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FAVENI MARIANA BORGES DE OLIVEIRA NUNES A FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER: ABORDAGENS TERAPÊUTICAS E FUNCIONAIS NAS DIFERENTES FASES DO CICLO VITAL FEMININO POUSO ALEGRE – MG 2025 FAVENI MARIANA BORGES DE OLIVEIRA NUNES A FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER: ABORDAGENS TERAPÊUTICAS E FUNCIONAIS NAS DIFERENTES FASES DO CICLO VITAL FEMININO Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título especialista em FISIOTERAPIA APLICADA A SAÚDE DA MULHER. POUSO ALEGRE – MG 2025 A FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER: ABORDAGENS TERAPÊUTICAS E FUNCIONAIS NAS DIFERENTES FASES DO CICLO VITAL FEMININO Mariana Borges de Oliveira Nunes Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). “Deixar este texto no trabalho”. RESUMO - O presente trabalho aborda a fisioterapia pélvica como uma especialidade essencial na promoção da saúde feminina, destacando sua atuação preventiva e terapêutica frente às disfunções do assoalho pélvico. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, fundamentada em evidências científicas atuais, que visa analisar a eficácia das intervenções fisioterapêuticas em condições como incontinência urinária e fecal, disfunções sexuais, dor pélvica crônica e prolapso de órgãos pélvicos. O estudo explora recursos como exercícios de Kegel, biofeedback, eletroestimulação e técnicas manuais, bem como o papel da fisioterapia em momentos de transição hormonal, como gestação, puerpério e menopausa. Os resultados apontam para benefícios significativos na qualidade de vida das mulheres, promovendo autonomia, autoestima e bem-estar. Além disso, evidencia-se o potencial da telefisioterapia como ferramenta complementar de cuidado. Conclui-se que a fisioterapia pélvica contribui de forma decisiva para a saúde integral da mulher, sendo uma área que merece maior valorização e reconhecimento dentro das práticas de atenção à saúde. PALAVRAS-CHAVE: Fisioterapia Pélvica. Saúde da Mulher. Assoalho Pélvico. Promoção da Saúde. Qualidade de Vida. 1 INTRODUÇÃO A saúde da mulher representa um campo fundamental da atenção à saúde pública, sendo marcada por demandas específicas que se estendem por todo o ciclo vital feminino. As transformações fisiológicas e hormonais que ocorrem desde a puberdade até a senescência impactam diretamente a funcionalidade, o bem-estar e a qualidade de vida da mulher. Nesse contexto, torna-se essencial desenvolver estratégias de cuidado que respeitem a individualidade feminina, promovendo a integralidade e a humanização do atendimento em saúde (BORGES; SILVA, 2020). A fisioterapia, enquanto ciência da saúde voltada à prevenção, promoção e reabilitação funcional, tem ampliado sua atuação na saúde da mulher, contribuindo significativamente em fases como a gestação, o pós-parto, o climatério e o envelhecimento. A inserção de abordagens fisioterapêuticas específicas para as diferentes etapas da vida da mulher permite não apenas a melhoria de condições clínicas, mas também a promoção da autonomia e do empoderamento feminino quanto ao autocuidado e à funcionalidade corporal (RICCI; ELIAS, 2022). Diante dessa perspectiva, este trabalho delimita-se à análise da atuação da fisioterapia na saúde da mulher, considerando as abordagens terapêuticas e funcionais que podem ser aplicadas durante as diferentes fases do ciclo vital feminino. O problema de pesquisa que orienta este estudo é: De que forma a fisioterapia contribui para a promoção da saúde e funcionalidade da mulher ao longo de seu ciclo vital? Como hipótese para a problemática levantada, acredita-se que a fisioterapia, por meio de intervenções específicas e baseadas em evidências, tem potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida da mulher, atuando na prevenção e tratamento de disfunções físicas, principalmente no que se refere ao assoalho pélvico, à dor musculoesquelética e à perda funcional nas diferentes faixas etárias. O objetivo geral deste trabalho é analisar a contribuição da fisioterapia na saúde da mulher, considerando as abordagens terapêuticas voltadas às diferentes fases do ciclo vital. Os objetivos específicos são: compreender a saúde da mulher dentro do contexto da atenção integral; identificar as principais intervenções fisioterapêuticas aplicadas às diferentes fases da vida da mulher; e analisar a importância da fisioterapia pélvica na promoção da saúde feminina. A relevância deste trabalho está em destacar o papel da fisioterapia como área essencial para a saúde da mulher, reforçando sua atuação interdisciplinar e sua contribuição para políticas públicas de saúde e para a qualidade de vida feminina. A pesquisa também pretende incentivar a valorização do cuidado fisioterapêutico voltado às necessidades específicas das mulheres, promovendo maior visibilidade à especialidade. A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica, com base em livros, artigos científicos e documentos oficiais, especialmente nas diretrizes do Ministério da Saúde, publicações da área da fisioterapia e estudos recentes sobre saúde da mulher. O procedimento metodológico envolveu a seleção de materiais pertinentes ao tema, análise crítica dos conteúdos e organização dos dados em categorias temáticas. Este trabalho está estruturado em três capítulos principais. No primeiro capítulo, aborda-se o contexto da saúde da mulher dentro da perspectiva da atenção integral, destacando aspectos históricos, sociais e políticos. O segundo capítulo trata das intervenções fisioterapêuticas aplicadas em diferentes fases do ciclo vital feminino, evidenciando suas contribuições funcionais e preventivas. O terceiro capítulo apresenta a fisioterapia pélvica como área de destaque na promoção da saúde feminina, enfatizando suas técnicas e impactos na vida das mulheres. Por fim, são apresentadas as considerações finais e sugestões para estudos futuros. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 A SAÚDE DA MULHER NO CONTEXTO DA ATENÇÃO INTEGRAL A atenção à saúde da mulher no Brasil tem evoluído significativamente nas últimas décadas, especialmente após a implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), em 2004. Essa política representa um marco na forma como as demandas femininas são percebidas e atendidas pelo sistema de saúde, ao propor uma abordagem que ultrapassa a visão tradicional centrada na reprodução. Ao considerar os diferentes ciclos da vida — infância, adolescência, idade adulta, climatério e senescência —, a PNAISM reforça a necessidade de estratégias específicas que garantam a equidade e a integralidade no cuidado à mulher (BORGES; SILVA, 2020). Nesse contexto, a fisioterapia se destaca como uma ciência da saúde essencial, promovendo ações que visam à prevenção, ao tratamento e à reabilitação de disfunções comuns na vida da mulher. A atuação fisioterapêutica é especialmente importante em fases como o puerpério, a menopausae o envelhecimento, nos quais há alterações hormonais e biomecânicas que podem comprometer a funcionalidade e a qualidade de vida feminina. Com base em evidências, a fisioterapia contribui não apenas com aspectos físicos, mas também psicossociais, consolidando-se como um recurso terapêutico indispensável (RICCI; ELIAS, 2022). Durante o ciclo gravídico-puerperal, por exemplo, a fisioterapia atua de maneira preventiva e curativa, sendo eficaz no controle da diástase abdominal, condição comum após o parto. A revisão sistemática realizada por Santos, Silva e Pereira (2018) aponta que protocolos de exercícios terapêuticos promovem a reaproximação dos músculos retos abdominais, além de melhorar a postura e aliviar dores lombares. Essa abordagem proporciona maior conforto funcional à mulher, além de contribuir para sua autoestima e retorno às atividades cotidianas. Outro ponto relevante é a atuação fisioterapêutica na prevenção e tratamento de disfunções do assoalho pélvico, como a incontinência urinária e fecal, o prolapso genital e as disfunções sexuais. Segundo Oliveira, Costa e Fernandes (2019), técnicas de biofeedback, eletroestimulação e exercícios de Kegel são amplamente utilizados para restaurar a função muscular pélvica, promover o equilíbrio postural e melhorar a qualidade de vida sexual da mulher. Essas intervenções, quando iniciadas precocemente, reduzem a progressão das disfunções e a necessidade de intervenções invasivas. A atuação da fisioterapia também se mostra relevante em contextos específicos, como o das mulheres atletas, que apresentam risco aumentado de desenvolver incontinência urinária de esforço devido às cargas repetitivas sobre o assoalho pélvico. Estudo de Rodrigues, Almeida e Souza (2020) demonstra que programas de fisioterapia preventiva, com foco no fortalecimento perineal, podem reduzir significativamente a prevalência dessa condição, contribuindo para o desempenho esportivo e a continuidade da prática física. Nas fases do climatério e pós-menopausa, a fisioterapia assume papel fundamental na prevenção e manejo da osteoporose, sarcopenia e dores musculoesqueléticas. A pesquisa de Silva, Pereira e Carvalho (2023) evidencia que os exercícios terapêuticos de impacto moderado, aliados ao treinamento resistido, auxiliam na manutenção da densidade mineral óssea, na melhoria do equilíbrio e na prevenção de quedas. Tais intervenções são cruciais para o envelhecimento saudável e funcional da mulher. A dor pélvica crônica, frequentemente negligenciada nos atendimentos clínicos, também encontra na fisioterapia uma abordagem eficaz. A abordagem miofascial, técnicas de liberação dos pontos-gatilho e reeducação postural global contribuem para o alívio da dor, restabelecendo a funcionalidade e minimizando o impacto emocional associado à condição. Além disso, essas técnicas integram-se ao cuidado humanizado, considerando a complexidade biopsicossocial da mulher (FERREIRA, MARTINS; ANDRADE, 2022, p. 63). Outro aspecto emergente é o impacto da fisioterapia pélvica na qualidade de vida de mulheres com endometriose. Lima, Barros e Castro (2021), em ensaio clínico randomizado, demonstraram melhora significativa nos escores de dor e funcionalidade em mulheres submetidas a programas de fisioterapia baseados em mobilizações viscerais, alongamentos e exercícios respiratórios. Isso revela o potencial terapêutico da abordagem fisioterapêutica complementar ao tratamento clínico e cirúrgico. Durante a pandemia de COVID-19, a fisioterapia também enfrentou o desafio de se reinventar, especialmente na assistência às mulheres em isolamento social. A modalidade da telefisioterapia, conforme apontado por Costa, Alves e Brito (2024), permitiu a continuidade do acompanhamento fisioterapêutico, especialmente no puerpério e no climatério. Embora apresente limitações, a prática revelou-se viável, segura e eficaz em contextos emergenciais, além de abrir caminhos para sua incorporação em políticas permanentes de saúde digital. A ampliação da atuação da fisioterapia na saúde da mulher demanda também um olhar interprofissional e integrado. A colaboração com ginecologistas, psicólogos, nutricionistas e enfermeiros potencializa os resultados terapêuticos e promove o cuidado centrado na pessoa. A atuação em equipe multiprofissional fortalece a autonomia da mulher e favorece intervenções mais assertivas e resolutivas, conforme preconiza a abordagem da integralidade no SUS (BORGES; SILVA, 2020). A formação acadêmica dos fisioterapeutas também deve acompanhar essas transformações, promovendo uma educação voltada à equidade de gênero e à especificidade da saúde feminina. Investir na qualificação profissional para o atendimento integral à mulher é fundamental para consolidar essa área como especialidade reconhecida e valorizada, tanto no âmbito clínico quanto no das políticas públicas. A valorização da fisioterapia na saúde da mulher passa, portanto, pela educação permanente e pela ampliação da pesquisa científica. Por conseguinte, é essencial que as ações fisioterapêuticas estejam inseridas em políticas de promoção à saúde e prevenção de agravos, reconhecendo a mulher como sujeito integral e com necessidades específicas em cada fase da vida. A fisioterapia, enquanto parte dessas estratégias, contribui não só para o restabelecimento funcional, mas também para o empoderamento feminino, promovendo bem-estar físico, emocional e social. Dessa forma, a atuação fisioterapêutica na saúde da mulher reafirma-se como componente indispensável de uma atenção integral, resolutiva e humanizada. 2.2 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS DIFERENTES FASES DO CICLO VITAL FEMININO A atuação da fisioterapia na saúde da mulher deve considerar a complexidade das mudanças fisiológicas, hormonais e psicossociais que ocorrem ao longo do ciclo vital feminino. Na adolescência, essa intervenção é essencial para promover o equilíbrio postural, prevenir disfunções musculoesqueléticas e orientar sobre aspectos como o ciclo menstrual e a percepção corporal. Nessa fase, hábitos inadequados, como o uso prolongado de dispositivos eletrônicos e mochilas mal ajustadas, podem desencadear alterações posturais significativas, que se estendem até a vida adulta. A fisioterapia preventiva contribui para o desenvolvimento saudável, promovendo a consciência corporal e a adoção de hábitos de vida mais saudáveis (BORGES; SILVA, 2020). Durante a gestação, a fisioterapia obstétrica torna-se uma aliada indispensável, contribuindo significativamente para o alívio de dores lombares, a melhora da circulação, a preparação perineal para o parto e o fortalecimento do assoalho pélvico. As alterações biomecânicas e hormonais dessa fase exigem intervenções específicas que visam à adaptação do corpo da gestante às demandas gestacionais. O trabalho fisioterapêutico também favorece a postura, o controle respiratório e o relaxamento, promovendo um parto mais seguro e humanizado (RICCI; ELIAS, 2022). No puerpério, o enfoque fisioterapêutico volta-se para a reabilitação da musculatura abdominal e perineal, com especial atenção à diástase do músculo reto abdominal, condição comum após a gestação. A literatura aponta que a intervenção precoce com exercícios específicos pode acelerar a recuperação da estabilidade abdominal e funcionalidade corporal, além de prevenir disfunções uroginecológicas (SANTOS; SILVA; PEREIRA, 2018). Além disso, o suporte fisioterapêutico contribui para o bem-estar psicológico da puérpera, auxiliando na readaptação às atividades diárias. Nas fases do climatério e menopausa, a fisioterapia assume um papel importante na prevenção e no tratamento da incontinência urinária, disfunções sexuais e perda de massa óssea. Os exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico demonstram eficácia na melhora da função urinária e da qualidadede vida das mulheres, mesmo diante das alterações hormonais típicas do período (OLIVEIRA, 2019). A reabilitação pélvica também auxilia na melhora da função sexual, promovendo maior lubrificação vaginal, propriocepção e autoestima (OLIVEIRA; COSTA; FERNANDES, 2019). O tratamento das disfunções sexuais femininas, especialmente frequentes no climatério, também integra o escopo da fisioterapia pélvica. Técnicas como biofeedback, eletroestimulação e exercícios terapêuticos específicos são utilizadas para melhorar o tônus muscular, aumentar a sensibilidade e promover a função sexual saudável. Estudos evidenciam que essas abordagens têm impacto positivo na função sexual e no bem-estar emocional, contribuindo para a redução de dores durante o coito e promovendo maior prazer sexual (FERREIRA; MARTINS; ANDRADE, 2022). A incontinência urinária, condição prevalente em diversas fases da vida da mulher, pode ser eficientemente manejada com fisioterapia, especialmente com a utilização de exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico. Em mulheres atletas, por exemplo, a incontinência de esforço pode ser tratada com intervenções baseadas em reeducação perineal e controle da pressão intra-abdominal durante os treinos, prevenindo o agravamento da disfunção (RODRIGUES; ALMEIDA; SOUZA, 2020). A atuação fisioterapêutica, nesse caso, visa restaurar a função muscular e proporcionar maior controle urinário sem necessidade de intervenção cirúrgica. No contexto da dor pélvica crônica, presente em várias faixas etárias e associada a condições como endometriose e disfunções miofasciais, a fisioterapia atua com técnicas manuais, liberação miofascial, exercícios de relaxamento e reeducação postural. A abordagem interdisciplinar, com foco na fisioterapia, demonstrou melhora significativa na dor, funcionalidade e qualidade de vida das mulheres acometidas (LIMA; BARROS; CASTRO, 2021). Esses métodos contribuem para a diminuição da sensibilização central e controle da dor a longo prazo. Nesse contexto, SILVA; PEREIRA e CARVALHO (2023) corrobora enfatizando: Com o avanço da idade, torna-se essencial o manejo da osteoporose e da sarcopenia, especialmente no período pós-menopausa, em que a perda de massa óssea e muscular é acelerada pela diminuição dos níveis de estrogênio. A fisioterapia atua com programas de exercícios resistidos e funcionais que promovem o fortalecimento muscular, aumento da densidade óssea e melhora do equilíbrio, prevenindo quedas e fraturas. Essa intervenção promove maior independência e qualidade de vida na terceira idade (SILVA; PEREIRA; CARVALHO, 2023, p. 76). Além das intervenções presenciais, a telefisioterapia emergiu como uma ferramenta relevante durante e após a pandemia de COVID-19, permitindo a continuidade do cuidado fisioterapêutico mesmo em contextos de isolamento social. No campo da saúde da mulher, essa modalidade ampliou o acesso a orientações sobre exercícios domiciliares, autocuidado e técnicas de relaxamento, revelando-se uma estratégia eficaz para a manutenção da saúde física e emocional das pacientes (COSTA; ALVES; BRITO, 2024). A adesão às tecnologias digitais demonstra um caminho promissor para o cuidado contínuo e humanizado. Portanto, é necessário destacar que a efetividade das intervenções fisioterapêuticas em todas as fases do ciclo vital feminino depende de uma abordagem personalizada, baseada em evidências e integrada a outras especialidades da saúde. A fisioterapia, ao reconhecer as especificidades do corpo feminino e suas transformações ao longo do tempo, contribui para uma assistência integral e centrada na mulher, fortalecendo sua autonomia, funcionalidade e qualidade de vida. Dessa forma, o cuidado fisioterapêutico não apenas trata disfunções, mas promove saúde de forma proativa e contínua. 2.3 A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA PÉLVICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE FEMININA A fisioterapia pélvica tem se consolidado como uma intervenção fundamental na promoção da saúde feminina, atuando diretamente na prevenção e reabilitação de disfunções relacionadas ao assoalho pélvico. Essa especialidade fisioterapêutica abrange desde quadros de incontinência urinária e fecal, disfunções sexuais e dor pélvica crônica até alterações decorrentes do envelhecimento e eventos fisiológicos como a gestação e o puerpério. De acordo com Borges e Silva (2020), a abordagem fisioterapêutica é individualizada, respeitando a complexidade e a subjetividade de cada paciente, o que contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida e bem-estar da mulher. Entre as intervenções mais utilizadas, destacam-se os exercícios de fortalecimento muscular, como os de Kegel, o biofeedback, a eletroestimulação funcional e as técnicas manuais. Esses recursos são aplicados com o objetivo de restaurar a função muscular, reduzir a dor e melhorar a percepção corporal. Ricci e Elias (2022) apontam que a combinação desses métodos, quando bem orientada, proporciona resultados satisfatórios no controle de sintomas e na recuperação funcional, promovendo autonomia e segurança para a paciente. Um dos principais focos da fisioterapia pélvica é a incontinência urinária, especialmente a de esforço, que acomete grande parte das mulheres em diferentes fases da vida, incluindo atletas. Rodrigues, Almeida e Souza (2020) destacam que, em mulheres atletas, o aumento da pressão intra-abdominal pode comprometer a função do assoalho pélvico, sendo essencial a prevenção e a correção por meio de programas fisioterapêuticos específicos, que visam à manutenção da continência e da performance esportiva. As disfunções sexuais femininas também são alvo da atuação fisioterapêutica, com impactos significativos na saúde biopsicossocial das pacientes. Oliveira, Costa e Fernandes (2019) evidenciam que a intervenção fisioterapêutica contribui para a melhora da função sexual, da lubrificação e da percepção sensorial, além de reduzir dores como a dispareunia. A abordagem inclui tanto técnicas físicas quanto orientações educativas, sendo essencial para restaurar o prazer e a autoestima. No contexto da dor pélvica crônica, a fisioterapia surge como uma alternativa não farmacológica de grande relevância. Ferreira, Martins e Andrade (2022) relatam que o tratamento fisioterapêutico, baseado na combinação de recursos analgésicos e de reeducação muscular, favorece a diminuição da dor, o ganho de mobilidade e a reabilitação funcional, proporcionando alívio sintomático e suporte emocional à mulher. Mulheres com endometriose também têm se beneficiado das intervenções fisioterapêuticas. Lima, Barros e Castro (2021) demonstram que o acompanhamento fisioterapêutico reduz significativamente a dor e melhora a qualidade de vida, uma vez que auxilia na modulação da resposta inflamatória e na mobilização de estruturas aderidas, o que é essencial para a funcionalidade da pelve. Durante o período pós-parto, a fisioterapia pélvica é essencial na recuperação das estruturas abdomino-pélvicas. A eficácia dos exercícios fisioterapêuticos no tratamento da diástase abdominal, promovendo a reaproximação dos músculos retos abdominais e a estabilização da musculatura central, o que previne disfunções futuras e melhora a funcionalidade da mulher (SANTOS, SILVA; PEREIRA, 2018, p. 106). Na pós-menopausa, a fisioterapia contribui de forma relevante para o tratamento de alterações osteomusculares e hormonais. Silva, Pereira e Carvalho (2023) enfatizam a importância dos exercícios terapêuticos na manutenção da densidade óssea, no fortalecimento muscular e na prevenção de quedas, fatores cruciais para a saúde global da mulher idosa, especialmente considerando os riscos aumentados de osteoporose e fragilidade muscular. Com os avanços tecnológicos, a telefisioterapia tem se mostrado uma alternativa viável para a continuidade do cuidado, especialmenteem situações de isolamento social como na pandemia de COVID-19. Costa, Alves e Brito (2024) apontam que, apesar dos desafios, a atenção fisioterapêutica remota permitiu a manutenção do vínculo terapêutico, o acompanhamento dos exercícios e a orientação contínua das pacientes, garantindo adesão ao tratamento e resultados positivos mesmo à distância. Diante desse panorama, a fisioterapia pélvica reafirma sua importância como ferramenta estratégica de cuidado integral à saúde da mulher. Sua abordagem multifatorial, baseada em evidências científicas e adaptada às necessidades de cada fase da vida, contribui não apenas para a reabilitação, mas também para a prevenção de disfunções, promovendo autonomia, bem-estar físico e emocional. Assim, investir nessa área é fortalecer as bases de uma assistência fisioterapêutica humanizada, eficaz e transformadora. 3 CONCLUSÃO A presente pesquisa teve como objetivo evidenciar a importância da fisioterapia pélvica na promoção da saúde feminina, demonstrando sua contribuição significativa tanto na prevenção quanto no tratamento de diversas disfunções que afetam o assoalho pélvico. A análise aprofundada permitiu confirmar que essa especialidade fisioterapêutica desempenha um papel essencial na melhoria da qualidade de vida das mulheres, atuando diretamente sobre aspectos físicos, emocionais e sociais. Foram abordadas intervenções fisioterapêuticas como os exercícios de Kegel, biofeedback, eletroestimulação e técnicas manuais, todas comprovadamente eficazes segundo a literatura científica utilizada. Disfunções como a incontinência urinária e fecal, a dor pélvica crônica, as disfunções sexuais e alterações decorrentes da gestação, puerpério e menopausa, foram analisadas à luz de estudos atualizados, os quais reforçam a eficácia da fisioterapia pélvica nesses contextos. A pesquisa também demonstrou que, além de sua atuação curativa, a fisioterapia pélvica tem caráter preventivo, especialmente relevante em fases hormonais de transição da mulher. Ademais, o avanço da tecnologia e a utilização da telefisioterapia reforçam a versatilidade e a acessibilidade desse cuidado, especialmente em tempos de limitações físicas ou geográficas. Dessa forma, conclui-se que a fisioterapia pélvica representa um instrumento terapêutico indispensável na saúde da mulher, promovendo bem-estar, autonomia e valorização do cuidado individualizado. O estudo, portanto, confirma os objetivos propostos, ao destacar, com respaldo científico, o impacto positivo dessa especialidade fisioterapêutica na vida das mulheres. 4 REFERÊNCIAS BORGES, F. S.; SILVA, R. C. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. COSTA, J. S.; ALVES, M. L.; BRITO, T. A. Telefisioterapia na saúde da mulher durante a pandemia de COVID-19: desafios e oportunidades. Revista de Atenção à Saúde, São Caetano do Sul, v. 25, n. 74, p. 87-95, 2024. FERREIRA, G. M.; MARTINS, N. R.; ANDRADE, S. F. Fisioterapia no manejo da dor pélvica crônica em mulheres: uma atualização. Dor, São Paulo, v. 23, n. 4, p. 315- 322, out./dez. 2022. LIMA, F. V. de; BARROS, T. P.; CASTRO, A. A. 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