estreita → maior pressão intraluminar segundo a Lei de Laplace P KT/R. Alterações histológicas e bioquímicas: acúmulo de colágeno, elastina e tecido reticular na camada muscular com a idade. a Outras alterações: espessamento das camadas longitudinal e circular da musculatura, aumento de colágeno tipo III e depósito de elastina entre as células musculares. Fatores moleculares e bioquímicos: a NO (óxido nítrico): relaxante potente da musculatura lisa, envolvido na complacência muscular (capacidade de distensão). i Pacientes com diverticulose têm menor complacência da musculatura circular. ii Pode ter papel na segmentação colônica. b MMPs (metaloproteinases da matriz extracelular): enzimas que degradam colágeno, elastina e glicoproteínas. Doença diverticular do cólon DDC 4 D) Patologia O cólon é o local mais comum na formação de divertículos no trato digestivo. Divertículos colônicos: falsos/pseudodivertículos (quase totalidade dos casos), formam-se em pontos de penetração das artérias na camada muscular circular (em direção à submucosa). Localizam-se geralmente entre as tênias lateral e mesentérica. Número e tamanho: varia de um único divertículo a centenas, de 1 mm até 1 cm (maior já descrito: 27cm) → o número e o tamanho aumentam com o tempo. Distribuição por segmentos: cólon sigmoide é o segmento mais frequentemente acometido 95% apenas sigmoide 65%, sigmoide + outros segmentos 24%, dispersos em todo o cólon 7% e somente segmentos proximais ao sigmoide 4%. 💡 Casos especiais: divertículo do apêndice 1,4% das apendicectomias) → muitas vezes há excesso de tecido adiposo no mesocólon ao redor da área afetada (espessamento do mesocólon). 1- Tipos de doença diverticular Doença diverticular hipertônica (espástica) Doença diverticular não hipertônica Forma mais comum 70% Menos comum 30% Doença diverticular do cólon DDC 5 Doença diverticular hipertônica (espástica) Doença diverticular não hipertônica Divertículos limitados ao sigmoide ou sigmoide + descendente Presença de numerosos divertículos no sigmoide e outros segmentos proximais (às vezes todo o cólon) Presença de miocose (myochosis)- espessamento da camada muscular circular, encurtamento das tênias, estreitamento do lúmen Sem espessamento muscular Contrações intensas dividem o cólon em câmaras de alta pressão Sem hipertensão intraluminar Fortemente associada à diverticulite aguda Hemorragia é mais comum nesse tipo do que na forma hipertônica 2- Diagnóstico diferencial Importante distinguir diverticulite aguda de adenocarcinoma de cólon. Na diverticulite aguda com abscessos e inflamação crônica: a parede do cólon torna-se espessada e endurecida → dificulta a diferenciação macroscópica do câncer colônico durante exames de imagem ou cirurgia. E) Quadro clínico Diverticulose assintomática 70% dos pacientes com diverticulose são completamente assintomáticos, detectada frequentemente de forma incidental em exames de imagem ou colonoscopias de rotina. Diverticulose não complicada sintomática 10%: sintomas inespecíficos e intermitentes → dor abdominal leve a moderada (geralmente intermitente), distensão abdominal, flatulência, timpanismo, alteração do hábito intestinal (principalmente constipação). Causa exata dos sintomas não é clara. Síndrome do intestino irritável pode coexistir e contribuir. Doença diverticular do cólon DDC 6 Doença diverticular complicada 1530%: complicações principais → diverticulite 1025% e hemorragia diverticular 5%. 1- Diverticulite aguda Características gerais Definição:complicação mais comum da diverticulose, ocorre em 1020% dos portadores de divertículos. Risco maior: pessoas com muitos divertículos, divertículos distribuídos amplamente pelo cólon e diagnóstico em idade jovem. Recorrência: após tratamento clínico 20% têm recidiva e 90% das recidivas ocorrem nos primeiros 5 anos. Fisiopatologia e classificação Inicia-se na ponta de um divertículo: obstrução do divertículo por fecalito → acúmulo de secreção, proliferação bacteriana → isquemia, necrose e perfuração → peridiverticulite (inflamação ao redor) → regressão espontânea ou abscesso/fístula/perfuração com peritonite. Diverticulite não complicada 75% dos casos. Diverticulite complicada 25%, inclui perfuração, abscesso, fístula (colovesical, colovaginal) e estenose intestinal. Manifestações clínicas Dor abdominal contínua (moderada a intensa) QIE: localização clássica. QID ou suprapúbico: em cólon sigmoide redundante, em pacientes com divertículos do lado direito (mais comum em asiáticos). QC Febre (comum, 38,5ºC, pode ser elevada em casos complicados), náuseas e vômitos, anorexia, constipação (mais comum), diarreia (menos comum), disúria (sugere contato com bexiga) → colite vesical ou fístula). EF: dor à palpação na FIE, pode haver contratura muscular, massa abdominal palpável, distensão abdominal e timpanismo, redução ou ausência de RHA em complicações ou obstrução. Toque retal pode revelar massa dolorosa no reto. Doença diverticular do cólon DDC 7 Complicações possíveis: abscesso pericólico, perfuração com peritonite difusa, fístula colovesical (eliminação de gases e fezes pela urina- pneumatúria, fecalúria) e fístula colovaginal (eliminação de fezes ou gás pela vagina). 💡 As manifestações clínicas são frequentemente similares a uma apendicite, e por isso a diverticulite é referida como “apendicite do lado direito". 2- Hemorragia diverticular Ocorre mais em idosos. Segunda complicação mais comum da diverticulose. Representa 40% das hemorragias digestivas baixas. Manifestações gerais Enterorragia (sangue vivo ou em coágulos nas fezes), melena (mais rara), sangramento moderado a volumoso, podendo causar taquicardia, sudorese, hipotensão e choque hipovolêmico. Fatores de risco: idade avançada, sexo masculino e uso crônico de AINEs. Localização: apesar da maioria dos divertículos estarem no sigmoide, a maioria dos que sangram 80% está no cólon direito. Recorrência: a maioria dos sangramentos é autolimitada. Recorrência: 2540% após 1º episódio, 50% após dois episódios prévios. É rara a ocorrência de hemorragia e diverticulite simultaneamente. F) Diagnóstico Diverticulose (assintomática ou não complicada): diagnóstico incidental em enema opaco, colonoscopia ou retossigmoidoscopia. Realizado em exames de rotina ou na investigação de sintomas de outras doenças do cólon. 1- Diverticulite Doença diverticular do cólon DDC 8 Exames laboratoriais Hemograma: leucocitose com desvio à esquerda (mas pode ser normal). EAS (urina): leucócitos e hemácias aumentados → contato inflamatório com ureter/bexiga. Exames de imagem Radiografia simples de abdome: distensão de alças crônicas, níveis hidroaéreos (obstrução), ar fora do intestino (perfuração), pneumoperitônio (melhor visto na radiografia de tórax em ortostase). Enema opaco: melhor exame para mostrar divertículos e sua extensão. a Limitado na inflamação na inflamação aguda (pode subestimar a gravidade, risco de perfuração com contraste de bário. i Preferência por contraste hidrossolúvel. ii Realizado após a fase aguda, caso necessário. USG: primeira opção em muitos hospitais. a Achado sugestivos: dor à compressão do cólon afetado, espessamento hipoecogênico da parede intestinal, gordura pericólica hiperecogênica (inflamada), abscesso (coleção líquida, não compressível, com halo hiperecogênico), sinal de alvo no corte transversal, hidronefrose à esquerda (compressão ureteral). b Limitações: espessamento da parede é achado inespecífico (câncer ou colites), sensibilidade depende da experiência do ultrassonografista. TC: exame padrão-ouro atual. a Indicações: dignóstico duvidoso, suspeita de complicações, falha do tratamento clínico, pacientes imunodeprimidos. b Achados: espessamento da parede colônica + inflamação pericólica, fístula (contraste na vagina ou na bexiga- ar ou líquido), abscesso (massa com conteúdo líquido/gás, peritonite (líquido livre, íleo paralítico, extravasamento do contraste), obstrução (distensão colônica/ID, compressão ureteral (hidronefrose), trombose séptica portal (ar ou trombos nas veias porta e mesentérica). c Permite guiar drenagem percutânea de abscessos. Doença diverticular do cólon DDC 9 RM: precisão menor que a TC, uso restrito a casos selecionados. Colonoscopia/retossigmoidoscopia: contraindicadas na fase aguda → risco de perfuração, dificuldade de progressão do aparelho. a Pode ser feita após resolução para excluir neoplasias ou DII, com insuflação mínima. 2- Hemorragia diverticular Mecanismo: ocorre por fragilidade e ruptura de vasos retos no colo do divertículo → geralmente sem sinais clínicos prévios de diverticulose. Avaliação intestinal: descartar hemorragia digestiva alta EDA, alternativa: sonda nasogástrica com aspiração (presença de bile sem sangue → baixa probabilidade de sangramento alto). Paciente com sangrame intenso Arteriografia: indica local exato do sangramento, permite embolização (controle). Enema opaco com diverticulose Drenagem de abscesso por tomografia computadorizada. Doença diverticular do cólon DDC 10 a Efetiva se sangramento: 0,50,9 mL/min. b Local típico: cólon direito 7080%. Cintilografia com hemácias marcadas: detecta sangramentos com taxa 0,1 mL/min. a Localiza o quadrante, mas não identifica a causa. b Usada quando arteriografia for negativa. Paciente com sangramento leve ou moderado Colonoscopia: ideal para paciente estável. a Pode identificar: sangramento ativo ou estigmas de sangramento recente (vaso visível, coágulo). b Diagnóstico em 1020% dos casos. Tratamento endoscópico a Técnicas: injeção de adrenalina, clipse hemostáticos, ligadura elástica, cola de fibrina, coagulação térmica → não há consenso sobre o melhor método. b Se falhar → angiografia ou cirurgia. Outros exames (em caso de não localização da origem) Estudo contrastado do ID, cápsula endoscópica, enteroscopia, arteriografia, cintilografia para divertículo de Meckel (em jovens). 💡 O enema opaco não identifica causa de sangramento e pode atrapalhar arteriografia posterior. G) Complicações 1- Da doença diverticular Câncer colorretal: aumento da incidência de câncer do cólon esquerdo em pacientes em doença diverticular. Doença diverticular do cólon DDC 11 a Fatores dietéticos comuns + carcinógenos bacterianos colônicos + inflamação crônica (maior renovação celular → lesão do DNA transformação maligna). Divertículo colônico gigante DCG: rara, massa cística cheia de gás, geralmente em pacientes 50 anos. a Tipo 1 87%: falso divertículo (doença diverticular convencional). b Tipo 2 13%: verdadeiro divertículo (duplicação cística congênita). c Localização e tamanho: borda antimesentérica do cólon sigmoide, 6 27 cm (média de 13 cm). d Sintomas: dor abdominal massa palpável, melena, diarreia. e Tratamento: ressecção isolada do cisto com ou sem segmento colônico adjacente. Se houver doença diverticular associada → ressecção anterior do sigmoide com anastomose. i Em casos de DCG verdadeiro sem inflamação → diverticulectomia simples. 2- Da diverticulite Abscesso 814% das diverticulites agudas, até 3055% dos pacientes submetidos à cirurgia têm abscessos. a Localização: pericólicos, pélvicos ou em qualquer parte do abdome. b Diagnóstico: suspeita por febre persistente, leucocitose, massa abdominal, dor no toque retal ou vaginal. i Confirmação USG ou TC. Fístula: mais comum → colovesical(cólon-bexiga). a Outras possíveis: colovaginal, colocutânea, coloentérica, ureteral, para sistema porta, vias biliares. b Suspeita clínica: infecções urinárias recorrentes, pneumatúria, fecalúria, eliminação de fezes pela vagina ou pele. c Diagnóstico: enema opaco, fistulografia, retossigmoidoscopia, cistografia ou pielografia, TC com triplo contraste (mais sensível). Obstrução intestinal: pode afetar o ID (por aderências inflamatórias) e o cólon (compressão por massa inflamatória). Doença diverticular do cólon DDC 12 a Diagnóstico e sintomas semelhantes às demais obstruções intestinais (dor, distensão, constipação, vômitos). Peritonite difusa: por perfuração direta do divertículo ou ruptura do abscesso peridiverticular. a Pode causar quadro de abdome agudo com sinais de sepse e instabilidade. 3- Da hemorragia diverticular 80% dos sangramentos cessam espontaneamente. Complicações geralmente associadas à hipovolemia e suas consequências. Choque hipovolêmico IC Insuficiência renal aguda AVC SDRA (síndrome da angústia respiratória do adulto) SDMOS (disfunção de múltiplos órgãos e sistemas). H) Tratamento 1- Tratamento clínico Doença diverticular não complicada (assintomática ou sintomática leve): base do tratamento é o aumento da ingesta de fibras (cereais> frutas> verduras). a Fibras: aumentam o peso das fezes, diminuem o tempo de trânsito intestinal e reduzem a pressão intracolônica. b Se intolerância a fibras → uso de laxantes formadores de bolo fecal (ex: psyllium). Diverticulite leve ou moderada (sem complicações): dieta líquida ATB orais (ambulatorial) → cefalosporinas + metronidazol, ciprofloxacino, amoxicilina-clavulanato. Doença diverticular do cólon DDC 13 a Em caso de febre, vômito ou distensão: internação, jejum, hidratação EV e ATB EV, sonda nasogástrica apenas se obstrução evidente ou vômitos intensos. b 20% dos casos não respondem → tratamento cirúrgico. c Colonoscopia de controle: após 6 semanas. 2- Tratamento cirúrgico Indicações absolutas Indicações relativas Perfuração livre (peritonite) Falha do tratamento clínico Abscesso inacessível ou não responsivo Dificuldade em excluir câncer Obstrução intestinal Doença recorrente (vários episódios) Fístulas complexas Estenose colônica Hemorragia massiva recorrente Idade 55 anos Imunossupressão Divertículos do lado direito Operação de Hartmann: mais comum em casos graves (perfuração, peritonite), envolve ressecção do sigmoide, colostomia terminal, coto retal fechado. a Desvantagem: requer 2ª cirurgia para reconstrução do trânsito. Sigmoidectomia com anastomose primária e colostomia: colostomia mais fácil de fechar que Hartmann, fechamento da colostomia após 6 semanas, com estudo radiológico prévio. Sigmoidectomia com anastomose primária sem colostomia: indicada apenas se → paciente estável, cólon relativamente limpo e inflamação Doença diverticular do cólon DDC 14 limitada. Derivação intracolônica com prótese: implante de prótese de silicone para evitar contato fecal direto com a anastomose. Tratamento cirúrgico em três tempos (raramente usada hoje): drenagem + colostomia + sigmoidectomia → fechamento da colostomia. 3- Tratamento específico Abscesso: pequenos ATB isolado; 5 cm ou sintomáticos → drenagem percutânea guiada por TC. a Falha da drenagem ou abscesso multiloculado → cirurgia Hartmann ou anastomose protegida). Perfuração: emergência absoluta, Hartmann (preferida) ou anastomose primária com ou sem colostomia. Fístula: principal é colovesical > colovaginal, diagnóstico com TC com contraste ou cistoscopia. a Cirurgia geralmente eletiva: ressecção e anastomose primária com ou sem colostomia. Pós-operatório: sonda vesical por 7 dias. Estenose: diverticulite causa 10% das obstruções intestinais, Hartmann preferido se intestino dilatado e sem preparo adequado. a Alternativas endoscópicas: dilatação com balão ou próteses colônicas. Diverticulite em imunodeprimidos: sinais clínicos mais discretos → diagnóstico tardio, alta taxa de falha do tratamento clínico, recomendação: ressecção precoce. Diverticulite em pacientes jovens 50 anos): risco elevado de recidiva e complicações, não indicada automaticamente após o 1º episódio em jovens. Doença diverticular do cólon DDC 15 💡 Hinchey III: Abscessos 5 cm → antibióticos. Abscessos 5 cm → drenagem percutânea + antibióticos. Hinchey IIIIV cirurgia obrigatória → ressecção colônica e controle da sepse. 4- Ressecção eletiva Indicações: complicações prévias (abscesso, fístula, estenose), múltiplos episódio de diverticulite, impossibilidade de excluir câncer, pacientes jovens, obesos ou imunodeprimidos. Ressecção deve abranger apenas o segmento mais afetado (geralmente o sigmoide). Anastomose no reto superior é preferida para evitar recidiva. 5- Cirurgia laparoscópica Técnica minimamente invasiva popular. Vantagens: menor dor, trauma, ileo, pós-op, alta precoce e retorno ao trabalho, menos aderências. Pode usar minilaparotomia para extração do segmento ressecado. Limitações: obesidade, aderências intensas, inflamação colônica severa. 6- HDB por doença diverticular Doença diverticular do cólon DDC 16 Avaliação inicial: toque retal, anuscopia, retossigmoidoscopia → se não identificar a origem fazer colonoscopia (preferida). Útil se o sangramento for maciço. Arteriografia: identifica extravasamento de contraste, malformações AV, enchimento venoso precoce. Permite: embolização com Gelfoam, infusão de vasopressina 0,20,4 U/min)- efetiva, mas pode causar efeitos colaterais HAS, arritmias). Colonoscopia terapêutica: técnicas (escleroterapia, eletrocoagulação, clipes, ligadura elástica) → pode controlar sangramentos não intensos. Indicações cirúrgicas de emergência: a Instabilidade hemodinâmica persistente. b Necessidade de transfusão 2.000 mL/24h. c Recidiva de hemorragia maciça. 💡 Se localização não identificada: Preferência atual: colectomia total com anastomose íleo-retal. Antigamente: colotomias múltiplas ou colectomias segmentares às cegas. I) Divertículo verdadeiro do intestino grosso Definição e características Divertículo verdadeiro: contém todas as camadas da parede intestinal (mucosa, submucosa, muscular e serosa). Considerado congênito → alguns autores contestam. Mais comum no ceco e cólon direito. Distribuição geográfica e padrão Ocidentais: divertículos do cólon direito geralmente solitários. Doença diverticular do cólon DDC 17 Asiáticos: múltiplos divertículos do cólon direito. 💡 A diverticulite do cólon direito ocorre mais cedo (média: 40 anos), enquanto a do sigmoide ocorre por volta dos 59 anos. 1- Quadro clínico e diagnóstico Sintomas muito semelhantes à apendicite aguda. Exames laboratoriais e de imagem também semelhantes. Em pacientes: já apendicectomizados ou idosos com sintomas atípicos → a tomografia computadorizada pode mostrar: Espessamento da parede do ceco. Inflamação pericolônica. Abscesso (pode guiar drenagem percutânea). 2- Tratamento cirúrgico Durante cirurgia de urgência: diagnóstico pode ser difícil de diferenciar de apendicite, mesmo com o campo operatório aberto. Opções de tratamento intraoperatório (caso não haja diagnóstico prévio) Tratamento conservador: apenas apendicectomia + drenagem, uso de ATB pós-op. Apendicectomia + diverticulectomia: feita somente se a base do divertículo não estiver inflamada. Hemicolectomia direita com anastomose ileocólica: preferida na maioria dos casos, especialmente se → processo inflamatório intenso, suspeita de carcinoma perfurado ou mesmo sem preparo colônico prévio (apresenta baixa morbimortalidade). 💡 Casos com diagnótico pré-operatório: permite realizar preparo do cólom e ressecção eletiva do divertículo ou segmento afetado. Doença diverticular do cólon DDC 18 Doença diverticular do cólon DDC 19