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Resumo de Processo Civil IV (P2) (1)

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Resumo de Processo Civil IV (P2)
Execução de título executivo extrajudicial (execução autônoma)
Munido de título extrajudicial, está-se diante de uma execução autônoma que dependendo da natureza da obrigação, terá um tipo de procedimento a ser obedecido, seja para obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia.
O processo se inicia com a petição inicial (art.282, 283) junto ao título executivo. Obs. Tratando-se de obrigação de pagar, indispensável também a memória de cálculos atualizada, pois não há liquidação.
O devedor será citado de todas as formas, exceto a postal.
Execução para entrega de coisa certa e incerta 
Obrigação de dar coisa certa = pressupõe a coisa já determinada no título.
Recebida a inicial, o juiz ordenará a citação do devedor que em 10 dias poderá satisfazer a obrigação ou garantido o juízo, apresentar embargos. Portanto, o devedor pode tomar uma das três atitudes: - Entregar a coisa, cumprindo a obrigação e extinguindo a execução (art.624); - Depositar a coisa, requisito não para apresentar embargos, mas para que este tenha efeito suspensivo (art.739-A, 622); - Não entregar e nem depositar a coisa, porém com a oposição de embargos não recebidos no efeito suspensivo, o juiz poderá mandar expedir mandado de busca e apreensão (bens móveis) e/ou mandado de imissão na posse (bens imóveis), podendo aplicar multa diária (astreintes) para caso de atraso no cumprimento. Art.625.
Afora o prazo de 10 dias para essas atitudes, também fluirá o prazo de 15 dias da citação para apresentar embargos, não havendo mais necessidade de garantir o juízo, pois o art.737, II foi revogado pela lei nº11382/06.
Frutos a serem recebidos quando há entrega = execução prossegue em relação a eles ou ao ressarcimento do prejuízo causado. 
Após a citação da execução, se alienar a coisa litigiosa, o terceiro adquirente deverá depositar a coisa em juízo para ser ouvido (art.626).
Além do valor da coisa, caberão perdas e danos se a coisa não for entregue ou estiver deteriorada (art.627). Valor da coisa + perdas e danos + multa do juiz = revertido em favor do credor. Art.627, §1º - o valor da coisa deve ser encontrado, convertendo-se em uma obrigação de pagar.
Art.628 – se as benfeitorias na coisa gerarem saldo em favor do credor, este poderá cobrar na mesma execução; saldo em favor do devedor, quando o credor iniciar a execução, deverá depositar em juízo os valores referentes às benfeitorias.
Obrigação de dar coisa incerta = coisa determinável pelo gênero e quantidade. A execução segue o mesmo rito anterior, porém nesta deverá ocorrer a individualização da coisa, cabendo ao devedor antes da entrega ou ao credor por meio da petição inicial.
Esta individualização deve ser razoável conforme art.244 CC; pois caso haja um exagero da parte a quem cabia a escolha, haverá o prazo de 48hs para a impugnação. O juiz vai decidir em interlocutória (obs. pode haver necessidade de perito).
Individualizada a coisa, a execução seguirá como se fosse de coisa certa.
Execução de obrigação de fazer e não fazer
Em sede de cumprimento de sentença, aplica-se o mesmo rito das execuções de título executivo extrajudicial, por ser o art.461ss omisso quanto ao procedimento. Portanto, tratando-se de obrigação de fazer ou não fazer por sentença, o juiz concede a tutela específica no título (de ofício), intimando o devedor a cumpri-la, sob pena de multa coercitiva (astreintes). Sendo cumprida a obrigação depois de fixada a multa, além da obrigação de fazer, haverá a obrigação de pagar a título de coerção. Sistema misto de coerção (cumprimento intempestivo) e sub-rogação (o juiz se sub-roga no direito do credor de penhorar o bem do devedor caso este não pague a multa).
Para obrigação de não fazer, o juiz concede a tutela, exigindo que desfaça o que não se podia fazer, sob pena de multa.
Obrigação de fazer fungível = obrigação que pode ser cumprida por qualquer um, não necessariamente o devedor.
O devedor será citado para cumprir a obrigação (art.632), correndo o prazo para o cumprimento da obrigação e ao mesmo tempo os 15 dias para apresentação dos embargos. Não precisa garantir o juízo, mas os embargos são recebidos somente no efeito devolutivo, nada impedindo a execução. Caberá ao embargante alegar motivo relevante para suspensão da execução. Logicamente, o juiz poderá arbitrar multa também.
- Execução a custa do devedor (art.633) Por ser obrigação fungível, é facultado ao credor a execução da obrigação por terceiro à custa do devedor. Porém, não sendo esta a opção do credor, a obrigação será convertida em perdas e danos, prosseguindo como execução por quantia certa. O juiz obterá o valor especificado da indenização por meio de liquidação (art.633, PU). 
Obs. A lei autoriza que o próprio exeqüente cumpra a obrigação à custa do executado (art.637).
Obrigação de fazer infungível = quando convencionado que determinada pessoa (agora devedor) cumpriria a obrigação.
Não caberá execução por terceiro, somente fixação de multa por atraso no cumprimento, e conversão em perdas e danos caso a obrigação de fato não ocorra.
Obrigação de não fazer = dever de abster-se de algo, só gerando a execução quando quem tinha tal obrigação pratica o ato.
Citação do devedor, concedendo prazo para desfazer o ato, sob pena de multa diária (obrigação de não fazer permanente – ex: demolir uma obra). 
- Obrigação instantânea (art.643, PU) Se não for possível desfazer o ato no caso de execução de obrigação de não fazer, esta resolve-se em perdas e danos (execução por quantia certa). Ex: Roberto Carlos canta em outra emissora (não haveria como desfazer o ato, ele terá que pagar uma indenização por quebra do contrato de exclusividade).
Execução de pagar quantia certa contra devedor solvente
É a forma de execução de título executivo extrajudicial mais comum e importante, pois as anteriores seguem o rito desta execução quando as obrigações se tornam impossíveis, resolvendo-se em perdas e danos. Haverá expropriação de tantos bens quanto forem necessários para o cumprimento da obrigação, seguindo tal ordem de preferência:Adjudicação = o bem penhorado fica com o exeqüente, havendo o depósito em juízo (satisfação direta). O próprio credor requer a propriedade do bem (móvel ou imóvel).
Alienação particular (art.685-C) = venda do bem pelo próprio credor ou corretor credenciado, evitando a venda em hasta pública. Após a alienação, o comprador depositará o preço em juízo.
Alienação em hasta pública = venda do bem por praça (bens imóveis) ou por leilão (bens móveis). Quando o leilão é negativo (bem não arrematado), na execução fiscal aplica-se o art.11 da lei (ordem de preferência) enquanto que na execução comum, aplica-se o art.655. Bem penhorado e não arrematado = requerer o BACENJUD (princípio da patrimonialidade), não havendo dinheiro, não será possível a execução só se o executado adquirir bens que poderão ser penhorados.
Usufruto (art.716ss) = possibilidade de usufruto do bem móvel ou imóvel ao credor se for menos oneroso ao executado. O bem é penhorado, mas ao invés de ser alienado, o proprietário perde o gozo do bem, os frutos e rendimentos. É uma forma de garantir o cumprimento do pagamento sem que ocorra a perda da propriedade (é uma penhora sobre o faturamento). Art.723 – o inquilino paga ao administrador-credor diretamente ou ao administrador-devedor que, neste caso, o repassa ao credor exeqüente. 
Execução de pagar quantia certa contra devedor insolvente
Ocorre que muitas vezes o devedor não possui patrimônio para saldar todas as suas dívidas. Dessa forma, haverá duas fases de execução: decretação de insolvência (fase cognitiva) e a arrecadação dos bens do devedor em proveito dos seus credores.
A ação de insolvência pode ser requerida pelo devedor ou pelo credor. * Pelo credor (art.754ss) – instruído com o titulo executivo judicial ou extrajudicial (credor quirografário). O devedor poderá depositar o valor para ilidir o pedido ou contestar no prazo de 10 dias (a doutrina entende que não seriam embargos, mas contestação por ser defesa em processo de conhecimento). * Pelo devedor – com petição instruída (art.760).
- Declaração judicial de insolvência Os efeitos são o vencimento antecipado das dívidas, arrecadação dos bens, execução por concurso universal de credores. Dentre os maiores credores, o juiz nomeará um administrador judicial.
- Habilitação Expedido edital para os credores se habilitarem na execução em 20 dias (art.761, II, 768ss). Terão mais 20 dias para alegação de preferência, nulidade ou qualquer fraude em dívidas e contratos, podendo o devedor neste prazo impugnar as habilitações. 
- Prescrição intercorrente Não corre durante a ação de insolvência, mas para isso tem que movimentar o processo. Portanto, mesmo que ache bens do devedor somente após 5 anos, não operará a prescrição. Depois de extinto o processo de insolvência, volta a correr a prescrição normal nos termos do art.778. 
- Forma de pagamento Proposta do devedor (parcelamento, etc.).
- Pensão Se o devedor caiu em insolvência sem culpa sua, poderá requerer uma pensão da massa até a alienação dos bens. O juiz decidirá.
- Extinção Paga a dívida, fica extinta a obrigação. Se não for paga, haverá a analise de preferência dos pagamentos pelo administrador.
	EXECUÇAO CONCURSAL DE CREDORES
	EXECUÇÃO SINGULAR
	Todos os bens são arrecadados, vencimento antecipado das dívidas, nomeação de administrador da massa. São vários credores
	Pode pedir a penhora de um bem ou o bloqueio do dinheiro suficiente para pagamento da dívida.
Embargos do devedor
Forma de defesa do executado na execução de título extrajudicial (art.736ss). A defesa do executado no cumprimento de sentença é feita por impugnação.
Natureza jurídica dos embargos = ação autônoma de conhecimento, proposta no próprio juízo da execução (competência funcional – absoluta).
- Prazo (art.738): Para opor embargos, o prazo é de 15 dias contados da juntada do mandado de citação aos autos. Independe de penhora, depósito ou caução (art.736 ≠ execução fiscal – necessidade de garantia do juízo). 
- Recebimento dos embargos (art.739-A) Os embargos devem ser instruídos com peças da execução, pois são distribuídos por dependência e autuados em apartado (art.736, PU). Em regra, os embargos “sobem” sozinho ao Tribunal, pois nem sempre a execução será suspensa. A execução permanece no juízo de 1º grau. Havendo mais de um executado, o prazo corre da juntada do mandado de citação de cada um (obs. ressalte-se, porém, que não há prazos diferenciados para a Fazenda Pública, MP ou litisconsortes com advogados diversos).
Os embargos não terão efeito suspensivo. O juiz, porém, na forma do art.739-A §1º, poderá conceder a suspensão da execução. Para isso, deve garantir o juízo e provar que o prosseguimento da execução possa vir a causar lesão grave e de difícil reparação. Art.739-A, §3º - quando ingressa com os embargos, não necessariamente embargará toda a execução. A parte não embargada segue em execução.
- Matérias argüíveis em sede de embargos: art.745. O inciso V (“alegar toda matéria de defesa”) utiliza-se em razão da execução de título extrajudicial, o executado não teve oportunidade de defesa anterior. 
- Impugnação (art.740) Prazo: 15 dias da interposição dos embargos. Embargos meramente protelatórios acarretarão multa a favor do exeqüente.
- Valor da causa É a diferença do valor que o exeqüente acha devido e o que o executado acha certo. Caso este não ache a dívida legítima, o valor da causa é o valor totalda execução.
- Execução por carta (art.747) Os embargos poderão ser opostos no juízo deprecado e deprecante (quem envia a carta), devendo julgar em regra o juízo deprecante, salvo quando há vícios ou defeitos na penhora, avaliação ou alienação dos bens, caso que quem deverá julgar é o juízo deprecado.
Fraude contra credores e fraude a execução
Tanto um quanto outro, o devedor tem a intenção de fraudar o credor com a ausência de bens a serem executados. A simples alienação dos bens não é fraude, pois ainda pode possuir bens para garantir a dívida. O que é fraude é a intenção de se desfazer de todos os bens para se tornar insolvente.
A fraude contra credor prejudica somente o credor, pois ocorre ainda antes da execução, enquanto que a fraude a execução prejudica também o Estado que tomará medidas para o pagamento da dívida.
Exemplo de fraude contra credor: simulação de venda (“laranjas”). Exemplo de fraude a execução: desvia o dinheiro da conta para não se constatar no BACENJUD.
Fraude contra credores
- Ação revocatória ou pauliana Para anular a alienação (negócio jurídico fraudulento), propõe a referida ação. Obtendo êxito, pede a penhora do bem alienado.
- Credores quirografários Possuidores de título executivo judicial e sem garantias reais. São credores com interesse em anular a alienação.
- Alienação dos bens ou renúncia a herança Medidas para se tornar insolvente.
Fraude a execução
- Atos ineficazes Não há necessidade de ação revocatória, podendo ser feita com uma simples petição ao juiz que se acolher, não anula e sim torna ineficazes os atos praticados.
- Inscrição em dívida ativa Em regra, nesta fraude já há execução. Porém, segundo o STJ, na execução fiscal, mesmo não existindo execução, há fraude na hipótese de alienação do bem sem reserva de outros suficientes para a garantia da execução ocorrer após a inscrição do débito em dívida ativa. Há fraude em fase administrativa.
- Alienação de bem impenhorável Não configura fraude a execução.
- Registro da penhora ou má-fé do terceiro adquirente Ingressando com a execução e pedindo a averbação no Registro de imóveis, se o devedor aliena o bem em penhora, seria fraude a execução, a venda é ineficaz, pois tanto o vendedor quanto o comprador tinham conhecimento da execução em tramitação.

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