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HOMEM, CULTURA 
E SOCIEDADE
UNIDADE I
A Condição Humana
Luiza Cristina de Azevedo Ricotta
Homem, Cultura e 
Sociedade
3
Apresentação
Esta disciplina apresenta a tríade fundamental para a compreensão do Humano 
enquanto aquele que toma consciência da sua existência e registra experiências, de 
tal modo que se torna capaz de elaborar pensamentos, produzir, criar situações para 
vivenciar com todos os desafios e conflitos inerentes a isso, contribuindo com a sua 
cultura nas questões do exercício democrático da vida em sociedade, da troca de 
ideias e das transformações para uma vida em sociedade tão contrastante, e assim 
se tornando capaz de buscar soluções.
A fenomenologia foi incorporada ao humanismo, que marcou época e permanece 
presente nos estudos do ser humano até os dias atuais. Essa abordagem tornou 
possível a inclusão da perspectiva humana nas ciências e forneceu elementos 
para a evolução do conhecimento. Isso ocorre na medida em que o indivíduo toma 
consciência de suas experiências, o que possibilita a construção de sua identidade, 
valores, princípios éticos e personalidade.
A Condição Humana
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Introdução
A condição humana é um tema constantemente discutido em diversos espaços 
científicos multidisciplinares, tais como a psicologia, sociologia, educação, 
antropologia, direito e outras áreas. Sua abrangência multidisciplinar é a premissa 
básica para todas as aplicações que envolvem o aspecto humano. A evolução da ciência 
visa aprimorar e buscar recursos para a vida humana, considerando as referências 
existenciais, biológicas, orgânicas, sociais, psíquicas, psicológicas e emocionais.
Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:
• Refletir sobre a descoberta do Humano enquanto existência. 
• Conhecer a relevância da consciência na formação do sujeito.
• Compreender a posição do humano dentro da sociedade e dentro da sociedade 
de classes. 
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A Condição Humana
O Sentido Existencial do Homem
Corpo humano
Fonte : Freepik (2023).
#pratodosverem: temos a figura azulada de um corpo humano, caracterizando 
o Humano na sua condição de humano e enquanto existência, sem especificar 
gênero, raça. Aponta que o ser humano é mais que um corpo, tendo um espírito, 
uma capacidade mental, função orgânica e de produzir uma vida inteligente.
O Humano na sua condição existencial pode ser entendido como propõe a 
fenomenologia — estudo dos fenômenos que são observados pela ótica humana. 
Nesse sentido, ele toma consciência daquilo que o identifica como alguém existente 
em si mesmo — numa perspectiva vivencial e existencial. 
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Os filósofos Brentano e Husserl são os precursores da fenomenologia; eles estudaram 
os fenômenos observáveis pelo Humano como forma de identificar a realidade no 
qual o indivíduo está inserido. Os estudos fenomenológicos foram extremamente 
úteis para a fundamentação das ciências, tais como a medicina, a neurociência, 
física, psicologia, o direito, a arquitetura, gestão organizacional, bem como a 
matemática. Afinal, a fenomenologia é multidisciplinar e deu fundamentos para uma 
série de articulações científicas na busca de tornar-se ‘científica’, distanciando-se dos 
pressupostos filosóficos, dada sua abstração e subjetividade. Para o mundo científico, 
tais questões passaram a ser combatidas num determinado período, a fim de se ocupar 
do desenvolvimento das diversas ciências que foram tendo surgimento. Até que 
foram incorporadas, ao invés de retiradas. A gênese humana está na fundamentação 
e compreensão filosófica do ser humano. 
Sobre o fenômeno em si, podemos dizer que:
Definição de fenômeno
Fenômeno
Tudo aquilo que pode 
ser percebido e que é 
aparente, que interage 
com a pessoa
pode ser fenômeno 
físico, biológico, 
social, psicológico
são eventos que 
estabelecem alguma 
relação com o sujeito
Fonte: elaborado pela autora (2023).
#pratodosverem: a imagem apresenta dois quadros que se conectam para 
explicar o significado de fenômeno.
O fenômeno é tudo aquilo que pode ser percebido e que é aparente, que interage com 
a pessoa — eventos que estabelecem alguma relação com o sujeito. Ele pode ser 
fenômeno físico, biológico, social, psicológico.
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Edmund Husserl, discípulo de Brentano, um estudioso que propôs 
a aplicação da "fenomenologia" às ciências, deixou sua marca em 
diversas disciplinas. A fenomenologia se baseia na consciência 
das coisas, compreendendo os fenômenos da forma como se 
manifestam e se expressam. Para Husserl, a consciência é o fator 
primordial que dá sentido às coisas e condição para sua existência. 
Além disso, a medida da consciência oferece sentido e significado 
abstrato para o ser humano que a percebe. O indivíduo está sempre 
consciente de algo, tornando-se intencional, pois administra a 
medida de seu despertar e aprendizado por meio de suas vivências. 
Conforme aumentamos nossa consciência das coisas, também 
aumentamos nosso processo de autoconhecimento.
Curiosidade
A Consciência
A consciência é um dos elementos mais representativos da condição humana e da 
percepção de sua existência no mundo. Ela oferece elementos para a visão de mundo, a 
amplitude de identificação, a sensibilização com os elementos experienciais que a vida 
impõe, além de suscitar nas pessoas a convergência de situações coletivas, escolhas, 
decisões, posicionamentos e posturas. A consciência é de forma simbólica o que 
desloca da “escuridão” para a “luz”, ou seja, que retira aspectos antes desconhecidos, 
ignorados ou não compreendidos para uma condição de ‘esclarecimento’ e clareamento. 
A consciência humana é um dos atributos da cognição humana, do uso inteligente das 
ideias, reflexões e associações com as emoções. É por meio dela que atingimos a 
capacidade de executar tarefas, fazer escolhas, desenvolver raciocínios e aprender; é 
o modo pelo qual nos identificamos como pessoas.
A consciência é importante norteador da evolução e progresso humano. É, portanto, 
capaz de oferecer elementos para as demais esferas de importância para a vida do 
indivíduo, pois à medida que se toma consciência de fatos e situações, é possível 
equilibrar as funções das emoções, direcionar melhor os sentimentos, estabelecer 
uma ordem do pensar e poder agir de forma apropriada e com maturidade emocional 
advinda da consciência pessoal. 
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Tudo aquilo que se torna elemento da consciência está relacionado 
à denominada “fenomenologia” — estudo dos fenômenos que são 
observáveis pelo Humano e passam a fazer parte de sua concepção 
de vida, ao tomar consciência delas. A percepção humana é um 
elemento mais sofisticado da observação humana, pois modula 
a capacidade do Humano de ampliar ou restringir sua visão de 
mundo, considerando que as pessoas têm níveis de percepção 
diferenciados, portanto concepções distintas.
Sendo assim, é a consciência é o meio ou recurso pelo qual o 
indivíduo se conscientiza das coisas, de sua própria realidade, de 
si mesmo, das interações que estabelece e das demais pessoas 
em torno de si, bem como do mundo à sua volta — do que também 
não faz parte de sua realidade mais próxima, mas que faz parte da 
sua cultura e sociedade.
Atenção
A Humanidade
Vidas humanas
Fonte : Freepik (2023).
#pratodosverem: uma pintura colorida com diversas vidas de costas olhando 
para um pôr-do-sol estilizado, entre homens, mulheres e crianças, dando um 
sentido de humanidade.
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A humanidade é o sentido histórico aplicado para um conjunto de pessoas que vivem 
em sociedade e que passam por transformações, que se tornam marcos evolutivos 
do progresso humano. Isso significa que a humanidade é vista de forma global, bem 
como de forma distinta em relação a outras épocas pelas quais tenha passado, 
influenciadas por uma série de acontecimentos. 
Grupo de pessoas
Fonte : Freepik (2023).
#pratodosverem: grupo de cinco pessoas abraçadas de frente para uma luz e 
de costas para quem vê a imagem.
Ao mesmo tempo em que se consolida enquanto sujeito, a pessoa também criapertencimento na ação dos costumes, crenças, valores e impressões que são extraídas 
das suas vivências e compartilhadas com as demais pessoas numa extensão 
maior — a humanidade —, de maneira que esse fator nos possibilita a análise social 
da movimentação e do progresso. O sentido de humanidade gera o pertencimento 
necessário para que o indivíduo tenha as mais variadas possibilidades de existir na 
família, no grupo de trabalho, na sociedade como elemento da cultura. 
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A obra clássica A condição humana, de Hannah Arendt, é considerada 
um dos principais estudos de âmbito multidisciplinar aplicado às 
ciências na compreensão da pessoa humana, sob a concepção 
antropológica, social, biológica, existencial, emocional em todas 
as abrangências de suas particularidades e especificidades. 
Para saber mais sobre a importância das contribuições da filósofa 
Hannah Arendt, indicamos a leitura de uma breve biografia, trajetória 
e obras escritas. Clique aqui e confira!
Atenção
O Homem e a Propriedade do Pensar 
Conexões mentais
Fonte : Freepik (2023).
#pratodosverem: o perfil de um rosto em arte gráfica computorizada que repre-
senta uma figura humana abstrata com conexões mentais a partir de imagens 
que saem de sua cabeça, fazendo correlações pelo pensamento.
https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/hannah-arendt/
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O Humano, diante da sua complexidade e da sofisticada estrutura da linguagem, que 
o diferencia dos demais seres vivos, possui a condição de inteligência, pode escolher 
narrativas advindas da atividade do pensar. À medida que observa a realidade à sua 
volta, cria conceitos, elabora entendimentos relativos ao que experimenta e com isso 
elabora pensamentos, linhas condutoras que o direcionam a decisões e escolhas. 
Quando o Humano, por meio de sua consciência, entendeu-se como um ser inteligente 
capaz de pensar, compreendeu sua existência de uma forma distinta da abstração, 
inerente à sua condição existencial. Materializou-a com experiências e vivências. 
Daí que existe, portanto uma interrelação direta entre formar pensamentos com criar 
para si um acervo pessoal, uma ética, seus valores pessoais e sociais, suas crenças e 
modos de interação.
O discurso utilizado, a edição das palavras e sua forma de pensar 
referem-se ao modo pelo qual os humanos se identificam diante da 
situação em que se encontram, consolidando uma história própria. 
Curiosidade
A Produção das Subjetividades 
O modo pelo qual o indivíduo toma consciência da realidade possibilita muitas 
particularidades a respeito dele mesmo. Isso consolida as suas subjetividades — 
suas crenças, abstrações relativas à sua forma de sentir, elaborar pensares e construir 
conceitos sobre as coisas, situações e vivências. O modo como se observa a experiência, 
que é sempre considerada na sua ótica, e não de outrem, do contrário não poderia 
contribuir para a formação de seu arcabouço próprio de valores, crenças, princípios 
e de uma ética envolvida — é que vai dar consistência à personalidade. A observação 
cria a experiência subjetiva, tal qual ela é percebida e sentida pelo indivíduo, há aí as 
chamadas singularidades de cada um ao conceber e elucidar o conhecimento sobre 
algo que se experimenta e vivencia. É assim que o sujeito consolida sua consistência 
e identidade próprias. 
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A Formação Enquanto Sujeito
Evolução da humanidade
Fonte : Freepik (2023) 
#pratodosverem: a figura mostra a evolução do Humano primitivo, na condição 
de macaco, o Humano caçador, que vivia para a sua sobrevivência, o Humano 
inteligente, capaz de pensar, até o Humano moderno, seguido pelo Humano que 
está totalmente envolvido com a tecnologia.
O Humano se constrói infinitamente num processo contínuo de desvendar realidades e 
se torna sujeito da sua própria existência, enquanto cria para si as tais subjetividades, 
incorporando uma identidade própria e singular, dando sentido à formulação de um 
sujeito que se percebe na medida de suas experiências, somando aprendizados 
advindos dessas conexões pela forma com que se relaciona com pessoas, situações 
e contextos. É, finalmente, capaz de se tornar um ser crítico e de consolidar a sua 
própria história.
A importância da fenomenologia na construção do sujeito é a de tornar possível a 
proporção de elementos observáveis enquanto algo a ser incorporado na pessoa que 
vivencia e determina sua experiência, extraindo disso o valor e o significado para sua 
história, considerando também o aprendizado decorrente disso para a pessoa que 
se forma conforme suas experiências, o que contribui para sua evolução, dando ao 
Humano, além de habilidades, o sentido existencial da sua vida — aspecto este que 
lhe confere identidade, quando, então, é capaz de dar-se conta da dimensão de sentir 
a própria vida. 
Portanto, o progresso pessoal depende de como o indivíduo absorve tais experiências, 
refletindo sobre a vida, à medida que vai incorporando significados, formulando 
conceitos por meio do pensamento crítico, analítico e existencial. Ao refletir sobre 
suas próprias experiências e vivências, estrutura suas subjetividades: emoções, 
sentimentos e elementos da personalidade que o caracterizam e qualificam como a 
pessoa que é. 
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O artigo científico é bem apropriado para o tema desta unidade e 
faz contribuições interessantes sobre o Humano e sua existência, 
ou seja, a sua tomada de consciência de si mesmo com base nas 
experiências e nos fatos que o envolvem. 
TILLICH, Paul. A concepção de homem na filosofia existencial. Rev. 
abordagem Gestalt., Goiânia, v. 16,  n. 2,  p. 229-234,  dez.  2010.   
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1809-68672010000200014&lng=pt&nrm=iso. 
Acesso em: 3 abr.  2023.
Saiba mais
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672010000200014&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672010000200014&lng=pt&nrm=iso
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Conclusão
Podemos verificar que a evolução a partir da tomada de consciência humana da 
sua existência, que foi capaz de possibilitar meios de viver que vão além da própria 
sobrevivência. Sua capacidade de produzir, criar e estabelecer relações com outras 
pessoas é uma das complexidades da espécie, além do desenvolvimento da linguagem, 
da capacidade de abstrair, de gerar emoções e ter sentimentos. O autoconhecimento 
é, portanto, possível ao se reconhecer no outro, aprendendo mais sobre si mesmo 
e a todos que o cercam. A conexão humana é promotora da sua cultura e o torna 
dotado de ações relacionadas ao contexto em que vive — interagindo diretamente 
com a sociedade.
A importância da fenomenologia na construção do sujeito é a de tornar possível a 
proporção de elementos observáveis enquanto algo a ser incorporado na pessoa que 
vivencia e determina sua experiência, extraindo disso o valor e o significado para sua 
história, considerando também o aprendizado decorrente disso para a pessoa que 
se forma conforme suas experiências, o que contribui para sua evolução, dando ao 
Humano, além de habilidades, o sentido existencial da sua vida — aspecto este que 
lhe confere identidade, quando, então, é capaz de se dar conta da dimensão de sentir 
a própria vida. 
Referências
ARENDT, Hannah. A condição humana. 13. ed. São Paulo: Forense Universitária, 2016.
GOMES, Mércio Pereira. Antropologia: ciência do Homem, filosofia da cultura. São 
Paulo: Contexto Editora, 2008.

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