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Responsabilidade Civil em caso de erro Médico 
1. Fundamento legal 
● Art. 951 do Código Civil: prevê indenização por dano causado por negligência, 
imprudência ou imperícia no exercício da profissão médica. 
 
2. Natureza da responsabilidade 
● Predominância da responsabilidade contratual, embora também haja hipóteses de 
responsabilidade extracontratual (delitual). 
 
● Relação jurídica entre médico e paciente é considerada locação de serviços sui 
generis, com forte conteúdo ético e extrapatrimonial. 
 
3. Função do contrato médico 
● Contrato pode ser expresso ou tácito e envolve não só prestação técnica, mas 
também deveres éticos e cuidado com o bem-estar do paciente. 
 
4. Responsabilidade subjetiva 
● O médico responde por culpa (negligência, imprudência, imperícia), conforme o art. 14, 
§ 4º do CDC. 
 
● Tendência da jurisprudência de ampliar o dever de reparar, com uso frequente da 
inversão do ônus da prova. 
 
5. Contratual vs. Extracontratual 
● Diferença perde relevância na prática, mas impacta o ônus da prova: 
 
○ Contratual: presunção de culpa. 
 
○ Extracontratual: vítima deve provar a culpa. 
 
6. Obrigação de meio x Obrigação de resultado 
● Regra geral: obrigação de meio (esforço, não garantia de cura). 
 
● Exceções – obrigações de resultado: 
 
○ Cirurgias estéticas, radiologia, transfusão de sangue. 
 
○ Nesses casos, o médico deve alcançar o resultado prometido, salvo causa 
excludente de responsabilidade. 
 
7. Deveres do médico 
● Informar paciente adequadamente (diagnóstico/prognóstico). 
 
● Utilizar técnicas médicas reconhecidas e lícitas. 
 
● Zelar pela dignidade e integridade do paciente. 
 
8. Responsabilidade na rede privada vs. pública 
● Privada: 
 
○ Contratos entre paciente/médico, paciente/clínica, médico/clínica. 
 
○ Clínicas/hospitais respondem objetivamente pelos serviços (art. 14, CDC). 
 
○ Médicos respondem subjetivamente (culpa). 
 
● Pública: 
 
○ Responsabilidade extracontratual objetiva do Estado (art. 37, § 6º, CF). 
 
○ Aplica-se a teoria do risco administrativo. 
 
9. Responsabilidade solidária e da equipe médica 
● Clínica pode ser solidariamente responsável por atos de médicos que integram seu 
quadro. 
 
● Equipe médica (assistentes, auxiliares) responde junto com o médico. 
 
● Anestesista: responsabilidade autônoma, ainda que controversa. 
 
10. Espécies de danos e suas responsabilidades 
● Serviços hospitalares (exames, enfermagem, infecção hospitalar): responsabilidade 
objetiva da clínica. 
 
● Atos médicos: responsabilidade subjetiva do profissional; clínica responde 
solidariamente se o médico for seu preposto. 
● 
Responsabilidade civil por erro médico: regra geral e situações de responsabilidade 
objetiva 
11. Regra geral: responsabilidade subjetiva do médico 
● Base legal: art. 951 do Código Civil e art. 14, §4º do Código de Defesa do Consumidor 
(CDC). 
 
○ Código Civil (art. 951): indenização por negligência, imprudência ou imperícia 
no exercício da medicina. 
 
○ CDC (art. 14, §4º): “a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação de culpa”. 
 
● Elementos da responsabilidade subjetiva: 
 
○ Dever de cuidado: obrigação de empregar diligência, cautela e técnica 
adequada (obrigação de meio, em regra). 
 
○ Inadimplemento desse dever (culpa): negligência (omissão), imprudência (ato 
precipitado) ou imperícia (falta de capacitação/técnica). 
 
○ Dano: prejuízo ao paciente (físico, psíquico, patrimonial ou moral). 
 
○ Nexo causal: vínculo entre a conduta culposa do médico e o dano sofrido. 
 
● Ônus da prova: 
 
○ O paciente (autor) deve demonstrar, em regra: existência de 
contrato/atendimento, dano e culpa do médico. 
 
○ Em contratos de prestação de serviços, existe presunção relativa de obrigação 
cumprida, mas, em caso de insucesso, cabe ao paciente demonstrar falha. 
 
○ No âmbito do CDC, pode ocorrer inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII) 
quando o juiz considerar verossímil a alegação ou reconhecer a hipossuficiência 
do paciente, o que facilita probatório, mas não transforma a natureza da 
responsabilidade (continua sendo necessária demonstração de culpa para 
exonerar o médico ou provar eventual causa excludente). 
 
12. Responsabilidade objetiva: quando ocorre? 
Em geral, o médico, pessoa física, responde subjetivamente. Contudo, há situações em que a 
responsabilidade é objetiva, ou seja, independe de prova de culpa. Destacam-se: 
 Hospitais, clínicas e demais prestadores de serviços de saúde como 
fornecedores de serviço (CDC) 
● Base legal: CDC, art. 14, caput: “O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços...” 
 
● Abrangência: 
 
○ Hospitais, clínicas, laboratórios, centros de diagnóstico por imagem etc., 
enquanto pessoas jurídicas fornecedoras de serviço de saúde. 
 
○ Responde-se objetivamente pelos danos decorrentes de “defeito do serviço” (por 
ex.: falha de esterilização, ausência de infraestrutura ou manutenção de 
equipamentos, erro de protocolo institucional) mesmo que não se prove culpa 
direta de empregado ou preposto. 
 
● Distinção: 
 
○ O hospital/clínica (pessoa jurídica) responde objetivamente. 
 
○ O médico (pessoa física) continua a responder subjetivamente pela sua conduta 
profissional, salvo se integrar a pessoa jurídica; mas, mesmo assim, a clínica 
responde objetivamente de forma solidária (se o médico for preposto/integrante 
do quadro ou contratado). 
 
● Direito de regresso: se o hospital ressarcir a vítima, pode buscar regresso contra o 
médico ou funcionário, caso se comprove culpa específica deste. 
 
13. Responsabilidade do Estado em serviços públicos de saúde 
● Base legal: Constituição Federal, art. 37, §6º: responsabilidade objetiva do Estado por 
atos de seus agentes (“responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, 
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos 
de dolo ou culpa”). 
 
● Aplicação: 
 
○ Hospitais e serviços públicos de saúde (União, Estados, Municípios) respondem 
objetivamente quando o atendimento público causar dano ao paciente por erro 
no serviço prestado. 
 
○ Também se inclui caso em que hospitais públicos ou servidores de saúde 
causem dano, cabendo ao ente estatal a indenização, com eventual direito de 
regresso se comprovada culpa do profissional. 
 
14. Produtos ou equipamentos médicos defeituosos 
● Quando o erro médico estiver ligado a defeitos em equipamentos, materiais ou 
medicamentos utilizados no tratamento (por ex., aparelho de anestesia com falha), a 
responsabilidade pode recair, objetivamente, sobre quem introduziu o produto 
defeituoso no mercado (fabricante/importador/distribuidor), conforme CDC, art. 12. 
 
● Se dano decorre de equipamento médico defeituoso, o fabricante/fornecedor responde 
independentemente de culpa (responsabilidade objetiva por produto defeituoso). O 
hospital ou clínica também pode responder objetivamente como fornecedor de serviço 
que utilizou produto defeituoso. 
 
15. Exceções ou mitigação: obrigação de resultado em certas atividades? 
● Em atividades médicas qualificadas pela jurisprudência como “obrigações de 
resultado” (p.ex., cirurgias estéticas, transfusões sanguíneas, exames radiológicos), 
há: 
 
○ Presunção de culpa caso não se alcance o resultado prometido ou esperado. 
 
○ Burden shifting: o paciente prova contrato e ausência do resultado esperado; 
cabe ao médico demonstrar que não houve culpa ou que existiu causa 
excludente. 
 
○ Ainda assim, não se trata de responsabilidade objetiva estrita (não basta provar 
dano; médico pode exonerar-se provando ausência de culpa/excludente). Logo, 
não é “objetiva” no sentido de independer por completo de culpa, mas sim de 
presunção invertida — permanece a necessidade de análise de culpa ou de 
causa excludente. 
 
16. Quando NÃO há responsabilidadeobjetiva para o 
médico 
● Médico pessoa física: regra é subjetiva. Mesmo em cirurgias estéticas (obrigações de 
resultado), embora haja presunção inicial, cabe demonstrar ausência de culpa para 
exonerar. 
 
● Consultas, diagnósticos, terapias comuns: obrigação de meio; sempre exige prova 
de culpa para configurar responsabilidade. 
 
● Profissionais liberais: salvo quando a prestação se dê via pessoa jurídica (hospitais, 
clínicas), incorre sempre em responsabilidade subjetiva (CDC, art. 14, §4º). 
 
17. Resumo das situações de responsabilidade objetiva 
em contexto de erro médico 
1. Hospital ou clínica (pessoa jurídica) como fornecedor de serviço de saúde 
responde objetivamente por defeito no serviço (CDC art. 14, caput). 
 
2. Estado (serviço público de saúde) responde objetivamente pelos danos causados por 
seus agentes (Constituição, art. 37, §6º). 
 
3. Produtos/equipamentos/medicamentos médicos defeituosos: responsabilidade 
objetiva do fabricante/importador/fornecedor (CDC art. 12); e, por via do serviço, do 
hospital/clínica que aplicou/utilizou o produto. 
 
4. Exigência de presunção em obrigações de resultado (ex.: estética) cria forte ônus 
probatório para o médico, mas não elimina exame de culpa ou excludente — logo, não 
é responsabilidade objetiva plena, mas sim regime de presunção e inversão do ônus. 
 
18. Implicações práticas 
● Para o paciente: 
 
○ Em ação contra hospital/clínica: provar existência do defeito no serviço e dano; 
não precisa demonstrar culpa da instituição, pois é objetiva. 
 
○ Em ação contra médico: deve demonstrar negligência, imprudência ou imperícia 
(culpa), salvo em situações de presunção (obrigação de resultado), quando a 
falta de êxito desloca ao médico o dever de demonstrar que não houve culpa. 
 
● Para o médico: 
 
○ Atenção redobrada à preservação de protocolos e documentação 
(consentimento informado, registros de procedimentos), pois, mesmo quando a 
instituição responde objetivamente, o médico pode ser acionado em direito de 
regresso. 
 
○ Em atividades de obrigação de resultado, clareza no contrato/termo de 
consentimento informado, explicando riscos e possibilidade de insucesso, ajuda 
a demonstrar possível ausência de culpa ou vício de informação. 
 
● Para hospitais/clínicas: 
 
○ Garantir padrões de qualidade, manutenção de equipamentos, protocolos de 
segurança e treinamento de equipes, pois respondem objetivamente por defeitos 
no serviço. 
 
○ Ter seguros e mecanismos de gestão de risco para suportar indenizações 
objetivas. 
 
● Para o Estado: 
 
○ Aperfeiçoar gestão de serviços públicos de saúde, protocolos e supervisão, já 
que a responsabilidade é objetiva; mesmo sem culpa direta do agente, o Estado 
indeniza e depois poderá regredir contra o profissional em caso de dolo ou culpa 
comprovada. 
 
19. Conclusão 
● Responsabilidade subjetiva do médico permanece regra: exige prova de culpa para 
condenação. 
 
● Responsabilidade objetiva ocorre principalmente para prestadores institucionais 
(hospitais, clínicas), Estado e fornecedores de produtos médicos defeituosos. 
 
● Em certas atividades médicas qualificadas como obrigação de resultado, há presunção 
de responsabilidade que inverte ônus, porém mantém possibilidade de exoneração 
mediante prova de ausência de culpa ou existência de excludente. 
 
● Compreender esses regimes é crucial para gestão de riscos, contratos médicos, termos 
de consentimento e defesa em eventuais demandas. 
 
 
Responsabilidade civil na 
relações de consumo 
1. Tutela Constitucional do Consumidor 
● Fundamentos constitucionais: 
 
○ Art. 5º, XXXII: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” – 
insere a proteção do consumidor entre direitos e garantias fundamentais. 
 
○ Art. 170, V: Defesa do consumidor como princípio da ordem econômica, visando 
“assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social”. 
 
○ Conexão com outros preceitos: 
 
■ Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III). 
 
■ Erradicar pobreza e reduzir desigualdades sociais e regionais (art. 
3º, III). 
 
● Objetivo: superar visão meramente patrimonialista, protegendo o consumidor em sua 
condição de vulnerabilidade, vinculando interesses econômicos à tutela de valores 
existenciais e de personalidade. 
 
2. Sistema de Responsabilidade Civil no CDC 
● Ruptura da dicotomia contratual/extracontratual: 
 
○ O CDC adota sistema unificado de responsabilidade civil, adequado à sociedade 
de produção em massa e relações impessoais. 
 
○ Evita distinções formais que limitariam a tutela das vítimas de acidentes de 
consumo. 
 
● Estrutura: 
 
○ Seção I (arts. 12–17): Responsabilidade civil pelo fato do produto ou serviço 
(acidentes de consumo com danos). 
 
○ Seção II (arts. 18–25): Responsabilidade civil pelo vício do produto ou serviço 
(inadequação às finalidades, sem acidente/dano efetivo). 
 
3. Superação da Dicotomia Contratual vs. Extracontratual 
● Unidade de fundamento: danos oriundos de produtos ou serviços defeituosos são 
tratados com padrão único de responsabilização, sem separar contratual (entre partes) 
e extracontratual (terceiros). 
 
● Justificativa: o fenômeno real dos acidentes de consumo é sempre o mesmo, 
independentemente de o lesado ter relação contratual direta com o fornecedor. 
 
4. Consumidor por Equiparação (Art. 17) 
● Conceito: “equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento” – permite que 
terceiros atingidos por acidente de consumo acionem o sistema protetivo do CDC. 
 
● Limites: 
 
○ Exige relação de consumo originária (produto/serviço defeituoso no mercado). 
 
○ Jurisprudência exige: 
 
■ Existência de base fática de consumo (fornecedor colocou 
produto/serviço no mercado para destinatário final ou cadeia de consumo 
adequada). 
 
■ Não se estende a situações sem vínculo de consumo (ex.: insumos 
industriais não direcionados ao consumidor final; poluição sem relação de 
fornecimento direto). 
 
● Risco de interpretação ampla: sem base de acidente de consumo, a equiparação 
seria impraticável e causaria insegurança jurídica. 
 
5. Responsabilidade Objetiva 
● Regra geral: não se exige prova de culpa do fornecedor ou prestador de serviço. 
 
● Pressupostos: 
 
1. Defeito (produto ou serviço não oferece a segurança ou adequação esperada). 
 
2. Dano (material ou moral, individual, coletivo ou difuso). 
 
3. Nexo causal (relação entre o defeito e o dano sofrido). 
 
● Presunção de defeito: iuris tantum, cabendo ao fornecedor demonstrar eventual 
excludente. 
 
● Fundamento: teoria do risco do empreendimento, adequada à complexidade 
tecnológica e potencial de lesão. 
 
6. Inversão do Ônus da Prova 
● Art. 6º, VIII do CDC: juiz pode inverter ônus quando: 
 
○ Alegação do consumidor for verossímil. 
 
○ Consumidor for hipossuficiente (técnica, financeira, etc.). 
 
● Efeito prático: facilita a prova do defeito ou do nexo, deslocando ao fornecedor o dever 
de demonstrar ausência de responsabilidade ou excludentes. 
 
7. Responsabilidade Solidária 
● Abrange toda a cadeia de fornecimento: fabricantes, distribuidores, fornecedores, 
importadores, revendedores. 
 
● Independência de vínculo contratual direto: qualquer elo que tenha participação no 
processo de colocação do produto/serviço no mercado responde solidariamente. 
 
● Objetivo: garantia de efetiva reparação, evitando dificultar o acesso à indenização por 
busca de vários responsáveis. 
 
8. Distinção entre Responsabilidade pelo Fato e pelo Vício 
● Fato do produto ou serviço (acidente de consumo): 
 
○ Exige ocorrência de evento danoso efetivo (ferimento, dano a bens, risco à 
saúde). 
 
○ Objetivo principal: segurança dos produtos e serviços no uso. 
 
○ Regulado em arts. 12 a 17. 
 
● Vício do produto ou serviço: 
 
○ Inadequação ou falha que impede ou diminui a utilização normal ou esperada, 
antes de causar dano. 
 
○ Remédios extrajudiciais: conserto, troca, devolução do valor pago. 
 
○ Foco: adequação às finalidadespróprias. 
 
○ Regulado em arts. 18 a 25. 
 
● Importância: definição correta orienta providências (indenização vs remediação) e rito 
processual. 
 
9. Responsabilidade Civil pelo Fato do Produto ou do Serviço 
● Obrigação de segurança: produtos/serviços devem oferecer níveis adequados de 
segurança, eficiência e qualidade. 
 
● Contexto: avanços tecnológicos e rapidez das relações de consumo podem expor 
consumidores a riscos não antecipados. 
 
● Defeito do produto (art. 12, §1º): 
 
○ Avaliação considerando: 
 
■ Apresentação do produto. 
 
■ Uso e riscos razoáveis esperados. 
 
■ Época de colocação em circulação. 
 
○ Não é defeito simplesmente o surgimento de produto melhor posteriormente 
(art. 12, §2º). 
 
● Defeito do serviço (art. 14, §1º): 
 
○ Avaliação considerando: 
 
■ Modo de fornecimento. 
 
■ Resultado e riscos razoáveis esperados. 
 
■ Época de fornecimento. 
 
○ Não é defeito a adoção de técnicas novas, desde que compatíveis com 
segurança (art. 14, §2º). 
 
10. Noção de Defeito 
● Amplitude: 
 
○ Defeitos de concepção/projeto ou de fabricação. 
 
○ Defeitos por ausência ou insuficiência de informação (vícios de informação 
ou insegurança decorrente). 
 
● Exemplos: 
 
○ Produto com periculosidade inerente (e.g., faca) não é defeituoso se 
periculosidade é esperada e informada; mas produtos químicos, cosméticos ou 
farmacêuticos exigem advertências detalhadas. 
 
● Dever de informação: 
 
○ Fornecedor deve fornecer orientações claras sobre uso e riscos, especialmente 
quando perigo não é evidente. 
 
○ Falta ou insuficiência de informação configura defeito. 
 
11. Dano 
● Conceito amplo: 
 
○ Abrange danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos (art. 6º, 
VI). 
 
○ Atenção à integridade física e psicológica, além de patrimônio. 
 
● Efetividade da tutela: 
 
○ Busca reparação integral, sem formalismos que limitem a indenização. 
 
○ Valorização do resultado prático sobre classificações rígidas de espécies de 
dano ou rito processual. 
 
12. Nexo Causal e Excludentes 
● Nexo causal: ligação direta ou indireta entre defeito e dano sofrido, requisito 
imprescindível. 
 
● Excludentes de responsabilidade (art. 12, §3º, e similares): 
 
○ Produto não colocado no mercado pelo fornecedor. 
 
○ Ausência de defeito ou explicação de causa externa. 
 
○ Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (desde que comprovada). 
 
○ Alterações posteriores não autorizadas que descaracterizem o produto/serviço. 
 
● Função: permitir ao fornecedor demonstrar circunstâncias que afastem sua obrigação 
de indenizar mesmo em sistema objetivo. 
13. Noção de defeito do produto 
● Amplitude do conceito: inclui defeitos de concepção/projeto, de produção e de 
informação. 
 
● Vício de insegurança: não se refere apenas à capacidade intrínseca de causar dano, 
mas à falta de conformidade com a expectativa razoável de segurança do consumidor, 
considerando: 
 
○ Natureza e finalidade do produto. 
 
○ Informações efetivamente veiculadas (rotulagem, manuais, advertências). 
 
● Exemplos: 
 
○ Faca de cozinha: periculosidade inerente e esperada; não é defeito se função e 
riscos estão claros. 
 
○ Produtos químicos, cosméticos, farmacêuticos: requerem advertências 
detalhadas; ausência ou insuficiência de informação configura defeito. 
 
● Dever de informação: central para evitar acidentes; informações deficientes podem ser 
elas próprias o defeito. 
 
 
14. Dano 
● Conceito ampliado: abrange danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e 
difusos. 
 
● Tutela preventiva e integral: foco não só na reparação após o acidente, mas na 
prevenção de riscos e na proteção à integridade física e psicofísica do consumidor. 
 
● Art. 6º, VI do CDC: direito à efetiva prevenção e reparação de danos, sem formalismos 
que prejudiquem a integralidade do resultado reparatório. 
 
 
15. Nexo causal e excludentes (art. 12, §3º e art. 14, §3º) 
● Nexo causal: requisito para a responsabilidade, mesmo em sistema objetivo. 
 
● Excludentes expressas (fornecedor só se exime provando): 
 
1. Não colocou o produto (ou serviço) no mercado. 
 
2. Embora tenha colocado, o defeito inexiste. 
 
3. Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
● Concorrência de causas: se comportamento do consumidor ou terceiro concorre com 
o defeito, não elimina totalmente a responsabilidade, apenas mitiga relativamente à 
parcela do dano atribuível ao defeito. 
 
● Caso fortuito/força maior: ainda que não mencionado expressamente, costuma-se 
admitir a exclusão do nexo causal se se tratar de fortuito externo; fortuito interno (risco 
inerente à atividade) não exclui. 
 
● Profissionais liberais: regra de responsabilidade objetiva do CDC só não se aplica à 
responsabilidade pessoal de profissionais liberais, que depende de demonstração de 
culpa (art. 14, §4º), mas isso não atinge pessoa jurídica de serviços (e.g., clínicas). 
 
 
16. Responsabilidade objetiva e solidariedade 
● Objetiva: não se exige prova de culpa do fornecedor; basta comprovar defeito, dano e 
nexo causal, salvo excludentes. 
 
● Solidária: 
 
○ Art. 12 do CDC: fabricantes, construtores, produtores e importadores são 
solidariamente responsáveis por defeitos. 
 
○ Responsabilidade do comerciante: equipara-se à dos demais (solidária), mas 
só incide se: 
 
■ Não se identificar facilmente o fabricante; ou 
 
■ Comerciante não conservar corretamente o produto. 
 
○ Independentemente de ordem de execução, todos respondem solidariamente, 
cabendo direito de regresso entre eles. 
 
● Direito de regresso: quem paga indenização pode pedir devolução proporcional dos 
demais responsáveis, aplicando-se analogicamente a todos os solidários do CDC, 
segundo regras gerais de solidariedade. 
 
● Denunciação da lide: vedada expressamente no CDC, mas vedação pode se estender 
analogicamente a todas ações indenizatórias com solidariedade, visando celeridade ao 
consumidor. 
 
17. Natureza expansível do CDC 
● Consumidores equiparados: o CDC se aplica a: 
 
○ Pessoas expostas a práticas abusivas (art. 29). 
 
○ Vítimas de acidente de consumo (art. 17), se houver relação de consumo 
originária. 
 
○ Consumidores em potencial (art. 2º, parágrafo único). 
 
● Critério interpretativo: princípio da vulnerabilidade e tutela da dignidade humana. Deve 
haver relação jurídica base de consumo; aplicação indevida traria insegurança. 
 
18. Colocação do produto no mercado 
● Momento da responsabilidade: só há “fato do produto”/acidente de consumo quando o 
produto é exposto ao mercado com intenção de venda. 
 
● Transporte entre empresários: se ocorrer dano antes da exposição ao consumidor 
final (e.g., transporte entre fabricante e comerciante), não se caracteriza acidente de 
consumo; eventual responsabilidade se dá pela sistemática geral do Código Civil (ex.: 
art. 931), não pelo art. 12 do CDC. 
 
19. Responsabilidade civil pelo vício do produto ou serviço (arts. 18–25) 
● Proteção da legítima expectativa: segurança e adequação, independentemente de 
dano prévio. 
 
● Âmbito mais amplo que o Código Civil: 
 
○ Abrange vícios aparentes e ocultos. 
 
○ Inclui vícios em serviços, não apenas em coisas. 
 
○ Ampara desconformidade com oferta/publicidade. 
 
● Remédios disponíveis: 
 
○ Conserto ou reexecução do serviço. 
 
○ Substituição do produto. 
 
○ Devolução do valor pago (ou abatimento). 
 
○ Perdas e danos, se cabíveis. 
 
● Foco na Teoria da Qualidade: resguardar a expectativa em contratos de massa e 
vulnerabilidade do consumidor. 
 
20 . Noção ampla de vício 
● Desconformidade com oferta/publicidade ou finalidade: mais abrangente que “vício 
oculto” do Código Civil. 
 
● Espécies de vícios: 
 
○ Qualidade por inadequação: produto não desempenha a função esperada 
(e.g., forno que não aquece). 
 
○ Qualidade por insegurança: gera riscos de acidentes de consumo (e.g., defeito 
que causa lesão). 
 
● Abrangência: tanto vícios que afetam a utilidade quanto que representamperigo. 
 
21. Prazos para reclamação de vícios 
● Vícios aparentes: 
 
○ Reclamação a partir da entrega efetiva do produto ou término do serviço. 
 
○ Prazo decadencial: 30 dias (produtos/serviços não duráveis) ou 90 dias 
(duráveis). 
 
● Vícios ocultos: 
 
○ Não há prazo máximo legal para surgimento; utiliza-se critério da vida útil do 
produto/serviço. 
 
○ Prazo decadencial (30/90 dias) inicia quando o vício é descoberto, desde que 
dentro do período de vida útil. 
 
● Distinção entre prazo de garantia legal e prazo decadencial: 
 
○ Garantia legal: período em que o produto/serviço deve se manter livre de vícios, 
vinculado à durabilidade/vida útil. 
 
○ Prazo decadencial: prazo para reclamar após identificação do vício. 
 
● Garantias contratuais vs. garantia legal: 
 
○ São independentes e complementares. 
 
○ Período de garantia contratual “suspende” a contagem do prazo decadencial do 
CDC; após seu término, inicia-se o prazo decadencial previsto no CDC. 
 
○ Garantia estendida: raramente amplia efetivamente a proteção além da vida útil 
legal; cuidado para não induzir o consumidor a crer que perde proteção após 
garantia de fábrica. 
 
22. Excludentes de responsabilidade civil no CDC 
● Para fato do produto (art. 12, §3º) e fato do serviço (art. 14, §3º): 
 
○ Defeito inexistente: provar que, embora no mercado, não havia defeito. 
 
○ Não colocou no mercado (produto) / “tendo prestado o serviço, o defeito 
inexiste” (serviço). 
 
○ Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro: se comprovada, rompe nexo 
causal; se houver concorrência, mitiga responsabilidade apenas na parte não 
atribuível ao defeito. 
 
● Caso fortuito/força maior: ainda que não previsto expressamente, admite-se exclusão 
do nexo em caso de fortuito externo; fortuito interno (risco inerente) não exclui. 
 
● Risco de desenvolvimento: controvérsia se constitui excludente; alguns defendem 
admitir quando produto lançado sem conhecimento de riscos à época (art. 12, §1º III), 
outros ressaltam a necessidade de previsão expressa para manter objetividade. 
 
● Cuidados interpretativos: defeito é pressuposto objetivo; provar inexistência de defeito 
não deve transformar responsabilidade em subjetiva. 
 
Responsabilidade Civil Ambiental: Conheça as 
Particularidades da Reparação dos Danos ao Meio 
Ambiente 
A Reparação de Danos ao Meio Ambiente Explicada 
Pedro Esperanza Sudário 
 
Resumo: Este artigo, voltado para o público leigo, explica de forma simples como a 
responsabilidade civil ambiental funciona no Brasil. Os principais institutos são: 
responsabilidade objetiva (não precisa provar culpa), responsabilidade integral (as 
excludentes de responsabilidade civil não afastam o dever de indenizar), responsabilidade 
solidária (pode a indenização ser cobrada de qualquer dos envolvidos ou de todos eles) e 
responsabilidade "propter rem" (as obrigações acompanham a propriedade, mesmo após a 
venda). 
 
Entender a responsabilidade civil ambiental é importante para todos, pois ela 
pode ter impactos diretos no patrimônio até mesmo de quem nunca praticou 
um ato direto de degradação ambiental. Você sabia que ao comprar um 
imóvel com danos ambientais causados por algum dos proprietários 
anteriores, o dever de reparar integralmente esses danos passa a também 
ser seu? Isso se aplica mesmo que você não soubesse que existiam danos 
ambientais ali. 
 
Recentemente, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Tema 
Repetitivo 1204 [1] esclareceu e deixou ainda mais em evidência as 
peculiaridades do regime jurídico da reparação dos danos ambientais. 
 
Esse artigo vai explicar, de maneira simples e didática, as características da 
responsabilidade civil ambiental no Brasil, para que você não seja pego de 
surpresa e responsabilizado pela irresponsabilidade ambiental de outras 
pessoas. 
Responsabilidade Civil Ambiental 
A responsabilidade civil é o instituto jurídico que traz a obrigação de o causador 
de um dano indenizar aquele que sofreu esse dano [2]. A responsabilidade civil 
ambiental, dessa forma, determina que qualquer pessoa (física ou jurídica) que 
cause danos ao meio ambiente tem a obrigação de repará-los. Este conceito é 
fundamental para assegurar que nossos recursos naturais – como florestas, 
rios, e o ar que respiramos – sejam preservados e mantidos em condições 
saudáveis para nós e para as futuras gerações. 
 
Em termos práticos, a responsabilidade civil ambiental funciona como um 
mecanismo de reparação. Quando alguém causa poluição ou degradação 
ambiental, não basta apenas cessar a atividade danosa; é necessário também 
restaurar o meio ambiente ao estado anterior, ou, quando isso não for possível, 
compensar os danos de outra maneira. Isso pode incluir a limpeza de um rio 
 
 Juiz Federal, especialista em D. Público, Mediação, Conciliação e Arbitragem. 
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poluído, o replantio de árvores em uma área desmatada ou a adoção de 
medidas para mitigar o impacto ambiental de uma atividade industrial. 
Características da Responsabilidade Civil Ambiental 
A responsabilidade civil ambiental possui quatro características fundamentais: 
a responsabilidade é objetiva, integral, solidária e propter rem. Vamos entender 
melhor cada uma delas. 
 
Responsabilidade Objetiva e Integral 
 
A responsabilidade objetiva no âmbito ambiental significa que não é 
necessário provar a culpa ou dolo do causador do dano para que ele seja 
obrigado a repará-lo. Basta a comprovação de que existe um dano ambiental e 
que determinada atividade foi a causadora desse dano (nexo causal). Saber se 
o dano foi intencional é algo que não interessa aqui. Se um dano foi causado, 
ele deve ser reparado. Este regime é adotado devido à importância do meio 
ambiente, que deve ter máxima proteção. 
 
A responsabilidade integral, também conhecida como teoria do risco integral, 
se une à responsabilidade objetiva e confere ainda mais proteção ao meio 
ambiente. Seu ponto principal é a impossibilidade de o causador do dano 
invocar excludentes de responsabilidade civil, como caso fortuito, força maior, 
fato de terceiro ou culpa exclusiva da vítima, para se eximir da obrigação de 
reparar o dano. O STJ pacificou a aplicação dessa teoria no direito ambiental 
ao decidir o Tema Repetitivo 681 [3]. 
 
Por exemplo, se um terremoto (caso fortuito) destruir o oleoduto de uma 
refinaria e causar poluição ambiental, ela ainda será responsável pela 
reparação dos danos causados, pois a teoria do risco integral não permite a 
exclusão de responsabilidade com base em tais argumentos. 
A empresa deve arcar com os custos de limpeza, restauração dos 
ecossistemas afetados e compensação das comunidades impactadas, 
independentemente das circunstâncias que causaram o dano. Deve apenas ser 
provada a ligação entre a atividade da refinaria (ela era a dona do oleoduto) e 
o dano ambiental (o óleo que vazou matou animais e plantas). 
Em resumo, a responsabilidade objetiva e integral [4] assegura a máxima 
proteção ambiental, eliminando a possibilidade de se analisar culpa ou invocar 
excludentes de responsabilidade e garantindo que os danos sejam reparados 
de forma completa e abrangente. 
 
Responsabilidade Solidária 
 
A responsabilidade solidária no Direito Ambiental significa que todos os 
responsáveis por um dano ambiental – sejam eles diretos ou indiretos – podem 
ser chamados a responder integralmente pela reparação do dano. Isso implica 
que qualquer um dos causadores do dano (ou todos eles) pode ser obrigado a 
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sua participação específica no dano [5]. 
Esse regime assegura que a vítima do dano ambiental (incluindo o próprio meio 
ambiente) tenha uma garantia de reparação, podendo acionar qualquer um dos 
responsáveis para obter a reparação integral. Posteriormente, o responsável 
que arcou com a reparação pode buscar o ressarcimento dos demais co-
responsáveis (direito de regresso). 
 
Responsabilidade Propter Rem 
 
Se diz propter rem um tipo de obrigação que está diretamente vinculada a um 
bem específico, geralmente um imóvel, e não à pessoa que possui ou detém 
esse bem. Essa característica faz com que a obrigação acompanhe o bem em 
qualquer transferência de propriedade ou posse. Ou seja, a obrigação é 
transferida automaticamente para o novo proprietário ou possuidor, 
independentemente de qualquer acordo específico entre as partes. 
 
Dizer que a responsabilidade ambiental é propter rem significa que ela 
acompanha o bem imóvel ao qual está vinculada. Em outras palavras, a 
responsabilidade pela reparação de danos ambientais não é apenas do 
causador direto do dano, mas de todos aqueles que tenham tido a posse ou 
propriedade do imóvel degradado. Ou seja, quem compra um imóvel com dano 
ambiental pré-existente passa a ter a obrigação de reparar esse dano, mesmo 
não tendo sido o seu causador [6]. 
 
A obrigação propter rem ambiental, contudo, permanece com todos aqueles 
que foram possuidores ou proprietários do bem, ligando-se permanentemente 
a toda a cadeia de transmissão. Dessa forma, a venda do imóvel não isenta o 
antigo proprietário da responsabilidade existente até o momento da venda. 
 
Como já afirmou o STJ [7]: “Reputar como propter rem a 
obrigação ambiental visa precisamente fortalecer a 
efetividade da proteção jurídica do meio ambiente, nunca 
a enfraquecer, embaraçar ou retardar.” 
 
A aplicação da responsabilidade propter rem em matéria ambiental garante a 
continuidade da proteção, pois evita que proprietários transfiram seus bens 
para escapar de suas obrigações de reparação. Isso assegura que o meio 
ambiente será protegido, independentemente das mudanças na titularidade 
dos imóveis, e que os novos proprietários estarão cientes e serão responsáveis 
pela manutenção e recuperação das condições ambientais. 
 
Você pode imaginar que é injusto ter que reparar uma área que foi degradada 
por outra pessoa, mas a lógica aqui é a máxima proteção do meio ambiente. 
Portanto, a realização de uma análise ambiental adequada antes da aquisição 
é uma prática essencial para evitar futuras complicações legais e financeiras, 
além de contribuir para a proteção e preservação do meio ambiente. 
 
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Por fim, aquele que foi obrigado a indenizar um dano causado por terceiros 
pode se valer da ação de regresso para que o efetivo causador do dano seja 
responsabilizado. 
 
Exemplo Prático: Imagine que uma pessoa compra uma casa pronta 
construída às margens de um rio. O antigo proprietário desmatou ilegalmente 
a área para a construção da casa. Mesmo já tendo adquirido o imóvel com 
a vegetação desmatada, o atual proprietário tem a responsabilidade de 
reparar o dano ambiental. Isso significa que ele pode ser obrigado a recompor 
a vegetação nativa, independentemente de não ter sido o responsável pelo 
desmatamento original. 
 
A responsabilidade de recuperação ambiental acompanha o imóvel e é 
transmitida automaticamente ao novo titular, mesmo em caso de uma nova 
venda da casa. Ou seja, qualquer futuro proprietário também assumirá essa 
responsabilidade. 
 
O dano ambiental pode ser cobrado de todos aqueles que já foram proprietários 
ou possuidores do imóvel, exceto das pessoas que tiveram a propriedade ou 
posse do imóvel antes da degradação ambiental ocorrer. No entanto, aquele 
que efetivamente pagar pela reparação do dano pode, através de uma ação de 
regresso, cobrar o primeiro proprietário que causou a poluição desmatando a 
área [8]. 
 
Esse exemplo ressalta a importância de fazer uma análise ambiental adequada 
de um imóvel antes de sua aquisição, para evitar surpresas com 
responsabilidades ambientais preexistentes. 
 
Conclusão 
As características da responsabilidade civil ambiental – objetiva, integral, 
solidária e propter rem – formam um sistema robusto e eficaz de proteção do 
meio ambiente. 
 
A responsabilidade objetiva elimina a necessidade de comprovar culpa, 
permitindo uma resposta rápida aos danos. A responsabilidade integral garante 
que nada afastará a responsabilidade e o dever de reparação completa e 
abrangente. A responsabilidade solidária assegura que todos os envolvidos na 
degradação ambiental sejam responsabilizados, podendo a indenização ser 
cobrada de qualquer um deles ou de todos. Por fim, a responsabilidade propter 
rem assegura que as obrigações ambientais acompanhem o bem imóvel, 
garantindo a continuidade da proteção ambiental, independentemente de 
mudanças na titularidade dele. 
 
Essas características, combinadas, ajudam a promover a sustentabilidade e a 
preservação dos recursos naturais, essenciais para a qualidade de vida das 
gerações presentes e futuras. 
 
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/responsabilidade-civil-ambiental-conheca-as-particularidades-da-reparacao-dos-danos-ao-meio-ambiente/2537738075#_ftn8
Bibliografia 
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São Paulo: Método, 2009. 
 
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2012. 
 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e 
organizadas por assuntos. 11. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora 
JusPodivm, 2023. 
 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de direito constitucional. 16. ed., 
rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Juspodivm, 2024. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume II: teoria geral 
das obrigações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: 
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PINTO, Cristiano Vieira Sobral. Direito civil sistematizado. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2011. 
______________________ 
 
[1] Tese firmada: “As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, 
sendo possível exigi-las, à escolha do credor, do proprietário ou possuidor 
atual, de qualquer dos anteriores, ou de ambos, ficando isento de 
responsabilidade o alienante cujo direito real tenha cessado antes da causação 
do dano, desde que para ele não tenha concorrido, direta ou indiretamente.” 
[2] Código Civil l: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar 
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de 
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem. 
[3] Tese firmada: “A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada 
pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante 
que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a 
invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de 
responsabilidade civil para afastar a sua obrigação de indenizar.” 
[4] O fundamento invocado para a aplicação desse regime está no art.144 4 
4§§ § 1ºº, da Lei 6.938 888 8 8/1981 e no art. 225 5 5 5, § 3ºº, da Constituição 
Federal l l l, que determinam que o poluidor deve indenizar e reparar osdanos 
causados ao meio ambiente, independentemente de culpa. Isso significa que, 
uma vez comprovado o nexo de causalidade entre a atividade e o dano 
ambiental, o responsável não pode se esquivar de suas obrigações de 
reparação. 
[5] A responsabilidade solidária está fundamentada no artigo 3ºº, IV, da 
Lei 6.938 888 8 8/81, que define poluidor como qualquer pessoa física ou 
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https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/292447/lei-8-81
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10645661/artigo-225-da-constituicao-federal-de-1988
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11334636/artigo-3-da-lei-n-6938-de-31-de-agosto-de-1981
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https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/292447/lei-8-81
jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por 
atividades causadoras de degradação ambiental. 
[6] Essa responsabilidade está fundamentada no artigo 2ºº, § 2ºº, da 
Lei 12.651 11111/2012 (Novo Código Florestal), que estabelece que "as 
obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao 
sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse 
do imóvel rural". 
[7] STJ, AgInt no AREsp 1.995.069/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, 
SEGUNDA TURMA, DJe de 05/09/2022. 
[8] Quando um novo proprietário ou possuidor é obrigado a reparar um dano 
ambiental que não causou, ele pode buscar ressarcimento do causador original 
do dano através de uma ação de regresso. Esta ação permite que o novo 
proprietário, após cumprir as obrigações de reparação ambiental, processe o 
antigo proprietário ou qualquer outro responsável pelo dano original para 
recuperar os custos incorridos na reparação. Assim, a ação de regresso 
assegura que o verdadeiro poluidor seja responsabilizado financeiramente 
pelos danos causados, promovendo justiça entre os proprietários sucessivos 
de um imóvel. 
 
___________________ 
Fonte: 
SUDÁRIO, Pedro Esperanza. Responsabilidade civil ambiental: conheça as 
particularidades da reparação dos danos ao meio ambiente: a reparação de 
danos ao meio ambiente explicada. Jusbrasil, 5 jun. 2024. Disponível em: 
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/responsabilidade-civil-ambiental-conheca-
as-particularidades-da-reparacao-dos-danos-ao-meio-ambiente/2537738075 
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/responsabilidade-civil-ambiental-conheca-as-particularidades-da-reparacao-dos-danos-ao-meio-ambiente/2537738075#_ftnref6
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26442356/artigo-2-da-lei-n-12651-de-25-de-maio-de-2012
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26442321/paragrafo-2-artigo-2-da-lei-n-12651-de-25-de-maio-de-2012
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1032082/lei-12651-12
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91627/codigo-florestal-lei-4771-65
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/responsabilidade-civil-ambiental-conheca-as-particularidades-da-reparacao-dos-danos-ao-meio-ambiente/2537738075#_ftnref7
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/1659997550
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/responsabilidade-civil-ambiental-conheca-as-particularidades-da-reparacao-dos-danos-ao-meio-ambiente/2537738075#_ftnref8
https://dariowcw.jusbrasil.com.br/?_gl=1*r0m9i2*_ga*MTg0MTk0NDU3OC4xNjkzNDAzNjYw*_ga_QCSXBQ8XPZ*MTcxNzYxMjg0NS41MS4xLjE3MTc2MTQxMTkuNjAuMC4w
	1. Fundamento legal 
	2. Natureza da responsabilidade 
	3. Função do contrato médico 
	4. Responsabilidade subjetiva 
	5. Contratual vs. Extracontratual 
	6. Obrigação de meio x Obrigação de resultado 
	7. Deveres do médico 
	8. Responsabilidade na rede privada vs. pública 
	9. Responsabilidade solidária e da equipe médica 
	10. Espécies de danos e suas responsabilidades 
	11. Regra geral: responsabilidade subjetiva do médico 
	12. Responsabilidade objetiva: quando ocorre? 
	 Hospitais, clínicas e demais prestadores de serviços de saúde como fornecedores de serviço (CDC) 
	13. Responsabilidade do Estado em serviços públicos de saúde 
	14. Produtos ou equipamentos médicos defeituosos 
	15. Exceções ou mitigação: obrigação de resultado em certas atividades? 
	16. Quando NÃO há responsabilidade objetiva para o médico 
	17. Resumo das situações de responsabilidade objetiva em contexto de erro médico 
	18. Implicações práticas 
	19. Conclusão 
	1. Tutela Constitucional do Consumidor 
	2. Sistema de Responsabilidade Civil no CDC 
	3. Superação da Dicotomia Contratual vs. Extracontratual 
	4. Consumidor por Equiparação (Art. 17) 
	5. Responsabilidade Objetiva 
	6. Inversão do Ônus da Prova 
	7. Responsabilidade Solidária 
	8. Distinção entre Responsabilidade pelo Fato e pelo Vício 
	9. Responsabilidade Civil pelo Fato do Produto ou do Serviço 
	10. Noção de Defeito 
	11. Dano 
	12. Nexo Causal e Excludentes 
	13. Noção de defeito do produto 
	14. Dano 
	15. Nexo causal e excludentes (art. 12, §3º e art. 14, §3º) 
	16. Responsabilidade objetiva e solidariedade 
	17. Natureza expansível do CDC 
	18. Colocação do produto no mercado 
	19. Responsabilidade civil pelo vício do produto ou serviço (arts. 18–25) 
	20 . Noção ampla de vício 
	21. Prazos para reclamação de vícios 
	22. Excludentes de responsabilidade civil no CDC

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