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Empresarial VI-CG-2005

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Apostila de direito 
empresarial VI
Falência e Recuperação da 
empresa
2º semestre de 2005.
Professor: Cláudio Gustavo.�
 LEI Nº 11.101, de 09 de Fevereiro de 2005.
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Capítulo I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
 	Art. 1o. Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a falência e a recuperação extrajudicial do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.
 	Art. 2o. Esta Lei não se aplica a:
 	I – empresa pública e sociedade de economia mista;
 	II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
 	Art. 3o. É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
Art. 4o. O Ministério Público, por iniciativa própria ou mediante provocação, poderá intervir nos processos de recuperação judicial ou de falência quando constatado indício de crime, infração à lei ou ameaça de lesão ao interesse público.(Vetado)
 	Estabelecendo novo regulamento para a crise da empresa, a legislação traz, em suas disposições preliminares, o tratamento da legitimidade passiva para os procedimentos de recuperação e da falência, estabelece o juízo competente para seu processamento, e prevê a legitimação do órgão do Ministério Público na fiscalização e proteção do relevante interesse social envolvido.
	Como destaque, e na contrapartida da pretendida unificação do direito privado, é que o legislador optou por distinguir o tratamento estabelecido para os devedores que se encontrem em estado de insolvência, mantendo o dualismo de regimes-jurídicos aplicáveis, afastando a aplicação dos procedimentos da recuperação e falência ao devedor não-empresário.
Observações Importantes: 1) A presente lei altera o CTN(através da LC nº 118/05), nos seguires artigos: 133, §1º, I,II; §2º,I,I,III e § 3º(NR- nova redação); art. 155-A, § 3º,§4º(NR); art 174, § único, I; art 185,§ único; art.186, § único, I,II e III; art.187(NR); Art 188(NR); art 191(NR), ;art 2º acrescido dos artigos: 185-A e 191-A.
2) Os artigos 503 a 512 do CPP, foram revogados.
3) Esta Lei entra em vigor 120 dias após a sua publicação, por tal razão deve-se obsrvar, também o Dec-lei nº 7.661/45.
4) A Confederação Nacional das Profissões Liberais(CNPL) ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade(ADIN 3424) no STF, com pedido de liminar, contra dispositivis da presente lei. A entidade sindical contesta 3 artigos da norma: o 83, I,”c” do inciso VI e § 4º; o art. 86, II e o art. 84, V. O relator da Ação é o consagrado Ministro Carlos Velloso.
As Sociedades por Ações
	Relativamente às sociedades constituídas sob a forma de sociedades por ações, por força de lei (art. 982, § único, CC) são sempre empresárias, sujeitando-se, portanto, à falência enquanto em atividade, e até que liquidado e partilhado seu ativo (art. 96o, § 1o).
Empresário Irregular
	O empresário irregular não poderá requerer a recuperação judicial (art. 51, V), mas sujeitar-se-á à falência (art. 105, IV). 
O Incapaz
 	Relativamente aos menores, eles se emancipam pelo exercício de empresa com economia própria (art. 5o, parágrafo único, inciso V, CC). Uma vez emancipado, e exercendo a empresa, sujeitar-se-á ao regime estabelecido para a recuperação e falência do devedor empresário.
	Não obstante, o novo Código Civil, no art. 974, prestigiando a teoria da preservação da empresa, passou a admitir legalmente que o incapaz dê continuidade à empresa através de seu representante legal.
	Assim, como empresário individual, o incapaz sujeitar-se-á ao regime estabelecido para a recuperação e falência do devedor empresário.
	Deve-se observar, no entanto, que, em proteção ao incapaz, a lei assegura que os bens que este já possuía antes de exercer a empresa, e desde que estranhos ao acervo desta, não ficarão sujeitos aos resultados da empresa, criando uma limitação de responsabilidade que deverá ser observada.
O Caso Específico do Art. 81
Finalmente, e baseado em evidente equívoco conceitual, é que o artigo 81 do projeto de lei determina que a falência da sociedade acarreta a falência dos sócios de responsabilidade ilimitada. 
	Ao confundir o conceito de sócio, sociedade e empresa, o legislador acaba por atribuir legitimidade passiva ao não-empresário – a condição de sócio não atribuí a qualidade de empresário - para a falência, o que soa como absurdo e contraditório com a própria sistemática estabelecida, que mantém o dualismo de procedimento para a insolvência do devedor comum.
Casos de Extensão
 	Mantendo o mesmo tratamento estabelecido na legislação em vigor, o projeto de lei estende a falência ao comerciante que tenha cessado o exercício de sua atividade até dois anos do pedido da falência (art. 96o, VIII).
 	Além disso, permite que seja requerida a falência do espólio do devedor empresário que falecer em estado de insolvência, até um ano após a sua morte (art. 96, § 1o).
 	Finalmente, o projeto de lei é silente quanto aos expressamente proibidos de exercerem atividade própria de empresário.
 	No entanto, e por força do artigo 973, do Código Civil, que determina a responsabilidade dos legalmente impedidos de exercer a empresa pelas obrigações contraídas, estes ficarão impedidos de requerer a recuperação judicial (art. 51, V), mas sujeitar-se-ão à falência (art. 105, IV).
Casos Específicos de Exclusão
	O Projeto de Lei, não obstante manter a dicotomia de tratamento para o devedor civil e o devedor empresário, exclui, no parágrafo único, do artigo 1o, expressamente de seus efeitos:
I – as empresas públicas e as sociedades de economia mista;
	Já em 1976, as sociedades de economia mista e as empresas públicas estavam excluídas da falência, através de disposição expressa do art. 242, da Lei no 6.404 de 1974.
	Com o advento da Constituição federal de 1988, que determinou, em seu artigo 173, parágrafo 1o, inciso II, a sujeição das sociedades de economia mista e das empresas públicas ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários, passou a ser de constitucionalidade duvidosa a disposição contida na lei das sociedades por ações. 
	Mas, através da Lei no 10.303, de 2001, o artigo 242 da lei foi revogado, afastando qualquer discussão sobre a aplicação da legislação falimentar às sociedades de economia mista e empresas públicas. No entanto, e em vista da disposição do projeto de lei, que destina a elas tratamento específico, a ser estabelecido em legislação específica, abre-se nova possibilidade de discussão da constitucionalidade do tratamento diferenciado. Explica José dos Santos Carvalho Filho, referindo-se a revogação do art. 242 pela Lei 10.303 de 2001, que: 
“a sujeição ao regime falimentar só pode atingir as sociedades de economia mista que exerçam atividade econômica “stricto sensu”, ou seja, de natureza empresarial, porque somente essas são equiparadas às empresas privadas...”. 
E completa: 
“Tratando-se de sociedade de economia mista, que se dedique à prestação de serviços públicos, não incluídas no citado mandamento constitucional, segundo a doutrina prevalente, a insolvência deve regular-se basicamente pelo direito público(...).
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedadede capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
	Como se vê, seguindo a esteira do Decreto-lei 7.661/45, a atual lei de falências exclui do regime-jurídico da recuperação e falência algumas categorias de sociedades.
	Trata-se de uma forma de intervenção no domínio econômico, em áreas consideradas de grande interesse ou estratégicas pelo Estado, que reserva para si a autorização para funcionamento de determinadas atividades de cunho empresarial.
 	Com vistas ao controle e proteção do crédito público, do sistema financeiro nacional, e do direito à saúde, é que se estabelece tratamento específico para a situação de inadimplência destes agentes econômicos, com vistas a evitar e afastar todos os perigos dos efeitos resultantes.
 	Assim, mantém-se a regra da exclusão já prevista em legislação específica, que pode ser absoluta, se a sociedade empresária nunca puder falir, como, por exemplo, no caso das operadoras de planos privados de assistência à saúde, mesmo quando revestidas da forma de sociedade empresária (Lei no 9.656/98, art. 23), ou mesmo relativa, se ela puder falir em determinadas hipóteses, como, por exemplo, no caso das sociedades seguradoras (Decreto-Lei no 73/66, art. 26), e das instituições financeiras (Lei 6024/74, art. 1o), que estão em pleno vigor, conforme artigo 197 dessa lei. 
Juízo Competente
 	Mantendo a regra já prevista na legislação, é que o projeto de lei estabelece como competente para a apreciação do procedimento de recuperação e falência, bem como de seus incidentes, o juízo do principal estabelecimento do devedor.
 	E por principal estabelecimento, deve-se entender não a sede estatutária ou contratual do empresário ou da sociedade empresária devedora, nem o estabelecimento maior física e administrativamente falando, mas sim aquele que se apresente como o economicamente mais importante, por se encontrar concentrado nele o maior volume de negócios da empresa.
O Ministério Público
 	O representante do Ministério Público sempre interviu no concurso de credores ora como fiscal da lei, ora como parte, oferecendo denúncia contra o falido por prática de crime falimentar, cumprindo sua função constitucional e orgânica de proteção ao interesse social. 
	Assim, o art. 4o do projeto de lei estabelece que o Ministério Público poderá intervir, por iniciativa própria ou mediante provocação, nos processos de recuperação judicial ou de falência, quando constatado indício de crime, infração à lei, ou ameaça de lesão ao interesse público.
 	Mas, com vistas a evitar a burocratização do processo, foi afastada a necessidade expressa de intimação do Ministério Público em todos os atos e fases dos procedimentos, permitindo assim que se conquiste uma maior agilidade procedimental. 
	No entanto, foram ressalvados os eventos importantes em que a intimação do Ministério Público é obrigatória, como no deferimento do processamento da recuperação judicial (art. 52, V), na decretação da falência (art. 99, XVIII), na alienação de bens da massa falida (art.142, § 7o), e na prestação de contas do administrador judicial (art. 154, § 3o). 
Capítulo II
DISPOSIÇÕES COMUNS À RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL E À FALÊNCIA
Seção I
Disposições Gerais
 Art. 5º e Art. 6º
Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:
I – as obrigações a título gratuito;
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio como o devedor.
COMENTÁRIOS: O art. 5º da nova Lei de Falências, deve ser entendido de modo abrangente e não somente literal, eis que não cuidou a lei de mencionar e delimitar as obrigações a que fez menção. A referência do art. 5º da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45, está no art. 23 do Decreto até então vigente. Inicialmente há de se fazer a menção do caput do art. 5º da lei, com os Capítulos III e V do mesmo diploma, eis que concernentes a recuperação judicial e a falência propriamente dita. Indica este artigo que não serão exigíveis, ou seja, não poderão ser requeridos do devedor, no momento da feitura do plano de recuperação judicial ou na falência, as obrigações a título gratuito e as despesas que os credores obtiveram para participarem da recuperação judicial ou da falência, salvo as custas judiciais. Entende-se por obrigações a título gratuito aquelas também conhecidas por benefício, que são aqueles que proporcionam vantagem a somente uma das partes, já que apenas uma delas será onerada sem qualquer contraprestação, encerrando uma liberalidade, já que uma das partes sofre diminuição de seu patrimônio em favor da outra. São exemplos as doações puras e simples, depósitos ou mútuos sem retribuição, comodatos, cessões gratuitas. As despesas dos credores não exigíveis do devedor podem ser entendidas como aquelas realizadas com consultores, analistas, peritos e avaliadores não judiciais, eis que as despesas processuais podem ser requeridas e exigidas. Salienta-se o disposto no art. 19 do CPC, que acrescenta que salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final. A divergência ocorre no tangente aos honorários de advogado, já que a nova Lei de Falências, assim como o Dec. Lei 7661/45, não fizeram menção expressa a seu ônus. A questão dos honorários controvertida, em razão da possibilidade, ou não, de aplicação supletiva do CPC na Lei Falimentar. Neste sentido, afirmou o STF: “Não se tratando de institutos como Embargos de terceiro ou pedido de restituição, o sistema da lei especial que disciplina a falência é contrário ao regime da sucumbência.” (RTJ 84/693)
Atualmente as 3ª e 4ª Turmas do STJ entendem que a parte que sofreu derrota em juízo, deve responder pelas verbas de sucumbência, embasado no disposto no art. 20 do CPC que coloca o vencido para pagar o vencedor das despesas que antecipou, além dos honorários advocatícios. 
Para este artigo também deve corroborar o entendimento da súmula 565 do STF que aduz que a multa fiscal moratória, não deve ser incluída no crédito falimentar, eis que constitui pena administrativa. Ocorre que a aplicação desta súmula atualmente não é estendida a concordata, razão pela qual por aplicação analógica não deve ser aplicada a recuperação judicial.
Neste sentido manifesta-se a Jurisprudência:
“MASSA FALIDA – ARTS. 467 E 477, § 8º, DA CLT – FRAUDE CONTRA CREDORES – ATO ILÍCITO – O disposto no art. 23, parágrafo único, do Decreto-Lei nº 7.661/45, estabelece privilégio em favor do comerciante falido, ao excluir da falência o pagamento das penas pecuniárias por infração das leis penais e administrativas. A jurisprudência trabalhista reconhece a inaplicabilidade à massa falida das multas previstas na consolidação das Leis do Trabalho, por força do entendimento consubstanciado na orientação jurisprudencial nº 201, da sdi-1, do c. TST. Todavia, tal privilégio só deve ser concedido ao falido que encontra-se em estado falimentar em virtude do risco da atividade econômica. O mesmo privilégio não pode ser estendido, todavia, ao comerciante que se vale de sua condição para agir com abuso de direito e fraude aos credores, gerando prejuízo e lesão ao patrimônio dos empregados, negando-lhes o direito de auferir verbas de nítida natureza alimentar. A ninguém cabe se valer da própria torpeza, como decorre do brocardo latino "nemo locupetari debet cum aliena injuria vel jactura". Uma vez constatada a fraude praticada pelo empregador em prejuízo de seus empregados, não pode a lei acobertar tal ato e conceder, ainda, privilégio ao devedor. Afastar a aplicação da multa prevista na norma consolidada, nesse caso, tendo em conta que a mesma reverte em favor do obreiro, equivaleria a gerar crédito em favor de obrigações de natureza comercial e fiscal, em prejuízo do caráter alimentar das verbas trabalhistas, o que repugnaao direito do trabalho. Correção monetária. É aplicável o índice de correção monetária às verbas devidas pela massa falida. O artigo 46, caput, do ato das disposições constitucionais transitórias da Constituição Federal é claro ao estabelecer que "são sujeitos à correção monetária desde o vencimento, até seu efetivo pagamento, sem interrupção ou suspensão, os créditos junto a entidades submetidas aos regimes de intervenção ou liquidação extrajudicial, mesmo quando esses regimes sejam convertidos em falência." recurso da reclamada a que se nega provimento. (TRT 9ª R. – Proc. 03702-2001-016-09-00-0 – (21857-2003) – Rel. Juiz Ubirajara Carlos Mendes – DJPR 26.09.2003) JCLT.467 JCLT.477 JCLT.477.8. JLF.23 JLF.23.PUN JADCT.46”
“PROCESSUAL CIVIL – EMBARGOS À EXECUÇÃO – MASSA FALIDA – MULTA MORATÓRIA – ART. 23, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO III, DO DECRETO-LEI Nº 7.661/45 – SÚMULA 565 DO STF – 1. A multa fiscal moratória não pode ser cobrada da massa falida, nos termos do art. 23, parágrafo único, III, da Lei de Falências (Decreto-Lei nº 7.661/45) e da Súmula 565 do STF. 2. Remessa improvida. (TRF 1ª R. – REO 01990036741 – MG – 4ª T. – Rel. Des. Fed. Hilton Queiroz – DJU 12.11.2002 – p. 84) JLF.23 JLF.23.PUN.III JLF.23.PUN”
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.
§ 1º - Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação de demandar quantia ilíquida.
§ 2º - É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.
§ 3º - O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º poderá determinar a reserva da importância que estima devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direto, será o crédito incluído na classe própria.
§ 4º - Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de cento e oitenta dias contados do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.
§ 5º - Aplica-se o disposto no §2º à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o §4º, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja no quadro geral de credores.
§ 6º - Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial:
I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial;
II – pelo devedor, imediatamente após a citação.
§ 7º - As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica.
§ 8º - A distribuição de pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido, de recuperação judicial ou falência, relativo ao mesmo devedor.
COMENTÁRIOS: A referência do art. 6º, caput, da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45, está art. 24, caput, e 161, II, do Dec. Lei 7661/45. Com o deferimento do processamento da recuperação judicial ou com a decretação da falência, ocorre a suspensão da prescrição de todas as ações e execuções movidas em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. O momento da suspensão da prescrição é de grande valia e importância legal, posto que não pode o pedido de processamento da recuperação judicial ser entendido como o seu já deferimento. A aplicação da suspensão prescricional somente ocorre com o deferimento do Juiz competente para julgar ou homologar o plano de recuperação e não com o simples apresentar da petição inicial. A referência do art. 6º, § 1º da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45, está no art. 24, §2º, II do Dec. Lei 7661/45. O parágrafo 1º do art. 6º da nova Lei de Falências, elenca que a ação que demandar quantia ilíquida não estará sujeita a atração do juízo universal da falência. Primeiro há de ser entendido o que se denomina de crédito ilíquido. Ilíquida é a quantia que está pendente de liquidação, ou seja, está faltando-lhe a apuração certa e exata do valor devido. Vários são os modos de liquidação da sentença: por cálculo, por arbitramento ou por artigos. Quando o legislador determinou que o prosseguimento da ação que demandar quantia ilíquida deve prosseguir no juízo do qual já estiver sendo processado, este excluiu as referidas ações do juízo universal da falência, com seu respectivo poder de atração das lides.
Deve ser entendido como juízo da falência, aquele juízo competente para julgar as ações falimentares, ou seja, aquele do local onde se encontra o estabelecimento do devedor. O juízo universal é aquele competente para apreciar todas as ações referentes aos bens, interesses e negócios do devedor. Ocorre no juízo universal a aptidão atrativa, no qual restringe a este Juízo a competência para processar e julgar as ações referentes ao devedor, seja na recuperação judicial ou na falência. A inovação deste artigo está justamente na exclusão da aptidão atrativa do juízo universal, que somente ocorrerá na fase posterior ao trânsito em julgado da respectiva ação, momento em que será iniciada a liquidação do julgado. A referência do art. 6º, § 2º da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45, está no art. 102. Com a ocorrência de ações de natureza trabalhista em curso ou posteriores ao deferimento do processamento do plano de recuperação judicial ou da falência, estas deverão ser processadas e julgadas pela Vara do Trabalho competente para apreciar o litígio, sendo que a fase de liquidação da sentença, também deverá ocorrer nesta justiça especializada, sendo atraída pela aptidão atrativa do juízo universal da falência, tão somente após a determinação exata do valor devido. Existem esclarecimentos quanto aos efeitos das ações em curso no momento da decretação da falência ou do deferimento do processamento da recuperação judicial:
1. Se não ocorreu a penhora de crédito proveniente de ação anterior ao momento da decretação da falência ou do deferimento do processamento da recuperação judicial, o crédito dever ser habilitado perante o administrador judicial, pessoa designada nos termos do art. 21 da nova Lei de Falências.
2. Se já ocorreu a penhora no juízo trabalhista o entendimento majoritário atual é de que a execução não poderá prosseguir, ainda que a penhora tenha sido realizada antes da quebra, salvo se já aprazada a praça. (STJ – 2ª Seção – CC19.468- SP , rel. Min. Ari Pargendler, j.15.05.99, vu DJU 07.06.99), ou seja, deverá prosseguir no juízo universal da falência.
3. Se já ocorreu penhora e não compete ao juízo trabalhista a designação da data da praça, esta deve ser sustada a hasta pública e outra deverá ser designada pelo Juízo Falimentar. (STJ – 2ª Seção – CC 19.929-PR, rel. Min. Cesar Rocha, j.24.06.98, vu DJU 19.10.98)
4. Se a data da praça já estiver designada, esta deverá ser realizada no juízo trabalhista e o produto deverá ir para a massa para ser processado o concurso de credores trabalhistas. (RSTJ – 79/143 – STJ – 2ª Seção - CC 34.501-MG, rel. Min. Ari Pargendler, j.11.12.02, vu DJU 17.03.03)
5. Se a praça foi realizada sem licitante, o pedido de adjudicação deverá ser decidido pelo Juiz do Trabalho. (STJ – 2ª Seção - CC 33.877- GO, j. 24.04.02, vu DJU10.06.02); Há entendimento de que não poderá haver a adjudicação pelo Reclamante. (STJ – 2ª Seção - CC 26.918-SP, rel. Min. Aldir Passarinho, j.13.10.99, vu DJU 03.04.00)
A referência do art. 6º, § 3º da nova Lei de Falências Dec. Lei 7661/45, está no art. 24, § 3º e art. 130. Uma vez reconhecido o direito do trabalhador, a fim de que esta não venha a perder com o esgotamento dos bens do devedor, este poderá requerer, desde a propositura da ação trabalhista, a reserva da importância que estimar devida, possibilitando assim, após a liquidação, a sua efetiva habilitação na classe de credores correspondente para posterior recebimento do devido. Não há referência para o do art. 6º, § 4º da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45. Para este parágrafo, basta a sua interpretação literal, que diz que em hipótese nenhuma a suspensão da prescrição excederá o prazo de cento e oitenta dias contados do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. Não há referência para o do art. 6º, § 5º da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45. A referência do art. 6º, § 6º da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45, está no art. 24 e 63, VIII, XVI. Além das verificações periódicas nos cartórios distribuidores, as ações contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência pelo juiz competente (de ofício) quando do recebimento da petição inicial ou pelo devedor imediatamente após a citação. Não há referência para o do art. 6º, § 7º da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45.
O parágrafo 7º é uma exceção ao caput e ao §4º do art. 6º, eis que informa e determina a não suspensão para as ações de natureza fiscal, salvo se no caso de concessão de parcelamento, devidamente comprovado. A referência do art. 6º, § 8º da nova Lei de Falências no Dec. Lei 7661/45, está no art. 202 e parágrafos. A distribuição de pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido, de recuperação judicial ou falência, relativo ao mesmo devedor.A prevenção como elencado no art. 106 do CPC, é fenômeno pelo qual correndo em separado ações conexas perante juízes diferentes que têm a mesma competência territorial, o competente para apreciar, ou seja, o juízo prevento, é aquele que despachou em primeiro lugar. A divergência existe quanto a ocorrência ou não da prevenção quando o devedor já tiver sido processado e julgado, com a respectiva extinção da ação pela quitação do débito, estaria ou não o primeiro juízo prevento para novo pedido de falência? 
1ª corrente: Não gera prevenção. (STJ – 1ª Turma – RMS 95-0-ES, rel. Min. Humberto Gomes de Barro, j.06.06.94, negaram provimento, vu DJU 27.06.94, p. 16.877 ) (RJTJESP 22/373, 30/293)
2ª Corrente: Gera prevenção. (RJTJESP 30/258, Bol. AASP 842/168) 
Seção II
Da Verificação e da Habilitação de Créditos
 Art. 7º ao Art. 20
Na rubrica da seção concernente a verificação e habilitação dos créditos, já encontramos as primeiras diferenças entre o Decreto-lei nº 7.661/45 (LF) e a Nova Lei de Falências (NLF). A LF trata conjuntamente da verificação e classificação dos créditos no Título VI, subdividindo a matéria em duas seções (uma para a verificação e outra para a classificação dos créditos).
Em contrapartida, a NLF reorganizou e seccionou o tema, pois a seção II trata da verificação e habilitação dos créditos, dispondo de regras comuns à recuperação judicial e à falência. A classificação dos créditos, por sua vez, foi deslocada para o capítulo V, que traz regras específicas para a falência. Da análise do texto desta seção, percebe-se a preocupação do legislador em adequar a legislação falimentar às regras dos direitos material e processual vigentes. 
De um modo geral, houve a redução das formalidades e a dinamização do procedimento das impugnações. Constata-se, também, menor participação do membro do Ministério Público, ingerência meramente instrumental do magistrado e participação mais ativa do administrador judicial (nomenclaturado síndico pela LF). Passemos ao estudo pormenorizado dos artigos da NLF.
Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
§ 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º, ou no parágrafo único do art. 99, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.
§ 2º O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do caput e do § 1º, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias contado do fim do prazo do § 1º, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8º terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação.Havia divergência doutrinária se o procedimento das declarações dos créditos pela LF era administrativo ou judicial. A melhor doutrina se inclinava em considerá-las como ações de natureza incidental em relação ao processo principal da falência�. Com a NLF esta discussão tornar-se-á obsoleta. O procedimento de habilitação dos créditos tem cunho eminentemente administrativo, uma vez que não houve reprodução do art. 80 da LF. As habilitações de crédito serão endereçadas para o administrador judicial e não mais ao juiz. 
A LF é específica para habilitação dos créditos na hipótese de falência. O parágrafo primeiro do art. 7º NLF, por sua vez, dá tratamento unificado às habilitações nos casos de recuperação judicial e falência, bem como não reproduz regras especiais para a habilitação do crédito do síndico, previsto no art. 86 da LF.	O prazo para as habilitações na LF era fixado pelo juiz, que podia variar entre 10 a 20 dias em função do vulto da falência�. Determinava o art. 81 da LF, que os credores constantes na escrituração do falido seriam comunicados da falência através de circulares expedidas pelo síndico. Tal prática não era usual, já que dispendiosa para a massa falida. Assim, se o credor não se habilitasse, não havia responsabilização do síndico, salvo na hipótese do art. 125 da LF�.Em breves palavras, o trâmite das habilitações dos créditos começava com a sentença de quebra, que fixava o prazo para declaração do crédito em juízo. Em seguida, formavam-se os autos de verificação de crédito e, após a manifestação do síndico, era possível a impugnação dos credores, do falido ou dos sócios deste. Era necessária, também, a intervenção do MP. O legislador, no entanto, quis dar mais celeridade ao trâmite da verificação dos créditos, positivando que os credores serão cientificados por edital com prazo de 15 dias, na forma do art. 191 da NLF, para habilitarem seus créditos perante o administrador judicial.
Recebidas as declarações dos créditos, o administrador judicial elaborará a relação dos credores, onde poderá, inclusive, arrolar credores não habilitados, desde que baseado nos livros contábeis ou documentos comerciais do devedor. Esta lista deve ser publicada no prazo de 45 dias, sob pena das sanções previstas no art. 23 da NLF. 	No referido edital o administrador judicial fixará prazo comum aos legitimados à habilitação para análise dos documentos embasadores da relação dos créditos, que poderão, então, impugná-la. Logo, o prazo de vista de documentos não poderá exceder ao prazo de 10 dias para impugnação dos créditos.
	A guarda, verificação e classificação dos documentos creditórios são de responsabilidade do administrador judicial, que responderá na forma do art. 24, §3º, da NLF. 
Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7º, § 2º, o Comitê, qualquer credor, o devedorou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. 
Parágrafo único. Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos arts. 13 a 15.
	Conforme o art. 85, caput, LF, o prazo para impugnação do crédito era de cinco dias. A NLF aumentou o prazo para dez dias e, ainda, extinguiu o tratamento diferenciado para impugnação dos credores e síndico existente nos arts. 85 a 87 da LF.
	No mais, foram mantidos os mesmos legitimados e fundamentos para a impugnação, conforme o art. 84, parágrafo segundo, LF.
O parágrafo único do art. 8º da NLF se assemelha ao art. 88, parágrafo segundo, da LF, no que tange a regra de autuação apartada da impugnação.
Art. 9º A habilitação de crédito, realizada pelo credor nos termos do art. 7º, § 1º, deverá conter:
I - o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo;
II - o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação;
III - os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a ser produzidas;
IV - a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento;
 V - a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor.
Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo. Este artigo trata da habilitação de crédito tempestiva, assemelhando-se ao art. 82 da LF.
Todavia, é desnecessária a entrega da habilitação em duas vias, como ocorria na LF, pois não há mais a necessidade de uma via cartorária e outra para o síndico. A alteração se justifica, uma vez que a habilitação, pela NLF, será endereçada diretamente ao administrador judicial.
Na LF não havia a necessidade de advogado para representar o credor neste procedimento. Apesar do dispositivo não ter sido repetido, entendemos pela permanência desta faculdade ao credor, já que este ato é administrativo. Era indispensável o reconhecimento da firma do credor habilitante na declaração, de acordo com a LF. Tal regra, ao nosso sentir, não permanece na NLF, já que o art. 113 e 2035, ambos do CC/02, trazem os postulados da boa-fé objetiva e função social dos contratos, que limita a autonomia da vontade, tornando os atos presumivelmente verossímeis. O art. 82, §1º, da LF possibilitava a substituição dos títulos comprobatórios do crédito por certidões de inteiro teor, quando o original estivesse instruindo outro processo. É cediço que a NLF permite a juntada de fotocópias autenticadas. Ora, tal discricionariedade esboça a preocupação do legislador em aplicar princípios que favoreçam a efetividade e a celeridade processuais, traduzindo a busca pela visão sistêmica do ordenamento jurídico. Entendemos que esta nova regra, por sua vez, não excluirá a possibilidade do credor de apresentar certidão de inteiro teor com o mesmo intento.
Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7º, § 1º, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias.
§ 1º Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembléia-geral de credores. 
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º ao processo de falência, salvo se, na data da realização da assembléia-geral, já houver sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário.
§ 3º Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação.
§ 4º Na hipótese prevista no § 3º, o credor poderá requerer a reserva de valor para satisfação de seu crédito.
§ 5º As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15.
§ 6º Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito. Aqui o legislador faz menção às habilitações intempestivas ou retardatárias, trazendo similitudes ao art. 98 da LF. 	No que tange ao parágrafo primeiro, é mister afirmar que ele foi incluído no texto original, com o intuito de dar maior proteção ao crédito trabalhista, uma vez que estes terão direito a voto, ainda que sejam retardatários. Esta penalidade ao credor intempestivo é inovadora em relação à LF, até porque não havia a obrigatoriedade de assembléia neste diploma legal.
De forma semelhante ao art. 98, da LF, o parágrafo terceiro apresenta as demais conseqüências que sofrerá o retardatário da massa falida: a perda do direito a rateios anteriormente realizados; sujeição ao pagamento de custas e a constituição de advogado, já que o rito será o da impugnação. Além disto, este credor não terá direito à incidência dos acessórios no lapso temporal que o tornou retardatário. Esta novidade legal está em consonância com o princípio falimentar da participação ativa dos credores contida na nova lei, tendo em vista que tal regra tem caráter sancionatório ao credor desidioso. 
Contudo, poderá haver discussões sobre a matéria, tendo em vista que pelos princípios gerais de direito civil, há a vedação do enriquecimento sem causa (vedação do retrocesso legal). Inclusive, o credor intempestivo já terá outras restrições suficientes para penalizá-lo. O parágrafo quarto, que trata da reserva de crédito na falência, é semelhante ao art. 130, da LF. Todavia, não foi reproduzido o parágrafo único deste dispositivo que trazia conteúdo expresso sobre a ausência de efeito da reserva do crédito, nos casos de inércia ou desídia do credor. Entendemos que, apesar na NFL não repeti-lo, este deve ser aplicado através de uma interpretação sistemática da matéria.
Finalmente, os parágrafos quinto e sexto apontam o processamento das habilitações retardatárias na forma de impugnação, até a homologação do Quadro Geral de Credores. Após, o rito será o ordinário, conforme o art. 274 do CPC. Art. 11. Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para contestar a impugnação, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando os documentos que tiverem e indicando outras provas que reputem necessárias. Similar ao art. 90 da LF, diferindo com relação ao prazo, que antes era de três dias.
Art. 12. Transcorrido o prazo do art. 11, o devedor e o Comitê, se houver, serão intimados pelo juiz para se manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Findo o prazo a que se refere o caput, o administrador judicial será intimado pelo juiz para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar à sua manifestação o laudo elaborado pelo profissional ou empresa especializada, se for o caso, e todas as informações existentes nos livros fiscais e demais documentos do devedor acerca do crédito, constante ou não da relação de credores, objeto da impugnação.
Diferente do art. 91 da LF, que determinava a manifestação do MP nas impugnações, esta norma estabelece que o prazo de manifestação será somente para o devedor e comitê de credores, se houver. O art. 92, II, “b” c/c art. 93, LF determinavam que, se o juiz entendesse necessário, nomear-se-ia do perito, com prazo para apresentação de quesitos. A NLF explicita solução diversa: necessidade de parecer do administrador judicial, que poderá conter laudo pericial, caso este entenda cabível. 
Art. 13. A impugnação será dirigida ao juiz por meiode petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias.
Parágrafo único. Cada impugnação será autuada em separado, com os documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo crédito.
Assemelha-se ao art. 88 LF, com a aplicação do art. 282 CPC (regras de petição inicial), uma vez que a impugnação tem natureza de ação incidental falimentar.
Art. 14 . Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro geral de credores, a relação dos credores constante do edital de que trata o art. 7º, § 2º, dispensada a publicação de que trata o art. 18.
Dentre as atribuições do administrador judicial, antes denominado síndico, encontra-se a de relacionar os credores, na forma da referida lei, e fazer publicar edital com a mencionada listagem, que ainda não recebe do legislador a denominação de quadro geral de credores. Dita expressão somente começa a ser utilizada no momento em que o juiz homologa a ordem publicada pelo administrador judicial. Aliás, homologar também é uma novidade no que tange ao quadro geral de credores. Recorde-se que, ao tempo da legislação falimentar, havia um julgamento dos créditos pelo magistrado que, com o novo diploma legal, passa apenas a homologar o trabalho feito pelo administrador judicial, caso não haja impugnações. Corresponde ao artigo 92, I do Decreto-lei n.º 7.661/1945, in verbis:
“Art. 92 – Voltando os autos, o escrivão os fará imediatamente conclusos ao juiz que, no prazo de 5 (cinco) dias:
I – julgará os créditos não impugnados, e as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando de cada crédito, o valor e a classificação; (...)”
Note-se que, seguindo a tendência desta nova lei, o legislador evita, no artigo 14, a utilização dos denominados prazos impróprios, já que não mais estabelece prazo para que o juiz homologue a relação de credores, tal como fazia anteriormente. Relevante, por fim, ressaltar que a pesar de ser o artigo 92 um tanto mais específico, as atividades permanecem as mesmas, apenas foram transferidas do juiz para o administrador judicial. Assim, deve o administrador realizar o trabalho referente ao quadro geral de credores, cabendo ao magistrado apenas a homologação, caso não tenha havido impugnação.
Art. 15. Transcorridos os prazos previstos nos arts. 11 e 12, os autos de impugnação serão conclusos ao juiz, que:
determinará a inclusão no quadro geral de credores das habilitações de créditos não-impugnadas, no valor constante da relação referida no § 2º do art. 7º;
julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação;
fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes;
determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.
Caso tenha havido impugnação dos créditos anteriormente habilitados, abre-se prazo para contestação, seguida de intimação e manifestação do devedor e do Comitê, nos termos dos artigos 11 e 12. Após, os autos seguem para o juiz. Se não houve impugnação, os créditos serão incluídos no quadro geral de credores tal com relacionados pelo administrador judicial. Caso contrário, pode ainda o magistrado julgar antecipadamente a lide (inciso II), aproximando-se do que dispõe o ar. 330, I do Código de Processo Civil, in verbis:
“Art. 330 – O juiz conhecerá imediatamente do pedido, proferindo sentença:
I – quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência; (...)”
Não obstante se verifique certa aproximação com os institutos do processo civil, afasta-se o inciso em comento do seu correspondente no Decreto-lei n.º 7.661/1945, qual seja, art. 92, II, ‘a’, que cuida da audiência de verificação de créditos, não reproduzida na nova lei. O referido artigo 92 ainda merecerá comentários quando da análise do inciso IV.
Nos incisos III e IV, ao estabelecer que o juiz deverá fixar os aspectos controvertidos e decidir as questões processuais pendentes, determinando as provas a serem produzidas e designando audiência de instrução e julgamento, está o legislador reproduzindo as regras atinentes ao despacho saneador presentes no artigo 331, caput e § 2º do Código de Processo Civil, in verbis:
“Art. 331 – Se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes e a causa versar sobre direitos disponíveis, o juiz designará audiência de conciliação, a realizar-se no prazo máximo de trinta dias, à qual deverão comparecer as partes ou seus procuradores, habilitados a transigir.(...)
§ 2º - Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.”
Cumpre ressaltar que o legislador, mais uma vez, procura adequar-se com as regras procedimentais vigentes ao criar uma espécie de saneador na impugnação. Tanto isso é verdade que não mais o legislador faz referência à anterior “audiência de verificação de crédito” tal como fazia no artigo 92, II, ‘a’ do Decreto lei n.º 7.661/1945, mas sim à audiência de instrução e julgamento. Nota-se, portanto, a adequação da regras do procedimento falimentar às regras processuais do Código de Processo Civil.
Art. 16. O juiz determinará, para fins de rateio, a reserva de valor para satisfação do crédito impugnado.
A regra referente à reserva não é nova, vez que a tal possibilidade já fazia menção o Decreto-lei n.º 7.661/1945, no seu artigo 130 e parágrafo único nos seguintes termos:
“Art. 130. O juiz, a requerimento dos interessados, ordenará a reserva, em favor destes, até que sejam decididas as suas reclamações ou ações, das importâncias dos créditos por cuja preferência pugnarem, ou dos rateios que lhes possam caber.
Parágrafo único. Se o interessado a favor do qual foi ordenada a reserva, deixar correr os prazos processuais da reclamação ou ação, sem exercer o seu direito, se não preparar os autos dentro de 3 (três) dias depois de esgotado o último prazo, se protelar ou criar qualquer embaraço ao processo, o juiz, a requerimento do síndico, considerará sem efeito a reserva.”
Verifica-se que o artigo 16 deve ser interpretado sistematicamente e em conjunto com os artigos 10, § 4º e 15, todos da nova lei de falências. Tudo isso para que se conclua que o juiz deve aguardar o requerimento da parte interessada, para só então analisar sobre a reserva, no momento a que se referem os incisos do artigo 15. Deste modo, não poderia o intérprete cometer a falha de entender que a determinação a que se refere o artigo 16, por ausência de menção expressa à motivação, poderia se dar de ofício. Não é o melhor entendimento, vez que toda a lei deve guardar harmonia, sendo de todo impensada a reserva de ofício. Assim, deve haver prévio requerimento da parte interessada e, apesar de não haver correspondente para o parágrafo único do artigo 130, sua regra poderá ser aplicada, em observância aos princípios processuais mais modernos. Poderia o conteúdo do caput do artigo 16 figurar como mais um inciso ao artigo 15, vez que este será o momento de sua ocorrência, guardando mais relação com este artigo supra do que com o seu próprio parágrafo único, cujo conteúdo é inteiramente diverso do que dispõe o caput, como se verá a seguir.
Art. 16. (...) 
Parágrafo único. Sendo parcial, a impugnação não impedirá o pagamento da parte incontroversa.
A começar pelo fato de não serem, caput e parágrafo único, sistêmicos, trata-se de regra bastante específica, que requer do intérprete um retorno ao artigo 8º, que enumera os fundamentos da impugnação. Aliás, a regra do parágrafo único poderia integrar o artigo 8º ou,até mesmo, o artigo 17, não tendo sido a melhor opção a de alocá-lo como parágrafo único de um artigo cujo caput faz referência a tema diverso.
Verifica-se, da leitura atenta do artigo 8º, que apenas quando a impugnação disser respeito à importância do crédito habilitado é que poderá ser parcial e, apenas nesta hipótese é que caberia o pagamento da parte incontroversa. Além desta interpretação forçosamente restritiva, o intuito do legislador foi o de facilitar o levantamento dos valores sobre os quais não versam a impugnação.
Art. 17. Da decisão judicial sobre a impugnação caberá agravo.
Parágrafo único. Recebido o agravo, o relator poderá conceder efeito suspensivo à decisão que reconhece o crédito ou determinar a inscrição ou modificação do seu valor ou classificação no quadro geral de credores, para fins de exercício de direito de voto em assembléia geral. O artigo 189 da nova lei falimentar, tal como já fazia o artigo 207 do Decreto lei n.º 7.661/1945, prevê aplicação subsidiária do Código de Processo Civil no que diz respeito aos procedimentos. Deste modo, o procedimento do agravo será o já existente no Código de Processo Civil. Difere a nova regra do caput de seu correspondente anterior, qual seja, artigo 97 do DL n.º 7.661/1945 e seus parágrafos, in litteris:
“Art. 97 – Da sentença do juiz, na verificação do crédito, cabe apelação ao prejudicado, ao síndico, ao falido e a qualquer credor, ainda que não tenha sido impugnante.
§ 1º - A apelação, que não terá efeito suspensivo, pode ser interposta até 15 (quinze) dias depois daquele em que for publicado o quadro geral de credores, e será processada nos autos da impugnação.
§ 2º - Se não for interposto recurso da decisão do juiz na impugnação de créditos, os respectivos autos serão apensados aos das declarações de crédito.”
Logo de início perceberá o mais desavisado leitor que o recurso previsto no dispositivo anterior era o de apelação e, expressamente se afastava a possibilidade de dar-se efeito suspensivo ao mesmo. No entanto, não se pode afirmar simplesmente que de um sistema que estabelecia a apelação sem efeito suspensivo passou-se para um novo sistema que admite o agravo com efeito suspensivo. Tal conclusão é demasiado simplista, vez que a redação do parágrafo único não apresenta conteúdo tão abrangente quanto o existente no Direito Processual Civil. Desta forma, o efeito suspensivo a ser atribuído ao agravo interposto da decisão judicial acerca da impugnação, tem finalidade específica de possibilitar o exercício do direito de voto em assembléia geral. Trata-se de uma restrição à regra geral processual prevista no artigo 527, III do citado Código de Processo Civil, que tem o seguinte conteúdo:
“Art. 527 – Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: 
	(...)
	III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ou juiz sua decisão;
	(...)”
Além de restritiva, a possibilidade de aplicar-se o efeito suspensivo ao agravo é mais uma hipótese em que o legislador garante o exercício do direito de voto em assembléia.
Art. 18. O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral de credores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores a que se refere o art. 7º, § 2º, e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas.
Parágrafo único. O quadro geral, assinado pelo juiz e pelo administrador judicial, mencionará a importância e a classificação de cada crédito na data do requerimento da recuperação judicial ou da decretação da falência, será juntado aos autos e publicado no órgão oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data da sentença que houver julgado as impugnações. O caput do artigo em questão assemelha-se ao disposto no artigo 96, caput, do DL n.º 7.661/1945, enquanto o parágrafo único do artigo 18 é semelhante ao § 2º do já citado artigo 96, mantendo-se, inclusive, o mesmo prazo de cinco dias. Nos termos do disposto no DL n.º 7.661/1945, temos:
“Art. 96. Na conformidade das decisões do juiz, o síndico imediatamente organizará o quadro geral de credores admitidos à falência, mencionando as importâncias dos créditos e a sua classificação, na ordem estabelecida no art. 102 e seu § 1º.
§ 1º - Os credores particulares de cada um dos sócios solidários serão incluídos no quadro, em seguida aos credores sociais, na mesma ordem.
§ 2º - O quadro, assinado pelo juiz e pelo síndico, , será junto aos autos da falência e publicado no órgão oficial dentro do prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da sentença que haja ultimado a verificação dos créditos.”
Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados à época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro geral de credores. Verifica-se que o caput guarda semelhança com o artigo 99 do DL n.º 7.661/1945, ao dispor sobre a ação revisional de crédito. No entanto, o novo dispositivo confere poderes ao membro do Ministério Público, que não dispunha antes de legitimidade ativa na ação ordinária ali descrita. Trata-se de uma hipótese de legitimidade ativa do Parquet na área cível, na contramão do princípio da racionalização das atividades do Ministério Público.Cumpre ressaltar que, não obstante não tenha havido reprodução do parágrafo único do já citado artigo 99, o recurso cabível desta sentença será o de apelação. § 1º - A ação prevista neste artigo será proposta exclusivamente perante o juízo da recuperação judicial ou da falência ou, nas hipóteses previstas no art. 6º, §§ 1º e 2º, perante o juízo que tenha originariamente reconhecido o crédito.
§ 2º - Proposta a ação de que trata este artigo, o pagamento ao titular do crédito por ela atingido somente poderá ser realizado mediante a prestação de caução no mesmo valor do crédito questionado. O primeiro parágrafo deve ser interpretado em cada uma de suas duas partes. A primeira confirma a regra do juízo universal, tendo a ação natureza incidental. Já a segunda parte remete para as exceções a este princípio, tendo em vista que o juízo da causa originária é o mais indicado para a apreciação desta ação, já que analisou o lastro probatório que reconheceu o crédito. No que tange ao segundo parágrafo, é semelhante ao artigo 588, II do Código de Processo Civil que explicita sobre a execução provisória, possibilitando que o credor levante a importância pertinente ao seu crédito, desde que caucione o juízo.
“Art. 588 – A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:
(...)
II – o levantamento de depósito em dinheiro, e a prática de atos que importem alienação de domínio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução idônea, requerida e prestada nos próprios autos da execução.”
Art. 20. As habilitações dos credores particulares do sócio ilimitadamente responsável processar-se-ão de acordo com as disposições desta Seção. Tal disposição assemelha-se ao que já foi acima transcrito do disposto no § 1º do artigo 96 do DL n.º 7.661/1945. Como alteração, temos que o legislador não mais se refere ao “sócio solidário”, mas sim ao “sócio ilimitadamente responsável”, que nos parece uma expressão mais tecnicamente ajustada.
Antes que se encerre a discussão acerca dos artigos da Seção II da Nova Lei de Falências, que cuida da verificação e da habilitação de créditos, cumpre mencionar que há artigos do DL n.º 7.661/1945 que não foram reproduzidos na nova lei, não obstante digam respeito ao assunto sob exame. Tal se deu com o disposto nos artigos 89, 100 e 101do mencionado DL. Não obstante sua ausência, deve se atentar à aplicação das normas do Código de Processo Civil, ante o disposto no artigo 189 da Nova Lei de Falências. “Art. 89 – Para desistir da impugnação, o impugnante deverá pagar as custas e despesas devidas. Não havendo outros impugnantes, o escrivão fará publicar, por conta do desistente, aviso aos interessados, de que, no prazo de 5 (cinco) dias, poderão prosseguir na impugnação.
(...)
Art. 100 – Os credores admitidos à falência, por sentença passada em julgado, podem requerer a restituição dos documentos que instruíram a sua declaração de crédito, nos quais o escrivão certificará o desentranhamento, mencionando a classificação e o valor com que o crédito foi admitido.
Parágrafo único. Os documentos que houverem instruído declarações de crédito impugnadas, serão restituídos na forma prevista neste artigo, mas deles ficará traslado; se a impugnação tiver versado matéria de falsidade julgada procedente, a restituição dos documentos somente se dará depois de julgada ou prescrita a ação penal.
Art. 101 – O juiz ou tribunal que, por fundamento de fraude, simulação ou falsidade, excluir ou reduzir qualquer crédito, mandará, na mesma sentença, que o escrivão tire cópia das peças principais dos autos e da sua sentença ou acórdão, a fim de ser, no prazo de 10 (dez) dias, encaminhada ao representante do Ministério Público, para os fins penais.”
Quanto ao primeiro artigo, sua não reprodução não influenciará a ocorrência da desistência da impugnação, aplicando-se o disposto no Código de Processo Civil ante o que dispõe o art. 189 do novo diploma falimentar. O mesmo ocorrerá quanto ao artigo 100, mas não no artigo 101, vez que por não ter havido a reprodução da regra específica, aplicar-se-á a regra genérica constante do artigo 4º da nova lei, ou seja, o Ministério Público poderá intervir nos feitos sempre que se verifique indícios de crime, infração à lei ou ameaça de lesão ao interesse público.
Seção III
Do Administrador Judicial e do Comitê de Credores
 Art. 21 ao Art. 34
Introdução
Do Administrador Judicial
Nomeação
Deveres e responsabilidades
Remuneração
Do Comitê de Credores
3.1- Constituição e composição
3.2- Atribuições
3.3- Destituição e substituição
Remuneração
1- Introdução
Muitas são as novidades trazidas pelo novo instituto falimentar, dentre as quais podem ser destacadas aquelas de cunho estrutural, organizacional, tal como a criação do Comitê de credores, um novo órgão, auxiliar do juízo falimentar, e a substituição do síndico pelo administrador judicial. Percebe-se a criação de tais órgãos, auxiliares do juízo competente para a recuperação e falência, como uma forma de partilhar as responsabilidades, de trazer representantes de cada um dos envolvidos no processo de recuperação e de falência e que haja uma verdadeira “responsabilidade solidária” entre todos os envolvidos. Desta forma, visa o legislador abolir a sobrecarga de tarefas e responsabilidades à qual se submetia o síndico e, também, o magistrado.
2- Do Administrador Judicial
O “novo síndico” ora entitulado administrador judicial, não é mais um dos maiores credores da falência�, tal como rezava o decreto-lei n.º 7.661/45 (art.60). Em verdade, na prática, o síndico já não era, em regra, um dos maiores credores, mas sim um síndico dativo, ou seja, alguém até então estranho ao quadro de credores mas de confiança do juízo competente. 
Tal se dava porque, não obstante o decreto-lei fizesse menção ao síndico como um dos maiores credores, por entender que estes seriam os maiores interessados na boa administração da massa falida, também admitia que o juiz nomeasse pessoa estranha ao quadro de credores após a terceira recusa feita por credores sucessivamente nomeados. Com o passar do tempo, a exceção passou a ser a regra� e eram raros os casos em que o magistrado nomeava um dos maiores credores para a função de síndico.
2.1- Nomeação
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Com a nova lei o administrador será um profissional idôneo, já que se percebeu que não basta ser economicamente interessado, como os maiores credores, é preciso ter o conhecimento técnico, é preciso saber administrar um conjunto de bens, razão pela qual deve ser nomeado um profissional. Este também tem interesse econômico em desempenhar bem seu trabalho, posto que remunerado e, acima de tudo, sabe como fazê-lo. Sua área de atuação, porém, não precisa ser necessariamente a contabilidade, já que também seria de grande utilidade caso integrasse outra carreira cujo conhecimento seja útil ao processo de falência ou recuperação.
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á no termo de que trata o art. 33, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz.
Além de ter sido boa a alteração legal para que o administrador seja um profissional, continua este podendo ser uma pessoa física ou jurídica. Neste último caso, no entanto, a pessoa jurídica indicará um de seus membros para ser o responsável por aquela massa falida e esta pessoa assinará o termo de compromisso e não poderá ser substituída sem autorização do juiz.
2.2- Deveres e responsabilidades
        Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
          I - na recuperação judicial e na falência:
          a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o art. 51, III, o art. 99, III, ou o art. 105, II, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito;
          b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados;
          c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos;
          d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações;
          e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º;
          f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18;
          g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões;
          h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções;
          i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;
          II - na recuperação judicial:
          a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial;
          b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação;
          c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor;
          d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o art. 63, III;
          III - na falência:
          a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os livros e documentos do falido;
          b) examinar a escrituração do devedor;
          c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida;
          d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interesse da massa;
          e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, noqual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186;
          f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110;
          g) avaliar os bens arrecadados;
          h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa;
          i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores;
          j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113;
          l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação;
          m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhorados ou legalmente retidos;
          n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores;
          o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração;
          p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o décimo dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa;
          q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade;
          r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo.
Logo que o legislador estabelece quem pode ser administrador, trata de elencar suas responsabilidades em extenso rol exemplificativo, aplicável tanto para a recuperação judicial quanto para a falência. A depender do tamanho da massa falida, pode o administrador nomeado contar com auxiliares para zelar pela boa administração da massa, sendo todos eles remunerados como se verá em item posterior.
Art. 22, § 2º. Na hipótese da alínea d do inciso I, se houver recusa, o juiz, a requerimento do administrador judicial, intimará aquelas pessoas para que compareçam à sede do juízo, sob pena de desobediência, oportunidade em que as interrogará na presença do administrador judicial, tomando seus depoimentos por escrito.
Art. 23. O administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido, suas contas ou qualquer dos relatórios previstos nesta Lei, será intimado pessoalmente a fazê-lo no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência.
Aqueles que não colaborarem com o administrador e/ou seus auxiliares na prestação de informações necessárias podem responder até por crime de desobediência, bem como o próprio administrador que não apresentar no prazo legal seus relatórios ou suas contas, após intimado a fazê-lo, na forma do § 2º do artigo 22 e artigo 23. Art. 22, § 3º. Na falência, o administrador não poderá, sem autorização judicial, após ouvidos o Comitê e o devedor no prazo comum de 2 (dois) dias, transigir sobre obrigações e direitos da massa falida e conceder abatimento de dívidas, ainda que sejam consideradas de difícil recebimento. Na hipótese específica de falência, o administrador fica proibido de transigir sobre bens e direitos da massa, bem como de conceder abatimento de dívida desta, a fim de evitar que haja fraudes por parte do administrador. Só poderá fazê-lo com prévia autorização judicial, desde que ouvidos previamente o Comitê de credores e o próprio devedor, o que será feito no prazo comum de 2 (dois) dias.
Art. 22, § 4º. Se o relatório de que trata a alínea e do inciso III apontar responsabilidade penal de qualquer dos envolvidos, o Ministério Público será intimado para tomar conhecimento de seu teor.
A participação do Ministério Público ficou, com a nova lei, racionalizada e de acordo com a nova ordem constitucional, de modo que, no caso em exame, se o relatório apresentado pelo administrador concluir pela responsabilidade penal do devedor ou outros envolvidos, será o membro do Parquet intimado para tomar conhecimento de seu conteúdo. Art. 23, parágrafo único. Decorrido o prazo do caput, o juiz destituirá o administrador judicial e nomeará substituto para elaborar relatórios ou organizar as contas, explicitando as responsabilidades de seu antecessor.
Art. 24, § 3º. O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração.
Art. 24, § 4º. Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas desaprovadas.
Caso o administrador e/ou seus auxiliares não cumpram as obrigações e prazos legalmente impostos serão imediatamente destituídos, ocasião em que não farão jus à qualquer remuneração, como forma de sanção pelo não cumprimento de seus deveres. Caso haja destituição destes, deve o juiz nomear outro em substituição ao anterior, sendo certo que o substituto fará jus tão somente à remuneração pelo período trabalhado, sob pena de enriquecimento sem causa.
2.3- Remuneração
Tal como ocorre com a fixação dos alimentos, que devem ser fixados levando-se em conta a possibilidade de quem paga e a necessidade de quem recebe, na fixação da remuneração do administrador e seus auxiliares também deve o magistrado levar em conta mais de um fator. 
Art. 22, § 1º. As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo juiz, que considerará a complexidade dos trabalhos a ser executados e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.
Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.
Os artigos 22, § 1º e 24 são claros ao afirmar não só que a remuneração será fixada, no valor e forma de pagamento, pelo juiz, mas também que levarão em conta, de um lado a possibilidade do empresário devedor e, de outro, a complexidade dos trabalhos e os valores pagos pelo mercado para o desempenho de atividades assemelhadas. Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83, na ordem a seguir, os relativos a:
I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares (...)
O momento de seu pagamento foi modificado pela nova lei, posto que foi criada uma nova “classe de credores”, que são os extraconcursais. Estes, como o próprio nome evidencia, não integram o quadro geral de credores posto que receberão antes, tal como enuncia o artigo 84. Tal modificação deve servir de incentivo para que profissionais em geral não se recusem a trabalhar para as massas falidas, já que há uma garantia bem maior de que os valores devidos serão pagos.
Art. 24, § 1º. Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência.
Quanto ao pagamento do administrador a lei também estabelece limites para evitar fraudes e enriquecimentos sem causa, ao prever que a quantia não poderá ser maior do que 5% (cinco por cento) do valor a ser pago aos credores integrantes da recuperação ou, ainda, do valor de venda dos bens, em se tratando de falência.
Art. 24, § 2º. Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador judicial para pagamento após atendimento do previsto nos artigos 154 e 155.
Tendo em vista que no momento de pagamento do administrador este ainda não cumpriu com todas as suas funções, mesmo porque o processo ainda continua,e para que este não se sinta “tentado” a desaparecer após o recebimento de sua remuneração, estabelece o legislador que o pagamento será apenas de 60% (sessenta por cento), ficando os demais 40% (quarenta por cento) reservados para pagamento após a prestação e julgamento de contas do administrador, na forma dos artigos154 e 155, que são os últimos atos antes do encerramento da falência.
Cumpre observar que caso o administrador não tenha suas contas aprovadas (art. 24, § 4º) ou caso não apresente o seu relatório final não receberá a parte da remuneração que lhe foi reservada, tal como já se afirmou. Na última hipótese, dito relatório será apresentado pelo Ministério Público, tal como já ocorria na vigência do decreto-lei, não obstante continue silente a legislação sobre o tema. É bom que não se confunda destituição e substituição, já que na primeira hipótese, que pode ocorrer por desídia, culpa, dolo ou descumprimento de suas obrigações, não será o administrador remunerado, enquanto que na segunda receberá proporcionalmente ao período em que trabalhou. A substituição pode se dar por inúmeros motivos, seja de ofício (por ter o magistrado nomeado alguém que estivesse proibido de exercer as funções de administrador naquele processo) ou a requerimento do próprio administrador (motivos de saúde, incompatibilidade com outra atividade profissional etc.). Art. 25. Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo. Por fim, cumpre destacar que as despesas de remuneração ora em exame serão arcadas pelo devedor, no caso de recuperação, ou pela massa falida, em caso de falência.
Do Comitê de Credores
Por se tratar de órgão novo, sem precedentes no decreto-lei, procura-se fazer uma comparação com um órgão já existente, não obstante em ramo diverso do falimentar. Deste modo, pode o Comitê de Credores ser comparado com o Conselho Fiscal das Sociedades Anônimas, assim como a Assembléia de Credores se assemelha à Assembléia-Geral das Sociedades Anônimas.
3.1- Constituição e composição
Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição:
I – um representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes;
II - um representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;
III - um representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes.
Trata-se de órgão representativo, cujo funcionamento não é obrigatório, pois depende de deliberação de quaisquer das classes de credores na Assembléia-geral. Caso seja aprovada sua constituição, o Comitê contará com três representantes, sendo que um representará a classe dos credores trabalhistas, outro representará os credores com direitos reais de garantia e, por fim, o terceiro falará pelos credores quirografários e com privilégios gerais. Cada um destes representantes contará, ainda, com dois suplentes, perfazendo um total de 9 (nove) integrantes.
§ 1º A falta de indicação de representante por quaisquer das classes não prejudicará a constituição do Comitê, que poderá funcionar com número inferior ao previsto no caput.
Cumpre ressaltar que trata-se da composição máxima deste órgão, que pode funcionar com um número menor de pessoas, já que pode não haver determinada classe de credores, o que não impede o Comitê de existir, apesar de reduzir sua composição. Outra hipótese é a de não haver indicação de nenhum representante pela classe de credores, caso em que, não obstante exista a categoria de credores, não haverá representante destes no Comitê.
§ 2º O juiz determinará, mediante requerimento subcrito por credores que representem a maioria dos créditos de uma classe, independentemente da realização de assembléia:
I – a nomeação do representante e dos suplentes da respectiva classe ainda não representada no Comitê; ou
II – a substituição do representante ou dos suplentes da respectiva classe.
Os representantes e suplentes de cada classe serão, em regra, indicados pelos credores. No entanto, prevê o legislador a hipótese de o juiz nomear representante e suplente independentemente da realização de assembléia, de classe ainda não representada, caso haja requerimento de credores que representem a maioria dos créditos de determinada classe. A mesma força que tem este requerimento para que o juiz nomeie, tem para que o mesmo substitua um dos representantes ou suplentes, caso requeiram ou não atuem com o devido zelo.
Art. 33. O administrador judicial e os membros do Comitê de Credores, logo que nomeados, serão intimados pessoalmente para, em 48 (quarenta e oito) horas, assinar, na sede do juízo, o termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades a ele inerentes.
Art. 34. Não assinado o termo de compromisso no prazo previsto no art. 33, o juiz nomeará outro administrador judicial.
Logo que nomeados, cada membro do Comitê de credores será intimado pessoalmente para assinar, na sede do juízo e no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo, assumindo todas as responsabilidades a ele inerentes. Caso não o faça no prazo legal, o juiz convocará o suplente para assumir o cargo. Art. 26, § 3º. Caberá aos próprios membros do Comitê indicar, entre eles, quem irá presidí-lo. Dentre os três representantes das classes acima nomeadas, será eleito um presidente, ato que caberá apenas aos já integrantes do referido Comitê.
3.2- Atribuições
        Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras previstas nesta Lei:
          I - na recuperação judicial e na falência: 
          a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;
          b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;
          c) comunicar ao juiz caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores;
          d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;
          e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores;
          f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei;
          II - na recuperação judicial:
          a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua situação;
          b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;
          c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.
O artigo 27 elenca, em rol meramente exemplificativo, as atribuições deste órgão, concluindo-se ser de natureza eminentemente fiscalizatória. Na verdade significa a voz dos credores no curso do processo, zelando por seu bom andamento e fiscalizando as atividades dos demais auxiliares do juízo competente. Art. 27, § 1º. As decisões do Comitê, tomadas por maioria, serão consignadas em livro de atas, rubricado pelo juízo, que ficará à disposição do administrador judicial, dos credores e do devedor.
§ 2º. Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do Comitê, o impasse será resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz.
Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz, exercer suas atribuições.
As decisões do Comitê serão tomadas sempre por maioria e consignadas em livro próprio, rubricado pelo juiz e sempre à disposição de todos, ou seja, do administrador, de quaisquer

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