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Gestação Prolongada · Introdução: · No pós-datismo e na gestação prolongada a grande preocupação é a carência da oxigenação fetal. Em vista disso, nas gestações que ultrapassam a data provável do parto (DPP), a propedêutica obstétrica é direcionada para o diagnóstico de sofrimento fetal, resultante da falência placentária por senescência. · As taxas de morbidade e mortalidade perinatais são elevadas em virtude do maior risco da síndrome de aspiração do mecônio e tocotraumatismos. · Definição: Dado. · Pós-Datismo: · ZUGAIB: · Utilizado de forma genérica para designar gestações que ultrapassam a DPP. No livro em questão, ele é usado para designar gestações entre 40-42 semanas, mas a definição não é unânime. · Aula: Esse termo deve ser abdicado. Logo, devemos classificar como a FEBRASGO faz abaixo. · Gestação Prolongada: · FEBRASGO: · Gestação prolongada, pós-termo e pós-data são diferentes expressões para designar gestações que se prolongam além de determinada duração aceita como limite superior da normalidade, ou seja, a gestação que ultrapassa 42 semanas ou 294 dias contados a partir do último dia do ciclo menstrual. · Os termos pós-datismo ou pós-data devem ser abandonados, visto que o problema em algumas gestações é definir qual é a pós-data. Além disso, o uso indiscriminado desses termos pode falsear o aumento da prevalência de gestações patologicamente prolongadas. · ZUGAIB: · Pela conceituação clássica, o termo gestação prolongado designa as gestações que ultrapassam 42 semanas. São sinônimas as denominações: serotina, protraída, retardada, pós-termo e pós-maturidade. · Ministério da Saúde: Pode usar termo precoce de 37 a 38 6/7 e termo completo de 39 a 40 6/7 e termo tardio 41 a 41 6/7. Pós-termo ultrapassa 42 semanas. · Pós-Maduro: · FEBRASGO: · Recém-nascido com características clínicas que indicam uma gestação patologicamente prolongada, tais como: · Pele enrugada com descamação segmentar, corpo longo, magro, sugerindo emaciação, unhas longas, aspecto alerta, mais velho e preocupado (síndrome de pós-maturidade ou dismaturidade). · Epidemiologia: Não dado · A mortalidade perinatal em gestações de 42 semanas é duas vezes maior que nas gestações a termo e dobra após 43 semanas. · A insuficiência uteroplacentária, a síndrome de aspiração meconial e a infecção intrauterina contribuem para as altas taxas de mortalidade perinatal e óbito intrauterino. · Aproximadamente 20% dos fetos após 42 semanas apresentam restrição de crescimento intrauterino devido à insuficiência placentária. Também há maior risco de síndrome de compressão funicular devido à oligodrâmnio e síndrome de aspiração meconial. · Etiologia: Dado · A causa é desconhecida, sendo mais comum o erro no cálculo da idade gestacional (IG), avaliada pela última menstruação informada. A grande maioria é erro de data e não é gestação prolongada. · A hipótese mais persuasiva aponta para a falha na deflagração do parto, e seu mecanismo intrínseco ainda permanece uma dúvida. · Outras situações são conjecturadas: · Idade materna avançada Maior incidência em mais velhas. Contudo, afirmar que a idade é uma causa ainda permanece uma discussão. · Paridade Primigestas parecem ter predisposição maior. · Etnia: Ascendência Grega e italiana apresentam maiores prevalências. · Fatores fetoanexiais · De ocorrência rara, dois fatores fetoanexiais são associados à gestação prolongada: · Anencefalia: Na anencefalia ocorre insuficiência da adenohipófise. · Deficiência da sulfatase placentária: · Diagnóstico é feito por método indireto ou dosagem de estriol plasmático materno. · Esta é uma anormalidade ligada ao cromossomo X, ocorrendo em fetos masculinos. · Excessiva atividade endócrina placentária: · Progesterona é miorrelaxante. · O excesso de produção placentária desse hormônio é considerado uma etiologia. · Fatores miometriais: · Doenças específicas do miométrio (ex.: adenomiose) podem dificultar a excitabilidade das fibras miometriais, levando à ausência do trabalho de parto e prolongamento da gestação. · Fatores cervicais: · Ausência ou deficiência da refratariedade da resposta contrátil do colo uterino. · A contratilidade anormal das fibras inibe os estímulos miogênicos ou espinhais para a liberação de hormônios relacionados ao trabalho de parto como a prostaglandinas. · Aula: O colo é rico em tecido conjuntivo e tem pouco tecido muscular. · Fatores que influenciam a incidência da gestação prolongada · Ciclos menstruais: · Nos ciclos irregulares, especialmente na espaniomenorreia (espaçamento anormal no fluxo menstrual, sendo de 2-3 meses), a ovulação é incerta e comumente incide em períodos não reconhecíveis. · Utilização de anticoncepcionais hormonais: · A gestação pode ocorrer por falha no método. Nessas situações, ou quando a mulher engravida após a interrupção, a ovulação pode ocorrer em datas não conhecidas. Isso acarreta estimativas de taxas falsamente elevadas de gestação prolongada. · A mulher ovula 14 dias antes da menstruação (nunca devemos falar que é 14 dias após menstruação, já que esse período é variável, sendo fixo os 14 dias de vida do corpo lúteo), mas ao parar a pílula pode não menstruar e não sabe quando ovulou. · Ultrassonografia precoce: · É recomendada como rotina para identificação da IG no 1º trimestre, onde o erro é mínimo. O rastreio ultrassonográfico de doenças genéticas na rotina pré-natal fez com que a ultrassonografia fosse feita com mais frequência, reduzindo a incidência da gestação prolongada. · Método mais fidedigno para evitar cálculo errado da IG. · Cálculo da Idade Gestacional: · DUM: Calcular quantos dias se passaram da DUM e dividir por 7. · USG: · Mais fidedigna. · Fazer de 9 a 12 semanas aumenta precisão da IG. O erro é de 3 a 7 dias. · No segundo trimestre o erro pode dar de 7 a 10 dias. · A partir de 30 semanas pode dar até 3 semanas de diferença. · Riscos: · Fetais · Maior risco de hipóxia intraparto, acidose fetal e hipoglicemia neonatal · Aumento da incidência de fetos macrossômicos (>4000g), com maior risco de distocia de ombro e lesão de plexo braquial. · Risco de compressão do cordão umbilical, devido ao oligodrâmnio. · 10-20% das gestações prolongadas evoluem com insuficiência placentária, oligoâmnio, compressão do cordão umbilical e eliminação de mecônio. · Aula: · A aspiração pode ser durante o trabalho de parto ou na própria gestação (ao ter hipóxia fetal, vai ter aumento da atividade parassimpática, que leva o relaxamento do esfíncter e libera mecônio, sendo que ele fica gaspeando ao mesmo tempo). O mais comum é na hora do parto. · Distocia de ombro e lesão de plexo braquial. · Macrossomia: · Se tiver centralização fetal, não vai ter macrossomia, mas sim RCF. Contudo, se estiver tudo bem e ficar dentro do útero ele pode crescer mais. · Logo, a macrossomia não está em todas as gestações prolongadas. · Maternos · Aumento da morbidade devido a trauma, hemorragia e trabalho de parto prolongado, relacionados a macrossomia fetal. · Maiores índices de cesáreas. · Diagnóstico · Para fazer o diagnóstico é necessário conhecer a idade gestacional. Por isso, o USG no 1º trimestre é imprescindível (erro de mais ou menos 7 dias). · O diagnóstico após o parto pauta-se em algumas características que o recém-nascido exibe após a exposição de carência crônica de nutrientes e oxigenação. · Todas as características que o pós-maduro exibe se devem ao regime intrauterino de carência de nutrientes e/ou hipoxemia prolongada. Segundo Clifford, existem 3 graus: · Grau I: Pele seca, descamativa (planta dos pés e palma da mão), dobras cutâneas excessivas e tecido subcutâneo escasso, unhas longas, cabelos abundantes, ausência ou escassez de lanugem, ossos cranianos mais rígidos e aspecto vígil e envelhecido. · Grau II: Além das características acima, o RN e líquidos amnióticos se apresentam tintos de mecônio. · GRAU III: Unhas e pele intensamente amareladas e cordão umbilical amarelo-esverdeado, além das alterações do grau II. · Conduta Assistencial-ZUGAIB: Compilado em Fechamento. · Baseia-se em vigilânciado bem-estar fetal e indução do trabalho de parto. O objetivo é diagnosticar a falência placentária e evitar danos decorrente ao feto decorrente de hipóxia. · Vigilância da vitalidade fetal · Iniciada a partir de 40 semanas e 1 dia. · Os exames de vitalidade fetal devem ser realizados duas vezes por semana. · Cardiotocografia de repouso e estimulada: · As desacelerações variáveis causadas pelas compressões do cordão umbilical durante as contrações ou movimentos fetais vigorosos são mais importantes, uma vez que ocorrem na presença de oligoâmnio. · A aplicação do teste sonoro deve ser averiguada se houver mecônio no líquido amniótico, pela reação de susto poder causar a aspiração do mecônio (movimentos inspiratório bruscos). · Perfil biofísico fetal (movimentação fetal, respiração fetal e líquido amniótico): · Avalia o líquido amniótico através do índice de líquido amniótico (ILA), pela técnica dos 4 quadrantes. · Se menor que 5cm, define oligoâmnio e indica interrupção da gestação. · O parto pode ser induzido na ausência de líquido amniótico meconial. · Indução do Parto-Exame Pélvio: · O exame pélvico tem como objetivo avaliar as condições cervicais para possível indução de parto, em qualquer período do pós-datismo (40-42 semanas). · Utiliza-se o índice de Bishop > 6 como critério de favorabilidade do colo à indução. · Colo impérvio: · Acompanhamento e conduta de acordo com exames de vitalidade fetal. · Se houver oligoâmnio, preparar o colo e induzir o parto. · Quando sugerir dilatação do colo pela indução, realizar amnioscopia. · Colo pérvio e Bishop>6: · Amnioscopia antes da infusão de ocitocina. · Se houver mecônio, realizar cesárea. · Colo pérvio e Bishop 6, está indicada indução com ocitocina. · Se a avaliação for normal e Bishop 6: Indução com ocitocina. · Se vitalidade preservadae Bishop