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ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 1. Introdução 2. Estimativa de fluxos de caixa 3. Exemplo de montagem de fluxos de caixa 4. Métodos de análise Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 2 1. INTRODUÇÃO Quando uma empresa faz um investimento, ela incorre em saídas correntes de caixa, na "expectativa" de ganhos futuros. Portanto, sabemos que devemos analisar uma proposta de acordo com seu retorno esperado e tendo em mente os riscos específicos a tais iniciativas. Nesse aspecto, pode-se argumentar que se deva impor uma taxa de desconto ajustada ao risco de cada projeto. Para o momento, vamos supor apenas que se estabeleça para a empresa uma taxa de desconto (ver taxa requerida de retorno), não importando os diferentes graus de risco dos projetos. Vale dizer que consideramos constante o complexo do risco ambiente dos negócios da empresa. Adicionalmente, aprofundaremos comentários sobre inflação em análises de investimentos, em especial, colocando a necessidade premente de compatibilidade entre fluxos de caixa e taxas de descontos. Assim, se os investimentos se ajustam à inflação, estas deverão ser corrigidas igualmente. Pode-se verificar, então, o desamparo em que se processa a ação executiva, sendo, na verdade, uma quimera a ocorrência de fluxos de caixa certos no tempo – contrariamente ao que costuma ser apontado em textos introdutórios de finanças e de matemática financeira. Sendo assim, nos preocuparemos basicamente com os seguintes itens: $ estimativa de fluxos de caixa para as propostas; $ avaliação dos fluxos; $ seleção das propostas. No que se refere às motivações para a geração de propostas, citamos: $ novos produtos ou expansão dos atuais; $ reposição de equipamentos; $ pesquisa e desenvolvimento; $ exploração; $ outros. Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 3 2. ESTIMATIVA DE FLUXOS DE CAIXA Um dos mais importantes objetivos dentro da análise de investimento é a estimativa de fluxos de caixa futuros, o que influencia sobremaneira a ação gerencial. Veja-se que caixa, e não lucro, é o ponto central para todas as decisões de uma firma e, por isso, expressamos os benefícios futuros em termos de fluxo de caixa líquido, ou seja, entradas menos saídas a cada período. Para cada proposta de investimento, devemos prover informações sobre fluxos de caixa numa base não apenas após o imposto de renda (IR), mas, ainda, em termos incrementais. Vale dizer: se a empresa avalia o lançamento de um produto novo que competirá com sua linha atual de produtos, a consideração desta "canibalização" é vital na análise. Enfatizando, apenas o fluxo de caixa incremental nos interessa. Outra consideração de grande importância se refere aos custos de oportunidade sobre recursos alocados a projetos. Veja-se, por exemplo, em que a consecução de um projeto envolve a ocupação de terrenos próprios, que poderiam ser vendidos pela empresa. Seu valor de venda deveria ser tratado exatamente como uma saída de caixa, embora não envolva desembolso efetivo. A seguir, procedemos à elaboração de uma lista, a mais exaustiva possível, dos problemas associados à constituição de fluxos de caixa de projetos. 1. Dimensão temporal do projeto É certo que quanto menor o período total considerado tanto menor o valor do projeto. Os valores concernentes a períodos muito afastados no tempo perdem em relevância e precisão. Ao administrador cabe, portanto, maior atenção e responsabilidade sobre os fluxos iniciais, que são aqueles que mais fortemente impactam o valor atual dos projetos. 2. "Timing" dos fluxos de caixa Este problema é algo sério quando se procede a análises com intervalos de tempo anuais. Nesse caso, considerarmos as saídas de caixa no início ou ao final de um projeto traria diferenças sensíveis, podendo levar à rejeição de bons projetos ou à aceitação de projetos danosos à empresa. Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 4 3. Depreciação na análise de investimento Depreciação é uma despesa que não envolve desembolso de caixa, porém, seu valor "transita" do balanço patrimonial para a Demonstração de Resultados, diminuindo o lucro antes do IR e, portanto, reduzindo o montante de IR a pagar. Além disso, pois há de se ter em conta que, freqüentemente, o período legal para depreciação não coincide com o período de vida daquele equipamento ou instalação, que consubstancia o projeto. Naturalmente, tais observações hão de estar presentes na constituição dos fluxos de caixa. 4. Movimento de "preços relativos" Este aspecto é de importância capital numa economia inflacionária, em que a par da subida geral dos preços, temos ainda que tais elevações não se dão uniformemente. Se é assim, a demanda pelo produto gerado do projeto deverá apresentar "instabilidades" com o passar do tempo e um acurado levantamento dos fluxos de caixa futuros fica dificultado. 5. Constância dos custos de produção ao longo do tempo Este ponto guarda relação com o anterior, na medida em que estamos nos referindo a movimentos não-uniformes de preços relativos. Assim, se todos os preços da economia (ou pelo menos aqueles que afetam a empresa mais diretamente) se movessem com idênticos percentuais, tudo se passaria como numa economia sem inflação. Porém, esse não é um fato da vida econômica e isso deve ser considerado, quando da estimativa dos fluxos de caixa futuros. 6. Consideração dos juros na análise de investimentos As decisões de financiamento e de investimento são coisas distintos, e não devem ser misturadas. Assim sendo, não se deve incluir juros, que representam o custo de financiamentos, nos fluxos de caixa previstos para o projeto. Ou seja, os projetos devem ser avaliados nos seus próprios termos, no tocante à capacidade que apresentem de acrescer a base geradora de riqueza da empresa. Naturalmente, porém, se um determinado projeto detiver vantagens fiscais específicas, estas deveriam, então, ser consideradas na análise. 7. Capital de giro Além do investimento em ativos, por vezes é preciso que se considerem as necessidades adicionais de caixa, assim como as decorrentes de políticas de estoques e de contas a receber. Tal "investimento" em capital de giro há de ser tratado como uma saída de caixa no período inicial do projeto, que retornará ao final do período de vida do Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 5 mesmo. Sendo assim, em termos de valor presente, sua consideração vai "contra" a aceitação de projetos, pois que valores mais próximos do período inicial impactam mais fortemente o valor atual líquido do que aqueles locados de maneira mais distante no tempo. Nesse sentido, cada fluxo de caixa no tempo é descontado pelo fator 1/(1+i)t, sendo que "i" representa a taxa requerida de retorno para aceitação de projetos e "t" o período de ocorrência de cada fluxo específico. Naturalmente, quanto maior "t", menor o valor atualizado de um fluxo descontado até o período inicial. 3. EXEMPLO DE MONTAGEM DE FLUXO DE CAIXA Se o projeto sob análise se refere à reposição de máquinas, sem alterar o padrão de oferta de produtos pela empresa, os cálculos deverão incluir tanto as reduções de custos trazidos por tais equipamentos como, ainda, os valores relativos à depreciação de ambos os itens, substitutos e substituídos. Vejamos o exemplo a seguir. Dados: (-)Preço da nova máquina: $18.500 (-)Custo da instalação: $ 1.000 (-)Custo de desmontagem: $ 500 (+)Venda da máquina antiga: $ 2.000 Investimento Inicial $18.000 Aumento de vendas/ano: $ 8.100 Imposto de renda 40% Tempo de depreciação:-Máquina antiga: 10 anos -Máquina nova : 5 anos Observação: Tempos de vida útil das máquinas nova e antiga são de, respectivamente, 5 e 10 anos. O valor residual da máquina nova (ao final dos 5 anos) é de $1.000. A máquina antiga já tem 5 anos de vida, tendo sido adquirida por $20.000. Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 6 A par desses dados, os fluxos de caixa se determinam como a seguir: Valores contábeis Fluxo de caixa Aumento de vendas $8.100 $8.100 (-)Depreciação s/máquina nova 4.000 (+)Deprec. s/máquina antiga 2.000 Lucro tributável 6.100 (-)Imposto de renda (40%) 2.440 2.440 Lucro adicional l======> $3.660 Fluxo de Caixa Anual ======> $5.660 Assim é que o fluxo de caixa se determina numa base incremental e após consideração do imposto de renda. Por agora, temos que análises de investimentos se fariam sobre os fluxos a seguir: Saída inicial (Ano 0): $18.000 Fluxo de caixa (Ano 1 ao 4): $ 5.660 Fluxo de caixa (Ano 5)*: $ 6.660 * FC 1 a 4 + valor residual. Observa-se que tal consideração não é a mais precisa. Contudo, neste momento, é a que utilizaremos para fins de simplificação, a despeito de não estar considerando a tributação ideal do FC5. Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 7 4. MÉTODOS DE ANÁLISE Uma vez determinado o fluxo de caixa esperado para o projeto, partimos para o detalhamento dos métodos de avaliação de rentabilidade dos mesmos. Vamos nos deter sobre as seguintes metodologias: · Payback · Valor Atual Líquido · Taxa Interna de Retorno · Taxa Interna de Retorno Modificada Naturalmente, à exceção do primeiro, todos os demais são métodos que se apegam a fluxos de caixa descontados no tempo. Vamos a eles. 4.1 Payback (Tempo de retorno) Este método nos diz o número de períodos requeridos para se recuperar a saída inicial de caixa, sendo resultado apenas da relação entre x e y, entre o investimento inicial e o fluxo de caixa por período. Por exemplo, no caso acima, teríamos: Payback = $18.000 = 3,18 anos $ 5.660 Naturalmente, surgiriam problemas de cálculo caso o fluxo de caixa não fosse uniforme. Tal fórmula só contempla fluxos de caixa uniformes. Assim, no exemplo em pauta, não foi considerado o retorno dado pelo valor residual da máquina nova, ao final do 5o ano. Mas esse não é um grande problema com o método, se pensarmos, por exemplo, no fato de que não são considerados o fluxo de caixa que aconteceriam após o período do Payback. Deixa-se de considerar um montante de $10.300 de entradas. Outro aspecto negativo do método tem como base a máxima de que o dinheiro tem valor no tempo, ou seja, é necessário atentar para uma taxa de retorno como expressão do custo de oportunidades, para que se analise a aceitação ou a rejeição de um projeto. E isso não se faz, quando se adota o método Payback. Como observações finais, devemos lembrar que, apesar desses problemas metodológicos sérios, o método do Payback recebe relativa importância na Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 8 análise de investimentos. Talvez isso aconteça porque as administrações entendam tal método como uma aproximação ao risco dos projetos. Vale dizer, entende-se que quanto maior o período de recuperação de investimentos maior o risco inerente a cada projeto. De qualquer forma, se se deseja utilizar o Payback, que isto seja feito como análise suplementar a outros métodos, buscando, com ele, apenas uma abordagem superficial ao risco do negócio. 4.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) Este método se insere de fato dentre aqueles que lidam com fluxos de caixa descontados, tomando em conta tanto o aspecto do valor do dinheiro no tempo, como a magnitude e o "timing" dos fluxos ao longo de toda a duração do projeto. Podemos definir a TIR como a taxa de desconto que zera a diferença entre os valores presentes dos fluxos de entradas e de saídas de caixa de projetos sob análise. Enfatizando, ela será a taxa que leva a zero a equação a seguir: n ∑ _ FCt __ = 0 t=0 (1 + i)t em que, FCt : o fluxo de caixa líquido (entradas menos saídas), relativo a cada período "t" i : a taxa de desconto, a que denominamos TIR; n : número de períodos considerados, ou a dimensão de vida do projeto. Em outras palavras, também é possível definir a TIR como a taxa de desconto que leva a zero o Valor Atual Líquido de um projeto. Com o fim de levantarmos a TIR do projeto em pauta, teremos: -18.000 + 5.660 + 5.660 + 5.660 + 5.660 + 6.660 = 0 (1+i)1 (1+i)2 (1+i)3 (1+i)4 (1+i)5 Perfazendo os cálculos por interpolação (exatamente como o faria uma planilha eletrônica em computador), encontraríamos a taxa de 18,33% a.a. Com isso, se diz que o projeto corresponderia a um investimento que rendesse exatos 18,33% ao ano. Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 9 Como critério de aceitação de propostas com base neste método, sua "regra de ouro" seria verificar se: TIR ≥ Taxa requerida de retorno Digamos que a empresa em apreço coloque uma taxa de 12% a.a. como o mínimo aceitável para aceitação de projetos. Sendo assim, a aludida troca de equipamentos se processaria sem problemas. Entretanto, se a exigência fosse de 20%, haveria de se rejeitar tal iniciativa. Adicionalmente, no caso da taxa de corte de 12%, a aceitação do projeto significaria, em linguagem de finanças, que o projeto acresceria a base geradora de riquezas da empresa. 4.3 Valor Atual Líquido Da mesma forma que o método da TIR, este se constitui em método baseado em fluxos de caixa descontados, sendo que tal desconto se dá pela inserção de uma taxa requerida de retorno. Vejamos: n VAL = ∑ FCt em que as variáveis se definem como no item anterior. t=0 (1 + i)t Com vista à aceitação de projetos, a pertinente "regra de ouro" fica sendo: VAL≥0 Dessa forma, um VAL maior do que zero implica em dizer que o projeto possibilita um retorno superior ao caso de aplicações no mercado financeiro, p.ex., em que se teria retorno certo de uma taxa "i". Ou, em outros termos, a base geradora de riquezas da empresa se elevaria à par da aceitação do projeto em questão. Atendo-nos novamente ao nosso exemplo, impondo-se uma taxa mínima de retorno da ordem de 12% a.a., teremos: VAL = -18.000 + 5.660 + 5.660 + 5.660 + 5.660 + 6.660 = $2.970, 1,121 1,122 1,123 1,124 1,125 o que nos capacita à aceitacão do projeto. Obviamente, um VAL≤0 representaria um retorno aquém do nível demandado de 12% a.a. e, a aceitação de projetos nestas condições representaria um decréscimo na base geradora de riquezas da empresa. Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 10 4.4 A TIR versus o VAL Pontos de convergência Ambos os métodos proporcionam o mesmo "sinal" de aceitação ou de rejeição, em análises em que se avaliem propostas únicas. Com a Fig.1, podemos visualizar a relação que se estabelece entre ambos: Fig.1 VAL e TIR VAL ($) $11.300,00 18,33% 0 Taxa de juros % Nesse exemplo hipotético, temos que, a uma taxa de desconto zero, o VAL será tão somente a diferença entre entradas e saídas ao longo da vida do projeto. Por outro lado, à taxa de 18,33% a.a., ainda aceitaríamos o projeto,visto que, nesse ponto, o VAL se iguala a zero. Qualquer outra taxa requerida de retorno que se situasse entre 0 e 18,33% levaria à aceitação da proposta, enquanto taxas superiores não encontrariam fluxo esperado de retornos que a justificassem. Pontos de divergência Situamos tais pontos nos seguintes aspectos: $ taxa de reinvestimento dos fluxos intermediários; $ escala do investimento; $ taxas múltiplas de retorno. A divergência na sinalização para aceitação ou rejeição de propostas de investimentos ocorre quando da comparação de projetos mutuamente excludentes, em que somente um será selecionado. Vejamos o exemplo a seguir: FLUXO DE CAIXA Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 11 Ano 0 1 2 3 4 Proposta A -$23.616 $10.000 $10.000 $10.000 $10.000 Proposta B -$23.616 $0 $ 5.000 $10.000 $32.675 Procedendo aos cálculos do VAL e da TIR, a uma taxa requerida de retorno de 10%, teremos: Projeto A Projeto B VAL $8.083 $10.347 TIR 25% 22% Com isto, vemos um evidente conflito gerado da consideração simultânea dos dois métodos, onde, pelo uso da TIR preferimos o Projeto A, enquanto pelo método do VAL, escolhemos o Projeto B. Qual, então, a decisão mais sensata? A escolha recai sobre o Projeto B, visto que ele tomou em conta o custo de oportunidade da empresa, representado por aplicações alternativas que poderiam lhe render até 10% a.a. E quanto à TIR? Qual a razão de seu preterimento? Isso se deve à suposição "heróica" do reinvestimento dos fluxos intermediários (1 e 2) à própria TIR, o que se constitui em equívoco evidente, já que colocamos que o custo de oportunidade da empresa seria de 10% a.a. Um novo problema que decorre do uso do método da TIR refere-se à escala do investimento inicial. Assim, desde que este método se expressa como uma porcentagem, a escala do investimento pode gerar problemas sérios na seleção de projetos. Vejamos o próximo exemplo: Fluxos de Caixa Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 12 Ano 0 1 TIR VAL(a 10% a.a) Proposta X -$100 $150 50% $36,36 Proposta Y -$500 $625 25% $68,18 Utilizando o método da TIR, recusaríamos um maior ganho ($68,18 no Y) em troca de um menor ($36,36 no X) apenas porque este nos daria maior "porcentagem". Nada mais absurdo. Outro problema surge quando da ocorrência de taxas de retorno múltiplas. Consideremos o seguinte projeto de investimento: Investimento Inicial: $ 1.600,00 FC 1: $ 10.000,00 FC 2: $ -10.000,00 A equação de determinação da TIR se escreve então: Equação resultante: -10.000,00/(1+TIR)2 + 10.000,00 / (1+TIR)1 - 1.600,00 = 0 Dividindo por 1.000 e substituindo 1 / (1+TIR) por X, temos: -10X2 + 10X - 1,6 = 0 => 10X2 - 10X + 1,6 = 0 Raízes: X1 = 0,80 e X2 = 0,20. Substituindo X1 e X2 por 1 / (1+TIR) temos: TIR 1 = 25% e TIR 2 = 400% VAL (a 10%) = -774,00 Pelo critério do VAL o referido projeto deve ser rejeitado (VAL de -774,00). Entretanto, pelo critério da TIR, deverá ser aceito (TIR de 25% e TIR de 400%). Tal fato demonstra sua inadequação para o referido caso. É também útil mostrar outra limitação do método, ao possibilitar a ocorrência de taxa de retorno inexistente na análise de propostas. Pelo exemplo que segue, pode ser demonstrada tal limitação. Observe-se: Inv. Inicial FC1 FC2 -$100,00 $200,00 -$150,00 Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 13 200 1 150 1 100 01 2( ) ( )+ + − + − = TIR TIR Dividindo por 100 e substituindo 1 1+ TIR por x, temos: 2 1 5 1 0 1 5 2 1 0 4 2 2 4 4 15 1 2 1 5 2 2 3 2 2 2 x x x x x b b ac a x x − − = − + = = − ± − = ± − × × × = ± − = , , ( , ) , Isto se deveu à ocorrência de fluxo de caixa negativo. A presença de FC negativo gera a probabilidade de ocorrência de TIR inexistente, mas não determina sua inexistência, necessariamente. Quanto maior o número de inversões e de discrepância dos fluxos maior a probabilidade de aparecimento da TIR inexistente. Descrevemos um outro empecilho à aceitação deste método, e que se refere à não aditividade das taxas quando da consideração conjunta de projetos não- excludentes. Melhor explicando, vejamos os dois projetos abaixo, já apontados anteriormente: Fluxos de Caixa Ano 0 1 2 3 4 Proposta A -$23.616 $10.000 $10.000 $10.000 $10.000 Proposta B -$23.616 $0 $ 5.000 $10.000 $32.675 Proposta A+B -$47.232 $10.000 $15.000 $20.000 $42.675 Vimos que as TIR's para os projetos A e B são, respectivamente, 25% e 22%. Porém, com sua consideração conjunta (Projeto A+B) não temos 47% e, sim, 23,19%. Visando melhor esclarecimento, com o uso do método da VAL, ∃ não existem raízes reais Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 14 teríamos a característica de aditividade, com seu valor alcançando $18.430 (que corresponde à soma dos valores parciais de $8.083 e $10.347). Mas, enfim, por que a ampla aceitação da TIR no mundo empresarial? Os dados apontados restringem-lhe enormemente a significação econômica. Em especial, a idéia do reinvestimento dos fluxos intermediários à própria TIR se mostra um equívoco grosseiro. As razões de aceitação da TIR se prendem ao fato de que, sendo uma taxa, ela é mais fácil de ser visualizada e interpretada. Paralelamente, com o método concorrente dado pelo VAL, a decisão se faz sobre um número absoluto, "descontado" para o momento zero, o que traz dificuldades de entendimento para muitos profissionais. Adicionalmente, sendo a taxa requerida de retorno apenas uma aproximação ao real custo de oportunidade da empresa, o uso do VAL não recebe apoio unânime da comunidade empresarial, deixando campo para a aceitação do método da TIR. Outrossim, temos o fato real de que as empresas não se defrontam freqüentemente com análises de projetos mutuamente excludentes ou, ainda, de projetos cujos fluxos não apresentem o padrão usual (que poderia trazer taxas múltiplas de retorno). Então, se o que importa na análise de projetos únicos é uma correta sinalização quanto a aceitá-los ou rejeitá-los, e desde que ambos os métodos apontariam sinal idêntico, tem-se a preferência pelo método da TIR. 4.5 Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) Se os problemas aludidos acima se constituem de fato em sérias restrições ao uso do método da TIR, a solução estaria num método que tomasse em conta o custo de oportunidade sobre os recursos da empresa nos cálculos para levantamento de uma taxa de retorno para iniciativas empresariais. Vejamos como, através do nosso primeiro exemplo: Fig.2 Avaliação de projeto 0 1 2 3 4 5 -18.000 5.660 5.660 5.660 5.660 6.660 Taxa de desconto: 12% ao ano Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 15 Taxa de juros do mercado financeiro: 14% ao ano Assim, procedendo ao reinvestimento dos fluxos intermediários (1 a 5) à taxa de juros do mercado financeiro (que representa o custo de oportunidade sobre recursos disponíveis da empresa), a equação de cálculo será: TIRM VF II x n = − 1 1 100 em que falta definir e relembrar que: VF = valor futuro (no último período) dos fluxos de caixa da empresa; n = período de vida considerado para o projeto; II = investimento inicial. Já a operacionalização dos cálculos da TIRM no problema anterior se daria como abaixo: Ano 1: 5.660 x 1,144 = 9.559,51 Ano 2: 5.660 x 1,143 = 8.385,54 Ano 3: 5.660 x 1,142= 7.355,74 Ano 4: 5.660 x 1,141 = 6.452,40 Ano 5: 6.660 x 1,140 = 6.660,00 VF ============> 38.413,19 TIRM = ((38.413,19/18000)1/5 - 1) x 100 = 16,37% aa Nesse caso, são dois os passos para aferição da viabilidade de projetos de investimentos: a) TIRM ≥ TRR: se isso ocorrer, o projeto é viável, por superar a taxa requerida de retorno, que é julgada suficiente para os propósitos de crescimento e sustentação da empresa no longo prazo. b) TIRM ≥ im: se essa nova restrição é atendida, isso implica em que a rentabilidade do projeto supera possíveis aplicações de recursos no mercado financeiro. Em outros termos, a empresa terá retornos superiores aplicando na produção em lugar de investir em produtos financeiros. Métodos Quantitativos Aplicados à Administração 16 Outro detalhe diz respeito à fórmula da TIR, que se refere a casos onde ocorra o padrão usual na análise de projetos, com investimentos num período inicial, sendo seguidos, no tempo, por fluxos de caixa líquidos. Caso houvesse fluxos de caixa negativos, além daquele referente ao investimento inicial, o critério internacionalmente aceito é o de se descontar tais fluxos negativos para o momento zero à taxa requerida de retorno, aumentando o valor de "II" na fórmula dada. Observa-se que não importa o padrão do fluxo de entradas e de saídas, pois que poderíamos adaptar novas configurações, quando necessário. Planilhas eletrônicas como o Excel, já incorporam soluções nesta direção. Quanto à regra para aceitação de projetos, o procedimento segue aquele do método da TIR, ou seja: TIRM ≥ Taxa requerida de retorno Para nosso exemplo acima, temos que a TIRM se iguala a 16,37%, superando a taxa requerida de retorno de 12%. Nesse sentido, o projeto contribuirá decisivamente para acrescer a base geradora de riquezas da empresa.
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