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DIREITOS HUMANOS, 
MULTICULTURALISMO 
E CIDADANIA 
Unidade 3
Direitos humanos e 
Cidadania 
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ALESSANDRA FERREIRA
Gerente Editorial 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
DÉBORA PINHEIRO DE MATOS 
4 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Débora Pinheiro de Matos 
Olá! Com mais de 15 anos de experiência no Ensino 
Superior, tanto a distância quanto presencial, e com formação 
em Administração (Marketing e Propaganda), pós-graduação em 
Gestão Empresarial e Mestrado em Administração, posso dizer 
que sempre fui apaixonada por pesquisas em Administração, 
Comunicação e Educação. Acredito que a minha experiência 
e formação me permitem contribuir significativamente com 
considerações e insights na área de gestão e comunicação. Estou 
animada em compartilhar meu conhecimento e ajudar na sua 
jornada de estudo e trabalho. Não hesite em me procurar, estarei 
aqui para ajudar!
5DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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6 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Participação política e direitos humanos ............................. 11
Sufrágio universal e direitos humanos ..........................................................12
Representação política e a proteção dos direitos humanos ..................... 16
Accountability e direitos humanos ..................................................................20
Direitos humanos e desenvolvimento .................................. 23
O impacto do desenvolvimento tecnológico nos direitos humanos ........ 24
Desenvolvimento social, bens e serviços públicos como direitos 
humanos ..............................................................................................................28
Desenvolvimento humano e direitos humanos ...........................................32
Direitos humanos e educação ................................................ 37
Direito à Educação como direito humano ......................................................................38
Inclusão e direitos humanos na Educação ...................................................41
Educação para os direitos humanos .............................................................. 46
Direitos humanos e segurança pública ................................. 52
A proteção dos direitos humanos na segurança pública ........................... 53
Combate à violência e à criminalidade respeitando os direitos humanos ..........56
Reforma do sistema de segurança pública e direitos humanos............... 61
7DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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O
Você sabia que os direitos humanos e a cidadania estão 
intrinsecamente conectados e são pilares fundamentais para a 
construção de uma sociedade justa, inclusiva e equitativa? Se 
não, não se preocupe. Ao longo desta unidade letiva, você vai 
mergulhar neste universo!
Os direitos humanos são os direitos inerentes a todos os 
seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, 
etnia, língua, religião ou qualquer outra condição. Eles incluem o 
direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e expressão, o 
direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros.
Por outro lado, a cidadania é a condição de membro de 
uma comunidade política, como um país, que proporciona a 
possibilidade de participação na tomada de decisões, bem como 
o acesso a direitos e obrigações.
Mas como esses conceitos se relacionam? E como 
eles se manifestam em áreas como a participação política, 
o desenvolvimento, a educação e a segurança pública? É 
exatamente isso que vamos explorar nesta unidade. Convidamos 
você a embarcar nesta jornada de aprendizado e descoberta 
sobre direitos humanos e cidadania, e como eles moldam o 
nosso mundo.
Prepare-se, pois vamos aprofundar nosso entendimento 
sobre como essas esferas do nosso convívio social estão 
interligadas e como é fundamental que trabalhemos para 
fortalecer e proteger os direitos humanos e a cidadania em todas 
as suas dimensões. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva 
você vai mergulhar neste universo!
8 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Discernir sobre a relação entre a participação política e 
os direitos humanos, com ênfase no estudo do sufrágio, 
representação e accountability.
2. Contextualizar os direitos humanos no âmbito do 
desenvolvimento tecnológico, social e humano, bem 
como o acesso a bens e serviços públicos.
3. Relacionar os direitos humanos com o direito à 
educação, discernindo sobre a importância da inclusão 
e da equidade.
4. Associar os direitos humanos e a segurança pública, 
bem como a importância do combate à violência 
e à criminalidade de forma respeitosa aos direitos 
humanos.
9DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Participação política e 
direitos humanos
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz 
de entender como a participação política é 
fundamental para a garantia dos direitos humanos. 
Isso será essencial para o exercício de sua cidadania 
e profissão. As pessoas que tentaram engajar-
se politicamente sem a devida compreensão 
da importância dos direitos humanos tiveram 
dificuldades em promover mudanças efetivas e 
significativas. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Vamos lá. Avante!
A intersecção entre a participação política e os direitos 
humanos é um campo de estudo que assume importância 
crítica na sociedade contemporânea. A relação entre esses dois 
elementos é tão intrínseca que Bobbio, em sua obra “A era dos 
direitos” (1992), argumenta que a participação democrática 
tem como requisito essencial o reconhecimento dos direitos 
fundamentais. Isso sugere que a realização plena dos direitos 
humanos é impossível sem um ambiente político participativo 
e inclusivo. Da mesma forma, Ferraz Junior, em “Minorias, a 
democracia e a luta pela igualdade” (2016), realça a importância 
de uma participação política efetiva para garantir a proteção 
dos direitos das minorias. Portanto, nesta seção, nos propomos 
a explorar mais a fundo a complexa relação entre participação 
política e direitos humanos.
10 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Figura 1 – Participação política e direitos humanos
Fonte: Freepik / vectorjuice
Sufrágio universal e direitos 
humanos
O sufrágio universal representa um marco histórico 
fundamental para a democratização da participação política 
e a efetivação dos direitos humanos. Sua origem remonta 
aos movimentos reformistas que emergiram no contexto das 
revoluções burguesas do século XVIII e XIX, especialmente a 
Revolução Francesa.
A partir desse momento, as ideias de igualdade e 
soberania do povo começaram a se solidificar. No entanto, é 
importante ressaltar que a consolidação do sufrágio universal 
como o conhecemos atualmente foi um processo gradativo, com 
muitas lutas e resistências.
11DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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SAIBA MAIS
Sufrágio universal é um princípio fundamental 
na maioria das democracias modernas que 
garante que todos os cidadãos de um país, que 
atendam a certos requisitos mínimos de idade, 
tenham o direito de votar em eleições. O objetivo 
é proporcionar uma representação política 
igualitária, independentemente de fatores como 
gênero, raça, status econômico, religião ou classe 
social. Esse princípio é frequentemente associado à 
evolução dos direitos civis, pois, em muitos países, 
inicialmente o direito de votar era restringido a 
certospolicial, a formação adequada dos profissionais de segurança e a 
participação da sociedade na gestão da segurança pública.
O uso da força pelas autoridades, especialmente por 
parte da polícia, é um tema complexo e de grande relevância 
para a preservação dos direitos humanos. Este uso deve ser 
proporcional e necessário, considerando sempre o respeito à 
dignidade humana e aos princípios da legalidade, necessidade, 
proporcionalidade e humanidade.
Para Figueiredo (2011), o uso da força deve ser o 
último recurso das autoridades, sendo aplicado apenas 
quando estritamente necessário e na medida requerida para 
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o cumprimento da lei. Isso significa que a polícia deve sempre 
optar pelos meios menos lesivos para resolver uma situação, 
evitando o uso de força excessiva ou desnecessária.
Além disso, é fundamental salientar que a tortura 
e outros tratamentos ou punições cruéis, desumanas ou 
degradantes são absolutamente proibidos, independentemente 
das circunstâncias. Conforme afirma Cançado Trindade (2005), 
a proibição da tortura é uma norma de jus cogens, ou seja, uma 
norma imperativa de direito internacional, da qual nenhum 
Estado pode se desviar.
Nesse contexto, a formação e capacitação dos profissionais 
de segurança pública tornam-se essenciais. Segundo Soares 
(2006), “é preciso garantir uma formação adequada e contínua 
para os policiais, que inclua a educação em direitos humanos e 
o respeito aos princípios do uso proporcional e necessário da 
força”.
Portanto, o uso proporcional e necessário da força pelas 
autoridades, bem como a proibição absoluta de tortura e outros 
tratamentos ou punições cruéis, desumanas ou degradantes, são 
aspectos fundamentais para a garantia dos direitos humanos no 
contexto da segurança pública.
As instituições desempenham um papel fundamental na 
proteção dos direitos humanos, particularmente no contexto 
da segurança pública. Este papel pode ser observado desde 
a formação e sensibilização dos agentes de segurança, até a 
atuação dos órgãos de controle e fiscalização.
A formação e sensibilização dos agentes de segurança é 
uma etapa crucial para garantir o respeito aos direitos humanos. 
De acordo com Loureiro (2018), a educação em direitos humanos 
deve ser uma componente central na formação dos agentes de 
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segurança, para que eles possam compreender e respeitar os 
direitos e liberdades das pessoas.
Além disso, a atuação dos órgãos de controle e 
fiscalização é essencial para garantir a responsabilização por 
violações dos direitos humanos. De acordo com Santos (2010), os 
órgãos de controle e fiscalização devem ter o poder e os recursos 
necessários para investigar denúncias de violações de direitos 
humanos e para responsabilizar os infratores.
Diante disso, as instituições de justiça, como o Ministério 
Público e o Poder Judiciário, também têm um papel importante a 
desempenhar. Segundo Pinheiro (2006), o sistema de justiça deve 
ser acessível e efetivo, para garantir que as vítimas de violações 
de direitos humanos possam obter reparação e justiça.
Portanto, as instituições têm um papel crucial na proteção 
dos direitos humanos, desde a formação e sensibilização dos 
agentes de segurança, até a atuação dos órgãos de controle e 
fiscalização e a garantia de acesso à justiça para as vítimas de 
violações de direitos humanos.
Combate à violência e à 
criminalidade respeitando os 
direitos humanos
O combate à violência e à criminalidade é uma questão 
essencial para a manutenção da ordem pública e a garantia da 
segurança dos cidadãos. No entanto, é fundamental que estas 
ações respeitem e promovam os direitos humanos.
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Um exemplo de estratégia que respeita os direitos 
humanos é a prevenção da criminalidade por meio de políticas 
públicas integradas. Segundo Misse (2006), é necessário adotar 
uma abordagem de prevenção à criminalidade que considere 
as múltiplas causas da violência e envolva diferentes setores da 
sociedade, como educação, saúde, assistência social, trabalho, 
cultura e esporte.
Além disso, a implementação de programas de 
policiamento comunitário pode promover uma maior 
aproximação entre a polícia e a comunidade, favorecendo 
a resolução pacífica de conflitos e a promoção dos direitos 
humanos. Para Raupp (2012), o policiamento comunitário pode 
contribuir para a construção de uma relação de confiança e 
cooperação entre a polícia e a comunidade, baseada no respeito 
mútuo e na defesa dos direitos humanos.
Outra estratégia importante é a reforma do sistema penal, 
visando à garantia do devido processo legal, à humanização 
das penas e à ressocialização dos presos. Segundo Zaffaroni 
(2007), a reforma do sistema penal deve buscar a garantia dos 
direitos dos acusados, a diminuição da superlotação carcerária e 
a implementação de políticas de ressocialização que respeitem a 
dignidade da pessoa humana.
Portanto, é possível combater a violência e a criminalidade 
de maneira que se respeite e promova os direitos humanos. Isto 
pode ser alcançado através de estratégias como a prevenção 
da criminalidade, o policiamento comunitário e a reforma do 
sistema penal.
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A implementação de políticas públicas baseadas em 
evidências e direitos humanos é fundamental para o combate 
efetivo à violência e à criminalidade. Tais políticas devem ser 
embasadas em dados concretos e na compreensão profunda do 
contexto em que são aplicadas, sempre respeitando os princípios 
e normas dos direitos humanos.
Para Santos (2013), as políticas públicas devem ser 
baseadas em evidências, ou seja, em dados e pesquisas 
científicas que comprovem sua eficácia e adequação ao contexto. 
Isso implica em uma análise cuidadosa e sistemática das causas 
e características da violência e da criminalidade, bem como da 
avaliação constante dos resultados obtidos.
A prevenção da violência é um elemento central destas 
políticas. Segundo Waiselfisz (2015), a prevenção da violência 
deve ser a principal estratégia de combate à criminalidade, 
envolvendo ações em diversas áreas, como educação, saúde, 
assistência social, trabalho e cultura.
Por último, a justiça restaurativa surge como uma 
alternativa importante ao sistema punitivo tradicional. De acordo 
com Souza (2019), a justiça restaurativa tem como objetivo 
reparar o dano causado pelo crime, restaurar as relações sociais 
afetadas e reintegrar o infrator à comunidade, por meio de 
processos participativos que envolvem o infrator, a vítima e a 
comunidade.
Portanto, a implementação de políticas públicas baseadas 
em evidências e direitos humanos, a prevenção da violência e 
a justiça restaurativa são estratégias essenciais para o combate 
à violência e à criminalidade, que respeitam e promovem os 
direitos humanos.
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EXEMPLO: veja a seguir, exemplos de implementação 
de políticas públicas baseadas em evidências e direitos 
humanos:
Políticas de saúde pública baseadas em evidências:
• Implementação de campanhas de vacinação com base 
em estudos científicos que demonstram a eficácia e 
segurança das vacinas para prevenir doenças.
• Desenvolvimento de políticas de prevenção e controle 
de doenças, como programas de educação em saúde e 
distribuição de preservativos, com base em pesquisas 
que comprovam sua efetividade na redução de doenças 
sexualmente transmissíveis.
• Investimento em programas de prevenção de doenças 
crônicas, como tabagismo e obesidade, com base em 
evidências sobre os fatores de risco e os impactos 
dessas doenças na saúde da população.
Políticas de educação baseadas em evidências:
• Implementação de programas de intervenção precoce 
em educação infantil, com base em pesquisas que 
mostram os benefícios de um desenvolvimentoeducacional adequado nos primeiros anos de vida.
• Utilização de abordagens pedagógicas baseadas 
em evidências, como o uso de métodos de ensino 
eficazes e estratégias de avaliação formativa, que são 
comprovadamente mais efetivos na promoção da 
aprendizagem dos alunos.
• Investimento em programas de educação profissional e 
técnica, com base em pesquisas sobre as necessidades 
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do mercado de trabalho e a demanda por habilidades 
específicas.
Políticas de direitos humanos baseadas em evidências:
• Implementação de políticas de igualdade de gênero e 
combate à violência doméstica, com base em estudos 
que evidenciam a prevalência dessas questões e seus 
impactos na sociedade.
• Desenvolvimento de políticas de inclusão e promoção 
da diversidade, baseadas em pesquisas sobre 
discriminação e exclusão social de grupos minoritários.
• Elaboração de políticas de proteção dos direitos das 
crianças, como a proibição do trabalho infantil e a 
garantia de acesso à educação de qualidade, com base 
em evidências sobre os efeitos negativos do trabalho 
infantil e a importância da educação na infância para o 
desenvolvimento pleno dos indivíduos.
Esses são apenas alguns exemplos, mas ilustram como 
a implementação de políticas públicas embasadas em 
evidências e direitos humanos pode contribuir para a 
melhoria das condições de vida da população e promover 
uma sociedade mais justa e igualitária.
É imprescindível enfatizar a necessidade de medidas es-
pecíficas para proteger grupos vulneráveis. Crianças, adolescen-
tes, mulheres, população LGBTQIA+, entre outros, muitas vezes 
enfrentam situações de vulnerabilidade que os tornam mais sus-
ceptíveis à violência e à violação de seus direitos.
A proteção de crianças e adolescentes, por exemplo, 
é fundamental para a garantia dos seus direitos. De acordo 
com Soares (2015), é essencial que haja políticas públicas 
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direcionadas especificamente para a proteção das crianças e 
dos adolescentes, que considerem a sua condição peculiar de 
pessoas em desenvolvimento e a necessidade de garantir a sua 
prioridade absoluta, como estabelece o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA).
Mulheres também são frequentemente vítimas de 
violência, em especial a violência doméstica e o feminicídio. 
Para Souza (2018), é preciso implementar políticas de prevenção 
e combate à violência contra a mulher, bem como garantir a 
efetivação da Lei Maria da Penha e dos mecanismos de proteção 
à mulher.
Já a população LGBTQIA+ enfrenta discriminação e 
violência devido à sua orientação sexual e identidade de gênero. 
Segundo Silva (2016), é necessário promover políticas de combate 
à homofobia e à transfobia, e garantir os direitos das pessoas 
LGBTQIA+ à igualdade e à não discriminação.
Portanto, é fundamental implementar medidas específi-
cas para proteger esses grupos vulneráveis, respeitando e pro-
movendo seus direitos humanos.
Reforma do sistema de segurança 
pública e direitos humanos
A segurança pública é um dos pilares essenciais para 
o pleno exercício da cidadania e dos direitos humanos. Neste 
sentido, reformas nessa área são imprescindíveis para assegurar 
que os direitos humanos sejam respeitados e protegidos.
Primeiramente, é fundamental que se adote uma 
abordagem de segurança cidadã, que enfatize a proteção dos 
direitos dos cidadãos e a prevenção da violência. De acordo com 
Pinheiro (2006), a segurança cidadã parte do princípio de que 
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a segurança é um direito de todos e uma responsabilidade do 
Estado, e que deve ser garantida através de políticas de prevenção 
da violência e de promoção dos direitos humanos.
Além disso, é necessário investir na formação e na 
capacitação dos agentes de segurança para que atuem em 
conformidade com os princípios e normas dos direitos humanos. 
Segundo Ribeiro (2010), a formação e a capacitação dos agentes 
de segurança são fundamentais para que eles possam atuar de 
forma respeitosa aos direitos humanos, evitando o uso excessivo 
da força e garantindo o tratamento digno a todos.
Por último, as instituições de segurança pública devem 
ser submetidas a mecanismos efetivos de controle e de 
responsabilização. Conforme Silva (2014), é preciso garantir a 
transparência e a accountability das instituições de segurança 
pública, por meio de órgãos de controle interno e externo, para 
evitar a impunidade e garantir a proteção dos direitos humanos.
EXEMPLO: observe alguns exemplos de como as institui-
ções de segurança pública podem ser submetidas a meca-
nismos efetivos de controle e responsabilização:
Obrigatoriedade de registro de ocorrências e transpa-
rência:
• Exigir que as instituições de segurança pública regis-
trem todas as ocorrências de maneira precisa e com-
pleta, incluindo informações sobre as partes envolvi-
das, ações tomadas e resultados.
• Garantir que essas informações sejam disponibilizadas 
ao público de forma acessível, promovendo a transpa-
rência das ações da instituição.
61DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Mecanismos de investigação independente:
• Estabelecer agências ou órgãos independentes respon-
sáveis pela investigação de denúncias de violações de 
direitos humanos e abusos cometidos por agentes de 
segurança.
• Esses órgãos devem ter autoridade e recursos adequa-
dos para conduzir investigações imparciais e justas, ga-
rantindo a responsabilização dos envolvidos.
Prestação de contas e supervisão externa:
• Instituir mecanismos de supervisão externa, como ou-
vidorias, comissões de direitos humanos ou conselhos 
independentes, para monitorar as atividades das insti-
tuições de segurança pública.
• Esses mecanismos devem ter poderes para receber de-
núncias, realizar investigações, emitir recomendações 
e relatórios, além de estabelecer canais de comunica-
ção direta com a comunidade.
Treinamento e padrões éticos:
• Garantir que os agentes de segurança pública recebam 
treinamento adequado sobre direitos humanos, ética 
profissional, uso adequado da força e aplicação da lei.
• Estabelecer padrões claros de conduta profissional 
e responsabilização, enfatizando a necessidade de 
respeitar os direitos fundamentais dos cidadãos em 
todas as circunstâncias.
Participação da sociedade civil:
• Promover a participação ativa da sociedade civil na 
definição de políticas e práticas de segurança pública, 
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por meio de consultas públicas, fóruns de diálogo e 
parcerias com organizações não governamentais.
• Incentivar a denúncia de abusos por parte dos cidadãos 
e fornecer canais seguros e confidenciais para que 
possam reportar violações.
Esses exemplos visam garantir que as instituições de 
segurança pública sejam responsabilizadas por suas ações, 
promovendo a transparência, a justiça e o respeito aos 
direitos humanos. A implementação desses mecanismos 
contribui para fortalecer a confiança da população nas 
instituições de segurança e para evitar abusos de poder.
Portanto, é essencial que sejam realizadas reformas na 
segurança pública para garantir a proteção dos direitos humanos, 
através da adoção de uma abordagem de segurança cidadã, da 
formação e capacitação dos agentes de segurança e do controle 
e responsabilização das instituições de segurança pública.
Examinar propostas de desmilitarização da polícia, 
transparência e prestação de contas, assim como a importância 
da participação comunitária na segurança pública, é crucial para 
uma reforma efetiva dos sistemas de segurança pública.
A desmilitarização da polícia é uma proposta que vem 
ganhando força. De acordo com Batista (2015), A desmilitarização 
da polícia envolve a transição de uma estrutura de segurança 
voltada para o combate a uma estrutura voltada para a proteção 
dos cidadãos e de seus direitos.Esta mudança de paradigma é 
essencial para uma abordagem de segurança que respeite os 
direitos humanos.
A transparência e a prestação de contas são também 
fundamentais. Segundo Souza (2017), A transparência nas 
atividades de segurança pública e a prestação de contas por 
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parte das forças de segurança são elementos chave para a 
construção da confiança da população nas instituições e para a 
prevenção de abusos de poder. A transparência e a prestação 
de contas, portanto, ajudam a garantir que a segurança pública 
esteja alinhada com os princípios dos direitos humanos.
Por último, a participação comunitária é um elemento 
essencial para a segurança pública. Conforme Siqueira (2019), 
A participação comunitária permite que os cidadãos participem 
ativamente na definição das políticas de segurança, garantindo 
que estas atendam às necessidades específicas de suas 
comunidades e promovam o respeito aos direitos humanos”. 
Portanto, a participação comunitária na segurança pública é 
fundamental para uma abordagem inclusiva e democrática.
O combate à impunidade e a garantia da justiça para as 
vítimas de violações de direitos humanos são aspectos funda-
mentais para a consolidação de uma sociedade democrática e 
justa. Nesse contexto, é primordial discutir as medidas necessá-
rias para atingir tais objetivos.
Primeiramente, é preciso ressaltar a importância da 
responsabilização dos autores de violações de direitos humanos. 
Conforme aponta Araújo (2011), a impunidade contribui para a 
perpetuação das violações de direitos humanos, pois gera um 
sentimento de invulnerabilidade entre os perpetradores e de 
desconfiança na justiça por parte das vítimas e da sociedade em 
geral. Portanto, é essencial que haja mecanismos eficazes de 
investigação e punição para tais crimes.
Ademais, é crucial garantir a reparação às vítimas de 
violações de direitos humanos. Segundo Santos (2015), “a 
reparação às vítimas de violações de direitos humanos é uma 
obrigação do Estado e um direito das vítimas, e envolve medidas 
de restituição, indenização, reabilitação, satisfação e garantias de 
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não repetição”. Assim, a justiça para as vítimas é uma questão de 
respeito aos seus direitos e de construção da memória coletiva.
Por fim, a luta contra a impunidade e pela justiça para 
as vítimas de violações de direitos humanos também passa 
pela reforma do sistema de justiça. Conforme destaca Ferreira 
(2018), é preciso garantir a independência, a imparcialidade e a 
eficiência do sistema de justiça, bem como a acessibilidade e a 
transparência, para que ele possa cumprir seu papel de garantir 
a justiça e os direitos humanos.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Neste capítulo, refletimos sobre a 
conexão entre os direitos humanos e a segurança 
pública. Discutimos a importância de proteger os 
direitos humanos no contexto da segurança pú-
blica, falando sobre questões complexas como o 
uso proporcional da força, a prevenção da tortura 
e o combate ao tratamento cruel ou desumano. 
Analisamos também estratégias para combater a 
violência e a criminalidade que respeitem e promo-
vam os direitos humanos, discutindo a importância 
de abordagens orientadas à comunidade e a ne-
cessidade de evitar ações de segurança excessiva-
mente agressivas ou discriminatórias. Concluímos 
com um debate sobre a necessidade de reformas 
no sistema de segurança pública para garantir a 
proteção dos direitos humanos, falando de pro-
postas como a desmilitarização e a promoção da 
transparência e responsabilidade no sistema de 
justiça criminal.
65DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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AÇÃO Educativa. Educação em direitos humanos em Escolas: 
experiências brasileiras. São Paulo: Ação Educativa, 2015.
ALSTON, P. Report of the Special Rapporteur on extreme poverty 
and human rights. New York: United Nations, 2015.
AMORIM, H. S. Educação inclusiva: desafios da formação e da 
prática pedagógica. Florianópolis: Editora UFSC, 2015.
ARANHA, M. S. F. Direitos humanos na educação: uma proposta 
pedagógica. São Paulo: Moderna, 2001.
ARAÚJO, N. A. Impunidade e direitos humanos: desafios à justiça 
brasileira. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011.
BATISTA, C.A.M. Inclusão na educação: desafios e perspectivas. 
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	Participação Política e Direitos Humanos
	Sufrágio Universal e Direitos Humanos
	Representação política e a proteção dos Direitos Humanos
	Accountability e Direitos Humanos
	Direitos Humanos e desenvolvimento
	O impacto do desenvolvimento tecnológico nos Direitos Humanos
	Desenvolvimento social, bens e serviços públicos como Direitos Humanos
	Desenvolvimento humano e Direitos Humanos
	Direitos Humanos e educação
	Direito à Educação como 
Direito Humano
	Inclusão e Direitos Humanos na Educação
	Educação para os Direitos Humanos
	Direitos Humanos e 
Segurança Pública
	A proteção dos Direitos Humanos na Segurança Pública
	Combate à Violência e à Criminalidade Respeitando os Direitos Humanos
	Reforma do sistema de Segurança Pública e Direitos Humanosgrupos, como homens ricos. Com o tempo, o 
sufrágio foi se tornando mais inclusivo, por meio do 
sufrágio universal, incluindo grupos historicamente 
excluídos, como mulheres e minorias étnicas. Deve-
se notar, no entanto, que o termo “universal” não 
significa necessariamente que todas as pessoas 
podem votar. Existem ainda algumas restrições 
comuns, como idade mínima (geralmente 18 anos) 
e, em alguns casos, capacidade mental ou status de 
condenação criminal.
O filósofo Norberto Bobbio, em sua obra “A era dos 
direitos” (1992), destaca a evolução do conceito de sufrágio, que 
inicialmente era restrito e baseado em critérios de propriedade 
e renda, para uma visão mais ampla, inclusiva e igualitária. 
Bobbio (1992) afirma que, para a formação de uma sociedade 
democrática, o sufrágio universal é fundamental, pois representa 
a abertura para uma era de direitos civis e políticos.
José Joaquim Gomes Canotilho, em seu livro “Direito 
Constitucional e Teoria da Constituição” (2003), faz uma análise 
importante da constituição portuguesa de 1822, que já trazia a 
ideia de sufrágio, mesmo que ainda não universal. Ainda assim, 
esse marco significativo na história portuguesa é uma evidência 
clara da evolução do conceito de sufrágio. Como destaca 
12 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Canotilho (2003), a consagração do sufrágio como um direito é 
um passo fundamental na direção de uma democracia plena.
Entretanto, a implementação do sufrágio universal não 
se deu simultaneamente em todos os países, e as lutas pelos 
direitos de votos para mulheres, minorias étnicas e outras classes 
sociais desfavorecidas foram e ainda são parte integrante desse 
processo. As consequências dessas lutas são vistas no avanço dos 
direitos humanos e na consolidação das democracias modernas.
Assim, é possível perceber que a origem e a evolução do 
sufrágio universal são inseparáveis do contexto histórico e das 
lutas sociais de cada período. O sufrágio universal é, portanto, 
não apenas um mecanismo de participação política, mas 
também uma expressão do progresso dos direitos humanos ao 
longo da história.
O voto é um dos mecanismos mais poderosos para o 
empoderamento de comunidades marginalizadas. Por meio dele, 
grupos que tradicionalmente têm sido excluídos do processo 
político têm a oportunidade de participar na tomada de decisões 
e influenciar as políticas que afetam diretamente suas vidas.
No livro “Direitos humanos e o Direito Constitucional 
Internacional”, a autora Flávia Piovesan (2009) discute como o voto 
tem um papel crucial no empoderamento dessas comunidades. 
Ela afirma que o voto permite que as comunidades marginalizadas 
se tornem agentes de sua própria mudança, ao invés de meros 
destinatários de políticas top-down. Por intermédio do voto, tais 
comunidades podem influenciar a agenda política e assegurar 
que suas necessidades e interesses sejam atendidos.
Ferraz Junior (2016) também destaca a importância do 
voto para o empoderamento de comunidades marginalizadas. 
Para o autor, o voto é uma ferramenta poderosa para a inclusão 
13DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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social e política, permitindo que as minorias tenham uma voz na 
política e contribuam para a formação de uma sociedade mais 
justa e equitativa.
Além disso, o voto também permite a representação 
desses grupos nas instâncias de poder, o que é fundamental para 
garantir a efetivação de seus direitos. Como destaca Piovesan 
(2009), sem representação, a igualdade formal perde seu sentido, 
pois a participação política é uma condição indispensável para o 
pleno exercício da cidadania.
Contudo, é importante mencionar que a simples 
possibilidade de votar não garante o empoderamento das 
comunidades marginalizadas. A participação política efetiva 
requer que esses grupos tenham acesso à informação de 
qualidade, para que possam fazer escolhas informadas, e também 
que existam mecanismos para garantir a representatividade 
desses grupos no sistema político.
Portanto, o voto é um instrumento fundamental para o 
empoderamento de comunidades marginalizadas, mas ele deve 
ser complementado por outras estratégias de inclusão social e 
política para que esses grupos possam exercer plenamente seus 
direitos e participar ativamente na construção de uma sociedade 
mais justa e inclusiva.
A negação do sufrágio representa uma grave violação 
aos direitos humanos e compromete seriamente a saúde das 
democracias. O direito ao voto é um pilar fundamental da 
participação política e, consequentemente, da democracia, 
proporcionando às pessoas a oportunidade de influenciar as 
decisões que afetam suas vidas e comunidades.
Bobbio (1992) afirma que a democracia perde sua essência 
quando o direito ao voto é negado a uma parcela da população. 
14 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Essa negação pode ocorrer de diversas maneiras, seja por meio 
de leis que limitam o sufrágio a determinados grupos, seja por 
meio de práticas de exclusão ou desencorajamento do voto.
A negação do sufrágio prejudica a efetivação dos 
direitos humanos ao negar o direito à participação política, 
que é considerado um direito humano fundamental. Segundo 
Canotilho (2003), o direito ao sufrágio é um dos direitos humanos 
fundamentais, pois é por meio dele que as pessoas podem 
influenciar a formação do governo e a elaboração das leis que 
irão reger suas vidas.
Ademais, a negação do sufrágio tem impactos diretos na 
saúde das democracias, pois compromete um dos seus principais 
princípios: a soberania popular. A democracia só é plena quando 
todos os cidadãos têm a oportunidade de participar ativamente na 
vida política do país, exercendo seu direito de voto. Quando esse 
direito é negado, a democracia é enfraquecida e a legitimidade 
do governo é posta em causa.
Representação política e a 
proteção dos direitos humanos
A diversidade e a representatividade na política são fun-
damentais para a construção de uma sociedade democrática, 
justa e igualitária. Esses conceitos contribuem para o fortale-
cimento da democracia, a promoção dos direitos humanos e a 
construção de políticas públicas que atendam às necessidades 
de todos os membros da sociedade.
Na política, a diversidade refere-se à inclusão de pessoas 
de diferentes origens, experiências e perspectivas. Isso inclui, mas 
não se limita a diversidade de gênero, raça, etnia, religião, idade, 
orientação sexual, habilidade física e origem socioeconômica. De 
15DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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acordo Ferraz Junior (2016), a diversidade na política enriquece 
o debate público, contribui para a tomada de decisões mais 
informadas e favorece a inclusão e a justiça social.
A representatividade, por sua vez, diz respeito à presença 
e participação de diferentes grupos na política, garantindo que 
suas vozes sejam ouvidas e suas necessidades consideradas 
na formulação de políticas públicas. Segundo Canclini (2000), a 
representatividade política é um elemento-chave para garantir 
que todas as pessoas, independentemente de suas características 
ou origens, tenham suas demandas e interesses considerados 
no processo político.
É importante ressaltar que diversidade e representati-
vidade na política não são apenas questões de justiça social, 
mas também elementos essenciais para a eficácia das políticas 
públicas. Como afirma Piovesan (2009), políticas públicas efica-
zes requerem a inclusão e a participação de todos os setores da 
sociedade, garantindo que sejam consideradas as necessidades 
e experiências de todos, e não apenas de alguns grupos privi-
legiados.
Portanto, a diversidade e a representatividade na polí-
tica são vitais para a promoção dos direitos humanos, o forta-
lecimento da democracia e a efetividade das políticas públicas. 
Garantir a presença e a participação de todos na política é uma 
responsabilidade de todos nós, como cidadãos comprometidos 
com a construção deuma sociedade mais justa e igualitária.
A representação política desempenha um papel funda-
mental na formulação de políticas públicas sensíveis aos direitos 
humanos. De fato, é por meio da representação política que os 
diversos setores da sociedade têm a oportunidade de influenciar 
o processo de elaboração de políticas públicas, assegurando que 
seus interesses e necessidades sejam considerados.
16 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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A representação política efetiva é aquela que reflete a 
diversidade da sociedade, permitindo que as diversas vozes 
e perspectivas sejam ouvidas e consideradas no processo 
de tomada de decisões (CANOTILHO, 2003). Nesse sentido, a 
representação política é essencial para garantir que as políticas 
públicas sejam justas, inclusivas e sensíveis aos direitos humanos.
Como destacado por Bobbio (1992), sem uma 
representação política adequada, certos grupos podem ser 
marginalizados ou ignorados no processo de formulação de 
políticas, resultando em políticas que não atendem as suas 
necessidades ou violam seus direitos. Isso ilustra a importância 
da representação política na promoção e proteção dos direitos 
humanos.
Além disso, políticas públicas sensíveis aos direitos hu-
manos são aquelas que levam em consideração as necessidades 
e direitos de todos os membros da sociedade, independente-
mente de sua origem, gênero, raça, religião, orientação sexual 
ou qualquer outra característica. Conforme observado por Flávia 
Piovesan (2009), políticas públicas que são sensíveis aos direitos 
humanos são aquelas que promovem a igualdade, a inclusão e a 
justiça social.
Portanto, a representação política é de suma importância 
para a formulação de políticas públicas sensíveis aos direitos 
humanos. Ela garante que todas as vozes sejam ouvidas, que 
todas as necessidades sejam consideradas e que os direitos 
humanos de todos sejam respeitados e promovidos.
Existem vários exemplos ao redor do mundo que ilustram 
a importância da representação política na elaboração de leis e 
políticas. A representação política efetiva pode levar à criação de 
leis e políticas que abordam de maneira eficaz as necessidades e 
os direitos dos diversos setores da sociedade.
17DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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EXEMPLO: um exemplo marcante vem da Dinamarca, onde 
a representação política equitativa dos gêneros influenciou 
a legislação para a igualdade de gênero. Graças à presença 
de um número significativo de mulheres na política, o país 
conseguiu aprovar uma lei abrangente para promover a 
igualdade de gêneros no trabalho, na educação e na vida 
pública (KROOK, 2010).
No Brasil, o movimento feminista, representado por mulheres 
na política, desempenhou um papel crucial na promulgação da Lei 
Maria da Penha (Lei n.º 11.340, de 7 de agosto de 2006). Essa lei trouxe 
avanços significativos na proteção de mulheres contra a violência 
doméstica, demonstrando como a representação política pode 
influenciar diretamente na criação de leis e políticas que protegem 
os direitos humanos (SARDENBERG, 2017).
A representação política das comunidades indígenas no 
Canadá também tem sido influente na elaboração de políticas 
relacionadas à terra e aos direitos culturais dos povos indígenas. A 
presença de representantes indígenas no parlamento canadense 
contribuiu para a aprovação de políticas de proteção dos direitos 
territoriais e culturais dessas comunidades (LIGHTMAN, 2019).
Esses exemplos mostram como a representação política 
é essencial para assegurar que as políticas públicas e as leis 
reflitam a diversidade de necessidades e de direitos dentro de 
uma sociedade. Isso reforça a ideia de que a representação 
política é um instrumento crucial para promover e proteger os 
direitos humanos.
18 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Accountability e direitos humanos
A accountability, também conhecida como responsabili-
zação ou prestação de contas, é um princípio fundamental na 
política e na governança democrática. Ela é definida como a obri-
gação dos detentores de poder de responder por suas ações e 
decisões perante a sociedade (O’DONNELL, 1998).
A accountability possui uma função importante no 
processo democrático, pois é por meio dela que os cidadãos 
podem avaliar o desempenho de seus representantes e tomar 
decisões informadas nas urnas. Além disso, a prestação de 
contas contribui para a transparência e a integridade dos 
processos políticos, limitando a corrupção e o abuso de poder 
(MAINWARING, 2003).
A relação entre accountability e direitos humanos é 
fundamental. Sem a devida prestação de contas, os abusos de 
poder e as violações dos direitos humanos podem ocorrer sem 
repercussões. Quando as autoridades são responsabilizadas por 
suas ações, existe uma maior probabilidade de que as políticas e 
as ações governamentais estejam alinhadas com o respeito e a 
promoção dos direitos humanos (SCHEDLER, 1999).
De acordo com Canotilho (2003), o Estado Democrático 
de Direito se baseia, entre outros princípios, na accountability. 
Dessa forma, para garantir o respeito aos direitos humanos, é 
necessário que exista uma efetiva prestação de contas por parte 
das autoridades e dos poderes públicos.
Os órgãos de controle e fiscalização desempenham 
um papel crucial na garantia da accountability e no bom 
funcionamento de um Estado democrático. Eles servem como 
um meio de responsabilizar os detentores de poder público por 
suas ações, garantindo que eles atuem no melhor interesse da 
sociedade (O’DONNELL, 1998).
19DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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A efetividade desses órgãos é fundamental para a 
garantia da accountability. No Brasil, por exemplo, existem várias 
instituições responsáveis por essa fiscalização, como o Tribunal 
de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU) e 
o Ministério Público. Essas entidades têm a função de monitorar 
as ações do poder público, assegurando a correta aplicação 
dos recursos públicos e a legalidade dos atos administrativos 
(SANTOS, 2002).
A presença de órgãos de controle e fiscalização é vital 
para a proteção dos direitos humanos, pois eles ajudam a evitar 
e a responsabilizar violações desses direitos. Por exemplo, eles 
podem investigar e sancionar abusos de poder e corrupção, que 
são condutas que podem prejudicar o acesso e a fruição dos 
direitos humanos pela população (SANTOS, 2002).
Porém, a existência desses órgãos não é suficiente 
por si só. Eles precisam ter independência, imparcialidade, 
recursos adequados e competência para realizar suas funções 
efetivamente. Além disso, a população precisa ter acesso a 
informações sobre suas atividades e decisões, garantindo a 
transparência no processo (MAINWARING, 2003).
A relação entre corrupção, falta de accountability e 
violações dos direitos humanos é intrínseca e complexa. A 
corrupção, caracterizada pelo abuso de poder para benefício 
próprio, mina a efetividade da accountability, que é a obrigação 
de prestar contas e ser responsabilizado pelas ações e decisões 
tomadas (ROSE-ACKERMAN, 1999).
A corrupção, frequentemente, resulta na alocação 
ineficiente de recursos, deterioração da infraestrutura e serviços 
públicos, exacerbando as desigualdades sociais e econômicas 
(GUPTA et al., 2002). Em outras palavras, a corrupção prejudica o 
acesso aos direitos econômicos, sociais e culturais, fundamentais 
para a vida digna, como saúde, educação e trabalho.
20 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Além disso, a falta de accountability e a corrupção 
contribuem para um ambiente onde as violações dos direitos 
humanos podem ocorrer sem impunidade. Por exemplo, a 
corrupção no sistema de justiça pode impedir o acesso à justiça e 
negar a vítimas de violações de direitos humanos a possibilidade 
de reparação (KHAN, 2006).
Portanto, a presença de corrupção e a falta de 
accountability podem enfraquecer os mecanismosde proteção 
aos direitos humanos e, consequentemente, facilitar suas 
violações. É fundamental, portanto, fortalecer os sistemas de 
accountability e combater a corrupção como parte das estratégias 
de promoção e proteção dos direitos humanos (TRANSPARÊNCIA 
INTERNACIONAL, 2006).
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Neste capítulo, destrinchamos 
a ligação entre a participação política e os direi-
tos humanos. Começamos explorando o sufrágio 
universal como um direito humano fundamental, 
discutindo a importância do voto na promoção da 
democracia e na proteção dos direitos humanos. 
Refletimos sobre casos em que a negação ou a li-
mitação do sufrágio pode resultar na violação dos 
direitos humanos. Depois, enfocamos a represen-
tação política, discutindo como ela pode ser uma 
ferramenta crucial para a proteção dos direitos hu-
manos e o estabelecimento de leis justas e inclu-
sivas. Encerramos falando de accountability, real-
çando a importância de um governo transparente 
e responsável, discutindo como a falta de respon-
sabilização pode levar à corrupção e à impunidade, 
prejudicando a proteção dos direitos humanos.
21DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Direitos humanos e 
desenvolvimento
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz 
de entender como os direitos humanos estão 
intrinsecamente ligados ao desenvolvimento 
tecnológico, social e humano. Esse conhecimento 
será fundamental para que você possa atuar 
de maneira consciente e informada em sua 
profissão. As pessoas que tentaram abordar o 
desenvolvimento sem levar em consideração os 
direitos humanos frequentemente enfrentaram 
problemas de injustiça e desigualdade. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? 
Vamos lá. Avante!
O papel dos direitos humanos no contexto do 
desenvolvimento é uma questão que tem sido cada vez mais 
debatida. Em “Direitos humanos e o Direito Constitucional 
Internacional” (2009), Piovesan argumenta que os direitos 
humanos e o desenvolvimento são conceitos interdependentes. 
Assim, ao passo que o desenvolvimento pode promover a 
realização dos direitos humanos, a violação desses direitos pode, 
por sua vez, limitar o desenvolvimento. Canclini, em “Culturas 
híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade” (2000), 
discute como o desenvolvimento também pode trazer desafios 
culturais e sociais que impactam os direitos humanos. Nesta 
seção, vamos explorar como o desenvolvimento pode tanto 
promover quanto comprometer os direitos humanos.
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Figura 2 – Direitos humanos e desenvolvimento
Fonte: Freepik / vectorjuice
O impacto do desenvolvimento 
tecnológico nos direitos humanos
O desenvolvimento tecnológico tem um impacto 
significativo sobre os direitos humanos, resultando em 
oportunidades, mas também em desafios (ALSTON, 2015). 
As tecnologias digitais têm potencial para ampliar o acesso a 
direitos humanos, como o direito à informação, liberdade de 
expressão e participação na vida cultural. No entanto, a rápida 
expansão tecnológica também levanta questões significativas 
sobre privacidade, segurança e igualdade (LYNSKEY, 2015).
23DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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DEFINIÇÃO
Privacidade – privacidade é o direito de manter as 
informações pessoais longe do escrutínio público, 
a menos que a pessoa decida compartilhá-las 
voluntariamente. Isso pode se referir a informações 
como detalhes pessoais, correspondência, registros 
de saúde, dados de localização, interações on-line, 
entre outros. Na era digital, a privacidade tornou-
se um tópico cada vez mais importante, à medida 
que os avanços tecnológicos tornam mais fácil 
coletar, armazenar e analisar grandes quantidades 
de dados pessoais.
Segurança – segurança refere-se à condição 
de estar protegido contra danos físicos ou 
psicológicos, ou a ações que possam levar a danos. 
No contexto social, a segurança pode se referir 
à garantia de direitos e proteções. No contexto 
tecnológico, a segurança, muitas vezes, se refere 
a medidas tomadas para proteger informações e 
sistemas contra acesso não autorizado, corrupção 
ou perda.
Igualdade – igualdade é o estado de ser igual em 
status, direitos ou oportunidades. É um princípio 
fundamental de muitas democracias e refere-se à 
garantia de direitos iguais para todos os cidadãos, 
independentemente de características como 
gênero, raça, religião, idade ou orientação sexual. 
A igualdade pode se referir tanto a oportunidades 
(garantindo que todos tenham as mesmas 
oportunidades de sucesso) quanto a resultados 
(garantindo que todos terminem em condições de 
igualdade).
A internet, por exemplo, tem sido uma ferramenta 
fundamental para a liberdade de expressão, permitindo a 
divulgação e a recepção de informações de uma maneira sem 
precedentes (CASTELLS, 2009). No entanto, a era digital também 
24 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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acarreta riscos de violações à privacidade e à proteção de dados 
pessoais, elementos essenciais ao conceito de dignidade humana 
(DONEDA, 2016).
Adicionalmente, o acesso à tecnologia ainda é desigual, 
gerando uma “divisão digital” que pode reforçar e agravar as 
desigualdades sociais e econômicas existentes (NORRIS, 2001). A 
exclusão digital pode limitar o acesso a direitos como educação, 
trabalho e participação política.
Além disso, tecnologias emergentes, como inteligência 
artificial, estão criando novos desafios para os direitos humanos, 
incluindo questões sobre justiça algorítmica, discriminação e 
transparência (MITTLESTADT et al., 2016).
Portanto, é crucial que os desenvolvimentos tecnológicos 
sejam moldados por princípios de direitos humanos, garantindo 
que a tecnologia seja usada para promover e proteger os direitos 
humanos, e não para violá-los.
Em um mundo cada vez mais digital, questões de 
privacidade, acesso à internet e a digitalização da informação 
se tornaram essenciais para o diálogo sobre direitos humanos 
(LYNSKEY, 2015). As implicações desses temas são amplas e 
complexas, trazendo consigo uma série de oportunidades e 
desafios (CASTELLS, 2009).
No que tange à privacidade, a crescente digitalização 
da informação levou a uma série de preocupações relativas à 
proteção de dados pessoais. Nesse sentido, Doneda (2016) salienta 
a importância da privacidade como um aspecto fundamental da 
dignidade humana na era digital. Com a quantidade massiva de 
dados pessoais sendo coletados, compartilhados e processados 
na internet, existe um risco iminente de violações à privacidade 
que pode resultar em danos significativos para os indivíduos.
25DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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O acesso à internet, por sua vez, está intrinsecamente 
relacionado à realização de direitos humanos no século XXI. 
Norris (2001) argumenta que a “divisão digital” – a disparidade 
no acesso à tecnologia da informação – pode reforçar as 
desigualdades socioeconômicas existentes. Dessa forma, o 
acesso à internet torna-se um direito humano fundamental, 
pois sem ele, indivíduos e comunidades podem ser privados do 
acesso à informação, educação e oportunidades econômicas.
A digitalização da informação tem transformado todos 
os aspectos da vida contemporânea. Castells (2009) argumenta 
que a capacidade de acessar, compartilhar e criar informação 
digital tem o poder de empoderar indivíduos e comunidades. No 
entanto, essa transformação também levanta questões sobre a 
segurança e a integridade das informações digitais.
A tecnologia digital trouxe inúmeros benefícios para os 
direitos humanos, mas também apresenta desafios significativos. 
Ela tem o potencial de promover e proteger os direitos humanos, 
mas, se mal-administrada, pode levar a violações graves e 
generalizadas desses direitos (MCLUHAN, 1964; MOROZOV, 2011).
O acesso à informação é um dos direitos mais diretamente 
impactados pela tecnologiadigital. A disponibilidade e o acesso 
a plataformas de informações na internet, como os motores 
de busca, redes sociais e aplicativos de mensagens, tornaram 
possível, para as pessoas, a obtenção e o compartilhamento 
de informações de maneiras inéditas (CASTELLS, 2009). Isso 
possibilitou um aumento na liberdade de expressão, já que as 
pessoas podem agora comunicar suas opiniões e ideias para um 
público global.
No entanto, essa mesma liberdade também trouxe con-
sigo o desafio de lidar com discursos de ódio, desinformação e 
outras formas de abusos on-line. A capacidade de disseminar 
26 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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informação rapidamente e em larga escala pode ser explorada 
para fins nocivos, prejudicando indivíduos e sociedades (WARD-
LE; DERAKHSHAN, 2017).
A privacidade é outra questão central no debate sobre 
tecnologia e direitos humanos. Por um lado, a tecnologia pode ser 
uma ferramenta útil para proteger a privacidade, por exemplo, 
por meio do uso de criptografia e outras formas de segurança 
de dados. Por outro lado, a coleta e o uso de dados pessoais 
por empresas e governos levantam preocupações sérias sobre a 
privacidade e o controle sobre as informações pessoais (LYNSKEY, 
2015; ZUBOFF, 2019).
Assim, é claro que a tecnologia apresenta tanto 
oportunidades quanto desafios para os direitos humanos. É 
necessário que haja um diálogo contínuo e crítico sobre como 
garantir que a tecnologia seja utilizada de uma maneira que 
respeite e promova os direitos humanos, ao invés de violá-los.
Desenvolvimento social, bens e 
serviços públicos como direitos 
humanos
O desenvolvimento social é fundamental para a realização 
dos direitos humanos. A garantia do acesso a bens e serviços 
públicos essenciais, como saúde, educação e habitação, é um 
componente crucial nesse contexto (SEN, 2000).
A saúde é um direito humano básico reconhecido 
internacionalmente e um pilar essencial para o desenvolvimento 
social. O acesso à saúde de qualidade permite que as pessoas 
levem uma vida saudável e produtiva, permitindo-lhes contribuir 
ativamente para a sociedade e a economia (WHO, 2008). Além 
disso, a ausência de serviços de saúde acessíveis e de qualidade 
27DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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pode levar a violações dos direitos humanos, como o direito à 
vida e à integridade física (PIOVESAN, 2009).
A educação, por sua vez, é fundamental para a promoção 
de igualdade de oportunidades, empoderamento e participação 
cidadã. Ela é essencial não só para o desenvolvimento econômico, 
mas também para a promoção da dignidade humana e da 
compreensão e respeito pelos direitos humanos (UNESCO, 2015).
A habitação adequada é outro direito humano essencial 
e uma condição necessária para o bem-estar físico, mental e 
social. A falta de habitação adequada pode resultar em várias 
violações de direitos humanos, incluindo o direito à vida, à saúde 
e à segurança (UN-HABITAT, 2016).
O desenvolvimento social, portanto, não é apenas 
uma questão de política econômica ou desenvolvimento 
infraestrutural, mas também uma questão de direitos humanos. 
É essencial que haja políticas e práticas que garantam o acesso 
universal a bens e serviços públicos essenciais para a realização 
plena dos direitos humanos.
Acesso a bens e serviços públicos é um dos fundamentos 
para a realização plena dos direitos humanos. Esses bens 
e serviços, incluindo saúde, educação, habitação e acesso a 
água limpa, são essenciais para a vida humana, dignidade e 
desenvolvimento (SEN, 2000).
O direito à saúde, por exemplo, envolve não apenas a 
ausência de doenças, mas também acesso a serviços de saúde 
de qualidade e adequados. Quando esse acesso é negado ou 
limitado, podem ocorrer violações dos direitos humanos. Da 
mesma forma, a falta de acesso à educação de qualidade pode 
privar indivíduos e comunidades de oportunidades de emprego, 
perpetuando ciclos de pobreza e desigualdade (FERRAJOLI, 2002).
28 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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A habitação adequada, outro serviço público crucial, é 
um direito humano reconhecido internacionalmente. A falta de 
habitação adequada pode levar a violações de vários direitos 
humanos, incluindo o direito à vida, à segurança e à dignidade 
(FERRAZ JUNIOR, 2016).
O acesso a água limpa e ao saneamento básico é também 
um direito humano básico. A ausência de tais serviços pode 
resultar em doenças e mortes evitáveis, bem como em violações 
de direitos humanos (BUSTAMANTE, 2011).
Portanto, o acesso a bens e serviços públicos não 
apenas influencia, mas é essencial para a realização dos direitos 
humanos. É responsabilidade do Estado garantir que esses 
serviços estejam disponíveis, acessíveis e sejam de qualidade 
para todos os cidadãos, independentemente de seu status 
socioeconômico (PIOVESAN, 2009).
O desenvolvimento social está intrinsecamente vinculado 
à igualdade e aos direitos humanos. Conforme proposto por 
Sen (2000), o desenvolvimento deve ser visto como um processo 
de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam, 
em vez de simplesmente se concentrar em indicadores como o 
crescimento do PIB.
DEFINIÇÃO
Produto Interno Bruto (PIB) – é uma medida que 
representa a soma (em valores monetários) de 
todos os bens e serviços finais produzidos numa 
determinada região (seja ela um país, um estado 
ou uma cidade), durante um período determinado 
(mês, trimestre, ano etc.).
Existem três formas principais de se calcular o PIB:
 • Ótica da produção – soma-se o valor de todos os bens 
e serviços finais produzidos no país.
29DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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 • Ótica da despesa – soma-se todas as despesas de 
consumo, os investimentos, os gastos do governo e o 
saldo das exportações menos as importações.
 • Ótica da renda – soma-se todas as rendas dos residentes 
no país, incluindo salários, aluguéis, juros e lucros.
O PIB é uma importante medida econômica porque 
oferece uma visão instantânea da atividade econômica de uma 
região. Ele é frequentemente usado para comparar a saúde 
econômica entre diferentes países ou para acompanhar o 
crescimento ou a contração da economia de um país ao longo 
do tempo.
A ideia de igualdade tem uma relação profunda com 
o desenvolvimento social e os direitos humanos. De acordo 
com Bobbio (1992), o princípio da igualdade é um dos pilares 
fundamentais da democracia e dos direitos humanos. A igualdade 
não significa necessariamente tratar todos de maneira idêntica, 
mas requer que tratamentos e oportunidades diferenciados 
sejam aplicados quando circunstâncias particulares o exigirem 
para alcançar uma igualdade substancial.
Canotilho (2003) argumenta que a justiça social, 
expressa no princípio da igualdade, se manifesta em várias 
dimensões, incluindo a igualdade de oportunidades. A garantia 
de oportunidades iguais para todos é um passo crucial para o 
desenvolvimento social e a realização dos direitos humanos.
Em uma sociedade justa e desenvolvida, todos os 
indivíduos, independentemente de suas origens ou circunstâncias, 
devem ter a oportunidade de alcançar seu potencial. Isso só 
pode ser alcançado por meio da garantia de direitos humanos, 
como o direito à educação, saúde, habitação e um padrão de vida 
adequado, que são essenciais para a igualdade de oportunidades 
(PIOVESAN, 2009).
30 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Portanto, o desenvolvimento social, a igualdade e os 
direitos humanos estão intimamente interligados. A realização dos 
direitos humanos e a promoção da igualdade são fundamentais 
para alcançar um desenvolvimento social genuíno e sustentável.
Desenvolvimento humano e 
direitos humanos
O conceito de desenvolvimento humano transcende 
a mera ideia de crescimento econômico para incorporar uma 
visão mais holística de bem-estar e progresso humano. Como 
Sen (2000) descreve, o desenvolvimento humano é um processo 
de expansão das capacidadese liberdades humanas reais, em 
vez de simplesmente se concentrar no crescimento do PIB per 
capita.
Essa noção está materializada no índice de desenvolvimento 
humano (IDH), criado pelo Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento (PNUD), que considera não apenas a renda, 
mas também indicadores de saúde e educação. Segundo o PNUD 
(2010), o IDH serve para reorientar nosso entendimento do que é 
um verdadeiro progresso em direção a um modelo que valoriza e 
prioriza o bem-estar humano.
31DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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DEFINIÇÃO
IDH – o índice de desenvolvimento humano 
(IDH) é uma medida estatística que avalia o 
desenvolvimento de um país com base em três 
dimensões fundamentais: longevidade e saúde 
(medida pela expectativa de vida ao nascer), 
educação (medida pelas taxas de alfabetização 
de adultos e a taxa bruta de matrícula em todos 
os níveis de ensino) e renda (medida pelo PIB 
per capita ajustado ao poder de compra). O IDH 
varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 
(desenvolvimento humano total). Países com IDH 
alto são considerados mais desenvolvidos do que 
aqueles com IDH baixo.
PNUD – o Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento (PNUD) é a principal organização 
de desenvolvimento da ONU, advogando pela 
mudança e conectando países ao conhecimento, 
experiência e recursos necessários para ajudar 
as pessoas a construírem uma vida melhor. 
O PNUD trabalha em cerca de 170 países e 
territórios, ajudando a erradicar a pobreza, 
reduzir as desigualdades e a exclusão e promover 
a governança democrática. O PNUD também 
é responsável pela publicação do Relatório de 
Desenvolvimento Humano, que inclui o IDH.
Nesse contexto, os direitos humanos desempenham 
um papel central. De acordo com Piovesan (2009), a garantia 
dos direitos humanos, como o direito à saúde, à educação 
e a um padrão de vida adequado, é fundamental para a 
realização do desenvolvimento humano. Em outras palavras, o 
desenvolvimento humano e os direitos humanos são inseparáveis 
e interdependentes.
32 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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O respeito aos direitos humanos, além disso, contribui 
para a criação de sociedades mais justas e equitativas, que são 
características de um alto grau de desenvolvimento humano. 
Nesse sentido, Canotilho (2003) argumenta que a promoção da 
justiça social e da igualdade de oportunidades é essencial para 
um desenvolvimento humano genuíno e sustentável.
Portanto, é claro que o desenvolvimento humano e 
os direitos humanos estão intrinsecamente interligados. Para 
alcançar o verdadeiro desenvolvimento humano, é essencial 
garantir a realização dos direitos humanos e promover a 
igualdade e a justiça social.
Os direitos humanos e o desenvolvimento humano são 
dois conceitos que se inter-relacionam e se reforçam mutuamente. 
Em seu trabalho, Sen (2000) argumenta que o desenvolvimento 
deve ser visto como um processo de expansão das liberdades 
humanas, que são, por definição, direitos humanos. Portanto, 
os direitos humanos são fundamentais para a concepção de 
desenvolvimento humano e para a medição do progresso nesse 
sentido. Do ponto de vista dos direitos humanos, a abordagem do 
desenvolvimento humano exige o reconhecimento e a efetivação 
dos direitos humanos. 
Ao mesmo tempo, a abordagem do desenvolvimento 
humano fortalece o respeito pelos direitos humanos. Um 
ambiente no qual as capacidades humanas são aprimoradas e 
as liberdades são expandidas é um ambiente que promove a 
realização dos direitos humanos. Da mesma forma, Canotilho 
(2003) destaca que a garantia dos direitos humanos é uma 
condição necessária para o desenvolvimento humano e para a 
construção de uma sociedade justa e igualitária.
A relação entre o índice de desenvolvimento humano 
(IDH) e os direitos humanos é intrínseca e multifacetada. O IDH, 
33DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(PNUD), avalia o desenvolvimento de um país em três dimensões 
básicas: saúde, educação e renda per capita. Essas dimensões 
estão diretamente relacionadas à realização de uma variedade 
de direitos humanos. 
Além disso, o respeito aos direitos humanos pode 
impulsionar o desenvolvimento humano. Ferrajoli (2009) 
argumenta que a garantia dos direitos humanos é uma condição 
fundamental para a promoção do desenvolvimento humano. Uma 
sociedade que protege os direitos humanos é uma sociedade que 
permite que todos os seus membros desenvolvam plenamente 
suas capacidades, o que é refletido em um IDH mais alto.
No entanto, também é importante notar que o IDH, 
embora útil, não capta todas as nuances dos direitos humanos 
e do desenvolvimento humano. Como Ferraz Junior (2016) 
observa, o IDH não leva em consideração a distribuição de renda 
dentro de um país ou a existência de desigualdades estruturais. 
Além disso, o IDH não mede diretamente a realização de muitos 
direitos humanos, como o direito à participação política ou à 
liberdade de expressão.
Assim, o IDH e os direitos humanos estão profundamente 
interligados, com a realização dos direitos humanos contribuindo 
para um maior IDH, e o respeito aos direitos humanos 
impulsionando o desenvolvimento humano. No entanto, é 
essencial lembrar que o IDH é apenas uma medida parcial do 
desenvolvimento humano e da realização dos direitos humanos.
34 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Apren-
deu mesmo tudinho? Neste capítulo, analisamos 
a relação dos direitos humanos com o desenvol-
vimento. Começamos discutindo o impacto do 
desenvolvimento tecnológico nos direitos huma-
nos, focando em questões como privacidade di-
gital, acesso equitativo à internet e a importância 
de regulamentações para proteger os usuários. 
Depois, abordamos o desenvolvimento social e a 
necessidade de garantir a todos o acesso a servi-
ços públicos essenciais como saúde, educação e 
habitação, refletindo sobre como a negação des-
ses serviços pode infringir os direitos humanos. 
Por último, exploramos o conceito de desenvol-
vimento humano e como os direitos humanos e 
o desenvolvimento estão intrinsecamente ligados 
– por exemplo, a necessidade de garantir os di-
reitos humanos para alcançar um alto índice de 
desenvolvimento humano.
35DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Direitos humanos e educação
OBJETIVO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Neste capítulo, exploramos a 
ligação entre os direitos humanos e a educação. 
Inicialmente, abordamos o direito à educação como 
um direito humano fundamental, discutindo sua 
importância para a realização de outros direitos e 
sua função na promoção da cidadania. Em seguida, 
abordamos a importância da inclusão no ambiente 
educacional e como a diversidade, a acessibilidade 
e a equidade são essenciais para uma educação de 
qualidade. Por último, destacamos a necessidade 
de ensinar os direitos humanos nas escolas como 
uma forma de criar uma cultura de respeito aos 
direitos humanos.
A educação é um direito humano fundamental que 
serve como pilar para a realização de outros direitos. A relação 
entre educação e direitos humanos é bem delineada na obra 
de Sassaki, “Inclusão: construindo uma sociedade para todos” 
(2006), em que o autor discute a importância da educação 
inclusiva para a garantia dos direitos humanos. Já Canotilho, em 
“Direito Constitucional e Teoria da Constituição” (2003), explora 
a concepção de educação como um direito fundamental. Neste 
capítulo, vamos discutir a interação entre educação e direitos 
humanos, focando na importância da inclusão, acessibilidade e 
equidade na educação.
36 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Figura 3 – Direitos humanos e educação 
Fonte: Freepik / vectorjuice 
Direito à educação como 
direito humano
A educação é fundamental para a promoçãodos direitos 
humanos, e foi reconhecida como tal na Declaração Universal 
dos direitos humanos (DUDH) de 1948, que estabelece no artigo 
26 que “toda pessoa tem direito à educação” (ONU, 1948). A 
compreensão contemporânea de educação como um direito 
humano se estende além da simples garantia de acesso ao 
ensino formal, abrangendo também a qualidade da educação 
37DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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e a necessidade de que ela promova o respeito pelos direitos 
humanos e liberdades fundamentais.
Ferraz Junior (2016) enfatiza que a educação é um 
direito humano fundamental, que age como um habilitador de 
outros direitos humanos. Isso significa que o acesso à educação 
adequada tem a capacidade de facilitar a realização de outros 
direitos humanos, pois é por meio dela que as pessoas adquirem 
habilidades, conhecimentos e competências necessários para 
participar plenamente da sociedade e para buscar seu próprio 
desenvolvimento humano.
A educação tem um papel crucial na promoção da 
cidadania, uma vez que pode proporcionar as ferramentas 
necessárias para a participação informada e ativa na sociedade. 
Segundo Piovesan (2009), a educação tem o potencial de 
empoderar indivíduos e comunidades, permitindo que eles 
defendam seus direitos e participem de processos decisórios.
Além disso, Sassaki (2006) afirma que a educação 
inclusiva é essencial para garantir que todos tenham igualdade 
de oportunidades, independentemente de suas habilidades, 
origens étnicas ou status socioeconômico. A educação inclusiva 
visa remover barreiras e criar um ambiente de aprendizagem 
que atenda às necessidades de todos os alunos.
Em suma, a educação é um direito humano fundamental 
e um habilitador de outros direitos. Ela desempenha um papel 
fundamental na promoção da cidadania e da igualdade de 
oportunidades, permitindo que todos os indivíduos participem 
plenamente da sociedade.
A educação é um direito humano intrinsecamente 
valioso e também um meio essencial para a realização de outros 
direitos humanos. Como afirmado na Declaração Universal dos 
38 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Direitos Humanos, a educação deve ser direcionada ao pleno 
desenvolvimento da personalidade humana e ao fortalecimento 
do respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais 
(ONU, 1948).
A garantia do direito à educação tem um efeito profundo 
na realização de outros direitos humanos. Primeiramente, a 
educação pode influenciar diretamente o direito à vida e à saúde. 
Uma educação de qualidade pode proporcionar conhecimento 
sobre práticas de saúde, nutrição, higiene e prevenção de 
doenças, o que, por sua vez, pode melhorar a saúde e a 
longevidade (SASSAKI, 2006).
Em segundo lugar, a educação é essencial para a 
realização do direito ao trabalho e a um padrão de vida adequado. 
A educação, especialmente a educação profissional e técnica, 
prepara os indivíduos para o mercado de trabalho, contribuindo 
para a sua capacidade de obter um emprego digno e sustentável 
(PIOVESAN, 2009).
A educação também desempenha um papel crucial na 
realização dos direitos políticos e civis. O conhecimento adquirido 
através da educação permite aos indivíduos compreender seus 
direitos e responsabilidades, envolver-se de maneira efetiva em 
processos democráticos, como votar e candidatar-se a cargos 
públicos, e desafiar as injustiças quando seus direitos são 
violados (FERRAZ JUNIOR, 2016).
Canotilho (2003) defende que a educação está no cerne 
da realização do princípio da igualdade. Através do acesso 
à educação, as pessoas têm a oportunidade de desenvolver 
plenamente suas capacidades e talentos, independentemente 
de sua origem social, gênero, raça ou religião.
39DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Assim, a garantia do direito à educação é uma pedra 
angular para a realização de uma ampla gama de outros direitos 
humanos. Ela promove a dignidade humana, a igualdade, a saúde, 
a participação cidadã, entre outros aspectos fundamentais para 
uma vida plena e gratificante.
Inclusão e direitos humanos 
na educação
A inclusão no ambiente educacional é uma questão 
fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e 
igualitária. Ela envolve a valorização da diversidade, a garantia de 
acessibilidade e a promoção da equidade, assegurando que todos 
os estudantes, independentemente de suas particularidades, 
tenham acesso a uma educação de qualidade.
A diversidade é um dos pilares da inclusão. Conforme 
ressalta Santos (2017), a diversidade é um recurso valioso que 
enriquece a aprendizagem e a experiência educacional de todos. 
No entanto, essa diversidade precisa ser reconhecida, valorizada 
e respeitada, contribuindo para a formação de cidadãos capazes 
de conviver com as diferenças e promover a igualdade.
A acessibilidade é outro ponto fundamental. Como 
destaca Oliveira (2010), a acessibilidade não é um favor, mas um 
direito que deve ser garantido a todos. Isso envolve a garantia 
de infraestruturas acessíveis, materiais didáticos adequados, e 
estratégias de ensino que atendam às necessidades de todos os 
estudantes.
Por fim, a equidade é um elemento-chave para a efetiva 
inclusão no ambiente educacional. Segundo Gomes (2019), 
a equidade implica em reconhecer e atender às diferenças, 
garantindo oportunidades de aprendizagem para todos. Portanto, 
40 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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a busca pela equidade na educação passa pelo entendimento de 
que cada aluno possui suas individualidades, e de que é preciso 
adequar os métodos e estratégias de ensino para atender a estas 
especificidades.
Veja a seguir exemplos de ações relacionadas à 
diversidade, à acessibilidade e à equidade na educação:
EXEMPLOS:
Diversidade na educação:
• Criação de programas de educação inclusiva que 
valorizam e promovem a diversidade étnica, cultural, 
linguística e religiosa dos estudantes.
• Implementação de currículos que incluem materiais e 
perspectivas que reflitam a diversidade social e cultural 
dos alunos.
• Promoção de atividades extracurriculares que 
celebram e valorizam as diferentes identidades e 
culturas presentes na comunidade escolar.
• Oferta de treinamentos e capacitações para professores 
sobre como lidar com a diversidade e promover a 
inclusão em sala de aula.
Acessibilidade na educação:
• Adaptação física das instalações escolares para garantir 
o acesso e a mobilidade de estudantes com deficiência 
física, como rampas, corrimãos e banheiros acessíveis.
• Fornecimento de recursos e tecnologias assistivas, 
como software de leitura de tela e dispositivos de co-
41DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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municação alternativa, para alunos com deficiência vi-
sual ou dificuldades de comunicação.
• Treinamento de professores para acomodar e atender 
às necessidades individuais dos estudantes com defi-
ciência, por meio de estratégias pedagógicas diferen-
ciadas.
• Desenvolvimento de materiais educacionais acessíveis, 
como livros em formato digital ou em Braille, para ga-
rantir que todos os alunos possam participar plena-
mente das atividades de aprendizagem.
Equidade na educação:
• Implementação de políticas de cotas ou ações afirmati-
vas para garantir a inclusão de grupos historicamente 
marginalizados, como minorias étnicas, estudantes de 
baixa renda e pessoas com deficiência.
• Oferta de programas de reforço escolar e tutoria para 
estudantes em situação de desvantagem socioeconô-
mica, com o objetivo de diminuir as disparidades de 
aprendizagem. 
• Distribuição equitativa de recursos educacionais, como 
materiais didáticos, infraestrutura e professores quali-
ficados, entre escolas em áreas urbanas e rurais, visan-
do reduzir as desigualdades educacionais. 
• Implementação de políticas de combate ao bullying e 
discriminação nas escolas, criando um ambiente se-
guro e acolhedor para todos os alunos, independente-mente de sua origem socioeconômica, raça, gênero ou 
orientação sexual.
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Desse modo, a inclusão no ambiente educacional se faz 
crucial para a construção de uma sociedade mais justa, diversa e 
inclusiva. Ainda há desafios a serem enfrentados, mas o caminho 
passa pelo reconhecimento da diversidade, pela garantia de 
acessibilidade e pela promoção da equidade.
A educação inclusiva surge como um movimento 
global que visa a garantir o direito à educação para todos, 
independentemente de suas diferenças e particularidades. Essa 
abordagem tem o intuito de garantir os direitos humanos de 
todos os estudantes, promovendo a igualdade de oportunidades, 
a acessibilidade e o respeito à diversidade.
Mantoan (2003) define educação inclusiva como um 
processo que transforma o sistema educacional em um espaço 
para todos, eliminando todas as formas de discriminação e 
promovendo a aprendizagem e a participação de todos os 
alunos. Assim, a educação inclusiva reafirma o princípio dos 
direitos humanos de que todas as pessoas têm o direito a uma 
educação de qualidade.
A educação inclusiva também tem um papel crucial na 
promoção da diversidade. Segundo Freitas (2010), a diversidade 
é uma característica intrínseca à humanidade e a educação 
inclusiva deve valorizar e celebrar essas diferenças, em vez de 
tratá-las como desvios ou deficiências. Portanto, uma abordagem 
inclusiva na educação é fundamental para construir uma cultura 
de respeito às diferenças e aos direitos humanos. 
No entanto, como ressalta Amorim (2015), a educação 
inclusiva vai além da presença física do aluno na escola; ela exige 
ações concretas para garantir a aprendizagem e a participação 
de todos. Isso envolve a adequação de currículos, a formação de 
professores, a disponibilização de recursos e materiais didáticos 
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acessíveis, entre outras ações que promovam a equidade no 
ambiente educacional.
Dessa forma, uma abordagem inclusiva na educação 
é essencial para garantir os direitos humanos de todos os 
estudantes. Ela promove a igualdade de oportunidades, a 
acessibilidade e o respeito à diversidade, princípios fundamentais 
para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Apesar dos avanços na inclusão educacional, ainda 
existem várias barreiras que dificultam a efetiva inclusão de 
todos os estudantes. Essas barreiras incluem a falta de formação 
adequada dos professores, a infraestrutura inadequada, os 
preconceitos, as atitudes negativas, entre outros.
De acordo com Carvalho (2004), uma das principais 
barreiras é a falta de formação adequada dos professores para 
lidar com a diversidade em sala de aula. O autor ressalta que 
a formação de professores para a inclusão é um desafio que 
requer uma revisão profunda dos currículos de formação inicial 
e continuada.
Outra barreira significativa é a infraestrutura inadequada. 
Segundo Silva (2011), muitas escolas ainda não são acessíveis 
para todos os estudantes, especialmente para aqueles com 
deficiência. Além disso, muitas escolas ainda não dispõem de 
materiais didáticos acessíveis e adequados para atender às 
necessidades de todos os alunos.
Além dessas barreiras, também existem barreiras 
atitudinais, relacionadas a preconceitos e atitudes negativas em 
relação à diversidade. Conforme destacado por Mantoan (2010), 
a inclusão requer uma mudança de atitude, uma disposição para 
aceitar e valorizar as diferenças.
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Para superar essas barreiras, são necessárias várias 
estratégias. A formação adequada dos professores, a adaptação 
da infraestrutura e dos materiais didáticos, e a promoção de uma 
cultura de respeito à diversidade são medidas essenciais. Segundo 
Batista (2014), a inclusão requer uma transformação profunda na 
escola, uma revisão de suas práticas, políticas e culturas.
Educação para os direitos humanos
Ensinar os direitos humanos na escola é uma ação 
fundamental que, desde cedo, colabora para a formação 
de cidadãos conscientes, participativos e que respeitam a 
diversidade. Nesse sentido, é possível dizer que o ensino dos 
direitos humanos na escola transcende a mera transmissão 
de conhecimento e tem um impacto direto na formação da 
personalidade e das habilidades sociais dos alunos. 
De acordo com Coelho (2008), a escola desempenha um 
papel crucial no desenvolvimento de uma cultura de respeito aos 
direitos humanos. Isso ocorre, pois a escola é um microcosmo 
da sociedade, e é onde as crianças e adolescentes aprendem 
os primeiros conceitos sobre convivência, cidadania e respeito 
mútuo.
Vale lembrar, porém, que a construção dessa cultura 
de respeito não se dá apenas pela apresentação dos direitos 
humanos em si, mas também pelo próprio ambiente de ensino. É 
no ambiente escolar que os estudantes vivenciam diariamente os 
princípios de igualdade, dignidade e respeito, tão fundamentais 
para a efetivação dos direitos humanos. Portanto, não basta 
apenas ensinar, é preciso promover e garantir esses direitos 
dentro da escola (SANTOS, 2010).
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Sob o mesmo ponto de vista de Santos, Freire (2011) 
destaca que educar para os direitos humanos é educar para a 
cidadania. Nessa perspectiva, a escola deve atuar como um 
espaço de formação de cidadãos críticos e conscientes de seus 
direitos e deveres, aptos a lutar por uma sociedade mais justa, 
igualitária e livre de preconceitos.
Contudo, a implementação do ensino dos direitos 
humanos nas escolas ainda enfrenta resistências e desafios. 
Assim como pontua Nascimento (2015), “o maior obstáculo 
é a falta de formação específica dos educadores para lidar 
com a temática”. Nesse sentido, é necessário um investimento 
constante na formação continuada dos professores e na 
produção de materiais didáticos que abordem a temática dos 
direitos humanos de maneira acessível e significativa.
É evidente que, a escola tem um papel fundamental na 
criação de uma cultura de respeito aos direitos humanos, na 
formação de cidadãos conscientes e participativos. Porém, para 
que isso ocorra de maneira efetiva, é necessário investimento 
na formação dos educadores e no desenvolvimento de materiais 
didáticos apropriados.
A educação desempenha um papel crucial na promoção 
e proteção dos direitos humanos, ao fornecer conhecimentos e 
habilidades essenciais para o exercício da cidadania. Ela permite 
que as pessoas compreendam seus direitos e responsabilidades, 
promovam a tolerância e o respeito às diferenças e atuem em 
prol de uma sociedade mais justa e igualitária.
Segundo Gadotti (2008), a educação é uma ferramenta 
poderosa para transformar a sociedade e promover os direitos 
humanos. A educação não só fornece conhecimento sobre os 
direitos humanos, mas também desenvolve habilidades críticas 
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que permitem às pessoas questionar e combater injustiças e 
desigualdades. 
Nesse sentido, a educação para os direitos humanos 
deve ser entendida como um processo contínuo e integrado à 
formação dos indivíduos. Como destaca Freire (2011), “a educação 
para os direitos humanos não deve ser um tema adicional no 
currículo escolar, mas um eixo transversal que permeia todas as 
disciplinas”.
Além disso, a educação desempenha um papel importan-
te na proteção dos direitos humanos. Segundo Santos (2012), a 
educação é um direito humano em si e também um meio indis-
pensável para a realização de outros direitos. Assim, garantir o 
acesso à educação de qualidade para todos é uma forma efetiva 
de proteger os direitos humanos.
Portanto, a educação é fundamental para a promoção 
e proteção dos direitos humanos. Ela permite que as pessoas 
compreendam seus direitos, promovam a tolerância e o respeito 
às diferenças e lutem por uma sociedade mais justa e igualitária.
Aincorporação do ensino dos direitos humanos nos 
currículos escolares é essencial para a formação de cidadãos 
conscientes e participativos. Esse processo permite que os 
estudantes conheçam e entendam seus direitos, desenvolvam 
habilidades para exercê-los e adotem atitudes que promovam o 
respeito à dignidade humana.
Candau (2007) afirma que o ensino dos direitos humanos 
deve ser um componente fundamental do currículo escolar, pois 
é uma ferramenta importante para a construção de uma cultura 
de respeito e valorização da dignidade humana. Além disso, o 
ensino dos direitos humanos contribui para a formação de 
cidadãos críticos e atuantes na sociedade.
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Bem como o ensino dos direitos humanos também 
contribui para a promoção da diversidade e inclusão na escola. 
Como destaca Aranha (2001), ao conhecerem seus direitos, 
os alunos aprendem a valorizar a diversidade e a respeitar as 
diferenças, contribuindo para a construção de uma sociedade 
mais justa e inclusiva.
No entanto, a incorporação do ensino dos direitos 
humanos nos currículos escolares deve ir além da simples 
transmissão de informações. Conforme ressalta Freire (2011), 
o ensino dos direitos humanos deve ser um processo dialógico 
e reflexivo, que estimule o pensamento crítico e a participação 
ativa dos estudantes.
Portanto, a incorporação do ensino dos direitos humanos 
nos currículos escolares é uma necessidade premente. Ela 
contribui para a formação de cidadãos conscientes e ativos, 
promove o respeito à diversidade e à dignidade humana, e 
contribui para a construção de uma cultura de respeito aos 
direitos humanos.
A implementação de programas de educação em direitos 
humanos é uma estratégia efetiva para promover a compreensão 
e o respeito pelos direitos humanos entre os estudantes. Existem 
vários exemplos de tais programas ao redor do mundo, alguns 
dos quais foram desenvolvidos por instituições de ensino, 
organizações não governamentais e até mesmo governos.
EXEMPLO: um exemplo de programa de educação em 
direitos humanos é o “Projeto Construindo Valores na 
Escola e na Vida”, desenvolvido pela Secretaria de Educação 
Básica do Ministério da Educação do Brasil (BRASIL, 2013, 
p.12). Este programa busca promover a educação em 
direitos humanos através de uma série de atividades que 
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envolvem a participação ativa dos estudantes, a reflexão 
crítica sobre os direitos humanos e o desenvolvimento de 
atitudes e valores que promovam a dignidade humana.
Outro exemplo é o programa “Educação em direitos 
humanos em Escolas”, implementado pela ONG Ação 
Educativa, em parceria com várias escolas públicas em 
diferentes regiões do Brasil (AÇÃO EDUCATIVA, 2015, p.22). 
Este programa tem como objetivo promover a cultura e 
a educação em direitos humanos nas escolas, através do 
desenvolvimento de materiais pedagógicos, formação de 
professores e atividades de sensibilização.
Em âmbito internacional, temos como exemplo o Human 
Rights Education in the School Systems of Europe, Central 
Asia, and North America: A Compendium of Good Practice, 
desenvolvido pelo Escritório do Alto Comissariado das 
Nações Unidas para os direitos humanos (OHCHR, 2009). 
Este compêndio reúne uma série de boas práticas na 
educação em direitos humanos, oferecendo uma variedade 
de exemplos de programas que foram implementados 
com sucesso em diferentes contextos.
Esses programas demonstram que a educação em 
direitos humanos pode ser efetivamente integrada ao currículo 
escolar, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes 
e comprometidos com a promoção e a proteção dos direitos 
humanos.
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RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Neste capítulo, exploramos a 
relação entre os direitos humanos e a educação. 
Começamos enfatizando a educação como um 
direito humano fundamental, examinando seu 
papel crucial na formação de cidadãos conscientes 
e no apoio à realização de outros direitos. 
Exploramos como a falta de acesso à educação 
de qualidade pode contribuir para a perpetuação 
de desigualdades sociais. Discutimos também a 
importância da inclusão no ambiente educacional, 
tocando em temas de diversidade, acessibilidade 
e equidade, além de debater a necessidade de 
políticas inclusivas para garantir a equidade na 
educação. Encerramos com uma reflexão sobre 
a importância da educação em direitos humanos 
para a formação de uma sociedade justa e 
tolerante.
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Direitos humanos e 
segurança pública
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender a relevância dos direitos humanos no 
contexto da segurança pública. Essa competência 
será crucial para sua atuação profissional em 
um setor que frequentemente enfrenta desafios 
complexos relacionados aos direitos humanos. As 
pessoas que tentaram atuar na segurança pública 
sem uma compreensão adequada dos direitos 
humanos enfrentaram problemas sérios, como o 
uso excessivo da força e o tratamento injusto de 
cidadãos. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Vamos lá. Avante!
A proteção dos direitos humanos no contexto da segurança 
pública é uma questão complexa e desafiadora. Ferraz Junior, em 
“Minorias, a democracia e a luta pela igualdade” (2016), destaca 
como a segurança pública e a proteção dos direitos humanos 
podem entrar em conflito, especialmente no que diz respeito 
à proteção dos direitos das minorias. Já Piovesan, em “direitos 
humanos e o Direito Constitucional Internacional” (2009), discute 
a necessidade de reformas na segurança pública para garantir 
a proteção dos direitos humanos. Nessa seção, exploraremos 
estas questões em profundidade, discutindo as formas como 
a segurança pública e os direitos humanos interagem e se 
influenciam mutuamente.
51DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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Figura 4 – Direitos humanos e segurança pública 
Fonte: Freepik / macrovector 
A proteção dos direitos humanos 
na segurança pública
A garantia dos direitos humanos no contexto da 
segurança pública é uma questão de grande relevância. Afinal, a 
preservação da ordem pública e a segurança dos cidadãos devem 
estar sempre alinhadas ao respeito aos direitos fundamentais.
Segundo Pinheiro (2005), a segurança pública é um direito 
de todos e dever do Estado, e como tal, precisa ser exercida com 
base no respeito aos direitos humanos. Isso significa que as 
políticas de segurança pública devem considerar os princípios da 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, 
além do respeito à dignidade da pessoa humana.
52 DIREITOS HUMANOS, MULTICULTURALISMO E CIDADANIA 
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A necessidade de garantir os direitos humanos no 
contexto da segurança pública está também relacionada ao 
combate à violência policial e à promoção de uma cultura de 
paz. Para Zaffaroni (2007), a polícia deve atuar como garante dos 
direitos humanos, e não como violadora desses direitos. Nesse 
sentido, é fundamental investir na formação e capacitação dos 
profissionais de segurança pública, de forma a promover uma 
atuação baseada no respeito aos direitos humanos.
Outro aspecto relevante é a participação da sociedade na 
construção e controle das políticas de segurança pública. Segundo 
Waiselfisz (2012), a segurança pública deve ser entendida como 
um bem público, cuja gestão deve ser compartilhada entre o 
Estado e a sociedade. Assim, a garantia dos direitos humanos no 
contexto da segurança pública passa também pela participação 
ativa dos cidadãos, com o intuito de fiscalizar e contribuir para a 
melhoria das políticas de segurança.
Portanto, a garantia dos direitos humanos no contexto 
da segurança pública é uma necessidade urgente. Ela envolve 
o respeito aos direitos fundamentais, o combate à violência

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