Buscar

Temas em Psicologia da Educação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Temas em Psicologia da Educação: 
motivação, percepção, inteligência, vida 
afetiva, representações sociais e 
identidade
Apresentação
Configura-se como um desafio histórico da sociedade a compreensão dos processos que envolvem 
a mente humana, bem como os caminhos que conduzem e estruturam o conhecimento, a 
inteligência, as sensações, a afetividade e diversas outras nuances do sujeito. Entender os 
processos mentais que nos permitem chegar à aprendizagem sempre foi um sonho de muitos 
pesquisadores e estudiosos. Nessa perspectiva, a psicologia educacional pode ser descrita como 
uma subárea da psicologia, uma área de conhecimento e um corpus sistemático e organizado de 
saberes produzidos de acordo com procedimentos definidos, referentes a determinados fenômenos 
ou conjunto de fenômenos constituintes da realidade, fundamentado em questões ontológicas, 
epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, abordaremos os diferentes aspectos a serem percebidos e 
considerados para pensarmos o sujeito em todas as suas dimensões: motivação, percepção, 
inteligência, vida afetiva, representações sociais e identidade.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer a importância de aspectos cognitivos, afetivos e sociais em psicologia da 
educação.
•
Definir os conceitos: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva, representações sociais e 
identidade.
•
Avaliar o caminho e a constituição de aspectos cognitivos, afetivos e sociais na vida do ser 
humano.
•
Desafio
Imagine que você é um estudante do curso de Psicologia e faz parte de um grupo de estudos em 
sua universidade. Nesse momento, o tema em foco para discussão é "a interferência das 
representações sociais no processo de construção do conhecimento do aluno". Você já sabe que as 
pesquisas no âmbito da psicologia educacional têm mostrado a urgência em discutir determinados 
temas, inclusive os impactos de tais influências para o processo de ensino-aprendizagem do 
estudante. Portanto, a partir de sua investigação sobre o assunto, elabore uma solução que 
responda às seguintes problematizações:
1. O que é representação social? 
 
2. Em que aspectos a representação social interfere na vida do sujeito e influencia o 
desenvolvimento do seu processo de aprendizagem? 
 
3. De que maneira os conhecimentos da psicologia educacional (ou o próprio psicólogo) poderão 
intervir para auxiliar este aluno ou o professor que lida com ele?
Infográfico
O cientista norte-americano Howard Gardner gerou impacto na área educacional com sua teoria 
das inteligências múltiplas, divulgada no início da década de 1980. Conheça mais a respeito das 
aptidões humanas de acordo a cada um dos tipos identificados por ele, no infográfico a seguir.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b4829815-f30c-4528-8f5d-86097c4caf40/54f6c015-e577-4f96-a709-e2e671daa97b.jpg
Conteúdo do livro
Na perspectiva da psicologia educacional, a busca por recursos e estratégias para compreender as 
muitas fases da vida do sujeito, nas diferentes teorias do desenvolvimento, pretende possibilitar ao 
profissional em educação a realização de intervenções que auxiliarão no processo de aprendizagem.
Neste capítulo, Temas em Psicologia da Educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva, 
representações sociais e identidade, do livro Psicologia da Educação, você aprofunda o 
conhecimento desses recursos e teorias do desenvolvimento a partir dos estudos de psicologia.
Boa leitura.
PSICOLOGIA DA 
EDUCAÇÃO
Alex Ribeiro Nunes
Temas em psicologia da 
educação: motivação, 
percepção, inteligência, 
vida afetiva, representações 
sociais e identidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a importância de discutir determinados temas em psi-
cologia da educação. 
 � Definir os conceitos de motivação, percepção, inteligência, vida afetiva, 
representações sociais e identidade. 
 � Avaliar o caminho e a constituição dos conceitos utilizados na psicolo-
gia da educação, bem como suas influências na vida do ser humano.
Introdução
Compreender os processos que envolvem a mente humana, bem como 
os caminhos que conduzem e estruturam o conhecimento, a inteligência, 
as sensações, a afetividade e diversas outras nuances do sujeito, representa 
um desafio histórico da sociedade. Entender, principalmente, as esferas 
mentais que nos permitem chegar à aprendizagem sempre foi um sonho 
de muitos pesquisadores e estudiosos. Nessa perspectiva, a psicologia 
educacional pode ser descrita como uma subárea da psicologia que é 
considerada uma área de conhecimento que se entende como corpus 
sistemático e organizado de saberes, produzidos de acordo com proce-
dimentos definidos, referentes a determinados fenômenos ou conjunto 
de fenômenos constituintes da realidade, fundamentado em questões 
ontológicas, epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. 
Nesse contexto, surgem diferentes aspectos a serem percebidos e con-
siderados para que o sujeito e todas as suas dimensões sejam discutidos: 
motivação, percepção, inteligência, vida afetiva, representações sociais, 
identidade. Neste capítulo você vai analisar esses conceitos e reconhecer 
a sua relação como constituintes dos seres humanos. 
A importância de discutir determinados 
temas em psicologia da educação 
Já faz algum tempo que a psicologia, em seu processo de investigação do 
ser humano por meio da mente, reafirma-se como importante ciência de 
compreensão e mapeamento do comportamento e da vida humana. São muito 
diversos os vieses de estudos e pesquisas que resultaram e resultam em grandes 
descobertas e avanços para a sociedade, seja no âmbito comportamental, social, 
educacional, do desenvolvimento ou em diversos outros. Na perspectiva da 
psicologia educacional, fica evidente que uma das principais ações é verificar, 
entre os conhecimentos proporcionados pela psicologia científica, quais são os 
mais importantes para compreender o comportamento das pessoas no âmbito 
educacional. É essa compreensão que possibilitará ao professor ou profissional 
em educação realizar as devidas e necessárias intervenções que auxiliarão o 
aluno no processo de aprendizagem. 
O papel da psicologia da educação é buscar, nas diferentes teorias do 
desenvolvimento, recursos e estratégias para compreender as muitas fases 
da vida do sujeito, desde as aprendizagens da infância, perpassando pela 
juventude, vida adulta e fase idosa.
Por meio da tentativa de compreensão dessas fases, é possível mapear e 
registrar competências e habilidades mentais, papéis sociais, limitações men-
tais, linhas de raciocínio, crenças, entre outros aspectos, sempre considerando 
o processo de ensino-aprendizagem como pano de fundo.
Nesse processo, a principal função da escola é a construção do conhe-
cimento. Nessa medida, cada um de nós pode ter uma hipótese de como o 
sujeito aprende, com base nos sentimentos, nas percepções, nas emoções, nas 
sensações e nas demais dimensões que atravessam o ser humano. 
Considerando todos estes atravessamentos e todas essas hipóteses, com 
o passar do tempo, foram sendo desenvolvidas as diferentes teorias, com o 
intuito de compreender cada um desses aspectos para aprimorar o processo 
de ensino-aprendizagem. Atualmente, temos um conglomerado de teorias 
que tentam explicar não apenas quando a criança ou a pessoa aprende, mas, 
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...2
principalmente, para que o professor, enquanto mediador desse processo, tenha 
uma hipótese do que está acontecendo quando ouve a frase “não entendi” ou 
“não aprendi”.
Perceber e tentar compreender aspectos que envolvem o ser humano faz da 
psicologia da educação uma parceira valiosa e indispensável frenteaos proces-
sos educativos. Ao problematizar o sujeito em seu percurso de aprendizagem, 
essa abordagem permite não somente ajudá-lo, mas, também, diminuir as 
arestas e as lacunas apresentadas pelo sistema educacional que, muitas vezes, 
foca em uma determinada metodologia engessada e formatadora, esquecendo 
de considerar que os envolvidos são pessoas que sentem, sofrem, têm contextos 
e identidades diferentes, etc. 
A psicologia da educação traz à tona a discussão acerca do sujeito que 
aprende, da forma pela qual aprende, quando aprende, ou o porquê de não 
aprender; tudo isso considerando a não linearidade desse sujeito, seus contra-
pontos, suas perspectivas, suas reações e suas diferentes realidades. É nessa 
perspectiva que surgem as problematizações a partir de diferentes aspectos 
sobre o sujeito no processo do aprender:
 � O que o impulsiona?
 � O que o entristece?
 � Como se percebe dentro da escola?
 � O que o angustia?
 � Quais são seus medos?
 � O que o afeta? 
As perguntas não param por aí. Ao contrário disto, vão emergindo a cada 
novo conhecimento, a cada nova aprendizagem, a cada nova situação. Se o papel 
do educador é mediar o ensino-aprendizagem e o do estudante é apropriar-se e 
aprender, a psicologia da educação tenta analisar e discutir tudo que interfere 
nessa relação, de modo a contribuir como uma ponte para que este processo, 
que nós chamamos de ato pedagógico, tenha êxito.
No processo de ensino-aprendizagem, quando o professor diz que ensinou 
algo, isso pode parecer simples, mas existe uma imensidão de atravessadores 
que fazem parte desse processo e o influenciam. Assim, é importante que o 
professor tenha o conhecimento e a sustentação da psicologia para reconhecer 
e compreender tais atravessadores, para, a partir disso, entender as diferentes 
faces desse processo e poder intervir da melhor maneira possível. 
Nesse sentido, os estudos sobre cada um destes aspectos se reafirmam e 
se materializam como uma série de estratégias, instrumentos e recursos para 
3Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...
que o professor possa manejar o seu ato pedagógico, reforçando a figura de 
mediador e fazendo valer o ato de educar-ensinar-aprender.
A cognição e a emoção no processo 
de ensino-aprendizagem
O maior problema da instituição escolar é o de dar prioridade para a cognição, 
esquecendo-se das outras dimensões e possibilidades do universo infanto-
-juvenil. No viver da criança, não podemos separar cognição, ação, emoção, 
aprendizagem, afeto. Essa separação entre esses comportamentos inerentes 
ao ser humano é identificada nas ações lúdicas. A relação entre o cérebro, 
o corpo e a emoção da criança é única e necessita ser considerada de forma 
totalitária; é um processo altamente complexo, que não pode ser dissociado. 
A cognição e a ação motora estão indissociavelmente unidas aos aspectos 
afetivos-emocionais do ser humano, suas vivências e experiências. É a carac-
terística afetiva que ajuda a determinar a necessidade e a permanência de um 
registro de memória, por exemplo. 
A oportunidade mais significativa de entendermos a relação complexa entre 
a mente e o nosso cérebro emerge com a teoria interacionista, pois ambos, 
mente e cérebro, influenciam-se. 
Damásio (2000) defende que a consciência não existiria sem o cérebro e, 
muito menos, sem o corpo. A consciência depende do corpo específico que 
abriga o cérebro, do corpo que interage e se transforma com o mundo. 
O corpo se movimenta, transita, age, reage, sente, emociona-se e as lembran-
ças ficam guardadas no cérebro. Por isso, mesmo se fosse possível reproduzir 
os padrões neurais do cérebro de uma pessoa, não seria possível experimentar 
sua consciência.
A influência da motivação no processo de ensino-
aprendizagem
O que significa dizer que alguém aprendeu algo? No nosso cotidiano, o termo 
aprendizagem é empregado em referência à aquisição de novos conhecimentos 
ou habilidades, como aprender a fazer uma torta ou aprender dança de salão. 
Para a psicologia da educação, aprender é um processo complexo que produz 
uma alteração relativamente duradoura no comportamento ou conhecimento 
como resultado da experiência do sujeito. 
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...4
É importante ressaltar que o primeiro passo do processo é a motivação 
(Figura 1), que é um processo que desencadeia e dirige o comportamento do 
sujeito. Se alguém não estiver motivado, isto é, interessado, não aprende. No 
entanto, a motivação nem sempre está presente no sujeito; muitas vezes, ele é 
motivado pelo outro (pais, professores, amigos) ou por algo (assunto, método 
de ensino, recompensa). 
O sujeito motivado orienta o seu comportamento para os objetivos que 
possam satisfazer suas necessidades. No entanto, para que o indivíduo possa 
atingir seu objetivo, é necessário que ele tenha condição (física, cognitiva, 
social), ou seja, prontidão. Por exemplo, não adianta ensinar um bebê a correr 
se ele não estiver com o suporte biológico em condições mínimas para fazê-
-lo. Igualmente, se não houver uma dificuldade, desafio ou problema, não há 
razão para aprender nos comportamentos ou conhecimentos. 
O sujeito procura resolver o problema elaborando respostas, buscando 
soluções, é impulsionado por algum tipo de motivação. Se a resposta for 
satisfatória, ele se sente recompensado e tende a integrar essa resposta ao 
seu repertório de comportamentos ou aprendizagens. Tudo isso possibilita 
ao sujeito dar a mesma resposta a situações semelhantes: a aquisição da nova 
aprendizagem impulsionada pela motivação passa a fazer parte do sujeito e 
será utilizada sempre que necessário. 
Figura 1. Alunos em sala de aula. A motivação depende de vários fatores.
Fonte: Monkey Business Image/Shutterstock.com
5Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...
Diferenciando motivação intrínseca e motivação extrínseca 
Motivação intrínseca
Também conhecida como motivação interna, está relacionada à força interior, capaz 
de se manter ativa mesmo diante da adversidade. Esse tipo de motivação é indepen-
dente do ambiente, das situações e das mudanças, estando relacionado aos interesses 
individuais e que podem ser alterados apenas por escolha da pessoa. 
Geralmente, a motivação interna está associada a metas, objetivos, desejos, sonhos e 
projetos pessoais que estimulam o sujeito a acordar todos os dias, enfrentar os desafios 
e se dedicar a horas intensas de estudo ou trabalho. É um tipo de motivação que está 
presente em todas as pessoas, pois é o que gera força para estar em movimento, 
conquistar coisas e escrever sua própria história.
Motivação extrínseca 
Também conhecida como motivação externa, está relacionada ao ambiente, às 
situações e aos fatores externos. Um exemplo claro de motivação extrínseca são as 
premiações ou elogios públicos dados pelos professores a alunos que alcançaram 
notas máximas nas provas ou atividades escolares. Já no ambiente de trabalho, o clima 
da empresa, as atividades diversificadas, os treinamentos de aprimoramento e outros 
benefícios se destacam como eficientes formas de motivação externa que mantêm o 
quadro de funcionários comprometido e produtivo. 
Esse tipo de motivação é uma maneira de ajudar as pessoas a se manterem engajadas 
e serve como um fator complementar. Um aluno imbuído em um espaço motivador 
poderá obter ótimos resultados em seu processo de construção do conhecimento. 
Psicologia da educação: fatores que 
atravessam o sujeito e o constituem
Percepção
Para a psicologia, a neurociência e as ciências cognitivas, a percepção consiste 
na função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais a partir do 
histórico de vivências passadas. Por meio da percepção, um indivíduo organiza 
e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. 
A percepção consiste na aquisição, interpretação, seleção e organização das 
informaçõesobtidas pelos sentidos. A percepção pode ser estudada do ponto 
de vista estritamente biológico ou fisiológico, envolvendo estímulos elétricos 
evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista psicológico 
ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e 
outros aspectos que podem influenciar a interpretação dos dados percebidos.
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...6
O uso dos sentidos (audição, visão, olfato, tato e paladar) permite ao ser 
humano conhecer o mundo, e este contato acontece através das sensações. 
John Locke, um grande filósofo que viveu na Inglaterra entre 1632 e 1704, 
defendeu uma ideia muito importante e respeitada até hoje. Segundo ele, 
para que alguém conheça alguma coisa, é necessário que se tenha contato 
com os objetos, com a natureza e com as pessoas; esses contatos poderão ser 
através do falar, do olhar, do cheirar, do tocar ou do degustar. John Locke 
disse, ainda, que nossos conhecimentos mudam constantemente, de acordo 
com nossas aprendizagens, de maneira que a cada experiência que vivemos 
aprendemos mais coisas. Para o filósofo, além disso, todo conhecimento é, 
no primeiro momento, simples e, a partir das experiências, ocorre de maneira 
mais aprofundada. Assim, podemos concluir que, segundo Locke, conhecemos 
o mundo sentindo. 
Inteligência
Uma das concepções de inteligência inclui a qualidade de adaptar-se a situa-
ções novas e aprender com maior facilidade – são muitas as teorias científicas 
sobre a inteligência.
Gohara Yegua (1987), em seu livro sobre avaliação da inteligência, descreve 
que, ao participar de um evento sobre tal temática, muitos psicólogos expuseram 
suas opiniões a respeito da natureza da inteligência. Alguns disseram reconhe-
cer o sujeito como inteligente a partir de sua capacidade pensar abstratamente; 
outros disseram que a inteligência era a capacidade de se adaptar ao ambiente 
ou a capacidade de se adaptar a situações relativamente novas ou, ainda, a 
capacidade de aquisição de novos conhecimentos. Houve inúmeras teorias sobre 
a inteligência: as que postulavam a existência de uma inteligência geral, as que 
reafirmavam a existência de várias faculdades diferenciadas de inteligência e 
as que defendiam a existência de múltiplas aptidões independentes. 
De acordo com Elói (2012):
A inteligência, desde o início da humanidade, foi marcando a diferença entre os 
indivíduos. Desde o tempo dos primeiros homo sapien sapiens até à atualidade, 
esta é uma característica que desde sempre fez a diferença entre os indivíduos. 
Em cada época de sua forma e à sua maneira. Segundo a antropologia, se não 
fosse a inteligência, o ser humano e a humanidade nunca teriam evoluído ou 
mesmo sobrevivido até a atualidade. Nos nossos antepassados, a inteligência 
poderia fazer a diferença entre vida e morte; atualmente a inteligência conti-
nua a contribuir para questões de sobrevivência, porém relacionada a outras 
atividades. As pessoas mais inteligentes têm mais probabilidade de ter sucesso 
7Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...
em várias áreas da sua vida. A inteligência é um processo cognitivo supe-
rior extremamente complexo, visto que, segundo os investigadores, implica 
inúmeros outros processos, como memória, atenção, motivação, raciocínio, 
aprendizagem, resolução de problemas, etc (ELÓI, 2012). 
Nessa perspectiva, a inteligência se torna fundamental, já que potencializa 
todas as outras capacidades. É importante ressaltar que, na maior parte das 
vezes e cada vez mais, o sucesso não se resume a uma capacidade ou compe-
tência, mas sim a várias.
Vida afetiva
A afetividade engloba muitos aspectos que pertencem às situações prazer-
-desprazer. Ao procurar compreender a vida afetiva do sujeito, é necessário 
adotar a terminologia adequadas, na medida em que se trata de uma área 
de estudo repleta de nuances. Portanto, se até o século XIX eram usados, 
indiscriminadamente, termos como emoção e sentimento, hoje, no estudo da 
vida afetiva, fazemos a diferenciação destes termos:
 � Emoção: estado agudo e transitório. Exemplo: a empolgação. 
 � Sentimento: estado mais atenuado e duradouro. Exemplo: o saudosismo, 
a fidelidade. 
A afetividade pode ser um fator aliado ao desenvolvimento, mas a escola 
precisa superar a dicotomia entre orgânico e social e entre indivíduo e meio. 
As questões da afetividade referem-se à capacidade, à disposição do su-
jeito de ser afetado pelo mundo externo/interno, por sensações relacionadas 
a situações agradáveis ou desagradáveis. A teoria da afetividade aponta três 
momentos marcantes e sucessivos na evolução do afeto: emoção, sentimento 
e paixão. Os três resultam de fatores orgânicos e sociais e correspondem a 
configurações diferentes. Na emoção, há o predomínio da atividade fisioló-
gica; no sentimento, da ativação representacional; na paixão, da ativação do 
autocontrole. 
Representações sociais
O conceito de representação social se estrutura no limite entre a psicologia e 
a sociologia, especialmente entre a psicologia e a sociologia do conhecimento. 
Os estudos sobre a representação social tiveram início com Émile Durkheim 
(1978), com o conceito da teoria da representação coletiva, com o qual procurava 
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...8
dar conta de fenômenos como religião, mitos, ciência, categorias de tempo e 
espaço em termos de conhecimento inerente à sociedade. Em seguida, outros 
autores buscam afastar-se da perspectiva sociológica de Durkheim, conside-
rando as representações como algo compartilhado de modo heterogêneo pelos 
diferentes grupos sociais, de modo que o conceito de representação social 
retorna para a psicologia social.
O significado de representação emerge associado a uma imagem mental, a 
uma reconstrução do real que permite ao ser humano a capacidade de relembrar 
ou evocar um dado acontecimento, objeto ou pessoa, na sua ausência. 
Quando as representações são aceitas e partilhadas por uma dada so-
ciedade ou grupo de indivíduos, estamos diante das designadas represen-
tações sociais, isto é, conjunto de explicações, crenças e ideias, elaboradas 
a partir de modelos culturais e sociais que dão quadros de compreensão e 
interpretação do real. As representações sociais são características de uma 
determinada época e contexto histórico, por isso, a sua alteração ocorre 
muito lentamente. Um bom exemplo disso é a representação da mulher nas 
sociedades ocidentais: contemporaneamente, para além de ser mãe de família, 
desenvolve uma atividade profissional em que procura ser bem-sucedida. 
Essa representação, que atualmente é desejável, seria impensável no início 
do século XX, quando a representação social era a da mulher que ficava 
em casa cuidando dos filhos e das tarefas domésticas. Outro exemplo no 
qual é evidente a mudança da representação é no ideal de mulher bonita. A 
imagem robusta, com ancas arredondadas, associada ao que se considerava 
um corpo bonito e esbelto, deu lugar a um ideal em que dominam os corpos 
magros e esguios (FERTUZINHOS, 2009). 
Assim, podemos pensar que as representações sociais, também consideradas 
em sentido mais amplo como pensamento social, são deveras imprescindíveis 
nas relações humanas, uma vez que dão uma explicação, um sentido à realidade. 
Além disso, ao funcionarem como reguladoras e orientadoras do comporta-
mento, permitem que os indivíduos se comuniquem e se compreendam.
Identidade
É a denominação dada às representações e aos sentimentos que o indivíduo 
desenvolve a respeito de si próprio, a partir do conjunto de suas vivências, 
orientações e experiências. A identidade é a síntese pessoal sobre o si mesmo, 
incluindo dados pessoais (cor, sexo, idade), biografia (trajetória pessoal), atri-
butos que os outros lhe conferem, permitindo uma representação a respeito de 
si. Nessa concepção de identidade, o sujeito está em transformaçãoconstante.
9Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...
A identidade pressupõe a construção do sujeito, considerando a diversi-
dade e a pluralidade humana. Nessa via, surge, ainda, o conceito de política 
de identidade, que é o predomínio político pelo qual um determinado grupo 
social garante o domínio político da sociedade e resulta, dentre vários aspectos, 
em uma única possibilidade diante dos fatos, possibilidade essa imposta e 
reforçada pelo grupo dominador. Exigir o reconhecimento da identidade de 
diferentes grupos culturais permitirá a quebra de aspectos únicos e determi-
nados, tornando possível o surgimento de novas perspectivas. 
O pensar e o refletir são fundamentais para o ser humano na construção 
não só de sua identidade autônoma, mas também na desconstrução e ressig-
nificação de novos semblantes das identidades culturais. 
Motivação
Esse aspecto continua sendo algo que carrega certa obscuridade dentro dos 
estudos psicológicos, visto que a motivação carrega as atribuições de ser 
responsável tanto pela facilidade quanto pela dificuldade do sujeito em seu 
processo de ensino-aprendizagem. Às características motivadoras, atribui-
-se o sucesso ou o fracasso de educadores e educadoras ao tentarem ensinar 
algo para seus educandos/as. Nessa perspectiva, são detectadas algumas 
variáveis fundamentais:
 � Ambiente;
 � Forças internas ao sujeito, como necessidade, desejo, vontade, interesse, 
impulso, instinto;
 � Objeto que atrai o sujeito por ser fonte de satisfação da força interna 
que o mobiliza.
De acordo com Todorov e Moreira (2005), motivação, assim como apren-
dizagem, é um termo largamente usado em compêndios de psicologia e, 
como aprendizagem, é usado em diferentes contextos com diferentes sig-
nificados. O mesmo autor pode empregar o termo de maneira diversa num 
mesmo parágrafo. Vernon (1973), por exemplo, faz isso logo na primeira 
página do primeiro capítulo de seu livro “Motivação Humana” (TODOROV; 
MOREIRA, 2015).
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...10
É possível pensar que a motivação é vista como uma espécie de força 
interna que emerge, regula e sustenta todas as ações mais importantes do 
sujeito. Porém, vale lembrar que motivação é uma experiência interna e não 
é possível estudá-la diretamente. 
A motivação também pode ser pensada como uma força sem que se especi-
fique sua natureza, é uma experiência interna, algo que percebemos e sentimos, 
de maneira que não pode ser observada. No senso comum, motivação é uma 
força interna que nos leva a agir, e por ser interna só nós mesmos podemos 
senti-la. O uso técnico/científico do conceito é bem mais diversificado.
Dessa forma, se no início do século a grande incógnita era descobrir aquilo 
que se deveria fazer para motivar as pessoas, mais recentemente tal preo-
cupação tem mudado de sentido. Passa-se a perceber que cada um já traz, 
de alguma forma, dentro de si, suas próprias motivações. Aquilo que mais 
interessa, portanto, é encontrar e adotar recursos organizacionais capazes de 
não sufocar as forças motivacionais inerentes às próprias pessoas. É preciso 
perceber que não existe um gênio da motivação que transforma cada um 
de nós em trabalhador zeloso ou nos condena a ser o pior dos preguiçosos. 
Na verdade, a desmotivação não é nem defeito de uma geração e nem uma 
qualidade pessoal, pois está ligada a situações específicas.
Quando nos deparamos com alunos e alunas aparentemente pouco motiva-
dos, tendemos a pensar que são desinteressados, que estão com a cabeça em 
outro lugar. Muitas vezes é preciso experimentar um método diferente, uma 
alternativa lúdica. Para Bernard Charlot (2001), é importante a criança fazer 
uso dos próprios movimentos, fazendo uso de si mesma como um recurso, 
pois os movimentos remetem a um desejo, um sentido, um valor.
Assim, a motivação se configura como o processo que mobiliza o orga-
nismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a 
necessidade e o objeto de satisfação. Podemos compreender que, na base da 
motivação, está um organismo que apresenta uma necessidade, um desejo, 
uma intenção, um interesse, uma vontade ou uma predisposição para agir. Na 
motivação, está também incluído o ambiente que estimula o organismo e que 
oferece o objeto de satisfação. Por fim, na motivação está incluído o objeto 
que aparece como possibilidade de satisfação da necessidade.
11Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...
O que é desconstrução?
A desconstrução é fundamental, visto que qualquer que seja a análise desconstrutiva 
ela não visará destruir o texto ou o aspecto analisado com o intuito de colocar-se contra 
ele, de derrotá-lo, de criticá-lo negativamente, como se pretendesse, ao seu final, 
descartar tal informação ou traçar um indiscutível mapa da verdade. A desconstrução 
busca uma reinterpretação indefinida, sem a intenção de chegar a uma posição ou a 
uma significação que seja definitiva ou total. 
Assim, desconstrução, em sentido amplo, é qualquer análise que questione ope-
rações ou processos que visam desvendar algo que esteja oculto. A desconstrução 
envolve a busca pelas contradições e por novas possibilidades. A desconstrução e 
possível reconstrução permitem ao sujeito, além do ato de duvidar de aspectos já 
pré-estabelecidos, a oportunidade de quebrar o que se encontra legitimado e intacto 
para, assim, possibilitar novas construções ou reconstruções. A desconstrução se 
apresenta como uma importante ferramenta de análise dos fatos e, certamente, é 
necessária frente às identidades. 
Problematizar alguns aspectos instituídos como verdades únicas são produtivos 
modos de desconstruir e importantes possibilidades de análises históricas, culturais, 
identitárias e/ou políticas das condições que possibilitam tais aspectos. 
A compreensão do caminho, a constituição de 
diferentes aspectos e suas influências na vida 
do ser humano
Compreendendo a emoção, a motricidade e o 
desenvolvimento humano para pensar os processos de 
aprendizagem 
Na teoria walloniana, movimento e emoção estabelecem uma relação de 
reciprocidade que sustenta todo o processo de desenvolvimento humano.
A função motora recebe um sentido humano quando relacionada 
com a emoção. Para compreender esse pilar da perspectiva walloniana, 
é preciso partir do pressuposto de que existem duas funções motoras 
interdependentes: 
 � Atividade clônica ou cinética, associada ao movimento propriamente 
dito, que regula o estiramento e encurtamento das fibras musculares.
 � Atividade tônica, estabelecida pelo tônus muscular – estado de tensão 
variável entre o músculo. 
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...12
É importante que o professor tente compreender dois aspectos que se 
diferem e são fundamentais nesse processo: a emoção e a afetividade.
A emoção da qual fala Wallon não deve ser confundida com afetividade. 
A emoção é a reação fisiológica que apresenta alteração orgânica, tal como 
o aumento do batimento cardíaco, a sudorese e a descarga de adrenalina, e 
pode ser apresentada como reação postural na exteriorização da afetividade. 
Afetividade é um conjunto de processos psíquicos que acompanham as mani-
festações orgânicas da emoção, canalizando-a para dentro do próprio sujeito. 
A emoção carrega a possibilidade da articulação do biológico com o social 
na medida em que promove a interação da criança com o meio ambiente, com 
o processo de maturação neurológica e o desenvolvimento psicológico. 
Vale ressaltar que reconhecer todas essas possíveis manifestações no sujeito 
nos leva a compreendê-lo em suas diferentes dimensões e situações, inclusive 
buscando percebê-lo em diversas situações em sala de aula. 
As emoções são a exteriorização da afetividade e provocam transformações 
que se orientam em direção ao desenvolvimento da atividade intelectual que, 
uma vez instalada, tenderápara o controle da potência totalizadora e contagiosa 
das atitudes emocionais. 
Nessa perspectiva, podemos considerar que o mal-estar está associado a 
fome, cólica ou desconforto postural, os quais provocam espasmos, contrações 
e gritos. Bem-estar se refere à saciedade, provoca movimentos menos tensos 
e mais harmoniosos. Os olhos se abrem bem, os lábios esboçam sorrisos e, 
ainda, quando a satisfação é intensa, as pernas se mexem como se estivessem 
pedalando no vazio. 
As emoções também são compreendidas como a primeira forma de adap-
tação da criança ao meio e propiciam as primeiras aprendizagens, o acesso da 
criança ao universo simbólico da cultura, uma vez que é o mecanismo inicial 
que assegura as relações sociais. 
Por fim, vale lembrar que a emoção rebusca cada vez mais seus meios de 
expressão, utilizando-os como instrumento de sociabilidade cada vez mais 
especializados. 
Compreendendo a formação da identidade, das 
relações e das representações sociais 
As relações psíquicas não se desenvolvem como se fossem esferas indepen-
dentes do contexto social e histórico. Aliás, antes mesmo de seu nascimento, 
o ser humano já existe e muitas coisas operam a favor da construção de sua 
identidade e das representações sociais. Há sempre alguém esperando por ele, 
13Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...
falando sobre o que o aguarda, conferindo suas características, significados 
herdados de outras gerações, sem que tenhamos consciência do que está sendo 
dito a nosso respeito. 
Após o nascimento, serão os adultos que guiarão as ações do pequeno 
para que, só depois, o filhote de homem, já operando pelo pensamento ver-
bal, consiga atuar segundo sua capacidade de planejamento, simbolização e 
significação. Esse é um longo processo de identificação, de observações, de 
inúmeras aprendizagens. 
A construção da identidade pode acontecer durante toda da vida dos seres 
humanos. Desde o seu nascimento, o sujeito inicia uma longa interação com 
o meio em que está inserido, a partir do qual constituirá não só a sua identi-
dade, como a sua inteligência, seus medos, sua personalidade, etc. Apesar de 
alguns traços serem comuns a todas as pessoas, independentemente do meio 
e da cultura em que estejamos inseridos, há determinadas características do 
desenvolvimento que diferem quando há diferentes culturas.
Vale ressaltar que essa construção pessoal é considerada uma característica 
importante da adolescência, pois é uma fase em que os indivíduos começam 
a reafirmar os seus objetivos e ideias.
Cada um de nós constrói o seu “eu” por meio, inclusive, das interações rela-
cionais, reais e idealizadas; aprendemos e desaprendemos com as experiências 
vividas e os seus modelos. Se na infância os nossos modelos são os pais, na 
adolescência serão os jovens da mesma idade e outros grupos representados 
socialmente que influenciarão de forma significativa a construção da identidade.
Para além disso, a família e os professores assumem um papel importante 
nessa construção, visto que necessitam perceber, acolher, acompanhar e orientar 
esse processo.
Compreendendo o surgimento da vida afetiva
Para pensar a vida afetiva vamos voltar-nos à fase infantil, já que a criança, de 
acordo com a teoria walloniana, é essencialmente emocional e, gradualmente, 
vai constituindo-se em um ser sociocognitivo. Dessa forma, é importante 
que os professores reconheçam que a criança necessita estar contextualizada 
em uma realidade viva, em movimento, em transitoriedade e que tudo isso 
influencia o conjunto de seus comportamentos, conhecimentos, percepções 
e suas condições frente à sua existência e às aprendizagens. 
A vida afetiva da criança emerge, portanto, das trocas relacionais que ela 
constrói com os outros, e isso é fundamental para o seu desenvolvimento e 
para a constituição do conhecimento. 
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...14
As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual 
ficarão envolvidas em um “sincretismo subjetivo” por, pelo menos, três anos. 
Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança e o ambiente 
humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas 
ações e aos seus movimentos formato e expressão. Portanto, essa deveria ser 
uma importante informação para o professor, para que compreenda tal processo 
e, assim, atue na mediação adequada do ensino-aprendizagem da criança.
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que, antes mesmo do apareci-
mento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e constituem-se como 
sujeitos com significado, através da ação e interpretação do meio entre os 
seres humanos, construindo suas próprias emoções, suas percepções e seus 
entendimentos, em seu primeiro sistema de comunicação expressiva. Estes 
processos comunicativos-expressivos acontecem em trocas sociais como a 
imitação: imitando, a criança desdobra, lentamente, a nova capacidade que 
está construindo (pela participação do outro ela se diferenciará dos outros), 
formando sua subjetividade e dando início à constituição de seus conheci-
mentos e de sua vida afetiva. Pela imitação, a criança expressa seus desejos 
de participar e se diferenciar dos outros, construindo-se como sujeito próprio.
Construindo a identidade a partir da interação 
e das atividades motoras
A atividade motora para crianças se dá como um meio de adaptação, de 
transformação e de relacionamento com o mundo, pois o desenvolvimento 
motor não pode ser dissociado do desenvolvimento cognitivo e afetivo, e é 
nessas relações de trocas e aprendizagens que acontece, também, a construção 
da identidade. 
Conforme o olhar atribuído pela psicologia, a maneira como a criança 
interage com o mundo ao seu redor acontece mediante os movimentos que, 
por sua vez, se dão por causa das brincadeiras, dos jogos, dos esportes e das 
atividades lúdicas. Portanto, às crianças deve ser dada a oportunidade de 
movimentar-se para que consigam, dentro de suas possibilidades, desempenhar 
atividades e se desenvolver. 
As terminações nervosas transmitem esses sinais para os córtices sensoriais 
de audição, gustação, olfato, tato, paladar e visão, conhecendo, assim, o mundo. 
É jogando, brincando e praticando esportes que as crianças se comportam em 
várias dimensões; essa sua conduta mais significativa e concreta frutifica na 
indissociabilidade e no intercâmbio dos seus aspectos biológicos, psicológicos 
e culturais, desenvolvendo, a partir disso, aspectos identitários. 
15Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...
As sensações que emergem na atividade lúdica podem desenvolver as 
percepções que, ao serem organizadas em estruturas cognitivas, tornam-se a 
base de todo o processo de aprendizagem. 
Corpo: movimento e os processos do aprender
A coordenação global, as vivências e as experiências conduzem as crianças 
a adquirirem a dissociação de movimentos. Isso se expressa pelas condições 
de realizar múltiplos movimentos ao mesmo tempo como, por exemplo, tocar 
um instrumento, praticar um esporte, etc. 
O corpo não pode ser entendido exclusivamente em sua perspectiva ana-
tomofisiológica, mas, também, como uma fonte que expressa emoções e 
sensações – alegria, tristeza, alívio, empolgação etc. 
Todo e qualquer movimento está em estreita relação com a conduta e a 
personalidade, o que implica afirmar que a toda atividade física (movimento) 
corresponde (produz e é produzida por) uma relação psicológica. 
A motricidade é a interação de diversas funções motoras (perceptivomo-
tora, neuromotora, psicomotora, neuropsicomotora, etc.). A atividade motora 
é de suma importância no desenvolvimento global da criança. Por meio da 
exploração motriz, ela desenvolve a consciência de si mesma e do mundo 
exterior, cria e organiza artefatos que a identificam e que são marcantes em 
seu processo de construção do conhecimento. 
A aprendizagem por meiodo corpo e suas dimensões 
Nas brincadeiras, a criança vivencia diversas atividades lúdicas, passa a se conhecer 
melhor, a conhecer suas dimensões, corpo, limites, a dominar suas angústias e a repre-
sentar o mundo exterior, usando, para isso, o brinquedo, os jogos e suas construções. 
É assim que a criança se desenvolve. 
Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras são atividades voluntárias e têm como 
características fundamentais o fato de que são livres e têm no faz de conta uma forma 
de representação de um desejo ou realidade. Junto às escolas, é preciso pensar em 
propostas que envolvam brinquedos, jogos e brincadeiras, de forma que tais ações 
se configurem como um compromisso ético e político na busca para assegurar o 
desenvolvimento integral da criança e contribuir com suas aprendizagens. 
Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...16
CHARLOT, B. Jovens e o Saber: perspectivas mundiais. Porto Alegre: Artmed, 2001.
DAMÁSIO, A. R. O sentimento de si: o corpo, a emoção e a neurologia da consciência. 
Mem Martins: Europa-América, 2000. 
ELÓI, J. Afinal o que é inteligência. Psicologia free, Marinha Grande, 2012. Disponível 
em: <http://www.psicologiafree.com/curiosidades/afinal-o-que-e-a-inteligencia/>. 
Acesso em: 03 nov. 2017. 
FERTUZINHOS, L. Representações sociais. O olhar da Psicologia, 2009. Disponível em: 
<http://psicob.blogspot.com.br/2009/02/representacoes-sociais.html>. Acesso em: 
03 nov. 2017. 
GOHARA, Y. Y. A natureza e o conceito de inteligência. In: ANCONA-LOPEZ, M. Avaliação 
da inteligência. São Paulo: EPU, 1987. v. 1. 
TODOROV, J. C.; MOREIRA, M. B. O conceito de motivação na psicologia. Revista Brasi-
leira de Terapia Comportamental e Cognitiva. São Paulo, v. 7, n. 1, p. 119-132, jun. 2005. 
Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
-55452005000100012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 13 nov. 2017.
Leituras recomendadas
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao 
estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008. 
FREUD e a Psicanálise: psicologia da educação. Portal Educação, Campo Grande, 2013. 
Disponível em:<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/iniciacao-
-profissional/freud-e-a-psicanalise-psicologia-da-educacao/37939>. Acesso em: 03 
nov. 2017. 
REIS, V. Motivação em sala de aula. EDUCAÇÃO - A complexidade de Morin e Freire, 
Florianópolis, 2011. Disponível em: <http://pedagogofaed.blogspot.com.br/2011/05/
motivacao-em-sala-de-aula.html>. Acesso em: 03 nov. 2017. 
SILVA, A. M. V. et al. Pedagogia: bases psicológicas da educação. Valinhos, 2009. 
17Temas em psicologia da educação: motivação, percepção, inteligência, vida afetiva...
Conteúdo:
Dica do professor
A dica do professor perpassa pelos estudos do pensador Sigmund Freud, grande teórico do 
desenvolvimento humano que instituiu uma das principais teorias do psiquismo, a Psicanálise. Os 
estudos desse pesquisador são bastante complexos, porém, compreender os aspectos subjetivos do 
desenvolvimento e psiquismo humanos é direcionador para educadores e educadoras que, 
certamente, serão capazes de identificar conflitos que podem influenciar no processo de ensino-
aprendizagem da criança. Entender a mente humana possibilita entender a natureza do ser humano 
e sua essência.
Bons estudos.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/14d95e4e214f5a49ddc3b2e696d1c7e2
Exercícios
1) Fica evidente que uma das principais ações é verificar, entre os conhecimentos 
proporcionados pela psicologia científica, quais são os mais importantes para compreender o 
comportamento das pessoas no âmbito educacional, sempre considerando os aspectos que 
envolvem esse comportamento e influenciam o aprender: motivação, percepção, 
inteligência, vida afetiva, identidade e representações sociais. É essa compreensão que 
possibilitará ao professor ou profissional em educação realizar as devidas e necessárias 
intervenções que auxiliarão no processo de ensino-aprendizagem. Esse texto refere-se à:
A) Psicologia Escolar.
B) Psicologia Educacional.
C) Psicopedagogia.
D) Psicanálise.
E) Psicologia do Desenvolvimento.
2) O trecho a seguir refere-se a qual conceito? 
 
Em sentido amplo, é qualquer análise que questione operações ou processos que visam 
desvendar algo que esteja oculto. Envolve a busca pelas contradições e por novas 
possibilidades, permite ao sujeito, além do alto de duvidar de aspectos já preestabelecidos, a 
oportunidade de quebrar o que se encontra legitimado e intacto, para assim, possibilitar 
novos olhares e novas posturas. Apresenta-se como uma importante ferramenta de análise 
dos fatos e, certamente, necessária frente às mudanças.
A) Percepção.
B) Identidade.
C) Desconstrução.
D) Representações Sociais.
E) Política de Identidade.
3) As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas 
em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos. Conforme a teoria walloniana, 
durante esse período de completa indiferenciação entre a criança e o ambiente humano, sua 
compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas ações e movimentos 
formato e expressão. Portanto, as trocas relacionais da criança e suas primeiras 
aprendizagens ocorrem a partir da:
A) Afetividade.
B) Percepção.
C) Emoção.
D) Empolgação.
E) Motivação.
4) É o processo cognitivo superior, extremamente complexo, visto que, segundo estudiosos do 
campo da psicologia educacional e demais pesquisadores, implica em inúmeros outros 
processos, tais como: memória, atenção, motivação, raciocínio, aprendizagem, resolução de 
problemas. Esse texto refere-se à:
A) Afetividade.
B) Identidade.
C) Representação social.
D) Inteligência.
E) Memória.
5) Pode ser pensada como uma força sem que se especifique sua natureza, é uma experiência 
interna (algo que percebemos e sentimos,) não podendo ninguém observar. No senso 
comum é uma força interna que nos leva a agir e por ser interna só nós mesmos podemos 
senti-lá. O uso técnico/científico do conceito é bem mais diversificado. Nessa perspectiva, 
estamos nos referindo à (ao):
A) Inteligência.
B) Emoção.
C) Afetividade.
D) Motivação.
E) Sentimento.
Na prática
A psicologia da educação possibilita não somente perceber aspectos atravessadores do âmbito 
educacional como também criar recursos para resolvê-lo oportunizando a aprendizagem em um 
ambiente plural. Veja na história da Júlia como a psicologia da educação pôde fazer a diferença.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Identidade e diferença na perspectiva dos Estudos Culturais
Nesta videoaula é abordada a problemática da identidade e da diferença a partir das concepções de 
identidade, sobre a definição dos sujeitos e a pedagogia da diferença.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Psicologia da Educação
O desenvolvimento deste trabalho teve como objetivo introduzir uma reflexão de como integrar 
teorias, aparentemente tão diferentes, num todo coerente e relacionado ao trabalho do professor 
em sala de aula. As teorias são apresentadas de forma resumida e simplificada, e ao final de cada 
capítulo são indicadas ao leitor outras fontes de estudo.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Psicologia da Educação
Clique no link a seguir e acesse a obra dos autores César Coll Salvador, Mariana Miras Mestres, 
Javier Onruvia Goñi e Isabel Solé Gallart.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
https://coordenandoospassos.wordpress.com/2012/04/09/aula-7-identidade-e-diferenca-na-perspectiva-dos-estudos-culturais/
http://rafaelamelo.weebly.com/uploads/1/1/4/0/11404205/a_psicologia_da_educacaoped.pdf

Outros materiais