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UNISEB Centro Universitário Administração Financeira de Longo Prazo 2/10/2013 Prof. Me. Eduardo Ribeiro Rodrigues Módulo UNISEB Centro Universitário Decisões de Investimento de Longo Prazo Unidade 1 8.2 Curriculum Resumido Professor 3 Economista, especialista em Gestão Financeira e Controladoria (FGV), mestre em Administração (UFU) e doutorando em Administração das Organizações (FEA‐ RP/USP); Professor universitário, ministrando aulas em cursos de graduação e pós‐graduação; Na área empresarial, experiência atuando nas áreas de Controladoria e de Finanças, em empresas de médio e grande porte; Consultor Financeiro e instrutor de treinamento empresariais. Objetivos da disciplina 4 NÍVEL MACRO NÍVEL MICRO Finanças corporativas LONGO PRAZO CURTO PRAZO Macroeconomia Sistemas financeiros Mercado de capitais FINANÇAS é arte de administrar dinheiro Fonte: adaptado de MATIAS (2007) Finanças pessoais Decisões de financiamento Recursos de terceiros: • Curto prazo • Longo prazo Capital próprio Decisões de investimento Capital de giro Projetos de investimentos Custo capitalMaiorRetorno Geração valor Objetivos da disciplina 5 A gestão dos recursos de longo prazo ds organizações tem como objetivos: • Maximização de riqueza para os acionistas; • Geração de valor para os stakeholders 6 Objetivos da disciplina Principais aspectos desta gestão são: • Gestão dos riscos financeiros; • Análise de projetos de investimentos; • Captação de recursos financeiros de longo prazo; • Composição da estrutura de capital • Gestão baseada em valor 7 Objetivos da disciplina • Aprender sobre as decisões de investimentos de longo prazo. • Compreender os principais motivos que levam as empresas a efetuarem investimentos de longo prazo. • Estudar as definições de risco e retornos e a relação entre esses dois fatores. Objetivos Aula 1 8 Principais decisões financeiras a que estão sujeitos os administradores financeiros das empresas: Introdução 9 • Investimentos; • Financiamentos; • Dividendos Risco x Retorno Saiu na imprensa... Introdução 10 • Samsung e Intel detalham investimentos em P&D no Brasil – 25/09/13; • Vale anuncia investimentos de R$ 9 bilhões e venda de participação na VLI - 18.09.2013; • Audi anuncia investimentos de R$ 500 milhões no país até 2016 – 17.09.2013; • Esperando maior demanda, Bayer anuncia mais investimentos – 05/09/2013 Um investimento de longo prazo, também chamado de gasto de capital, é um desembolso financeiro com o qual a empresa objetiva obter benefícios em um período superior a um ano. Motivos dos investimentos de longo prazo 11 Os investimentos de longo prazo podem ser realizados por várias razões distintas, como: expansão substituição renovação outros • Investimentos economicamente independentes A aceitação de um não implica a desconsideração dos demais, podendo ser aceitos de forma simultânea. Tipos de investimento 12 • Investimentos economicamente dependentes A aceitação de um exerce influência (negativa/positiva) sobre o outro ou depende da implementação do outro. • Investimentos com restrição orçamentária Exigem recursos orçamentários acima dos limites da empresa, inviabilizando a aceitação de todos. Tipos de investimento 13 • Investimentos mutuamente excludentes Ocorre quando a aceitação de uma proposta elimina totalmente a possibilidade de implementação da outra. Decisões de investimentos 2012-2016 Petrobrás: http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/destaques/p lano-de-negocios-2012-2016.htm Decisões de investimento 14 O risco e o retorno são dois fatores que o administrador financeiro deve saber avaliar para poder maximizar o preço da ação e o valor da empresa. Risco e retorno 15 Com o aumento das transações entre países e atuação de muitas empresas em várias partes do globo, novos riscos passaram a afetar os resultados e o valor das organizações. 16 O termo risco é proveniente da palavra risicu ou riscu, em latim, que significa ousar (to dare, em inglês). • Costuma-se entender “risco” como possibilidade de “algo não dar certo”. Mas seu conceito atual envolve a quantificação e qualificação da incerteza. • Tanto no que diz respeito às “perdas” como aos “ganhos”, com relação ao rumo dos acontecimentos planejados, seja por indivíduos, seja por organizações Risco e retorno 17 Diferença entre Risco e Incerteza: • A incerteza existe sempre que não se sabe ao certo o que vai acontecer no futuro; • O risco é a incerteza que importa, porque afeta o bem-estar das pessoas e comportamento de resultados das empresas. Risco e retorno Em finanças, o risco pode ser considerado como o grau de incerteza de um investimento, com a possibilidade de perda financeira. Risco e retorno 18 • A seguir, vamos descrever as principais fontes comuns de riscos para empresas e acionistas. Risco e retorno 19 Riscos específicos da empresa Risco operacional A possibilidade de que a empresa não seja capaz de cobrir seus custos de operação. Seu nível é determinado pela estabilidade das receitas da empresa e pela estrutura de seus custos operacionais. Risco financeiro A possibilidade de que a empresa não seja capaz de saldar suas obrigações financeiras. Seu nível é determinado pela previsibilidade dos fluxos de caixa operacionais da empresa e suas obrigações financeiras com encargos fixos. Risco e Retorno 20 Riscos específicos dos acionistas Risco de taxa de juros A maioria dos investimentos perde valor quando a taxa de juros sobe e ganha valor quando ela cai. Risco de liquidez A impossibilidade de cumprir as obrigações com terceiiros, o que leva a riscos de obtenção de recursos e perdas financeiras à empresa. Risco de mercado A possibilidade de que o valor de um ativo caia por causa de fatores de mercado independentes do ativo (como eventos econômicos, políticos e sociais). Risco e retorno 21 Riscos para empresas e acionistas Risco de câmbio A exposição dos fluxos de caixa esperados para o futuro a flutuações das taxas de câmbio. Risco de poder aquisitivo A possibilidade de que a variação dos níveis de preços, causada por inflação ou deflação na economia, afete desfavoravelmente os fluxos de caixa e o valor da empresa. Risco de tributação A possibilidade de que mudanças adversas na legislação tributária venham a ocorrer. Risco de Crédito Possibilidade de ocorrer inadimplência ou insolvência por parte dos clientes da empresa. De acordo com os eventos abaixo, classifique o tipo de risco: a) Aumento da Taxa Selic; b) Alto endividamento bancário; c) Descoberta de fraude na empresa; d) Ineficiência da produção; e) Desvalorização do câmbio; f) Falta de recursos para honrar seus compromissos em dia 22 Retorno é o ganho ou prejuízo total que se tem com um investimento ao longo de determinado período de tempo. Risco e retorno 23 Costuma ser medido como distribuições de caixa durante o período mais a variação de valor, expresso como porcentagem do valor do investimento no inicio do período. O cálculo da taxa de retorno de qualquer ativo no período t é definida pela seguinte expressão: Risco e retorno 24 onde: kt = taxa observada, esperada ou exigida de retorno durante o período t; Ct = fluxo de caixa recebido com o investimento no ativo no período t-1 a t; Pt = preço (valor) do ativo na data t; Pt-1 = preço (valor) do ativo na data t-1; Suponha que a empresa Quimera S/A desejadeterminar a taxa de retorno de duas máquinas adquiridas: a Labor e a Relax. • A Labor foi adquirida há um ano por R$60.000 e atualmente tem valor de mercado de R$64.500; no decorrer do ano, gerou receitas de R$6.400 após o imposto de renda. • A Relax foi comprada há quatro anos atrás e seu valor, no ano que acaba de terminar, caiu de R$48.000 para R$47.200; no decorrer do ano, gerou R$10.640 de receitas após o imposto de renda. Risco e retorno 25 Utilizando esses dados na equação disponibilizada anteriormente, é possível calcular a taxa de retorno para cada uma das máquinas, como segue: Risco e retorno 26 Labor (L): Relax (R): A empresa Zepellin possui duas máquinas sendo: • Alfa: adquirida por R$ 10.500 e com valor de mercado de R$ 9.000, e que gerou R$ 5.000 de caixa após impostos no último ano; • Beta: adquirida por R$ 18.000, valor de mercado de R$ 15.500 e geração de R$ 3.500 de caixa após impostos no último ano. Qual o retorno das máquinas? 27 Risco e retorno são a base fundamental sobre a qual se tomam as decisões racionais e inteligentes sobre investimentos. Relação entre Risco e Retorno Se dois investimentos geram o mesmo retorno, a escolha final será baseada em função do risco. 29 Riscos e Decisões Econômicas • Muitas decisões sobre a alocação de recursos, como poupança, investimentos e decisões financeiras são significativamente influenciadas pela presença do risco. • O risco é inerente a qualquer atividade na vida pessoal, profissional ou nas organizações, e pode envolver perdas, bem como oportunidades. Relação entre Risco e retorno 30 Riscos e Decisões Econômicas • Em Finanças, a relação risco-retorno indica que quanto maior o nível de risco aceito, maior o retorno esperado dos investimentos. • Esta relação vale tanto para investimentos financeiros como para os negócios, cujo “retorno” é determinado pelos dividendos e pelo aumento do valor econômico da organização. Relação entre Risco e retorno Gitman (2004), classifica os administradores em três categorias com relação as preferências em relação ao risco: Relação entre Risco e retorno 1. Administrador indiferente a risco; 2. Administrador avesso a risco; 3. Administrador propenso a risco. A empresa deve dispor de procedimentos para analisar e selecionar de maneira mais adequada seus investimentos de longo prazo, sendo capaz de medir fluxos de caixa e aplicar técnicas apropriadas para tomada de decisão. Orçamento de capital 32 Orçamento de capital, segundo Gitman (2010), é o processo de avaliação e seleção de investimentos de longo prazo condizentes com o objetivo empresarial de maximizar a riqueza dos proprietários. Há diversas técnicas para realizar a análise de viabilidade de um projeto. As abordagens mais comuns envolvem: • a integração de procedimentos de valor do dinheiro no tempo; • considerações quanto a risco e retorno; • e conceitos de avaliação para selecionar investimentos de capital condizentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza dos proprietários. Orçamento de capital 33 Os fluxos de caixa incrementais representam os fluxos de caixa adicionais – saídas ou entradas – que se espera obter de uma proposta de investimento de capital. Fluxo de caixa incremental 34 O fluxo de caixa de um projeto de investimento geralmente é composto de três componentes básicos: • investimento inicial; • entradas de caixa operacionais ; • fluxo de caixa terminal. Fluxo de caixa incremental Figura 2: Principais componentes do fluxo de caixa Fonte: Gitman (2010) 35 Fluxo de caixa incremental 36 Exemplo: a empresa XYZ está avaliando uma proposta de investimento visando à expansão de sua atividade. Considere os dados a seguir. • Investimento total de R$ 500.000,00 (sendo 80% em ativos fixos e 20% em capital de giro). • Duração do projeto (cinco anos) e alíquota de IR é de 40%. • Taxa de depreciação: 20% a.a. Fluxo de caixa incremental 37 Resultados operacionais previstos durante os cinco anos: Em R$ mil ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 Receita de vendas 1.300 1.500 1.800 2.400 3.200 Custo de produção 700 850 980 1.150 1.500 Despesas operacionais 280 350 420 490 620 Fluxo de caixa incremental Em R$ mil ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 Receita de vendas 1.300 1.500 1.800 2.400 3.200 (-) Custo de produção 700 850 980 1.150 1.500 (=) Lucro bruto 600 650 820 1.250 1.700 (-) Despesas operacionais 280 350 420 490 620 (-) Depreciação 80 80 80 80 80 (=) Lucro operacional 240 220 320 680 1.000 (-) Provisão IR (40%) 96 88 128 272 400 (=) Lucro líquido 144 132 192 408 600 38 Fluxo de caixa incremental Em R$ mil ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 Investimento inicial (500) Lucro líquido 144 132 192 408 600 (+) Depreciação 80 80 80 80 80 (+) Recuperação capital de giro 100 (=) Entrada operacional de caixa (500) 224 212 272 488 780 39 Serão utilizadas algumas técnicas para avaliar propostas de dispêndios de capital, através do cálculo do valor econômico do projeto. Técnicas de análise de investimentos O Fluxo de caixa agora deve ser analisado para a determinação da aceitabilidade ou classificação de projetos. 40 “Esta taxa recebe diversas denominações: taxa de desconto, retorno exigido, custo de capital ou custo de oportunidade”. (GITMAN, 2010) Para Matias (2007), didaticamente a nomenclatura taxa mínima de atratividade (TMA) é a que melhor expressa o verdadeiro objetivo da taxa. Técnicas de análise de investimentos Para o cálculo das técnicas mencionadas, será necessário utilizar uma taxa para descontar os fluxos de caixa. 41 Valor presente líquido (VPL) Taxa interna de retorno (TIR) Tempo de recuperação do capital (Payback) Técnicas de análise de investimentos Os principais métodos de análise de investimentos são: 42 Valor presente líquido (VPL) Reflete a riqueza em valores monetários do investimento É medida pela diferença entre o valor presente das entradas de caixa e o valor presente das saídas de caixa, a uma determinada taxa de desconto. 43 Exemplo: vamos imaginar um projeto cujo investimento inicial seja de $ 120.000,00 e apresente as seguintes entradas de caixa: Entradas Caixa Ano 1 $ 64.425 Ano 2 $ 72.375 Ano 3 $ 81.225 Ano 4 $ 90.150 Ano 5 $ 101.400 Vamos considerar uma TMA de 35% ao ano. Cálculo do VPL: calculadora financeira (HP 12C) 120.000 CHS g PV 64.425 g PMT 72.375 g PMT 81.225 g PMT 90.150 g PMT 101.400 g PMT 35 i f PV VPL = $ 50.202,29 Análise O projeto é viável, pois o VPL encontrado é maior do que zero; O VPL apurado significa que o projeto atingiu, além dos 35% mínimos exigidos, um resultado excedente em dinheiro de 50.202,29. • VPL = 0 - Projeto é viável, pois atende exatamente à expectativa de rentabilidade da organização • VPL > 0 - Projeto vai além das expectativas • VPL < 0 - Projeto não atende à expectativa de rentabilidade Taxa interna de retorno (TIR) Rentabilidade de um projeto, expressa em forma de taxa de juros. Segundo Gitman (2010), “representa a taxa de desconto que iguala, num único momento, os fluxos de entrada com os de saída de caixa, gerando um VPL igual á zero”. 47 Cálculo do TIR: calculadora financeira (HP 12C) 120.000 CHS g PV 64.425 g PMT 72.375 g PMT 81.225 g PMT 90.150 g PMT 101.400 g PMT f FV TIR = 55,25% Análise A TIR representa uma taxa periódica (mensal, anual, etc) e não uma taxa para todo o projeto, como alguns podem interpretar; O projeto é viável quando a TIR é maior ouigual a TMA (55,25% > 35,00), indicando que riqueza está sendo gerada. Tempo de retorno (Payback) Apresenta em quanto tempo a empresa conseguirá recuperar o valor desembolsado, através dos fluxos de caixa incrementais. • Esta técnica é uma das mais conhecidas e utilizadas pelas organizações porque é de fácil entendimento e não exige a utilização de cálculos complexos. 50 Diante do cenário de mudanças rápidas e constantes pelos quais as empresas estão inseridas, quanto maior for o tempo para recuperar um investimento, maior será o risco incorrido. Pode ser interpretado, de acordo com Assaf Neto (2005), como um importante indicador do nível de risco de um projeto de investimento. 51 Exemplo de Cálculo de Payback Para este fluxo o payback é de 1,56 anos, ou seja, o investimento é recuperado em meados do 2º ano. ANO Projeto Saldo Acumulado 0 (25.000) (25.000) 1 16.000 (9.000) 2 16.000 7.000 3 3.000 10.000 4 3.000 13.000 Vantagens • De fácil entendimento Desvantagens • Ignora o valor do dinheiro no tempo • Exige um período arbitrário que pode levar à aceitação de projetos curtos que não maximizem a riqueza • Ignora fluxos de caixa posteriores ao prazo limite. Exemplo – Uso do Payback Investimento inicial a partir de R$ 94.000,00, conforme abaixo: 1. Instalações: A partir de R$ 55.000,00. Uma loja Cacau Show não requer equipamentos caros. Além disso, não se obtém lucro nas instalações. 2. Estoque Inicial: Aproximadamente R$ 16.000,00. 3. Taxa de franquia: R$ 20.000,00. 4. Investimento inicial em mídia: R$ 3.000,00. Esse valor refere-se à campanha de lançamento da loja. Valores referentes a uma loja de 35m² (área de loja + estoque). Exemplo – Uso do Payback Payback Quanto ao retorno do investimento, aproximadamente 80% dos franqueados obtiveram- no até a primeira Páscoa, que é o melhor momento do ano para a venda de chocolates. Dificilmente ultrapassa a segunda Páscoa. Leitura Complementar Artigo: “O impacto das decisões de investimento das empresas no valor de mercado das ações negociadas na Bovespa no período de 1996 a 2003”. Disponível em: http://www.rausp.usp.br/busca/artigo.asp?num_artigo= 1222 Objetivo: investigar o impacto das decisões de investimento das empresas brasileiras, divulgadas por meio de anúncios, no valor de mercado das ações. Resultados: anúncio inesperado de aumento no nível de investimento por parte das empresas está associado a um aumento estatisticamente significante no valor de mercado das ações. 56 Conclusão • Saber onde investir é de suma importância para a atuação do administrador financeiro, pois a decisões de investimentos feitas da forma coesa e adequada é que garantem a sobrevivência da empresa. • Toda decisão de investimento, a ser realizada por uma empresa, envolve a avaliação e seleção de projetos, cuja execução demanda aplicação de capital, com objetivos de médio e longo prazo, que produzam retorno aos proprietários deste capital. 57 Bibliografia ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. MATIAS, A. B (org). Finanças Corporativas de Longo Prazo. São Paulo: Atlas, 2007. 58
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