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1 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 2 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 3 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 6 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professor: Josevando de Sousa Silva 7 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profissional. 8 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Esta unidade abordará os principais conceitos acerca do ajus- tamento de observações geodésicas. Para compreender o que é ajusta- mento é necessário saber que este é um ramo da matemática aplicada e que tem como objetivo a solução única para questões que o número de observações (medições) é redundante e o sistema ao qual estas observações estão inseridas é dotado de inconsistências nas equações e nos modelos matemáticos, assim como as estimativas para a solução e para a precisão que se espera do levantamento/estudo. Desta for- ma, convencionou-se adotar a solução única pelo Método dos Mínimos Quadrados (MMQ) que foi desenvolvido pelos matemáticos Legendre em 1805 e Gauss em 1795. Além disso, serão apresentados os concei- tos de teoria dos erros de observações, bem como os métodos para se realizar o ajustamento e quais os modelos que podem ser usados para tal fim. Ajustamento de Observações. Método dos Mínimos Quadrados. Modelos para Ajustamento. 9 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 FUNDAMENTOS DO AJUSTAMENTO DE OBSERVAÇÕES GEODÉSI- CAS Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 13 36 15 21 Conceito de Observação ou Medida ____________________________ Princípios do MMQ ____________________________________________ Modelo Matemático ____________________________________________ Precisão e Acurácia _____________________________________________ CAPÍTULO 02 MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS (MMQ) Introdução ao MMQ ___________________________________________ 35 28Recapitulando ________________________________________________ Modelos Lineares e Não Lineares _______________________________ 39 18 23 Erros de Observação ___________________________________________ Princípios e Técnicas de Propagação ____________________________ 38Ajustamento pelo MMQ _______________________________________ Condicionamento de Sistemas e Ajustamento de Observações Diretas ________________________________________________________ Análise Estatística do Ajustamento _____________________________ Recapitulando _________________________________________________ 44 50 52 10 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Método Paramétrico ___________________________________________ Método dos Correlatos _________________________________________ 56 62 Método dos Combinados ______________________________________ 67 Recapitulando _________________________________________________ 73 Fechando a Unidade ___________________________________________ 79 Referências ____________________________________________________ 92 Injunções, Análise da Qualidade do Ajustamento, Elipse e Elipsoi- de dos Erros e Testes Estatísticos para Análise __________________ 70 CAPÍTULO 03 MÉTODOS DE AJUSTAMENTOS 11 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Este módulo apresentará os principais conceitos acerca do tema de Ajustamentos de observações geodésicas. Sendo o ajusta- mento um ramo da matemática aplicada, esta operação tem por finali- dade a solução única para problemas onde o número de medidas (ob- servações) tenham um sistema de equações inconsistentes e número abundante e/ou redundante de observações, através da resolução pelo método dos mínimos quadrados (MMQ), método este desenvolvido por Gauss e Legendre. A Figura 1 exemplifica uma rede de nivelamento geométrico. Dado os desníveis medidos, a altitude de A pode ser transportada até L de diversas maneiras e caminhos, sob inúmeras soluções e métodos. O intuito do ajustamento é, portanto, conduzir a uma única solução, independente do modelo que será adotado e fazendo as variáveis e os resultados serem consistentes com o modelo matemático utilizado. Caso, por exemplo, o valor de L seja fixo, as medidas são ajustadas de tal forma que o transporte das coordenadas (altitudes) a partir de A influencie L a valores idênticos ao fixado. Figura 1: Rede de nivelamento FONTE: GEMAEL (1994) Além disso, para que haja ajustamento, é necessário o núme- ro de dados, quer seja observações ou medidas, excederam o mínimo indispensável à solução do problema. No fim, estima-se valores para as incógnitas, bem como para suas precisões,os parâmetros aproximados quanto às observações e que representa o erro de fecha- mento da equação W, tem-se: A matriz das derivadas parciais em relação aos parâmetros é dada por: A matriz X, o vetor da diferença é dado por X = Xa – X0, assim, aplicando B em relação a matriz das derivadas parciais, tem-se: O vetor dos resíduos é dado por V = La - Lb, assim, linearizando o modelo para o método combinado tem-se: 68 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S As equações normais para este método são dadas por: Onde K é o vetor dos multiplicadores de Lagrange. Anulando as derivadas parciais em relação a V, K e X, tem-se: A primeira equação matricial é dada por: A segunda: A terceira: Assim, tem-se o vetor das correções dos parâmetros aproxi- mados dado por: A variância a posteriori é dada por: O vetor dos parâmetros ajustados é dado por Xa = X0 + X e a estimativa do valor (ou do conjunto de valores) dos parâmetros é dada por: Assim, aplicando a Lei de Propagação de Covariâncias e de- senvolvendo, matematicamente todas as variáveis envolvidas, tem-se: 69 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S O vetor das observações ajustadas é dado por: Por meio do qual pode ser calculado La = Lb + V (vetor dos va- lores observados ajustados). A matriz variância-covariância é dada por: 70 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S O vetor dos resíduos é dado por: O vetor do erro de fechamento é dado por W = F(Lb, X0). INJUNÇÕES, ANÁLISE DA QUALIDADE DO AJUSTAMENTO, ELIP- SE E ELIPSOIDE DOS ERROS E TESTES ESTATÍSTICOS PARA ANÁLISE Injunções no ajustamento de observações é uma restrição imposta em alguns dos parâmetros. A equação da injunção é descrita como uma equação onde só existem parâmetros e é representada por G (Xa) = 0. Elas podem ser de três tipos: injunções absolutas, injunções relativas ou injunções funcionais. A primeira se dá quando um parâme- tro é fixado no ajustamento e sua variância é tida como nula. A injunção relativa é quando os parâmetros são tratados como observações adicionais ou pseudo-observações. É também conhecida como injunção com peso. Por último, a injunção funcional é quando há uma relação (funcional) entre os parâmetros, e esta relação deve obe- decer a uma estipulada condição, quer seja física ou geométrica e o seu valor pode ser conhecido ou não. Também é importante mencionar que podem envolver todos os parâmetros, ou apenas partes deles. A análise da qualidade do ajustamento diz respeito ao controle de qualidade que o ajustamento deve ter para se encaixar numa boa precisão ou acurácia. Em geral, num problema de ajustamento, os fa- tores mais importantes a considerar-se no controle de qualidade são a economia, a precisão e a confiabilidade. A economia é importante do ponto de vista financeiro ao projetar um empreendimento, a precisão indica a dispersão dos resultados onde não há erros aparentes. A confiabilidade indica a capacidade das observações redun- dantes na detecção de erros, quer seja nos modelos quer seja nas ob- servações e com nível de confiança satisfatório. Baarda (1968) definiu o tamanho máximo do erro não detectado. Os maiores exemplos de testes estatísticos que avaliam a qualidade do ajustamento são: método de Baar- da (teste data snooping), teste Qui-quadrado (ou Teste Global do Modelo, da sigla TGM ou ainda teste n-dimensional), teste de Pope, teste de Tau. A temática elipse e elipsoide dos erros é útil quando, ao realizar o ajustamento, por exemplo, de redes de topografia, geodésia ou aero- fotogrametria através do método dos mínimos quadrados, além da sua matriz variância-covariância, é possível vislumbrar uma interpretação visual do resultado do ajustamento. A Figura 8 representa uma elipse 71 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S dos erros, para fins de demonstração, obtidos através de um exemplo contido na Apostila da UNESP de Ajustamento de Observações. 72 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Figura 8: Representação da elipse dos erros FONTE: CAMARGO (2000) Além dos testes apresentados anteriormente para fins de ve- rificação da confiabilidade do levantamento, alguns outros testes são usuais na literatura acadêmica sobre o ajustamento. São eles: os testes de detecção e análise de deformação, teste de congruência global, aná- lise de tendência e precisão. Tais testes e aplicações analíticas devem ser empregadas a fim de obter um resultado mais robusto para o ajusta- mento, sendo capaz assim de qualificá-lo de alta precisão. 73 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2017 Banca: FUNRIO Órgão: SESAU-RO Prova: Estatístico. Observe a tabela de contingências a seguir: O valor da estatística qui-quadrado usual para se testar a indepen- dência entre os atributos A e B é igual a: a) 7,6. b) 10,2. c) 14,4. d) 20,6. e) 22,8. QUESTÃO 2 Ano: 2013 Banca: CETRO Órgão: Ministério das Cidades Prova: Estatístico. Para verificar a aderência de um ajuste, assinale a alternativa que apresenta a estratégia adequada. a) Médias móveis. b) Teste do qui-quadrado. c) Teste de T-student. d) Covariância. e) Coeficiente de Pearson. QUESTÃO 3 Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: IBGE Prova: Analista - Geoproces- samento. Na estimação de coordenadas por meio das tecnologias GNSS, o processamento das observações tem aspecto fundamental na ob- tenção de uma melhor qualidade das coordenadas. Na fase de pro- cessamento das observações, podem ser utilizados: a) a estimação por MMQ; a escolha do ambiente computacional; o con- trole de qualidade; 74 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S b) a estimação por filtragem de Kalman; a elaboração do plano de coleta das observações; o uso de centragem forçada; c) os modelos funcional e estocástico adequados às observações; a escolha do método de posicionamento; a calibração do rastreador; d) a técnica Data Snooping; a elaboração dos DoPs – Dilution of Pre- cision; a verificação da existência e estado do apoio geodésico básico; e) a reescalação da matriz variância covariância dos parâmetros; a de- finição do intervalo e tempo de rastreio; a identificação das possíveis obstruções às observações. QUESTÃO 4 Ano: 2019 Banca: IFTO Órgão: IFTO Prova: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico - Área: Geomática. O princípio básico do ajustamento é regido pelo critério do Método dos Mínimos Quadrados, proposto há dois séculos por GAUSS e LE- GENDRE: “Aceitar como melhor estimativa de La, o valor que torne mínima a soma dos quadrados dos resíduos” (GEMAEL, 2004). Para um determinado modelo e conjunto de observações, o Método dos Mínimos Quadrados produz um único resultado, porém há diversos métodos que podem ser empregados. Qualquer que seja o método empregado, a resposta final será a mesma. Em relação aos métodos de ajustamento empregados, assinale a alternativa correta: a) Quando os valores observados ajustados podem ser expressos expli- citamente como uma função dos parâmetros ajustados, isto é, quando se verifica o modelo matemático: F(La,Xa)=0, dizemos que o ajusta- mento se processa pelo método paramétrico. b) O modelo matemático que caracteriza o método das equações de condição ou dos correlatos, sob notação matricial: F(La)=0, sintetiza o conjunto de equações a serem satisfeitas pelas observações ajustadas. c) O modelo matemático La= F(Xa) reúne tanto parâmetros ajustados como valores observados, porém ligados por uma função não explícita, denominado método combinado. d) O método paramétrico apresenta no modelo os valores observados para obter as equações de condição transformadas com outras incóg- nitas (os resíduos). e) O método das equações de condição trabalha com observações indi- retas, quando se deseja estimar grandezas que se vinculam às grande- zas observadas através de algum modelo matemático. QUESTÃO 5 Ano: 2016 Banca: ESAF Órgão: FUNAI Prova: EngenheiroAgrimen- sura. 75 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Após o ajustamento das observações, no método de variação de coordenadas, faz-se o cálculo da matriz variância-covariância (MVC) para se ter as estimativas das precisões das coordenadas ajustadas. Assinale a opção que indica corretamente como se ob- tém os semieixos da elipse dos erros. a) raiz quadrada dos autovetores da MVC. b) Raiz quadrada das variâncias da MVC. c) Os autovalores da MVC. d) Os autovetores da MVC. e) A raiz quadrada dos autovalores da MVC. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Disserte sobre o controle de qualidade de observações geodésicas. Como sugestão de pesquisa, é indicada a dissertação de mestrado de Klein, disponível através do link: https://www.lume.ufrgs.br/hand- le/10183/38615. TREINO INÉDITO Quais os tipos de injunções possíveis no ajustamento de observa- ções? a) Injunções absolutas, injunções normativas ou injunções funcionais. b) Injunções absolutas e injunções relativas. c) Injunções absolutas, injunções relativas ou injunções funcionais. d) Injunções absolutas e injunções estocásticas. e) Injunções absolutas, injunções relativas ou injunções estocásticas. NA MÍDIA QUAL A PREVALÊNCIA DE ESTEATOSE HEPÁTICA EM CRIAN- ÇAS COM FIBROSE CÍSTICA? A fibrose cística (FC) é uma doença genética grave, frequente em indiví- duos de raça branca. Ocorre em uma incidência de cerca de um para cada três mil nascidos vivos. A FC é multissistêmica e acomete glândulas sudo- ríparas, pâncreas, pulmões, fígado, intestino e ductos de Wolff. O acometi- mento hepático é a terceira principal causa de óbito, depois da insuficiência respiratória e das complicações relacionadas ao transplante pulmonar. Os pesquisadores utilizaram os seguintes testes estatísticos: o teste t de Student, o teste de Mann-Whitney e o teste do qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Fonte: PEB-MED Data: 10 jan. 2020 Leia a notícia na íntegra: https://pebmed.com.br/qual-a-prevalencia-de- -esteatose-hepatica-em-criancas-com-fibrose-cistica/ 76 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S NA PRÁTICA No dia a dia, utiliza-se linguagem de programação computacional para o desenvolvimento dos cálculos do ajustamento, onde calcula-se por meio das matrizes e vetores os resíduos, desvio-padrão e demais. Na figura se- guinte, um exemplo de um código feito em linguagem SciLAB para o méto- do paramétrico, em que, por meio de inserção dos dados e análises proba- bilísticas, chegou-se aos resultados. Vale ressaltar que o exemplo mostra somente o programa de código desenvolvido e não os seus resultados. 77 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 78 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 79 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S GABARITOS CAPÍTULO 01 QUESTÕES DE CONCURSOS 01 02 03 04 05 E A C A D QUESTÃO DISSERTATIVA - PADRÃO DE RESPOSTA Devido às propriedades estocásticas das observações, ou seja, sua va- riabilidade, a redundância não é compatível com o modelo funcional que de fato represente a realidade, assim, precisa-se aplicar o ajustamento de observações a fim de fazer uma análise dos dados. Em fotograme- tria, a figura seguinte exemplifica alguns casos em que esse ajustamen- to se faz necessário. Como sugerido, o material do prof. Daniel comple- menta a questão abordada neste tópico com maior profundidade. TREINO INÉDITO Gabarito: D 80 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 02 QUESTÕES DE CONCURSOS 01 02 03 04 05 D C B D C QUESTÃO DISSERTATIVA - PADRÃO DE RESPOSTA Em Teunissen (2003) é demonstrada uma interpretação geométrica para o método dos mínimos quadrados. Esta interpretação geométrica será apresentada para o caso bidimensional já definido anteriormente (n=2 e u=1). Visando auxiliar nesta interpretação, inicialmente, considera-se a se- guinte equação geral, envolvendo um vetor genérico z de dimensão n e uma matriz simétrica W de dimensão nxn: No caso bidimensional (n=2), a expressão (12) se torna: A equação (13) descreve uma elipse no plano. Se w11 = w22 e w12 = 0 a elipse é um círculo. Se w11≠ w22 e w12 = 0 a elipse possui seus semieixos paralelos aos eixos z1e z2. E se w12≠ 0 a elipse pode ter uma orientação arbitrária (Figura 3). https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt 81 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Definindo uma função F(z) para o vetor z2x1 como F(z) = zT Wz = C, sabe- -se do cálculo, que o gradiente de F(z), calculado em um ponto z0, é um vetor que é normal à elipse F(z) = C em z0. Em outras palavras, o vetor gradiente em z0 é perpendicular à linha tangente da função que descre- ve a elipse neste ponto z0. O vetor gradiente da função F(z), calculado em um ponto z0, é dado por: Aplicando as derivadas parciais em (14), resulta em (Teunissen, 2003): Este gradiente é normal à elipse F(z) = C no ponto z0 (Figura 4). https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt 82 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Analisando a Figura 4, nota-se que, para um dado vetor z que se esten- de da origem até um ponto sobre a linha tangente a elipse em z0, têm-se a relação de ortogonalidade: Ou seja, o vetor Wz0 é perpendicular ao vetor (z – z0), pois o produto interno entre estes dois vetores é nulo (Strang e Borre, 1997). Nota-se também que o escalar 2 que multiplica o vetor Wz0 não interfere nesta condição de ortogonalidade (não altera a direção e o sentido, apenas o módulo do vetor Wz0). Ainda considerando o caso bidimensional (n=2 e u=1), o estimador por mínimos quadrados ponderados do parâmetro x é dado por um escalar tal que o vetor dos erros aleatórios ê = (y – ) é paralelo a linha tangente da elipse zTWz = aTWa em a, (Figura 5), pois realizando ope- rações algébricas em (9), pode-se escrever: https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt 83 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Ou seja, o vetor dos erros aleatórios ê deve ser perpendicular ao ve- tor Wa e, portanto, paralelo a linha tangente da elipse aTWa = C no vetor a. Nota-se ainda que, quando W2x2=I2x2, resulta em aT(y – ) = 0, a elip- se se torna um círculo (w11 = w22 =1 e w12 = w12 = 0 ) e a estimativa por mínimos quadrados não ponderados é obtida a partir da relação de or- togonalidade entre os vetores ê e ŷ= a Ver Figura 6. https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt 84 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S De acordo com a expressão (10),ŷ = [A(ATWA)-1AT W] y , e, segundo a expressão (11), ê = [I – A(ATWA)-1AT W] y. Analisando estas expressões e a Figura 5, nota-se que os veto- res ŷ e ê são projeções oblíquas do vetor y, ou seja, as matrizes A(A- TWA)-1ATW e [I – A(ATWA)-1ATW] são projetores oblíquos, denotados por (Teunissen, 2003): Em outras palavras, o vetor das observações ajustadas ŷ e o vetor dos erros aleatórios ajustados ê são projeções oblíquas do vetor das obser- vações y, sendo estas duas projeções definidas pelos projetores oblí- quos Pa, (Wa)┴ e P┴a, (Wa)┴ em (18), respectivamente. No caso bidimensional em questão (n=2 e u=1), o vetor Pa, (Wa)┴ pro- jeta sobre uma linha gerada pelo vetor a2x1, e ao longo de uma linha gerada pelo vetor (Wa)┴ , que é ortogonal ao vetor W2x2 a2x1 (Figura 7), e o vetor P┴a, (Wa)┴ projeta sobre uma linha ortogonal ao vetor W2x2 a2x1, e paralelamente à direção do vetor a2x1 (Figura 7). https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt 85 AJU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Como Wa e (Wa)┴ são ortogonais entre si, o produto interno destes vetores resulta em [(Wa)┴]T Wa =0. Com o auxílio de um vetor b2x1, definido de forma que seja ortogonal ao vetor a2x1, ou seja, (b1x2)T a2x1=0, pode-se escrever (Wa)┴ como W-1b. Portanto, (W-1b)T(Wa)=0, pois a inversa W-1 de W existe, desde que W seja positiva-definida (Lay, 1997). Desta forma, com o auxílio do vetor W-1b, pode-se representar os dois projetores definidos em (18) alternativamente como (Teunissen, 2003): A expressão (19) é melhor compreendida com o auxílio da Figura 8, que se utiliza de relações trigonométricas elementares, e das expres- sões (18) e (11), podendo-se escrever, para o vetor dos erros aleatórios https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt 86 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S ênx1 (Teunissen, 2003): Onde o escalar define o módulo do vetor resultante , e o vetor normalizado (unitário) define a dire- ção deste vetor resultante , lembrando que o vetor dos erros aleatórios ajustados ê é uma projeção oblíqua do vetor das obser- vações y e a matriz é o seu projetor. Rearranjando a expressão (20), de forma a agrupar os termos escalares 87 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S (unidimensionais) à direita, pode-se escrever: Analisando a Figura (8), o escalar ||y||cosα é igual ao produto interno entre os vetores b2x1 e y2x1 (ver Lay, 1997; e também Strang e Borre, 1997), ou seja, ||y||cosα =bTy, e de maneira análoga, ||W-1b||cosβ = (W-1b)T b. Desta forma, pode-se finalmente escrever (Teunissen, 2003): Ou seja, a segunda expressão de (19) é demonstrada geometricamen- te. A primeira expressão de (19) relativa ao projetor oblíquo do vetor das observações y em a (sendo sua projeção resultante o vetor ŷ), pode ser demonstrada de maneira similar. Dando continuidade à interpretação geométrica do MMQ, relembrando o critério dos mínimos quadrados ponderados, que busca o vetor dos parâmetros x que minimiza a se- guinte expressão: Definindo um vetor z por z = Ax, a expressão (23) é equivalente a: Como e = y – Ax, logo z = y – e. Para o caso bidimensional considerado, o vetor b é ortogonal ao vetor a, ou seja, bTa=0. Com este pressuposto, resulta em: A expressão (25) é satisfeita quando bTy = bTe. Mas se e = y – Ax, a expressão (23) é equivalente a: Ou seja, no caso bidimensional considerado, o método dos mínimos qua- drados ponderados consiste em estimar um vetor dos erros aleatórios ê que minimiza a expressão eT 1xnWnxnenx1 e obedece a relação bTy = bTe. Fazendo eT 1xnWnxnenx1 = Constante = C, têm-se a equação de uma elip- https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt 88 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S se, conforme já fora visto. Para diferentes valores da constante C têm- -se diferentes elipses, e quanto maior o valor da constante C, maior o tamanho da elipse (Figura 9). A estimativa ê do vetor dos erros aleatórios é dada pelo ponto de tan- gência da linha bTy = bTe com a elipse eT 1xnWnxnenx1 = Mínimo = F( ), (Figura 10): https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt https://www.scielo.br/j/bcg/a/cXvxyW5LsMwpxVpxS5ftQBx/?lang=pt 89 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Neste ponto de tangência ê, a normal da elipse, é paralela a normal da linha bTy = bTe. Mas como a normal da linha bTy = bTe é dada por b, a normal da elipse em ê também é dada por b (para maiores detalhes ver produto interno de vetores em Lay, 1997). Portanto, o vetor ê é paralelo a W-1b. Logo, pode-se expressar o vetor ê por um produto entre W-1b e um escalar α (Teunissen, 2003): O escalar desconhecido α pode ser determinado pelo fato de que o ve- tor ê tem que se estender até a linha bTy = bTe. Desta forma, pré-multi- plicando (27) por bT e realizando operações algébricas, resulta em: Substituindo (28) em (27), os estimadores ê e ŷ por mínimos quadrados ponderados tornam-se (Teunissen, 2003): 90 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Quando Wnxn=Inxn, tem-se: Analisando as expressões (29) e (30), nota-se que com as relações geométricas estabelecidas, para os casos em que o vetor dos parâ- metros xux1 se torna um escalar x1x1 e consequentemente, a matriz design Anxu se torna um vetor anx1, é possível estimar o vetor das ob- servações ajustadas ŷnx1 e o vetor dos erros aleatórios ênx1 sem o co- nhecimento prévio do parâmetro ajustado , definindo um vetor bnx1 que seja ortogonal ao vetor anx1 e lembrando que ŷnx1= anx1 . Os vetores ŷnx1e ênx1 também poderiam ser obtidos diretamente em fun- ção de ynx1, Wnxn e Anxu, conforme mostram as expressões (10) e (11). Para problemas envolvendo um maior número de parâmetros, esta so- lução alternativa se torna mais complexa, pois se deve definir uma ma- triz Bnxu cujos vetores (colunas) sejam ortogonais a todos os vetores (colunas) da matriz design Anxu, sendo as matrizes A e B dois subespa- ços ortogonais entre si de u vetores cada e dimensão n (Kock, 1999). FONTE: Klein, Ivandro et al. Ajustamento de observações: uma inter- pretação geométrica para o método dos mínimos quadrados. Boletim de Ciências Geodésicas [online]. 2011, v. 17, n. 2 [Acessado 05 Julho 2021] , pp. 272-294. Disponível em: . Epub 30 Ago 2011. ISSN 1982-2170. https://doi. org/10.1590/S1982-21702011000200007. TREINO INÉDITO Gabarito: C 91 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 03 QUESTÕES DE CONCURSOS 01 02 03 04 05 C B A B E QUESTÃO DISSERTATIVA - PADRÃO DE RESPOSTA Baseando-se na dissertação de mestrado indicada como pesquisa, existem alguns testes estatísticos que apresentam o escopo do controle de qualidade quando se fala de observações geodésicas. No trabalho em específico, foi utilizado, por exemplo, o teste de Baarda (1968), o teste global de ajustamento para detecção de erros, o procedimento data snooping para identificação e localização dos erros, além do teste Tau, desenvolvido por Pope (1976). FONTE: KLEIN, I. Controle de qualidade no ajustamento de observações geodésicas. Dissertação de mestrado. UFRGS. Disponível em: . Acesso em 05 jul. 2021. TREINO INÉDITO Gabarito: C 92 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S CAMARGO, P. O. Ajustamento de observações: notas de aulas. UNESP. GEMAEL, C. Introdução ao ajustamento de observações: aplicações geodésicas 1.ed. Curitiba: Editora da UFPR, 1994. SANTOS, D. R. Fotogrametria I. Disponível em: . Acesso em: 05 jul. 2021. SOUSA, J. S. Reestruturação e automatização do sistema de classi- ficação de teodolitos e da componente angular de estações totais no laboratório de instrumentação geodésica. Dissertação de mestrado. Programa de Pós Graduação em Ciências Geodésicas, UFPR. 2021. SOUZA, Iara Alves Martins de. A calibração de instrumentos de medi- ções topográficas e geodésicas: a busca pela acreditação laboratorial. 2010. Dissertação (Mestrado em Infraestrutura de Transportes) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Car- los, 2010. doi:10.11606/D.18.2010.tde-14102010-161333. Acesso em: 05/07/2021. 93 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S _Hlk77673099 frm12 frm13 frm14 frm15 frm16 frm17 fig05 frm18 frm19 frm20 frm21 frm22 frm23 frm24 frm25 frm26 frm27 frm28 frm29 frm30além da estimativa da qualidade do levantamento. Todos os resultados, para ter caráter técni- co ou científico deverá ter valores de precisão, expressa por 𝜎. Ainda, é necessário no processo de ajustamento identificar a presença de erros, quer sejam eles grosseiros, sistemáticos ou acidentais. Nos últimos tempos, o ajustamento se beneficiou da linguagem matricial e da evolução tecnológica para fazer operacionalizar a mani- pulação e tratamento de matrizes de enormes dimensões, que à mão seriam impossíveis de calcular. Além das técnicas estatísticas, que trou- 12 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S xeram confiabilidade e qualidade (precisão e acurácia) aos resultados dos ajustamentos. Assim, pode-se resumir o objetivo do ajustamento por: estimar, por meio de modelos matemáticos próprios e o MMQ um valor único para cada incógnita do levantamento, além de fazer uma estimativa da precisão destas e as correlações entre elas. 13 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S O primeiro capítulo deste módulo busca elucidar sobre os con- ceitos de observação geodésica, bem como discriminar quais são os modelos matemáticos utilizados no processamento de dados geodési- cos. Também serão apresentados, neste capítulo, os conceitos de teo- ria dos erros e seus tipos, bem como os princípios e técnicas de propa- gação destes erros e quais métodos são utilizados a fim de minimizar as variáveis envolvidas neste processo. CONCEITO DE OBSERVAÇÃO OU MEDIDA Observação ou medida nos processos de geodésia são práti- cas que se referem à operação de algum método, sistema ou processo. Os valores numéricos, ou alfanuméricos, encontrados após um proces- so de observação em qualquer que seja a análise deve ser submetido FUNDAMENTOS DO AJUSTAMENTO DE OBSERVAÇÕES GEODÉSICAS A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 14 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S para fins de análise e manipulação. Na ciência, na engenharia, na tec- nologia ou instrumentação, alguns pontos devem ser considerados no processo de medição/observação de qualquer grandeza, como: - Observar é realizar uma operação física, portanto tem várias etapas intrínsecas a ela, como preparar o instrumento que vai ser utili- zado, calibrá-lo, retificá-lo, realizar as medidas, dentre outras. - O resultado de uma observação é sempre uma medida e esta medida no geral é feita com a utilização de algum instrumento. Vale ressaltar que estas medidas encontradas ao fim do processo são refe- renciadas a um padrão específico, estabelecido por convenção e que irá evidenciar se aqueles dados são de qualidade ou não. - Medidas são conceitos teóricos, mas esta teoria, por fim, per- mite fazer relações com situações e elementos reais, por exemplo, na área da geodésica, com localização geográfica, área, limites. Para que esta conceituação teórica faça sentido, recorre-se a adotar modelos matemáticos. As medidas estão atreladas a probabilida- des, por exemplo, quando se repete n vezes a medida de uma grandeza específica, estes n valores são iguais, entretanto estão dispersos num certo local ou espaço, levando a considerar que estes sejam erros de observação, conforme exemplifica a Figura 2. Figura 2: Erros de observação FONTE: CALDEIRA (2017) Para entender um pouco mais sobre região de incerteza nas medições, acesse o vídeo: https://www.youtube.com/watch?- v=Lnpx4Mp1-_k&ab_channel=MarcoA.B.Andrade As observações podem ser de três tipos: diretas, diretas con- dicionadas e indiretas. A primeira consiste em realizar as observações sobre as próprias grandezas incógnitas. A segunda consiste em quando estas incógnitas estão ligadas por equações e condições específicas e 15 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S a terceira, a observação da grandeza está associada com as incógnitas, também chamada de parâmetros por meio de relações funcionais que já são conhecidas. MODELO MATEMÁTICO Para descrever uma realidade física difícil de representação, como por exemplo, o geoide, é necessário utilizar-se de fórmulas, ex- pressões, equações e sistemas matemáticos para representar esta realidade com a maior aproximação possível. Sendo assim, o modelo matemático é visto como um conceito abstrato ou teórico, sem corres- pondências reais com o sistema físico, demonstrando, por exemplo, a representação da Terra, que é vista em conceitos como topografia ou geodésia através de planos, esferoides, elipsoides, geoides e outros, conforme exemplificado na Figura 3. Figura 3: Representação da Terra por modelos matemáticos FONTE: CALDEIRA (2017) Em outra área similar a estes conceitos mostrados, como por exemplo, na fotogrametria, é admitido que a propagação de luminosida- de através da atmosfera e lentes tem trajetória reta, mas considerando o real efeito deste caso, sabe-se que existem efeitos de não colineari- dade da luminosidade, bem como inclinação das fotos, conforme exem- plificado na Figura 4. 16 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Figura 4: Modelo matemático utilizado em fotogrametria FONTE: CALDEIRA (2017) Logo, é possível afirmar que os modelos matemáticos são uti- lizados para modelar os sistemas e fenômenos que não podem ser mo- delados sem atribuição matemática. No geral, o modelo matemático é dividido em dois tipos diferentes de modelos: modelo funcional e esto- cástico, sendo: - Modelo funcional: em suma, ao executar uma medida é ado- tado um modelo funcional a fim de representar o sistema físico ou fic- tício pelo qual esta medida está vinculada. Assim, as observações são realizadas geralmente para fins de avaliação dos valores para um con- junto específico ou todos os parâmetros do modelo funcional. Na área da geodésia, por exemplo, um dos modelos físicos que é estudado é o do campo gravitacional da Terra. Na topografia, através de geometria, por exemplo, um triângulo, e na aerofotogrametria, através da obtenção de imagens aéreas que, por sua vez, representam as imagens do ponto de vista do terreno. Estes exemplos são apresentados na Figura 5. - O modelo estocástico: este tem a ver com a estatística das observações, haja visto que essas observações sempre estão passíveis de diferentes formas de influências internas e externas que podem preju- dicar os resultados observados. Os fatores que levam a estes resultados serem passíveis de erros são dos mais diversos, desde a causas físicas (temperatura, pressão), as imperfeições ou imprecisões dos instrumentos utilizados, como a possibilidade de o operador do instrumento falhar na obtenção, armazenamento e processamento destas observações. 17 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Figura 5: Modelo funcional e exemplos de aplicação FONTE: CALDEIRA (2017) 18 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Para saber mais sobre alguns conceitos apresentados até aqui, acesse o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=TvZ0J- -8OK2w&ab_channel=geocastbrasil ERROS DE OBSERVAÇÃO Atualmente, na linguagem científica e educacional, o termo “teoria dos erros de observação” caiu em desuso, haja vista o avanço técnico-científico na área e os conhecimentos que ao longo do tempo foi-se aumentando acerca da temática. De modo geral, convencionou- -se adotar o termo “propriedades estatísticas das observações”. Embo- ra tendo caído em desuso, muito se utiliza ainda o termo, então para esta Unidade será mencionado o termo, mas convém ressaltar que é necessário ser feito um esforço para inutilizá-lo cada vez mais. Quando se trata dos erros de observação, no geral, eles são divididos em três: erros grosseiros, erros sistemáticos e erros aleatórios (acidentais). O primeiro, tem a ver, na maioria dos casos, com relação à desatenção do observador/operador de um instrumento e/ou nas ano- tações do levantamento. Exemplos de erros grosseiros mais comuns: inversão de dígitos na leitura deum instrumento, contagem errada do número de lances num levantamento, a troca de pontaria, do alvo, a digitação ou anotação de valores errados, etc. Estatisticamente, os erros grosseiros não devem ser tratados como pertencentes a uma amostra de dados e serem usados parale- lamente aos demais dados, pois prejudicam bastante as observações. Assim, quando há ocorrência de erros grosseiros, em geral, estes são detectáveis rapidamente, haja visto a discrepância dele. Existem vá- rias técnicas que minimizam ou simplificam a possibilidade de ocorrer erros grosseiros, como leituras múltiplas, ou seja, em pontaria direta e inversa da luneta do instrumento e checagens de consistência. Por exemplo, considerando uma amostra de uma coleta de ângulos numa estação total para fins de certificação do aparelho de acordo com a NBR 13.133/1994: ao realizar as medidas, o observador anota os dados dos ângulos e observa que em média a diferença da observação em pontaria direta e inversa é de poucos segundos, mas num dos casos, a diferença é na ordem dos minutos; este provavelmente é um erro gros- seiro. Todos os dados contaminados de erros grosseiros devem ser re- 19 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S jeitados no levantamento. Caso não seja detectável e seja utilizado, são grandes as chances da qualidade do levantamento serem imprecisas e não atenderem aos padrões de qualidade estabelecidos por Órgãos regulamentadores. Os erros sistemáticos não têm causas conhecidas, mas no ge- ral podem ser evitados por meio de técnicas especiais de observação ou eliminados por meio de formulação matemáticas teóricas. A minimi- zação ou completa eliminação de erros deste tipo é feita por meio da calibração e/ou verificação dos instrumentos, técnicas de observação especiais ou processamento das observações para minimizar os efeitos que geraram os erros (como atmosféricos). Estatisticamente, repetir o número de observações não muda em nada o resultado dos erros siste- máticos, nem afetam os resultados destes. Exemplos mais comuns de erros sistemáticos: disposição do nível numa distância igual das miras ao qual se observa, pois esta configuração corrige os efeitos de refra- ção, colimação, esfericidade da Terra, leituras conjugadas (múltiplas) ao observar ângulos, pois este elimina os efeitos como graduação do limbo, erro de colimação, erros referentes à alidade. Em determinados casos, a falta de cuidados pode transformar fatores que seriam erros sistemáticos em erros grosseiros. A falta de verticalidade da mira, que ocorre quando o nível esférico presente na parte posterior da mira não permite a coincidência da vertical, é um exemplo de erro operacional. Outro exemplo comum é o erro de ponta- ria, que ocorre devido à limitação da resolução óptica do instrumento, da limitação visual do observador ou por causa das variáveis de cunho atmosférico (SILVA et al., 2007). Já os erros aleatórios ou acidentais, do contrário dos erros sis- temáticos, ocorrem sem ordem e sentido lógico e não podem ser vin- culados a causa conhecida. Feita as devidas correções nos erros gros- seiros e sistemáticos e ainda sobrando variáveis que se revelam, estas se mostram como erros acidentais. Nos erros sistemáticos, a tendência é que eles se acumulem à medida do número de observações, já os erros acidentais se neutralizam. O conceito de erro aleatório/acidental é usualmente restrito à distribuição normal de probabilidade. As proprie- dades dos erros das medidas são paralelas a propriedades estatísticas da amostragem. Alguns erros instrumentais mais comuns no processo de levantamento com instrumentos topográficos como estação total ou teodolito, são mostrados na Figura 6. Em ordem são eles: verticalidade do eixo principal, erro de índice vertical, erro de colimação e erro da excentricidade da alidade. 20 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Figura 6: Erros instrumentais FONTE: SILVA (2021) Para entender mais sobre fundamentos dos erros de obser- vação, acesse o Blog do Sadeck, um dos mais completos do Brasil na área. Link: https://geotecnologias.wordpress.com/2019/11/04/ fundamentos-da-teoria-de-erros/ 21 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S PRECISÃO E ACURÁCIA A precisão está ligada ao grau de aproximação da observação com a sua média, estando vinculada apenas aos efeitos aleatórios ou acidentais e refletindo a dispersão dos dados. Já a acurácia, também conhecida como exatidão, está ligada ao grau de aproximação de uma estimativa do seu valor, em tese, verdadeiro; estando vinculada tanto aos efeitos aleatórios ou acidentais e/ou sistemáticos. A Figura 7 repre- senta uma exemplificação de precisão e acurácia. Figura 7: Precisão e acurácia FONTE: CALDEIRA (2017) Para o caso N-dimensional, a precisão é representada pela matriz de variância-covariância (Σ). O traço desta matriz é comumente associado à indicação da precisão média, que é dado por: Exemplificando para as variâncias 𝜎𝑖 2 e covariâncias 𝜎𝑖j 2, de um determinado conjunto com n observações (Lb), que são dispostas de uma forma que compõem a matriz quadrada (n x n), representada por ΣLb. 22 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Assim, a matriz ΣLb que é simétrica a 𝜎𝑖 = 𝜎𝑖j, é denominada ma- triz de variância-covariância, matriz MVC, ou matriz covariância (MC). Caso as observações sejam independentes umas das outras, as cova- riâncias são nulas e a matriz ΣLb se deteriora numa matriz diagonal. No dia a dia, a matriz MVC é comumente substituída pela variância/cova- riância relativa, sendo assim, utiliza-se o termo matriz dos coeficientes de peso ou cofator, representado por Q e seu elemento por q, sendo assim, um cofator está relacionado com a suas variâncias e covariân- cias, respectivamente por: Como na equação acima 𝜎0 2 é uma constante sem dimensão (adimensional) e arbitrária, denominada de variância de referência/fator de variância ou variância da unidade de peso unitário, ao aplicar uma MVC nesta, tem-se: Se esta matriz Q não for singular (ou seja, única), ela terá uma matriz inversa, denominada de matriz dos pesos e representada por P, conforme exemplificado: Como a matriz P é simétrica, ela é reduzida a uma matriz dia- gonal quando as observações não têm correspondência entre si, ou seja, são independentes. Assim, os elementos diagonais de Q e P são o inverso dos pesos das observações e os pesos. Caso seja possível es- tabelecer uma perfeita correlação entre as variáveis, é possível denomi- nar uma matriz covariância e uma matriz cofatora, porém não é possível denominar uma matriz de pesos, tendo em vista que os elementos da diagonal da matriz dos pesos não são os pesos e os da matriz inversa são os inversos dos pesos. 23 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Há de se estabelecer também os modelos matemáticos dos er- ros verdadeiros, aparentes e os resíduos. Sendo X o valor designado de uma grandeza medida, 𝜇 o seu valor verdadeiro e 𝑙𝑖 os valores observa- dos, tem-se para os erros verdadeiros a equação 𝜀𝑖=𝑙𝑖−𝜇, para os erros aparentes a equação 𝑒𝑖=𝑙𝑖 – X e para os resíduos a equação 𝑣𝑖= 𝑋−𝑙𝑖, sendo este último com o sinal trocado. O erro aparente é geralmente conhecido, exceto nos casos de fechamento de triângulos. Um vídeo explicativo que exemplifica as diferenças dos conceitos de precisão vs acurácia. Link: https://www.youtube.com/ watch?v=hTBwCh8CDpo&ab_channel=VidadeTop%C3%B3grafo PRINCÍPIOS E TÉCNICAS DE PROPAGAÇÃO Por meio da propagação é possível ser obtido as característi- cas estocásticas das variáveis funcionalmente dependentes e aquelas funcionalmente independentes e a relação entre elas, do ponto de vista estatístico, sobre estas variáveis. Seja xi(i=1,2,3,..,n) um conjunto de va- riáveis aleatórias, com a correspondente distribuição de probabilidade dada pela função densidade da probabilidade (fdp), Φx(x1,x2,x3,...,xn) eyk(k=1,2,3,...,m), outro conjunto de variáveis aleatórias, que estão re- lacionadas com xi por meio do modelo funcional yk= f(x1,x2, x3, ..., xn); k = 1, 2, 3, ..., m. Os valores de yk são obtidos dos atribuídos a xi, assim pode-se chamar yk e xi de variáveis funcionalmente dependentes e fun- cionalmente independentes, de forma respectiva. Propagando-se, pode-se determinar as propriedades estocás- ticas das variáveis yk, a partir das propriedades das variáveis xi, ou seja, calcular a função densidade(Φ), a média(μ) e a MVC(Σ) de yk. No dia a dia, utilizam-se geralmente três tipos de propagação, sendo elas: pro- pagação de média, propagação de distribuição e propagação de variân- cia-covariância (também conhecida como propagação de covariâncias ou de erros). Se tratando de ajustamento de observações, a última é a mais importante e, portanto, objeto de maior destaque nesta Unidade. A propagação de média é obtida através do conceito de espe- rança matemática. Já no caso da propagação de distribuição, em trans- formações lineares de variáveis aleatórias, a propagação tem como consequência uma distribuição normal. Para o caso da propagação de 24 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S variância-covariância, na área da geomensura (topografia, geodésia, car- tografia e aerofotogrametria), as quantidades de medidas são em geral usadas para o cálculo de outras quantidades de interesse, isto é, os parâ- metros a serem estimados. Se as medidas estão dispersas ao redor de um valor, ou seja, tem variância, assim as quantidades também terão. Em suma, portanto, a propagação de variância-covariância é a avaliação das dispersões (ou variâncias) nas quantidades que se calcu- lam e possíveis correlações como funções das dispersões em uma me- dição/observação. Elas podem ser de dois tipos: para funções lineares e para funções não lineares. Para o primeiro caso, sejam duas variáveis aleatórias x1 e x2 com médias 𝜇 x1 e 𝜇 x2 e variâncias dada por 𝜎x1 2 e 𝜎x2 2, sendo que as variáveis y1 e y2 são obtidas da seguinte forma: Para obter a dispersão de y1 e y2 e a sua eventual correlação, faz-se: Para o segundo caso, no geral, as equações são não lineares, devendo ser linearizadas. Esta linearização é feita através das formula- ções matemáticas desenvolvidas por Taylor, onde despreza-se os ter- mos de ordem superior a primeira ordem. Seja uma função não linear: y = f(x), desenvolvendo-a em série de Taylor, tem-se: 25 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Desprezando o termo de ordem superior a primeira, tem-se: Considerando um caso geral, na forma de matriz onde Y = F(X), e expandindo por série de Taylor, tem-se: Desprezando o termo de ordem superior a primeira, tem-se: Onde: Realizando um procedimento semelhante ao anterior, conside- rando D a matriz Jacobiana dos coeficientes, tem-se: Sendo esta última equação a fórmula da propagação da va- 26 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S riância-covariância para o caso de funções não lineares. Sendo assim, as fórmulas para a propagação da variância-covariância para os mode- los lineares e não lineares, são respectivamente: Onde: G: matriz dos coeficientes D: matriz Jacobiana (derivada) dos coeficientes. Vale ressaltar também que a propagação não tem dependência das distribuições de probabilidade e se a MVC das medidas é diagonal, isso não quer dizer que a nova MCV também será, haja vista que os mo- delos matemáticos que ligam as variáveis promovem esta correlação. Existem alguns casos particulares que devem ser levados em consideração, como quando, por exemplo, as componentes do vetor aleatório X são independentes, ou seja, não se correlacionam, assim a MVC será diagonal e a função linear se apresenta desta forma: Onde as variáveis aleatórias x1, x2,..., xn são independentes. Ao aplicar a fórmula da propagação da variância, tem-se: Resultando em: Já para uma função não linear, onde: 27 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Onde as variáveis aleatórias x1, x2,..., xn são independentes. Ao aplicar a fórmula da propagação da variância, tem-se: Resultando na variância: Resultando no desvio padrão: Sobre matrizes de variância-covariância (MVC), segue o link de um vídeo que conceitua e exemplifica este importante con- ceito do ajustamento de observações geodésicas. Link: https:// www.youtube.com/watch?v=lEkTtFaQvuc&ab_channel=Marcelo- TomioMatsuoka 28 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2013 Banca: CESGRANRIO Órgão: IBGE Prova: Tecnologista - Cartografia. Após o ajustamento das observações realizadas em um levan- tamento geodésico, obtêm-se os valores da variância e da cova- riância das coordenadas através da matriz variância-covariância. Esses valores indicam o comportamento da elipse de erros em re- lação aos eixos X e Y. As Figuras a seguir mostram como a posição dessa elipse varia em função de σxy, σ2 x e σ2 y. a) σx 0 e) σx = σy b) σxyde engenharia e diversos estudos científicos. Com o reajustamento im- plementado em 2018, a altimetria do Brasil se alinha ao Sistema Inter- nacional de Referência para Altitudes. O IBGE divulga hoje a segunda edição do relatório de cálculo das no- vas altitudes de alta precisão, que servem de base para atividades de engenharia, mapeamento e estudos científicos em todo o território na- cional. O Relatório do Reajustamento da Rede Altimétrica com Números Geopotenciais 2018 está disponível aqui. Fonte: IBGE Data: 30 set. 2019. Leia a notícia na íntegra: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia- -sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25548-ibge-di- vulga-nova-edicao-do-relatorio-de-reformulacao-metodologica-do-cal- culo-das-altitudes-de-referencia NA PRÁTICA Na prática, os cálculos do ajustamento de observações são realizados em softwares específicos que fazem análises probabilísticas ou por meio de códigos de programação. Abaixo, um exemplo de um levan- tamento realizado com uma estação total da fabricante TOPCON e os cálculos necessários para se realizar o ajustamento no Excel de dados obtidos na cidade de Florianópolis – SC, para um estudo que tinha um intuito avaliar a qualidade das observações geodésicas e a dispersão dos dados obtidos pelo instrumento. 33 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 34 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 35 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS (MMQ) Neste capítulo serão apresentados conceitos essenciais acerca do ajustamento de observação por meio do método dos mínimos quadra- dos (MMQ), além de explicitar a teoria sobre o ajustamento de observa- ções diretas, estimativas de precisão e uma sucinta introdução sobre os métodos de ajustamentos, que será mais bem explanado no Capítulo 3. INTRODUÇÃO AO MMQ É bastante importante mencionar que para se utilizar do ajus- tamento de observações ou aplicar o Método dos Mínimos Quadrados (MMQ), só é possível fazê-lo, quando se têm dados de observação re- dundantes ou superabundantes. Com o método do MMQ é possível es- timar as variáveis incógnitas X (parâmetros) e sua precisão Σx, a partir A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 36 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S de observações (Lb), com precisão ΣLb, assim, tem-se: Dados: Lb e ΣLb > estimar X e Σx Quando se fala de espaços envolvidos nos problemas de ajus- tamentos, tem-se três tipos diferentes: o espaço das observações ou me- didas Rn, o espaço do modelo matemático Rm e o espaço dos parâmetros incógnitos Ru. Métodos excepcionais podem envolver um ou mais espaços. Em função dos espaços envolvidos no ajustamento, deriva-se os métodos de ajustamento e um modelo fica determinado por um número mínimo de variáveis, quer seja parâmetros, observações ou ambos e as respectivas relações entre elas. Assim sendo, a família dos modelos se constitui por y = ax + b; está possuindo infinitas soluções e sendo necessária para determi- ná-la, a fixação de no mínimo dois parâmetros, ou seja, a e b. Já a forma de um triângulo plano é definida por seus ângulos. Minimamente dois ângulos já definem sua forma, de acordo com o modelo α+β+γ= 180°. Caso o problema seja fixar a forma e as dimensões do triângulo plano, o número de variáveis sobe para três, já que uma escala é somada ao problema anterior. Caso o intuito seja determinar a posição e a orien- tação, tendo como base um referencial específico, do dito triângulo, seis variáveis são necessárias. De acordo com a complexidade da realidade física que se tem como objetivo representar aumenta, aumentam também o número de variáveis mínimas requeridas para a resolução do problema. Quando se escolhe o modelo, este fica definido por meio de um número mínimo de variáveis distintas, que no caso do ajustamento são as obser- vações ou medidas geodésicas. Considerando o número mínimo de va- riáveis por n0 e o número total de observações por n, o grau de redundân- cia (r) do sistema é, portanto, a diferença entre n e n0, assim r = n - n0. O grau de redundância também pode ser chamado de graus de liberdade. Para os casos em que n é maior que n0, é porque existe redundância, ou seja, o ajustamento é necessário para que seja obtido um único conjunto de estimativas para o modelo. As observações podem ser derivadas a partir de algumas ou de todas as observações restantes (n-10). PRINCÍPIOS DO MMQ Para o modelo funcional, as observações redundantes não são compatíveis. Isso se deve ao fato das propriedades estocásticas das observações. Assim, num modelo ou sistema de equações, quer sejam lineares ou que se linearize estas, quer sejam redundantes ou sem con- sistência, seriam distintas as soluções que se obteriam para o conjunto destas variáveis, considerando como referencial vários outros subsiste- 37 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S mas. Para o caso de observações redundantes, não é possível um re- sultado único apenas, a menos que seja introduzido algum critério. Esta configuração, portanto, dá possibilidade à aplicação do princípio básico do ajustamento pelo método dos mínimos quadrados, a fim de que este derive um conjunto único de estimativas para todas as variáveis do mo- delo e que estas tenham determinadas propriedades, como estimativa não tendenciosa de variância mínima. O vetor Lb, que corresponde ao conjunto original de observa- ções, quando composto de observações redundantes e sem consis- tência como modelo, ao ser realizado o ajustamento, é substituído por outro conjunto de estimativas, conhecido como vetor La, este assim sa- tisfazendo o modelo. Existem diferenças entre os conjuntos de estimati- vas Lb e La, sendo esta diferença representada por: V = La - Lb. Onde: V: vetor das correções ou vetor dos resíduos, assim: La = Lb + V Para que o modelo seja satisfeito, é necessário que o vetor Lb seja bem escolhido, e esta escolha perpassa a escolha também do vetor V. Assim, através dos matemáticos e geodesistas Gauss e Legen- dre, foi considerado como padrão, aceitar como melhor estimativa de La o valor que torna mínima a soma dos quadrados dos resíduos. Assim, o princípio do MMQ sugere que: Ф = VTPV = mínimo Esta formulação é conhecida como a forma quadrática funda- mental do MMQ, onde o vetor dos resíduos é dado por V e a matriz peso das observações é dada por P, assim: Onde: 𝜎0 2: escalar conhecido como fator de variância a priori Σ: matriz variância-covariância (MVC) das observações Vale ressaltar que a formulação acima representa as equações desenvolvidas por Gauss e Legendre, mas existem outros casos parti- culares, onde por exemplo, podem ser derivados a partir da matriz peso. Para o caso em que as observações não se relacionam (𝜎ij = 0), a matriz peso torna-se uma matriz diagonal, portanto, a equação que representa o MMQ é: 38 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Onde: pi: i-ésimo elemento de P vi: resíduo associado com a correspondente i-ésima observa- ção Para o caso em que as observações não são correlacionadas e tenham um mesmo grau de confiança, a matriz peso pode ser consi- derada como matriz identidade, se satisfazer a condição de que 𝜎0 2 é igual a variância das observações. Logo, tem-se que a forma quadrática fundamental é representada de duas formas: Ф = VTV = mínimo Ou: Vale mencionar também que, para se aplicar o MMQ não é ne- cessário um conhecimento a priori da distribuição de probabilidade que tenha associação com as observações. Para o caso em que a distribui- ção seja normal, o método de Máxima Verossimilhança já proporciona resultados iguais ao MMQ. Deve-se dar destaque ao vetor dos resíduos no processo de ajustamento, haja visto que é possível analisar os ele- mentos deste vetor a fim de testar o modelo, quer seja ele o funcional ou o estocástico e as suas devidas observações associadas.AJUSTAMENTO PELO MMQ Uma vez conhecido o modelo matemático que será utilizado no ajustamento, é selecionado através dos aspectos práticos e computacio- nais, o método pelo qual se realizará o ajustamento pelo MMQ. Através do MMQ é possível se ter estimativas atualizadas ou ajustadas de todas as variáveis do modelo, além da sua matriz de variância-covariância. Ao se aplicar um algoritmo computacional, é necessário avaliar estatistica- mente os resultados obtidos, julgando o modelo adotado, quer seja ele funcional ou estocástico e as observações. A depender do grau de robus- tez da linguagem computacional, esta pode levar a um remodelamento ou refinamento do modelo, caso o modelo original prove-se inadequado, ou seja, rejeitadas observações com grandes erros embutidos. Para um específico modelo e conjuntos de observações ado- 39 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S tados, o MMQ retorna um único resultado. O que difere é o método que pode ser utilizado. Vale ressaltar que independentemente do método adotado, a resposta final é sempre a mesma. No modelo, além das ob- servações, podem ser adicionados outras variáveis e constantes. Estas variáveis são denominadas de parâmetros. Estes parâmetros, no geral, têm valores iniciais incógnitos e os seus valores finais são obtidos no processo de ajustamento. Depois que os modelos, quer sejam eles funcionais ou esto- cásticos são estabelecidos, definem-se os métodos do ajustamento, estes operando com um conjunto de funções, equações e sistemas matemáticos que descrevem o modelo funcional. Neste processo, dois grupos de técnicas de ajustamento são muito importantes: as equações de condição e as injunções; assim formando a denominação ajusta- mento pelos mínimos quadrados com condições, ajustamento pelos mí- nimos quadrados com condições e injunções ou ajustamento pelo MQ com injunções. A depender das variáveis envolvidas nas equações de condição, sejam elas observações e/ou parâmetros, o ajustamento de observações pode ser dividido em três tipos de métodos: - Método paramétrico: quando as equações de condição en- volvem observações e parâmetros, porém as observações são funções explícitas dos parâmetros, assim: La = F(Xa). - Método correlatos: quando as equações de condição incluem uma ou mais observações, assim, envolvem-se neste método somente as equações de observação, sendo representada por: F(La) = 0. - Método combinado: quando as equações de condição envol- vem observações e parâmetros, representada por F(La,Xa) = 0. Para os casos das injunções, a equação da injunção somada à equação de condição levará aos mesmos métodos citados anteriormen- te, entretanto aliado com injunções. Assim, a equação de injunção só tem relação com a função dos parâmetros e é representada por G(Xa) = 0. MODELOS LINEARES E NÃO LINEARES As equações de condição e as injunções podem ser lineares ou não, porém para os casos em que as equações não sejam lineares, é necessário que seja feita a sua linearização através da série de Taylor. Quando se utiliza modelos linearizados, é definido um conjunto de va- lores aproximados (X0) para as incógnitas. Existem diversos caminhos para obter estes valores aproximados, sendo um deles, dependendo da precisão que se espera ao fim do levantamento, a realização de itera- ções. Assim, define-se um critério de convergência a fim de obter-se os 40 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S valores finais ajustados das incógnitas. Como base para esse processo de linearização, utiliza-se a expansão em série por Taylor, que propor- ciona o valor de uma função com y = f(x), onde no ponto x, quando é conhecido o valor da função para x=x0: Para os casos em que o x tenha valores próximos ao x0, podem negligenciar os valores de potências iguais ou superiores à segunda, ou seja, nas proximidades de x0 a curva f(x) pode ser substituída por uma reta, onde: f(x) = f(x0) + f’(x0) Δx. Em suma, a aproximação linear da sé- rie de Taylor de forma matricial é dada por: No Sistema de Equações Lineares e o Método dos Mínimos Quadrados, para os casos de ajustamento de observações, existem duas possibilidades: os casos gerais e os casos particulares. Para o primeiro caso, sendo o sistema de equações lineares não homogêneas: nAu uX1 = nL1, onde A é uma matriz qualquer, X o vetor das incógnitas e L o vetor dos termos conhecidos (independentes), o sistema tem, portanto, uma solução não única para o caso, onde X = A9 L + (A9 A – I) M, onde A9 é a matriz inversa generalizada, M o vetor arbitrário e I a matriz identidade. Nos casos particulares, discute-se um sistema de equações li- neares não homogêneas e redundantes (n > u), onde procura-se respon- der a duas perguntas que têm relação com o sistema anterior, sendo elas: - O sistema é compatível e/ou consistente? Neste caso, obser- va-se as características da matriz A e da matriz aumentada A. Esta ma- triz A é obtida através do acréscimo do vetor dos termos independentes (A = [A | L ] ) à matriz A e será consistente quando: car (A) = car (A) = r. - Depois de satisfeita a condição anterior, tem que se saber se o sistema tem uma única solução (determinado) ou infinitas soluções (indeterminado). Caso o r seja igual ao número de parâmetros incógni- tos (u), assim r = u, pode-se dizer que o sistema é determinado, caso não seja igual, é indeterminado. A solução do sistema consistente se dá pela fórmula AT A X = AT L, cuja solução é obtida através da formulação X = (ATA)-1 AT L. Para o caso em que a matriz A seja quadrada, ou seja u x u e tenha caracte- rística integral, o sistema será consistente, determinado e tem solução única dada por X = A-1 L. Para o caso em que o sistema seja inconsis- 41 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S tente, o sistema (A X = L), onde L for constituído de observações, as flutuações de probabilidade denotam que car (A) ≠ car (A). Quando se utiliza o sistema inconsistente para resolução de sistemas pelo método do MMQ, para que se remova as inconsistências de sistemas não homogêneos, é introduzido o vetor das correções ou vetor dos resíduos, assim: Onde o circunflexo do X é um indicador que este é um valor esti- mado de X. O vetor dos resíduos para este caso é dado por V = A X - Lb. No geral, nas ciências geodésicas, o número de observações (n) é superior ao de incógnitas (u). Desta forma, aplica-se o critério do MMQ e obtém-se uma solução única para o sistema, onde a forma qua- drática fundamental do MMQ é dada pelas seguintes equações: Derivando esta formulação em relação a X e igualando a zero, tem-se: Esta formulação representa um conjunto de u equações nor- mais à u incógnitas, onde a matriz A (AT PA)uxu, for não singular, a solu- ção é dada por: 42 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Quando se trata de definição de estimador imparcial, pode-se afirmar que o estimador X de X é não tendencioso ou imparcial quando: E {X} = X e ocorre quando E {V} = 0. Partindo da expressão: Conclui-se, portanto, que o método dos mínimos quadrados conduz a uma estimativa imparcial. Quando se fala se solução de va- riância mínima (VM), pode-se afirmar que este é um método de estima- tiva que leva um estimador cuja matriz variância-covariância tem traço mínimo dado por: Onde mostra-se que: Que no caso, é a solução de variância mínima (VM) e que coin- cide com a solução encontrada pelo método dos mínimos quadrados. Para o caso de Solução de Máxima Verossimilhança, a aplicação do 43 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S MMQ e da VM dispensa o conhecimento da distribuição de probabili- dade das variáveis aleatórias, ou seja, observações. Mas para o caso de solução pelo método estatístico de estimação conhecido como Má- xima Verossimilhança (MV), é necessário o conhecimento da função densidade de probabilidade das observações. Assim, com este método, determina-se os parâmetros da distribuição de modoa aumentar a de- nominada função de verossimilhança, dada pela equação: Assim, a fdp de uma variável aleatória, que seja contínua (x) e tenha distribuição normal é dada por: A equação acima determina a média da distribuição (𝜇) e o desvio padrão (𝜎), por meio do conhecimento dos parâmetros. No caso de um vetor aleatório X = [X1, X2, ..., Xn]T com média U = [𝜇1, 𝜇2, ..., 𝜇n] T e diferentes precisões Σ = [𝜎1, 𝜎2, ..., 𝜎n]T, esta última representando uma matriz diagonal com as variâncias das componentes de X, a fdp conjunta é dada por: A fdp Φ pode ser generalizada, substituindo a matriz diagonal (Σ) por uma matriz de mesma ordem, que seja completa (ΣX), onde as componentes de X sejam dependentes, ou seja: 44 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Como P é a matriz peso, com 𝜎2 0 = 1 e admitindo que o vetor dos resíduos (V), que tenha distribuição normal, chega-se à equação: Para os casos em que E{V} = 0, tem-se: E minimizando a forma quadrática fundamental, que é VTPV, a função densidade é maximizada para VTPV = mínimo, sendo assim, Φ(X) = máxima, com V = AX – Lb resultando em: X = (ATPA)-1 ATPLb, admite-se, por- tanto, V ou Lb como distribuição normal, assim a solução pelo MMQ é também uma solução MV. CONDICIONAMENTO DE SISTEMAS E AJUSTAMENTO DE OBSER- VAÇÕES DIRETAS Um sistema mal condicionado é quando, no sistema AX = L, o vetor X demonstra grande sensibilidade a erros pequenos nos coeficientes da matriz A ou no vetor dos resíduos independentes L. Um sistema mal condicionado é extremamente perigoso para o ajustamento de observa- ções, uma vez que, especialmente em casos particulares, onde se opera com valores aproximados para calcular os coeficientes da matriz A e o ve- tor L nos problemas de ajustamento, estes dados provém de observações 45 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S e assim podem comprometer todos os resultados obtidos. Um exemplo de condicionamento que pode gerar problemas no ajustamento de observa- ções é o arredondamento de casas decimais. Em softwares de programas computacionais, que converte o sistema decimal para o sistema binário, pode gerar erros insignificantes, onde o sistema mal condicionado pode comprometer em alto grau a solução de determinados problemas. Quando se trata de número de condições, não dá para saber antes sobre o condicionamento de matrizes, entretanto, caso ela seja mal condicionada, ela no geral demonstra ter determinante pequeno e a matriz inversa com elementos em grandes números. Existem diver- sos indicadores que um sistema está mal condicionado, porém nenhum pode determinar um diagnóstico definitivo, sem exceções. Um destes indicadores diz respeito à correlação, se esta for forte, pode ser uma possibilidade que o sistema esteja mal condicionado. O outro seria o número de condições, onde eles servem de indicadores. Estes números de condições em geral são apresentados por formulações de matemá- ticos famosos, como Turing, Todd. No ajustamento de observações diretas, que é quando as ob- servações são conduzidas diretamente sobre uma grandeza desconhe- cida, quer seja a medida de um ângulo, uma distância. Assim, é feita uma média aritmética, que é verificável se satisfaz ao princípio do mé- todo dos mínimos quadrados. Para o caso em que é feito o ajustamento de observações diretas de mesma precisão, para estimar o valor a ser ajustado, faz-se uma média aritmética simples (MAS). O valor ajusta- do é dado por uma estimativa pontual, onde o resultado conduz a um único número. Por exemplo, numa mesma grandeza desconhecida foi executado uma série de n medidas repetidas e independentes entre si. Depois de eliminados os erros grosseiros e as influências sistemáticas embutidas em todo os processos de observação geodésica, resta um conjunto de n observações, onde: l1, l2, l3, ..., ln e aplicando o critério dos mínimos quadrados, de tal forma que VTV = mínimo, obtém-se: Derivando esta equação na sua forma quadrática e a igualando a 0, tem-se: 46 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Assim, para o caso em que as observações diretas sejam de mesma precisão e não estejam relacionadas, o valor provável de x é a MAS. Aplicando a equação acima em forma de matrizes, tem-se: Onde: A: vetor coluna (nx1) de termos unitários Lb: vetor resíduo (nx1) das observações Uma vez escolhida a média aritmética enquanto representação da grandeza medida, deve-se estimar o seu grau de precisão, seja ele o desvio padrão ou o erro médio quadrático. Assim, necessita-se de uma estimativa de precisão das observações ajustadas, que podem ser de dois tipos: através do desvio padrão ou erro médio quadrático de uma observação isolada ou desvio padrão ou erro médio quadrático do valor ajustado. Para o primeiro caso, tem-se como índice de precisão a utili- zação do desvio padrão 𝜎̂ ou o erro médio quadrático (m), com 𝜎̂ = | m |. Esta formulação foi proposta por Gauss, este definindo a raiz quadrada da média dos quadrados dos erros verdadeiros, por: Onde: n: número de observações ε: erros verdadeiros, em média, desconhecidos Para Gemael (1994), o erro médio quadrático pode ser definido em função dos resíduos em relação à média, assim tem-se: 47 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Portanto: Que na sua forma matricial é representada por: Para o segundo caso, onde o erro médio quadrático ou des- vio padrão é ajustado, na prática, substitui as observações pela média aritmética simples, assim, interessa, de fato, a precisão dessa média. Aplicando a Lei de Propagação de Covariâncias, dada por: Obtém-se, assim, o desvio padrão e o erro médio quadrático, dado por: Onde ΣLb é a matriz variância-covariância do vetor das obser- vações. Resultando em: 48 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Que na sua forma matricial é representada por: Para o caso de ajustamento de observações diretas de preci- são desigual, estima-se o valor ajustado através da média aritmética ponderada. Exemplificando, para o caso de observações diretas, re- petidas sobre uma mesma grandeza, independentes, porém, que não oferecem o mesmo grau de confiança, a diferença entre as precisões observadas é dada pelos pesos. Aplicando o MMQ, tem-se: Derivando a forma quadrática em relação a x e igualando a 0, tem-se: 49 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Representando a equação acima, que é a estimativa do valor ajustado e corresponde à média aritmética ponderada (MAP), tem-se: Onde: A: vetor coluna (nx1) de termos unitários L: vetor (nx1) das observações Assim, é obtida através da forma matricial a equação: Sendo V o vetor (nx1) dos resíduos, tem-se: 50 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S ANÁLISE ESTATÍSTICA DO AJUSTAMENTO Como é arbitrado um valor para o fator de covariância, este não influencia em nada no ajustamento (cálculo da média aritmética ponderada). Esta escolha é feita anteriormente ao ajustamento para fi- xar os pesos, assim, denomina-se fator de variância a priori. Após o ajustamento, estima-se um valor de desvio padrão em função dos re- síduos, assim, denomina-se fator de variância a posteriori. Com estes valores de variância a priori e variância a posteriori, faz-se a análise do ajustamento através da estatística Qui-quadrado (ꭕ2). A escolha do des- vio padrão não influencia no resultado do ajustamento, seja, portanto: Onde: Esta, resulta em: Assim, o valor de variância a posteriori é calculado, por Mikhail, como: Onde: n-u: graus de liberdade ou números de observações redundan- tes, mas: 51 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Assim, obtém-se uma estimativa imparcial, dada por: A análise do ajustamento feita pelo Qui-quadrado, por meio de testes estatísticos, testando a hipótese básica: Em relação a hipótese alternativa: Para validar uma das duas hipóteses, compara-se o valor cal- culadopor: Portanto, a análise do ajustamento deve ser feita para verificar possíveis fontes de erros, tais como erros grosseiros, sistemáticos ou acidentais. Além de verificar se a MVC não é condizente com a precisão das observações, ou o modelo funcional é inconsistente com as obser- vações ou ainda se o sistema está mal condicionado. 52 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2020 Banca: IBFC Órgão: EBSERH Prova: Analista Adminis- trativo - Estatística. Num modelo de regressão linear pelo método dos mínimos qua- drados sabe-se que a inclinação da reta é igual a 3,27 e o intercepto da reta é igual a 35,42, então o valor de para x = 21 é: a) 126,83 b) 136,82 c) 116,27 d) 104,09 e) 109,8 QUESTÃO 2 Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: TRE-RR Prova: Analista Judiciário - Estatística. Para responder à questão considere um estudo com o objetivo de obter a relação entre duas variáveis X e Y por meio do modelo Yi = α + βXi + ∈i, em que i corresponde à i-ésima observação de X e Y. Os parâmetros α e β são desconhecidos e ∈i é o erro aleatório com as respectivas hipóteses consideradas para a regressão linear simples. Com base em 20 pares de observações (Xi, Yi), i = 1, 2, ..., 20 e utilizando o método dos mínimos quadrados foram obtidas as estimativas para α e β. Considerando a equação da reta obtida pelo método dos mínimos quadrados, tem-se que o valor para X tal que Y = 15 é a) 6,0. b) 10,5. c) 9,0. d) 7,5. e) 12,0. QUESTÃO 3 Ano: 2012 Banca: ESAF Órgão: Receita Federal Prova: Auditor Fis- cal da Receita Federal - Prova 1 - Gabarito 1. Um modelo de regressão linear múltipla foi estimado pelo método de Mínimos Quadrados, obtendo-se, com um nível de confiança de 53 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 95%, os seguintes resultados: I. Ŷ= 10 + 2,5 x1 + 0,3 x2 + 2 x3 II. o coeficiente de determinação R2 é igual a 0,9532 III. o valor-p = 0,003 Desse modo, pode-se afirmar que: a) se a variável x1 for acrescida de uma unidade, então Y terá um acrés- cimo de 2,5 %. b) 0,003 é o mais baixo nível de significância ao qual a hipótese nula pode ser rejeitada. c) x3 explica 95,32% das variações de Y em torno de sua média. d) as probabilidades de se cometer o Erro Tipo I e o Erro Tipo II são, respectivamente, iguais a 5% e 95%. e) se no teste de hipóteses individual para ß2 se rejeitar a hipótese nula (H0), então tem-se fortes razões para acreditar que x2 não explica Y. QUESTÃO 4 Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: AL-RO Prova: Analista Legislativo - Estatística. Se b0 e b1 são as estimativas por mínimos quadrados de β0 e β1, respectivamente, então seus valores são dados por: a) b) c) d) e) QUESTÃO 5 Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: CNMP Prova: Analista do CNMP - Estatística. Para responder à questão, considere o modelo linear Yi = α + βXi + ε i sendo i a i-ésima observação, Yi a variável dependente na obser- vação i, X i a variável explicativa na observação i e εi o erro aleató- 54 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S rio com as respectivas hipóteses para a regressão linear simples. Os parâmetros α e β são desconhecidos e suas estimativas (a e b, respectivamente) foram obtidas pelo método dos mínimos quadra- dos e com base em 20 pares de observações ( Xi,Yi), i = 1, 2, ... , 20. Sabe-se que os pontos (10 ; 9,8) e (40 ; 33,8) pertencem à reta de equação Y = a + bX. Pelo quadro de análise de variância correspondente, observa-se que a) o coeficiente de determinação (R2), definido como sendo o resultado da divisão da variação explicada pela variação total, é igual a 80%. b) a variação explicada, fonte de variação devido à regressão, é igual a 240. c) o valor da estatística F (F calculado) utilizado para testar a existência da regressão é igual a 32. d) o valor da estimativa da variância do modelo teórico é igual a 10,8. e) a variação explicada, fonte de variação devido à regressão, tem dis- tribuição qui-quadrado com 18 graus de liberdade. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE O método dos mínimos quadrados (MMQ) é um dos mais importantes na área das ciências geodésicas e/ou que trabalham com resultados de observações e precisa-se realizar o ajustamento para refinamento dos dados. Descreva sobre a interpretação geométrica do MMQ. TREINO INÉDITO Na análise estatística do ajustamento, após realizar o ajustamento, estima-se um valor de desvio padrão em função dos resíduos. Esta estimativa denomina-se: a) Variância a priori b) Covariância a priori c) Variância a posteriori d) Covariância a posteriori e) Matriz de variância e covariância. NA MÍDIA MÉTODO INOVADOR DA EMBRAPA USA INFRAVERMELHO PARA IDENTIFICAR FUNGOS NO MILHO 55 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Cientistas da Embrapa e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) conseguiram identificar os principais fungos que prejudicam la- vouras de milho, combinando imagens hiperespectrais de infravermelho próximo, com métodos de reconhecimento de padrões. Para obter esse método foi desenvolvida uma tese de doutorado na UFMG, em parceria com a Embrapa Algodão e a Embrapa Milho e Sor- go. “Nosso objetivo foi utilizar a técnica de HSI-NIR e técnicas de análise multivariada de imagens combinadas com a de reconhecimento de pa- drões, como a discriminante de mínimos quadrados parciais (PLS-DA) de imagens. E assim desenvolver um método rápido para identificação de F. verticillioides e F.graminearum”, conta Simeone. Fonte: Canal Rural Data: 18 mai. 2021. Leia a notícia na íntegra: https://www.canalrural.com.br/noticias/agricul- tura/milho/metodo-inovador-embrapa-fungos-milho/ NA PRÁTICA No dia a dia, nas obras de engenharia que envolvem ajustamento de ob- servações geodésicas, esses “amontoados” de formulações matemáticas, equações e demais técnicas mostradas neste Capítulo para se realizar o ajustamento de dados, utilizando-se a técnica do método dos mínimos quadrados, é usualmente desenvolvido em ambiental computacional. São fórmulas extensas, que até as mais sofisticadas calculadoras científicas não conseguem desenvolver sem o auxílio da computação. Desta forma, além dos conhecimentos teóricos em matemática aplicada, neste caso, é necessário ter conhecimentos de linguagens de programação, quaisquer que sejam a linguagem. Os softwares de programação usualmente utiliza- dos pela Academia como Python, MATLab, SciLAB, Java, C++ e outros, chegam aos mesmos resultados e as mesmas variáveis, portanto, o mais importante é conhecer alguma linguagem e saber “programar”. 56 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S MÉTODOS DE AJUSTAMENTOS No ajustamento de observações geodésicas, existem três métodos para se realizar o ajustamento: método paramétrico, método correlato e método combinado. Cada um tem as suas particularidades, suas equações e formulações específicas e suas vantagens e desvan- tagens ao ser aplicado. Neste capítulo estudaremos cada um destes métodos, bem como sobre as injunções e as análises estatísticas ne- cessárias para se ter um controle do ajustamento. MÉTODO PARAMÉTRICO O método paramétrico é também conhecido como ajustamen- to de observações indiretas ou método das equações de observação. Neste caso, as observações indiretas não são processadas sobre as A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S 57 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S grandezas procuradas, mas, sim, são vinculadas matematicamente a outras e podem ser medidas diretamente. Neste método, cada obser- vação promove uma equação. Sendo n o número total de observações, tem-se, portanto, n equações. Estas equações explicitam cada obser- vação em função dos parâmetros envolvidos, que será de igual número das observações e é denominado u. O modelo matemático deste método é apresentado por: La = F(Xa), onde o La é o vetor das observações ajustadas (n x 1), o Xa o vetor dos parâmetros ajustados (u x 1) e o F a funçãoque relaciona La e Xa (pode ser linear ou não linear). Quando a função F(Xa) do modelo é não linear, significa que o ajustamento paramétrico é não linear. Como em média, nos trabalhos de ajustamento, trabalha-se com modelos linea- res, para os casos em que o modelo é não linear, é necessário linearizar o modelo para facilitar a obtenção de solução para o problema. Assim, é necessário ser feito uma fase de testes com iterações. Ao linearizar um modelo, emprega-se o valor aproximado (X0) para os parâmetros in- cógnitos, como pontos de expansão da função F(Xa) em série de Taylor, utilizando de fato somente os dois primeiros termos da série. A lineari- zação do modelo pela série de Taylor é dada por: Sendo: La = Lb + V Onde: Lb: vetor das observações (n x 1) V: vetor dos resíduos (n x 1) Assim: Utilizando os parâmetros iniciais como L0, tem-se: L0 = F(X0) e utilizando a matriz das derivadas parciais por A, tem-se: Esta matriz A é denominada de matriz dos coeficientes ou ma- 58 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S triz design. Portanto, tem-se: Sendo a diferença entre L0 e Lb por L, tem-se que L = L0 - Lb, assim, tem-se como modelo matemático linearizado para o método pa- ramétrico a seguinte equação: Para os casos em que o modelo é linear, tem-se: Para os casos em que o modelo é linear e o L0 for 0, tem-se: As equações normais do método, sendo o modelo lineariza- do, apresenta n equações, onde se tem como incógnitas n resíduos e u parâmetros, que forma um sistema compatível, porém com número superior de incógnitas (n + u) em detrimento do número de equações (n). Assim, utiliza-se o MMQ para obtenção de uma solução única, onde tem-se: 59 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Assim: Portanto: Derivando esta última equação em relação a X e igualando-a a 0, tem-se: Sendo N = ATPA a matriz dos coeficientes das equações nor- mais (u x u) e U = ATPL o vetor dos termos independentes (u x 1), tem-se: Onde o u representa um sistema de u equações normais. Para este caso, admitindo que N é não singular, a solução é dada por: Assim, as componentes do vetor X convertem os parâmetros aproximados em ajustados, por meio da equação Xa = X0 + X, onde: Xa: vetor dos parâmetros ajustados (u x 1) X0: vetor dos parâmetros aproximados (u x 1) X: vetor das correções aos parâmetros (u x 1) É necessário se fazer uma estimativa da precisão, onde esta, seja de um valor único ou de um conjunto de valores (parâmetros), tem que necessariamente ter um indicador da qualidade deles, no caso, sen- do a matriz de variância-covariância. No método paramétrico, tem-se a equação Xa = X0 + X, onde o X0 é um vetor dos valores aproximados e não se dispõe de sua MVC, logo: 60 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Assim aplicando a Lei de propagação de covariâncias, obtém- -se a MVC dos parâmetros ajustados, através da fórmula: Simplificando: Para calcular o fator de variância a posteriori, tem-se: Caso o ajustamento seja aceito no teste estatístico, este valor significa que a estimativa é não tendenciosa do fator de variância a prio- ri, que foi arbitrado no início do ajustamento, logo tem-se: Como em geral os modelos não são lineares, devendo ser li- nearizados, é preciso ser feita uma etapa de iterações no ajustamen- to, haja visto que somente utilizar a série de Taylor ou adotar valores iniciais aproximados podem induzir a erros no trabalho. No geral, nem todos os sistemas iterativos são convergentes, alguns podem ser diver- gentes, outros apresentar oscilação em torno de um valor e outros se- rem convergentes, porém com a solução incorreta. Existem três grupos de critérios para o encerramento das iterações, sendo eles: o primeiro grupo, o segundo grupo e o terceiro grupo. No primeiro caso, tem-se: 61 A JU ST A M E N TO S - G R U P O P R O M IN A S Onde é um valor de tolerância apropriado e i o índice de iteração Para o segundo caso, tem-se: Onde: Xk é uma subclasse dos parâmetros e ε um valor escolhido para cada problema de forma aleatória e específica. O terceiro grupo consiste em especificar o número de itera- ções, assim: i r-u, onde r-u representa os graus de liberdade. O modelo ma- temático do método dos combinados é dado por F (La, Xa) = 0, onde La é o vetor das observações ajustadas (n x 1), o Xa o vetor dos parâ- metros ajustados e F a função, em média, não linear e que simboliza r equações de condições. Tal qual os outros dois métodos apresentados anteriormente, caso o modelo seja não linear, este deve ser linearizado e, devido a aproximação introduzida no modelo, uma fase de testes e também de iterações é necessária. Assim, tem-se: Onde, ao designar a função que envolve tanto