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GESTÃO DE OPERAÇÕES E CADEIA DE SUPRIMENTOS W B A 03 31 _v 1. 0 2 Daniel Morelli Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 GESTÃO DE OPERAÇÕES E CADEIA DE SUPRIMENTOS 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Juliana Caramigo Gennarini Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Mariana Gerardi Mello Revisor Maick Roberto Lopes Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)______________________________________________________________________________________ __Morelli, Daniel M842g Gestão de operações e cadeia de suprimentos/ Daniel Morelli, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020. 42 p. ISBN 978-65-87806-73-0 1. Lean manufacturing 2. Produção enxuta 3. Gestão de operações I. Título. CDD 658 ____________________________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 6/278 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Planejamento e Controle da Produção – PCP ________________________ 05 Conceitos de Lean Manufacturing __________________________________ 21 Sistemas de Métricas de Produtividade ____________________________ 35 Gestão de Estoques e Suprimentos _________________________________ 49 GESTÃO DE OPERAÇÕES E CADEIA DE SUPRIMENTOS 5 Planejamento e Controle da Produção – PCP Autoria: Daniel Morelli Leitura crítica: Maick Roberto Lopes Objetivos • Incentivar a percepção do (a) estudante para o planejamento e controle da produção. • Permitir, ao (a) estudante, a familiaridade com as teorias que analisam o planejamento e controle da produção. • Propiciar o raciocínio e análise do planejamento e controle da produção e sua importância na empresa. 6 1. Atividade do planejamento e controle No planejamento e controle da produção, o gestor decide a melhor forma de utilizar os recursos da produção para garantir a execução do que foi planejado. O processo de melhoria deve ser contínuo para que o desempenho da operação esteja em constante alinhamento ao objetivo da empresa, bem como ao que os concorrentes fazem, permitindo, assim, que a organização se mantenha atualizada. A demanda dos consumidores precisa ser atendida e a operação, planejamento e controle da produção, permitem o gerenciamento das atividades desenvolvidas após elaborar e implementar os projetos de fábricas, visando produzir e disponibilizar os produtos para consumo. As operações podem ser complexas e, em alguns casos, existe dificuldade em planejar e administrar de acordo com o que o consumidor necessita ou impõe a uma determinada empresa. Por isso, atualmente, as organizações dispõem de ferramentas como softwares para auxiliar no planejamento e controle, tendo como objetivo maior acuracidade e resultados confiáveis. Os aspectos do planejamento e controle da produção permitem conciliar o suprimento de matérias-primas e a demanda por produtos acabados para serem disponibilizados para consumo no local adequado, no tempo solicitado e a um custo de aquisição que possibilite seu consumo. Nesse contexto, o que melhor define o propósito do planejamento e controle da produção, de acordo com Slack et al. (2002, p. 314), refere-se a “garantir que os processos da produção ocorram eficaz e eficientemente e que produzam produtos e serviços conforme requeridos pelos consumidores.”. 7 Com isso, os colaboradores da fábrica necessitam receber as informações referentes às suas atividades, para que coordenem e atinjam os objetivos da produção de bens e serviços, seguindo as condições solicitadas e certificando-se de que os materiais foram inspecionados e estão de acordo com a solicitação para produção. Nesse sentido, Slack et al. (2002, p. 691), elencou cinco desafios a serem atendidos por gerentes de produção: • Impacto da globalização dos mercados, dos fornecedores e mudança no pensamento e atitudes dos gestores. • Alteração na forma como é vista a responsabilidade social nas empresas, cabendo ao gestor da produção estabelecer valores éticos. • A responsabilidade ambiental dos negócios, principalmente o impacto que as decisões da administração de produção tem no ambiente e impacto nos gestores. • Influência da tecnologia, nas operações, que se tornou cada vez mais rápida e imprevisível. • Surgimento do conceito de gestão do conhecimento e do gestor de produção como responsáveis-chave pelas tecnologias de processo. Na Figura 1, observa-se o entrelaçamento entre gerenciamento e informações como estratégia, custos, entrada e saída de materiais, recursos, supervisão, Planejamento e requisitos em uma operação. 8 Figura 1 – Gerenciamento das operações. Fonte: Enis Aksoy/ iStock.com. No planejamento e controle da produção, concilia-se o abastecimento de produtos e serviços em uma operação com a demanda por meio dos recursos que esta operação dispõe para atender os consumidores de uma operação produtiva, conforme a Figura 2. Figura 2 – Função de planejamento e controle da produção Fonte: Slack et al. (2002, p. 313). 9 1.1 Diferença entre planejamento e controle Os gestores da produção possuem responsabilidades abrangentes que vão além da gestão da produção em si, mas que influenciam nas questões estratégicas da organização, podendo trazer benefícios à mesma. Com isso, deve-se diferenciar entre planejamento e controle para permitir a execução e definição de cada responsabilidade dentro da organização, mantendo o foco de se produzir com qualidade e entregar os produtos e serviços solicitados. Torna-se importante tratar o planejamento e controle em conjunto porque a divisão não está evidente e poderá refletir em desajustes na produção, manufaturando quantidades maiores ou menores das que são necessárias para atender a demanda dos consumidores. Conforme descrito por Slack et al. (2002), um plano é uma formalização do que se pretende fazer num futuro próximo, todavia, não garante que isso aconteça, ou seja, um plano é uma declaração do que se espera executar em breve. Em essência, os planos descrevem as expectativas futuras que uma empresa ou organização pretendem executar, mas que, em sua implementação, podem ocorrer mudanças em desacordo com o que se esperava ou foi planificado. As alterações na produção ocorrem por meio das falhas dos colaboradores, falta ou atraso na entrega de máquinas e equipamentos a serem utilizados, que acarretam problemas de qualidade, falta de produtos e por mudanças nos costumes dos consumidores referentes ao que pretendem adquirir em produtos e serviços. Nesse sentido, deve se adequar as operações, efetuando correções e propondo melhorias contínuas para que a produção se mantenha alinhada ao que se propôs, mantendo o controle sob o processo produtivo. Em alguns casos, nos quais ocorrem falta de matérias ou colaboradores sem o devido treinamento para execução das tarefas, a readequação 10 dos planostorna-se de extrema importância no curto prazo para que não existam outros problemas no futuro. Diante desses desafios, há casos em que a substituição de fornecedores e colaboradores são feitos para minimizar os problemas e manter o planejamento dentro do que se pretende executar. Por controle, entende-se que é o processo de administrar as variações no processo produtivo, visando manter a produção nos trilhos (SLACK et al. 2002, p. 315). Segundo Slack et al. (2002, p. 315), define-se plano como um conjunto de intenções para o que deveria ocorrer, e o controle, como um conjunto de ações que visam ao direcionamento do plano, monitorando o que realmente acontece e fazendo eventuais mudanças necessárias. 2. Planejamento e controle de curto, médio e longo prazos O planejamento e controle possuem períodos distintos e que precisam ser seguidos para obter o melhor resultado possível em uma operação fabril, executando as atividades planificadas. A Figura 3 ilustra o tempo de planejamento e sua importância na produção. 11 Figura 3 – Gerenciamento do tempo. Fonte: IkonStudio/ iStock.com. Na Figura 3 são apresentadas imagens de engrenagens, agendas e relógio, que permitem compreender a importância do acompanhamento do planejamento em uma corporação. Em longo prazo, o planejamento e controle são efetuados por gestores que elaboram planos com os pressupostos a serem realizados, os recursos necessários e a finalidade que se pretende alcançar com sua implementação. Nesse sentido, os gestores se preocupam em desenvolver orçamentos, estipular objetivos de custos a serem atingidos e equacionar as metas financeiras com a capacidade da empresa. No planejamento em médio prazo, o gestor precisará elaborar planos com mais detalhes, visualizando um futuro próximo e, caso necessário, replanejar para se adequar às novas realidades impostas pelo mercado e seus consumidores. Os gestores avaliam a demanda que a operação poderá atingir e definem planos de contingências que serão 12 implementados, absorvendo pequenas mudanças no que foi planificado e se utilizando desta situação como uma reserva no sistema produtivo. Em curto prazo, os recursos para produção estão definidos e implementados, o que, na maioria das vezes, não permite mudanças na escala de produção devido aos recursos estarem pré-definidos e direcionados para esse momento. Contudo, nos casos críticos decorrentes de desvios substanciais no que foi planejado, as intervenções devem ocorrer e precisam ser avaliadas de acordo com as possibilidades de cada operação. A finalidade da intervenção na operação é dar equilíbrio ao volume produzido, mantendo a flexibilidade necessária às mudanças, qualidade dos produtos e confiabilidade por meio dos gestores, com seus planos desenvolvidos para este objetivo. Nos planejamentos e controles da produção, sugere-se a utilização do ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action) para efetuar o acompanhamento das tarefas que estão sendo executadas e, caso necessário, fazer as correções imediatas. A Figura 4 ilustra o ciclo PDCA, que acompanha as ações nos processos produtivos. Figura 4 – Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action). Fonte: JoyImage/ iStock.com. 13 A Figura 5 descreve a importância do planejamento ou controle, a curto, médio e longo prazo, bem como seus tópicos para desenvolvimento das ações necessárias na operação. Figura 5 – Importância do planejamento e controle Fonte: Slack et al. (2002, p. 316). Os gestores precisam se acostumar a desenvolver, estabelecer, medir e modificar os indicadores de desempenho para que estejam alinhados às estratégias empresarias e possam obter os melhores resultados em longos períodos. 14 3. Suprimento e demanda Os gestores precisam controlar as atividades de suprimento e demanda em conjunto com a área comercial para minimizar os efeitos no processo produtivo e não haver aumentos desnecessários nos estoques. Para que haja disponibilidade de produtos e serviços para consumo, é necessário que o suprimento de recursos seja confiável, disponibilizando matérias-primas, mão de obra e equipamentos, na linha de produção, para efetivar a manufatura. Entretanto, existem incertezas nos recursos que precisam ser acompanhados com a finalidade de minimizar os efeitos na produção e não gerar problemas para os gestores. Na demanda, há incertezas decorrentes de imprevisibilidade de acordo com o tipo de operação. Em médio e curto prazo, há facilidade para se prever a demanda e efetuar as correções necessárias, visando atender necessidades dos consumidores. Com isso, é necessário, em algumas operações, manter estoques extras por um curto período, a fim de minimizar os efeitos da imprevisibilidade. Em algumas operações, e dependendo dos produtos manufaturados, é possível prever a demanda com maior acuracidade que em outras. No relacionamento tradicional de fornecimento de mercado, os bens e serviços são comprados na sua forma pura, ou seja, do melhor fornecedor no momento da compra. Algumas das vantagens dos relacionamentos tradicionais estão descritas, a saber: (Slack et al., 2002, p. 431): • Manter a concorrência entre fornecedores alternativos. • Fornecedor especializado numa quantidade pequena de produtos e serviços e que atende a vários consumidores. 15 • Flexibilidade em fornecimento terceirizado. • Inovações podem ser exploradas, independentemente de sua origem. • Auxiliar as operações a concentrar nas atividades centrais. As desvantagens são: • Incertezas no mercado, ou seja, cumprirá ou não o pedido. • Seleção e homologação de fornecedores exige tempo e dedicação. • Riscos estratégicos na subcontratação de atividades de outras empresas. As operações virtuais se baseiam em uma rede de fornecedores, que pode atender a demanda de produtos e serviços, pode ser constituída por um projeto e, após seu final, dissolvida. As vantagens são a flexibilidade e rapidez com que operam e os investimentos em instalações de produção serem baixos. No caso das parcerias, são vistos como compromissos e se integram verticalmente e com relacionamento puro de mercado. De acordo com Slack et al. (2002, p. 432), as parcerias são definidas como: Acordos cooperativos duradouros entre empresas e que envolvem fluxos e ligações que utilizam recursos e estruturas de governança das organizações para realizar conjuntamente as metas individuais associadas a missão corporativa de cada empresa. Os fatores que influenciam as parcerias são descritos por Slack et al. (2002, p. 433), como: • Compartilhamento de sucesso. 16 • Expectativas de longo prazo. • Múltiplos pontos de contato. • Aprendizagem contínua. • Poucos relacionamentos. • Coordenação conjunta das atividades. • Transparência das informações. • Resolução dos problemas conjuntamente. • Confiança. No suprimento enxuto, o fornecedor e cliente são parceiros idênticos nas suas relações. Isso permite criar ligações estreitas entre as partes sem perder a identidade legal, mantém a cultura, estrutura e estratégias de cada um. Na Figura 6 estão descritos os fatores e as características do suprimento enxuto, bem como as ações que podem ser implementadas. 17 Figura 6 – Caraterísticas do suprimento enxuto Fonte: Slack et al. (2002, p. 435). Nos elos da cadeia de suprimentos, os relacionamentos são descritos com base nos fluxos entre as operações. Nesse caso, os fluxos envolvem recursos transformados como materiais, ou transformadores como mão de obra e equipamentos. As cadeias de suprimentos são definidas como sistemas dinâmicos, nos quais atividades e decisões ocorrem a partir de políticas deliberadas e podem ser reativas, tomando decisões que prejudiquem toda a operação (SLACK et al., 2002, p. 435). As políticas da cadeia de suprimentos influenciam seu comportamento para que se adaptem às necessidades dos consumidores finais. A administração das operações, em uma cadeia de suprimentos, possui várias ramificações e os fatores competitivos,em alguns casos, 18 são a qualidade e preço. A finalidade dos estoques, prioridades de planejamento e controle, negociações dos preços, dentre outras ações, são muito diferentes entre as cadeias de suprimentos e seus elos. As políticas eficientes nas cadeias de suprimentos incluem estoques em níveis baixos, a jusante de uma rede de distribuição, permitindo que o tempo de atravessamento na operação de manufatura seja rápido e reduzindo o capital investido. A dinâmica em uma cadeia de suprimentos e as empresas participantes dela, conduz a erros, inexatidão e volatilidade, principalmente nos casos de empresas a montante. O efeito decorrente disso é denominado de Forrester. Com isso, tem-se melhorias na cadeia de suprimentos que precisam ser coordenadas com as atividades das operações e são descritos em três categorias, a saber (SLACK et al. 2002, p. 441): • Informações compartilhadas, na qual a distribuição eficiente pode reduzir flutuações de demanda ao longo da cadeia e fazendo o link com a demanda. • Alinhamento de canal, no qual se adotam processos decisórios para toda a cadeia de suprimentos e coordenando as decisões a serem tomadas. • Eficiência operacional, que permite eliminar as ineficiências ou ineficácias. A Figura 7 apresenta as atividades realizadas na cadeia de suprimentos. Nesse contexto, as redes de suprimentos são formadas por conjuntos de pares que são definidos como comprador-fornecedor e que se utilizam da Internet para suas atividades. 19 Figura 7 – Atividades realizadas na cadeia de suprimentos. Fonte: elenabs/ iStock.com. Nessas operações, torna-se essencial utilizar ferramentas como o ciclo PDCA e desenvolver um planejamento de acordo com as necessidades do mercado consumidor, evitando o aumento dos estoques e desperdício de materiais, mão de obra e equipamentos utilizados na manufatura. Nesse contexto, verifica-se que o planejamento e controle da produção permitem realizar ações e, com isso, mitigar possíveis 20 problemas no curto, médio e longo prazos otimizando a operação e maximizando os resultados. Referências Bibliográficas BOWERSOX, D. J. et al. Gestão logística da cadeia de suprimentos. 4 ed. São Paulo: AMGH, 2013. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações, manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2017. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. SLACK, N. et al. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. 21 Conceitos de Lean Manufacturing Autoria: Daniel Morelli Leitura crítica: Maick Roberto Lopes Objetivos • Estimular o (a) estudante e sua percepção em relação ao lean manufacturing. • Permitir, ao (a) estudante, se familiarizar com as teorias que apresentam os conceitos do lean manufacturing. • Proporcionar o raciocínio, análise e planejamento de ações relacionadas ao lean manufacturing e sua importância na empresa. 22 1. Origem e desenvolvimento do lean manufacturing Nos anos de 1990, Womack, Jones e Roos, em sua bibliografia entitulada The Machine That Changed The World, a partir do conceito TPS (Toyota Production System), para eliminar desperdícios e se adaptar às necessidades dos clientes, introduziram o conceito de lean manufacturing, que permanece atual e continua sendo utilizado em diversas áreas nas empresas. Como exemplo disso, tem-se a utilização na qualidade, logística, melhorias para os funcionários e agilidade na produção. A tradução para o português, referente ao lean manufacturing, define como produção enxuta ou sem desperdícios. Nesse sentido, a finalidade é utilizar menos mão de obra, materiais, menor espaço na planta produtiva, estoques com itens aplicáveis de imediato e menor investimento em bens de capital. A empresa, diante desse contexto, se expande rapidamente e com acuracidade nos seus processos internos, atendendo o que o mercado demanda. Essa prática conduz a reflexões sobre como manter a melhoria contínua nos processos de manufatura para eliminar desperdícios e reduzir custos de produção. Nesse contexto, é possível aplicá-la em outros tipos de produtos e áreas de negócios. Os consumidores precisam ter sua demanda atendida e, para isso, houve necessidade de se desenvolver uma nova forma de operação que permitisse implementar mudanças, com a finalidade de agilizar o processo produtivo e atender o mais breve possível a solicitação de produtos dentro da manufatura. Devido às limitações impostas pela produção em massa, tornou-se necessário desenvolver uma metodologia que permitisse conjugar as vantagens desse tipo de produção com a produção artesanal, 23 minimizando os elevados custos da produção em massa e a flexibilidade, que é reduzida na produção artesanal. Assim, tornou-se necessário conciliar a flexibilização da linha de produção e adequá-la para atender à demanda que, em determinado momento, solicita produtos customizados ou produtos que precisam ser produzidos em massa. A partir dessas ações, é possível minimizar os custos e atender suas necessidades, bem como possibilitar o acesso e compra desses produtos. Diante desse desafio, a Toyota desenvolveu um sistema que utiliza poucos recursos e permite uma elevada variedade de produtos, mantendo a qualidade necessária com preços competitivos. Isso foi denominado de TPS (Toyota Production System). A finalidade é minimizar custos e maximizar o valor percebido aos clientes, atendendo a variedade sem perder os controles de qualidade. O lean manufacturing é composto por um conjunto de práticas que formatou amplamente o que denominamos de prática enxuta, que possui dois temas principais, que são o just in time e o jidoka (SLACK; LEWIS, 2009). No just in time, a movimentação das peças pelo sistema de produção ocorre de forma rápida e coordenada na rede de suprimentos, visando atender a demanda imposta pelos clientes. O kanban (manter as peças necessárias), o heijunka (suavização do fluxo de materiais) e o nagare (desenho dos processos), contribuem para manter a operacionalização do processo de just in time na produção (SLACK; LEWIS, 2009). Todavia, há diferentes tempos para se trabalhar no sistema just in time que dependem do tipo de produto, as condições da linha de produção, os tempos de ressuprimentos e o lead time de entrega entre 24 subsistemistas que participam da cadeia de suprimentos. O jidoka possibilita uma sinergia entre operador e máquina, fazendo com que esta máquina sirva os propósitos que o operador necessita. Esse tema possibilita operacionalizar a segurança contra possíveis falhas, parar a linha de produção e o controle visual dos processos produtivos (SLACK; LEWIS, 2009). Entretanto, existem variações de operador a operador, de acordo com sua forma de trabalho e atuação na manufatura, podendo ocasionar alterações nos tempos da máquina. Dentre as ferramentas utilizadas no lean manufacturing, destacam-se o kaizen (melhoria contínua), 5 porquês e poka-yoke (a prova de erros), que conduzem a eliminar desperdícios, melhoria na qualidade dos produtos, redução dos tempos no sistema produtivo e, consequentemente, apresentar menores custos relacionados aos processos. Essa situação permite que sejam efetuados com maior precisão e sem retrabalhos nos produtos produzidos, fazendo com que a operação se aproxime de seu limite definido em projeto e suporte a esta carga de trabalho. Observe a Figura 1, que apresenta o gerenciamento da superprodução, equilíbrio e produção abaixo do desejado, por meio de engrenagens conectadas entre si e que permitem executar essas atividades. 25 Figura 1 – Lean manufacturing Fonte: Olivier Le Moal/ iStock.com. A prática enxuta permitiu um legado adicional nas operações, possibilitando a independência e exposição de diferentes ideias que acabaram por correlacionar os estoques, tempos de processos, eliminação de perdas e flexibilidade nos processos produtivos e processos do tipopull (contra pedidos) dentro da planta produtiva. O resultado é a vantagem competitiva que a empresa desenvolve após aplicar esse conceito na sua operação de manufatura. A Figura 2 ilustra os elementos da prática enxuta nas categorias de decisão de operações. 26 Figura 2 – Elementos da prática enxuta nas quatro categorias de decisão estratégica de operações Fonte: Slack e Lewis (2009, p. 325). Conforme Figura 2, os objetivos de desempenho são qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo, o que permite desenvolver as áreas de decisão, que convergem para se alcançar a competitividade no mercado em que as empresas atuam. Nas áreas de decisão, existe a estratégia de capacidade que está direcionada ao processamento rápido e confiável, a rede de suprimentos que desenvolve fornecedores, assegurando a entrega com qualidade, a tecnologia de processo que é flexível e tem ênfase na confiabilidade do equipamento e redução de variabilidade. No desenvolvimento e organização, eliminam-se as perdas e motiva- se os colaboradores para obter a competitividade necessária que a empresa precisa no mercado em que está inserida, por meio do envolvimento dos colaboradores, líderes e gestores. 27 1.1 Padrão do lean manufacturing O lean manufacturing estabeleceu um padrão para sua utilização em operações, que consiste em alguns passos, conforme Figura 3, a serem seguidos: definição de valor, a cadeia de valor, o fluxo de valor, puxar e a busca pela perfeição. Figura 3 – Passos do Lean manufacturing. Fonte: adaptado de Brito (2011, p. 325). Esses passos apresentam as tarefas cíclicas que precisam ser aplicadas e monitoradas, com o intuito de manter o padrão nas operações e possibilitar o desenvolvimento dos produtos necessários para atender à demanda dos consumidores sem perder, como foco, a qualidade dentro da operação, segundo BRITO (2011, p. 32). A Figura 4 apresenta os cinco passos dos princípios do lean management. 28 Figura 4 – Princípios do lean management Fonte: Brezina/ iStock.com. A cadeia de valor deverá trazer os processos para que uma empresa entregue o produto ao seu cliente, desde a colocação do pedido no sistema, sua produção e disponibilidade do produto, entregando os resultados esperados no menor tempo possível, com a melhor qualidade obtida e que permita desenvolver e manter sua vantagem competitiva de mercado. Na definição de valor, torna-se necessário que os atributos e características atendam às expectativas dos clientes, permitindo sua funcionalidade necessária. O fluxo de valor organiza os processos e identifica os gaps que não acrescentam valor, permitindo que o processo se torne o mais circular possível. 29 Quando se efetua a atividade de puxar no processo produtivo, estabelece-se o que é necessário em estoques, não havendo necessidade de se manter excessos. Ao buscar a perfeição, atua-se para eliminar todos os possíveis desperdícios dentro da produção, garantindo que somente as atividades que acrescentem valor estejam dentro da manufatura de determinado produto naquela operação e possibilitem ganhos de escala e redução de custos. Os princípios essenciais da produção enxuta estão contidos na rede de suprimentos e nas respectivas áreas que decidem qual o melhor formato para sua operação, considerando os fornecedores de nível 1, nível 2 e nível 3 que compõem a cadeia de sistemistas, acompanhados pelo gestor da supply chain na planta produtiva. Nos suprimentos, adotam-se as melhorias necessárias para eliminar perdas por meio de fluxos adequados às operações, permitindo que as organizações se desenvolverem e adotem tecnologias para os processos. Com isso, é possível dar suporte ao que é essencial para prática enxuta, por meio da redução da variabilidade dos produtos, processos confiáveis em níveis de quantidade e qualidade e flexibilidade exigida para atender a demanda. Para efetuar um bom gerenciamento na cadeia de suprimentos, não se deve permitir obstáculos na capacidade que possam comprometer a sincronia do fluxo nessa cadeia de suprimentos. O ideal seria disponibilizar maior capacidade em comparação ao processo tradicional, não permitindo ocorrências em seu processamento. Na medida em que o conceito de padrão da produção enxuta foi aceito, os colaboradores se tornaram mais tolerantes às mudanças, o que promoveu alterações comportamentais nos estágios dos processos e acelerou o processo de qualificação da mão de obra nas empresas. 30 2. Abordagem de sincronização enxuta A Toyota identificou regras que podem guiar as atividades de projeto, entrega e o desenvolvimento na empresa, a partir do entendimento das diferenças entre as ferramentas e as práticas utilizadas em suas operações. Esse paradoxo do sistema de produção inclui as atividades, conexões e fluxos de produção, além de conexões para sincronização. Contudo, existe a possibilidade de flexibilização e adaptação para atender às necessidades de alto desempenho impostas pelo mercado às empresas, a fim de suprir as necessidades dos consumidores. As quatro regras que servem de orientação para as atividades de projeto, entrega e desenvolvimento nas empresas, são (SLACK; LEWIS, 2009, p. 323): 1. Todo trabalho deve ser altamente especificado quanto ao conteúdo, sequência, momento e resultado esperado. 2. A conexão entre cliente e fornecedor deve ser direta e existir um método, transparente ou não, para envio das informações e o recebimento das respostas no menor tempo possível. 3. O roteiro para produtos e serviços deve ser simples e direto. 4. As melhorias devem ser efetuadas de acordo com o método científico, com orientação de um professor e em um nível de menor qualificação dentro da organização, para elevar a capacidade e competência desses colaboradores. A Figura 5 apresenta as engrenagens, os colaboradores e gestores, debatendo as melhores soluções para manter ou modificar a estrutura da produção. A abordagem da produção enxuta foi implementada, inicialmente, na produção ocidental e, a princípio, notaram que se tratava de uma ideia radical, mas que auxiliaria na gestão dos estoques, possibilitando 31 debates sobre as novas formas de se desenhar as operações, utilizando- se um volume de recursos menor e com melhor aproveitamento. Figura 5 – Engrenagens na sincronização enxuta Fonte: metamorworks/ iStock.com. 3. Ferramentas do lean manufacturing Os gestores necessitam controlar as atividades da manufatura, por meio da identificação e eliminação dos desperdícios e correções no processo produtivo. Com isso, utilizam ferramentas para acompanhamento das ações implementadas, visando a melhoria contínua e continuidade da produção por meio de indicadores que apresentam as possíveis distorções e permitem ações rápidas para correção de desvios. Algumas ferramentas permitem identificar e eliminar os desperdícios e estão descritas abaixo: • Value Stream Mapping (VSM): que tem como principal objetivo diferenciar as atividades que adicionam valor das que não 32 adicionam valor a produção, representando a cadeia de valor no sistema de produção. • Waste Identification Diagram (WID): que permite a visualização de forma rápida do tempo de atravessamento, esforço para transportar, tempos de preparação das máquinas, a quantidade de produtos em curso de fabricação e o tempo de ciclo dos processos. • Kaizen: visa a realização das atividades de melhoria para a criação de valor e a eliminação de desperdícios que, em português, define- se como melhoria contínua. • 5S: desenvolve a melhoria contínua de forma sequenciada e gradual, consistindo numa metodologia que engloba cinco atividades para manter um espaço de trabalho organizado, eliminando desperdícios. eliminar (seiri), organizar (seiton), limpar (seiso), normalizar (seiketsu) e manter (shitsuke). • Gestão visual: o objetivo é definir como o trabalho deve ser realizado, conhecer as ferramentas e materiais necessários para a realização dotrabalho e sua forma de utilização na operação de manufatura. • Normalização do trabalho: todos os operadores devem fazer as tarefas igualmente, seguindo a mesma sequência da operação e utilizando as mesmas ferramentas para um trabalho organizado na forma mais segura e eficaz. • Single Minute Exchange of Die (SMED): o tempo para preparar as máquinas é um fator importante na competitividade, influenciando diretamente na flexibilidade das empresas às variações do mercado e seu conjunto de operações que compõem esse método, denominado setup. 33 • Pull: mecanismo que controla a produção e as necessidades dos clientes, originando as ordens de produção para os produtos demandados pelos consumidores. A Figura 6 ilustra as ferramentas dos lean manufacturing, mostrando o six sigma, o lean, um gráfico crescente com indicadores, uma fábrica, a checagem de dados, uma lâmpada como ideia, e uma grua carregando partes para o processo produtivo em uma determinada operação. Figura 6 – Ferramentas Fonte: NicoElNino/ iStock.com. Em algumas operações, é necessário verificar e efetuar revisões para minimizar os efeitos das imprevisibilidades dos mercados devido às oscilações de demanda, que são constantes em nosso país e que 34 contribuem para dificultar a implementação de planos e obtenção de melhores resultados. Conclui-se que o lean manufacturing permite realizar ações no processo produtivo e, com isso, mitigar possíveis problemas e desvios no curto, médio e longo prazos, possibilitando uma produção enxuta e a maximização dos resultados empresariais. A adoção das ferramentas de controle possibilita desenvolver o sistema produtivo, evitando o desperdício de materiais, mão de obra e equipamentos utilizados na manufatura somados a redução dos custos, ganho em expertise pelos gestores e eliminação de tarefas desnecessárias que impedem as empresas desenvolverem vantagem competitiva nos mercados em que estão inseridas. Referências Bibliográficas BRITO, L. V. O. Organização da produção através de ferramentas de lean manufacturing numa empresa de produção de pneus. Dissertação de Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial,Universidade do Minho, Escola de Engenharia. MINHO, Braga, 2011. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações, manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2017. SLACK, N. et al. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. SLACK, N.; LEWIS, M. Estratégia de operações. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 35 Sistemas de Métricas de Produtividade Autoria: Daniel Morelli Leitura crítica: Maick Roberto Lopes Objetivos • Enfatizar ao estudante a importância das métricas de produtividade. • Permitir a familiarização com as teorias que apresentam os conceitos de métricas de produtividade. • Proporcionar o raciocínio, análise e planos de ações referentes às métricas de produtividade na empresa. 36 1. Conceitos de produtividade e competitividade Em uma operação produtiva, executam-se atividades com a finalidade de obter resultados a partir de controles e melhoramentos, por meio de técnicas adequadas a este objetivo. A partir desse contexto, define-se a relação entre produção, os fatores utilizados e a competitividade. A quantidade de bens que se produz é definida como produção e inclui fatores como bens de capital (equipamentos, ferramentas e máquinas; o trabalho, que é a contribuição dos colaboradores em forma física ou mental; e os materiais ou recursos naturais, que são extraídos da natureza resultando em algum tipo de produto disponível para o mercado). Com isso, tem-se uma relação entre as quantidades produzidas e os fatores de produção. Para se medir a eficiência e eficácia da produtividade, utilizam-se indicadores para acompanhar os resultados de um colaborador, empresa ou país. Conforme Oishi (2003), a produtividade define-se e caracteriza-se como um sistema ágil, flexível e inteligente, permitindo adaptações às constantes mudanças no mercado consumidor e inovações tecnológicas. A competitividade define-se como a capacidade que uma empresa possui para cumprir a missão de apresentar melhores resultados quando comparados à concorrência. Com relação à competitividade, as empresas brasileiras adotam medidas em três categorias, segundo Contador (1996, p. 4-5): • Sem alterar o processo de fabricação. • Com alteração no processo de fabricação. • Utilizar os saltos em tecnologia disponíveis. 37 Observe a Figura 1, com os conceitos de eficiência, qualidade, velocidade e custos para se atingir a produtividade desejada em uma operação de manufatura de determinada empresa. Figura 1 – Conceitos de produtividade Fonte: marrio31/ iStock.com. Nesse contexto, trata-se de minimizar os custos e maximizar a eficiência, a qualidade e a velocidade, para se obter a produtividade e competitividade desejados por uma empresa e melhoria de sua atuação no mercado em que está inserida. Utilizam-se técnicas para a melhoria da capacidade, integrando as atividades da empresa e obtendo resultados por meio de um sistema que responde com precisão e flexibilidade às inovações e mudanças dos negócios, segundo Oishi (2003, p. 29). 38 Na sequência, desenvolve-se a Administração Estratégica por Produtividade Total (AEPT), que visa estruturar um processo estratégico novo e eficaz, eliminando o sistema tradicional e abandonando a ideia de hierarquia sistemática e rígida, segundo Oishi (2003). Os colaboradores trabalham juntos para alcançar sucessíveis níveis de inovação e alteração da abordagem tradicional de “provavelmente estará bem se todos fizermos nosso trabalho corretamente” para um “sistema de integração entre as atividades dos departamentos” (OISHI, 2003, p. 31). A Figura 2 ilustra a quebra de barreira e integração das atividades. Figura 2 – Quebra de barreiras nas organizações Fonte: Oishi (2003, p. 32). 39 Conforme Figura 2, a integração das atividades permite estreitar a cooperação interdepartamental, visando alcançar os objetivos da empresa. As atividades são executadas em termos de qualidade, flexibilidade, custo, rapidez e confiabilidade, sendo possível verificar causas e efeitos, e serve como base para manter ou reformular os processos de produção. 1.1 Medidas e melhorias na produção A readequação dos processos e sistemas de produção ocorrem após a análise dos resultados e poderá haver ou não a necessidade de efetuar as alterações na operação, de acordo com cada empresa e suas particularidades. A partir de políticas que podem ser implementadas num futuro próximo, determinam-se o conjunto de ações a serem adotadas para continuar um processo ou reiniciá-lo, se necessário, atingindo as metas estipuladas em nível estratégico. Nesse sentido, espera-se balancear melhor a qualidade, o custo e tempo de desenvolvimento e velocidade. A ilustração da Figura 3 mostra a interação entre as necessidades e desempenho da produção. 40 Figura 3 – Interação entre as necessidades e desempenho da produção Fonte: Slack et al. (2002, p. 591). Essas interações apresentam os requisitos e o desempenho da produção em termos de custo, confiabilidade, rapidez, qualidade e flexibilidade ligados pelo tempo, conceitos de extrema importância para uma empresa se manter competitiva. Os gestores implementam as melhorias em sua operação, mas, antes, verificam o atual desempenho e emitem um parecer, informando se a situação está em nível bom, ruim ou indiferente. A partir dessa constatação, desenvolvem-se medidas e efetuam-se as aferições novamente. As medidas de desempenho são ações aplicadas para quantificar o processo e sua execução e necessitam ser comprovadas, segundo Slack et al. (2002, p. 590). Nesse sentido, esses objetivos possuem dentro da sua composição medidas menores que permitem visualizar as informações necessárias, para se estabelecer os indicadores à cada operação. A Figura 4 41 apresenta algumas medidas como referênciapara se estabelecer o desempenho nas operações. Figura 4 – Medidas para estabelecer desempenho nas organizações Fonte: Slack et al. (2002, p. 592). Os Key Performance Indicator (KPI’s) são indicadores criados com a finalidade de medir alguma atividade executada após finalizá-la. A Figura 5 ilustra os KPI’s e sua importância no contexto das organizações e no processo produtivo. 42 Figura 5 – Ilustração dos KPI’s nas organizações Fonte: NicoElNino/iStock.com. Na Figura 5, verifica-se a importância dos KPI’s para apontar as divergências e possibilitar a elaboração e implementação de ações necessárias para manter ou modificar ações que visam melhoria contínua nos processos, de forma a atingir o que foi planejado. Na medida em que a produção se altera, há a necessidade de rever os planos e indicadores para melhor acompanhamento e minimizar seus efeitos, não deixando de atender os pedidos dos consumidores. 43 2. Padrões de desempenho Após o desenvolvimento e implementação de indicadores de desempenho em uma operação, há necessidade de aplicar medidas para comparar o nível atual com referência a algum padrão pré- estabelecido. Nesse sentido, Slack et al. (2002, p. 592), destaca os quatro padrões a serem adotados para verificar os níveis de desempenho: • Padrões históricos: compara a situação atual com desempenhos anteriores, verificando se está melhor ou pior no período. • Padrões de desempenho (meta): estabelecidos de forma arbitrária para transmitir o nível de desempenho, visto como adequado ou razoável. • Padrões de desempenho da concorrência: comparam o desempenho por sua produção com o que foi atingido por concorrentes. • Padrões de desempenho absoluto: formado por limites teóricos tais como defeitos e estoques zero e servem como referência para operação. Outra possibilidade de acordo com Slack et al. (2002, p. 594), é utilizar o benchmarking para comparar suas operações com as que você acredita estarem em uma situação melhor. O benchmarking assume seis tipos: • Interno, comparação entre operações dentro da mesma organização. 44 • Externo, compara com outras operações de diferentes organizações. • Não competitivo, efetuado entre organizações não concorrentes. • Competitivo, desempenho em comparação entre concorrentes. • De desempenho, comparam-se desempenho em diferentes operações. • De práticas, compara as da organização e adota em outras operações. As prioridades de melhoramentos devem seguir as necessidades de cada operação, alinhadas com as estratégias e objetivos das empresas para atingir o mercado-alvo que desejam e se manter competitiva frente seu ramo ou segmento, suportando a concorrência entre os participantes nessa área. Nesse sentido, devem ser decididas de acordo com o desempenho e requerem atenção (SLACK et al., 2002, p. 596): • Necessidades e preferências dos consumidores. • Desempenho e atividades dos concorrentes. 3. Tipos de sistemas Os gestores programam os tempos de trabalho e determinam a capacidade da operação para garantir que os colaboradores trabalhem num nível de produção que atenda às necessidades das demandas. Para Slack et al. (2002, p. 333), a programação define os tempos de início e fim, com as seguintes finalidades: 45 • Capacidade corresponder à demanda. • Tamanho do turno não pode ser longo ou curto. • Minimizar o trabalho em horas. Com isso, torna-se necessário o monitoramento e controle da operação para verificar se o que foi estipulado no planejamento está sendo executado. Caso ocorram desvios, é preciso readequar e retornar à execução das tarefas. A Figura 6 ilustra o controle simples que pode ser usado na manufatura, com a entrada, operação, planos, a comparação e saída dos produtos acabados. Figura 6 – Modelo de controle simples Fonte: Slack et al. (2002, p. 334). Os sistemas empurrado, puxado e misto/híbrido estão definidos a seguir, bem como sua importância para operação. No sistema empurrado, programam-se as atividades por meio de um sistema central e completam-se com o uso: do sistema Material 46 Requirements Planning (MRP), ou plano de requisição de materiais;, Manufactoring Resources Planning (MRPII), ou plano de recursos para manufatura; e o Entreprise Resources Planning (ERP), ou sistema integrado de gestão empresarial. O centro de trabalho empurra para o centro seguinte, sem considerar se poderá efetuá-lo, utilizando como base as ordens de produção futuras e diferem das planejadas por motivos como tempo ocioso, estoques e filas (SLACK et al., 2002, p. 335). No sistema puxado, cada estação de trabalho especifica o que será manufaturado, de acordo com as necessidades do consumidor. É puxado o trabalho da estação anterior, que serve como fornecedor e não possui autorização para produzir ou mover qualquer material. Nesse sentido, a demanda é transmitida para trás ao longo das etapas de produção utilizando-se a abordagem Just in Time (JIT), que entrega os itens na quantidade adequada, no local correto e no momento exato para distribuição (SLACK et al., 2002, p. 335). Essa produção é realizada por meio da utilização de cartões de sinalização, conhecidos como cartões Kanban. Na produção mista ou híbrida, existe o agrupamento da produção puxada e empurrada, em ambientes nos quais o sistema kanban é utilizado na linha de produção. O funcionamento utiliza o princípio Constant Work In Process (CONWIP), em que os cartões têm um número fixo e são alocados à uma linha de produção de acordo com o pedido do cliente. Nesse sistema, inicia-se a produção por meio da ordem de compra, mas executa-se ao longo da linha, que é empurrada seguindo o fluxo que tem seu início no estoque de materiais e termina com os produtos acabados, segundo Pinheiro (2016, p. 44). 47 A Figura 7 ilustra a produção puxada versus a produção empurrada na operação. Nessa ilustração, verificam-se as atividades de puxar e empurrar e suas características dentro da manufatura. Figura 7 – Produção puxada versus produção empurrada na operação Fonte: Slack et al. (2002, p. 335). Com isso, em algumas operações, é necessário compreender as diferentes programações de puxar, empurrar e mistas, bem como seus efeitos ao longo da produção, evitando o acúmulo de estoques desnecessários e que geram investimentos de recursos, o que, às vezes, são captados em bancos, comprometendo a situação financeira da empresa. Conclui-se que as métricas de produtividade permitem realizar ações na manufatura e minimizar possíveis efeitos, problemas e desvios na produção a partir da análise de dados e tomada de decisão por meio de ações implementadas, visando restabelecer as melhores condições possíveis para empresa. 48 Referências Bibliográficas CONTADOR, J. C. Modelo para aumentar a competitividade industrial, a transição para a gestão participativa. São Paulo: Editora Edgar Blücher, 1996. OISHI, M. Administração estratégica por produtividade total. São Paulo: iEditora, 2003. PINHEIRO, N. M. G. Avaliação de desempenho da produção puxada, empurrada e híbrida através de modelo de simulação: um estudo de caso em indústria gráfica. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, Universidade Federal do Paraná, Setor de Tecnologia, Curitiba, 2016. SLACK, N. et al. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. 49 Gestão de Estoques e Suprimentos Autoria: Daniel Morelli Leitura crítica: Maick Roberto Lopes Objetivos • Compreender os modelos de previsão de demanda e a importância para produção. • Desenvolver conceitos de políticas de estoque e programação de suprimentos. • Apresentar soluções de manuseio e movimentação de suprimentos. 50 1. Conceitos de demanda e suprimentos Na produção, o suprimento e a demanda precisam alinhar-se para que a operação trabalhe sem interrupções e as decisões, das quantidades a serem produzidas, atendam o mercado. A demanda refere-se à determinada quantidade de algum produto, ou mesmo de um serviço que os consumidoresbuscam num período para consumo posterior. O suprimento adequado requer que todos os recursos, que serão transformados em produtos, estejam à disposição para manufatura, considerando as incertezas do mercado consumidor. Em determinadas operações, e para alguns tipos de produtos, é possível efetuar a previsão de demanda com maior precisão quando comparada a outras. Contudo, em operações do tipo quiosque de fast-food, prever a demanda é exige outras técnicas porque não se sabe quantos clientes chegam e o que consomem (SLACK, et al. 2002, p. 317). Nos casos onde há incertezas de demanda e suprimentos, sugere-se manter estoques reguladores com base no histórico de vendas e na curva de produtos consumidos, apurados em um período ou ano. Nesse contexto, existem dois tipos de demanda: a dependente e a independente. Na demanda dependente, é possível prever o que será consumido, porque no produto há componentes que são complementares para finalizá-lo. O planejamento e controle da demanda dependente tem como foco o Material Requirement Planning (MRP), dentro da operação, que permite e integra informações de compras, marketing e finanças. Na demanda independente, utilizam-se o conhecimento e experiência de mercado, efetuando análises de cenários para demanda futura e prevendo respostas rápidas às variações. Em algumas operações, as decisões de como suprir a demanda são tomadas sem conhecer os 51 pedidos dos consumidores e de acordo com a experiência dos seus gestores. A resposta à demana, se relaciona à conceitos de demanda dependente e independente. Em uma operação na qual a demanda é dependente, inicia-se o processo de produção para bens e serviços quando necessário, ou seja, com um pedido firme. Nos casos de demanda dependente e independente, tornam-se necessários planejamento e controle em situações nas quais os produtos ou serviços seriam produzidos a partir de ordens, ou seja, make to order. Outra forma para caracterizar a escala gradual, entre planejamento e controle, é por meio da comparação do tempo real de espera do consumidor, desde o pedido do produto ou serviço, e seu recebimento, tempo de demanda D, e o tempo total do processo P. Observe a Figura 1, que mostra o equilíbrio entre demanda e supply chain management e sua importância para se realizar a manufatura em uma operação. Figura 1 – Demanda versus supply chain management Fonte: takasuu/ iStock.com. 52 Com a finalidade de conciliar o volume e tempo, existem quatro atividades que precisam ser desempenhadas: o carregamento da produção ou quanto fazer; o sequenciamento ou ordem; a programação da produção e quando fazer; e o controle do que se está manufaturando. Observe a Figura 2, carregamento, sequenciamento, programação e controle das atividades para equilibrar o volume e tempo. Figura 2 – Equilíbrio entre volume e tempo e suas atividades Fonte: SLACK et al. (2002, p. 323). Nesse contexto, verifica-se na Figura 2 o inter-relacionamento entre as atividades para o planejamento e controle com o objetivo de suprir e atender a demanda. Na programação dos padrões de trabalho, determinam-se a capacidade da operação, assim, é preciso definir os tempos de início e fim conforme descritos por Slack et al. (2002, p. 333), a saber: • A capacidade precisa corresponder à demanda. 53 • O tamanho de cada turno não pode ser longo e tampouco curto. • Minimizar o trabalho nas horas não sociais. Com isso, é possível fazer a demanda e suprimentos alinharem-se e permitir que a produção seja efetuada o mais próximo possível da realidade que o mercado necessita. 1.1 Modelos de previsão de demanda A adequação das previsões de demanda depende do grau de sofisticação que uma empresa possui, e é necessário utilizar dados históricos para prever o futuro, suas tendências, ciclos ou sazonalidades. Segundo Slack et al. (2002, p. 453), a combinação de pedidos colocados e previstos é utilizada para representar a demanda em muitas empresas. Trata-se da melhor estimativa em determinado tempo. A Figura 3 apresenta a combinação entre carteira de pedidos e previsões, considerando a demanda total, previsão e a carteira de pedidos, combinações que apresentam a demanda e tempo no futuro e permitem visualizar as diferenças. 54 Figura 3 – Combinação entre carteira de pedidos e previsões Fonte: Slack et al. (2002, p. 453). A demanda determina o volume e tem impacto nas operações, e qualquer modelo que apresente aspectos ou fenômenos pode ser utilizado para prever o comportamento futuro. As formas de classificar os modelos e técnicas de previsão estão divididas, segundo Slack et al. (2002, p. 717) em: • Subjetivas e objetivas. • Não causais e causais. As técnicas subjetivas envolvem julgamento e intuição de um ou mais indivíduos com base na experiência. A técnica objetiva possui procedimentos específicos e sistemáticos, ou seja, os resultados são reprodutíveis. As técnicas não casuais são as que usam os valores passados de uma variável para estipular seus valores futuros. No caso das técnicas causais, há previsões com base em uma relação causal e 55 modelada (SLACK et al. 2002, p. 717). A Figura 4 apresenta as técnicas comuns de previsão. Figura 4 – Técnicas comuns de previsão Fonte: Slack et al. (2002, p. 717). Nas análises de séries temporais, apresentadas na Figura 4, examina- se o tempo padrão do comportamento passado de um fenômeno e se prevê o comportamento futuro. As variações aleatórias, obtidas após eliminar os efeitos de tendências e sazonalidades, não possuem causa conhecida e estão definidas em duas abordagens: • Previsão com base na média móvel. • Previsão amaciada exponencialmente. Na abordagem da média móvel, consideram-se os dados de demanda real dos n períodos anteriores, calcula-se a demanda média nesse período e utiliza-se essa média como previsão para a demanda, considerando o valor de n na faixa entre 4 a 7. 56 A demanda semanal de uma determinada empresa pode ser medida com base na média móvel, por meio da utilização da expressão abaixo, onde se calcula a previsão de demanda para a semana t, considerando a demanda real das semanas anteriores, representada por A (SLACK et al. 2002, p. 719): Ft = At-1 + At-2 + At-3 + At-4 4 Por exemplo, considerando a Figura 5, para a semana t=35, a previsão seria calculada da seguinte forma: F35 = (72,5+66,7+68,3+67,0) = 68,8 4 A Figura 5 é um exemplo que apresenta as semanas, demanda real e previsão para cálculo da média móvel. 57 Figura 5 – Exemplo de semanas, demanda real e previsão para média móvel Fonte: Slack et al. (2002, p. 718). Os inconvenientes referentes à média móvel são a forma básica que atribui peso igual a todos os n períodos e não utiliza dados fora desses n períodos. Na abordagem do amaciamento exponencial, há previsão de demanda no próximo período, considerando a demanda real no período atual e a previsão realizada anteriormente, de acordo com a fórmula (SLACK et al. 2002, p. 719): Ft = α * At-1 + (1 – α) * Ft-1 F35 = 0,2 * 67,0 + 0,8 * 68,3 = 68,04 58 Onde α = constante de amaciamento Essa constante de amaciamento é o peso que quem faz a previsão atribui à última informação disponível, no caso, At-1. Nesse caso, foi atribuído um peso de 0,2. A Figura 6 ilustra a previsão calculada com a constante de amaciamento, apresenta a previsão por meio do amaciamento exponencial bem como as semanas e demanda atual. Figura 6 – Exemplo de previsão calculada com a constante de amaciamento Fonte: Slack et al. (2002, p. 718). Nos modelos de regressão, utilizam-se técnicas estatísticas para definir o melhor ajuste que descreve a relação entre a variável prevista e outras. As empresas elaboram um gráfico e podem fazer uma previsão razoável 59 da demanda, mas precisam incluir outros fatores e isso faz com que esse modelo se torne complexo (SLACK et al,. 2002, p. 720). Os modelos econométricos são definidos como um conjunto de equações de regressãoque descrevem as relações complexas de causa e efeito, que são resolvidas simultaneamente e permitem representar de forma realista as relações no modelo de decisão. A técnica Delphi reúne opiniões de previsões de um grupo de especialistas e definiu-se como um método para estruturar um processo de grupo ou comunicação para lidar com problemas complexos. Essa técnica busca obter a opinião de um grupo, por meio de um processo anônimo de feedback, e resume, agrega e apresenta anonimamente, ao grupo, os resultados, permitindo a comparação com os demais membros. 2. Políticas de estoques e programação de suprimentos Os estoques são definidos, de acordo com Slack et al. (2002, p. 381), como o acúmulo de recursos materiais armazenados em um sistema de transformação. O valor pode ser relativamente pequeno ou grande, de acordo com o custo das matérias-primas ou se permanecerão longos períodos na armazenagem. Os tipos de estoques, para que se tenha equilíbrio entre o fornecimento de suprimentos e a demanda, são definidos em quatro possibilidades: estoque de proteção; de ciclo; de antecipação; de canal. O estoque de proteção é conhecido como estoque isolador para compensar as incertezas de fornecimento e demanda. O estoque de ciclo ocorre para que os estágios da operação forneçam todos os itens 60 para produção. O estoque de antecipação é utilizado para compensar diferenças de ritmo entre fornecimento e demanda. O estoque no canal permite suprir materiais que não podem ser transportados simultaneamente entre o ponto de fornecimento e demanda. As decisões sobre estoques envolvem os gestores e podem ser divididas em três: • Quanto pedir, ou seja, o tamanho do pedido. • Quando pedir, ou o momento correto para se fazer o pedido de ressuprimento. • Como controlar o sistema, que estabelece procedimentos e rotinas a serem implantados. Nesse contexto, é necessário acompanhar os custos de estoques para ressuprimento próximo do ideal, que são descritos como: • Custos de colocação de pedido: são os custos das transações para reabastecimento. • Custos de desconto de preços: são obtidos junto aos fornecedores. • Custos da falta de estoques: ou perda de vendas por não ter disponibilidade do produto. • Custo de capital de giro: é a diferença de tempo entre compra de materiais e venda de produtos acabados, no qual o capital poderia ser utilizado para investir em fundos. • Custos de armazenagem: estão associados a parte física dos produtos, ou seja, locação, iluminação e outros. • Custos de obsolescência: envolve itens ultrapassados e se manté no estoque. 61 • Custos de ineficiência na produção: de acordo com o JIT (Just in Time), os altos níveis de estoques impedem de verificar a extensão dos problemas na produção. O Lote Econômico de Compras (LEC) é uma abordagem para decidir quanto de um item deverá ser pedido no momento do reabastecimento e é muito utilizado como estratégia por empresas e gestores para se aproximar do ideal de volume de estoques. A fórmula é representada por: LEC = √ 2*Cp*D Ce Onde: Cp = custo do pedido ou preparação. D = demanda. Ce = custo de manutenção de uma unidade de estoque em um período. Por exemplo: Um atacadista de materiais de construção obtém seu cimento de um fornecedor único. A demanda de cimento é constante ao longo do ano. No último ano, a empresa vendeu 2.000 toneladas de cimento. Seus custos de colocação de pedido são $ 25 e os de manutenção são de 20% do custo de aquisição ao ano. A empresa adquire o cimento po $ 60, por tonelada. Quanto deveria pedir por vez? LEC = √ 2 * 25 * 2000 = 91,287 toneladas 0,2 * 60 62 Contudo, embora existam várias formas de calcular os estoques e lotes, sugere-se que se façam reuniões com todos os envolvidos e se estabeleçam padrões de trabalho a serem seguidos, bem como avaliações constantes para mitigar possíveis desvios no que foi estipulado. Por fim, não há um modelo certo, isso dependerá da empresa, sua nacionalidade e estratégia perante o mercado consumidor. 3. Soluções de manuseio e movimentação As soluções para melhor manuseio e movimentação dos estoques dependem das condições que as empresas dispõem e seu grau de investimento a ser efetuado para compra de tecnologias e equipamentos. As razões para utilizar o espaço de estocagem são a redução de custos de transportes e produção, coordenação de oferta e demanda, assessorar o processo de produção e colaborar na comercialização. O sistema de estocagem pode ser dividido em duas funções, que são a guarda dos produtos e manuseio de materiais. A manutenção proporciona a proteção e ordena os estoques, segundo Ballou (2010, p. 376). As movimentações entre os pontos de carga e descarga ocorrem no ponto de descarga para estocagem, separação de pedidos e embarque em docas. Os tipos de armazéns são os de commodities, volume de granéis, temperatura controlada, produtos residenciais, gerais de mercadorias e mini armazéns, segundo Ballou (2010, p. 381). A Figura 5 ilustra uma das soluções para armazenagem. 63 Figura 5 – Solução de armazenagem Fonte: Chesky_W/ iStock.com. As considerações em torno do manuseio dos materiais fazem parte da tomada de decisão referente ao espaço para estocagem e compatibilidade do sistema de manuseio. Um dos equipamentos utilizados para facilitar o manuseio são os paletes ou estrados que podem ser de madeira, plástico ou metal e facilitam o transporte e estocagem. Outra possibilidade são os contêineres, que unitizam cargas e compatibilizam os sistemas de manuseio e materiais. Nesse contexto, o layout para estocagem permite melhor giro das mercadorias, por meio da sua configuração alinhada às necessidades das operações. Dentro do layout para estocagem há um espaço para separação de pedidos, o que facilita a expedição de cargas. 64 A escolha do equipamento depende do tipo de produto, tamanho do armazém e precisa ser amplo. As prateleiras de metal são uma das possibilidades que estão disponíveis no mercado e permitem empilhar vários paletes, bem como auxiliam nos sistemas PEPS (Primeiro que entra e Primeiro que sai) ou FIFO (First in First Out). Para selecionar o equipamento de movimentação, torna-se necessário conhecer seu grau de uso e especialização e força para operá-lo. Dentre as categorias existentes, destacam-se as categorias manuais, mistas e mecanizadas. No equipamento manual, a operação é realizada por carrinhos de duas rodas e paleteiras. O equipamento misto aumenta a rapidez e eficiência por meio da utilização de guindastes, trucks, elevadores e guinchos. Os mecanizados operam por controle computadorizado, códigos de barras e tecnologia de escaneamento. Conclui-se que as os modelos de previsão de demanda, a determinação das políticas de estoque e programação de suprimentos e as soluções para problemas de manuseio e movimentação, permitem realizar tarefas e aumentar a produção na operação, obtendo resultados consistentes para as empresas. Referências Bibliográficas BALLOU, R. Gerenciamento da cadeia de suprimentos e logística empresarial. Reimp.,5 ed., 2010. Porto Alegre: Bookman, 2006. SLACK, N. et al. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. 65 Bons estudos!