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WBA0935_v1.0 Cuidados Paliativos: comfort food e humanização Humanização e Cuidados Paliativos Humanização da assistência em Cuidados Paliativos Bloco 1 Camilla de Moura Centurion Humanização da Assistência em Cuidados Paliativos • Humanizar: tornar humano; dar condição humana. • Humanizar a assistência: ética, respeito, acolhimento. (FERREIRA, 2000) Objetivo da humanização em saúde • Resgatar e/ou preservar o respeito à vida. • Circunstâncias biopsicossociais, espirituais e educacionais. • Respeito à individualidade e às diferenças. Figura 1 - Humanização Fonte: acervo Power Point. Conceito de Cuidados Paliativos Abordagem que visa a promoção da qualidade de vida de pacientes e seus familiares, por meio da avaliação precoce e controle de sintomas físicos, sociais, emocionais, espirituais desagradáveis, no contexto de doenças que ameaçam a continuidade da vida. A assistência é realizada por uma equipe multiprofissional durante o período do diagnóstico, adoecimento, finitude e luto. (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007) Entendendo o conceito de Cuidados Paliativos O termo paliativo. Deriva do Latim pallium manto. Aliviar os efeitos das doenças incuráveis. Manto, uma proteção, uma cobertura para aqueles que passam frio. Não podem ser mais ajudados pela medicina curativa. (BRASIL, 2012) Marcos do surgimento dos Cuidados Paliativos (CP) 1960: CP surgiram oficialmente como prática distinta na área da atenção à saúde (Cicely Sounders). 1980: CP surgiram de forma ativa no Brasil (Hospital de Clínicas de Porto Alegre). 1990: OMS definiu pela primeira vez, para 90 países e em 15 idiomas, o conceito e os princípios de CP para oncológicos. 2002: conceito foi revisto e ampliado para Aids, doenças cardíacas e renais, doenças degenerativas e doenças neurológicas. 2005: criação da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) . Figura 2 – Surgimento e consolidação do conceito de Cuidados Paliativos Fonte: elaborada pela autora. Quem são os pacientes em CP • Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT): oncológicos, cardíacos, pulmonares, neurológicos. 55 milhões de morte no mundo. (WPCA, 2014) 66% DCNT. 53% vivenciaram CP. Quem são os pacientes em CP Figura 3 - Principais doenças na população adulta do Global Atlas of Palliative Care at the end of life, Worldwide Palliative Care Alliance (WPCA, 2014) Fonte: adaptado de CONASS (2020). 34% 38% 10% 6% 5% 2%2%2%1% Câncer Doenças Cardiovasculares Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica HIV/AIDS Diabetes Mellitus Doenças renais Cirrose Hepática Alzheimer e outras demências outras Competências a serem desenvolvidas em CP • Sofrimento físico, psíquico, social e espiritual de pacientes e seus familiares e/ou cuidadores. • Cuidado global precoce. • Melhoria de qualidade de vida e importante impacto econômico. (BRASIL, 2012) Abordagem em CP • Humanizada. • Holística. • Equipe multidisciplinar. • Interdisciplinar. Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, assistentes sociais, psicólogos, farmacêuticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, assistentes espirituais de caráter ecumênico ou da religião eleita pelo paciente. Figura 4 - Equipe multiprofissional Fonte: acervo Power Point. (BRASIL, 2012) Princípios dos CP • A morte deve ser compreendida como um processo natural, e a qualidade de vida é o principal objetivo clínico. • CP não antecipam a morte, tão pouco prolongam o processo de morrer. • A família deve ser cuidada com empenho semelhante ao doente (unidade de cuidados). • O controle de sintomas é objetivo fundamental da assistência. (BRASIL, 2012; CONASS (2020); SILVA et al., 2014) Princípios dos CP • As decisões sobre os tratamentos médicos devem ser feitas de maneira ética e transparente (autonomia e cultura). • CP são necessariamente providos por uma equipe interdisciplinar. • A fragmentação da saúde versus continuidade da assistência. • A experiência do adoecimento deve ser compreendida de maneira integral e individualizada (assistência espiritual fundamental). • A assistência não se encerra com a morte do paciente (luto). (BRASIL, 2012; CONASS (2020); SILVA et al., 2014) Bloco 2 Camilla de Moura Centurion Humanização e Cuidados Paliativos Humanização e Espiritualidade em Cuidados Paliativos Políticas e programas • Programa Nacional de Humanização Hospitalar (PNHAH). • Política Nacional de Humanização (PNH). (BRASIL, 2014) Humanização da assistência • Equidade. • Integralidade. • Valorização da dignidade do paciente. • Apoio da família e dos profissionais envolvidos. (RODRIGUES, 2020) Cuidados Paliativos devem ser realizados com um olhar diferenciado e humanizado, por meio de um trabalho multidisciplinar que priorize a qualidade de vida, o conforto e a imprescindível presença da família, na busca de um cuidado efetivo e aconchego a seu doente sem possibilidade de cura. Espiritualidade • Faz parte do cerne da abordagem dos Cuidados Paliativos. • Integrada na rotina de cuidados (sinal vital). Desafios: Desconhecimento acerca da espiritualidade (profissionais da saúde). Como abordar? (RODRIGUES, 2020) Espiritualidade: buscando conceitos • Complexo e multidimensional. (CONASS, 2020) Compreende a busca de cada um por sentido na vida e de transcendência. É expressa por meio de crenças, valores, tradições e práticas. Um aspecto intrínseco e dinâmico da humanidade, por meio do qual o indivíduo busca significado, sentido e transcendência e experimenta a relação consigo mesmo, com a família, com os outros, com a comunidade, a sociedade, a natureza e o que é significativo e sagrado. Espiritualidade: buscando conceitos (CONASS, 2020) Diz respeito a uma força interior que motiva a busca para um sentido na vida como um todo, para uma situação, para a própria história de vida. Essa busca pode ocorrer por meio da religião, da arte, da música, de projetos de vida, da filosofia, do contato com a natureza ou da ajuda aqueles que precisam. Um recurso que pode ser usado para compreender melhor a si mesmo ou para transcender e ressignificar o sofrimento. Assistência espiritual: como implementar Quadro 1 - Ferramenta de Histórico Espiritual FICA Fonte: adaptado de CONASS (2020). FICA Faith (fé). Você se considera uma pessoa espiritualizada ou religiosa? Tem alguma fé? Se não, o que dá sentido à sua vida? Importance (importância). A fé é importante em sua vida? Quanto? Community (comunidade). Você faz parte de alguma igreja ou comunidade espiritual? Address (abordagem). Como nós (equipe) podemos abordar e incluir essa questão em seu atendimento? Assistência espiritual: como implementar Quadro 2 - Ferramenta de Histórico Espiritual SPIRIT SPIRIT Spiritual belief system (afiliação religiosa). Qual é sua religião? Personal spirituality (espiritualidade pessoal). Descreva as crenças e práticas de sua religião ou sistema espiritual que aceita ou não. Integratioin with spiritual community (integração em comunidades espirituais ou religiosas). Você pertence a alguma igreja, templo ou outra forma de comunidade espiritual? Qual é a importância que você dá a isso? Ritualized practices and restrictions (rituais e restrições). Quais as práticas específicas de sua religião ou comunidade espiritual (meditação ou reza)? Quais os significados e restrições dessa prática? Implications for medical care (implicações médicas). Quais desses aspectos espirituais/ religiosos você gostaria que eu estivesse atento? Terminal events planning (planejamento do fim). No planejamento do final de sua vida, como sua vontade interfere em suas decisões? Fonte: adaptado de CONASS (2020). Bloco 3 Camilla de Moura Centurion Humanização e Cuidados Paliativos Cuidados de final de Vida e Medidas Invasivas de suporte de vida CP versus Cuidados de Final de Vida Cuidados de Final de Vida.CuidadosPaliativos. Prognóstico Medidas invasivas de suporte Fonte: acervo Power Point. Figura 5 - Ventilação mecânica UTI: • Ressuscitação cardiopulmonar. • Ventilação Mecânica. • Hidratação Artificial. • Nutrição Artificial. Final de Vida • Cuidados de Final da Vida: período de tempo médio de falência biológica progressiva e irreversível, que precede o óbito. • Futilidade Terapêutica: introduzir ou manter tratamento considerado ineficaz. CP em UTIs A morte na UTI é, frequentemente, acompanhada de intervenções agressivas, tratamentos onerosos, controle inadequado dos sintomas e isolamento social. Sociedades e referências em Medicina Intensiva incorporam o CP qualidade do cuidado do paciente grave. Obstinação terapêutica → intervenções de qualidade na UTI. CP deve ser aplicado o mais cedo possível no decurso de qualquer doença grave, integrado ao cuidado que busca a cura ou controle, e não somente na fase final. (SOUZA et al., 2016) CP em UTIs Paliativos primários devem ser realizados por todos os profissionais que lidam com doenças graves. A indicação do cuidado paliativo deve se basear na necessidade, e não no diagnóstico e prognóstico do paciente. Fonte: acervo Power Point. Figura 6 - Cuidados Paliativos (SOUZA et al., 2016) Como saber quando um tratamento é fútil em Cuidados Paliativos? Para nortear essa conduta, deve-se pensar nas seguintes perguntas: • Qual o prognóstico do paciente? • Que benefício trará tal medida ao paciente (beneficência)? • Que danos tal medida poderá acarretar (não maleficência)? • Qual a opinião do paciente e família a respeito (autonomia)? • Que implicações tal conduta trará aos outros pacientes (justiça)? Teoria em Prática Bloco 4 Camilla de Moura Centurion Teoria em prática É muito comum em, uma Unidade de Cuidados Paliativos, chegarem pacientes com antecedentes patológicos, além da doença de base que o paliativou. Isso significa que essas Unidades receberão pacientes diabéticos, hipertensos, cardíacos e, portanto, é preciso pensar nas restrições alimentares rígidas. Por exemplo, é muito frequente o setor de Nutrição das Unidades de Cuidados Paliativos trabalhar com pedidos extras ou desejos individuais levantados, normalmente, pelo nutricionista da equipe. Considerando o que foi supracitado, como podemos administrar pedidos e desejos que esbarram com a dietoterapia restritiva das patologias? Outro exemplo de discussão se dá acerca da intubação orotraqueal e introdução de via alimentar alternativa (enteral). A intubação de um paciente portador de doença pulmonar grave, que não poderá ser revertida com a intubação e tratamentos medicamentosos associados, deverá ser estimulada? Norte para resolução • Alimentação: neste momento, não é hora de pensar em restrições alimentares impostas pelas doenças, como, por exemplo, os pacientes diabéticos, que dificilmente terão a glicemia alterada em decorrência de ter consumido um pedaço de bolo de aniversário, ou um pedaço de torta, ou seja, sem temer, podemos atender aos desejos dos doentes, independente da patologia prévia. Mais um exemplo: é raríssimo nos depararmos com pacientes previamente hipertensos, com a pressão descontrolada em Unidades de CP, normalmente, nem dieta hipossódica é necessária. Norte para resolução • Intubação: nessa situação exposta, o paciente é confinado à uma UTI, onde o acesso de familiares é restrito e virá a óbito fazendo uso da ventilação mecânica e apesar dela. O paciente sob cuidado de uma equipe de Cuidados Paliativos, pode receber cuidados na enfermaria e, com manejo medicamentoso adequado, ter seu sintoma aliviado, sem ser privado da presença de seus familiares. Dica do (a) Professor (a) Bloco 5 Camilla de Moura Centurion Dica do (a) Professor (a) Leitura: Manual de Cuidados Paliativos 2020, especialmente os capítulos 1, 2 e 3 (panorama geral, espiritualidade e cuidando de quem cuida). Autoria: CONASS (2020). Referências BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2. ed., ampl. atual. Brasília, 2012. Disponível em: http://biblioteca.cofen. gov.br/wp- content/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos- ANCP.pdf#page=23. Acesso em: 2 fev. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. HumanizaSus: Política Nacional de Humanização - A Humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília, 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ humanizasus_documento_gestores_trabalhadores_sus.pdf. Acesso em: 2 fev. 2022. Referências CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde/SAES. Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência/DAHU. Coordenação Geral de Atenção Hospitalar e Domiciliar/CGAHD CONASS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês. Manual de Cuidados Paliativos. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.conass.org.br/wp- content/uploads/2020/12/Manual-CuidadosPaliativos- versa%CC%83o-final-1.pdf. Acesso em: 2 fev. 2022. Referências FERREIRA, A. B. H. Mini Aurélio: século XX: minidicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. GOMES, A. L. Z.; OTHERO, M. B. Cuidados Paliativos. Estudos av., 30 (88), p. 155-166, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/gvDg7kRRbzdfXfr8CsvBbXL/?lan g=pt. Acesso em: 2 fev. 2022. Referências RODRIGUES , W. N.; REBOUÇAS, D. A.; LORENZ, C. F. et al. Em busca de ações de humanização em cuidados paliativos para um idoso em fim de vida. Revista Kairós-Gerontologia, n. 23, v. 1., p. 491-514., [s. l.], 2020. SILVA, V. A. V. S.; JUNIOR, B. S. G.; SILVA, P. I. O. Cuidados Paliativos: a importância da humanização frente ao paciente terminal. Trabalho de Conclusão de Curso, Enfermagem. Atenas: Faculdade Atenas, 2014. Disponível em: http://www.atenas.edu.br/uniatenas/assets/files/magazines/ CUIDADOS_PALIATIVOS__a_importancia_da_humanizacao_fre nte_ao_paciente_terminal.pdf. Acesso em: 2 fev. 2022. Referências SOUZA, P. N.; MIRANDA, E. J. P.; CRUZ, R. et al. Cuidados paliativos no paciente com HIV/AIDS internado na unidade de terapia intensiva. Rev. Bras. Ter. Intensiva, v. 28 , n.3, 2016. SOUZA, A. G. S. Humanização no processo de morte/morrer sob a perspectiva do enfermeiro de UTI. 2010. 175f. Trabalho de Conclusão de Curso, Enfermagem. São Paulo: Faculdade Anhanguera de Taboão Da Serra, 2010. WORLDWIDE PALLIATIVE CARE ALLIANCE. Global Atlas of Palliative Care at the End of Life - WHO. England, 2014. Disponível em: https://www.who.int/nmh/Global_Atlas_ of_Palliative_Care.pdf. Acesso em: 2 fev. 2022. Bons estudos! Cuidados Paliativos: comfort food e humanização Humanização e Cuidados Paliativos Humanização da Assistência em Cuidados Paliativos Objetivo da humanização em saúde Conceito de Cuidados Paliativos Entendendo o conceito de Cuidados Paliativos Marcos do surgimento dos Cuidados Paliativos (CP) Quem são os pacientes em CP Quem são os pacientes em CP Competências a serem desenvolvidas em CP Abordagem em CP Princípios dos CP Princípios dos CP Número do slide 14 Políticas e programas Humanização da assistência Espiritualidade Espiritualidade: buscando conceitos Espiritualidade: buscando conceitos Assistência espiritual: como implementar Assistência espiritual: como implementar Número do slide 22 CP versus Cuidados de Final de Vida Medidas invasivas de suporte Final de Vida CP em UTIs CP em UTIs Como saber quando um tratamento é fútil em Cuidados Paliativos? Teoria em Prática Teoria em prática Norte para resolução Norte para resolução Dica do (a) Professor (a) Dica do (a) Professor (a) Referências Referências Referências Referências Referências Bons estudos!