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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Elisângela Gonçalves Branco Gusi 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Nesta aula, vamos refletir sobre as contribuições de Wallon, sua teoria, 
vida e pesquisa, com a relevância das emoções na relação orgânica e psíquica, 
no aprender. A pesquisa desenvolvida por Wallon foi fundamental para a 
superação de um olhar mecânico para a aprendizagem, pois favoreceu a 
atenção às emoções implicadas no processo de desenvolvimento individual e 
coletivo. 
 A partir desse olhar, vamos conhecer os estágios de desenvolvimento da 
criança e do adolescente, em seus princípios físicos, afetivos e cognitivos. 
Destaque para o ato motor, a afetividade e a inteligência, como determinantes 
da psicogênese de cada indivíduo. 
TEMA 1 – WALLON: VIDA E OBRA 
Henri Paul Hyacinthe Wallon nasceu no dia 15 de junho de 1879, em 
Paris, na França, e faleceu no dia 1 de dezembro de 1969. Filho de Paul 
Alexandre Joseph e neto de Henri-Alexandre Wallon, político e historiador. Foi 
criado por uma família com fácil acesso à cultura e envolvida com política. Seu 
avô foi político de esquerda. No segundo Império, como deputado, criou a 
Ementa Wallon, que introduzia a palavra “República” na Constituição de 1875. 
Em 1899, Wallon entra na Escola Normal Superior; em 1902, formou-se 
em Filosofia; em 1908, formou-se em Medicina. 
Entre 1908 e 1931, trabalhou com crianças portadores de deficiência 
mental. Durante a Primeira Guerra Mundial, serviu como médico. 
Em 1929, assumiu a vice-presidência do Grupo Francês de Educação 
Nova, quando ajudou a rever a proposta de ensino. A partir de 1946, presidiu a 
instituição até sua morte. Interessou-se pela psicologia e pelo desenvolvimento 
da aprendizagem. Dentre suas publicações, temos: A criança turbulenta e As 
origens do caráter na criança. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, viveu na clandestinidade, pois tinha 
vínculo político com seu avô; era também amigo de vários artistas, inclusive 
admirava as produções de poetas, artistas e escritores como Vitor Hugo. Era 
uma pessoa muito justa, tendo defendido a democracia e as causas sociais. 
Em 1920, começou a lecionar na Sorbonne, Universidade de Paris, onde, 
durante longo período, ficou responsável por conferências sobre a psicologia da 
 
 
3 
criança, podendo divulgar suas pesquisas e interesse por esse tema em outras 
instituições. 
Em 1927, assumiu a direção da École Pratique Des Hautes Etudes 
(Escola Prática de Estudos Avançados). Investiu na criação de um laboratório de 
psicobiologia pediátrica. Até 1931, foi médico psiquiatra, tendo aprofundado suas 
pesquisas na área da psicologia infantil. 
Entre 1937 e 1949, atuou como professor do Collège de France, no 
departamento de psicologia e educação da infância. Seu último livro foi publicado 
em 1945, As origens do pensamento da criança. 
Wallon envolveu-se durante sua vida em pesquisas sobre psicologia, 
neurologia, psiquiatria, biologia e filosofia. Segundo ele, o meio interfere 
significativamente nos processos de aprendizagem. Sua obra aponta que o 
processo de aprendizagem é dialético, ou seja, está em movimento, não se 
podendo enrijecer os processos, pois deve-se revitalizar possibilidade e novas 
direções. A consequência de um aprender preocupado com a pessoa em si traz 
uma crítica a concepções reducionistas, cartesianas, que não se preocupam 
com o contexto em que o aluno está inserido. Dessa forma, o estudo deve 
envolver a pessoa por completo, nos caráteres cognitivo, afetivo e motor, todos 
com um mesmo nível de importância, favorecendo os processos e dando 
liberdade para a construção da aprendizagem com prazer. 
O social teve grande importância nas pesquisas de Wallon. O autor se 
envolveu muito politicamente, tendo estado à frente de batalhas e lutas por 
igualdade, e visto de perto a influência do meio para o processo de aprender e 
para o desenvolvimento pessoal. Sua batalha era pela igualdade e pela 
libertação dos oprimidos. 
Escreveu muitas obras e teve grande relevância para a sociedade, tanto 
no âmbito social, como na psicologia e pedagogia, sendo referência presente em 
muitas pesquisas até os dias de hoje. Wallon escreveu os seguintes livros: 
Délire de persécution. Le délire chronique à base d'interprétation., 
Baillière, Paris, 1909 
La conscience et la vie subconsciente em G. Dumas, Nouveau traité 
de psychologie, PUF, Paris (1920-1921) 
L'enfant turbulent, Alcan, Paris, 1925, reed. PUF, Paris 1984 
Les origines du caractère chez l'enfant. Les préludes du sentiment de 
pesonnalité, Boisvin, Paris, 1934, reed. PUF, Paris, 1973 
La vie mentale, Éditions sociales, Paris, 1938, reed. 1982 
L'évolution psychologique de l'enfant, A. Colin, Paris, 1941, reed. 1974 
De l'acte à la pensée, Flammarion, Paris, 1942 
Les origines de la pensée chez l'enfant, PUF, Paris, 1945, reed. 1963 
Algumas de suas obras foram traduzidas para português: 
 
 
4 
Evolução psicológica da criança, Andes, Rio de Janeiro, s.d. 
Psicologia e educação da infância, Estampa, Lisboa, 1975 (coletânea). 
Objetivos e métodos da psicologia, Estampa, Lisboa, 1975. 
Origens do pensamento na criança, Manole, São Paulo, 1989. 
TEMA 2 – EMOÇÕES: ENTRE O ORGÂNICO E O PSÍQUICO 
 Na obra de Wallon, destaca-se o fator orgânico para o desenvolvimento 
do pensamento. Para Wallon, a influência do meio deve ser levada em 
consideração para o desenvolvimento do pensamento. A formação do homem 
se dá com influências sociais e fisiológicas, ambas com relevância para os 
estudos e apropriações científicas sobre o desenvolvimento humano. 
 Destaca-se que o desenvolvimento é um processo que emerge da 
condição do indivíduo no social, como determinante; a maneira como ocorre 
depende de fatores orgânicos. Ele não acontece de maneira linear e contínua, 
mas com avanços e retrocessos, dispondo de momentos conflituosos e não 
harmônicos. 
 Diferentemente de Piaget, trouxe o tema da psicogênese da pessoa, 
levando em conta os aspectos intelectuais, afetivos, físicos e sociais, sendo 
fundamentado no materialismo dialético. Grande destaque para a influência que 
uma pesquisa pode ter a partir do olhar e da reflexão do observador. Questionou, 
também, se o desenvolvimento se dá a partir de uma sucessão de estágios, 
destacando que se trata de um processo assistemático, que ocorre de maneira 
contínua – ocorrem de maneira dialética, sendo o sujeito movido por conflitos. 
 Para Wallon, cada comportamento que se aprende é integrado ao 
posterior, tornando a aprendizagem uma sucessão de elementos que vão se 
somando e se ajustando uns aos outros. 
 Fonseca, (2008, p. 15), ao se relacionar com a pesquisa walloriana, diz: 
A sociedade é para o homem uma “necessidade orgânica” que 
determina o seu desenvolvimento e, portanto, a sua inteligência. A 
apropriação do conhecimento é um patrimônio extrabiológico inerente 
ao grupo social no qual vai evoluir e coexistir. No ser humano, o 
desenvolvimento biológico, ou seja, a sua maturação neurológica e o 
desenvolvimento social, ou seja, a incorporação da experiência social 
e cultural, melhor dito, a sociogênese, são condições um do outro. 
 Desde o nascimento até a aquisição da linguagem, a motricidade dispõe 
de característica existencial e essencial. É a expressão do psiquismo 
prospectivo, sendo a estrutura de relação e correlação com o meio, com os 
 
 
5 
outros e com os objetos, sendo consequentemente a primeira forma de 
expressão emocional e de comportamento. 
 Wallon delimita que a cognição está ligada a quatro categorias funcionais: 
a afetividade, o movimento, a inteligência e a pessoa. 
• Movimento: o movimento é o primeiro elemento que se desenvolve, 
servindo de base para que os outros também se desenvolvam. Pode ser 
dividido em movimentos instrumentais e movimentos expressivos. Ambos 
estão associados aos indivíduos. Os movimentos instrumentais são ações 
como andar,correr, vestir, mastigar etc. Já os movimentos expressivos 
têm ligação com a função comunicativa, como sorrir, falar, gesticular; ou 
seja, estão relacionados a ações estabelecidas com outros indivíduos. O 
movimento antecede à linguagem, e seu desenvolvimento é primordial ao 
momento de aquisição da linguagem. 
• Afetividade: é a primeira motivação do movimento, a interação com o meio 
ambiente. A interação se dá pela afetividade, que é o elemento mediador 
das relações sociais, de forma a diferenciar a criança do ambiente. A 
afetividade é a base da inteligência. A partir do momento em que a criança 
tem acesso a emoções, ela vai aprendendo a lidar com a sua inteligência 
e consigo mesma, em relação com o outro. 
• Inteligência: a inteligência, para Wallon, está relacionada a atividades 
cognitivas, como raciocínio simbólico e linguagem. A partir do momento 
em que a criança começa a pensar nos elementos, sejam pessoas ou 
objetos, longe de sua presença, ela acessa o raciocínio simbólico. Esse é 
o início do pensamento abstrato. 
• Pessoa: a pessoa é responsável pela formação da identidade; é a 
construção do “eu”. Esse campo funcional é o que controla/coordena 
todos os outros, sendo o responsável pelo desenvolvimento da 
consciência. 
 É relevante destacar que as relações entre esses campos funcionais não 
são harmônicas. A organização e o desenvolvimento de cada campo variam de 
acordo com o alinhamento individual de cada indivíduo, nos aspectos afetivo, 
cognitivo, social e orgânico. A “pessoa” faz a integração entre todos os campos, 
mas não de maneira absoluta. 
 
 
 
6 
TEMA 3 – ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 
 Wallon aponta que a motricidade é a primeira estrutura de relação e 
correlação com o meio, com o outro e depois com o objeto, edificando o 
psiquismo, sua expressão emocional e de comportamento. A motricidade, em 
outras palavras, é a base de interação fundamental do indivíduo, quando ocorre 
a expressão da vida psíquica. 
 É pela motricidade que a criança expressa seus conteúdos internos de 
desejo e necessidades, mesmo antes do surgimento da linguagem. Ela contém 
uma dimensão psíquica, que engloba um processo evolutivo, em uma totalidade 
motora, afetiva e cognitiva. Segundo Wallon, há três formas essenciais: 
• Deslocamentos passivos ou erógenos: são os movimentos do bebê, que 
ainda não garantem sobrevivência; ele depende de um outro, havendo 
simbiose fisiológica. O bebê comunica suas necessidades com 
irritabilidade e desconforto, mas não é capaz de ter ações adequadas que 
as satisfaçam. A simbiose fisiológica é compensada pela relação afetiva 
que o adulto estabelece com a criança; é uma relação que supre suas 
necessidades e ancora as bases psicoafetivas da criança. 
• Deslocamentos ativos ou autógenos: superada a fase de dependência do 
adulto, a criança apresenta movimentos mais autônomos, ligados de 
forma endógena e neurologicamente integrados. É a integração de 
posturas, movimentos, reconhecimento de espaços, com o outro e com o 
objeto. A maturação do sistema nervoso se dá pela aprendizagem das 
competências de equilíbrio, locomoção e apreensão. Paralelamente, a 
criança vai ganhando confiança e construindo a tonicidade de sua 
postura. 
• Deslocamentos práxicos: são também chamados de deslocamentos dos 
segmentos corporais, com respostas do corpo todo. A exploração serve 
para se descobrir e ganhar conhecimento do mundo. Para Wallon, os 
movimentos são interrelacionados, de forma afetiva, como o meio, 
consigo mesmo, com o objeto e com o outro. 
 Segundo Fonseca (2008, p. 18), essas “três formas de movimento 
influenciam-se mutualmente, e a sua integração é única, total, evolutiva e original 
de indivíduo para indivíduo”. 
 
 
7 
O desenvolvimento do indivíduo, para Wallon, se processa em um 
movimento dialético. Ao abordar a evolução da psicomotricidade, Fonseca 
(2008, p. 22) destaca: “entram em jogo inúmeros fatores: metabólicos, 
morfológicos, psicotônicos, psicoemocionais, psicomotores e psicossociais.” 
 Wallon apresenta os seguintes estágios de desenvolvimento psicomotor: 
• Estágio impulsivo (recém-nascido) 
• Estágio tônico-emocional (dos 6 aos 12 meses) 
• Estágio sensório-motor (dos 12 aos 24 meses) 
• Estágio projetivo (dos 2 aos 3 anos) 
• Estágio personalístico (dos 3 aos 4 anos) 
• Estágio categorial (dos 6 aos 11 anos) 
• Estágio da puberdade e da adolescência 
 Vamos compreender as principais características de cada estágio. 
 O estágio impulsivo caracteriza a criança recém-nascida; os movimentos 
e reflexos são descargas de energia muscular. As ações são portadoras de carga 
afetiva, tanto de bem-estar como de mal-estar. Trata-se de uma motricidade 
visceral, precisa e automática, como a sucção. 
 As reações são viscerais, comandando informações ao cérebro, que 
libera espasmos. Necessidades orgânicas, de fome e sede, geram ações e 
reações de quem está em volta do bebê, e aos poucos vão se traçando relações 
afetivas, com formas de ação, no meio, que visam suprir necessidades. 
 O estágio tônico-emocional que se inicia por volta dos seis meses marca 
o início da etapa de movimento com objetivo. 
 Segundo Fonseca (2008, p. 24): 
O movimento surge como uma das principais formas de comunicação 
da vida psíquica do bebê, pois é com ele e através dele que se vai 
relacionando e interagindo com o envolvimento exterior, quer das 
coisas quer das pessoas. 
Com um corpo que comunica através de gestos e mímica, ainda 
consequentemente não-verbal, a criança de tenra idade utiliza o seu 
corpo total e os seus gestos como realizações mentais, exatamente 
porque acabam por testemunhar o significado intrínseco da sua 
atividade interiorizada, antes que ela seja exteriorizada e expressa. 
 A movimentação, a locomoção e a exploração com o meio vão criando a 
aprendizagem motora, o fortalecimento muscular e tônico, assim como a 
afetividade, partindo das relações estabelecidas com o adulto, de modo a 
formular e reformular sensações a partir do retorno das ações. Quando o adulto 
 
 
8 
dá uma resposta positiva ou negativa a ações, gestos, posturas, choros e 
manifestações corporais, desperta o registro pela criança; é a formação psíquica 
que acaba sendo gerada, a partir das interações relacionais. 
 A construção de si mesmo ocorre com base em tentativas e respostas, 
nas relações que se estabelece consigo mesmo e com o meio. 
 As emoções têm relação com a tonicidade, expressa por condutas 
motoras e sociais, e suas adaptações. Essas expressões tônicas organizam a 
comunicação da criança. 
 O estágio sensório-motor vai aproximadamente dos 12 aos 24 meses; 
neste tempo, a criança já tem controle maior de seu corpo e das situações à sua 
volta. 
O subjetivo já pode dominar o afetivo, e a correlação entre as 
experiências motoras e sensoriais torna-se mais evidente, 
promovendo-se, ao mesmo tempo, uma nova faceta na diferenciação 
entre a criança e o mundo exterior, que passa agora a ser um 
continente a descobrir, a explorar e a manusear, não só em termos 
motores, mas em termos psíquicos, exatamente porque a motricidade 
vai desencadear representações e noções das coisas e, 
consequentemente, vai constituir-se como um prelúdio da atividade 
simbólica. (Fonseca, 2008, p. 27) 
 É neste tempo que a expressão da psicomotricidade tem mais sentido, 
tornando mais relevantes as relações afetivas e sociais. São reproduzidas ações 
com mais consciência do que se está fazendo. Exemplo disso é quando a criança 
atira um objeto, observa seu desaparecimento, agarra-o e depois repete a ação. 
São expressões de exploração motora, visual e emocional, que ampliam as 
capacidades de ser e de se construir como sujeito. Nessa fase, a linguagem 
ainda não está totalmente estruturada, mas o gesto materializa a evolução do 
indivíduo. 
 No estágio projetivo, que compreende a criança dos 2 aos 3 anos, aparece 
a capacidade de organização gestuale simbólica. Uma ação deixa de ser pura 
execução de movimento ou expressão, para se realizar como fonte de estímulos 
para a atividade mental. 
 Com a atitude postural ganhando autonomia, a criança passa a explorar 
os objetos corporal, tátil e cinestesicamente. 
 É a fase do imitar, quando a criança copia modelos sociais; constrói 
imagens mentais; recria-os e os modifica; de modo a elaborar e interiorizar novos 
elementos, com suas capacidades afetivas e sociais. A criança passa a utilizar 
o simbólico e a palavra como objeto de simbolismo. 
 
 
9 
 Wallon destaca, em sua teoria psicogentética, que a criança é 
organicamente social, pois está relacionada a complexos, alternados e dialéticos 
processos psíquicos e motores, o que faz com que o seu desenvolvimento e a 
sua aprendizagem se entrelacem com a sua personalidade. 
 O estágio personalístico, que vai dos 3 aos 4 anos, está voltado para a 
construção do eu. Nessa fase, há a passagem do ato motor para o ato mental, 
que ocorre por uma integração sensorial e perceptiva da experiência vivida, e 
que se materializa pela motricidade. 
A passagem do estádio sensório-motor ao projetivo, e deste ao do 
personalismo (no sentido de gênese da personalidade), exige uma 
alternância de funções, uma espécie de subordinação da vida psíquica 
a um predomínio da afetividade preferencialmente enfocada na 
construção de uma imagem pessoal, imagem que necessariamente 
provoca um novo ponto de partida e um novo ciclo do desenvolvimento 
psicomotor, na ótica de Wallon (Fonseca, 2008, p. 32). 
 Nesse estágio, a inteligência se manifesta em motricidade e afetividade, 
que se apresenta e se transforma pela sua expressão. A maneira de se projetar, 
nas relações, seus desejos e medos, leva à sua construção até o momento. 
 É a autonomia motora que fortalece a atenção para si; as gracinhas 
trazem a atenção para si; a partilha de objetos é mais difícil de acontecer. 
Manipulações, manhas, mentiras, uso da força, oposição, sedução, são 
conteúdos presentes nessa fase. A criança quer a atenção e usa de suas 
estratégias para conseguir. Há o desejo de ser reconhecida; faz competir e se 
opõe; reproduz modelos; aos poucos, vai modelando o seu eu. O ambiente é 
facilitador da construção do eu, da lógica e de processos pessoais. 
 O estágio categorial vai dos 6 aos 11 anos. Seu elemento marcante é a 
diferenciação entre eu e não-eu. É uma fase de maior controle e disciplina. A 
inibição motora aumenta, assim como a concentração em termos atencionais e 
sensoriais. 
A influência dos campos sociais em que a criança está inserida tem um 
espaço significativo. Ela imita e valoriza hábitos culturais. 
Neste estágio categorial, novas estruturas mentais vão emergir, 
subdividindo-se por duas etapas cruciais: dos 6 aos 9 anos, o 
pensamento pré-categorial, e dos 9 aos 11 anos, o pensamento 
categorial, propriamente dito. O primeiro caracteriza-se por um 
processo sincrético, o segundo, por um processo discursivo, 
permitindo à criança um posicionamento e um distanciamento mais 
ordenados e organizados da realidade (Fonseca, 2008, p. 35). 
 
 
 
10 
 O pensamento sincrético tem estrutura dicotômica, por exemplo: 
preto/branco, rápido/lento, cheio/vazio etc. A criança age com seus conceitos de 
maneira opositiva; já o pensamento categorial envolve um conjunto de sistemas 
na regulação, formando categorias, conjuntos, antecipação, nomeação, e 
podendo realizar procedimentos psicomotores mais integrados e elaborados. 
 O estágio da puberdade e da adolescência, a partir dos 12 anos, 
caracteriza-se pela crise, quando ocorre a passagem da infância à adolescência, 
com mudanças somáticas, biológicas, psicológicas e sociais. 
 O crescimento corporal e fisiológico desequilibra a imagem corporal, 
fazendo oscilar entre situações emocionais mais vulneráveis, e podendo 
apresentar situações indesejáveis, que modificam o humor. 
 A transição dessa fase é marcada pelas formações de agrupamentos de 
interesse próximo. Tais formações são fundamentais para o desenvolvimento da 
cidadania e da identidade dos jovens. 
TEMA 4 – CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO 
 Sem dúvida, Henri Wallon contribuiu muito para a educação, 
principalmente quando aponta a importância das relações para a aprendizagem, 
com o reconhecimento dos elementos que regem a comunidade em que os 
alunos estão inseridos, para realizar qualquer proposta ou intervenção. 
 A percepção sobre o desenvolvimento da criança e as etapas que 
potencializam a aprendizagem destacam a necessidade de atenção e respeito 
às potencialidades de cada um, com o tempo de cada indivíduo para aprender, 
se desenvolver, fazer suas conexões com novos conceitos e novas 
aprendizagens. Exemplo disso é o desenho que antecede a escrita: primeiro a 
criança desenha, depois passa a fazer letras. É relevante observar aspectos do 
desenvolvimento motor, social e emocional para significar o aprender. 
 Vejamos os aspetos de grande influência da teoria walloriana: 
• A concepção psicogenética dialética do desenvolvimento estuda o ser 
humano em sua integralidade; compreende o corpo e mente como um 
todo indivisível, na percepção das relações que se estabelece em sua 
individualidade e no contexto social. 
 
 
11 
• O processo de ensino-aprendizagem em um contexto que envolve a 
afetividade, a cognição, fatores biológicos e socioculturais, que 
influenciam os processos individuais. 
• A escola engloba a valorização da relação entre professores e alunos, 
fundamental para o desenvolvimento da pessoa. 
• Os temas de pesquisa e o estudo da psicologia e da educação despertam 
um olhar atento para a relação da aprendizagem com a afetividade. 
• Uma visão política e democrática da educação, com maior valorização de 
cultura, justiça e dignidade. Em primeiro lugar, vem o sujeito, destacando-
se a importância de conteúdos escolares, e só depois o profissional. Isso 
reforça a necessidade de construir conceitos de base crítica no indivíduo, 
antes de profissionalizar para servir à indústria. 
• Valorização das relações que se estabelecem na escola, como entidade 
fortalecedora da construção do sujeito. 
• Estudo dos domínios funcionais da criança: afetividade, ato motor, 
conhecimento e pessoa. Esses indicadores apontam para a construção 
dos processos de ensino e aprendizagem, e ocorrem de maneira 
simultânea. 
 Para a escola, os estudos de Wallon despertam reflexões sobre as 
relações e sua interferência no processo de desenvolvimento coletivo e 
individual. A significação na relação social e na aprendizagem, para cada 
aprendente; o professor, atento ao contexto que envolve o aluno – ou seja, suas 
propostas interventivas e de pesquisa devem estar voltadas para conteúdos de 
seu interesse. 
 Uma escola mais humana, mais afetiva, é o que rege esses estudos. Os 
conteúdos precisam estar conectados com a realidade e o interesse, valorizando 
os aspectos afetivos, cognitivos, sociais e biológicos de seus alunos. 
TEMA 5 – A ESCOLA E A AFETIVIDADE 
Qual é a escola ideal para Wallon? É aquela que valoriza a pessoa por 
completo, que entende que as fases de desenvolvimento são fundamentais para 
o processo de aprendizagem, que valoriza o contexto em que cada um está 
inserido, com seus interesses e habilidades, favorecendo as relações, pois elas 
são impulsionadoras do desejo de aprender. A escola, para Wallon, coloca em 
 
 
12 
destaque as relações sociais, que fortalecem e aprimoram o aprender e as suas 
significações. 
Dessa forma, a escola precisa fornecer espaço e tempo para que cada 
etapa seja vivenciada pela criança, com respeito às relações que se estabelecem 
entre o motor e o afetivo. Segundo Ferreira e Acioly-Régnier (2010, p. 28): 
Pode-se apreender da leitura de Wallon que as funções psicológicas 
superiores desenvolvem-se a partir das dimensões motora e afetiva. E 
que esta se alterna e conflitua com a afetividade, em especialcom a 
emoção. Contudo a cognição permanece inseparável da afetividade, 
devendo no adulto alcançar um equilíbrio dinâmico. 
 A construção da inteligência se dá pelas relações que se estabelece com 
a motricidade e o próprio lugar no mundo, no espaço com outras pessoas. 
Quando a escola se preocupa em impulsionar conteúdos, em grande 
quantidade, para a reprodução do saber, deixa de lado os elementos que 
compõem a pessoa. Vemos aqui o sentido de aprender, as capacidades para 
compreender, a criação de estratégias, e demais fontes que impulsionam a 
aprendizagem. 
 Portanto, a escola deve estar engajada em movimentos interventivos, que 
valorizem a relação de pessoas, seus interesses, o desenvolvimento de suas 
capacidades, com espaços preparados para que ocorra esse aprimoramento. 
Exemplo disso são espaços de aprendizagem que não se limitam a cadeiras e 
mesas enfileiradas em uma sala de aula, abrindo a possibilidade de movimento 
e pesquisa, com a formação de pequenos grupos que investiguem situações 
relevantes, ampliando as capacidades cognitivas com significado para o 
aprender. 
 A pessoa, segundo Wallon, se desenvolve pela integração de áreas 
funcionais: afetiva, motora e cognitiva; integra o orgânico e o social, ou seja, 
compreende a pessoa não de forma cartesiana, mas integrada no mundo, com 
seu corpo e com as relações que estabelece com o espaço e outras pessoas. 
 É fundamental o respeito pela fase de evolução humana. A criança deve 
ser entendida na fase em que se encontra, para o que é fundamental repensar 
práticas pedagógicas, deixando de lado uma posição meramente objetiva, para 
considerar sujeitos com direito, desejantes. O desenvolvimento acontece a partir 
da integração do orgânico com o meio, de forma descontínua e não linear. Os 
conflitos e as oscilações fortalecem os conjuntos funcionais, que por sua vez se 
alinham à superação das etapas. 
 
 
13 
 Para o educador, se destaca a compreensão da pessoa completa, no 
reconhecimento de afetos, e como influenciam as capacidades de aprender, 
tanto em questões orgânicas como afetivas. As intervenções são realizadas com 
atenção a esse indivíduo completo, que é orgânico, que tem sentimentos, 
desejos, medos, ambivalências – e, principalmente, que se relaciona no social. 
NA PRÁTICA 
Vamos pesquisar? Entreviste três pessoas sobre o fato mais marcante 
ocorrido no período escolar, nas dependências da escola. Verifique com os 
entrevistados se isso colaborou ou atrapalhou com o processo de aprendizado. 
Vamos conhecer um pouco sobre a relação entre emoções e aprendizagem. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, estudamos a teoria de Henri Wallon, com a importância das 
fases e dos elementos que fortalecem o desenvolvimento do indivíduo. 
Aprendemos é uma escola que segue os estudos wallorianos, com o olhar 
para a pessoa integral. Estudamos a relevância das fases de desenvolvimento 
para a aprendizagem e a formação da inteligência. 
Compreendemos cada fase do desenvolvimento, com a influência social 
de seus estudos, para o aprimoramento do indivíduo e seu processo de 
aprendizagem. 
Conhecemos a vida e as obras desse grande pesquisador, que colaborou 
imensamente para a educação e a compreensão dos indivíduos. 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
FERREIRA, A. L.; ACIOLY-RÉGNIER, N. M. Contribuições de Henri Walon a 
relação de afetividade e cognição na educação. Curitiba: Editora UFPR, 2010. 
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