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www.alicelannes.com 1 Última atualização em 06/10/2022. www.alicelannes.com 2 Última atualização em 06/10/2022. SUMÁRIO ORIGEM E EVOLUÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL Pág. 03 SEGURIDADE SOCIAL Pág. 04 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Pág. 06 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL Pág. 10 SAÚDE Pág. 11 PREVIDÊNCIA SOCIAL (BREVES COMENTÁRIOS) Pág. 13 ASSISTÊNCIA SOCIAL (BREVES COMENTÁRIOS) Pág. 15 PREVIDÊNCIA SOCIAL (COMPLETO) Pág. 16 SEGURADOS DO RGPS Pág. 18 MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO Pág. 23 DEPENDENTES DOS SEGURADOS Pág. 24 CONSELHO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Pág. 25 CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL Pág. 25 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO Pág. 33 FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO Pág. 34 BENEFÍCIOS E SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS Pág. 36 REGIME PREVIDENCIÁRIO DO SERVIDOR Pág. 47 CONGTAGEM RECÍPROCA DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Pág. 51 RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS Pág. 53 CRIMES PREVIDENCIÁRIOS Pág. 55 LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Pág. 57 BENEFÍCIOS DECORRENTES DE LEGISLAÇÕES ESPECIAIS Pág. 63 LEI COMPLEMENTAR Nº 142/13 Pág. 71 O SERVIDOR PÚBLICO COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL Pág. 72 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO SERVIÇO PÚBLICO Pág. 73 www.alicelannes.com 3 Última atualização em 06/10/2022. ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL NO MUNDO E NO BRASIL A proteção social é a garantia de inclusão a todos os cidadãos que se encontram em situação de vulnerabilidade ou em situação de risco. Essa proteção se exterioriza por mecanismos criados pela sociedade, ao longo do tempo, para atender aos infortúnios da vida, como doença, idade avançada, acidente, reclusão, maternidade, entre outros, que impeçam a pessoa de obter seu sustento. Os montepios foram as manifestações mais antigas de previdência social no mundo. Eram institutos que, mediante pagamento por seus membros, garantiam pensões para a pessoa de sua escolha. Foi precursor da pensão por morte. No Brasil, o primeiro surgiu em 1835, que era o montepio geral dos servidores do estado (Mongeral); um grupo de pessoas contribuía e formava um fundo para posterior cobertura de infortúnios. A revolução industrial impulsionou que o Estado passasse a proteger os contribuintes, que foi evoluindo de forma lenta e gradual. Na história mundial, destacamos os seguintes fatos marcantes da proteção social: 1543: criação da Santa Casa de Misericórdia no Brasil (prestavam serviços de saúde). 1601 – poor relief act (lei dos pobres): primeira manifestação estatal quanto à proteção social. Era um mecanismo de proteção social às pessoas carentes e necessitadas. Não era mecanismo previdenciário, mas um mecanismo assistencial. Foi o marco da assistência social no mundo. 1824: criação das casas de socorro público no Brasil. 1883 – Lei de Bismark: é o surgimento da previdência social no mundo. O chanceler Bismark instituiu para seu povo uma norma na qual rezava que seria instituído um seguro doença em favor dos trabalhadores industriais. Esse seguro seria patrocinado pelo próprio trabalhador e por seu empregador, que deveriam contribuir para o Estado. 1917 – Constituição do México: foi a 1ª constituição do mundo a adotar a expressão previdência social. 1919 – Constituição de Weimar: a constituição da Alemanha previu a previdência social. 1919 – seguro de acidente do trabalho (SAT): criado no Brasil. Benefício privado, pago pelo empregador ao trabalhador acidentado, sem participação do Estado. 1923 – lei Eloy Chaves: é o marco inicial da previdência social no Brasil. A pedido dos trabalhadores ferroviários, o deputado redigiu o decreto que criava a caixa de aposentadoria e pensão (CAP). A lei Eloy Chaves previa que cada empresa de estradas de ferro no Brasil deveria criar e custear parcialmente a sua própria CAP em favor de seus trabalhadores, prevendo quais benefícios seriam concedidos e quais seriam as contribuições da empresa e dos trabalhadores para a respectiva CAP (empregados e empregadores contribuíam para a CAP – natureza privada, sem a participação do Estado). 1930 – Era Vargas: o governo unificou as CAP em institutos de aposentadoria e pensão (IAP), que não seriam organizadas por empresas, mas sim pela categoria profissional. Os IAP tinham natureza de autarquia e eram subordinados ao ministério do trabalho. O primeiro IAP foi o dos marítimos, e o último foi o IAP dos ferroviários (empregados, empregadores e o Estado contribuíam para a IAP – natureza pública, com participação do Estado). 1934 – CF no Brasil: pela primeira vez uma carta magna trouxe que o custeio da previdência ocorreria de forma tríplice, com contribuição dos empregadores, dos trabalhadores e do Estado. Apesar da participação do Estado no custeio, essa CF adotou o termo “previdência” sem o adjetivo “social”. 1935 – social security act: institui nos EUA o sistema previdenciário nacional, com uma grande margem de atuação. É uma evolução do sistema elaborado por Bismark. 1937 – CF no Brasil: não traz nenhuma novidade, mas adota o termo “seguro social” como sinônimo de “previdência social”, que sob a égide da CF é um erro. www.alicelannes.com 4 Última atualização em 06/10/2022. 1942 – Plano Beveridge: foi a reformulação completa do sistema previdenciário britânico. Como se falava na época, os britânicos estariam protegidos do berço ao túmulo. 1946 – CF no Brasil: foi a primeira CF a adotar o termo “previdência social” de forma expressa em substituição a expressão “seguridade social”. 1960: unificação das leis individuais dos IAP na lei orgânica da previdência social (LOPS). 1965: inclusão de um artigo na CF/46 no qual se proibia a prestação de benefício sem a correspondente fonte de custeio. 1966: unificação dos IAP em instituto nacional de previdência social (INPS), órgão público de natureza autárquica. 1967: o governo integrou o seguro de acidente do trabalho (SAT) à previdência social e, finalmente, esse benefício deixou de ser uma prestação privada para se tornar um benefício público. 1977: o governo criou o sistema nacional de previdência e assistência social (SINPAS), surgindo com ele duas novas autarquias: INAMPS e IAPAS. Houve, portanto, a unificação dessas duas novas entidades às outras cinco já existentes, ou seja, o SINPAS passou a agregar sete entidades: INPS (instituto nacional de previdência social), INAMPS (instituto nacional de assistência médica da previdência social), LBA (lei brasileira de assistência), FUNABEM (fundação nacional de bem estar do menor), DATAPREV (empresa brasileira de processamentos de dados da previdência social), IAPAS (instituto de administração financeira da previdência social) e CEME (central de medicamentos). 1988: a CF trouxe a definição de seguridade social: a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 1990: extinção do SINPAS, INAMPS, LBA, FUNABEM e CEME e criação do instituto nacional do seguro social (INSS), através da fusão do INPS com o IAPAS. Com a extinção do INAMPS foi criado o SUS. SEGURIDADE SOCIAL Art. 194 CF: a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. • Aspecto subjetivo da seguridade social: poder público + sociedade • Aspecto objetivo da seguridade social: Previdência social + Assistência social + Saúde (PAS) Seguridade social não é direito social (não está previsto no art. 6º da CF), mas sim ações integradas. 1. PRINCÍPIOS/OBJETIVOS DA SEGURIDADE SOCIAL Universalidade da cobertura e do atendimento:não emancipado, de qualquer condição • Filho menor de 21 anos • Filho inválido • Filho que tenha deficiência intelectual ou mental • Filho com deficiência grave 2º classe: os pais (avós não são abarcados na condição de dependentes) 3ª classe: • Irmão não emancipado, de qualquer condição • Irmão menor de 21 anos • Irmão inválido • Irmão que tenha deficiência intelectual ou mental • Irmão com deficiência grave A dependência econômica da 1ª classe é presumida, enquanto a dependência das 2ª e 3ª classes precisa ser provada. Mediante declaração escrita do segurado e comprovada a dependência econômica, equiparam-se aos filhos, o enteado e o menor que esteja sob a tutela e desde que não possua bens suficientes para o próprio sustento e educação. Homossexuais que vivem em união estável têm os mesmos direitos dos heterossexuais em condições análogas. Os dependentes da mesma classe concorrem em igualdade de condições (o valor do benefício será repartido igualmente entre o número de pessoas da classe que receber). E, se todas as pessoas da classe perderem o benefício, ele será extinto, e não repassado para a classe seguinte. Em caso de vínculos conjugais múltiplos, o amante, em regra, não tem os mesmos direitos previdenciários do cônjuge. Esse tem sido o entendimento do STJ. Entretanto, o próprio STJ reconhece o direito à companheira (amante) de homem casado, mas separado de fato ou de direito, divorciado ou viúvo, de participação nos benefícios previdenciários e patrimoniais decorrentes do seu falecimento, concorrendo com a esposa, ou até mesmo excluindo-a da participação. 1. A PERDA DA QUALIDADE DE DEPENDENTE A perda da qualidade de dependente ocorre: • Para o cônjuge: pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a prestação de alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial transitada em julgado • Para a companheira ou companheiro: pela cessação da união estável com o segurado ou segurada, enquanto não lhe for garantida a prestação de alimentos • Para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem 21 anos de idade, salvo se inválidos, desde que a invalidez tenha ocorrido antes: o De completarem 21 anos o Do casamento o Do início do exercício de emprego público efetivo o Da constituição de estabelecimento civil ou comercial ou da existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria o Da concessão de emancipação, pelos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos • Para os dependentes em geral: pela cessação da invalidez ou pelo falecimento www.alicelannes.com 25 Última atualização em 06/10/2022. CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA (CNP) O CNP é órgão superior de deliberação colegiada, tem como principal objetivo estabelecer o caráter democrático e descentralizado da administração. O CNP é democrático e conta com a participação das 4 classes: trabalhadores, empregadores, aposentados e governo, que debatem e deliberam sobre os rumos da previdência social. Composição: • 6 representantes do governo federal – governo escolhe • 9 representantes da sociedade civil: o 3 representantes dos aposentados e pensionistas o 3 representantes dos trabalhadores em atividade o 3 representantes dos empregadores Os 15 membros e seus suplentes (que têm estabilidade provisória da data da nomeação até 1 ano após o término do mandato) são nomeados pelo PR, e os representantes da sociedade civil têm mandato de 2 anos, com apenas uma recondução consecutiva por igual período. O CNP é presidido pelo ministro de estado da fazenda. As reuniões ocorrerão uma vez por mês, por convocação do seu presidente, podendo ser adiada em no máximo 15 dias, se houver requerimento da maioria dos conselheiros (8 membros). Já as reuniões extraordinárias poderão ser convocadas pelo presidente ou por requerimento de 1/3 dos conselheiros (5 membros), conforme disposições específicas do regimento interno. As reuniões serão iniciadas com a presença da maioria absoluta (8 membros), sendo exigida a deliberação pela maioria simples. CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL A seguridade social é financiada por toda sociedade, de forma direta (contribuições sociais) e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da U/E/DF/M e de contribuições sociais. O orçamento da seguridade social é financiado basicamente pelas receitas da União e pelas receitas das contribuições sociais, que são: • As das empresas, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados e demais pessoas físicas a seu serviço, mesmo sem vínculo empregatício • As dos empregadores domésticos, incidentes sobre o salário de contribuição dos empregados domésticos a seu serviço • As dos trabalhadores, incidentes sobre seu salário de contribuição • As das associações desportivas que mantêm equipe de futebol profissional, incidentes sobre a receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos desportivos • As incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural • As das empresas, incidentes sobre a receita ou faturamento e o lucro • As incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos • As incidentes sobre bens ou serviços importados (atenção: não são os exportados!!) do exterior a cargo do importador ou de quem a lei a lei equiparar 1. AS RECEITAS DA UNIÃO A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do orçamento fiscal, fixados obrigatoriamente na lei orçamentária anual (LOA). www.alicelannes.com 26 Última atualização em 06/10/2022. Se as receitas da União e das contribuições sociais não forem suficientes para financiar de forma plena a seguridade social, a União será responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da seguridade social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada da previdência social (e não assistência social), na forma da LOA. Benefício de prestação continuada (BPC) são pagamentos mensais contínuos, até que alguma causa provoque sua cessação (como aposentadorias, pensões por morte, auxílios, salários família, salários maternidade etc). 2. AS RECEITAS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 2.1. DO EMPREGADO, DO EMPREGADO DOMÉSTICO E DO TRABALHADOR AVULSO A contribuição do segurado empregado, inclusive o doméstico, e do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota, de forma não cumulativa, sobre o seu salário de contribuição mensal, de acordo com o seguinte: SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO % Até R$1.212,00 7,5 De R$ 1.212,01 até R$2.427,35 9 De R$2.427,36 até R$3.641,03 12 De R$3.641,04 até R$7.087,22 14 (Cuidado: essa tabela foi atualizada pelo art. 28 da EC 103/19, que alterou o ADCT) A contribuição do segurado trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física por pequeno prazo (não superior a 2 meses dentro de 1 ano) é de 8% sobre o respectivo salário de contribuição. 2.2. DO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL E DO SEGURADO FACULTATIVO Regra: a alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de 20% sobre o respectivo salário de contribuição (remuneração auferida durante o mês). Exceções: • Se o contribuinte individual trabalhar para uma empresa, irá descontar 11% do pagamento dos serviços por ele prestado para a contribuição • Regime simplificado:no caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será: o 11%, no caso do segurado contribuinte individual que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e do segurado facultativo o 5% no caso do MEI ou do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito da sua residência, desde que pertencente à família de baixa renda (inscrita no CadÚnico e com renda de até 2 salários mínimos) Se um trabalhador de baixa renda se arrependa de aderir ao regime simplificado (11% ou 5%), ele poderá complementar as contribuições mensais já pagas mediante recolhimento suplementar sobre o valor correspondente ao limite mensal do salário de contribuição (salário mínimo) em vigor na competência a ser complementada: diferença entre o percentual que foi pago (5% ou 11%) e o de 20%, acrescido dos juros moratórios. Essa contribuição complementar pode ser exigida a qualquer tempo, sob pena de indeferimento do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. 2.3. DO PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA E DO SEGURADO ESPECIAL A contribuição do produtor rural PF e a do segurado especial, incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural é de: • 1,2% para a seguridade social • 0,1% para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT) www.alicelannes.com 27 Última atualização em 06/10/2022. A contribuição da empresa RAT, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, decida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: 1% para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente de trabalho seja considerado leve; 2% para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente de trabalho seja considerado médio; e 3% para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente de trabalho seja considerado grave. As alíquotas referentes ao RAT serão acrescidas de 12, 9 ou 6 pontos percentuais, respectivamente, se a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa ensejar a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição. Esse acréscimo incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Ou seja, a contribuição será de 1,3% sobre a receita bruta de comercialização da produção rural, e será recolhida: • Pela empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa, que ficam sub-rogadas no cumprimento das obrigações do produtor rural PF e do segurado especial, independentemente das operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com estes ou com intermediário PF • Pela PF não produtor rural, que fica sub-rogada no cumprimento das obrigações do produtor rural PF e do segurado especial, quando adquire produção para venda no varejo a consumidor PF • Pelo produtor rural PF e pelo segurado especial, caso comercializem sua produção com adquirente domiciliado no exterior ou, diretamente no varejo a consumidor PF ou, a outro produtor rural PF ou segurado especial O segurado especial, além da contribuição obrigatória de 1,3%, poderá contribuir facultativamente, nas mesmas condições do contribuinte individual (20% do salário de contribuição por ele declarado). No período de entressafra (período que não há comercialização rural), o recolhimento será: • Produtor rural: 20% sobre o salário de contribuição • Segurado especial: só recolhe 20% sobre o salário de contribuição se quiser (faculdade do segurado) 2.4. PRODUTOR RURAL PESSOA JURÍDICA A contribuição devida pelo empregador pessoa jurídica que se dedique à produção rural é de: • 1,7% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção • 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (RAT) Se for agroindústria, que é o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros (ou seja, é um produtor rural + indústria), a contribuição será de: • 2,5% para a Seguridade Social • 0,1% para o financiamento da aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade (RAT) 2.5. DA EMPRESA EM GERAL As contribuições das empresas serão as seguintes: • 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos www.alicelannes.com 28 Última atualização em 06/10/2022. segurados empregado e ao trabalhador avulso, além da RAT, adicional RAT e contribuição sobre o faturamento e o lucro • 20% sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou creditadas no decorrer do mês ao segurado contribuinte individual • 2,5% sobre o total da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, em substituição às contribuições da cota patronal da empresa sobre folha de salários e da RAT, quando se tratar de PJ que tenha como fim apenas a atividade de produção rural (produtor rural PJ) • As contribuições a cargo da empresa, provenientes do faturamento (PIS/COFINS) e do lucro (CSLL), destinadas à seguridade social são, em regra: o Sobre o faturamento bruto/COFINS: 3% o Sobre o lucro líquido/CSLL: 8% (bancos recolhem 20%) 2.6. DO CLUBE DE FUTEBOL PROFISSIONAL Os clubes de futebol têm duas contribuições sociais distintas: • 5% sobre a receita de espetáculos desportivos: cabe à entidade promotora do espetáculo a responsabilidade por efetuar o desconto dessa contribuição e o respectivo recolhimento à Receita Federal, no prazo de até 2 dias úteis após o evento • 5% sobre o patrocínio e propaganda: cabe à empresa que repassa recurso à associação desportiva a responsabilidade de reter e recolher até o dia 20 do mês seguinte, sem qualquer dedução 2.7. DO EMPREGADOR DOMÉSTICO A contribuição do empregador doméstico incidente sobre o salário de contribuição do empregado a seu serviço é de: • 8% da cota patronal • 0,8% do financiamento do seguro contra acidentes de trabalho 2.8. DO CONCURSO DE PROGNÓSTICOS Consideram-se concurso de prognósticos todo e qualquer concurso de sorteio de números ou quaisquer outros símbolos, loterias e apostas de qualquer natureza no âmbito federal, estadual, do DF ou municipal, promovidos por órgãos do poder público ou poder sociedades comerciais ou civis. • 5% sobre o movimento global de postas em prazo de corridas • 5% sobre o movimento global de sorteio de números ou de quaisquer modalidades de símbolos 2.9. OUTRAS FONTES Constituem outras receitas da seguridade social: • Multas (0,33% ao dia, limitado a 20%), atualização monetária (1% ao mês) e juros moratórios (atualização pela taxa SELIC) • Remuneração recebida pela prestação de serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros • Receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de bens • Demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras • Doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais • 50% da receita obtida pela apreensão em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e daexploração do trabalho escravo, repassados pelo INSS aos órgãos responsáveis pelas ações de proteção à saúde e a ser aplicada no tratamento e recuperação de viciados em entorpecentes e drogas afins • 40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Receita Federal • Outras receitas previstas em legislação específica www.alicelannes.com 29 Última atualização em 06/10/2022. Num resumo: Empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso: 7,5%, 9%, 12% ou 14%, a depender do SC. Contribuinte individual: 20% (autônomo ou empregado) ou 11% (empresa). Contribuinte individual condutor autônomo ou seu auxiliar: 20% sobre 20% do valor do serviço de transporte. Contribuinte individual que abre mão do direito à aposentadoria por tempo de contribuição: 11% do salário mínimo. Segurado facultativo: 20%. Contribuinte individual MEI ou segurado facultativo (sem renda, de âmbito residencial, com trabalho doméstico e de família de baixa renda) que abre mão do direito à aposentadoria por tempo de contribuição: 5% do salário mínimo. Empresa: 20% da remuneração do empregado, do trabalhador avulso e do contribuinte individual (sem teto do RGPS). Empresa instituição financeira: 20% + 2,5% da remuneração do empregado, do trabalhador avulso e do contribuinte individual (sem o teto do RGPS). Empresa ME ou EPP: alíquota única prevista em lei complementar. Empregador doméstico: 8% + 0,8% do RAT da remuneração (com observância do teto do RGPS). Produtor rural pessoa física, consórcio simplificado de produtores rurais e segurado especial: 2% + 0,1% do RAT. Produtor rural pessoa jurídica: 1,7% + 0,1% do RAT. Agroindústria: 2,5% + 0,1% do RAT. Clube de futebol profissional: 5% da receita dos jogos, dos patrocínios e das propagandas. Concursos de prognósticos: 5% dos prados de corrida e 5% dos sorteios de números. 3. CONCEITO DE SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (SC) SC é a base de cálculo tributável das contribuições sociais devidas pelo segurado à seguridade social, observados os limites mínimo (1 salário mínimo) e máximo (R$7.087,22): • Empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja sua forma, inclusive as gorjetas, o valor da compensação pecuniária a ser paga no programa seguro emprego, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial • Empregado doméstico: a remuneração registrada na CTPS • Contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês • Segurado facultativo: o valor por ele declarado O salário de contribuição poderá ser inferior a 1 salário mínimo se: (1) houver jornada de trabalho inferior a 8h por dia (o SC será proporcional); ou (2) no caso de admissão e dispensa (o SC será proporcional aos dias trabalhados). O segurado especial, em regra, não tem salário de contribuição, uma vez que essa espécie de segurado contribui com uma alíquota reduzida aplicada sobre a receita bruta de comercialização. A legislação previdenciária prevê que na admissão, dispensa, afastamento ou falta do empregado ou do empregado doméstico durante o curso do mês, o contribuinte terá SC proporcional ao número de dias efetivamente trabalhados. Dessa forma, podemos concluir que a contribuição previdenciária pode incidir sobre SC inferior ao SM. Ainda terão o SC proporcional, os empregados, empregados domésticos e trabalhadores avulsos que prestam serviço por www.alicelannes.com 30 Última atualização em 06/10/2022. hora, dia ou semana (terão o SC proporcional à quantidade de horas, dias ou semanas trabalhadas no mês). 3.1. AS PARCELAS INTEGRANTES Integram o SC: • Salário base • Horas extras • Comissões e percentagens • Adicional de insalubridade e de periculosidade • Adicional noturno • Adicional de tempo de serviço • Ajuda de custo paga mensalmente • Férias gozadas, usufruídas • Adicional de 1/3 sobre as férias gozadas A jurisprudência do STF e STJ é no sentido de não incidir contribuição previdenciária sobre 1/3 constitucional de férias gozadas. STJ decidiu que as férias usufruídas são parcelas remuneratórias e sofrem incidência de contribuição previdenciária. • 13º salário • 13º salário proporcional pago na rescisão • 13º salário referente a 1/12 do aviso prévio indenizado • Aviso prévio trabalhado • Aviso prévio indenizado O STJ entende que o aviso prévio indenizado tem natureza indenizatória e não sofre incidência de contribuição previdenciária. • Ajuda alimentação paga em dinheiro • Pró labore dos sócios • Compensação pecuniária paga pelo programa de proteção ao emprego • Adicional de quebra de caixa 3.2. AS PARCELAS NÃO INTEGRANTES Não integram o SC: • Adicional de transferência pago uma única vez • Abono de férias • Férias indenizadas • Adicional de 1/3 sobre férias indenizadas • Diárias para viagem • Participação nos lucros ou resultados Se a distribuição dos lucros não estiver de acordo com a legislação específica, haverá incidência de contribuição previdenciária. Se o pagamento de PLR for feito em periodicidade inferior a um trimestre civil ou mais de duas vezes no mesmo ano, os valores serão considerados parcelas integrantes do salário de contribuição. • Distribuição dos lucros e dividendos • Aposentadorias e pensões pagas pelo RGPS Atenção: há imunidade tributária. • Outros benefícios pagos pelo RGPS (inclusive o salário maternidade) • Vale transporte De acordo com o STF e a súmula 60 da AGU, o vale transporte, mesmo pago em dinheiro, não terá incidência de contribuição previdenciária. • Vale alimentação ou cesta básica • Auxílio creche ou auxílio babá • Previdência privada complementar: valor das contribuições pago pela pessoa jurídica, desde que disponível à totalidade dos empregados e dirigentes • O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares • Complemento de auxílio por incapacidade temporária, desde que extensivo à totalidade dos empregados da empresa www.alicelannes.com 31 Última atualização em 06/10/2022. • Plano de educação • Bolsa de estágio • Bolsa de estudos • Pagamento de 40% do FGTS nas despedidas • Ajuda de custo para mudança paga em única parcela • Seguro de vida em grupo • Abono do PIS • Programa de demissão voluntária • Direitos autorais • Valores despedidos com ministros de confissão religiosa • Vale cultura 4. ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO DA EMPRESA 4.1. PRAZOS PARA RECOLHIMENTO Prazos para o recolhimento das contribuições previdenciárias: • Até o dia 20 do mês seguinte ao da competência, até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário no dia 20: o Contribuições a cargo da empresa incidentes sobre a remuneração do segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual o Retenções de 11% sobre o valor dos serviços contidos em nota fiscal prestados mediante cessão de mão de obra ou empreitada o Contribuições incidentes sobre a comercialização da produção rural adquirida pelo produtor rural PF ou segurado especial o Contribuição de 5% incidente sobre o patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade e propaganda e transmissão de espetáculos descontadas pelas empresas das associações desportivas que mantêm equipe profissional de futebol o Contribuições descontadas dos segurados empregados e trabalhadores avulsos e contribuintesindividuais o Contribuições descontadas do contribuinte individual pela empresa o Contribuição do MEI como segurado e como empregado • Até 2 dias úteis após a realização do evento: contribuição de 5% incidente sobre a receita bruta de espetáculo desportivos, a ser recolhida pelo promotor do espetáculo relativa à associação desportiva que mantém equipe profissional de futebol • Dia 15 do mês seguinte ao da competência, prorrogando-se para o dia útil imediatamente posterior quando não houver expediente bancário no dia 15: o Contribuições do contribuinte individual, quando recolhidas pelo próprio segurado o Contribuições do segurado facultativo • Até o dia 20 do mês de dezembro, antecipando-se para o dia útil imediatamente anterior quando não houver expediente bancário no dia 20: contribuição incidente sobre o valor do 13º salário a ser paga pelas empresas (no caso de rescisão do contrato de trabalho, as contribuições devidas serão recolhidas no dia 20 do mês seguinte ao da rescisão, computando-se em separado a parcela referente ao 13º salário) • Até o dia 20 do mês subsequente ao do vencimento: o Contribuição do produtor rural PF, cota patronal e de seus empregados o Contribuição do segurado especial e a de seus empregados, caso tenha (nesse caso, está-se aguardo regulamentação por ato conjunto dos ministros da fazenda e do trabalho) • Até o dia 20 do mês subsequente ao da competência, ou no dia útil imediatamente anterior quando não houver expediente bancário no dia 20: o segurado especial, quando tiver a obrigação de recolher a sua própria contribuição. Esse mesmo prazo deve ser observado no que diz respeito às contribuições retidas das pessoas que lhes prestaram serviços durante o mês • Até o dia 20 do mês seguinte ao da competência, antecipando-se para o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário no dia 20: contribuição do empregador doméstico e de seu empregado www.alicelannes.com 32 Última atualização em 06/10/2022. As contribuições que não forem pagas dentro do prazo acarretam, para os responsáveis, imposição de multa e juros de mora, incidentes sobre o valor principal devido: Multa de mora: • Alíquota: 0,33% ao dia • Base para incidência: valor da contribuição • Termo inicial: 1º dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para pagamento • Termo final: dia em que ocorrer o seu pagamento • Limite máximo: 20% Juros de mora: juros de SELIC (a contar do 1º dia do mês subsequente ao dia do vencimento) + 1% (mês do pagamento) Há, ainda, a multa de ofício, que ocorre quando for constatado que há contribuições previdenciárias devidas e não declaradas, cabendo à Receita Federal efetuar o lançamento de ofício, pela lavratura do auto de infração ou notificação de lançamento. Nesse caso, a multa passa a ser de 75% calculada sobre a contribuição devida e não recolhida, podendo dobrar de valor (totalizando 150%) nos seguintes casos: • Compensação indevida, quando se comprova falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo • Casos de evidente intuito de fraude Essa multa de ofício pode, ainda, ser agravada na metade (passando a ser de 112,5% e 225%, nos casos de 75% e 150%, respectivamente), nos seguintes casos: • Não atendimento pelo sujeito passivo de intimação para prestar esclarecimentos no prazo determinado • Não atendimento pelo sujeito passivo de intimação para apresentar arquivos digitais, quando usuário de sistema de processamento eletrônico de dados, bem como a documentação técnica completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar a sua auditoria, facultada a manutenção em meio magnético, sem prejuízo de sua emissão gráfica, quando solicitada 4.2. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Requisitos: • Não percebam, seus dirigentes estatutários, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos • Aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos institucionais • Apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeitos de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Receita Federal e certificado de regularidade do FGTS • Mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do conselho federal de contabilidade • Não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto • Conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial • Cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária • Apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos conselhos regionais de contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite www.alicelannes.com 33 Última atualização em 06/10/2022. 4.3. O PARCELAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Os débitos de qualquer natureza com a fazenda nacional poderão ser parcelados em até 60x mensais, a critério exclusivo da autoridade fazendária. O parcelamento terá sua formalização condicionada ao prévio pagamento da 1ª prestação, conforme o montante do débito e o prazo solicitado, sendo que o valor mínimo de cada prestação será fixado em ato conjunto do secretário da Receita Federal e o procurador geral da fazenda nacional. Se o débito já for inscrito em dívida ativa, a concessão do parcelamento fica condicionada à apresentação de garantia do valor real pelo devedor, inclusive por meio de fiança bancária, idônea e suficiente para pagamento do débito. O pedido de parcelamento deferido constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, podendo a exatidão dos valores parcelados ser objeto de verificação. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 1. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO PARA O SEGURADO OU BENEFICIÁRIO Os beneficiários do RGPS têm o prazo decadencial de 10 anos para requerer a revisão do ato de concessão do benefício. A regra geral é que o prazo se conta a partir do 1º dia do mês seguinte ao do recebimento da 1ª prestação. Caso o requerimento do benefício tenha sido indeferido pela autoridade administrativa, o prazo decadencial se conta do dia em que o interessado tomar conhecimento da decisão definitiva. STJ não se opera a decadência se a questão não foi apreciada pela decisão administrativa. Isso porque, como o prazo decadencial limita a possibilidade de controle de legalidade do ato administrativo, não pode atingir aquilo que não foi objeto e apreciação pela administração. O posicionamento do STJ é que, quando não se tiver negado o próprio direito do reclamado, não há o que se falar em decadência. Súmula 81 TNU: não incide o prazo decadencial previsto no art. 103, caput, da lei nº 8213/91, nos casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem como em relação às questões não apreciadas pela administração no ato de concessão. (essa súmula deverá ser revisada, em razão da edição da lei 13.486/19) Lei 13.486/19: passou a prever aplicação de decadência para concessão, indeferimento,cessação, cancelamento e indeferimento de pedido de revisão e valor recebido na revisão. O prazo para o ajuizamento da ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela previdência é de 5 anos. O prazo é contado da data em que as verbas deveriam ter sido pagas. Num resumo: • Decadência: 10 anos • Prescrição: 5 anos Súmula 85 STJ: nas relações de trato sucessivo em que a FP figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito www.alicelannes.com 34 Última atualização em 06/10/2022. do reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação. A prescrição não corre contra menores, incapazes e ausentes. Súmula 74 TNU: o prazo de prescrição fica suspenso pela formulação de requerimento administrativo e volta correr pelo saldo remanescente após a ciência da decisão administrativa final. 2. Decadência para o INSS A lei 10.839/2004 incluiu na lei 8.213/91 o prazo de 10 anos para a previdência social anular os atos administrativos que decorram efeitos favoráveis para seus beneficiários, contando-se o prazo da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Antes de 2004 não havia disposição específica sobre o prazo de decadência para o INSS. Aplicava-se, então, a lei 9.784/99, que previa o prazo de 5 anos para a administração anular seus atos. Porém, o STJ decidiu que o prazo decadencial de 1 anos previsto na lei 10.839/2004 também se aplica a fatos anteriores à sua vigência. FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO 1. FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO A filiação decorre automaticamente do início da atividade laboral remunerada para os trabalhadores em geral, ou seja, para os segurados obrigatórios do RGPS (contribuinte individual, trabalhador avulso, empregado doméstico, empregado e segurado especial). Para esses segurados, a filiação não depende de um ato formal praticado entre o segurado e o INSS. Assim, a inscrição ocorre em momento posterior à filiação. O segurado obrigatório pode efetuar o pagamento retroativo das suas contribuições sociais, desde que comprove ter exercido atividade laboral remunerada no período em questão. Já para o segurado facultativo, a filiação será em momento posterior à inscrição. A filiação do facultativo representa um ato de vontade do próprio cidadão em ingressar no RGPS. Não é automático. Os segurados facultativos devem formalizar a filiação ao RGPS praticando o ato formal, pelo qual ocorre a apresentação do interessado ao INSS (que é a inscrição). A filiação só gera efeitos a partir do 1º recolhimento sem atraso, não podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas às competências anteriores ao início da opção pela qualidade de segurado facultativo. Filiação: é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para a previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações. Inscrição: é o ato formal que identifica o segurado perante a previdência social, em suma, é o cadastro do segurado junto ao INSS. Considera-se inscrição, para efeitos na previdência social, o ato pelo qual a PF é cadastrada no cadastro nacional de informações sociais (CNIS), mediante informações prestadas dos seus dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à sua caracterização. Para o segurado que exerce mais de uma atividade, esse será filiado obrigatoriamente à previdência social em relação a todas as atividades, observado o limite máximo do SC. Cada atividade remunerada exige uma filiação independente. Se tiver mais empregos que ultrapassem o teto do RGPS, deverá haver a filiação, mas não haverá a contribuição. www.alicelannes.com 35 Última atualização em 06/10/2022. A idade mínima para ingresso no RGPS (segurado obrigatório ou facultativo) é de 16 anos, com a exceção do aprendiz, que poderá ser a partir dos 14. Procedimento de inscrição dos segurados obrigatórios (de forma automática) e dos facultativos (que dependerá de inscrição): • Contribuinte individual: comprovação da atividade profissional • Trabalhador avulso: cadastro/registro no sindicato ou OGMO • Empregado doméstico: documento que comprove o contrato • Empregado: contrato de trabalho • Segurado especial: comprovação da atividade rural • Segurado facultativo: declaração que não exerce atividade remunerada A inscrição do dependente será promovida quando do requerimento do benefício a que tiver direito. Não existe a possibilidade de se realizar a inscrição dos dependentes em outras situações que não essa. A inscrição será feita mediante a apresentação dos seguintes documentos: 1ª classe: • Cônjuge e filhos: certidões de casamento e nascimento • Companheira ou companheiro: documento de identidade e certidão de casamento com averbação da separação judicial ou divórcio, quando um dos companheiros ou ambos já tiverem sido casados, ou de óbito, se for o caso • Equiparado a filho: certidão judicial de tutela e, em se tratando de enteado, certidão de casamento do segurado e de nascimento do dependente, com comprovação da dependência econômica 2ª classe: certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos pais 3ª classe: certidão de nascimento 2. PERÍODO DE CARÊNCIA Período de carência é composto pelas contribuições realizadas a contar do efetivo pagamento da 1ª contribuição sem atraso, não sendo consideradas as contribuições recolhidas em atraso referentes a competências anteriores. Período de carência é diferente de tempo de contribuição. Tempo de contribuição aceita o recolhimento de períodos atrasados. Tempo de contribuição é contado em anos e período de carência em contribuições mensais. Período de carência é o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus aos benefícios. É o tempo mínimo de contribuição que o trabalhador precisa comprovar para ter direito a um benefício previdenciário, sendo que esse tempo mínimo varia de acordo com o benefício solicitado. Benefícios que exigem carência mínima de contribuições mensais à previdência social: • Auxílio por incapacidade temporária: 12 • Salário maternidade para as seguradas facultativas, contribuintes individuais e especiais: 10 • Aposentadoria por incapacidade permanente: 12 • Aposentadoria programada: 180 • Aposentadoria especial: 180 • Auxílio reclusão: 24 (alterado pela lei 13.486/19) Benefícios que não exigem carência mínima de contribuições mensais à previdência social: • Pensão por morte • Auxílio por incapacidade temporária (acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho) • Aposentadoria por incapacidade permanente (acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho) • Salário maternidade para seguradas empregadas, domésticas e trabalhadoras avulsas • Serviço social e reabilitação profissional www.alicelannes.com 36 Última atualização em 06/10/2022. No caso de perda da qualidade de segurado, para efeito de carência para a concessão dos benefícios de auxílio por incapacidade temporária, de aposentadoria por incapacidade permanente e de salário maternidade, o segurado deverá contar, a partir da nova filiação à previdência social, com a carência integral para os seguintes benefícios: • Auxílio por incapacidade temporária • Salário maternidade • Aposentadoria por incapacidade permanente • Auxílio reclusão Se o parto antecipar, o número mínimo de contribuições exigido será diminuído em número igual aos meses de antecipação do parto, comprovada por atestado médico. Resumo de alguns pontos importantes: • O exercício de atividade remunerada sujeita a filiação obrigatória ao RGPS • O exercício de atividades concomitantes sujeita a filiação obrigatóriaem cada uma dela (essa regra também se aplica ao servidor ou militar que venha a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo RGPS) • Se o aposentado exercer ou voltar a exercer atividade abrangida pelo RGPS, será segurado obrigatório em relação a essa atividade • Enquanto estiver no exercício do mandato eletivo, o dirigente sindical manterá o mesmo enquadramento no RGPS que tinha antes da investidura • Servidor civil ocupante de cargo efetivo ou militar da U/E/DF/M, bem como das respectivas autarquias e fundações são excluídos do RGPS, desde que amparados pelo RPPS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS Atualmente, o RGPS tem os seguintes benefícios e serviços: Benefícios para os segurados: • Aposentadoria por incapacidade permanente • Aposentadoria programada (idade + tempo de contribuição) • Aposentadoria por idade do trabalhador rural • Aposentadoria especial • Auxílio por incapacidade temporária • Auxílio acidente • Salário família • Salário maternidade Benefícios para os dependes: • Pensão por morte • Auxílio reclusão Serviços para os segurados e dependentes: • Habilitação profissional • Reabilitação profissional • Serviço social O serviço social havia sido extinto pela MP 905/19, mas essa medida provisória foi revogada pela MP 955/20. Portanto, o serviço social voltou para o rol dos serviços do RGPS. Art. 124 lei 8213/91: salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento dos seguintes benefícios da previdência social: I. Aposentadoria e auxílio por incapacidade temporária II. Mais de uma aposentadoria III. Aposentadoria e abono de permanência em serviço IV. Salário-maternidade e auxílio por incapacidade temporária V. Mais de um auxílio-acidente VI. Mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa www.alicelannes.com 37 Última atualização em 06/10/2022. Art. 124, p.ú., lei 8.213/91: é vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de prestação continuada da previdência social, exceto pensão por morte ou auxílio acidente. 1. SALÁRIO BENEFÍCIO O SB não poderá ter valor inferior ao mínimo estabelecido pela previdência social (1 salário mínimo) e nem superior ao teto fixado por portaria do ministro da fazenda. No cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, serão computados: • Para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o trabalhador avulso, os salários de contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa ou pelo empregador doméstico, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação das penalidades cabíveis • Para o segurado empregado, inclusive o doméstico, o trabalhador avulso e o segurado especial, o valor mensal do auxílio acidente, considerado como salário de contribuição para fins de concessão de qualquer aposentadoria • Para os demais segurados, os salários de contribuição referentes aos meses de contribuições efetivamente recolhidas O salário de benefício será, de acordo com a EC 103/19, e para todos os benefícios, a média aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adotados como base para contribuições ao RGPS e ao RPPS, ou como base para contribuições decorrentes das atividades militares, atualizados monetariamente, correspondentes a 100% do período contributivo desde a competência de julho de 1994, ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência. Antes da EC 103/19, havia a possibilidade de descartar os 20% menores salários (ou seja, só eram contabilizados os 80% maiores) para a aposentadoria por incapacidade permanente, especial, auxílio por incapacidade temporária e auxílio-acidente. Essa regra não existe mais! Agora é 100% de todo o período! 2. RENDA MENSAL INICIAL Benefícios e renda mensal inicial: • Auxílio por incapacidade temporária: 91% do salário benefício, limitada à média dos 12 últimos salários de contribuição • Auxílio acidente: 50% do salário de benefício, podendo ser inferior a 1SM • Auxílio reclusão: 1 salário mínimo • Aposentadoria por incapacidade permanente: 60% da média aritmética de todas as remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 15 anos (se mulher) ou 20 anos (se homem). Se for acidente de trabalho, será de 100% • Aposentadoria programada: 60% da média aritmética de todas as remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 15 anos (se mulher) ou 20 anos (se homem) • Aposentadoria especial da pessoa com deficiência: 70% do salário de benefício + 1% para cada grupo de 12 contribuições mensais, até o máximo de 30%, totalizando, no máximo, 100% do salário de benefício • Aposentadoria por agentes nocivos: o Para os homens com aposentadoria especial de 20 ou 25 anos: 60% da média aritmética de 100% das remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 20 anos de contribuição o Para os homens com aposentadoria especial de 15 anos e para todas as mulheres (com aposentadoria de 15, 20 ou 25 anos): 60% da média aritmética de 100% das remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 15 anos de contribuição • Aposentadoria do trabalhador rural: 70% do salário de benefício + 1% por grupo de 12 contribuições, até o limite de 100% do salário de benefício www.alicelannes.com 38 Última atualização em 06/10/2022. • Salário família: R$51,27 por filho ou equiparado menor de 14 anos ou inválido de qualquer idade • Salário maternidade: o Empregados: remuneração devida, no mês de seu afastamento, não sujeita ao limite máximo do salário contribuição o Avulso: última remuneração integral equivalente a 1 mês de trabalho, não sujeito ao limite máximo do salário contribuição o Doméstico: o último salário de contribuição, sujeito ao limite máximo correspondente o Segurado especial: 1/12 do valor sobre o qual incidiu a sua última contribuição anual, garantido pelo menos 1 salário mínimo mensal o Contribuinte individual, segurado facultativo e segurado desempregado: 1/12 da soma dos 12 últimos salários de contribuição, apurados em um período não superior a 15 meses • Pensão por morte: 50% do valor da aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teriam direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito + cota de 10% por cada dependente, até o máximo de 100% 3. REAJUSTAMENTO E REVISÃO DOS BENEFÍCIOS Os reajustamentos dos benefícios visam à garantia da manutenção do seu valor real, permitindo a preservação do poder aquisitivo, considerando os períodos de intenso processo inflacionário verificado no país. O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, por rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no índice nacional de preços ao consumidor (INPC), apurado pelo IBGE. Não restou assegurada a vinculação do valor ao benefício previdenciário ao número de salários mínimos. Foi dado ao legislador ordinário fixar os índices de reajustamento, somente. É possível a aplicação imediata de novo teto previdenciário fixado por emenda constitucional aos benefícios pagos com base em limitados anterior, considerados os salários de contribuição utilizados para os cálculos iniciais, pois não se trata de majoração do valor do benefício sem a correspondente fonte de custeio, mas apenas da declaração do direito do segurado ter a sua renda mensal de benefício calculada com base em limitador mais alto. STF: é possível a aplicação imediata do novo teto previdenciário trazido pela EC 20 e pela EC 41 aos benefícios pagos com base em limitadoranterior, considerados os salários de contribuição utilizados para os cálculos iniciais. 4. BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 4.1. AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA Atenção: o antigo “auxílio-doença” atualmente recebe o nome de auxílio por incapacidade temporária. Requisitos: incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos. Beneficiários: todos os segurados. Carência: • Regra: 12 contribuições mensais • Acidentes de qualquer natureza e doenças especificadas em lista elaborada pelo Ministério da Saúde e Previdência Social (atualizada de 3 em 3 anos): sem carência Renda mensal inicial: 91% do salário de benefício, limitada à média dos 12 últimos salários de contribuição. Início do pagamento: • Para empregados: o A partir do 16º dia de afastamento da atividade, se requerida até o 30º dia o A partir do requerimento, se requerida após o 30º dia • Demais segurados: o A partir da incapacidade, se requerida até o 30º dia o A partir do requerimento, se requerida após o 30º dia Suspensão do pagamento: quando o segurado não comparecer à perícia médica periódica ou à convocação do INSS. www.alicelannes.com 39 Última atualização em 06/10/2022. Cessação do pagamento: • Quando cessar a incapacidade • Pela transformação do auxílio por incapacidade temporária em auxílio acidente ou aposentadoria por incapacidade permanente • Quando o segurado retornar à atividade que gerou o benefício (não é qualquer atividade) 4.2. AUXÍLIO ACIDENTE É um benefício previdenciário com natureza exclusivamente indenizatória, não se destinando a substituir a remuneração do segurado, e sim servir de acréscimo aos seus rendimentos, em decorrência de um infortúnio que reduziu a capacidade laborativa. Requisitos: acidente de qualquer natureza que cause redução da capacidade (não é incapacidade, mas apenas uma redução na capacidade) para o trabalho. Beneficiários: empregados, empregados domésticos, avulsos e segurados especiais. Carência: sem carência. Renda mensal inicial: 50% do salário de benefício (pode ser inferior a 1 salário mínimo). Início do pagamento: a partir do 1º dia da cessação do auxílio por incapacidade temporária originário. Suspensão do pagamento: em caso de retorno da mesma doença que o originou. Cessação do pagamento: • Quando o segurado se aposenta (não pode acumular com nenhuma aposentadoria) • Morte do segurado Veja as diferenças entre o auxílio acidente e o auxílio por incapacidade temporária: AUXÍLIO ACIDENTE AUX. POR INC. TEMPORÁRIA É indenizatório Substitui o salário de contribuição ou a remuneração do segurado É recebido junto com a remuneração pelo labor do segurado (não exige afastamento do trabalho) Exige incapacidade laboral para o trabalho habitual por mais de 15 dias seguidos (exige o afastamento do trabalho) 50% do salário de benefício 91% do salário de benefício Pode ser inferior a 1 salário mínimo Não pode ser inferior a 1 salário mínimo, salvo no caso de atividades concomitantes Sempre dispensa a carência Exige, em regra, 12 contribuições mensais Empregado, empregado doméstico, avulso e segurado especial É devido a todos os segurados É um benefício permanente É precário pela própria natureza (Tabela retirada do livro “Direito Previdenciário” do Frederico Amado – coleção Sinopses para concursos – Editora Juspodivm) 4.3. APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE Atenção: a antiga “aposentadoria por invalidez” atualmente recebe o nome de aposentadoria por incapacidade permanente. Requisitos: incapacidade permanente para o trabalho ou para a atividade habitual, com pequena possibilidade de recuperação. Art. 42 lei nº 8.213/90: aposentadoria por incapacidade permanente (na lei consta “aposentadoria por invalidez”), uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio por incapacidade temporária (na lei consta “auxílio doença”), for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer essa condição. Súmula 53 TNU: não há direito a auxílio doença (auxílio por incapacidade temporária) ou a aposentadoria por invalidez www.alicelannes.com 40 Última atualização em 06/10/2022. (aposentadoria por incapacidade permanente) quando a incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no RGPS. Beneficiários: todos os segurados. Carência: • Regra: 12 contribuições mensais • Acidentes de qualquer natureza, doença profissional, do trabalho ou moléstias graves listadas pelo Ministério da Saúde e Previdência Social: sem carência Renda mensal inicial: • Para os homens: 60% da média aritmética de 100% das remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 20 anos n de contribuição • Para as mulheres: 60% da média aritmética de 100% das remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 15 anos de contribuição • Para os casos decorrentes de acidente de trabalho, doença profissional ou doença do trabalho: 100% da média de todos os salários de contribuição, independentemente do tempo de contribuição. O valor da aposentadoria por incapacidade permanente do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (chamado de auxílio acompanhante), se assim comprovado em perícia médica. Início do pagamento: • Para empregados: o A partir do 16º dia de afastamento da atividade, se requerida até o 30º dia o A partir do requerimento, se requerida após o 30º dia • Demais segurados: o A partir da incapacidade, se requerida até o 30º dia o A partir do requerimento, se requerida após o 30º dia Suspensão do pagamento: quando o segurado não comparecer à perícia médica periódica ou à convocação do INSS. Cessação do pagamento: • Quando ocorrer a recuperação da capacidade para o trabalho • Morte do segurado • Quando o segurado retornar voluntariamente à atividade o benefício é cancelado desde a data do retorno ao trabalho 4.4. APOSENTADORIA/APOSENTADORIA PROGRAMADA Com a EC 103/19, as aposentadorias por idade e por tempo de contribuição foram fundidas, gerando a “aposentadoria”, também chamada de “aposentadoria programada”. Art. 51 decreto nº 3.048/99: a aposentadoria programa, uma vez cumprido o período de carência exigido, será devida ao segurado que cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos: I. 62 anos de idade, se mulher, e 65 anos de idade, se homem; e II. 15 anos de tempo de contribuição, se mulher, e 20 anos de tempo de contribuição, se homem Art. 54 decreto nº 3.048/99: para o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício em função de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio, desde que cumprido o período de carência exigido, será concedida a aposentadoria de que trata esta Subseção (aposentadoria programada) quando cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos: I. 57 anos de idade, se mulher, e 60 anos de idade, se homem; e II. 25 anos de contribuição, para ambos os sexos, em efetivo exercício na função a que se refere o caput Art. 56 decreto nº 3.048/99: a aposentadoria por idade do trabalhador rural, uma vez cumprido o período de carência exigido (...) quando completarem 55 anos de idade, se mulher, e 60 anos de idade, se homem. www.alicelannes.com 41 Última atualização em 06/10/2022. Requisitos: • Idade: o Regra: 65 anos para o homem e 62 anos para a mulher o Professor: 60 anos para o homem e 57 anos para a mulher o Trabalhador rural: 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher • Tempo de contribuição: o Regra: 20 anos para o homem e 15 anos para a mulher o Professor: 25 anoso Para o rural não há a exigência do tempo de contribuição Beneficiários: todos os segurados. Carência: 180 contribuições mensais. Renda mensal inicial: • Para os homens: 60% da média aritmética de 100% das remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 20 anos de contribuição • Para as mulheres: 60% da média aritmética de 100% das remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 15 anos de contribuição • Para os rurais: 70% do salário de benefício + 1% por grupo de 12 contribuições, até o limite de 100% do salário de benefício Início do pagamento: • Para o empregado ou doméstico: o A partir do desligamento: se requerer em até 90 dias o A partir do requerimento: se requerer após 90 dias • Para os demais segurados: a partir do requerimento Suspensão do pagamento: cumpridos os requisitos, não há situação que gere a suspensão. Cessação do pagamento: com a morte do segurado. 4.5. APOSENTADORIA DOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA Primeiramente, é importante definir o conceito de pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Requisitos: • Por idade: 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher (cumpridas as 180 contribuições mensais) • Por tempo de contribuição: o Deficiência leve: 33 anos para o homem e 28 anos para a mulher o Deficiência média: 29 anos para o homem e 24 anos para a mulher o Deficiência grave: 25 anos para o homem e 20 anos para a mulher Beneficiários: todos os segurados. Carência: 180 contribuições mensais. Renda mensal inicial: • Por idade: 70% do salário de benefício + 1% por grupo de 12 contribuições mensais, até o limite de 100% • Por tempo de contribuição: 100% do salário de benefício Início do pagamento: sem previsão na LC 142/13. Suspensão do pagamento: cumpridos os requisitos, não há hipótese que gere a suspensão do benefício. Cessação do pagamento: com a morte do segurado. 4.6. APOSENTADORIA ESPECIAL POR EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS Art. 19, §1º, I, Emenda Constitucional nº 103/19: até que lei complementar disponha sobre a redução de idade mínima ou tempo de contribuição prevista nos §§1º e 8º do art. 201 da CF, será concedida a aposentadoria: aos segurados que comprovem www.alicelannes.com 42 Última atualização em 06/10/2022. o exercício de atividades com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo, 15, 20 ou 25 anos, (...) quando cumpridos: a. 55 anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 15 anos de contribuição; b. 58 anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 20 anos de contribuição; ou c. 60 anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 25 anos de contribuição. Esquematizando: ESPÉCIE DE APOSENTADORIA ESPECIAL IDADE MÍNIMA 15 anos 55 anos 20 anos 58 anos 25 anos 60 anos Requisitos: exercício de trabalho sujeito a exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde. Beneficiários: empregados, avulsos e cooperados (cuidado: não são todos os contribuintes individuais; somente os cooperados). Carência: 180 contribuições mensais. Renda mensal inicial: • Para os homens com aposentadoria especial de 20 ou 25 anos: 60% da média aritmética de 100% das remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 20 anos de contribuição • Para os homens com aposentadoria especial de 15 anos e para todas as mulheres (com aposentadoria de 15, 20 ou 25 anos): 60% da média aritmética de 100% das remunerações/salários de contribuição + 2% para cada ano que ultrapassar 15 anos de contribuição Início do pagamento: • Empregados: o A partir do desligamento, se requerer em até 90 dias o A partir do requerimento, se requerer após 90 dias • Demais segurados: a partir do requerimento Suspensão do pagamento: com o retorno ao trabalho que exponha o segurado a agentes nocivos. Cessação do pagamento: com a morte do segurado. 4.7. SALÁRIO FAMÍLIA É um benefício previdenciário que não tem por objetivo substituir a remuneração dos segurados, mas apenas complementar as despesas domésticas com os filhos menores de 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade. Requisitos: • Ter filho (ou equiparado) menor de 14 anos ou inválido de qualquer idade • Ser segurado de baixa renda (renda bruta mensal até R$1.655,98) Beneficiários: empregado, empregado doméstico e avulso. Carência: sem carência. Renda mensal inicial: uma cota por filho no valor de R$56,47. É possível o recebimento de dois salários família pelo mesmo filho, desde que ambos os pais sejam responsáveis pelo infante e se caracterizem separadamente como baixa renda. Início do pagamento: • Para o doméstico: início com a apresentação da certidão de nascimento do filho • Para o empregado e avulso: o Filho de até 6 anos: início com a apresentação da certidão de nascimento e carteirinha de vacinação (validade anual) o Filho de 7 anos ou mais: início com a apresentação da certidão de nascimento e atestado de frequência escolar (validade semestral) www.alicelannes.com 43 Última atualização em 06/10/2022. Suspensão do pagamento: na falta da entrega da renovação da documentação do filho. Cessação do pagamento: • Morte do filho ou equiparado • Quando o filho ou equiparado completar 14 anos, salvo se for inválido • Pela recuperação da capacidade do filho inválido • Pelo desemprego do segurado ou término do trabalho avulso • Pelo aumento do salário do segurado (quando ele deixar de ser baixa renda) 4.8. SALÁRIO MATERNIDADE É um benefício devido a todas as seguradas que visa substituir a remuneração em razão do nascimento do filho ou adoção, pois nesse período é preciso que a mulher volte toda sua atenção ao filho, sendo presumida legalmente a sua incapacidade temporária de trabalhar. O salário maternidade era o único benefício previdenciário considerado como salário de contribuição, incidindo sobre ele a contribuição previdenciária da segurada e da empresa. Entretanto, o STF declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos da lei nº 8.212/91 que instituíam a cobrança da contribuição previdenciária sobre o salário maternidade. Requisitos: • Parto • Aborto • Adoção (ou guarda judicial para fins de adoção) • Morte do segurado que teria direito ao benefício Beneficiários: todos os segurados (inclusive para os homens, no caso de adoção ou morte da mãe-cônjuge). Carência: • Empregados, empregados domésticos e avulsos: sem carência • Contribuintes individuais e facultativos: 10 contribuições mensais • Segurados especiais: comprovação do exercício de atividade rural nos últimos 10 meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, mesmo que de forma descontínua Se houver antecipação do parto, haverá diminuição no número de contribuições. A carência será o número de meses do parto + 1 mês (exemplo: criança que nasce com 7 meses, a carência deverá ser de 8 contribuições mensais). Renda mensal inicial: • Empregado: a remuneração devida, no mês de seu afastamento, não sujeito ao limite máximo do RGPS, mas sim ao teto dos ministros do STF • Trabalhador avulso: a última remuneração integral equivalente a 1 mês de trabalho, não sujeito ao limite máximo do salário de contribuição, mas sim ao teto dos ministros do STF • Empregado doméstico: o último salário de contribuição, sujeito ao limite máximo correspondente • Segurado especial: 1/12 do valor sobre o qual incidiu a sua última contribuiçãoanual, garantido, ao menos, 1 salário mínimo mensal • Contribuinte individual, segurado desempregado e segurado facultativo: 1/12 da soma dos 12 últimos salários de contribuição, apurados em um período não superior a 15 meses No caso de empregos concomitantes, a segurada fará jus ao salário maternidade relativo a cada emprego. Início do pagamento: • 28 dias antes do parto ou a partir do dia do parto • A partir do requerimento, se for aborto não criminoso ou adoção www.alicelannes.com 44 Última atualização em 06/10/2022. Suspensão do pagamento: cumpridos os requisitos para o recebimento, não há situação que gere a suspensão. Cessação do pagamento: • Em caso de parto ou adoção: 120 dias depois do início • Em caso de abordo não criminoso: 2 semanas depois do início • Situação especial prevista na lei nº 13.301/16 para as crianças vítimas de microcefalia decorrente de doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti: 180 dias depois do início 4.9. PENSÃO POR MORTE É um benefício previdenciário devido aos dependentes em razão do falecimento do segurado. Súmula 336 STJ: a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito a pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente. Requisitos: morte do segurado. Beneficiários: dependentes. Carência: sem carência. Renda mensal inicial: 50% do valor da aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teriam direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito + cota de 10% por cada dependente, até o máximo de 100% (ou seja, se só tiver 1 dependente, o valor será de 60%, se forem 2, será de 70%, e assim por diante). Atenção sobre a renda mensal inicial: no caso de morte por acidente de trabalho do empregado, avulso, doméstico e segurado especial, se o segurado falecido não estava aposentado, o salário de benefício deve ser 100% da média. Em regra, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 contribuições mensais ou se o casamento ou união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 anos antes do óbito do segurado, a pensão por morte será paga por apenas 4 meses ao cônjuge, companheiro ou companheira, salvo se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho. Início do pagamento: • A partir do óbito: o Se requerida por maior de 16 anos até 90 dias do falecimento o Se requerida por menor de 16 anos até 180 dias depois de completar essa idade • A partir do requerimento: o Se requerida por maior de 16 anos após 90 dias do falecimento o Se requerida por menor de 16 anos após 180 dias depois de completar essa idade • A partir da decisão judicial, se for morte presumida • A partir da data da ocorrência, se for catástrofe, acidente ou desastre Suspensão do pagamento: quando o dependente inválido não comparecer ao exame médico pericial. Cessação do pagamento: • Pela morte do pensionista • Para o filho, equiparado ou irmão: ao completar 21 anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou grave • Para o filho ou irmão inválido: pela cessação da invalidez • Para o filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou grave: pelo afastamento da deficiência • Para o cônjuge/companheiro: pelo decurso do prazo de recebimento da pensão • Pela condenação criminal contra o segurado (homicídio ou tentativa dolosa contra o segurado) Súmula 37 TNU: a pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência de curso universitário. www.alicelannes.com 45 Última atualização em 06/10/2022. 4.10. AUXÍLIO RECLUSÃO Requisitos: recolhimento do segurado à prisão em regime fechado (após a EC 103/19 não é mais admitido o regime semiaberto), que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio por incapacidade temporária, pensão por morte, salário maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde que a média dos salários de contribuição apurados no período de 12 meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão seja igual ou inferior a R$1.655,98 (ou seja, deve ser segurado de baixa renda). Beneficiários: dependentes. Carência: 24 contribuições mensais. Renda mensal inicial: 1 salário mínimo. Início do pagamento: • A partir do recolhimento à prisão: o Se requerida por maior de 16 anos até 90 dias do recolhimento o Se requerida por menor de 16 anos até 180 dias depois de completar essa idade • A partir do requerimento: o Se requeria por maior de 16 anos após 90 dias do recolhimento o Se requerida por menor de 16 anos após 180 dias depois de completar essa idade Suspensão do pagamento: • No caso de fuga • No caso de recebimento de auxílio por incapacidade temporária • Se o dependente deixar de apresentar atestado trimestral, firmado pela autoridade competente • Quando o segurado deixar a prisão por livramento condicional, por cumprimento da pena em regime aberto ou por prisão albergue ou em regime semiaberto Cessação do pagamento: • Pela perda da qualidade de dependente (extinção da última cota individual) • Se o segurado passar a receber aposentadoria • Pela morte do segurado (haverá a conversão em aposentadoria por morte)8 • Na data da soltura • Pelo decurso do prazo de recebimento do benefício pelo cônjuge/companheiro 5. O ABONO ANUAL É equivalente à gratificação natalina do segurado ou dependente em gozo de benefício previdenciário. Será devido abono anual ao segurado e ao dependente que, durante o no, recebeu: • Auxílio por incapacidade temporária • Auxílio acidente • Aposentadoria • Salário maternidade • Pensão por morte • Auxílio reclusão O único benefício que não faz jus ao abono anual é o salário família. O abono será calculado tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro de cada ano (e não à média anual). Com relação ao abono do salário maternidade, será devido 4/12 do salário maternidade no último mês do recebimento. 6. SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS 6.1. SERVIÇO SOCIAL Art. 88 lei nº 8.213/91: compete ao serviço social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê- los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade. O serviço social é uma atividade auxiliar do seguro social, que tem como diretriz a participação do beneficiário na www.alicelannes.com 46 Última atualização em 06/10/2022. implementação e no fortalecimento da política previdenciária, em articulação com as associações e entidades de classe, sendo dada prioridade aos segurados em benefício por incapacidade temporária e atenção especial aos aposentados e pensionistas. Art. 88, §2º, lei nº 8.213/91: para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão utilizadas intervenção técnica, assistência de natureza jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pesquisa social, inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou contratos. Por fim, a lei nº 8.213/91 assevera que, considerando a universalização da Previdência Social, o serviço social prestará assessoramento técnico aos Estados e Municípios na elaboração e implantação de suas propostas de trabalho. 6.2. HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL Art. 89 lei nº 8.213/91: a habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vivem. Art. 416 Instrução Normativa PRES/INSS nº128/22: poderão ser encaminhados para o Programa de Reabilitação Profissional: I. O segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária, acidentário ou previdenciário II. O segurado sem carência para benefício por incapacidade temporária, incapaz para as atividades laborais habituais III. O segurado em gozo de aposentadoria por incapacidade permanente IV. O pensionista inválido V. O segurado em gozo de aposentadoria programada, especial ou por idade do trabalhador rural, que voltar a exercer atividade abrangida pelo RGPS, tenha reduzido a sua capacidade funcional em decorrência de doença ou acidente de qualquer natureza ou causa VI. O segurado em atividade laboral mas que necessite da concessão, reparo ou substituição de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção VII. O dependente do segurado VIII. As pessoas com deficiência Em relação aos atendidos pela reabilitação profissional, atenção: • Beneficiários dos incisos I a V: é obrigatório o atendimento pela reabilitação profissional • Beneficiários dos incisos VI e VII: o atendimento fica condicionado às possibilidades administrativas, técnicas, financeiras e às características locais • Beneficiários do inciso VIII: o atendimento depende de celebração prévia de Acordos de Cooperação Técnica firmado entre o INSS e instituições e associações de assistência às pessoas com deficiência A reabilitação compreende: • O fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional • A reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no item anterior, desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário • O transporte do acidentado do trabalho, quando necessário A habilitação e reabilitação, assim como o serviço social, é devido aos beneficiários e seus dependentes. Veja: Art. 90 lei nº 8.213/91: a prestação de que trata o artigo anterior é devida em caráter obrigatório aos segurados, inclusive aposentados e, na medida das possibilidades do órgão da Previdência Social, aos seus dependentes. Conforme a professora Adriana Menezes, a execução dos serviços se dará, preferencialmente, mediante o trabalho de equipe multiprofissional especializada em medicina, serviço social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupacional e outras afins ao processo, sempre que possível na localidade do domicílio do beneficiário. Em situações excepcionais, o www.alicelannes.com 47 Última atualização em 06/10/2022. beneficiário terá direito ao serviço de reabilitação profissional em local diverso da localidade de seu domicílio. Empresas com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na proporção: Até 200 empregados 2% De 201 a 500 empregados 3% De 501 a 1000 empregados 4% Mais de 1001 empregados 5% . Art. 93, §1º, lei nº 8.213/91: a dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiência ou beneficiário reabilitado da Previdência Social. Art. 93, §3º, lei nº 8.213/91: para a reserva de cargos será considerada somente a contratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com deficiência de que trata a CLT. REGIME PREVIDENCIÁRIO DO SERVIDOR ESTATUTÁRIO/REGIME PRÓPRIO DA PREVIDÊNCIA 1. INTRODUÇÃO O RPPS só é aplicável aos servidores do executivo federal que ingressaram até fevereiro de 2013. Depois disso foi criada a fundação de previdência complementar do servidor público federal do executivo (FUNPRESP-EXE). O RPPS também tem caráter contributivo e solidário, e são financiados pela contribuição dos servidores ativos, inativos e pensionistas. No RGPS somente os ativos financiam o sistema, enquanto no RPPS, os ativos e inativos têm o dever de contribuir. Art. 40 CF: o RPPS dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Art. 40, §1º, CF: o servidor abrangido por RPPS será aposentado: I. Por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando for insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo II. Compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 anos de idade, ou aos 75 anos de idade, na forma de lei complementar A LC 152/15 fixou em 75 anos de idade a aposentadoria compulsória. III. No âmbito da União, aos 62 anos de idade, se mulher, e aos 65 anos de idade, se homem, e, no âmbito dos E/DF/M, a idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas constituições e www.alicelannes.com 48 Última atualização em 06/10/2022. leis orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo Esquematizando... o servidor efetivo poderá ser aposentado: • Por incapacidade permanente para o trabalho • Compulsoriamente aos 75 anos • Por idade para o servidor da União: o 62 anos, se mulher o 65 anos, se homem A aposentadoria no RPPS não pode seguir critérios diferenciadores, exceto para os servidores: • Deficientes • Agentes penitenciários • Agentes socioeducativos • Policiais • Quem exerce atividade de risco • Quem exerce atividade em condições especiais • Professores: art. 40, §5º, CF: os professores terão idade mínima reduzida em 5 anos em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do §1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério da educação infantil e no ensino fundamental e médio, fixado em lei complementar do respectivo ente federativo (ou seja, o professor se aposenta com 60 anos e a professora com 57 anos) Art.40, §6º, CF: ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do RPPS, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidos no RGPS. Art. 40, §9º, CF: o tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o disposto nos §§9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspondente será contado para fins de disponibilidade. Ou seja: • Tempo de contribuição conta para a aposentadoria • Tempo de serviço conta para a disponibilidade 2. DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE OS BENEFÍCIOS (LEI 8.112/90) A União manterá plano de seguridade social para o servidor e sua família, que vise dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades: • Garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e reclusão • Proteção à maternidade, adoção e paternidade • Assistência à saúde Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da vinculação ao RPPS mediante recolhimento mensal da contribuição no mesmo percentual dos servidores. Benefícios para o servidor: • Aposentadoria • Auxílio• Universalidade da cobertura (aspecto objetivo) significa que a seguridade tem como objetivo cobrir toda e qualquer necessidade/contingência sociais de proteção social da sociedade em geral • Universalidade do atendimento (aspecto subjetivo) demonstra que a seguridade tem como objetivo atender todas as pessoas, pelo menos em regra. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: não deve haver diferença entre trabalhadores urbanos e rurais. A prestação do benefício ou do serviço deve ser o mesmo, independentemente de ser ele um trabalhador do campo ou da cidade. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços: a prestação de benefícios e serviços não pode ser infinita, uma vez que não há orçamento suficiente. Seletividade nada mais é que fornecer benefícios e serviços em razão das condições de cada um, fazendo de certa forma uma seleção de quem será beneficiado. A distributividade é consequência da seletividade, pois, ao selecionar os mais necessitados, estará ocorrendo uma redistribuição de renda aos mais pobres (e isso é distributividade). A seletividade deverá lastrear a escolha feita pelo legislador dos benefícios e serviços integrantes da www.alicelannes.com 5 Última atualização em 06/10/2022. seguridade social, bem como os requisitos para a sua concessão, conforme as necessidades sociais e a disponibilidade de recursos orçamentários, de acordo com o interesse público. Irredutibilidade do valor dos benefícios: atualmente, é garantida por meio de reajuste anual, geralmente em valor igual ou superior ao da inflação do mesmo período. Pode se apresentar sob duas vertentes: • Previdência social: irredutibilidade do valor real (o valor do benefício será reajustado, no mínimo, conforme a inflação, para garantir o poder de compra) • Seguridade social: irredutibilidade do valor nominal (o valor em números não pode diminuir. Exemplo: se um benefício em 2021 é de R$2 mil, em 2022 não poderá ser inferior) Além disso, a CF fala em “valor real” e o STF fala em “valor nominal”. Art. 201, §4º, CF: é assegurado o reajustamento dos benefícios previdenciários para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. STF: o art. 201, §4º, CF, assegura a revisão dos benefícios previdenciários conforme critérios definidos em lei, ou seja, compete ao legislador ordinário definir as diretrizes para a conservação do valor real do benefício. STJ: admite a possibilidade da aplicação de índices negativos de correção monetária (deflação) aos benefícios previdenciários, desde que preservado o valor nominal do montante principal. Os índices negativos de correção serão considerados no cálculo de atualização, com a ressalva de que, se no cálculo final a atualização implicar redução do principal, deve prevalecer o valor nominal. (Ou seja, veda a redução do valor nominal dos benefícios previdenciários em caso de deflação) Equidade na forma de participação no custeio: equidade quer dizer que pessoas com o mesmo potencial contributivo devem contribuir de forma semelhante, enquanto que pessoas com menor potencial contributivo devem contribuir com valores menores. Num resumo: quem pode mais, paga mais. Diversidade da base de financiamento: a diversidade é necessária para que, no caso de crise econômica em qualquer setor, essa não prejudique a arrecadação das contribuições. A própria CF admite a ampliação da base de financiamento: a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social. Art. 194, VI, CF: diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social. A reforma da previdência alterou o art. 194, VI, CF, e, agora, quando o dinheiro é enviado à seguridade social, deve haver a indicação para qual “área” da seguridade o dinheiro será destinado (previdência, assistência ou saúde). Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados: visa à participação da sociedade na gestão da seguridade. A gestão é democrática, descentralizada (União, Estados, DF e Municípios) e quadripartite, com participação obrigatória dos trabalhadores, empregadores, aposentados e governo. Princípio da solidariedade social: não consta de forma expressa na CF, mas é defendido por boa parte da doutrina. Esse princípio traz que toda a sociedade contribui para a seguridade social, independentemente de se beneficiar ou não dos serviços. Mas, apesar de todos contribuírem, nem todos usufruem. • Previdência social: só usufrui quem contribui. O trabalhador ativo contribui para financiar o trabalhador inativo • Assistência social: toda sociedade contribui, mas só recebe os que necessitam • Saúde: é direito de todos e dever do Estado www.alicelannes.com 6 Última atualização em 06/10/2022. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA 1. CONTEÚDO A legislação previdenciária é o conjunto de regramentos que abordam temas do sistema previdenciário, como: Constituição Federal, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, decretos regulamentares, instruções normativas, portarias, regimentos, resoluções, entre outros. 2. FONTES Conforme ensinamentos de Miguel Reale, o termo fonte do direito deve indicar os processos de produção da norma jurídica, vinculados a uma estrutura do poder, o qual, diante de fatos e valores, opta por dada solução normativa e pela garantia do seu cumprimento. Sendo assim, é um conjunto de normas que embasam o direito e que possam ajudar na sua aplicabilidade. As fontes do direito previdenciário são primárias ou secundárias: Fontes primárias/legais/diretas/imediatas: podem inovar no ordenamento jurídico. São os atos legislativos emanados do Legislativo ou os atos de natureza legislativa emanados do Executivo (como as medidas provisórias). Exemplos: • Constituição Federal • Emendas constitucionais • Leis complementares • Leis ordinárias • Leis delegadas • Medidas provisórias • Decreto legislativo • Resolução do Senado • Tratados internacionais • Súmulas vinculantes Fontes secundárias/infralegais/mediatas: não têm força para inovar no ordenamento jurídico, mas esclarecem a lei e servem para compreensão e aplicação do direito (de forma que não criem direitos ou obrigações de forma inaugural). Ou seja, as fontes secundárias apenas regulamentam e detalham a lei. Exemplos: • Decretos regulamentares • Portarias • Instruções normativas Há, ainda, a diferenciação entre fontes formais e materiais. Veja: Fontes formais: é aquela pela qual o direito se manifesta. Dividem-se em imediatas e mediadas: • Imediatas: são os fatos que, por si só, geram o direito, como as normas legais • Mediatas: são os princípios gerais do direito, a jurisprudência e a doutrina. São médios de expressão do direito, a forma pela qual a norma jurídica se exterioriza Atenção: para que seja considerada fonte formal, é necessário que a fonte possa inovar/criar o direito, ou seja, introduzir novas normas no ordenamento jurídico. Exemplos: • Constituição Federal • Leis nº 8.212/91 e 8.213/91 • Regulamento da Previdência Social • Instruções normativas do INSS • Instruções normativas da Receita Federal • Lei Orgânica da Assistência Social • Decreto que regulamenta o Benefício de Prestação Continuada Fontes materiais: é o estudo filosófico ou sociológico dos motivos ou fatos que condicionam o aparecimento e as transformações das regras do direito. São os fatores sociais, históricos,natalidade • Salário-família • Licença para tratamento de saúde • Licença à gestante, adotante e licença paternidade • Licença por acidente em serviço • Assistência à saúde • Garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias Benefícios para os dependentes: • Pensão por morte • Auxílio funeral • Auxílio reclusão • Assistência à saúde A aposentadoria é permanente e irredutível, e será calculada e revista na mesma data e proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade. www.alicelannes.com 49 Última atualização em 06/10/2022. São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. 2.1. BENEFÍCIOS 2.1.1. Aposentadoria APOSENTADORIA PROVENTOS IDADE Por incapacidade permanente para o trabalho Proporcionais - Compulsória Proporcionais 75 anos Voluntária (regra geral) Integrais 65 anos – homem 57 anos – mulher Voluntária (professores) Integrais 60 anos – homem 57 anos – mulher • Aposentadoria compulsória: automática e declarada por ato com vigência a partir do dia seguinte do aniversário de 75 anos do servidor • Aposentadoria voluntária: a partir da data da publicação do ato • Aposentadoria por incapacidade permanente: a partir da data da publicação do ato, respeitando a seguinte ordem: o Licença para tratamento de saúde por até 24 meses o Servidor reassume o cargo o Readaptação em outro cargo o Aposentadoria por incapacidade permanente 2.1.2. Auxílio natalidade Devido à servidora por motivo de nascimento de filho (inclusive natimorto), em quantia equivalente ao menor vencimento do serviço público. Se for parto múltiplo, haverá acréscimo de 50% por nascituro. Se a parturiente não for servidora, o auxílio será recebido pelo cônjuge ou companheiro. 2.1.3. Salário-família Devido ao servidor ativo ou inativo, por dependente econômico: • Cônjuge/companheiro e os filhos/enteados até 21 anos ou 24 anos se estudar. Se for inválido não tem limite de idade • Menor de 21 anos que, mediante autorização judicial, viver na companhia e às expensas do servidor ou do inativo • Pai/mãe/padrasto/madrasta sem economia própria O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não acarreta a suspensão do salário- família. 2.1.4. Licença para tratamento de saúde Concedido a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração. A licença que exceder o prazo de 120 dias no período de 12 meses será concedida mediante avaliação da junta médica oficial (além do perito oficial). E a licença inferior a 15 dias, dentro de um ano, poderá ser dispensada de perícia oficial. 2.1.5. Licença à gestante, licença à adotante e licença paternidade A licença será de 120 dias, sem prejuízo da remuneração. Atualmente, o decreto 6.690 prorroga esse prazo por mais 60 dias, totalizando 180 dias (se a servidora requerer até o final do primeiro mês após o parto). 2.1.6. Licença por acidente em serviço www.alicelannes.com 50 Última atualização em 06/10/2022. A licença terá remuneração integral. Acidente em serviço é dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione mediata ou imediatamente com as atribuições do cargo exercido. 2.1.7. Pensão Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóteses legais, fazem jus à pensão mensal a partir da data do óbito, no valor da totalidade da remuneração ou dos proventos, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS + 70% da parcela excedente ao limite. Classes de beneficiários para pensão: 1. Cônjuge 2. Cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmente 3. Companheiro/companheira que comprove união estável como entidade familiar 4. Filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes requisitos: o Seja menor de 21 anos o Seja inválido o Tenha deficiência grave o Tenha deficiência intelectual ou mental 5. Pai/mãe que comprovem dependência econômica 6. Irmão de qualquer condição que comprove dependência econômica e ate a um dos requisitos da classe 4 Havendo habilitação de vários dependentes, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários habilitados. A pensão pode ser requerida a qualquer tempo, prescrevendo as prestações exigíveis há mais de 5 anos. Perde o direito à pensão por morte: • Após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do servidor • Cônjuge/companheiro se provada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e ampla defesa Ocorrerá a perda da qualidade de beneficiário: • Com o seu falecimento • Com a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a concessão da pensão ao cônjuge • Com a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de beneficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em se tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz • Com o aniversário de 21 anos do filho/enteado/menor tutelado ou irmão • Com a acumulação de pensão • Com a renúncia expressa 2.1.8. Auxílio funeral Devido à família do servidor falecido na atividade ou aposentado em valor equivalente a 1 mês de remuneração ou provento. Se houver acumulação de cargos, a família receberá somente a do cargo de maior valor. O auxílio será pago em até 48h, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família ou terceiro que houver custeado o funeral. 2.1.9. Auxílio reclusão Valores do auxílio pago à família: • 2/3 da remuneração: quando afastado por motivo de prisão em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade, enquanto durar a prisão www.alicelannes.com 51 Última atualização em 06/10/2022. • 50% da remuneração: durante o afastamento, em virtude de condenação definitiva, se a pena não determinar a perda do cargo 2.2. ASSISTÊNCIA À SAÚDE Compreende assistência médica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, e terá como diretriz básica o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde e será prestada pelo SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas, com planos ou seguros privados de assistência à saúde. CONTAGEM RECÍPROCA DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO A previdência é composta por dois regimes: regime geral (RGPS) e regime próprio (RPPS). Ao longo da vida, o trabalhador pode transitar por esses regimes (iniciativas privada e pública). Assim, foi criado o instituto da contagem recíproca do tempo de contribuição, no intuito de levar a contagem de tempo de um regime para o outro. Na contagem recíproca do tempo de contribuição é assegurado: • O cômputo do tempo de contribuição na administração pública para fins de concessão de benefícios previstos no RGPS, inclusive de aposentadoria em decorrência de tratado, convenção ou acordo internacional (iniciativa pública para a iniciativa privada) • Para fins de emissão de certidão de tempo de contribuição, pelo INSS, para utilizaçãono serviço público, o cômputo do tempo de contribuição na atividade privada, rural e urbana, observadas as disposições especiais previstas na legislação previdenciária (iniciativa privada para a iniciativa pública) Quanto à contagem do tempo de contribuição, a legislação previdenciária prevê as seguintes normas a serem seguidas: • Não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais • É vedada a contagem de tempo de contribuição no RPPS com o de contribuição no RGPS, quando concomitantes, ressalvados os casos de acumulação de cargos ou empregos públicos admitidos pela CF • Não será contado por um regime o tempo de contribuição utilizado para concessão de aposentadoria por outro regime • O tempo de contribuição anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à previdência social somente será contado mediante observância, quanto ao período respectivo, do disposto no regulamento da previdência social • O tempo de contribuição do segurado trabalhador rural anterior à competência novembro/1991 será computado, desde que observado as peculiaridades da legislação previdenciária www.alicelannes.com 52 Última atualização em 06/10/2022. Na contagem recíproca de tempo de contribuição é vedada a: • Conversão do tempo de contribuição exercido em atividade sujeita a condições especiais • Conversão do tempo cumprido pelo segurado com deficiência, em tempo de contribuição comum • Contagem de qualquer tempo de serviço fictício • Contagem em dobro ou em outras condições especiais • Contagem de tempo de contribuição no serviço público com o de contribuição na atividade privada, quando concomitantes RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS 1. PROCESSO RELATIVO AO CUSTEIO PREVIDENCIÁRIO Art. 25 decreto nº 70.235/72: o julgamento do processo de exigência de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal compete: I. Em 1ª instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento (DRJ), órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal II. Em 2ª instância, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, com atribuição de julgar recursos de ofício e voluntários de decisão de 1ª instância, bem como recursos de natureza especial O CARF será constituído por Seções e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais > as Seções serão especializadas por matéria e constituídas por Câmaras, podendo ser divididas em Turmas > a Câmara Superior de Recursos fiscais será constituída por Turmas, compostas pelos presidentes e vice presidentes das Câmaras. Art. 14 decreto nº 70.235/72: a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. A impugnação, que é a forma que o sujeito passivo utiliza para manifestar sua inconformidade com a exigência fiscal, deve ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, sendo apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Além disso, a impugnação deve mencionar: • A autoridade julgadora a quem é dirigida • A qualificação do impugnante • Os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir • As diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito www.alicelannes.com 53 Última atualização em 06/10/2022. Considera-se não formulado o pedido de diligência que deixar de atender aos requisitos acima. • Se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição A prova documental deve ser apresentada na impugnação, sob pena de preclusão, salvo se: • Ficar demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior • Referir-se a fato ou a direito superveniente • Destinar-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos Em um desses casos, a juntada posterior de documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma dessas condições. Se já tiver sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de 2ª instância. Art. 17 decreto nº 70.235/72: considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Art. 21 decreto nº 70.235/72: não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora declarará a revelia, permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de 30 dias, para cobrança amigável. Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago, o órgão preparador declarará o sujeito passivo devedor remisso e encaminhará o processo à autoridade competente para promover a cobrança executiva. Da decisão de 1ª instância proferida pelo DRJ caberá recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), podendo ser: • Recurso voluntário: total ou parcial, com efeito suspensivo, no prazo de 30 dias seguintes à ciência da decisão • Recurso de ofício: interposto pela própria autoridade julgadora (DRJ), sempre que a decisão: o Exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda (atualmente o valor é de R$2,5 milhões) o Deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens cominada à infração denunciada na formalização da exigência Da decisão de 1ª instância não cabe pedido de reconsideração. 2. PROCESSO RELATIVO AOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS Art. 305 RPS: compete ao Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) processar e julgar: I. Os recursos das decisões proferidas pelo INSS nos processos de interesse de seus beneficiários II. As contestações e os recursos relativos à atribuição, pelo Ministério da Economia, do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) aos estabelecimentos das empresas III. Os recursos das decisões proferidas pelo INSS relacionados à comprovação de atividade rural de segurado especial de que trata o art. 19-D ou às demais informações relacionadas ao CNIS de que trata o art. 19 IV. Os recursos das decisões relacionadas à compensação financeira de que trata a lei nº 9.796/99 V. Os recursos relacionados aos processos sobre irregularidades verificadas em procedimento de supervisão e de fiscalização nos RPPS e aos processos sobre apuração de responsabilidade por infração às disposições da lei nº 9.717/98 O prazo para interpor contestações e recursos, bem como para oferecer contrarrazões, é de 30 dias, contados: • Contestações: da publicação no Diário Oficial da União das informações sobre a forma de consulta ao FAP • Recursos: da ciência da decisão • Contrarrazões: da interposição do recurso www.alicelannes.com 54 Última atualização em 06/10/2022. O INSS, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e, nas decisões relacionadas à compensação financeira, os entes federativos poderão reformar suas decisões e deixar de encaminhar, no caso de reforma favorável ao interessado, a contestação ou o recurso à instância competente ou de rever o ato para o não prosseguimento da contestação ou do recurso. O Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS): • Compreende os seguintes órgãos: o Juntas de recursos o Câmaras de julgamento o Conselho pleno • É presidido por representante do Governo: o Com notório conhecimento da legislaçãoprevidenciária o Nomeado pelo Ministro de Estado do Trabalho e Previdência o Compete-lhe dirigir os serviços administrativos do órgão • O mandato dos conselheiros é de 3 anos, permitida a recondução • Salvo quando decorrente de renúncia voluntária, o conselheiro afastado do CRPS não poderá ser novamente designado para o exercício dessa função antes do transcurso de 5 anos contados do efetivo afastamento As Juntas de recursos e as Câmaras de julgamento: • São presididas por um representante do Governo federal • São integradas por 4 conselheiros em cada turma • Os conselheiros são nomeados pelo Ministro de Estado do Trabalho e Previdência • A gratificação dos membros será definida em ato do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência São competências das Juntas de recursos processar e julgar: • Os recursos das decisões proferidas pelo INSS nos processos de interesse de seus beneficiários • Os recursos das decisões proferidas pelo INSS relacionados à comprovação de atividade rural de segurado especial do art. 38-B da lei nº 8.213/91, ou às demais informações relacionadas ao CNIS de que trata o art. 29-A da mesma lei • Os recursos de decisões relacionadas à compensação financeira de que trata a lei nº 9.796/99 • As contestações relativas à atribuição do FAP aos estabelecimentos da empresa • Os recursos relacionados aos processos sobre irregularidades verificadas em procedimento de supervisão e de fiscalização nos RPPS e aos processos sobre apuração de responsabilidade por infração às disposições da lei nº 9.717/98 São competências das Câmaras de julgamento processar e julgar: • Os recursos interpostos contra as decisões proferidas pelas Juntas de recursos São competências do Conselho pleno: • Uniformizar a jurisprudência previdenciária mediante enunciados • Outras competências definidas no regimento interno do CRPS) Por fim, os recursos interpostos tempestivamente contra decisões proferidas pelas Juntas de recursos e pelas Câmaras de julgamento possuem efeito: • Suspensivo: as decisões proferidas em 1ª instância não poderão ser executadas até o julgamento do recurso • Devolutivo: devolve toda matéria para reexame em instância superior, para que a decisão de 1ª instância seja anulada, reformada ou, se for o caso, mantida www.alicelannes.com 55 Última atualização em 06/10/2022. CRIMES PREVIDENCIÁRIOS 1. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA Art. 168-A CP: deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Pena: reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Art. 168-A, §1º, CP: nas mesmas penas incorre quem deixar de: I. Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público II. Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços III. Pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. Art. 168-A, §2º, CP: é extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Art. 168-A, §3º, CP: é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I. Tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II. O valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais Art. 168-A, §3º, CP: a faculdade prevista no §3º deste art. não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 2. SONEGAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Art. 337-A CP: suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I. Omitir de folha de pagamento da empresa ou de documentos de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços II. Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomados de serviços III. Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias. Pena: reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Art. 337-A, §1º, CP: é extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Art. 337-A, §2º, CP: é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: II. O valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais Art. 337-A, §3º, CP: se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$1510,00, o juiz poderá reduzir a pena de 1/3 até metade ou aplicar apenas a de multa. www.alicelannes.com 56 Última atualização em 06/10/2022. Art. 337-A, §4º, CP: o valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. 3. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO Art. 171 CP: obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Art. 171, §3º, CP: a pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. 4. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PREVIDENCIÁRIA Art. 297 CP: falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdade. Pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Art. 297, §3º, CP: nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I. Na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório II. Na CTPS do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita III. Em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado Art. 297, §4º, CP: nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no §3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 5. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES Art. 313-A CP: inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da administraçãopública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. 6. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES Art. 313-B CP: modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena: detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa. Atenção: esse crime é apenado com detenção, e não reclusão. Art. 313-B, p.ú., CP: as penas são aumentadas de 1/3 até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a administração pública ou para o administrado. www.alicelannes.com 57 Última atualização em 06/10/2022. LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 1º lei 8.742/93 (LOAS): a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de seguridade social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. Art. 203 CF: a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I. A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice II. O amparo às crianças e adolescentes carentes III. A promoção da integração ao mercado de trabalho IV. A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária V. A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei VI. A redução da vulnerabilidade socioeconômica de famílias em situação de pobreza ou de extrema pobreza Diferente da previdência, a assistência social não exige a contribuição direta do beneficiário. 1. OBJETIVOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Conforme exposto no art. 2º da LOAS, são objetivos da assistência social: • A proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: o A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice o O amparo às crianças e aos adolescentes carentes o A promoção da integração ao mercado de trabalho o A habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária o A garantia de 1 salário mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a sua própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (benefício conhecido como BPC-LOAS) • A vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos • A defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais 2. PRINCÍPIOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 4º LOAS: a assistência social rege-se pelos seguintes princípios: I. Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica II. Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas III. Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade IV. Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais V. Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão www.alicelannes.com 58 Última atualização em 06/10/2022. 3. DIRETRIZES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 5º LOAS: a organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: I. Descentralização político-administrativa para os Estados, o DF e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo II. Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis III. Primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo 4. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL A gestão das ações na área da assistência social fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com os seguintes objetivos: • Consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva • Integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social • Estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social • Definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais • Implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social • Estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios • Afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos As ações ofertadas no SUAS têm por objetivo a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, e como base de organização, o território, sendo integrados por: • Entes federativos • Conselhos de assistência social dos entes federativos • Entidades e organizações de assistência social Além disso, a assistência social será organizada por dois tipos de proteção: básica e especial. Essas proteções serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assistência social vinculadas ao SUAS, respeitadas as especificidades de cada ação. Proteção social básica: é o conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Proteção social especial: é o conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos. Essas proteções sociais básica e especial serão ofertadas, principal e respectivamente, no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), e pelas entidades sem fins lucrativos de assistência social. Veja a diferença entre o CRAS e o CREAS: CRAS (proteção social básica): é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias. CREAS (proteção social especial): é a unidade pública de abrangência e gestão municipal, estadual ou regional, destinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social especial. www.alicelannes.com 59 Última atualizaçãoem 06/10/2022. Observe que tanto o CRAS como o CREAS são unidades públicas estatais instituídas no âmbito do SUAS, que possuem interface com as demais políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social. Para acesso aos programas sociais do Governo Federal é obrigatória a inscrição no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal), que é um registro público eletrônico com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar informações georreferenciadas para a identificação e a caracterização socioeconômica das famílias de baixa renda. 4.1. COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERATIVOS União: • Responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada (BPC-LOAS) • Cofinanciar, por meio de transferência automática, o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito nacional • Atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência • Realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social e assessorar Estados, Distrito Federal e Municípios para seu desenvolvimento Estados: • Destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do pagamento dos benefícios eventuais, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistência Social • Cofinanciar, por meio de transferência automática, o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito regional ou local • Atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência • Estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e consórcios municipais na prestação de serviços de assistência social • Prestar os servis assistenciais cujos custos ou ausência de demanda municipal justifiquem uma rede regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado • Realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social e assessorar os Municípios para seu desenvolvimento Distrito Federal e Municípios: • Destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos de Assistência Social do Distrito Federal • Efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral • Executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil • Atender às ações assistenciais de caráter de emergência • Prestar os serviços assistenciais • Cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito local • Realizar o monitoramento e a avaliação d apolítica de assistência social em seu âmbito 4.2. CONSELHOS DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 16 LOAS: as instâncias deliberativas do SUAS, de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil, são: I. O Conselho Nacional de Assistência Social II. Os Conselhos Estaduais de Assistência Social III. O Conselho de Assistência Social do Distrito Federal IV. Os Conselhos Municipais de Assistência Social Esses conselhos estão vinculados ao órgão gestor de assistência social, que deve prover a infraestrutura necessária ao seu funcionamento, garantindo recursos materiais, humanos e financeiros, inclusive com despesas referentes a passagens e diárias de conselheiros representantes do governo ou da www.alicelannes.com 60 Última atualização em 06/10/2022. sociedade civil, quando estiverem no exercício de suas atribuições. 4.2.1. Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) É órgão superior de deliberação colegiada, vinculado à estrutura do órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social. Os membros do CNAS: • São nomeados pelo Presidente da República • Têm mandato de 2 anos, permitida uma única recondução por igual período • São 18 membros e seus respectivos suplentes • Os nomes dos membros são indicados ao órgão da Administração responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social, de acordo com os seguintes critérios: o 9 representantes governamentais, incluindo 1 representante dos Estados e 1 dos Municípios o 9 representantes da sociedade civil, dentre representantes dos usuários ou de organizações de usuários, das entidades e organizações de assistência social e dos trabalhadores do setor, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério Público Federal • Terá um presidente eleito por seus membros, para mandato de 1 ano, permitida uma única recondução por igual período São competências do CNAS: • Aprovar a Política Nacional de Assistência Social • Normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da assistência social • Acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das entidades e organizações de assistência social no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome • Apreciar relatório anual que conterá a relação de entidades e organizações de assistência social certificadas como beneficentes e encaminhá-lo para conhecimento dos Conselhos de Assistência Social dos Estados, Municípios e do Distrito Federal • Zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência social • Convocar ordinariamente a cada 4 anos a Conferência Nacional de Assistência Social, que terá a atribuição de avaliar a situação da assistência social e propor diretrizes para o aperfeiçoamento do sistema • Apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada pelo órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social • Aprovar critérios de transferência de recursos para os Estados, Municípios e Distrito Federal, considerando, para tanto, indicadores que informem sua regionalização mais equitativa, tais como: população, renda per capita, mortalidade infantil e concentração de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse de recursos para as entidades e organizações de assistência social, sem prejuízo das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias • Acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos programas e projetos aprovados • Estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistência Social • Indicar o representante do CNAS junto ao Conselho Nacional da Seguridade Social • Elaborar e aprovar seu regimento interno • Divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas decisões, bem como as contas do Fundo Nacional de Assistência Social e os respectivos pareceres emitidos 4.2.2. Conselhos de Assistência Social Estaduais, do Distrito Federal e Municipais Esses conselhos devem ser instituídos mediante lei específica, tendo competência para acompanhar a execução da política de assistência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em consonância com as diretrizes das conferências nacionais, estaduais, distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de atuação. www.alicelannes.com 61 Última atualização em 06/10/2022. 5. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA Art. 203, V, CF: a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. A lei que dispõe esse benefício de prestação continuada (chamaremos aqui apenas de BPC) é a LOAS.Veja: Art. 20 LOAS: o BPC é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Por ser um benefício assistencial (e não previdenciário), não exige prévia contribuição do beneficiário, bastando a comprovação de que cumpre os requisitos previstos no art. 20 da LOAS. São beneficiários do BPC: • Idoso com 65 anos ou mais • Pessoa com deficiência Ou seja, é preciso cumprir o binômio: idade ou deficiência + necessidade. Para fins da concessão do benefício, a LOAS define como: • Família: requerente, cônjuge ou companheiro, pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, irmãos solteiros, filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto • Pessoa com deficiência: aquela com impedimento de longo prazo (pelo menos 2 anos) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas Súmula 48 TNU: para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente com situação de incapacidade laborativa, exige a configuração de impedimento de longo prazo com duração mínima de 2 anos, a ser aferido no caso concreto, desde o início do impedimento até a data prevista para a sua cessação. Com exceção da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória, o BPC não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime. Como limite de renda mensal familiar, a LOAS prevê que, observados os demais critérios, terão direito ao BPC a pessoa com deficiência ou com 65 anos ou mais que possuam renda familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 do salário mínimo. Entretanto, a lei nº 14.176/21 passou a prever a possibilidade de aumentar esse limite para 1/2 do salário mínimo, na forma de escalas graduais, definidas em regulamento, e considerando os seguintes aspectos: • O grau de deficiência (para a pessoa com deficiência) Esse grau de deficiência será aferido por meio de instrumento de avaliação biopsicossocial, observado o Estatuto da Pessoa com Deficiência. • A dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária (para o idoso) • O comprometimento do orçamento do núcleo familiar exclusivamente com gastos médicos, com tratamentos de saúde, com fraldas, com alimentos especiais e com medicamentos do idoso ou da pessoa com deficiência não disponibilizados gratuitamente pelo SUS, ou com serviços não prestados pelo SUAS, desde que comprovadamente necessários à preservação da saúde e da vida (para a pessoa com deficiência e para o idoso) Em relação ao cálculo da renda per capita familiar mensal, a LOAS prevê que não entram nesse cálculo: • Benefício previdenciário do idoso com 65 anos ou mais ou da pessoa com deficiência de até 1 salário mínimo Que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família www.alicelannes.com 62 Última atualização em 06/10/2022. • BPC do idoso com 65 anos ou mais ou da pessoa com deficiência • Remuneração do contrato de aprendizagem • Bolsa de estágio supervisionado • Benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária • Valores oriundos de programas sociais de transferência de renda • Pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de assistência médica • Rendas de natureza eventual ou sazonal Art. 21 LOAS: o benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. Cessação do BPC quando: • Superadas as condições que deram origem ao benefício • Morte do beneficiário A cessação do BPC à pessoa com deficiência não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regulamento. Cancelamento do BPC quando: • Se constatar irregularidade na concessão ou utilização Suspensão do BPC quando: • A pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora e, quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro desemprego e não tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser requerida a continuidade do pagamento do BPC suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim, respeitado o período de revisão de 2 anos. Não constituem motivo para suspensão ou cessação do BPC da pessoa com deficiência: o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação. 5.1. AUXÍLIO INCLUSÃO A lei nº 14.176/21 regulamentou o auxílio inclusão (que já era tratado no Estatuto da Pessoa com Deficiência), que garante o valor de 50% do valor do BP à pessoa com deficiência moderada ou grave que, cumulativamente: • Receba o BPC e passe a exercer atividade que: o Tenha remuneração limitada a 2 salários mínimos o Se enquadre o beneficiário como segurado obrigatório do RGPS ou como filiado a RPPS da União, dos Estados, do DF ou dos Municípios • Tenha inscrição atualizada no CadÚnico no momento do requerimento do auxílio inclusão • Tenha inscrição regular no CPF • Atenda aos critérios de manutenção do BPC, incluídos os critérios relativos à renda familiar mensal per capita exigida para o acesso ao benefício O valor do auxílio inclusão percebido por um membro da família não será considerado no cálculo da renda familiar per capita, para fins de concessão e de manutenção de outro auxílio inclusão no âmbito do mesmo grupo familiar. O auxílio inclusão poderá ainda ser concedido, mediante requerimento e sem retroatividade no pagamento, ao beneficiário que tenha: • Recebido o BPC nos 5 anos imediatamente anteriores ao exercício da atividade remunerado • Tido o benefício suspenso quando a pessoa com deficiência deixar de exercer atividade remunerada, inclusiva na condição de MEI O pagamento do auxílio inclusão cessará na hipótese de o beneficiário deixar atender aos critérios de: • Manutenção do BPC www.alicelannes.com 63 Última atualização em 06/10/2022. • Concessão do auxílio inclusão O pagamento do auxílio inclusão não pode ser acumulado com o pagamento de: • BPC • Prestações a título de aposentadoria, de pensões ou de benefícios por incapacidade pagos por qualquer regime de previdência social • Seguro desemprego Por fim, o auxílio inclusão não está sujeito a desconto de qualquer contribuição e não gera direito a pagamento de abono anual, competindo ao Ministério da Cidadania a gestão do auxílio e ao INSS a sua operacionalização e pagamento. BENEFÍCIOS DECORRENTES DE LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 1. LEI Nº 7.070/82 Essa lei dispõe sobre a pensão especial, mensal, vitalícia e intransferível, aos portadores da deficiência física conhecida como Síndrome da Talidomida, sendo devida a partir da entrada do pedido de pagamento no INSS e depende apenas da apresentação do atestado médico que comprove essa condição, passado por junta médica oficial para esse fim, constituída pelo INSS, sem qualquer ônus para os interessados. O valor dessa pensão é reajustável a cada ano após a data da concessão e será calculado em função dos pontos indicadores da natureza e do grau da dependência resultante da deformidade física. Cada ponto equivale a metade do salário mínimo. A pensão decorrentedessa lei: • Ressalvado o direito de opção, não é acumulável com rendimento ou indenização que, a qualquer título, venha a ser pago pela União a seus beneficiários, salvo a indenização por dano moral concedida por lei específica • Tem natureza indenizatória, não prejudicando eventuais benefícios previdenciários, não podendo ser reduzido pela aquisição de capacidade laborativa ou de redução de incapacidade para o trabalho ocorridas após a sua concessão • Isenta o beneficiário do imposto de renda Em relação ao beneficiário que precisa de assistência permanente de outra pessoa, a lei assevera que: Art. 3º, §2º, lei nº 7.070/82: o beneficiário desta pensão especial, maior de 35 anos, que necessite de assistência permanente de outra pessoa e que tenha recebido pontuação superior ou igual a 6, fará jus a um adicional de 25% sobre o valor deste benefício. Art. 3º, §3º, lei nº 7.070/82: sem prejuízo do adicional de que trata o §2º, o beneficiário desta pensão especial fará jus a mais um adicional de 35% sobre o valor do benefício, desde que comprove pelo menos: www.alicelannes.com 64 Última atualização em 06/10/2022. I. 25 anos, se homem, e 20 anos, se mulher, de contribuição para a Previdência Social II. 55 anos de idade, se homem, ou 50 anos de idade, se mulher, e contar pelo menos 15 anos de contribuição para a Previdência Social 2. LEI Nº 7.986/89 Essa lei regula a concessão do benefício para os seringueiros, sendo transferível aos dependentes que comprovem o estado de carência. Art. 1º lei nº 7.986/89: é assegurado aos seringueiros recrutados, que tenham trabalhado durante a Segunda Guerra Mundial nos seringais da Região Amazônica, e que não possuam meios para a sua subsistência e da sua família, o pagamento de pensão mensal vitalícia correspondente ao valor de 2 salários mínimos vigentes no país. Art. 1º, p.ú., lei nº 7.986/89: o benefício a que se refere este artigo estende-se aos seringueiros que, atendendo ao chamamento do governo brasileiro, trabalharam na produção de borracha, na Região Amazônica, contribuindo para o esforço de guerra. A comprovação da efetiva prestação de serviços na guerra só produzirá efeitos quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, e será feita perante os órgãos do Ministério da Previdência e Assistência Social. Essa comprovação pode ser feita por justificação administrativa ou judicial, cabendo à Defensoria Pública, por solicitação do interessado, quando necessitado, promover a justificação judicial, ficando o solicitante isento de custas judiciais e demais despesas. Prazos importantes da lei: • Julgamento da justificação: 15 dias • Processo e julgamento dos pedidos de concessão do benefício ou de sua transferência: 45 dias, sob pena de responsabilidade • Pagamentos da pensão: até 30 dias após o reconhecimento do direito • Instruções necessárias para a execução dessa lei, feitas pelo Ministério da Previdência e Assistência Social: 60 dias 3. LEI Nº 8.059/90 Essa lei regulamenta a pensão especial devida aos ex- combatentes da Segunda Guerra Mundial e seus dependentes, que pode ser requerida a qualquer tempo e corresponde à pensão militar deixada por segundo-tenente das Forças Armadas. São conceitos importantes trazidos por essa lei: • Pensão especial: é o benefício pago mensalmente ao ex- combatente ou, em caso de falecimento, a seus dependentes • Pensionista especial: é o ex-combatente ou dependentes que percebam pensão especial • Pensão-tronco: é a pensão especial integral • Cota-parte: é cada parcela resultante da participação da pensão-tronco entre dependentes • Viúva: é a mulher com quem o ex-combatente estava casado quando falecera, e que não voltou a casar-se • Ex-esposa: é a pessoa de quem o ex-combatente tenha-se divorciado, desquitado ou separado por sentença transitada em julgado • Companheira: é a que tenha filho comum com o ex- combatente ou com ele viva no mínimo há 5 anos, em união estável • Concessão originária: é a relativa ao ex-combatente • Reversão: é a concessão da pensão especial aos dependentes do ex-combatente, por ocasião do seu óbito Art. 4º lei nº 8.059/90: a pensão é inacumulável com quaisquer rendimentos percebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários. Art. 4º, §1º, lei nº 8.059/90: o ex combatente, ou dependente legalmente habilitado, que passar a receber importância dos cofres públicos perderá o direito à pensão especial pelo tempo www.alicelannes.com 65 Última atualização em 06/10/2022. em que permanecer nessa situação, não podendo a sua cota- parte ser transferida a outros dependentes. Art. 4º, §2º, lei nº 8.059/90: fica assegurado ao interessado que perceber outros rendimentos pagos pelos cofres públicos o direito de optar pela pensão ou por esses rendimentos. São dependentes do ex-combatente: • A viúva • A companheira • O filho e a filha de qualquer condição, solteiros, menores de 21 anos ou inválidos • O pai e a mãe inválidos (somente se comprovarem que viviam sob a dependência econômica do ex-combatente) • O irmão e a irmã, solteiros, menores de 21 anos ou inválidos (somente se comprovarem que viviam sob a dependência econômica do ex-combatente) A pensão especial só será transferida aos dependentes em caso de morte do ex-combatente. Nesse caso, a pensão será dividida entre o conjunto dos dependentes habilitáveis, em cotas-partes iguais. Comprovam a condição de dependente: • Por meio de certidões do registro civil • Por declaração expressa do ex-combatente, quando em vida • Por qualquer meio de prova idôneo, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial Essa pensão especial não será deferida: • À ex-esposa que não tenha direito a alimentos • À viúva que voluntariamente abandonou o lar conjugal há mais de 5 anos ou que, mesmo por tempo inferior, abandonou-o e a ele recusou-se a voltar, desde que esta situação tenha sido reconhecida por sentença judicial transitada em julgado • À companheira, quando, antes da morte do ex-combatente, houver cessado a dependência, pela ruptura da relação concubinária • Ao dependente que tenha sido condenado por crime doloso, do qual resulte a morte do ex-combatente ou de outro dependente A cota-parte da pensão dos dependentes se extingue: • Pela morte do pensionista • Pelo casamento do pensionista • Para o filho, filha, irmão e irmã, quando, não sendo inválidos, completam 21 anos de idade • Para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez A extinção da pensão nesses casos não acarreta a transferência da cota-parte para os demais dependentes. Art. 11 lei nº 8.059/90: o benefício será pago mediante requerimento, devidamente instruído, em qualquer organização militar do ministério competente, se na data do requerimento o ex-combatente, ou o dependente, preencher os requisitos desta lei. Art. 12 lei nº 8.059/90: é da competência do Ministério Militar ao qual esteve vinculado o ex-combatente durante a Segunda Guerra Mundial o processamento da pensão especial, desde a habilitação até o pagamento, inclusive nos casos de substituição a outra pensão ou reversão. Estando o processo devidamente instruído, a autoridade autorizará o pagamento da pensão especial em caráter temporário, até a apreciação da legalidade da concessão e registro pelo Tribunal de Contas da União. O pagamento definitivo só será feito após o registro pelo TCU. E, somente após esse registro definitivo é que poderá haver consignação nos benefícios dos pensionistas. O pagamento da pensão especial somente poderá ser feito em agências bancárias localizadas no país e, mediante requerimento do interessado, qualquer outra pensão já concedida ao ex- combatente ou dependente que preencha os requisitos poderá ser substituída pelapensão especial, para todos os efeitos. Por fim, o valor do benefício da pensão especial será revisto, na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificarem www.alicelannes.com 66 Última atualização em 06/10/2022. os vencimentos dos servidores militares, tomando-se por base a pensão-tronco. 4. LEI Nº 9.422/96 Essa lei regula a pensão especial aos dependentes das vítimas fatais de hepatite tóxica, por contaminação em processo de hemodiálise no Instituto de Doenças Renais, com sede na cidade de Caruaru, Pernambuco, no período entre fevereiro e março de 1996, mediante evidências clínico-epidemiológicas determinadas pela autoridade competente, no valor de 1 salário mínimo. São considerados como dependentes: • Cônjuge • Companheiro ou companheira • Descendente • Ascendente • Colaterais até o 2º grau Havendo mais de um pensionista habilitado ao recebimento da pensão, ela será rateada entre todos em partes iguais. O recebimento da pensão depende do atestado de óbito da vítima, indicando a causa mortis relacionada com o incidente, comprovados com o prontuário médico e justificada judicialmente, quando inexistir documento oficial que a declare. Essa pensão especial não se transmite ao sucessor, e se extingue com a morte do último beneficiário. Além disso, os efeitos da lei são sustados imediatamente no caso de a justiça sentenciar os proprietários do INSS com o pagamento de pensão ou indenização aos dependentes das vítimas. Art. 6º, lei nº 9.422/96: a despesa decorrente desta lei será atendida com recursos alocados ao orçamento do Instituto Nacional do Seguro Social, à conta da subatividade “aposentadorias e pensões especiais concedidas por legislação específica e de responsabilidade do Tesouro Nacional”. 5. LEI Nº 9.425/96 Essa lei regula a pensão especial, vitalícia, destinada às vítimas do acidente com a substância radioativa CÉSIO 137, ocorrido em Goiânia (Goiás), sendo personalíssima, intransmissível ao cônjuge sobrevivente ou aos herdeiros, em caso de morte do beneficiário. O valor mensal da pensão será o valor da UFIR (Unidades Fiscais de Referência) à época da publicação da lei, atualizado, a partir de então, na mesma época e índices concedidos aos servidores públicos. A comprovação de que o beneficiário foi vítima do acidente ocorrido com o CÉSIO 137 deve ser feita por meio de junta médica oficial, a cargo da Fundação Leide das Neves Ferreiras, com sede em Goiânia, e supervisão do Ministério Público Federal, devendo ser anotada o tipo de sequela que impede o desempenho profissional e/ou o aprendizado de maneira total ou parcial. Por fim, o pagamento dessa vantagem pecuniária será feito à conta de encargos previdenciários dos Recursos da União, sob a supervisão do Ministério da Fazenda, a partir do ano seguinte à publicação desta lei, com a despesa prevista no Orçamento da União. 6. LEI Nº 10.559/02 Essa lei regulamenta o regime do anistiado político, ou seja, quem recebeu perdão em razão de um crime político. Conforme o art. 1º da lei nº 10.559/02, o regime do anistiado político compreende os seguintes direitos: • Declaração da condição de anistiado político • Reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única ou em prestação mensal, permanente e continuada, asseguradas a readmissão ou a promoção na inatividade Essa reparação econômica correrá à conta do Tesouro Nacional. A reparação em prestação única www.alicelannes.com 67 Última atualização em 06/10/2022. não é acumulável com a reparação em prestação mensal, permanente e continuada. • Contagem, para todos os efeitos, do tempo em que o anistiado político esteve compelido ao afastamento de suas atividades profissionais, em virtude de punição ou de fundada ameaça de punição, por motivo exclusivamente político, vedada a exigência de recolhimento de quaisquer contribuições previdenciárias • Conclusão do curso, em escola pública, ou, na falta, com prioridade para bolsa de estudo, a partir do período letivo interrompido, para o punido na condição de estudante, em escola pública, ou registro do respectivo diploma para os que concluíram curso em instituições de ensino no exterior, mesmo que este não tenha correspondente no Brasil, exigindo-se para isso o diploma ou certificado de conclusão do curso em instituição de reconhecido prestígio internacional • Reintegração dos servidores públicos civis e dos empregados públicos punidos, por interrupção de atividade profissional em decorrência de decisão dos trabalhadores, por adesão à greve em serviço público e em atividades essenciais de interesse da segurança nacional por motivo político Além disso, a legislação esclarece que são declarados anistiados políticos aqueles que, entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, por motivação exclusivamente política, foram: • Atingidos por atos institucionais ou complementares, ou de exceção na plena abrangência do termo • Punidos com transferência para localidade diversa daquela onde exerciam suas atividades profissionais, impondo-se mudanças de local de residência • Punidos com perda de comissões já incorporadas ao contrato de trabalho ou inerentes às suas carreiras administrativas • Compelidos ao afastamento da atividade profissional remunerada, para acompanhar o cônjuge • Impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional específica em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica • Punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades remuneradas que exerciam, bem como impedidos de exercer atividades profissionais em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos, sendo trabalhadores do setor privado ou dirigentes e representantes sindicais • Punidos com fundamento em atos de exceção, institucionais ou complementares, ou que sofreram punição disciplinar, sendo estudantes • Abrangidos pelo Decreto Legislativo nº 18/61 e pelo Decreto Lei nº 864/69 • Demitidos, sendo servidores públicos civis e empregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações públicas ou empresas mistas ou sob controle estatal, exceto nos Comandos militares no que se refere ao disposto no ADCT • Punidos com a cassação da aposentadoria ou disponibilidade • Desligados, licenciados, expulsos ou de qualquer forma compelidos ao afastamento de suas atividades remuneradas, ainda que com fundamento na legislação comum, ou decorrentes de expedientes oficiais sigilosos • Punidos com a transferência para a reserva remunerada, reformados, ou, já na condição de inativos, com perda de proventos, por atos de exceção, institucionais ou complementares, na plena abrangência do termo • Compelidos a exercer gratuitamente mandato eletivo de vereador, por força de atos institucionais Nesse caso, o período de mandato exercido gratuitamente conta-se apenas para efeito de aposentadoria ano serviço público e de previdência social. • Punidos com a cassação de seus mandatos eletivos nos Poderes Legislativo ou Executivo, em todos os níveis de governo • Na condição de servidores públicos civis ou empregados em todos os níveis de governo ou de suas fundações, empresas públicas ou de economia mista ou sob controle estatal, punidos ou demitidos por interrupção de atividades profissionais, em decorrência de decisão de trabalhadores www.alicelannes.com 68 Última atualização em 06/10/2022. • Sendo servidores públicos, punidos com demissão ou afastamento, e que não requererem retorno ou reversão à atividade, no prazo que transcorreu de 28 de agosto a 26 de dezembro de 1979 a 26 de dezembro, ou tiveram seu pedido indeferido, arquivado ou não conhecido e tampouco foram considerados aposentados, transferidos para a reserva ou reformados • Impedidos de tomar posse ou de entrar em exercício de cargopúblico, nos Poderes Judiciário, Legislativo ou Executivo, em todos os níveis, tendo sido válido o concurso Em relação à reparação econômica, veja as diferenças entre as reparações em prestação única e a mensal, permanente e continuada: Única Mensal, permanente e continuada 30 salários mínimos por ano de punição Valor estabelecido conforme os elementos de prova Devida aos anistiados políticos que não puderem comprovar vínculos com a atividade laboral Devida aos anistiados políticos que comprovarem vínculos com a atividade laboral, salvo se optar por receber em prestação única Valor máximo: R$100 mil reais Valor mínimo: salário mínimo Valor máximo: teto remuneratório dos servidores públicos Art. 9º lei nº 10.559/02: os valores pagos por anistia não poderão ser objeto de contribuição ao INSS, a caixas de assistência ou fundos de pensão ou previdência, nem objeto de ressarcimento por estes de suas responsabilidades estatutárias. No caso de falecimento do anistiado político, o direito à reparação econômica transfere-se aos seus dependentes, observados os critérios fixados nos regimes jurídicos dos servidores civis e militares da União. Em relação às competências administrativas, essa lei assevera que: • Caberá ao Ministro de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos decidir sobre os requerimentos • Todos os processos de anistia política, deferidos ou não, inclusive os que estão arquivados, bem como os respectivos atos informatizados que se encontram em outros Ministérios ou em outros órgãos da Administração Pública direta ou indireta, serão transferidos para o Ministério da Justiça, no prazo de 90 dias da publicação dessa lei 7. LEI Nº 10.779/03 E DECRETO Nº 8.424/15 Essa lei e o decreto dispõem sobre a concessão do benefício de seguro desemprego, pago à conta do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), durante o período de defeso, que é a proibição temporária da pesca de uma espécie ou mais em uma região, em determinada época do ano, para garantir a preservação da espécie, ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal. O pescador artesanal, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro desemprego, no valor de 1 salário mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie. Para os fins dessa lei, considera-se: • Profissão habitual ou principal meio de vida: a atividade exercida durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos 12 meses anteriores ao do defeso, o que for menor • Atividade ininterrupta: a atividade exercida durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos 12 meses anteriores ao do defeso em curso, o que for menor Somente terá direito ao seguro desemprego se o pescador artesanal não possuir outra fonte de renda diversa da atividade pesqueira. Além disso, ele não fará jus, no mesmo ano, a mais de um seguro desemprego decorrente de defesos de espécies distintas. O seguro desemprego não é extensível às atividades de apoio à pesca e nem aos familiares do pescador que não satisfaçam os requisitos e condições estabelecidos na lei nº 10.779/03, sendo pessoal e intransferível. www.alicelannes.com 69 Última atualização em 06/10/2022. Prazos de concessão do seguro desemprego: de 3 a 5 meses, de forma contínua ou alternada, cabendo ao INSS receber e processar os requerimentos e habilitar os beneficiários. Na habilitação, o INSS deverá verificar a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da contribuição previdenciária nos últimos 12 meses anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor. O INSS deverá, ainda, divulgar mensalmente lista com todos os beneficiários que estão em gozo do seguro desemprego no período de defeso, detalhados por localidade, nome, endereço e número e data de inscrição no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP). Art. 2º, §1º, lei nº 10.779/03: para fazer jus ao benefício, o pescador não poderá estar em gozo de nenhum benefício decorrente de benefício previdenciário ou assistencial de natureza continuada, exceto pensão por morte e auxílio- acidente. Conforme o decreto nº 8.424/05, o prazo para requerer o seguro desemprego se inicia 30 dias antes do início do período de defeso e termina no último dia desse período. E, desde que requerido dentro desse prazo, o pagamento do benefício será devido desde o início o período de defeso, independentemente da data do requerimento. Desde que cumpridos os requisitos estabelecidos na lei, o seguro desemprego será concedido ao pescador profissional artesanal cuja família seja beneficiária do Programa Auxílio Brasil e Programa Alimenta Brasil, e caberá ao órgão ou à entidade da administração pública federal responsável pela manutenção do programa a suspensão do pagamento dos benefícios financeiros (benefício primeira infância, benefício composição familiar, benefício de superação da extrema pobreza e benefício compensatório de transição) pelo mesmo período da percepção do benefício do seguro desemprego. Caso a suspensão não possa ser iniciada em até 6 meses após o início do pagamento do seguro defeso, por motivos excepcionais, o órgão ou a entidade da administração pública federal responsável pela manutenção do programa de transferência de renda com condicionalidades fica autorizado a efetuar o desconto de até 30% do valor pago mensalmente à família, até que seja integralmente ressarcido o valor pago indevidamente. Além das sanções civis e penais, que fornecer ou se beneficiar de atestado falso para obter o seguro desemprego em razão do período de defeso estará sujeito a: • Demissão do cargo que ocupa, se servidor público • Suspensão de sua atividade, com cancelamento do registro, por 2 anos, se pescador profissional O seguro desemprego será cancelado nas seguintes hipóteses: • Início de atividade remunerada • Início de percepção de outra renda • Morte do beneficiário • Desrespeito ao período de defeso • Comprovação de falsidade nas informações prestadas para obtenção do benefício 8. LEI Nº 11.520/07 Essa lei dispõe sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios em hospitais-colônia até 31 de dezembro de 1986, que a requererem a título de indenização especial. Essa pensão é mensal, vitalícia, intransferível aos dependentes e herdeiros, sendo devida a partir da entrada em vigor da lei e no valor de R$750, sendo reajustado anualmente segundo os índices concedidos aos benefícios de valor superior ao piso do RGPS. Cabe ao INSS o processamento, a manutenção e o pagamento da pensão, sendo concedida por meio de ato do Secretário Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, após parecer da Comissão Interministerial de Avaliação (essa comissão tem a atribuição de emitir parecer prévio sobre os requerimentos). www.alicelannes.com 70 Última atualização em 06/10/2022. Art. 2º, §2º, lei nº 11.520/07: para a comprovação da situação do requerente, será admitida a ampla produção de prova documental e testemunhal, e, caso necessário, prova pericial. Art. 2º, §3º, lei nº 11.520/07: na realização de suas atividades, a Comissão (Interministerial de Avaliação) poderá promover as diligências que julgar convenientes, inclusive solicitar apoio técnico, documentos, pareceres e informações de órgãos da administração pública, assim como colher depoimentos de terceiros. Art. 6º lei nº 11.520/07: as despesas decorrentes desta lei correrão à conta do Tesouro Nacional e constarão de programaçãoorçamentária específica no orçamento do Ministério da Previdência Social. Por fim, ressalvado o direito à opção, a pensão especial não é acumulável com indenizações que a União venha a pagar decorrentes de responsabilização civil sobre os mesmos fatos e não impede a fruição de qualquer benefício previdenciário. 9. LEI Nº 13.985/20 Essa lei institui a pensão especial, mensal, vitalícia, intransferível e com o valor de 1 salário mínimo, destinada a crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus, nascidas entre 1º de janeiro de 2015 até 31 de dezembro de 2019, beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada (BPC) de que trata a Lei Orgânica da Assistência Social. Essa pensão especial: • Não poderá ser acumulada com indenizações pagas pela União em razão de decisão judicial sobre os mesmos fatos ou com o BPC-LOAS (devido à pessoa com deficiência ou ao idoso) O reconhecimento da pensão especial fica condicionado à desistência de ação judicial que tenha por objeto pedido idêntico sobre o qual versa o processo administrativo. • Não gerará direito a abono • Não gerará direito a pensão por morte • Tem seu requerimento feito no INSS Para constatar a relação entre a síndrome congênita adquirida e a contaminação pelo vírus da Zika será realizado exame pericial feito por perito médico federal. Em relação à licença e o salário maternidade das mães de crianças nascidas até 31 de dezembro de 2019 acometidas por sequelas neurológicas decorrentes do Zika Vírus, ambos serão de 180 dias. Art. 4º lei nº 13.985/20: o INSS e a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) adotarão as medidas necessárias para a operacionalização da pensão especial de que trata esta lei no prazo de 60 dias, contado da data de publicação desta lei. www.alicelannes.com 71 Última atualização em 06/10/2022. LEI COMPLEMENTAR Nº 142/13 Essa lei regulamenta o art. 201, §1º da Constituição Federal. Veja: Art. 201, §1º, I, CF: é vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados: com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. Considera-se pessoa com deficiência: quem tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. É importante ressaltar que a avaliação da deficiência será médica e funcional. Devem ser observadas as seguintes condições para a concessão da aposentadoria, pelo RGPS, ao segurado com deficiência: • Deficiência grave: o 25 anos de contribuição para o homem o 20 anos de contribuição para a mulher • Deficiência moderada: o 29 anos de contribuição para o homem o 24 anos de contribuição para a mulher • Deficiência leve: o 33 anos de contribuição para o homem o 28 anos de contribuição para a mulher • Independentemente do grau de deficiência, e desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 anos e comprovada a existência de deficiência durante igual período: o 60 anos de idade para o homem o 55 anos de idade para a mulher Se o segurado, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa com deficiência, ou tiver seu grau de deficiência alterado, esses parâmetros serão proporcionalmente ajustados, considerando-se o número de anos em que o segurado exerceu atividade laboral sem deficiência e com deficiência, observado o grau de deficiência correspondente. O grau de deficiência será atestado por perícia própria do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos para esse fim. Art. 6º, §2º, LC 142/13: a comprovação de tempo de contribuição na condição de segurado com deficiência em período anterior à entrada em vigor desta lei complementar não será admitida por meio de prova exclusivamente testemunhal. A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado com deficiência será calculada aplicando-se sobre o salário de benefício o seguinte: • 100% no caso de aposentadoria por deficiência de grau leve, moderado e grave • 70% + 1% do salário de benefício por grupo de 12 contribuições mensais até o máximo de 30%, no caso de aposentadoria por idade Art. 9º LC 143/13: aplicam-se à pessoa com deficiência de que trata esta lei complementar: I. O fator previdenciário nas aposentadorias, se resultar em renda mensal de valor mais elevado II. As regras de pagamento e de recolhimento das contribuições previdenciárias contidas na lei nº 8.212/91 III. As demais normas relativas aos benefícios do RGPS IV. A percepção de qualquer outra espécie de aposentadoria estabelecida na lei nº 8.213/91, que lhe seja mais vantajosa do que as opções apresentadas nesta lei complementar Art. 10 LC nº 143/13: a redução do tempo de contribuição prevista nesta lei complementar não poderá ser acumulada. No tocante ao mesmo período contributivo, com a redução assegurada aos casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. www.alicelannes.com 72 Última atualização em 06/10/2022. O SERVIDOR PÚBLICO COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL Inicialmente, cumpre explicar que o desenvolvimento social considera a qualidade de vida da população em áreas como a educação, saúde, segurança, expectativa de vida, entre outros. Um dos índices utilizados para avaliar o desenvolvimento social é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em consideração três indicadores principais para sua composição: educação, saúde/expectativa de vida e renda. Esses três aspectos são levados em consideração porque todos os cidadãos de qualquer sociedade, em alguma medida, são impactados ou alcançados por uma ou mais dessas três variáveis. Outro índice que também costuma ser utilizado para analisar o desenvolvimento social é o Coeficiente de Gini, que é um instrumento utilizado para avaliar o grau de concentração de renda em determinado grupo. Esse coeficiente aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Conforme lições do professor Herbert Almeida, esses indicadores são apenas, como o próprio nome já diz, indicadores. É impossível, na vida real, estabelecer um único índice que possa medir, em qualquer tipo de população, qual o real nível de desenvolvimento social e qualidade de vida. Por isso, a existência desses indicadores, ainda que limitados, é fundamental, já que eles representam um meio de verificar se a população está evoluindo ou regredindo em alguns fatores sociais e econômicos. Considerando os principais indicadores do IDH, vimos que o servidor público tem papel fundamental no desenvolvimento social, uma vez que eles estão presentes na saúde e na educação. Em qualquer nível escolar, o servidor público está presenta. Seja nas creches, no ensino fundamental, médio ou superior. Há servidores públicos que são professores, auxiliares, diretores, coordenadores, etc, e todos contribuem para o desenvolvimento social da pessoa (além do desenvolvimento humano, como pessoa). Além disso, os servidores estão presentes na área da saúde. Profissionais da saúde de diversas áreas que contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas e seu bem estar. Ainda, a CF/88 afirma que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Art. 196 CF: a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviçosreligiosos, econômicos, naturais, políticos e morais que interferem na produção das normas jurídicas. 3. VIGÊNCIA DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS A vigência de uma norma é o período de tempo em que ela pode ser exigível, em que ela produz efeitos. www.alicelannes.com 7 Última atualização em 06/10/2022. Cuidado: não confundir: • Validade: significa que a norma está integrada ao ordenamento jurídico, pertencendo ao conjunto das normas jurídicas. • Vigência: significa que a norma está pronta para produzir seus efeitos. • Eficácia: diz respeito à possibilidade concreta de produção de efeitos. Temos, no campo da vigência, o instituto chamado de vacatio legis, que é o período compreendido entre a publicação da lei e a sua produção de efeitos. Uma norma pode entrar em vigor no momento da sua publicação ou ter um prazo de adaptação até que ela comece a vigorar (e esse prazo é a vacatio legis). Conforme a LINDB, se a lei for omissa e não prever expressamente um prazo para entrada em vigor, ela passará a vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada. Art. 1º LINDB: salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. 4. HIERARQUIA DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS No campo previdenciário, assim como nos demais, existem normas superiores e normas inferiores. E, havendo conflitos de hierarquia, devemos utilizar regras de solução de antinomias: • A norma superior prevalece sobre a norma inferior • A norma posterior prevalece sobre a norma anterior • A norma especial prevalece sobre a geral Em regra, temos a seguinte ordem hierárquica: 1. Normas constitucionais 2. Normas supralegais 3. Normas legais 4. Normas infralegais Por normas constitucionais devemos entender: Constituição Federal, emendas constitucionais, tratados e convenções sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso, em 2 turnos, por 3/5 dos votos. Por normas supralegais devemos entender: os tratados internacionais de direitos humanos aprovados pelo procedimento ordinário (ou seja, não aprovados em cada Casa do Congresso, em 2 turnos, por 3/5 dos votos). Por normas legais devemos entender: leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções da Câmara dos Deputados, resoluções do Senado Federal e os tratados internacionais que não versarem sobre direitos humanos. Esquematizando os tratados internacionais: • Sobre direitos humanos aprovados em 2 turnos, por 3/5 dos votos: status de emenda constitucional • Sobre direitos humanos com aprovação ordinária: status supralegal (ou seja, estão abaixo das normas constitucionais, mas acima das normas legais) • Que não tratem sobre direitos humanos: status de lei ordinária Ainda: art. 85-A lei 8.212/91: os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que o Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei especial. Assim, esses tratados, convenções e acordos prevalecem sobre as normas gerais. Por normas infralegais devemos entender: decretos, portarias, instruções normativas, ordens de serviço e outros atos administrativos. 5. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS É o estudo dos métodos e processos lógicos que tem por objetivo definir o conteúdo, sentido e alcance das normas jurídicas. A interpretação é, portanto, a análise da norma para aplicação no caso concreto. www.alicelannes.com 8 Última atualização em 06/10/2022. A interpretação pode ser quanto ao meio, à origem ou à finalidade. Vamos ver cada uma delas. 5.1. INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MEIO Interpretação gramatical ou literal: busca-se o sentido da lei pela análise do significa das palavras, levando em conta o sentido literal de cada palavra do texto, sem considerar outras interpretações. É uma forma muito restrita de interpretação e não deve ser utilizada de forma isolada. Interpretação finalista ou teleológica: busca-se o fim almejado pelo legislador. Busca saber o que o legislador pretendeu ao inserir a norma no ordenamento jurídico. Interpretação sistemática: busca-se analisar a norma como parte de todo sistema em que ela está inserida, e não uma norma de forma isolada, devendo ser interpretada em conjunto com outros diplomas legas e com os princípios do direito. Interpretação histórica: busca-se levar em consideração os antecedentes históricos, como os fatores políticos, sociais, econômicos e culturais presentes na época da edição da norma, analisando os interesses da época. Interpretação lógica: busca-se o sentido e alcance da norma levando em consideração a compatibilidade e concordância por meio de raciocínios e conclusões lógicos. 5.2. INTERPRETAÇÃO QUANTO À ORIGEM/FONTE Interpretação legislativa ou autêntica: ocorre quando é realizada pela mesma autoridade que elaborou a norma. Pode ser: • No texto da própria norma, quando os conceitos e esclarecimentos interpretativos são definidos no corpo da norma • Elaborada nova norma para esclarecer dúvidas sobre a norma já existente Interpretação judicial: ocorre quando a norma é interpretada pelo Poder Judiciário, no exercício da jurisdição, ao analisar algum processo que lhe é submetido. Interpretação administrativa: ocorre quando a norma é interpretada pela administração pública, nas suas atribuições administrativas. Interpretação doutrinária: ocorre quando os estudiosos do direito analisam didaticamente as normas jurídicas. Não é de observância obrigatória, mas é uma importante ferramenta para os legisladores, juízes e autoridades administrativas. 5.3. INTERPRETAÇÃO QUANTO À FINALIDADE/EFEITOS Interpretação declaratória: ocorre quando o intérprete conclui que há coincidência entre o que o legislador pretendia dizer e o que foi efetivamente exposto na norma, dispensando qualquer correção interpretativa. Interpretação extensiva ou ampla: ocorre quando o legislador diz menos do que deveria dizer, deixando de abranger situações que deveriam estar na norma. Interpretação restritiva ou limitativa: ocorre quando o legislador diz mais do que deveria dizer, atingindo situações não previstas e indesejadas. 6. INTEGRAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS Diferente do que ocorre nos métodos de interpretação, na integração não existe, no ordenamento jurídico, uma norma abstrata que preveja a situação concreta. Ou seja, há uma lacuna que precisa de solução. Assim, o aplicador do direito deve utilizar técnicas de integração para garantir a aplicação do direito. Não confundir: • Interpretação: pressupõe a existência de uma norma expressa e específica para o caso. • Integração: é utilizada nos casos de ausência de norma expressa e específica para o caso. www.alicelannes.com 9 Última atualização em 06/10/2022. Art. 4º LINDB: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Sendo assim, são métodos de integração conforme a LINDB: • Analogia • Costumes • Princípios gerais do direito Por outro lado, a doutrina previdenciária utiliza as seguintes técnicas de integração para a seguridade social: • Analogia • Princípios gerais da seguridade social • Princípios gerais do direito • Equidade Vamos ver cada uma dessas técnicas: Analogia: a lacuna deve ser preenchida buscando a solução em casos semelhantes para os quais exista uma norma. Assim, casos parecidos devem ser julgados de forma parecida. Art. 108, §1º, CTN: o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo (ou contribuição previdenciária) não previsto em lei. Princípios gerais da seguridade social: o aplicador do direito deve se socorrer dos princípios gerais da seguridade social (falamos detalhadamentepara sua promoção, proteção e recuperação. Além desses dois grandes setores, que têm relação direta com o IDH, o professor Herbert Almeida cita outras áreas de grande importância e que também tem relação com a qualidade de vida e desenvolvimento social em uma sociedade, como: servidores da segurança pública (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar), do Judiciário, da área tributária, do INSS e da previdência social e dos órgãos de controle. www.alicelannes.com 73 Última atualização em 06/10/2022. SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO SERVIÇO PÚBLICO A qualidade de vida no trabalho é, além de uma questão de produtividade do trabalhador, uma questão de responsabilidade social. Investindo na qualidade de vida no serviço público, haverá uma melhoria na prestação do serviço. Ainda conforme o professor Herbert Almeida, os estudos mais recentes em qualidade de vida no trabalho demonstram a importância de alterar o paradigma do que é o trabalho para a pessoa. Normalmente, ligamos o trabalho a um “dever”, relacionado com o “dever de produzir”, “dever de sustentar a família”, “dever de pagar as contas”. Todavia, as instituições modernas estão buscando desenvolver um ambiente de trabalho voltado para a eficiência e o divertimento. As pessoas devem ter satisfação com o seu desempenho no trabalho; o sucesso deve ser visto como algo desejado, uma autorrealização. Nesse aspecto, o fator motivacional passa a contribuir na qualidade de vida no ambiente de trabalho. Ana Cristina Limongi-França: o trabalho deve ser produtivo, realizador, e não deve causar danos à saúde e qualidade de vida, considerando os sentidos biológicos, psicológico, social e cognitivo. Os esforços para melhorar a qualidade de vida no trabalho procuram tornar os cargos mais produtivos e satisfatórios, sendo essa qualidade afetada por muitos fatores, como: • Supervisão • Condições de trabalho • Pagamento/compensação adequada e justa • Benefícios • Projeto de cargo • Oportunidade para uso e desenvolvimento de capacidades • Oportunidade de crescimento • Integração social no serviço • Respeito aos direitos • Relevância social da vida no trabalho • Tipo de trabalho exercido • Falta de reconhecimento • Falta de perspectiva de desenvolvimento profissional • Carga excessiva de trabalho • Falta de aproveitamento do potencial dos trabalhadores • Demandas pessoais, como educação dos filhos, cuidado com a saúde, organização e execução da agenda diária, atenção à economia, entre outros Esses fatores têm impacto no nível de motivação e de autorrealização do servidor, e são fatores que afetam a sua saúde e qualidade de vida no serviço. Alguns autores criticam que determinadas características exclusivas do setor público prejudicam a gestão de pessoas no serviço, como a forma de ingresso, as políticas de desenvolvimento na instituição, a estabilidade, a falta de espírito empreendedor e até mesmo o ingresso por concurso público. Imagine uma pessoa que não tem perfil do cargo/instituição, mas que faz a prova e é aprovada no concurso. Ela pode tomar posse, mesmo “não levando jeito para o cargo”. Vamos pensar em uma pessoa que não tem perfil para ser policial militar, mas passa no concurso e toma posse. Possivelmente esse servidor não terá uma qualidade de vida no seu exercício. Para finalizar: a qualidade de vida no trabalho pressupõe mudar hábitos e rotinas, modificando a cultura organizacional e avançando nas políticas de desenvolvimento dos seres humanos. Assim, melhorar as condições de trabalho é o caminho para manter os trabalhadores (e servidores públicos) mais qualificados, melhorando a qualidade no serviço.sobre eles em um tópico específico). Princípios gerais do direito: não preenchida a lacuna pela analogia ou pelos princípios da seguridade social, o aplicador do direito deve buscar os princípios gerais do direito, que são ideias fundamentais do direito, que lhe dão apoio e coerência, fornecendo as diretrizes do ordenamento jurídico. Celso Antônio Bandeira de Mello: princípio é, por definição, mandamento de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. Equidade: a equidade é a busca pela solução mais justa, por meio da humanização da aplicação da norma. Assim, se o aplicador do direito não conseguir integrar a norma pela analogia, pelos princípios da seguridade social ou pelos princípios do direito, deverá “pensar como se fosse o legislador”. Ou seja, deverá imaginar como o legislador se comportaria naquela situação concreta e buscar a solução mais justa para o caso. Art. 108, §2º, CTN: o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo (ou contribuição previdenciária) devido. Costumes: o costume é a prática reiterada no tempo e que se subentende ser obrigatória. Além disso, o costume deve ser aceito como correto, ético. www.alicelannes.com 10 Última atualização em 06/10/2022. FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL Art. 195 CF: a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta (contribuições sociais) e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da U/E/DF/M, e das contribuições sociais. • Financiamento direto: produto da arrecadação das contribuições sociais • Financiamento indireto: oriundo dos recursos dos orçamentos dos entes políticos Art. 195, §1º, CF: as receitas dos E/DF/M destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. Ou seja, no orçamento da União constará apenas receitas da União destinadas à seguridade social. Todo ente político deve contribuir com a seguridade, mas com orçamentos separados; não junta tudo na conta da União. Art. 195, §2º: a proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. A seguridade será financiada pelas seguintes contribuições: • Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: o A folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício (alíquota de 20% sobre o total da folha de salários dos empregados ou pessoas que prestem serviços sem vínculo empregatício) o A receita ou o faturamento (PIS e CONFINS) o O lucro (CSLL) • Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo RGPS • Sobre a receita de concursos de prognósticos • Do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar Súmula 688 STF: é legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário. Art. 195, §3º, CF: a PJ em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o poder público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Art. 195, §4º, CF: a lei complementar poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social. Essas novas fontes são denominadas contribuições sociais residuais, que têm como requisitos: • Criação por lei complementar • As contribuições deverão ser não cumulativas • O fato gerador ou a base de cálculo dessas novas contribuições deverão ser diferentes das contribuições sociais já existentes • O STF tem entendimento que as contribuições sociais residuais podem ter o mesmo fato gerador ou a mesma base de cálculo dos impostos já existentes Art. 195, §5º, CF: nenhum benefício ou serviço da seguridade poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. STF: o princípio da correspondente fonte de custeio total não se aplica às entidades de previdência complementar (previdência fechada), é aplicado somente à seguridade social financiada por toda a sociedade, qual seja, às ações promovidas pelo poder público. Art. 195, §6º, CF: as contribuições sociais para a seguridade social só poderão ser exigidas após decorridos 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado. Súmula 669 STF e súmula vinculante 50: norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. www.alicelannes.com 11 Última atualização em 06/10/2022. Art. 195, §7º, CF: são isentas/imunes de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Art. 195, §8º, CF: o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. Art. 195, §9º, CF: as contribuições sociais previstas no inciso I (contribuição social do empregador) do caput poderão ter alíquotas diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizada a doção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas “b” (contribuição do empregador sobre a receita ou faturamento) e “c” (contribuição do empregador sobre o lucro) do inciso I do caput. Art. 195, §10, CF: a lei definirá os critérios de transferência de recursos para o SUS e ações de assistência social da União para os E/DF/M, e dos estados para os municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. Art. 195, §12, CF: a lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, alínea “b” (contribuição do empregador sobre a receita ou faturamento), e IV (contribuição do importador), serão não cumulativas. SAÚDE Art. 196 CF: a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Assim, não é exigida nenhuma contribuição por parte do usuário. Art. 197 CF: são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por PF ou PJ de direito privado. A regulamentação, fiscalização e controle cabem ao Estado. Mas a execução de ações e serviços de saúde cabe ao Estado ou à iniciativa privada. Art. 198 CF: as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais III. Participação da comunidade Art. 198, §1º, CF: o SUS será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da U/E/DF/M, além de outras fontes. Art. 198, §2º, CF: a U/E/DF/M aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais. Art. 198, §2º, CF: lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada 5 anos, estabelecerá: I. Os percentuais de recursos mínimos dos E/DF/M II. Os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos E/DF/M, e dos estados www.alicelannes.com 12 Última atualização em 06/10/2022. destinados a seus respectivos municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais III. As normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde, nas esferas federal, estadual, distrital e municipal A contratação de agentes comunitários de saúde se dará por meio de processo seletivo, que é um método bem mais célere que o concurso público, e seguem um estatuto próprio (lei 11.350/06). Art. 199 CF: a assistência à saúde é livre à iniciativa privada. Art. 199, §1º, CF: as instituições privadas poderão participar de forma complementar do SUS, segundo as diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência às entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. Art. 199, §2º, CF: é vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. Art. 199, §3º, CF: é vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo nos casos previstos em lei. Art. 199, §4º, CF: a lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. Art. 200, CF: ao SUS compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I. Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, homoderivados e outros insumos II. Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador III. Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde IV. Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico V. Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação VI. Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano VII. Participa do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos VIII. Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho www.alicelannes.com 13 Última atualização em 06/10/2022. PREVIDÊNCIA SOCIAL Art. 201 CF: a previdência social será organizada sob a forma de RGPS, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: I. Cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada II. Proteção à maternidade, especialmente à gestante III. Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário A proteção ao trabalhador desse inciso não é o seguro desemprego (que, apesar de ser concedido pelo ministério do trabalho, é beneficiário). A proteção a que se refere esse inciso é o período de graça, que é um prazo no qual o desempregado não contribui para a previdência social, mas mantém a sua qualidade de segurado, inclusive podendo gozar dos benefícios previdenciários. IV. Salário família e auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda V. Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §2º (benefício que substitui o rendimento do segurado terá como valor mensal mínimo o salário mínimo nacional) A previdência social é contributiva. Ao contrário da saúde, na previdência, para o cidadão gozar dos benefícios previdenciários, ele deve estar obrigatoriamente filiado e contribuindo regularmente para o RGPS. Art. 201, §1º, CF: é vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados: I. Com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar II. Cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação Art. 201, §2º, CF: nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. Salário de contribuição é a base de cálculo para as contribuições sociais. Os benefícios que não substituem o salário de contribuição do cidadão podem sim apresentar um valor inferior ao salário mínimo vigente, como é o caso do salário família. Art. 201, §3º, CF: todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. Art. 201, §4º, CF: é vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de RPPS. O servidor público que também for empregado de empresa privada será segurado do RGPS como segurado obrigatório, mas não pode, em regra, ser segurado facultativo do RPPS e do RGPS ao mesmo tempo. Entretanto, se o servidor estiver afastado do RPPS, pode ingressar como segurado facultativo no RGPS. Art. 201, §6º, CF: a gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano. Art. 201, §7º, CF: é assegurada aposentadoria no RGPS, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I. 65 anos de idade, se homem, e 62 anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de contribuição II. 60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal Art. 201, §8º, CF: os requisitos a que se refere o inciso I do §7º serão reduzidos em 5 anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de www.alicelannes.com 14 Última atualização em 06/10/2022. magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Essa redução de 5 anos não serve para o tempo de contribuição e nem para os professores universitários. Esquematizando: REGRA GERAL 65 anos para o homem e 62 anos para a mulher, observado o tempo mínimo de contribuição TRABALHADORES RURAIS 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher PROFESSORES 60 anos para o homem e 57 anos para a mulher, observado o tempo mínimo de contribuição Art. 201, §9º, CF: para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição entre o RGPS e os RPPS, e destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo com os critériosestabelecidos em lei. Para o cálculo da aposentadoria, todo o tempo que a pessoa trabalhou e contribuiu deve ser levado em consideração, independentemente de ser na iniciativa privada ou na administração, na cidade ou não campo. Art. 201, §9º-A, CF: o tempo de serviço militar exercido nas atividades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de contribuição ao RGPS ou a RPPS terão contagem recíproca para fins de inativação militar ou aposentadoria, e a compensação financeira será devida entre as receitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de contribuição aos demais regimes. Art. 201, §10, CF: lei complementar poderá disciplinar a cobertura de benefícios não programados, inclusive os decorrentes de acidente de trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo RGPS e pelo setor privado. Art. 201, §11, CF: os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. Art. 201, §12, CF: lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para atender aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se encontram em situação de informalidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda. Art. 201, §13, CF: a aposentadoria concedida ao segurado de que trata o §12 terá valor de 1 salário mínimo. Com a adoção de alíquotas e carências inferiores, a previdência começou a abarcar um número maior de segurados, pois, até então, esses trabalhadores de baixa renda não tinham condições de contribuir com o RGPS. A lei 12.470 implantou a alíquota de 5% para o MEI e o segurado facultativo doméstico de baixa renda, concedendo uma aposentadoria no valor de 1 salário mínimo. Art. 201, §14, CF: é vedada a contagem de tempo de contribuição fictício para efeito de concessão dos benefícios previdenciários e de contagem recíproca. Art. 201, §15, CF: lei complementar estabelecerá vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários. Art. 202 CF: o regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao RGPS, será facultativo, baseado na constituição de reservar que garantam o benefício contratado e regulado por lei complementar. Art. 202, §1º, CF: a lei complementar de que trata este art. assegurará ao participante de planos de benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos. Art. 202, §2º, CF: as contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos www.alicelannes.com 15 Última atualização em 06/10/2022. participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. Art. 202, §3º, CF: é vedado o aporte de recursos à entidade de previdência privada pela U/E/DF/M, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado. Art. 202, §4º, CF: lei complementar (108/2001) disciplinará a relação entre a U/E/DF/M, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de planos de benefícios previdenciários, e as entidades de previdência complementar. Art. 202, §5º, CF: a lei complementar de que trata o §4º aplicar- se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência complementar. Art. 202, §6º, CF: lei complementar estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência complementar instituídas pelos patrocinadores de que trata o §4º e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação. ASSISTÊNCIA SOCIAL A assistência é voltada somente aos necessitados, independentemente de contribuições à seguridade. É uma forma do governo tentar reduzir o sofrimento das camadas mais pobres da sociedade. Art. 203 CF: a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I. A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice II. O amparo às crianças e adolescentes carentes III. A promoção da integração ao mercado de trabalho IV. A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária V. A garantia de 1 salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção o de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei A lei orgânica da assistência social (LOAS) traz critérios que definem quais portadores de deficiência e idosos terão direito ao benefício da assistência social: • Idoso: idade superior a 65 anos, cuja família tenha uma renda mensal de no máximo 25% do SM por pessoa • Pessoa portadora de deficiência: deverá comprovar que a deficiência obstrui a sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas e, assim como os idosos, que sua família não receba renda mensal superior a 25% de SM por pessoa Art. 204 CF: as ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I. Descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas www.alicelannes.com 16 Última atualização em 06/10/2022. à esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social II. Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis Art. 204, p.ú., CF: é facultado aos estados e ao DF vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até 0,5% da sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: I. Despesas com pessoal e encargos sociais II. Serviço da dívida III. Qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados PREVIDÊNCIA SOCIAL A previdência é um dos três ramos que compõe a seguridade social e deve ser tratada como um seguro que garante a renda do contribuinte e da sua família em casos de doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice. Para ter essa contribuição é necessário que o seguro se inscreva e contribua constantemente para a previdência. A PS tem caráter contributivo, ou seja, só usufrui quem para ela contribui. 1. PRINCÍPIOS LEGAIS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Universalidade de participação nos planos previdenciários: assegura que todos os cidadãos que exercem atividades abrangidas pelo RGPS têm como gestor o INSS e serão filiados obrigatórios da PS. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: não deve haver diferença entre trabalhadores urbanos e rurais. A prestação do benefício ou serviço deve ser o mesmo, independentemente de ser umtrabalhador do campo ou da cidade. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios: a prestação de benefícios e serviços não pode ser infinita. Seletividade é fornecer benefícios e serviços em razão das condições de cada um, fazendo uma seleção de quem será mais beneficiado. Distributividade acontece quando você seleciona os segurados e automaticamente há uma distribuição de renda aos mais pobres. Cálculo dos benefícios considerando-se os salários de contribuição corrigidos monetariamente: objetiva afastar a corrosão da inflação no momento da obtenção do benefício previdenciário. Assim, todos os salários de contribuição deverão ser corrigidos monetariamente, mês a mês, pelos índices oficiais, até a data do requerimento do benefício, garantindo o valor real e atualizado. Irredutibilidade do valor dos benefícios, de forma a preservar- lhe o poder aquisitivo: é garantida por meio de reajuste anual, www.alicelannes.com 17 Última atualização em 06/10/2022. geralmente em valor igual ou superior ao da inflação do mesmo período. Apresenta duas vertentes: • CF: irredutibilidade do valor real • STF: irredutibilidade do valor nominal Valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário de contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao salário mínimo: o legislador garantiu ao trabalhador que todo benefício que venha a substituir o salário de contribuição ou a renda mensal do trabalhador, terá como menor valor o salário mínimo. Essa regra não abrange todos os benefícios, mas somente os que venham a substituir a renda mensal do trabalhador. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados: visa a participação em geral na gestão da PS. Essa gestão é democrática (participa quem tem interesse), descentralizada (pessoas de vários setores diferentes podem participar) e quadripartite. Por fim, para não confundir, segue quadro com diferenças dos princípios da PS e os da seguridade social. PREVIDÊNCIA SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL Universalidade de participação nos planos previdenciários Universalidade da cobertura e do atendimento Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios Cálculo dos benefícios considerando-se os salários de contribuição corrigidos monetariamente Equidade na forma de participação no custeio Irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhe o poder aquisitivo Valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário de contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao salário mínimo Diversidade da base de financiamento Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados 2. O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) O RGPS adota o regime de repartição (pacto de gerações), em que as pessoas que estão na ativa contribuem para o sistema para custear os benefícios dos inativos. O contrário do regime de repartição é o regime de capitalização, em que seus participantes são responsáveis pela formação do saldo que no futuro será vertido em benefício, por meio de um fundo individual ou coletivo. Aqui entram as entidades de previdência complementar (abertas ou fechadas). A previdência social compreende: • Regime geral de previdência social • Regimes próprios de previdência social dos servidores públicos e dos militares www.alicelannes.com 18 Última atualização em 06/10/2022. A previdência complementar não está mais incluída dentro da PS como antigamente. Agora a previdência complementar está fora da OS, que compreende o RGPS e o RPPS. O RGPS é a forma como a previdência social é organizada, que é de caráter contributivo e filiação obrigatória. A filiação é obrigatória pelo simples exercício de atividade remunerada. Quem exerce concomitantemente mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma dessas atividades, observado o limite mínimo de 1 salário mínimo e o teto do RGPS. No caso de aposentado que voltar a exercer atividade abrangida pelo RGPS, deverá recolher as contribuições devidas em função da nova atividade (aposentadoria não gera contribuição). Cobertura do RGPS: • Eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada • Proteção à maternidade, especialmente à gestante • Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário Apesar de o seguro desemprego ser benefício previdenciário, é administrado e concedido pelo ministério do trabalho, e não pelo INSS. • Salário família e auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda • Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, cônjuge ou companheiro e dependentes Os beneficiários do RGPS são divididos em segurados e dependentes: • Segurados: o Obrigatórios: contribuinte individual, trabalhador avulso, empregados doméstico, empregado e segurado especial o Facultativos • Dependentes SEGURADOS DO RGPS 1. EMPREGADO São empregados: • Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação (jurídica) e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado • Diretor empregado, que é aquele que, participando ou não do risco econômico do empreendimento, seja contratado ou promovido para cargo de direção das sociedades anônimas, mantém as características inerentes à relação de emprego • Aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, por prazo não superior a 180 dias, consecutivo ou não, prorrogáveis por até 90 dias, presta serviço para atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço de outras empresas, na forma da legislação própria • O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração no país • O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante pertencente à empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no país e cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no país ou de entidade de direito público interno • Aquele que presta serviço no Brasil à missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular • O brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja www.alicelannes.com 19 Última atualização em 06/10/2022. membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se amparado por RPPS • O brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local, desde que, em razão da proibição legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local • O bolsista e o estagiário que prestam serviços à empresa, em desacordo com a lei do estágio • O servidor da U/E/DF/M, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante,exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração • O servidor do E/DF/M, bem como das respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por RGPS • O servidor contratado pela U/E/DF/M, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público • O servidor da U/E/DF/M, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante de emprego público • O escrevente e o auxiliar, contratados por titular de serviços notariais e de registro, bem como aquele que optou pelo RGPS, em conformidade com a lei dos cartórios • O exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a RPPS • O empregado no organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por RPPS • O trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, para o exercício de atividades de natureza temporária por prazo não superior a 2 meses dentro do período de 1 ano • O aprendiz, maior de 14 anos e menor de 24, ressalvado o portador de deficiência, ao qual não se aplica o limite máximo de idade, sujeito à formação técnico-profissional metódica, sob a orientação de entidade qualificada, conforme disposto na CLT 2. EMPREGADO DOMÉSTICO Doméstico é a PF (com no mínimo 18 anos) que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade (por mais de 2 dias por semana) sem fins lucrativos. 3. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL O contribuinte individual tem como característica a prestação de serviço em caráter eventual a várias empresas, sem relação de emprego. Também é característica marcante o exercício de atividade econômica por conta própria. São contribuintes individuais: • Quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego • A PF que exerce, por conta própria, atividade econômica urbana, com fins lucrativos ou não • A PF, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área contínua ou descontínua, superior a 4 módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos • A PF, proprietário ou não, que explora atividade de extração mineral (garimpo), em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua • O ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa • O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por RPPS Brasileiro que trabalha no exterior para a União em organismo internacional que o Brasil seja membro: empregado; brasileiro que trabalha no exterior para www.alicelannes.com 20 Última atualização em 06/10/2022. organismo internacional que o Brasil seja membro: contribuinte individual. • O titular de firma individual urbana ou rural • O diretor não empregado e o membro de conselho de administração na sociedade anônima • Todos os sócios, nas sociedades em nome coletivo e de capital e indústria • O sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho e o administrador não empregado na sociedade por cotas de responsabilidade limitada, urbana ou rural • O associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associado ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração • O aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista temporário da JT, ou nomeado magistrado da justiça eleitoral, conforme previsão da CF • O cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado • O MEI do simples nacional que opte pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo simples nacional em valores fixos mensais: o MEI que trabalha por conta própria: recolhe a contribuição de 5% sobre o SM, com possibilidade de complementação até 20% para fazer jus a aposentadoria por tempo de contribuição o MEI contratado por empresa: a empresa recolhe a cota patronal de 20% sobre a remuneração do MEI o MEI que contrata 1 empregado: o MEI recolhe a cota patronal de 3% sobre a remuneração do seu empregado • O condutor autônomo de veículo rodoviário, assim considerado aquele que exerce atividade profissional sem vínculo empregatício, quando proprietário, coproprietário ou promitente comprador de 1 veículo • Aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração • Aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante ambulante • O trabalhador associado à cooperativa que, nessa qualidade, presta serviços a terceiros • O membro de conselho fiscal de sociedade por ações • Aquele que presta serviço de natureza não contínua, por conta própria, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, sem fins lucrativos Se o serviço for contínuo, o trabalhador será empregado doméstico; se não for contínuo, o trabalhador será um contribuinte individual. • O notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que detêm a delegação do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres públicos Detentor da delegação de exercício da atividade notarial e de registro: contribuinte individual; escrevente e auxiliar contratado pelo detentor da delegação: empregado. • Aquele que, na condição de pequeno feirante, compra para revenda produtos hortifrutigranjeiros ou assemelhados • A PF que edifica obra de construção civil • O médico residente • O pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou arrendamento, em embarcação de médio ou grande porte • O incorporador que trata a lei do condomínio em edificações e incorporações imobiliárias • O bolsista da fundação habitacional do exército contratado conforme a lei • O árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade com a lei Pelé • O membro do conselho tutelar de que trata o ECA, desde que remunerado • O interventor, o liquidante, o administrador especial e o diretor fiscal de instituição financeira www.alicelannes.com 21 Última atualização em 06/10/2022. 4. TRABALHADOR AVULSO É aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra (no caso de atividades portuárias) ou do sindicato da categoria (no caso de atividades não portuárias). 5. SEGURADO ESPECIAL São segurados obrigatórios da previdência social classificados na qualidade de segurado especial, a PF residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: • Produtor: seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatários rurais, que explore atividade: o Agropecuária em área contínua ou não de até 4 módulos fiscais o De seringueiro ou extrativista vegetal na coleta e extração, de modosustentável, de recursos naturais renováveis, e faça dessas atividades o principal meio de vida • Pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida • Cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade ou a este equiparado, do segurado que, comprovadamente, tenham participação ativa nas atividades rurais ou pesqueiras artesanais do grupo familiar Regime de economia familiar é a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. O segurado especial pode trabalhar com auxílio eventual de terceiros, que é o exercido ocasionalmente, em condições de mútua colaboração, não existindo subordinação nem remuneração. Entretanto, o grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados com prazo determinado (inclusive trabalhador rural temporário) ou de contribuinte individual, à razão de no máximo 120 pessoas/dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da percepção de auxílio por incapacidade temporária. 5.1. SEGURADO ESPECIAL COM OUTRAS FONTES DE RENDIMENTO O membro do grupo familiar que possuir outra fonte de rendimentos não é enquadrado como segurado especial, mas sim como contribuinte individual. Essa é a regra. Entretanto, a lei traz hipóteses em que o segurado especial pode ter outras fontes de rendimento sem que perca essa qualidade: • Benefício de pensão por morte, auxílio acidente ou auxílio reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da previdência social (ou seja, o valor máximo é 1 salário mínimo) • Benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista rural • Exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 dias, corridos ou intercalados, no ano civil • Exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais • Exercício de mandato de vereador do município onde desenvolve a atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente por segurados especiais • Parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas na legislação previdenciária • Atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que, nesse caso, a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da previdência social www.alicelannes.com 22 Última atualização em 06/10/2022. • Atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menos benefício de prestação continuada da previdência social 6. SEGURADO FACULTATIVO É a pessoa maior de 16 anos que não possui renda própria, mas deseja contribuir para o RGPS com o intuito de usufruir dos benefícios previdenciários. Não confundir o limite mínimo para ser segurado facultativo com o limite mínimo para ser segurado. O aprendiz com 14 anos será segurado obrigatório na condição de empregado. Rol exemplificativo dos segurados facultativos: • Dona de casa • Síndico de condomínio, quando não remunerado (isenção na taxa condominial é considerada remuneração) • Estudante • Brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior • Aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social • Membro do conselho tutelar, quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência • Bolsista e estagiário que prestam serviços à empresa de acordo com a lei do estágio • Bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social • Presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social • Segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria • Brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional É vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de RPPS, salvo nas hipóteses de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime próprio. 7. A SITUAÇÃO DO SERVIDOR PÚBLICO PERANTE O RGPS O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da U/E/DF/M, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do RGPS consubstanciado neste regulamento, desde que amparados por RPPS. Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangia pelo RGPS, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades. Art. 201, §5º, CF: é vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de RPPS. O servidor público aposentado também não pode contribuir facultativamente para conseguir um benefício junto ao RGPS. www.alicelannes.com 23 Última atualização em 06/10/2022. MANUTENÇÃO E A PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO DO RGPS (PERÍODO DE GRAÇA) Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições (período de graça): • Sem limite de prazo: quem está em gozo de benefício, exceto auxílio-acidente • Até 12 meses após a cessação do benefício por incapacidade ou após a cessação das contribuições: segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdência social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração O prazo de 12 meses poderá ser prorrogado para até 24 meses se o segurado já tiver pagado mais de 120 contribuições mensais à previdência social, sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado; e poderá ser prorrogado por mais 12 meses se o segurado estiver desempregado involuntariamente, desde que comprovada essa situação no ministério do trabalho. • Até 12 meses após cessar a segregação: segurado acometido de doença de segregação compulsória • Até 12 meses após o livramento: segurado detido ou recluso • Até 3 meses após o licenciamento: segurado incorporado às forças armadas para prestar serviço militar • Até 6 meses após a cessação das contribuições: segurado facultativo A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos. Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda desta qualidade, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção de aposentadoria, segundo a legislação vigor à época. Art. 15, §4, lei nº 8.213/1991: a perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no plano de custeio da seguridade social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos (prazos detalhados acima). www.alicelannes.com 24 Última atualização em 06/10/2022. DEPENDENTES DOS SEGURADOS DO RGPS Existem três classes de dependentes do segurado: 1ª classe: • Cônjuge, companheiro e companheira • Filho