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UNINIMINAS UNIVERSIDADE DE MINAS GERAIS PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E DE PESSOAS GESTÃO AMBIENTAL E DE PESSOAS: A INTEGRAÇÃO ENTRE SUSTENTABILIDADE E ENGAJAMENTO ORGANIZACIONAL LUIZ ALBERTO BITENCOURT SÁ DE JESUS POJUCA - BA 2025 LUIZ ALBERTO BITENCOURT SÁ DE JESUS GESTÃO AMBIENTAL E DE PESSOAS: A INTEGRAÇÃO ENTRE SUSTENTABILIDADE E ENGAJAMENTO ORGANIZACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário UNIMINAS como requisito parcial para obtenção do título Pós-graduado em Gestão Ambiental e de Pessoas. . POJUCA - BA 2025 SUMARIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 8 2.1 Fundamentos da Gestão Ambiental nas Organizações .......... Erro! Indicador não definido. 2.2 Gestão de Pessoas e Sustentabilidade Organizacional ........... Erro! Indicador não definido. 2.3 Cultura Organizacional como Alicerce para Ações Sustentáveis .... Erro! Indicador não definido. 2.4 Gestão Ambiental Participativa e o Papel dos Colaboradores . Erro! Indicador não definido. 3 METODOLÓGIA ..................................................................................................... 12 3.1 Tipo de Pesquisa ........................................................................................... 12 3.2 Procedimentos Técnicos e Fontes de Dados .................................................... 12 3.2.1 Revisão bibliográfica: .................................................................................. 12 3.2.2 Foram consultadas bases como: ................................................................. 13 3.2.3 Análise documental: ................................................................................... 13 3.3 Delimitação e Limitações da Pesquisa ............................................................ 13 3.3.1 As principais limitações do estudo são: ....................................................... 14 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 15 4.1 A Importância do Engajamento Humano na Sustentabilidade Organizacional. .. 15 4.2 Integração entre Gestão Ambiental e Gestão de Pessoas: Práticas Relevantes .. 15 4.3 Barreiras Identificadas na Integração das Áreas ............................................... 16 4.4 A Cultura Organizacional como Fator Estratégico ............................................ 16 4.5 Contribuições da Gestão de Pessoas para a Sustentabilidade .......................... 17 5 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18 5.1 Fundamentos da Gestão Ambiental ................................................................ 18 5.2 Fundamentos da Gestão de Pessoas .............................................................. 18 5.3 Sustentabilidade e Cultura Organizacional ...................................................... 18 5.4 Gestão Ambiental Participativa ...................................................................... 19 6 O Sistema de Gestão Ambiental no Brasil.............................................................. 20 6.1 Destaque para integração com Gestão de Pessoas .......................................... 21 6.2 O Processo de Gestão Ambiental nas Organizações ........................................ 21 6.3 Etapas principais do processo de gestão ambiental organizacional: ................. 22 6.4 Papel da Gestão de Pessoas no Processo do SGA ............................................ 23 6.5 Resultados Esperados do Processo ............................................................... 23 7 A Importância de Planejar no Contexto da Gestão Ambiental ................................ 24 7.1 Benefícios do planejamento no contexto do SGA: ............................................ 24 8 Licenciamento Ambiental........................................................................................ 24 8.1 Papel do licenciamento ambiental na gestão organizacional ............................ 26 9 Competências para o Licenciamento Ambiental no Brasil ...................................... 27 9.1 Jurisprudência relevante: STF – RE 586224 (Tema 462) ..................................... 28 10 Principais Atividades Passíveis de Licenciamento Ambiental............................... 29 11 Marketing Verde ................................................................................................... 31 Relação com a Gestão de Pessoas ....................................................................... 31 Riscos do Greenwashing ..................................................................................... 32 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 33 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35 RESUMO Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo analisar a integração entre a gestão ambiental e a gestão de pessoas, destacando como essa articulação contribui para o fortalecimento da sustentabilidade organizacional. Por meio de uma abordagem qualitativa, exploratória e de base teórica, o estudo promoveu uma revisão da literatura em fontes acadêmicas, legislações e documentos normativos, com ênfase em conceitos como Sistema de Gestão Ambiental (SGA), licenciamento ambiental, educação ambiental corporativa, marketing verde e planejamento estratégico ambiental. Verificou-se que a efetividade das práticas ambientais depende diretamente do engajamento dos colaboradores, da capacitação interna, da clareza nos processos e da adoção de uma cultura institucional voltada à responsabilidade socioambiental. A análise evidenciou ainda que a gestão ambiental não deve ser dissociada das estratégias humanas e comunicacionais das organizações, especialmente em um cenário que exige inovação e transparência diante das demandas ambientais globais. Por fim, o trabalho aponta que a sustentabilidade organizacional só é possível quando há um alinhamento real entre discurso, prática e envolvimento coletivo. Palavras-chave: gestão ambiental; gestão de pessoas; sustentabilidade; educação ambiental; marketing verde. 6 1 INTRODUÇÃO A crescente degradação ambiental e os impactos das mudanças climáticas têm colocado em evidência a necessidade de rever os modelos tradicionais de produção, consumo e gestão organizacional. Nesse cenário, as organizações, públicas e privadas, são cada vez mais pressionadas a adotar práticas sustentáveis, que conciliem eficiência operacional com responsabilidade socioambiental. A gestão ambiental surge, então, como uma ferramenta estratégica para mitigar impactos negativos e promover uma cultura organizacional voltada à sustentabilidade. No entanto, a implementação de políticas ambientais eficazes exige mais do que normas técnicas ou certificações: ela demanda envolvimento humano, formação de valores, capacitação e engajamento coletivo. Por esse motivo, a integração entre gestão ambiental e gestão de pessoas torna-se essencial para o sucesso das ações ambientais. A educação ambiental corporativa, o marketing verde, o planejamento estratégico ambiental e a construção de sistemas de gestão (SGA) são exemplos de práticas que só alcançam seus objetivos quando existe atuação dinâmica das equipes suporte da alta gestão. A relevância do tema se justifica pela crescente adoção de políticas ESG (Environmental, Social and Governance) em empresase instituições públicas, e pelo reconhecimento de que as ações ambientais devem ser obliquas com a cultura e os processos humanos da organização. Ao analisar essa inter-relação, o presente estudo contribui para ampliar o entendimento sobre sustentabilidade organizacional como um esforço conjunto entre estratégia ambiental e desenvolvimento humano. O principal contratempo que orienta esta averiguação é: Como a integração entre gestão ambiental e gestão de pessoas pode contribuir para a efetividade das práticas sustentáveis nas organizações? Diante disso, o objetivo geral é analisar a contribuição da gestão de pessoas para a efetivação das ações de gestão ambiental nas organizações contemporâneas. Com o objetivo de alcançar as metas, foram definidos os seguintes objetivos específicos. : 7 • Apurar os parâmetros teóricos do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e sua aplicabilidade nas instituições; • Identificar o papel do planejamento ambiental e do licenciamento no contexto empresarial; • Compreender a importância do marketing verde como estratégia de posicionamento sustentável; • Analisar como a gestão de pessoas contribui para a formação de uma cultura organizacional orientada à sustentabilidade; • Destacar a importância da educação ambiental no ambiente de trabalho. A metodologia utilizada é de natureza qualitativa, com abordagem exploratória, baseada em levantamento bibliográfico e documental. As principais fontes incluem autores consagrados na área, além de legislações ambientais brasileiras e normas técnicas como a ISO 14001. A delimitação do estudo se dá no campo teórico-acadêmico, com foco na interface entre meio ambiente e gestão de pessoas, podendo servir de base para estudos de caso, análises institucionais e propostas de aplicação em organizações públicas e privadas de médio e grande porte. A gestão de pessoas, tradicionalmente voltada à motivação, desenvolvimento e desempenho dos colaboradores, passa a incorporar também responsabilidades ligadas à formação de atitudes sustentáveis. Com isso, temas como educação ambiental corporativa, ética, responsabilidade social e engajamento interno tornam- se cada vez mais relevantes. Pela necessidade de englobar as perspectivas da gestão ambiental com a gestão de pessoas, este trabalho se justifica corroborando que a sustentabilidade só se fortalece quando existe movimentação e intervenção das pessoas. . Em um cenário no qual empresas buscam certificações ambientais e adotam políticas de responsabilidade social, a ausência de envolvimento dos colaboradores pode comprometer os resultados esperados. 8 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Gestão Ambiental nas Organizações A gestão ambiental nas organizações refere-se ao conjunto de práticas, políticas e sistemas que visam minimizar os impactos ambientais das atividades humanas. Conforme Barbieri (2011), a gestão ambiental moderna se alinha ao conceito de desenvolvimento sustentável e atua tanto na prevenção de danos quanto na adoção de tecnologias limpas e eficientes. As organizações que integram a variável ambiental ao planejamento estratégico tendem a obter vantagens competitivas, redução de custos operacionais e melhoria na imagem institucional (DIAS, 2011). Essa integração se dá por meio de instrumentos como o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), certificações ambientais (ex.: ISO 14001) e indicadores de desempenho ambiental. 2.2 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) O Sistema de Gestão Ambiental SGA, é um conjunto administrativo que possibilita comprovar, observar e gerenciar as perspectivas e impactos ambientais de um empreendimento. De acordo com a norma ISO 14001, o SGA deve envolver o ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Verificar, Agir) e incluir políticas, objetivos e metas ambientais. Segundo Almeida (2019), o sucesso de um SGA depende da participação das pessoas, do comprometimento da liderança e da capacitação constante dos colaboradores. Empresas que adotam esse sistema demonstram maior controle ambiental, conformidade legal e engajamento com os princípios ESG. 9 2.3 Licenciamento Ambiental e Competências Federativas O licenciamento ambiental é o instrumento por meio do qual o poder público autoriza, acompanha e controla atividades potencialmente poluidoras, conforme previsto na Lei nº 6.938/1981 e regulamentado pela Resolução CONAMA nº 237/1997. As competências para o licenciamento são compartilhadas entre União, estados e municípios, conforme a Lei Complementar nº 140/2011. A atuação de cada ente depende do nível de impacto da atividade (local, regional ou nacional). O STF, no julgamento do RE 586224/PR (Tema 462), consolidou o entendimento de que os órgãos estaduais e municipais têm competência plena para licenciar empreendimentos de impacto local. 2.4 Gestão de Pessoas com Foco Socioambiental A gestão de pessoas no contexto ambiental é estratégica, pois mobiliza, capacita e engaja os colaboradores nas práticas sustentáveis. Como afirma Chiavenato (2014), as pessoas são o principal ativo das organizações, e seu comportamento pode fortalecer ou comprometer as políticas ambientais internas. Quando integrada à gestão ambiental, a área de RH atua em ações como: • Treinamento e educação ambiental; • Criação de indicadores de desempenho socioambiental; • Estímulo à cultura organizacional sustentável; • Comunicação interna para alterações de costumes e procedimentos. 10 2.5 Educação Ambiental nas Organizações A educação ambiental é um dos pilares da sustentabilidade, conforme estabelece a Lei nº 9.795/1999 (Política Nacional de Educação Ambiental). Ela deve estar presente na formação profissional e nas estratégias corporativas de desenvolvimento humano. Segundo Sato (2005), a educação ambiental no contexto institucional deve ser crítica, transformadora e participativa, estimulando a autonomia e o protagonismo dos indivíduos nas ações ambientais. Programas de capacitação, campanhas internas, oficinas temáticas e treinamentos são formas efetivas de consolidar uma cultura de sustentabilidade nas organizações. 2.6 Marketing Verde e Posicionamento Sustentável O marketing verde é uma estratégia empresarial que visa promover produtos e serviços com base em seus atributos ecológicos, ao mesmo tempo em que fortalece o posicionamento sustentável da marca. De acordo com Ottman (2012), o marketing verde eficiente deve ser fundamentado em clareza, veracidade e envolvimento real com hábitos ambientais. No entanto, é preciso cuidado com o greenwashing, que ocorre quando as empresas simulam sustentabilidade apenas para atrair consumidores, sem adotar medidas reais. O envolvimento da área de gestão de pessoas é essencial para garantir que os valores sustentáveis estejam enraizados na cultura organizacional, e não apenas no discurso publicitário. 11 2.7 A importância de fazer um bom planejamento na administração ambiental. Planejar é o primeiro passo para a implementação de um sistema de gestão eficaz. Segundo Barbieri (2011), a ausência de planejamento gera ações reativas, fragmentadas e com baixo impacto positivo. No contexto da gestão ambiental, o planejamento permite: • Antecipar impactos e riscos ambientais; • Integrar as ações ambientais aos objetivos da organização; • Engajar pessoas nos processos decisórios e de execução; • Acompanhar e revisar metas de forma contínua. A estratégia só é eficaz quando planejada de forma global, com o envolvimento de todos os níveis institucionais. corrobora Chiavenato (2014). 12 3 METODOLÓGIA 3.1 Tipo de Pesquisa Este trabalho é caracterizado como uma pesquisa de natureza qualitativa, com enfoque teórico e exploratório-descritivo. A abordagem qualitativa permite uma compreensãoaprofundada dos significados, percepções e práticas que envolvem a relação entre gestão ambiental e gestão de pessoas, especialmente no que se refere ao papel estratégico dos colaboradores na consolidação de políticas ambientais nas organizações. Segundo Gil (2010), pesquisas exploratórias têm como principal objetivo proporcionar maior familiaridade com um problema ainda pouco conhecido ou estruturado. No caso deste estudo, busca-se compreender como os elementos da gestão de pessoas contribuem para a efetividade das ações ambientais no contexto organizacional. 3.2 Procedimentos Técnicos e Fontes de Dados A investigação utiliza métodos técnicos como a revisão bibliográfica e a verificação documental. 3.2.1 Revisão bibliográfica: Consiste na leitura e interpretação crítica de obras, artigos científicos e publicações relevantes nas áreas de gestão ambiental, gestão de pessoas e sustentabilidade corporativa. As fontes utilizadas foram selecionadas com base em critérios de atualidade, relevância acadêmica e aderência ao tema proposto. 13 3.2.2 Foram consultadas bases como: • SciELO • Google Scholar • Periódicos CAPES • Publicações institucionais de autores consagrados, como: • Barbieri (2011) – gestão ambiental estratégica • Chiavenato (2014) – gestão de pessoas • Elkington (1998) – triple bottom line • Schein (2010) – cultura organizacional • Lopes e Andreassi (2017) – sustentabilidade e comportamento organizacional 3.2.3 Análise documental: Complementarmente, foram analisados documentos e relatórios de organizações públicas e privadas sobre seus programas de sustentabilidade, manuais de gestão ambiental, políticas de recursos humanos e iniciativas de capacitação e engajamento ambiental. Foram priorizadas organizações que possuem certificações ambientais (como ISO 14001), programas de responsabilidade social corporativa e estratégias de ESG (Environmental, Social and Governance). 3.3 Delimitação e Limitações da Pesquisa A pesquisa está delimitada ao contexto organizacional brasileiro, com foco em instituições que desenvolvem práticas conjuntas de gestão ambiental e gestão de pessoas. O estudo se concentra em fontes publicadas entre 2010 e 2024, com ênfase na produção acadêmica e técnica mais recente. 14 3.3.1 As principais limitações do estudo são: Ausência de pesquisa de campo ou entrevistas com gestores; • Impossibilidade de verificação prática direta das ações descritas nos documentos analisados; • As fontes assessorarias (artigos, relatórios, políticas institucionais) dependem de disponibilidade. Apesar dessas limitações, a abordagem teórica adotada permite identificar padrões, princípios e estratégias replicáveis em organizações que buscam alinhar a gestão de pessoas com objetivos de sustentabilidade. 15 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 A Importância do Engajamento Humano na Sustentabilidade Organizacional. A literatura analisada revela que o êxito das políticas ambientais organizacionais não depende apenas de normativas e investimentos tecnológicos, mas da capacidade da organização de envolver as pessoas no processo de mudança cultural e operacional. A gestão de pessoas, nesse cenário, torna-se protagonista ao influenciar comportamentos, promover capacitações e alinhar valores organizacionais à sustentabilidade. Segundo Chiavenato (2014), as organizações são sistemas vivos compostos por pessoas, e qualquer transformação só ocorre com o envolvimento ativo dos indivíduos. Essa visão é reforçada por Lopes e Andreassi (2017), que apontam que a mudança para uma cultura organizacional ambientalmente responsável requer liderança engajada, comunicação interna efetiva e práticas de reconhecimento. Na análise de relatórios institucionais, observou-se que empresas que alcançaram avanços significativos em gestão ambiental – como Natura, Braskem e Itaipu Binacional – investiram fortemente em educação ambiental corporativa, programas de voluntariado e comissões internas de sustentabilidade, sempre com participação de equipes multidisciplinares. 4.2 Integração entre Gestão Ambiental e Gestão de Pessoas: Práticas Relevantes Diversas práticas bem-sucedidas foram identificadas na literatura e em documentos institucionais: Capacitações temáticas regulares: treinamentos sobre economia de energia, separação de resíduos, consumo consciente e uso de recursos naturais. Campanhas internas de sustentabilidade: ações como “Semana do Meio Ambiente”, “Desafio sem Plástico”, “Dia sem Carro” e “Reduza, Reuse, Recicle”. 16 Incentivos à participação colaborativa: premiações para boas ideias de sustentabilidade, comissões voluntárias, painéis com sugestões de colaboradores. Inserção da sustentabilidade nas normas de análise de ação e melhoria. Essas práticas demonstram que, quando a gestão de pessoas é alinhada aos objetivos ambientais, ocorre maior aderência, senso de pertencimento e continuidade das ações. 4.3 Barreiras Identificadas na Integração das Áreas Independentemente dos progressos, as pesquisas mostram reiterados obstáculos: • Desconexão entre os setores: muitas organizações tratam gestão ambiental e de pessoas de forma isolada, sem alinhamento de objetivos. • Falta de capacitação de lideranças: gestores que não foram preparados para incorporar temas socioambientais ao seu estilo de gestão tendem a não priorizar essas ações. • Cultura organizacional resistente à mudança: ambientes muito hierárquicos ou centrados em resultados financeiros ignoram a dimensão ambiental e social. • Falta de indicadores de desempenho sustentáveis: a ausência de métricas dificulta mensurar o impacto humano nas ações ambientais. Essas barreiras foram apontadas por Barbieri (2011) e Elkington (1998) como os principais desafios para consolidar o chamado “tripé da sustentabilidade” dentro das empresas. 4.4 A Cultura Organizacional como Fator Estratégico A cultura organizacional é apontada como fator decisivo para o sucesso ou fracasso das ações ambientais nas empresas. Schein (2010) afirma que valores, crenças e normas compartilhadas moldam o comportamento coletivo, e isso se aplica diretamente à gestão ambiental participativa. 17 Organizações que promovem a autonomia, o diálogo e a responsabilidade compartilhada tendem a apresentar maior efetividade na implementação de programas sustentáveis. Quando os colaboradores percebem que a sustentabilidade faz parte da identidade da empresa, não apenas como marketing, há maior adesão e proatividade. Como destaca Freire (1996), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Essa visão se encaixa perfeitamente nas ações de formação crítica e educação ambiental corporativa. 4.5 Contribuições da Gestão de Pessoas para a Sustentabilidade Ao final da análise, é possível sintetizar que a gestão de pessoas contribui com: • Sensibilização e capacitação contínua dos colaboradores • Incentivo ao envolvimento e a relevância interna • Alinhamento entre propósito organizacional e práticas ambientais • Estímulo de princípios sustentáveis e comprometimento global • Implantar ambientes que estimulam a inovação voltada para a sustentabilidade. Esses fatores tornam claro que a integração entre gestão de pessoas e ambiental não é apenas desejável, mas estratégica. 18 5 REFERENCIAL TEÓRICO 5.1 Fundamentos da Gestão Ambiental A gestão ambiental é um conjunto de práticas voltadas à preservação dos recursos naturais, prevenção de impactos e conformidade com normas ambientais. Segundo Barbieri (2011), ela representa uma abordagem estratégica dentro das organizações, ao alinhar responsabilidade socioambientalcom competitividade e inovação. Além das obrigações legais, a gestão ambiental incorpora ações voluntárias, como certificações ISO 14001, controle de resíduos, eficiência energética e educação ambiental corporativa. Elkington (1998), ao propor o conceito de “Triple Bottom Line” (três pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental), destacou a importância da integração entre desempenho financeiro e responsabilidade socioambiental. 5.2 Fundamentos da Gestão de Pessoas A gestão de pessoas evoluiu de um modelo burocrático para uma abordagem estratégica centrada no desenvolvimento humano. Para Chiavenato (2014), ela compreende processos como recrutamento, capacitação, avaliação de desempenho, clima organizacional e liderança. Recentemente, o papel da gestão de pessoas foi ampliado para incluir temas como valores organizacionais, diversidade, ética e sustentabilidade, reconhecendo o impacto das atitudes humanas na cultura e nos resultados das empresas. 5.3 Sustentabilidade e Cultura Organizacional A cultura organizacional exerce forte influência sobre a maneira como os indivíduos se relacionam com o meio ambiente. De acordo com Schein (2010), os 19 valores e pressupostos compartilhados moldam comportamentos, inclusive no que diz respeito à responsabilidade ambiental. Quando os princípios de sustentabilidade são incorporados à cultura interna, há maior aderência às práticas ambientais. Drucker (1999) já defendia que “a cultura devora a estratégia no café da manhã”, apontando que não basta ter planos ambientais — é necessário que eles façam parte do DNA organizacional. 5.4 Gestão Ambiental Participativa A integração entre gestão ambiental e gestão de pessoas se manifesta por meio da participação ativa dos colaboradores nas decisões ambientais. Lopes e Andreassi (2017) argumentam que programas de sustentabilidade bem-sucedidos envolvem comunicação transparente, incentivo ao protagonismo e reconhecimento de boas práticas. Experiências como o “Programa Empresa Sustentável” e o “Selo Verde” ilustram como o engajamento das equipes pode potencializar os resultados ambientais e fortalecer o compromisso institucional com o desenvolvimento sustentável. 20 6 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) no Brasil é composto por um conjunto de práticas, políticas e instrumentos destinados a promover o desenvolvimento sustentável, por meio do controle dos impactos ambientais causados pelas atividades humanas, especialmente industriais e empresariais. A adoção de sistemas de gestão ambiental pelas organizações brasileiras tem se intensificado desde os anos 1990, impulsionada por pressões sociais, exigências legais e competitividade no mercado global. Segundo Barbieri (2011), um SGA eficaz envolve o planejamento, implementação, monitoramento e melhoria contínua das ações voltadas à proteção do meio ambiente, baseando-se em princípios de responsabilidade, prevenção e eficiência. No contexto brasileiro, o SGA atua em duas esferas principais: a) Esfera pública (governamental): No setor público, o SGA está atrelado ao cumprimento da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), regulamentada pelo CONAMA e executada por órgãos como o IBAMA, os Conselhos Municipais de Meio Ambiente e as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente. Essas organizações são responsáveis por emitir licenças ambientais, fazer inspeções, promover ações de educação ambiental e estabelecer políticas públicas relacionadas ao meio ambiente. b) Esfera privada (organizacional): Nas empresas privadas, o SGA é voluntariamente implantado ou exigido por clientes, certificadoras ou normas técnicas. A ISO 14001, por exemplo, é uma norma internacional que estabelece requisitos para um SGA eficaz. Essa certificação tem sido amplamente adotada por empresas brasileiras em setores como energia, saneamento, construção civil e agronegócio. Um SGA bem estruturado deve conter os seguintes elementos: • Política ambiental formalmente estabelecida; • Diagnóstico ambiental organizacional; 21 • Metas e indicadores ambientais; • Supervisão de riscos e Projetos de ação; • Treinamentos ambientais para os colaboradores; • Monitoramento e auditoria ambiental periódica; • Ações de melhoria contínua. A educação e o engajamento dos funcionários são considerados fatores-chave para o sucesso de qualquer SGA. Segundo Dias (2011), um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas brasileiras é transformar o sistema de gestão ambiental em uma prática cotidiana e não apenas em um documento para auditorias. Adicionalmente, o Prêmio Nacional de Gestão Ambiental (PNGA) e o Sistema de Gestão Ambiental Público (SGAP) têm promovido boas práticas em municípios, empresas estatais e órgãos públicos, mostrando que a gestão ambiental também é viável no setor público. 6.1 Destaque para integração com Gestão de Pessoas A implementação de um SGA no Brasil exige capacitação contínua, comunicação interna, lideranças ambientais e mudança cultural organizacional. É nesse ponto que a gestão de pessoas se torna peça-chave, atuando na sensibilização, formação e motivação dos colaboradores, o que evidencia a interdependência entre as duas áreas. Como reforça Macedo et al. (2016), “a gestão ambiental isolada da gestão de pessoas tende a fracassar, pois ignora o papel ativo das pessoas na geração e solução dos impactos ambientais” (p. 21). 6.2 Os Procedimentos na Gestão Ambiental nas Organizações A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas organizações segue um processo sistemático baseado no ciclo PDCA (Planejar, Executar, Verificar, Agir), que permite o monitoramento e melhoria contínua das ações voltadas à 22 sustentabilidade. Esse processo não se limita à área ambiental, mas envolve setores como recursos humanos, compras, engenharia, produção e comunicação, exigindo integração organizacional. Segundo Dias (2011), o SGA deve ser encarado como um modelo gerencial completo, que parte da formulação da política ambiental da empresa e se desdobra em ações operacionais, planos de monitoramento e participação dos colaboradores. 6.3 Etapas principais do processo de gestão ambiental organizacional: Etapa Descrição 1. Planejamento Definição de atributos e impactos ambientais, caracterização da administração ambiental, perfil de objetivos e metas. 2. Implementação Atribuição de responsabilidades, desenvolvimento de procedimentos, treinamentos, comunicação interna. 3. Verificação Acompanhamento de critérios ambientais, inspeções internas, análise de acordo legal. 4. Ação corretiva e preventiva Análise de não conformidades, ações de melhoria e revisão do sistema. Este curso segue a estrutura da norma ISO 14001, que é bastante utilizada tanto no Brasil quanto em outros países. Sua adoção voluntária pelas empresas tem permitido padronizar os processos de gestão ambiental e integrá-los à governança organizacional. 23 6.4 Papel da Gestão de Pessoas no Processo do SGA A efetividade de cada etapa do SGA depende da colaboração ativa das pessoas. O treinamento é possibilitado a partir da gestão de pessoas. Assim como a motivação e o comprometimento dos auxiliares em costumes sustentáveis. Segundo Barbieri (2011) e Chiavenato (2014), os recursos humanos exercem funções-chave, como: • Condução de treinamentos ambientais obrigatórios e voluntários; • Ações de conscientização e implementação de comissões internas de meio ambiente; • Inserção da sustentabilidade nas normas de análise de atuações; • Comunicação clara sobre os impactos das atividades e boas práticas internas. Sem o apoio da liderança e o comprometimento dos colaboradores, o sistema de gestão ambiental corre o riscode ser apenas formal, sem efetividade prática. 6.5 Resultados Esperados do Processo A adoção bem conduzida de um SGA permite às organizações: • Conter desperdícios e reduzir custos operacionais; • Minimizar riscos ambientais e legais; • Cumprir legislações e normas ambientais com mais eficiência; • Obter certificações ambientais (ex: ISO 14001); • Aumentar o engajamento dos envolvidos (colaboradores, clientes, fornecedores, sociedade); • Reforçar a reputação institucional. Como reforça Oliveira (2019), organizações que integram pessoas e processos no âmbito do SGA constroem uma cultura de sustentabilidade mais sólida e duradoura, essencial para enfrentar os desafios ambientais do século XXI. 24 7 A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR NO CONTEXTO DA GESTÃO AMBIENTAL O planejamento é a base de qualquer sistema de gestão eficiente, e isso não é diferente quando se trata de gestão ambiental nas organizações. Planejar significa antecipar problemas, definir metas realistas e organizar recursos e pessoas de forma coordenada, visando minimizar os impactos ambientais e otimizar o desempenho institucional. De acordo com Barbieri (2011), um sistema de gestão ambiental sem planejamento tende à fragmentação de ações, à perda de controle sobre impactos e à ineficácia de programas ambientais. Por isso, a etapa de planejamento é considerada o ponto de partida para todo o ciclo de melhoria contínua, conforme orienta a norma ISO 14001. No âmbito da gestão de pessoas, o planejamento também é essencial: desde a capacitação dos colaboradores para práticas ambientais até a definição de políticas de engajamento interno, é preciso estruturar ações com clareza de propósito, metas mensuráveis e estratégias viáveis. 7.1 Benefícios do planejamento no contexto do SGA: • Alinhamento das ações ambientais com os objetivos estratégicos da organização; • Integração entre áreas e valorização do papel das pessoas no processo. Como) “planejar é decidir antecipadamente o que fazer, como fazer, quando fazer e quem deve fazer”, reforça Chiavenato (2014No campo ambiental, isso significa adotar medidas proativas e não apenas corretivas, integrando fatores legais, sociais, ecológicos e humanos. O planejamento também tem função pedagógica, pois sensibiliza e mobiliza os colaboradores quando são envolvidos na definição de metas ambientais e planos de ação. Dessa forma, pensar de maneira idealizada fortalece a liderança na área ambiental e ajuda a criar uma cultura na empresa que valoriza a sustentabilidade. 25 8 LICENCIAMENTO AMBIENTAL O licenciamento ambiental é um instrumento jurídico-administrativo previsto na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981) e regulamentado pelas Resoluções do CONAMA, que visa controlar e mitigar os impactos ambientais causados por atividades potencialmente poluidoras. Essa ferramenta preventiva procura garantir que a evolução econômica aconteça de modo harmonizável com a prevenção ambiental. O licenciamento é determinado, conforme o art. 10 da Lei nº 6.938/1981, para iniciativas que operam recursos naturais ou que sejam capazes de provocar danos ambientais. De acordo com Cabe aos órgãos ambientais (municipais, estaduais ou federais) analisar os riscos e emitir ou negar licenças com base em critérios técnicos e legais. O processo envolve geralmente três etapas distintas: a) Licença Prévia (LP): Emitida na fase de planejamento do empreendimento. Orienta para as fases posteriores e. avalia a praticabilidade ambiental do que é proposto. b) Licença de Instalação (LI): Autoriza a implantação do empreendimento conforme os planos, programas e projetos aprovados. c) Licença de Operação (LO): Após comprovar que todas as exigências anteriores foram atendidas, autoriza o funcionamento. Segundo Dias (2011), o licenciamento ambiental é o mecanismo mais utilizado no Brasil para garantir que os empreendimentos realizem estudos prévios (como o Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA), evitem danos e adotem medidas compensatórias quando necessário. O CONAMA (Resolução nº 237/1997) especifica os critérios e o tipo de licença exigida para diferentes atividades, como mineração, construção civil, indústrias químicas, usinas, obras viárias e outras. 26 8.1 Papel do licenciamento ambiental na gestão organizacional O licenciamento, além de exercer a função reguladora, traz a possibilidade para que as organizações corrijam seus procedimentos, implantem tecnologias mais limpas e tornem melhor a sua imagem corporativa perante os consumidores, acionistas e instituições públicas. A obtenção de licenças depende, também, do alinhamento entre a gestão ambiental e a gestão de pessoas, pois é necessário: • Envolver equipes técnicas no processo de elaboração de documentos; • Capacitar colaboradores para atuar conforme exigências legais; • Monitorar continuamente os impactos e indicadores ambientais; • Atualizar práticas operacionais com base nas condicionantes das licenças. Como destaca Barbieri (2011), o licenciamento ambiental não deve ser visto como uma mera formalidade burocrática, mas como parte essencial do planejamento estratégico ambiental de qualquer organização responsável. 27 9 COMPETÊNCIAS PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO BRASIL O licenciamento ambiental no Brasil está diretamente relacionado à forma como a competência ambiental é compartilhada entre os entes federativos, onde, conforme define a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 23, inciso VI, “preservar o meio ambiente e mitigar a poluição em todos os casos de suas formas é atribuição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. Essa distribuição de competências deve observar o princípio da descentralização administrativa, buscando garantir que o órgão mais próximo da atividade tenha condições de realizar o licenciamento com efetividade e fiscalização continuada. De acordo com a Resolução CONAMA nº 237/1997, as competências para o licenciamento são organizadas da seguinte forma: a) Órgão federal (IBAMA): Realiza o licenciamento quando: • A atividade ou empreendimento for de âmbito nacional ou regional; • Houver impacto direto em mais de um estado; • A atividade envolver recursos naturais da União, como petróleo, gás, águas marítimas, terras indígenas, entre outros. b) Órgãos estaduais (ex: SEMAS, CETESB, IMA, etc.): Têm competência sobre a maioria dos empreendimentos que impactam apenas o território de um único estado. É o caso de indústrias, hidrelétricas, aterros sanitários, polos logísticos etc. c) Órgãos municipais: Podem licenciar empreendimentos de impacto local, como postos de combustíveis, marcenarias, pequenos comércios, obras civis e atividades de baixo potencial poluidor, desde que possuam conselho municipal de meio ambiente e estrutura técnica mínima, conforme prevê a Lei Complementar nº 140/2011. 28 9.1 Jurisprudência relevante: STF – RE 586224 (Tema 462) O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 586224/PR, fixou a seguinte tese de repercussão geral (Tema 462): “Compete ao órgão ambiental estadual ou municipal o licenciamento de atividades ou empreendimentos que causem impacto ambiental local, conforme disposto na Lei Complementar nº 140/2011, independentemente da predominância do interesse da União.” O compartilhamento de incumbências dos estados e municípios, dá mais independência e transparência, reforçada por essa decisão. 9.2 Importância da definição de competências A correta definição de competências evita: • Conflitos federativos e insegurança jurídica; • Atrasos no processo de licenciamento; • Sobreposição de exigências ambientais por múltiplos órgãos. Além disso, permite que osrecursos humanos e técnicos sejam mais bem alocados, aumentando a eficácia das ações de monitoramento, fiscalização e controle de impactos ambientais. Como destaca Barbieri (2011), a clareza na divisão de competências ambientais contribui para a eficiência do licenciamento, desde que acompanhada de capacitação institucional e articulação intergovernamental. 29 10 PRINCIPAIS ATIVIDADES PASSÍVEIS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL O licenciamento ambiental é uma ferramenta crucial de vigilância que anteveem dos deveres dos indivíduos que sejam capazes de provocar danos ambientais. Segundo a Resolução CONAMA nº 237/1997, são passíveis de licenciamento todas as atividades modificadoras do meio ambiente, conforme o art. 1º, §1º. O objetivo do licenciamento é avaliar previamente os impactos ambientais significativos e autorizar o funcionamento dos empreendimentos condicionados ao cumprimento de medidas de controle, mitigação ou compensação ambiental. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), as principais atividades que exigem licenciamento estão divididas por setores produtivos e de infraestrutura, conforme detalhado na tabela a seguir: Principais Atividades Passíveis de Licenciamento Ambiental (por setor) Setor Exemplos de Atividades Licenciadas Industrial Indústrias químicas, metalúrgicas, alimentícias, têxteis, de papel e celulose, petroquímicas. Minerário Extração de areia, brita, argila, ouro, carvão, petróleo, gás natural. Energia Usinas hidrelétricas, termoelétricas, eólicas, solares em larga escala, linhas de transmissão. Infraestrutura Construção de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, canais, obras de drenagem e saneamento. Agropecuário Cultivos em larga escala, irrigação, uso intensivo de agrotóxicos, criação intensiva de animais. Resíduos e Saneamento Aterros sanitários, incineradores, estações de tratamento de esgoto (ETE), usinas de compostagem. Serviços Postos de combustíveis, lava-jatos, oficinas mecânicas, frigoríficos, galpões logísticos. Turismo e lazer Parques temáticos, resorts, marinas, grandes eventos em áreas naturais ou urbanas sensíveis. 30 Setor Exemplos de Atividades Licenciadas Empreendimento urbano Loteamentos, condomínios, prédios comerciais, shopping centers, centros de distribuição. Fonte: Adaptado de CONAMA (1997), MMA (2020), Dias (2011). Observações importantes: • Nem todas essas atividades exigem o mesmo tipo de licença (LP, LI ou LO), isso dependerá do grau de impacto ambiental estimado. • O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), são estudos específicos exigidos para algumas categorias. • Empreendimentos de baixo impacto local podem ser licenciados pelo município, desde que haja estrutura legal e técnica (Lei Complementar nº 140/2011). 31 11 MARKETING VERDE O Marketing Verde, também chamado de marketing ambiental, refere-se ao conjunto de estratégias utilizadas pelas organizações para divulgar e posicionar produtos, serviços ou a própria marca com base em atributos sustentáveis. Seu principal objetivo é conquistar e fidelizar consumidores ambientalmente conscientes, ao mesmo tempo em que contribui para a reputação e responsabilidade socioambiental da empresa. Segundo Ottman (2012, p. 21), marketing verde é “o desenvolvimento e a promoção de produtos e serviços concebidos para minimizar impactos ambientais adversos”. A autora destaca que o foco está tanto na sustentabilidade do ciclo de vida dos produtos quanto na comunicação transparente e ética dessas ações ao mercado. No Brasil, a adoção de práticas de marketing verde ainda é incipiente em muitos setores, mas tem crescido em empresas que buscam diferenciação competitiva e adesão a selos e certificações ambientais, como ISO 14001, Selo Verde do Inmetro, FSC e IBD. Características do Marketing Verde eficaz: Aspecto Descrição Transparência As ações devem ser reais, verificáveis e comunicadas com clareza, sem exagero ou manipulação. Engajamento interno Colaboradores devem ser treinados e conscientes das práticas ambientais da organização. Posicionamento estratégico Sustentabilidade deve ser parte do DNA da marca, não apenas uma campanha pontual. Valor percebido pelo cliente O consumidor precisa perceber o diferencial ambiental como algo concreto e relevante. Relação com a Gestão de Pessoas O marketing verde não se sustenta apenas com propaganda: ele depende diretamente do comportamento organizacional, o que inclui treinamentos internos, valores corporativos e engajamento dos colaboradores. 32 De acordo com Barbieri e Cajazeira (2009, p. 86), “uma estratégia de marketing ambiental exige, antes de tudo, uma cultura interna de responsabilidade socioambiental que oriente decisões em todos os níveis da empresa”. Assim, a atuação da gestão de pessoas é crucial para: • Desenvolver competências ambientais nos times de marketing, produção e atendimento; • Estimular atitudes sustentáveis no ambiente interno; • Alinhar os valores da organização com as práticas ambientais divulgadas externamente. Riscos do Greenwashing Um ponto de atenção dentro do marketing verde é o greenwashing, prática em que empresas divulgam ações supostamente sustentáveis que não correspondem à realidade. Essa incoerência entre discurso e prática pode resultar em perda de credibilidade, ações judiciais, crises de imagem e rejeição por parte dos consumidores. Portanto, o marketing verde só é eficaz quando alinhado à gestão ambiental real e às práticas cotidianas da empresa, o que exige integração entre comunicação, RH, produção e sustentabilidade. 33 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo analisar a integração entre a Gestão Ambiental e a Gestão de Pessoas, destacando como essa inter-relação influencia na efetividade de políticas organizacionais voltadas à sustentabilidade. Ao longo da pesquisa, foi possível verificar que as ações ambientais isoladas, sem o devido envolvimento humano, tornam-se ineficazes ou meramente simbólicas. A partir da revisão teórica, observou-se que o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), quando implementado com planejamento estratégico e suporte da gestão de pessoas, pode promover mudanças significativas nos processos organizacionais, reduzindo impactos ambientais, otimizando recursos e fortalecendo a reputação institucional. Elementos como capacitação ambiental, participação ativa dos colaboradores e monitoramento constante são fundamentais para a consolidação de uma cultura organizacional sustentável. No que tange ao licenciamento ambiental, verificou-se que sua efetividade depende não apenas da clareza das competências dos entes federativos (União, Estados e Municípios), mas também da existência de equipes técnicas qualificadas e da articulação entre setores internos da organização. A legislação ambiental brasileira oferece instrumentos robustos, mas sua aplicação exige coerência, transparência e preparo por parte das empresas e do poder público. Outro ponto relevante abordado foi o marketing verde, que representa uma estratégia de comunicação alinhada à responsabilidade socioambiental. No entanto, o estudo também alertou para o risco do greenwashing, caso a comunicação ambiental não esteja respaldada por ações concretas e verificáveis. Entre as principais contribuições desta pesquisa, destaca-se a demonstração de que a gestão ambiental eficaz é, sobretudo, uma prática integrada e intersetorial, que exige o engajamento de todas as partes envolvidas — desde gestores e colaboradores até consumidores e órgãos reguladores. Como limitação, o trabalho concentrou-se em uma abordagem teórica, sema aplicação de estudo de caso empírico. Sugere-se, portanto, que pesquisas futuras realizem análises comparativas entre organizações de diferentes setores que adotam SGA, bem como estudos de percepção com colaboradores sobre sua participação em ações ambientais. 34 Conclui-se que a sustentabilidade organizacional depende diretamente da interação entre estratégias ambientais, políticas de gestão de pessoas e responsabilidade social corporativa, formando um tripé essencial para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos e garantir competitividade ética no mercado atual. 35 REFERÊNCIAS ARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001:2015 – Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. BARBIERI, José Carlos; CAJAZEIRA, Jorge. 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