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DIREITO ADMINISTRATIVO I (APOSTILA/PARTE I)

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DIREITO ADMINISTRATIVO I
Professor José Mário Vipievski Junior
1 FUNDAMENTOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
1.1 A FORMAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO
1.1.1 Breve Histórico do Direito Administrativo.
O Direito Administrativo enquanto ramo autônomo nasceu no final do Século XVIII e início do Século XIX. Logicamente existiam normas administrativas muito anteriores a este período, geralmente regulamentado o funcionamento da Administração, os Poderes do Fisco, entre outros. Estas normas esparsas não possuíam princípios informativos próprios, o que impedia a autonomia enquanto ramo do Direito. (DI PIETRO, 2009, p. 1).
Na Idade Média o Direito Administrativo não encontrou espaço adequado para seu desenvolvimento, muito em função das monarquias absolutas, onde o poder permanecia centralizado na figura de um soberano, cuja vontade era lei. As pessoas nesta época são chamados de “servos” os “vassalos” cuja etimologia define como alguém que se submete a vontade de outro. O direito público, na idade média, está resumindo ao direito ilimitado para administrar, onde os atos do rei estavam acima de quaisquer Poderes. 
O Direito Administrativo como ramo autônomo nasce juntamente com o Direito Constitucional e os demais ramos do Direito Público, a partir do momento em que nasce o conceito de Estado de Direito, já na fase o Estado Moderno, alicerçado sobre os princípios da Legalidade e da Separação dos Poderes. Por esta razão, alguns autores como Bandeira de Melo (1979, p. 52) afirma que o Direito Administrativo nasce com as Revoluções que derrubaram o regime absolutista da idade média. Há ainda quem afirme que o Direito Administrativo é fruto exclusivo da Revolução Francesa.
O Direito Francês possui grande contribuição na formação e autonomia do Direito Administrativo. Durante muito tempo a França adotou o sistema de separação absoluta de Poderes, de modo que, as causas em que o Estado era parte deveriam ser julgadas pelo próprio Estado, e não pelo Judiciário, evitando assim uma subordinação entre Poderes, ou seja, a administração decidia seus conflitos com particulares. Entretanto, este modelo foi gradativamente sendo substituído, com a evolução dos conceitos de Estado, serviço público, responsabilidade, e com a criação do Conselho de Estado, o qual adquiriu autonomia, não se submetendo suas decisões ao chefe de Estado. Outros países também se destacam contribuindo na construção do Direito Administrativo, como a Alemanha, Itália, Inglaterra e Estados Unidos. 
1.1.2 Breve Histórico do Direito Administrativo no Brasil.
A Evolução do Direito Administrativo no Brasil acompanha, em grande parte, as transformações ocorridas na Europa. Em um primeiro momento, durante o período do Brasil Colônia, o regime estava baseado na monarquia absoluta, ficando a cargo do monarca Português, outorgar poderes para que os donatários das capitanias administrassem suas propriedades sem qualquer tipo de controle jurídico ou administrativo. (DI PIETRO, 2009, p. 20).
Já no Período de Brasil Império, a administração publica estava baseada na separação dos Poderes, Judiciário, Legislativo, Executivo e Moderador, sendo os dois últimos exclusivos do Imperador. Embora houvesse esta concentração de Podres Imperiais, neste período a Faculdade de Direito de São Paulo cria a cadeira de Direito Administrativo, gerando condições para o desenvolvimento de vários trabalhos e estudos acadêmicos na área. (DI PIETRO, 2009, p. 20).
Com o fim de império e o inicio da república, o poder moderador desaparece e o direito administrativo começa a se afastar do direito privado em direção ao direito público, porém foi um período bastante pobre em termos doutrinários. Segundo Ruy Cirne Lima (1982, p. 33), com a proclamação da República, o novo regime jurídico adotado no Brasil com a Constituição de 1891 foi inspirado nas instituições norte americanas, onde vigora a common law, porém nosso ordenamento estava estruturado com base na civil law, até mesmo a própria Constituição de 1891 dividia o direito de acordo com a tradição da civil law, esta contradição trouxe uma série de incertezas para o direito administrativo, gerando desconhecimento e pouco interesse pelo tema. 
	Com a Constituição de 1934 o Direito Administrativo sofreu uma verdadeira revolução, dada a extensão das atividades administrativas no âmbito social e econômico. Isso ocorreu pois a Constituição de 1934 possui um caráter socializante, onde o Estado sai da condição de mero guardião da Ordem Pública, e passa a ser responsável pela saúde, educação, higiene, economia, assistência social, entre outras atividades. A partir daí o Direito Administrativo retoma importância e destaque, surgindo várias obras sobre o tema, dentre as quais muitos dos clássicos de autores utilizados na atualidade como Hely Lopes Meirelles, José Cretela Júnior, Osvaldo Aranha Bandeira de Melo, Valmir Pontes, entre outros. 
Todas as demais constituições brasileiras mantiveram características bastante claras e definidas sobre a administração pública, não esgotando ou extinguido o campo de atuação do Direito Administrativo.
Di Pietro (2009, p. 27) aponta algumas tendências do Direito Administrativo no Brasil, dentre as quais “o alargamento do princípio da legalidade, a democracia participativa, processualização do direito administrativo, ampliação da discricionariedade administrativa, o movimento de agencificação com funções regulatórias (agências reguladoras), a aplicação do princípio da subsidiariedade (Estado: funções essenciais), a substituição de servidores por mão de obra terceirizada”.
1.1.3 O Direito Administrativo nos Dias de Hoje
	Marçal Justen Filho destaca que o direito administrativo retrata a passagem lenta do autoritarismo para a democracia. Os poderes concedidos aos agentes públicos devem ser exercidos de modo compatível com as normas constitucionais. O Estado Democrático de Direito não caracteriza-se apenas pela supramacia da Constituição, pelo princípio da Legalidade e pela universalidade de jurisdição, mas pelo respeito aos DIREITOS FUNDAMENTAIS, e pela SUPREMACIA DA SOBERANIA POPULAR, por meio de uma atuação estatal ativa e interventiva. 
	A base teórica do Direito Administrativo ainda remonta o século XIX, de concepções napoleônicas (rígida hierarquia). A evolução política e jurídica trouxe aos textos constitucionais valores democráticos, porém, estas modificações não ingressaram de imediato no Direito Administrativo, de modo que necessitamos CONSTITUCIONALIZAR O DIREITO ADMINISTRATIVO. Trata-se de impregnar na atividade administrativa o espírito da Constituição, ou seja, a interpretação do direito administrativo deve estar fundada na Constituição. A supremacia da Constituição não deve ser um mero discurso político, mas sim constituir o núcleo concreto e real da atividade administrativa. 
Fórmulas opacas e destituídas de transparência como a “discricionariedade administrativa”, “conveniência e oportunidade”, “interesse público”, devem ser adequadas a Constituição, ou seja, não se deve sumir com elas mas sim restringi-las à dimensão Constituição e democrática. 
Uma das grandes dificuldades desta mudança é acelerado ritmo das modificações sociais, trazidas pela chamada pós modernidade. A questão é bastante problemática, pois a pós modernidade, sobre alguns aspectos, é paradoxal, sendo uma sociedade em crise. No caso do Direito, por exemplo, percebe-se que o direito jamais dará conta de resolver todos os problemas sociais, em contrapartida, a pós modernidade se caracteriza por tentar regular quase todos os setores da vida social. 
Percebe-se, neste contexto, que muitas questões são carentes de estabilidade, em razão da contínua modificação. Algumas alterações ainda nem foram implementadas e já estão sendo substituídas por outras. É o que Marçal Justem Filho denomina de “estado de espetáculo”, destituído de objetivos, a não ser manchetes jornalísticas. O cidadão espectador parece tem compulsão pela modificação, mesmo que destituída de consistência e utilidade. 
Por óbvio,não significa que a solução consiste em simplesmente reestruturar valores do passado, pois o passado não é nem melhor e nem pior, apenas foi diferente. Todas as épocas de transformações sociais atravessaram crises. Cabe ao jurista conviver com o seu tempo, e estar à altura dele. O estudante do direito deve defender valores positivos (antigos ou modernos) e combater valores negativos (antigos ou modernos), o que não se pode admitir é querer retomar o passado rejeitando as virtudes e aperfeiçoamentos do presente, nem tão pouco avançar ao futuro sem considerar a carga histórica e sem questionamentos críticos.
1.2 CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E NATUREZA JURÍDICA
	A conceituação do Direito Administrativo varia de acordo com o autor, uma vez que cada qual adota os elementos que considera mais expressivos e relevantes para se chegar ao conceito. Celso Antônio Bandeira de Mello (2007, p. 37) enfatiza a ideia de função administrativa: “o direito administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem”.
	Já Hely Lopes Meirelles (2010, p. 38) enfatiza o elemento finalístico, onde os órgãos, agentes e atividades administrativas aparecem como ferramentas para concretização dos fins desejados pelo Estado.
[...] o conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas, os órgãos, tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.
	Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2009, p. 47), Direito Administrativo é:
[...] o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exercer e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.
	
Podemos verificar que todos os conceitos, embora diferentes entre si, guardam uma relação de proximidade, em geral caracterizando a existência dos seguintes aspectos: Direito público, princípios e regras, função administrativa.
	O Direito Administrativo brasileiro não é codificado, existam várias leis esparsas, regulamentado temas diversas (licitações, processos administrativos, improbidade). Possui como fontes a lei, a jurisprudência, a doutrina e os costumes.
	Com relação a natureza jurídica, não há dúvida de que o Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público. O Direito Público possui como principal diferença para o Direito Privado a desigualdade entre as relações jurídicas. O principal fundamento da existência dessa desigualdade surge com o argumento que o interesse coletivo prevalece sobre o interesse individual. (a supremacia do interesse público sobre o privado não é absoluta, como será estudado mais adiante.)
DIREITO PÚBLICO DESIGUALDADE NAS RELAÇOES JURÍDICAS.
DIREITO PRIVADO EQUILIBRIO DAS PARTES.
 
DIREITO ADMINISTRATIVO – características 
Ramo do direito público
Autônomo
Não codificado
Possui leis esparsas
Sistema de unidade de Jurisdição.
Possui Princípios Constitucionais e Infraconstitucionais 
Tem por objeto a organização e estrutura da Administração 
Fontes: Lei (primária), jurisprudência, doutrina e costumes (secundárias)
1.3 ADMINISTRAÇÃO BUROCRATICA E ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL 
	Inspirado pela Ciência da Administração, bastante aplicada no meio empresarial, surgiu a Emenda Constitucional 19/1998, em uma tentativa de afastar o Direito Administrativo da burocracia e aproximá-lo de um sistema de gerenciamento ou administração gerencial. 
Quadro comparativo: administração burocrática e a administração gerencial
	 Administração burocrática
	Administração gerencial
	Período-base.
	Antes de 1998 
	Após 1998
	Norma-padrão
	DL n. 200/67
	Emenda n. 19/98
	Paradigma
	A lei
	O resultado
	Valores-chave
	Hierarquia, forma e processo.
	Colaboração, eficiência e parceria
	Controle
	Sobre meios
	Sobre resultados
	Institutos 
relacionados
	Licitação, processo administrativo, 
concurso público e estabilidade
	Contrato de gestão, agências executivas e princípio da eficiência
	A Emenda Constitucional 19/1998 surge na época das privatizações, foi, e ainda é, bastante criticada por alguns doutrinadores que acusam a referida emenda de ser um, pretexto para diminuir o controle jurídico sobre a administração. 
	O sistema gerencial é bastante simpático, porém pressupõe a existência de administradores públicos éticos, confiáveis, bem intencionados, entre outros atributos. Além disso, depende de uma maior autonomia para os administradores, o que atualmente não há, uma vez que o controle exercido sobre a administração pública através dos Tribunais de Contas, do Legislativo, do Judiciário, da Imprensa e da própria população, acaba de certa forma engessando os atos, sendo ancorados pelo administrador exclusivamente na letra da lei. 
1.4 SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
	Sistema administrativo, ou sistema de controle da administração, é o regime adotado pelo Estado para fins de correção dos atos administrativos ilegais. Existem dois tipos de sistemas, a saber: O contencioso administrativo (sistema francês – dualidade de jurisdição) e o sistema judiciário (sistema inglês – unidade de jurisdição). 
	O contencioso administrativo caracteriza-se pela total separação entre poder executivo e judiciário. É vedada a participação do judiciário em relação aos atos administrativos, mesmo se tratando de disputa entre particular e a administração. Os atos administrativos ficam sujeitos aos Tribunais Administrativos ou Conselhos de Estado. Chama-se contencioso administrativo porque a contenção ocorre no âmbito administrativo. Chama-se de dualidade de jurisdição porque existem duas esferas de solução de litígios, independentes entre si, a administrativa e a judiciária.
	O sistema judiciário caracteriza-se pela apreciação, pelo Poder Judiciário, de todas as formas de litígio, mesmo quando a administração é parte. Chama-se sistema de unidade de jurisdição (uno) em razão do Poder Judiciário ser exclusivo para emitir decisões definitivas para os litígios.
 
	O Brasil adota o sistema Judiciário (sistema inglês), conforme se verifica no artigo 5º inciso XXXV da Constituição. 
2 REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
	A expressão regime jurídico administrativo, se refere ao conjunto de características que dão forma ao direito administrativo, colocando a Administração Pública em uma situação de supremacia dentro de uma relação jurídico-administrativa.
	Para Di Pietro (2009, p. 60) “pode-se dizer que o regime administrativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e sujeições”. 
As prerrogativas a que se refere a autora são os privilégios que a administração possui e necessita para poder assegurar sua autoridade perante o individuo, enquanto prestadora de serviço de interesse público. São exemplos destas prerrogativas: a autotutela, a auto-executoriedade, poder de expropriar, instituir servidão, aplicar sanções administrativas, prazos dilatados. 
As Sujeições ou restrições são limites impostos diante da administração, para que toda atividade esteja sempre voltada para a satisfação do interesse público. Os atos administrativos que extrapolam os fins para os quais se destinam, ou não observam determinados princípios, estão sujeitos a nulidade. Assim sendo, pode dizer que a administração está sujeita ao interesse público. 
Em se tratando do regime jurídico e da bipolaridade “prerrogativa” x “sujeição”, temos evidenciados dois princípios basilares da administração, o princípio da legalidade que é o responsável sujeitar a administração pública a observância da lei, efetivando a sujeição, e do outro lado o princípio da supremacia do interesse público, assegurando à administração os meios, ferramentas, institutos instrumentos, enfim, as prerrogativas necessários para realização dasatividades que lhe são inerentes.
2.1 REGIME DE DIREITO PRIVADO NA ADMINISTRAÇÃO
	A Administração Pública pode se submeter tanto ao regime jurídico de direito público quanto ao de direito privado. A opção por um ou outro regime depende das disposições Constitucionais ou da lei. Por exemplo, artigo 173 § 1º da CF, o legislador optou por adotar o regime jurídico de direito privado.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) – sem grifo no original
2.2 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
	Princípios são, conforme José Cretella Junior, as proposições básicas e fundamentais de uma ciência, que condicionam todas as estruturações seguintes. Sendo assim, os princípios são os alicerces de uma ciência.
	No Direito Administrativo temos por princípios:
Legalidade
Impessoalidade 
Moralidade Artigo 37 da Constituição (Princípios basilares)
Publicidade 
Eficiência
Supremacia do interesse público Princípios Estruturantes
Indisponibilidade do interesse público
Presunção de legitimidade ou veracidade
Autotutela 
Hierarquia
Continuidade do Serviço Público Princípios Gerais 
Razoabilidade
Proporcionalidade
Motivação 
Segurança Jurídica e Boa fé.
Ampla defesa e Contraditório
Legalidade – O administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da Lei. O particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe, já na administração Pública, só é permitido fazer o que a lei autoriza. Doutrinas modernas apontam que a observância do princípio da legalidade não se resume a observância fira do texto da lei, mas sim na busca pelo seus objetivos e princípios, razão pela qual a moralidade e a eficiência devem sempre ser consideradas junto da legalidade. – Dispositivos relacionados: Artigo 37 caput da Constituição Federal. Artigo 2º § único inc. I da Lei 9.784/99.
Impessoalidade – Em um primeiro sentido, o princípio da Impessoalidade está relacionado com a finalidade pública, ou seja, todas as ações da administração pública devem estar pautadas no atendimento ao interesse público, não visando beneficiar ou prejudicar pessoas determinadas. Em um segundo sentido, a impessoalidade significa que os atos e provimentos administrativos não podem ser imputados ao servidor que o pratica, mas sim ao órgão do qual ele faz parte. As realizações são da entidade pública e não do funcionário ou autoridade. – Dispositivos relacionados: Art. 37 § 1º. Art. 2º § único da Lei 9.784/99.
Publicidade – Significa a ampla divulgação dos atos praticados pela Administração Pública, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas em lei. Podem ocorrem conflitos entre o direito individual que protege a intimidade, e o direito público, que garante a publicidade, para resolver este conflito, utilizam-se os princípios da necessidade, proporcionalidade e adequação. Dispositivos relacionados – Artigo 37 caput e Artigo 5º Inc. XXXIII e LX da CF.
Moralidade – A moralidade atualmente é um pressuposto de validade para qualquer ato administrativo. A moralidade está relacionada com honestidade, probidade, lealdade, devida pelo administrador público - Dispositivos relacionados – Artigo 37 caput e § 4º e Art. 5º LXXIII da Constituição Federal e Artigo 2º caput da Lei 9.784/99 CF.
Eficiência – A eficiência foi inserida na Constituição com a Emenda nº 19/1998, e significa que o administrador público, no exercício de suas atribuições, agir com presteza, rendimento e perfeição. É o mais moderno e inovador dos princípios. Pelo princípio da eficiência, não basta que o ato do administrador seja licito, exige-se que o resultado seja satisfatório para o atendimento do interesse público. Em que pese a relevância deste princípio, é importante mencionar que ele não goza de supremacia sobre os demais princípios, e não deve ser utilizado para justificar a atuação administrativa à margem da lei. - Dispositivos relacionados – Artigo 37 caput da Constituição Federal e Artigo 2º caput da Lei 9.784/99 CF.
Supremacia do interesse público – Também conhecido como princípio da finalidade pública, está presente tanto no momento da elaboração da lei até a execução em concreto pela Administração Pública. O direito deixou de ser apenas um instrumento de garantida dos direitos individuais e passou a ser visto como meio para consecução da justiça social, do bem comum e do bem estar coletivo. A primazia do interesse público sobre o privado é inerente à atuação estatal, na medida em que a própria existência do Estado justifica-se pela busca do interesse geral. Dispositivos relacionados – Artigo 2º da Lei 9784/99. 
 Indisponibilidade do interesse público – Decorre da supremacia do interesse público. A administração pública não pode dispor daquilo que é de interesse geral, nem pode renunciar os poderes que a lei lhe concedeu para tutelar o interesse público.
Presunção de Legitimidade ou veracidade – Os atos administrativos presumem-se válidos, legítimos. Os fatos alegados pela administração gozam de presunção de veracidade, ou seja, são de imediato, reconhecidos como verdadeiros. A consequência desta presunção é a inversão do ônus da prova de invalidade do ato administrativo, para quem a invoca.
Autotutela – Significa que a administração pública pode realizar a revisão de seus próprios atos. Este poder está consagrado nas súmulas 346 e 473 do STF. 
Hierarquia – Significa que os órgãos da Administração estão estruturados de forma que existe uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros. 
Continuidade do Serviço Público – Significa que o serviço público através do qual o Estado desempenha suas funções essências ou necessárias para a coletividade não pode parar. 
Razoabilidade e Proporcionalidade – Trata-se do princípio aplicado no Direito Administrativo com o objetivo de diminuir a discricionariedade administrativa, ampliando o âmbito de apreciação do ato administrativo pelo Poder Judiciário. Os atos administrativos devem ser adequáveis, compatíveis e proporcionais, atendendo a finalidade pública. 
Motivação – A administração pública deve indicar os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. A Lei 9784/99 versa sobre o princípio da motivação no artigo 2º caput e no artigo 50. 
Segurança Jurídica e Boa fé. – Segurança Jurídica - Visa evitar que mudanças interpretativas da Administração pública acarretem consequências para situações já reconhecidas e consolidadas na interpretação anterior. Ou seja, a administração pública pode mudar sua interpretação normativa, mas esta nova interpretação não deve retroagir para casos anteriores, considerados válidos diante das circunstâncias no momento em que foi adotada. Boa-fé – Protege a confiança que o administrado deposita na administração pública. O particular confia que a conduta da Administração esteja correta, de acordo com a lei e com o direito. 
Ampla defesa e Contraditório – Visa assegurar o exercício de direitos Constitucionais, em especial o artigo 5º inc. LV, para os participantes de processos administrativos. Trata-se da processualização administrativa, através do devido processo legal. 
 
3 PODERES DA ADMINISTRAÇÃOOs poderes da administração ou poderes administrativos são os instrumentos de trabalho adequados para a realização das atividades administrativas. São as prerrogativas criadas com base na supremacia do interesse público sobre o privado, consubstanciado em verdadeiro poder-dever para que os administradores busquem a fiel consecução dos interesses públicos.
Os poderes são irrenunciáveis, e o exercício do poder não se trata de uma faculdade da Administração, mas sim de um dever. Os poderes são atributos dos cargos ou funções, e não um privilégio da pessoa que o exerce, de modo que o Poder Administrativo “empresta” autoridade ao agente público. 
	 	
3.1 PODER VINCULADO
	Também chamado de poder regrado, é aquele em que a lei estabelece o Poder para a Administração visando a pratica de um ato de sua competência, estabelecendo elementos e requisitos necessários para formalização do referido ato. Ou seja, o Poder da Administração está condicionado ou vinculado ao que diz a norma. 
A liberdade do administrador, nestes casos, é praticamente inexistente, uma vez que pelo princípio da legalidade, deve fiel observância ao preceito legal, desta forma, quando o administrador, diante de uma situação de fato, onde encontra todos os elementos previstos na norma, somente lhe restará praticar o ato, pois está vinculado.
Exemplo de Poder vinculado: Licenças e alvarás, Carteira de Habilitação.
3.2 PODER DISCRICIONÁRIO
	O Poder discricionário é uma prerrogativa pela qual o ordenamento jurídico deixa para a Administração certa “margem” de liberdade para realização de determinado ato. Esta liberdade consiste na análise de conveniência e oportunidade.
Por óbvio, o administrador continua com o dever de observância de todos os princípios do Direito Administrativo. Hely Lopes Meireles (2010, p. 121) esclarece que não se pode confundir poder discricionário com arbitrariedade, pois são situações diversas. A discricionariedade é uma liberdade da ação administrativa, dentro dos limites legais, já o arbítrio excede a lei, sendo sempre ilegítimo e inválido.
Exemplos: Autorização para Porte de Arma, autorização para produção de material bélico, autorização para circulação de veículos com peso e altura excedente, autorização para corte de árvores nativas. 
3.3 PODER REGULAMENTAR OU NORMATIVO
	Faculdade que dispõe os chefes do executivo de explicar a lei para sua correta execução, editando normas complementares. O poder regulamentar se expressa basicamente de duas formas de regulamentos: o regulamento executivo e o regulamento autônomo (ou independente).
	O regulamento executivo, via decreto, tem como objetivo complementar a lei para fiel execução, nos termos do artigo 84, IV da Constituição. Não pode regulamentar contra legem ou ultra legem. Não pode inovar na ordem jurídica, pois ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei (Art 5º II. CF). Limita-se a estabelecer normas de como a lei vai ser cumprida pela Administração.
	Os regulamentos autônomos, por sua vez, são os que inovam na ordem jurídica, já que estabelecem normas sobre matérias não disciplinadas em lei. Com a Emenda Constitucional nº 32/2001 o decreto autônomo passou a fazer parte do ordenamento jurídico brasileiro, porém apenas para os casos taxativamente previstos no artigo 84, inciso VI da CF. 
	Importante mencionar ainda que, nos termos do artigo 49, V da CF, o Congresso Nacional pode sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. A sustação de se dá por Decreto legislativo, nos termos do artigo 59 da CF e Regimento Interno do Congresso Nacional. 
3.4 PODER HIERARQUICO 
	O Poder hierárquico consiste na prerrogativa do Executivo de escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever as ações de seus agentes, estabelecendo uma relação de subordinação entre os servidores do quadro de pessoal. A hierarquia é a relação de subordinação entre órgãos e agentes, com a distribuição de funções e gradação da autoridade de cada um. 
	O objetivo do poder hierárquico é ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas. A existência do poder hierárquico pressupõe a existência do dever de obediência, ou seja, os subalternos dentro da hierarquia devem obediência às ordens e instrução dos superiores. 
	Do poder hierárquico decorrem algumas faculdades, implícitas aos superiores, como dar ordens, editar atos, fiscalizar, delegar atribuições, avocar atribuições, aplicar sanções, anular e revogar atos dos seus subalternos. 
	
 3.5 PODER DISCIPLINAR
	Destinado para apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. As sanções impostas aos particulares não sujeitos à disciplina interna não estão inseridas neste poder, mas sim no poder de polícia, que será visto mais adiante. 
	O Poder Disciplinar decorre da hierarquia. A apuração das infrações e a aplicação das sanções dependerá de um procedimento, geralmente denominado de Processo Administrativo Disciplinar, onde são asseguradas a ampla defesa e o contraditório. 
3.6 PODER DE POLÍCIA.
	Quando de um lado está o cidadão, querendo fazer uso pleno de todos os seus direitos, e do outro lado está a Administração Pública, tentado condicionar o exercício dos direitos ao bem estar coletivo, prevalecerá o interesse público defendido pela Administração, para fazer valer esta prerrogativa, a Administração faz uso do Poder de Polícia. Para Zanobini (1968, p. 491) não se trata de incompatibilidade entre os direitos individuais e os limites impostos, uma vez que a ideia de limite surge com o próprio conceito de direito subjetivo, no sentido de que tudo o que juridicamente é garantido, também é juridicamente limitado. 
	Embora muitos entendam que se trata de uma limitação à liberdade individual, é importante ter em mente que a finalidade é assegurar esta própria liberdade e os direitos essenciais. Assim sendo, o fundamento para o Poder de Polícia é a supremacia do interesse público sobre o particular. 
3.6.1 Noções Históricas Sobre o Poder de Polícia
	A expressão “polícia” vem do grego “politeia” e era utilizado para designar as atividades desenvolvidas na cidade estado (polis). Na idade média, durante o período feudal, o monarca possuía um poder conhecido como “jus politiae”, através do qual designava tudo o que era necessário para uma boa ordem social. Este Direito de Polícia dos príncipes passou a ser associado com a ideia de coação, criando uma distinção do poder de policia e das demais atividades do Estado. 
	Com o Estado de Direito, o Poder de Polícia passou a ser limitado por lei, de modo que somente se pode limitar o exercício de algum direito individual para assegurar a Ordem pública. Assim, o Poder de Polícia passou a ser essencialmente relativo a segurança. 
	No início do Século XX muitos autores falavam da necessária distinção entre uma Polícia Geral, relativa a segurança pública, e outra Polícia Especial, que atuaria nos mais diversos setores da atividade dos particulares. 
3.6.2 Conceito de Poder de Polícia
	Em um conceito clássico do Século XVIII, o Poder de Polícia é a atividade do Estado que limita o exercício dos direitos individuais em prol da segurança. Em um conceito moderno, o Poder de Polícia é a atividade do Estado consistente e, limitar o exercício de direitos individuais em benefício do interesse público. 
	O interesse público está nos mais variados setores da sociedade: saúde, segurança, meio ambiente, patrimônio, cultura, defesa do consumidor. Daí a razão pela qual existem vários ramos de Polícia Administrativa (ambiental, saúde, segurança, trânsito, águas). 
	Na legislação brasileira o conceito de Poder de Polícia está no Código Tributário Nacional, artigo 78.
 Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernenteà segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
3.6.3 Polícia Administrativa, Polícia Judiciária e Polícia de Manutenção da Ordem Pública
	Para Di Piretro (2010, p. 118) o Estado exerce o Poder de Polícia em duas áreas de autuação, administrativa e judiciária. De um modo geral pode-se dizer que a Polícia Administrativa está mais próxima da atividade preventiva, enquanto que a Polícia Judiciária está mais próxima da atividade repressiva. Esta distinção não é uma regra em absoluta, haja vista que a Polícia Administrativa atua, por muitas vezes, de forma repressiva. Ao mesmo tempo em que a Polícia Judiciária por vezes atua na prevenção.
	Já Hely Lopes Meireles (2010, p. 134) entende que existem três modalidades de Polícia, sendo a Polícia Judiciária, realizada em regra pela Polícia Civil, a Polícia de Manutenção da Ordem Pública, realizada em regra pela Polícia Militar, e a Polícia Administrativa que é inerente e se difunde por toda a administração pública, inclusive sobre as Polícias Civil e Militar. 
3.6.4 Atributos do Poder de Polícia 
Discricionariedade: Traduz-se na livre escolha da oportunidade e conveniência de exercer o Poder de Polícia. Por vezes a lei deixa certa margem de liberdade de apreciação ao administrador, até mesmo pela dificuldade em prever todas as hipóteses e desdobramentos possíveis. Assim, a Administração terá que decidir qual o melhor momento para agir, qual o meio de ação mais adequado, qual a sanção cabível. Não confundir discricionariedade com arbitrariedade. A discricionariedade é a liberdade de agir dentro dos atributos legais, sendo legítimo e válido. A arbitrariedade é a ação fora ou excedente à lei, sendo ilegítima e inválida. 
Auto executoriedade: é a possibilidade que tem a Administração de colocar em execução suas decisões sem precisar recorrer previamente ao judiciário. Alguns autores desdobram a auto executoriedade em exigibilidade (privilege du préalable) e executoriedade (privilege d’action d’office). Desta forma, a exigibilidade seria o atributo pelo qual a Administração pode tomar suas decisões e torná-las exigíveis, são também os meios indiretos de coação. Exemplo: não há como licenciar o veículo estando com multas não pagas. A exigibilidade está presente em todas as medidas de polícia. Já a executoriedade seria o meio material direto de coação para realizar a execução forçada, se for necessário com o uso da força, visando obrigar o administrado a cumprir a decisão. Exemplo: Apreensão de mercadorias, interdição de uma empresa. A executoridade não está presente em todas as medidas de polícia, uma vez que dependem de previsão legal ou nos casos de medida urgente. 
Corecibilidade: A coercibilidade é indissociável da autoexecutoriedade, ou seja, o ato de polícia somente é auto executável porque é dotado de forma coercitiva. O ato de Polícia é imperativo e admite o emprego da força pública para seu cumprimento. A coercibilidade admite o uso da força física, mas não justifica o uso de violência desnecessária ou desproporcional. 
	
3.7 ABUSO DO PODER
O Poder deve ser utilizado dentro dos limites legais, sem espaço para violência, arbitrariedades, perseguição ou favoritismo político, sob pena de nulidade do ato. O Poder confiado ao administrador deve ser usado para o benefício da coletividade administrada. A desproporcionalidade no uso do poder, o emprego arbitrário, a violência desnecessária, constituem formas abusivas de uso do poder. O abuso do poder ocorre sempre que a autoridade que detém a competência para realização do ato excede os limites da atribuição ou se desvia das finalidades administrativas. 
O Abuso do poder pode se revestir das mais variadas formas, pode ser ostensivo como a truculência, pode ser dissimulado como o estelionato, pode estar encoberto com uma ilusória aparência de legalidade. Em qualquer caso, aparente ou disfarçado, o abuso do poder é uma ilegalidade que invalida o ato administrativo. 
O abuso do poder pode ocorrer tanto na forma comissiva quanto na forma omissiva, já que não só a ação, mas também a inércia da autoridade administrativa pode afrontar a lei e causar lesão à direito individual, como por exemplo, deixar de prestar um serviço que por lei está obrigado. 
Os instrumentos jurídicos mais comuns contra os abusos de poder são o mandado de segurança (Art. 5º LXIX da CF) ação popular (Art. 5º LXXIII da CF), mandado de injunção (Art. 5º LXXI da CF), Ações de Inconstitucionalidade, por ação ou omissão, entre outras.
Segundo Meireles (2010, p. 114) o gênero abuso de poder se divide em duas espécies bem caracterizadas: Excesso de Poder e Desvio de Finalidades.
3.7.1 Excesso de Poder. 
	O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para realizar o ato, vai além daquilo que lhe é permitido e exorbita no uso das faculdades que lhe são atribuídas. O excesso de Poder tona o ato arbitrário, ilícito e nulo, retira a legitimidade da conduta do administrador e o coloca, dependendo do caso, no crime de abuso de autoridade (Lei 4.898/1965).
	O excesso de poder, na pratica, ocorre quando o administrador age descumprindo a lei frontalmente, excedendo os limites de sua competência, bem como quando o administrador tenta contornar os dispositivos legais, de forma dissimulada. 
3.7.2 Desvio de Finalidade 
Ocorre quando a autoridade, embora imbuída de competência para a prática do ato, pratica-o com motivos ou fins diversos dos pretendidos pela lei. É a violação ideológica da lei. Por exemplo, quando a administração decreta uma desapropriação alegado utilidade pública, porém na prática o objetivo é favorecer (ou prejudicar) terceiros, ou ainda, quando adquire veículos com características incompatíveis com o serviço destinado. A Lei da Ação Popular (4717/65) prevê o desvio de finalidade em seu artigo 2º, “e”, § único, “e”, como causa de nulidade do ato. 
3.8 PODER E VIOLÊNCIA 
	Uma das características do Estado Moderno é o Monopólio do uso da violência. A centralização do Poder Político produziu a assunção, pelo Estado, dos meios de coação física, afirmando sua soberania externa e interna. Desta forma, o Estado foi aparelhado de forma a combater e eliminar qualquer obstáculo por meio da força. Isso produziu o risco de que a justificativa para existência da ordem jurídica residisse pura e simplesmente da forma bruta.
Com o avanço da civilização ficou demonstrado que o monopólio da violência não significa legitimação pelo uso da violência. Nenhum estado se justifica e nem se mantém pura e simplesmente pela força, nenhuma ordem jurídica se legítima e nem se mantém através da violência. A violência pode dar sustentação para um determinado regime e impor observância as normas jurídicas, mas apenas temporariamente, a curto prazo. A médio e longo prazo, toda organização de poder e todo direito somente podem se manter por via de legitimidade.
Hannah Arendt (1970, p. 41) sustenta que 
é o suporte do povo que produz o poder das instituições de um pais, esse suporte é nada além do que continuação do consentimento que produziu o surgimento das leis. Todas as instituições políticas são manifestações e materializações de poder, elas se petrificam e entram em decadência tão logo o poder existente do provo cessar de dar-lhes suporte. 
O poder é a essência de todo governo, e não a violência. A violência precisa de justificativas para ser usada, o poder, por sua vez, dispensa justificativas pois é inerente a existência do Estado. Assim sendo, conclui-se que a monopolização da violência por um Estado é decorrente de seu Poder e de sua autoridade, e não causa de sua existência. 
4 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
	
O estudo acerca da Administração Pública, sua estrutura, atividades e organização deve partir do conceito de Estado, uma vez que sobre oEstado repousa toda concepção moderna referente às funções da Administração.
4.1 CONCEITO DE ESTADO 
	O termo Estado, no sentido em que é empregado atualmente nasce na época de Maquiavel (1469-1527), que inicia seu livro “O Príncipe” com as seguintes palavras “Todos os Estados, todos os domínios (...) foram e são repúblicas os principados”. Atualmente, segundo define Paulo Nader (2013, p. 130) “Estado é um complexo político, social, e jurídico, que envolve a administração de uma sociedade estabelecida em caráter permanente em um território, e dotado de poder autônomo”. 
4.2 ELEMENTOS DO ESTADO 
	A maioria das definições de Estado vai nos remeter aos seus elementos essenciais: População, território e soberania. 
	A População é o componente humano do Estado, o povo. É o centro da vida do Estado e de suas instituições (NADER, 2013, p. 131). Não há limites de habitantes para formação de um Estado. Platão acreditava que cada Estado deveria ter 5.040 habitantes. Já Aristóteles considerava que 10.000 habitantes, excluídos os escravos, seria um número ideal. Os cálculos de Rousseau também indicaram 10.000 habitantes para cada Estado. A título de curiosidade, existem diferenças entre povo e nação. Denominamos povo os habitantes de um determinado território, sujeitos as mesmas leis, que podem apresentar nacionalidade, religião e ideais diferentes. Já a nação é uma sociedade formada por indivíduos que se identificam por alguns elementos comuns, origem, religião, língua, ética, cultura, e sentem-se unidos pelas mesmas aspirações. Enquanto que o povo se forma pela simples reunião de indivíduos, a nação corresponde ao grupo irmanado por sentimento à pátria. Povo é entidade jurídica. Nação é entidade moral. (NADER, 2013, p. 132).
	O território é a base geográfica física, demarcada por suas fronteiras. Não há limites máximos ou mínimos para o território dos Estados. 
A Soberania é o poder de autodeterminação do Estado. É o poder de livremente administrar seus negócios internos. No plano externo, soberania significa independência quanto aos demais Estados. 
4.3 PODERES DO ESTADO 
	Na clássica tripartição de Montesquieu, os Poderes do Estado são o Legislativo, Executivo e o Judiciário, nos termos do artigo 2º da Constituição Federal 1988, independentes e harmônicos entre si. Importante salientar que cada poder possui uma função precípua, o legislativo, normatizar, o executivo, converter a lei em ato concreto, e o judiciário, a aplicação da lei em caso de descumprimento, o que não significa que um poder está totalmente afastado das funções do outro, uma vez que, em caráter excepcional e autorizado pela Constituição, desempenham funções que em regra pertenceriam a outro Poder. Isso é perfeitamente normal e aceitável, como o próprio Montesquieu previa, criando um sistema conhecido entre nos como “freios e contrapesos”. 
	O Poder Judiciário, além da sua função precípua, desempenha funções de natureza administrativa na organização de sua estrutura interna. Também possui funções de natureza legislativa no tocante à iniciativa de leis, e no âmbito interno pode editar regulamentos de seus serviços. O STF, com as Ações de Inconstitucionalidade (ADIn, ADC), com a Arguição por Descumprimento de Preceito Fundamental e com a Súmula Vinculante, realiza atividades muito próximas das funções legiferantes. (JUSTEN, 2006, p. 25)
	O Poder legislativo possui competência para organizar e administrar sua estrutura interna, e possui ainda Poderes Jurisdicionais no tocante aos processos envolvendo os ocupantes de certas funções, como por exemplo, o artigo 52 I da CF, que define a competência do Senado para processar e julgar o Presidente e o Vice, nos crimes de responsabilidade.
	O Poder Executivo, por sua vez, desempenha funções relacionadas com a legislação, já que dispõe de iniciativa para desencadear determinados processos legislativos, bem como possui poderes de veto, pode ainda editar medidas provisórias e editar atos de cunho normativo (regulamentos).
	Alguns autores como Pedro Lenza (2012, p. 483) afirmam que é inapropriado o uso da expressão “Poderes”, já que o Poder é uno e indivisível, não sendo, portanto, possível reparti-lo em três, assim sendo o que se reparte são as funções decorrentes do Poder. 
	Marçal Justen Filho (2006, p. 27) afirma categoricamente que:
No Brasil é evidente a existência de cinco Poderes, na medida em que nem o Ministério Público e nem o Tribunal de Contas podem ser reputados como integrados em um dos outros três poderes. 
		 
	Ou seja, as atribuições do MP e do Tribunal de Contas não podem ser exercidas senão por eles mesmos, e ainda, ambas as instituições possuem estrutura organizacional própria e autônoma. 
 
4.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DA ADMINISTRAÇÃO
	A organização do Estado é matéria constitucional que concerne a divisão política do território, estruturação dos Poderes, forma de governo e modo de investidura dos governantes, direitos e garantias dos governados. 
Uma vez organizado o Estado surge a necessidade de organizar a administração das entidades instituídas para a execução de serviços públicos. 
Na nossa Federação temos como entidades estatais (dotadas de autonomia política, administrativa e financeira) somente a União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal, estes realizam compõe a administração pública direta. As demais pessoas jurídicas, instituídas ou autorizadas a se constituírem por lei, ou são autarquias, ou são fundações, ou são empresas governamentais (sociedade de economia mista e empresa pública), que compõe a administração pública indireta. Este conjunto todo constitui a administração pública.
Organização administrativa é, portanto o estudo da estrutura interna da Administração Pública, os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem. No âmbito federal, o tema é disciplinado pelo Decreto-Lei n. 200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”. 
4.4.1 Concentração e Desconcentração 
	Na Concentração a atribuição está concentrada em um só órgão, sem divisões internas em repartições ou departamentos. Na Desconcentração há o fenômeno da divisão de atribuições dentro da mesma pessoa jurídica de Direito Público ou pessoa governamental, por meio de órgãos despersonalizados (não possui personalidade jurídica), que devem ser entendidos como centros de competência, levando em consideração a matéria, hierarquia, território. Segundo Di Pietro (2009, p. 409) a desconcentração é uma distribuição interna de competência, dentro da mesma pessoa jurídica, visando descongestionar um grande volume de trabalho, criando um melhor e mais adequado desempenho ao órgão. A hierarquia administrativa está presente na Desconcentração. Exemplos de desconcentração: Ministérios da União, Secretarias Estaduais e Municipais, Postos de atendimento da Receita Federal, as Subprefeituras, entre outros.
4.4.1.1 Órgãos
	A Lei 9.784/99 define, em seu artigo 1º, § 2º I.
 I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta;
	
	Segundo ensina Di Pietro (2009, p. 505) os órgãos não se confundem com as pessoas jurídicas das quais pertence, embora seja uma de suas partes integrantes. Os órgãos não possuem personalidade jurídica, e assim sendo, não possuem capacidade processual. 
4.4.2 Centralização e Descentralização 
	A centralização ocorre quando o desempenho das competências administrativas se dá por uma única pessoa jurídica governamental. É o que ocorre, por exemplo, com as atribuições exercidas diretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A centralização também é chamada de administração pública direta.
	Já na descentralização, as competências administrativas são exercidas por pessoas jurídicas autônomas, criadas pelo próprio Estado para tal finalidade. Exemplos: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. O instituto fundamental da descentralizaçãoé o de entidade. (CF Artigo 37, XIX e XX).
	Nos termos do Art. 1º, § 2º, II, da Lei n. 9.784/99, entidade é a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica própria. Tendo personalidade autônoma, tais entidades respondem judicialmente pelos prejuízos causados por seus agentes públicos. A descentralização, nos termos do art. 6º, do Decreto-Lei n. 200/67, tem natureza jurídica de princípio fundamental da organização administrativa. O conjunto de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo Estado recebe o nome de Administração Pública Indireta ou Descentralizada. 
4.4.3 Relações Entre as Técnicas Administrativas 
	A relação que adiante segue é da lavra de Alexandre Mazza (2012. p. 133), para o qual é possível combinar os institutos em quatro formas distintas de organização da estrutura administrativa:
a) centralização concentrada: quando a competência é exercida por uma única pessoa jurídica sem divisões internas. Seria o caso, improvável na prática, de uma entidade federativa que desempenhasse diretamente todas as suas competências sem divisão em órgãos públicos;
b) centralização desconcentrada: a atribuição administrativa é cometida a uma única pessoa jurídica dividida internamente em diversos órgãos públicos. É o que ocorre, por exemplo, com as competências da União Federal exercidas pelos Ministérios;
c) descentralização concentrada: ocorre quando são atribuídas competências administrativas a pessoa jurídica autônoma sem divisões internas. Exemplo: autarquia sem órgãos internos;
d) descentralização desconcentrada: é a situação surgida quando as competências administrativas são atribuídas a pessoa jurídica autônoma dividida em órgãos internos. Exemplo: autarquia estruturada internamente em diversos órgãos e repartições.
	
4.5 ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
	A Administração Pública Indireta ou Descentralizada é composta por pessoas jurídicas autônomas com natureza de direito público ou de direito privado. Segundo Di Pietro (2009, p. 421), a Administração Indireta é formada por Autarquias, fundações instituídas pelo Poder Público, sociedades de economia mista, empresas públicas e consórcios públicos. 
	As Autarquias são sempre de direito público. Os consórcios públicos podem ser de direito público ou privado, dependendo do regime que lhe for atribuído pela lei instituidora. 
	As fundações Públicas, segundo a interpretação constitucional e jurisprudências, podem ser constituídas tanto no regime de direito público quanto de regime privado, nestes casos, recebe a denominação de Fundação Pública de Direito Público (Autarquia Fundacional – espécie de autarquia), ou Fundação Pública de Direito Privado.
	As demais entidades (sociedades de economia mista, empresas públicas) são de direito privado.
4.5.1 Autarquias
	As Autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Pública Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas da Administração Pública. 
Algumas das autarquias mais importantes do Brasil são: Instituto Nacional do 	Seguro Social – INSS, Banco Central – Bacen, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra e todas as universidades públicas, como a USP e a UFRJ.
	Na maioria das vezes, o nome “instituto” designa entidades públicas com natureza autárquica. O conceito legislativo de autarquia é apresentado pelo art. 5º, I, do Decreto-Lei n. 200/67: 
serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
4.5.1.1 Características das autarquias 
	As autarquias possuem as seguintes características jurídicas:
	
	a) são pessoas jurídicas de direito público: aplica-se o regime jurídico de direito público, e não as regras de direito privado.
	b) são criadas e extintas por lei específica: a personalidade jurídica de uma autarquia nasce com lei que a institui, dispensando quaisquer outras formalidades. Nesse sentido, estabelece o art. 37, XIX, da Constituição Federal que “somente por lei específica será criada autarquia”. 
	A “Lei específica” segundo a doutrina, significa a impossibilidade de criação da autarquia por meio de lei multitemática, ou seja, depende de lei monotemática tratando exclusivamente da criação da autarquia. A extinção da autarquia deve ser feita da mesma forma que a criação, pelo princípio do paralelismo das formas (ou simetria das formas). Para uma autarquia não se aplica o regime extintivo falimentar.
	c) dotadas de autonomia: autonomia é capacidade de autogoverno representando o nível de liberdade na gestão de seus próprios assuntos, intermediário entre a subordinação hierárquica e a independência. 
	Assim, as autarquias não estão subordinadas hierarquicamente à Administração Pública Direta, mas sofrem um controle finalístico chamado de supervisão ou tutela. As dimensões da autonomia são: organizacional, orçamentária, patrimonial, de competência.
	d) nunca exercem atividade econômica: somente podem desempenhar atividades típicas da Administração Pública (art. 5º, I, do Decreto-Lei n. 200/67). É conceitualmente impossível autarquia exercer atividade econômica.
	e) são imunes a impostos: por força do art. 150, § 2º, da Constituição Federal, autarquias não pagam nenhum imposto. Em razão de a norma mencionar somente impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais, são devidos normalmente;
	f) seus bens são públicos: os bens pertencentes às autarquias são revestidos dos atributos da impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade;
	g) praticam atos administrativos: os atos praticados pelos agentes públicos pertencentes às autarquias classificam-se como atos administrativos sendo dotados de presunção de legitimidade, exigibilidade, imperatividade e autoexecutoriedade;
	h) celebram contratos administrativos: como decorrência da natureza de pessoas públicas, os contratos celebrados pelas autarquias qualificam-se como contratos administrativos, ou seja, constituem avenças submetidas ao regime privilegiado da Lei n. 8.666/63 cujas regras estabelecem uma superioridade contratual da Administração Pública sobre os particulares contratados;
	i) o regime normal de contratação é estatutário: em regra, os agentes públicos pertencentes às autarquias ocupam cargos públicos, compondo a categoria dos servidores públicos estatutários. A contratação celetista é excepcional;
	j) possuem as prerrogativas especiais da Fazenda Pública: as autarquias possuem todos os privilégios processuais característicos da atuação da Fazenda Pública em juízo, como prazos em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar, desnecessidade de adiantar custas processuais e de anexar procuração do representante legal, dever de intimação pessoal, execução de suas dívidas pelo sistema de precatórios etc.;
	k) responsabilidade objetiva e direta: as autarquias respondem objetivamente, isto é, sem necessidade de comprovação de culpa ou dolo, pelos prejuízos causados por seus agentes a particulares. Além de objetiva, a responsabilidade também é direta, porque é a própria entidade que deve ser acionada judicialmente para reparar os danos patrimoniais que causar. A Administração Direta (entidades federativas – União, Estados, Município, DF), só poderá ser acionada em caráter subsidiário, vale dizer, na hipótese de a autarquia não possuir condições patrimoniais e orçamentárias de indenizar a integralidade do valor da condenação;
	l) outras características: além das características mencionadas, as autarquias sofrem controle dos tribunais de contas, têm o dever de observar as regras de contabilidade pública, estão sujeitas à vedação de acumulação de cargos e funções públicas, devem realizar licitação e seus dirigentesocupam cargos em comissão de livre provimento e exoneração.
4.5.1.2 Espécies de autarquias
	A doutrina identifica diversas categorias de autarquias:
	a) autarquias administrativas ou de serviço (autarquias comuns): são dotadas do regime jurídico ordinário dessa espécie de pessoa pública. Exemplo: INSS; IBAMA
	b) autarquias especiais: caracterizam-se pela existência de determinadas peculiaridades normativas que as diferenciam das autarquias comuns, como uma mais acentuada autonomia. Essa categoria de autarquias pode ser dividida em subespécies: 
autarquias especiais stricto sensu: Universidades Públicas (gozam de autonomia financeira, patrimonial, administrativa e didático científica). Outros Exemplos: Banco Central, a Sudam e a Sudene; 
agências reguladoras: autarquias especiais dotadas de uma qualificada autonomia garantida pela presença de dirigentes com mandatos fixos e estabilidade no exercício das funções. Realizam funções “normativas”, com observância da legalidade (na teoria, as AR não podem regrar matéria não disciplinada em lei, e nem mesmo podem regulamentar leis, pois este se trata de competência privativa do Chefe do Executivo). Seus atos não podem ser revistos pelo Poder Executivo, pois são dotadas de maior autonomia, ou seja, quando a lei cria uma agência retita atribuições do Poder executivo e as coloca nas mãos da agência, logicamente, esta independência não é absoluta, uma vez que o exercício das atividades deve estar dentro dos limites legais, estando sujeita ao controle administrativo (tutela) do Ministério que está vinculada. Os Exemplos: Anatel, Anvisa e Antaq; ANP. Possui algumas características que lhe são próprias: 1 - DIRIGENTES ESTÁVEIS: ao contrário das autarquias comuns, em que os dirigentes ocupam cargos em comissão exoneráveis livremente pelo Poder Executivo, nas agências reguladoras os dirigentes são protegidos contra o desligamento imotivado, permitindo ao dirigente exercer tecnicamente suas funções sem preocupação com influências políticas ou partidárias. A Lei 9986/2000 estabelece que as agências serão dirigidas em regime colegiado (conselheiros ou diretores – requisito: Brasileiro, reputação ilibada, formação universitária, elevado conceito no campo da especialidade do cargo), os quais serão escolhidos e nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado. ; 2 - MANDATOS FIXOS: diferentemente do que ocorre com as demais autarquias, nas agências reguladoras os dirigentes permanecem na função por prazo determinado sendo desligados automaticamente após o encerramento do mandato. A duração dos mandatos varia entre as diversas agências reguladoras. 3- QUARENTENA: é o período de 4 meses, contado da exoneração ou do término do mandato, durante o qual o ex dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência (art. 8º da Lei n. 9.986/2000). Durante o período de quarentena, o ex-dirigente ficará vinculado à agência, fazendo jus à remuneração compensatória equivalente à do cargo de direção que exerceu e aos benefícios a ele inerentes (art. 8º, § 2º, da Lei n. 9.986/2000).
agências executivas: qualificação dada para a autarquia ou fundação que celebre contrato de gestão com órgão da Administração Direta a que se acha vinculada, para melhoria da eficiência e redução de custos. Pela Lei 9649/98: 
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos:
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento;
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
A qualificação é dada pelo Chefe do Executivo, porém, muitas vezes não consegue ampliar a autonomia da autarquia, já que encontra limites na lei que criou a criou. 
Segundo Mazza (2012, p. 150) a baixa qualidade técnica dos diplomas normativos disciplinadores da outorga do título de agência executiva e a falta de clareza quanto aos seus objetivos resultaram na diminuta repercussão prática do instituto, havendo poucos casos de entidades que obtiveram tal qualificação. Um raro exemplo de agência executiva é o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro, uma autarquia federal que obteve a referida qualificação.
	c) autarquias corporativas: também chamadas de corporações profissionais ou autarquias profissionais, são entidades com atuação de interesse público encarregadas de exercer controle e fiscalização sobre determinadas categorias profissionais. Exemplo: Conselhos de Classe, como Crea, CRO e CRM. Já a Ordem dos Advogados do Brasil perdeu o status de autarquia no Supremo Tribunal Federal;
	d) autarquias fundacionais: são criadas mediante a afetação de determinado patrimônio público a certa finalidade. São conhecidas como fundações públicas. Exemplos: Procon, Funasa e Funai;
	e) autarquias territoriais: são departamentos geográficos administrados diretamente pela União. Na Constituição de 1988 tais autarquias recebem o nome de Territórios Federais (art. 33 da CF).
OBS: Natureza jurídica da Ordem dos Advogados do Brasil. No julgamento da ADIn 3.026/2006, o Supremo Tribunal Federal negou a natureza autárquica da OAB, entendendo que falta à entidade personalidade jurídica de direito público, não tendo nenhuma ligação com a Administração Pública. Segundo o STF, perante a Constituição Federal de 1988, a OAB seria uma entidade sui generis. Segundo o STF, a OAB:
1. Não se sujeita aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta.
2. Não é uma entidade da Administração Indireta da União, mas um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro.
3. Não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se têm referido como “autarquias especiais”.
4. Não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada.
5. Ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da Justiça (art. 133 da CF/88). É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados.
6. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público.
7. A OAB, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional.
8. Embora decorra de determinação legal, o regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e independente.
9. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB.
Fonte: Mazza (2012)
4.5.2 Fundações Públicas
	Fundações Públicas de Direito Público: são pessoas jurídicas de direito público, instituídas por lei específica mediante a afetação de um acervo patrimonial do Estado para uma finalidade pública. Exemplos: Funai, Funasa, IBGE, Funarte e Fundação Biblioteca Nacional. De acordo com o entendimento adotado pela maioria da doutrina, as fundações públicas são espécies de autarquias com as mesmas características jurídicas aplicáveis às entidades autárquicas. (STF, RDA 160/85, 161/50, 171/124 - “espécies do gênero autarquia”).
	Fundação Pública de Direito Privado (fundação governamental): Possui o mesmo regime da empresa pública e da sociedade de economia mista. Precisa de autorização para sua criação. É uma fundação Pública, porém, rege-se pelo regime de direito privado.
OBS: A questão das Fundações Públicas é assunto de debate doutrinário. A melhor doutrina atualmente é aquela que aceita a criação de fundação pública de direito privado a partir do registro público dos seus atos constitutivos, após a autorização por lei para sua criação (da mesma forma que para as empresas públicas e sociedades de economiamista), e ainda a criação de fundação pública de direito público diretamente pela lei específica, nos moldes da criação de uma autarquia.
Fonte: Mazza (2012)
4.5.3 Consórcios Públicos
O art. 241 da Constituição Federal prescreve que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. 
No conceito de Di Petro (2009, p. 477) consórcios públicos são:
Associações formadas por pessoas jurídicas políticas (União, Estados DF ou Municípios), com personalidade de direito público ou de direito privado, criadas mediante autorização legislativa, para gestão associada de serviços públicos.
Consórcio público, segundo Mazza (2012) é o negócio jurídico plurilateral de direito público que tem por objeto medidas de mútua cooperação entre entidades federativas, resultando na criação de uma pessoa jurídica autônoma com natureza de direito privado ou de direito público.
Regulamentando o Artigo 241 da CF, a Lei n. 11.107/2005 disciplinou o instituto do consórcio público, e no seu artigo 1º § 1º definiu que os consórcios podem ser constituídos por associações públicas ou pessoa jurídica de direito privado.
Segundo Di Pietro (2009, p. 472) “A Lei é, sobre todos os aspectos, lamentável e não deveria ter sido promulgada nos termos em que foi. Mais do resolver problemas, ela os criou, [...]”. 
Motivos da crítica: 1) Os consórcios, assim como os convênios, não deveriam constituir pessoa jurídica. 2) O preâmbulo da lei fala em “estabelecer normas gerais para contratação de consórcios”, porém a lei não trata de contratação e sim de constituição de consórcios públicos. 3) O artigo 241 da CF fala que os entes federados disciplinarão por meio de lei os consórcios e os convênios de cooperação, dando a entender que cada ente poderá legislar sobre a matéria, o que inviabiliza o instituto se não houver uma lei no âmbito nacional. 
Antes da Lei 11.107/2005 os consórcios e convênios eram considerados acordos de vontade, sendo que era denominado Consórcio quando celebrado entre entes do mesmo nível (município com município) e Convênios quando entre entes de níveis diferentes (Estados e União, União, Estados e municípios).
4.5.3.1 Consórcios Públicos de Direito Público – Associações Públicas
Se as entidades consorciadas optarem por conferir natureza jurídica de direito público, a nova pessoa jurídica recebe a denominação de associação pública. De acordo com a regra prevista no art. 6º da Lei n. 11.107/2005, a associação pública integra a Administração Pública Indireta de todos os entes consorciados. 
Essa estranha característica inaugura no Brasil a figura da entidade transfederativa porque a associação pública poderá ser ao mesmo tempo federal, estadual e municipal, integrando todas as esferas federativas das pessoas consorciadas.
A novidade certamente implica diversas dificuldades práticas a respeito da legislação aplicável às associações pertencentes a mais de uma esfera federativa. 
É certo que as associações públicas são pessoas jurídicas de direito público interno pertencentes à Administração Pública Indireta. Predomina o entendimento de que as associações públicas são uma nova categoria de pessoas da Administração Indireta. 
As associações públicas possuem alguns privilégios, também extensivos aos consórcios com natureza de direito privado, tais como: poder de promover desapropriações e de instituir servidões. Possibilidade de serem contratadas pela Administração Direta ou Indireta, com dispensa de licitação. Dobro do limite para contratação direta por dispensa de licitação em razão do valor
	Um exemplo recente de consórcio público, a APO (Autoridade Pública Olímpica), que envolve a associação da União, Estado do Rio de Janeiro e Município do Rio de Janeiro. 
Características Gerais dos Consórcios Públicos de Direito Público:
Compõe a Administração Pública indireta.
Personalidade Jurídica de Direito Público
Licitação, contratação, tomada de contas pelo Tribunal de Contas, etc.
Investida com atribuições e Poderes Públicos
Realização de cooperação (gestão associada) 
Constituída através de autorização legislativa, adquire personalidade com a vigência da lei.
Processo de criação: Protocolo de intenções do executivo, publicação do protocolo, promulgação de lei por cada um dos participantes, celebração do contrato. 
Contrato de rateio anual (valores e condições de transferências para cada ente consorciado).
Representante legal do Consórcio deve ser Chefe do Poder Executivo de um dos entes consorciados (eleito pelo voto dos consorciados, nos termos do protocolo de intenções).
Responsabilidade Objetiva e Direita (responsabilidade subsidiaria dos entes consorciados). 
4.5.3.2 Consórcios Públicos de Direito Privado – Associação Civil
Basicamente, submete-se às regras da legislação civil, mas tem que seguir a legislação administrativa quanto à licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal sob regime celetista.
Características Gerais dos Consórcios Públicos de Direito Privado:
Compõe a Administração Pública indireta. 
Licitação, contratação, tomada de contas pelo Tribunal de Contas, etc.
Personalidade Jurídica de Direito Privado.
Não realizam atividades típicas do Estado.
Constituída através de autorização legislativa, adquire personalidade atendidos os requisitos da lei civil (registro do ato constitutivo).
Responsabilidade Objetiva e Direita (responsabilidade subsidiaria dos entes consorciados). 
4.5.4 Empresas Estatais ou Empresas Governamentais
São pessoas jurídicas de direito privado pertencentes à Administração Pública Indireta - Empresas públicas e sociedades de economia mista. Embora possuam personalidade jurídica de direito privado, guardam alguns traços e características originalmente de direito público:
a) sofrem controle pelos Tribunais de Contas, Poder Legislativo e Judiciário;
b) dever de contratar mediante prévia licitação. Entretanto, as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica não precisam licitar para a contratação de bens e serviços relacionados diretamente com suas atividades finalísticas, a fim de não inviabilizar a competição com as empresas privadas do mesmo setor (Acórdão 566/2012).
c) obrigatoriedade de realização de concurso público;
d) proibição de acumulação de cargos, empregos ou funções públicas;
e) contratação de pessoal pelo regime celetista de emprego público, com exceção dos dirigentes, sujeitos ao regime comissionado (cargos “de confiança”);
f) remuneração dos empregos não sujeita ao teto constitucional, exceto se receberem recursos públicos para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral;
g) Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal considerando inconstitucional a exigência de aprovação prévia, no âmbito do Poder Legislativo, como requisito para nomeação de seus dirigentes pelo Chefe do Executivo;
h) impossibilidade de falência (art. 2º, I, da Lei n. 11.101/2005). 
4.5.4.1 Empresas públicas
Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autorização legislativa, com totalidade de capital público e regime organizacional livre. Exemplos: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Empresa de Correios e Telégrafos – ECT, Caixa Econômica Federal – CEF, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa e Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero.
O conceito legislativo está previsto no art. 5º, II, do Decreto-Lei n. 200/67:
Empresas públicas são entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criadas por lei para exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência, oude conveniência administrativa, podendo revestir -se de quaisquer das formas admitidas em direito.
Elaborado no final dos anos 1960, o conceito de empresa pública presente no Decreto-Lei n. 200 está desatualizado em três pontos principais: 
a) “capital exclusivo da União”: na verdade a doutrina considera que o capital da empresa pública dever ser exclusivamente público, podendo sua origem ser federal, distrital, estadual ou municipal;
b) “criadas por lei”: a nova redação do art. 37, XIX, da Constituição Federal, dada pela Emenda n. 19/98, prescreve que empresas públicas e sociedades de economia mista não são criadas por lei, mas mediante autorização legislativa;
c) “para exploração de atividade econômica”: atualmente empresas públicas podem desempenhar dois tipos diferentes de atuações: exercer atividades econômicas ou prestar serviços públicos.
CARACTERÍSTICAS 
a) criação autorizada por lei específica: envolve três fases: 1) promulgação de lei autorizadora; 2) expedição de decreto regulamentando a lei; 3) registro dos atos constitutivos em cartório e na Junta Comercial. Ao contrário das autarquias criadas por lei, a personalidade jurídica das empresas públicas não surge com a simples promulgação do diploma legislativo, mas com o registro de sua constituição no cartório competente, já que se trata de pessoa jurídica de direito privado. 
b) todo capital é público: nas empresas públicas não existe dinheiro privado integrando o capital social;
c) forma organizacional livre: o art. 5º do Decreto-Lei n. 200/67 determina que a estrutura organizacional das empresas públicas pode adotar qualquer forma admitida pelo Direito Empresarial. 
d) suas demandas são de competência da Justiça Federal: nos termos do art. 109 da Constituição Federal, cabe à Justiça Federal julgar as causas de interesse da União, entidade autárquica ou empresa pública federal.
4.5.4.2 Sociedades de economia mista
Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, criadas mediante autorização legislativa, com maioria de capital público e organizadas obrigatoriamente como sociedades anônimas. Exemplos: Petrobras, Banco do Brasil, Telebrás, Eletrobrás, Celesc.
O conceito legal de sociedade de economia mista está previsto no art. 5º, III,
do Decreto -Lei n. 200/67: 
“a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou à entidade da Administração Indireta”.
Assim como nas empresas públicas, o conceito de sociedade de economia mista apresentado pelo Decreto-Lei nº 200/67 exige dois reparos: são criadas mediante autorização legislativa, e não por lei; além de explorar atividades econômicas, podem também prestar serviços públicos. 
CARACTERÍSTICAS
a) criação autorizada por lei: a personalidade jurídica surge com o registro dos atos constitutivos em cartório, assim como ocorre com as empresas públicas, não sendo criadas diretamente pela lei;
b) a maioria do capital é público: na composição do capital votante, pelo menos 50% mais uma das ações com direito a voto devem pertencer ao Estado. É obrigatória, entretanto, a presença de capital votante privado, ainda que amplamente minoritário, sob pena de a entidade converter-se em empresa pública. Quanto às ações sem direito a voto, a legislação não faz qualquer exigência em relação aos seus detentores, podendo inclusive todas pertencer à iniciativa privada. A lei preocupa-se apenas em garantir ao Poder Público o controle administrativo da entidade, o que depende somente da composição do capital votante. Porém, se o Estado detiver minoria do capital votante, estaremos diante de empresa privada com participação estatal, caso em que a entidade não pertence à Administração Pública;
c) forma de sociedade anônima: por expressa determinação legal, as sociedades de economia devem ter obrigatoriamente a estrutura de S/A.;
d) demandas são julgadas na justiça comum estadual: ainda que federais, as sociedades de economia mista demandam e são demandadas perante a justiça estadual (art. 109 da CF).
4.5.4.3 Quadro comparativo 
	EMPRESAS PÚBLICAS
	SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
	Base legal: art. 5º, II, do Decreto-Lei n. 200/67.
	Base legal: art. 5º, III, do Decreto-Lei n. 200/67.
	Pessoas jurídicas de direito privado 
	Pessoas jurídicas de direito privado
	Totalidade de capital público 
	Maioria de capital votante é público
	Forma organizacional livre.
	Forma obrigatória de S.A
	As da União têm causas julgadas perante a Justiça Federal
	Causas julgadas perante a Justiça Comum Estadual
	As estaduais, distritais e municipais têm causas julgadas, como regra, em Varas da Fazenda Pública.
	As estaduais, distritais e municipais têm causas julgadas em Varas Cíveis.
4.5.4.4 Empresas públicas e sociedades de economia mista como prestadoras de serviço público 
Algumas características das Empresas públicas e sociedades de economia mista variam conforme a atuação preponderante da entidade. Embora seja mais comum que as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista realizem atividades de cunho econômico, por vezes figuram como prestadoras de serviços públicos, o que implica em uma proximidade maior com o regime jurídico de direito público.
1) Prestadoras de serviço público: são imunes a impostos; os bens são públicos, respondem objetivamente (sem comprovação de culpa) pelos prejuízos causados; o Estado é responsável subsidiário pela quitação da condenação indenizatória; estão sujeitas à impetração de mandado de segurança e sofrem uma influência maior dos princípios e normas do Direito Administrativo. Exemplo: Empresa de Correios e Telégrafos – ECT.
2) Exploradoras de atividade econômica: não têm imunidade tributária; seus bens são privados; respondem subjetivamente (com comprovação de culpa) pelos prejuízos causados; o Estado não é responsável por garantir o pagamento da indenização, não se sujeitam à impetração de mandado de segurança e sofrem menor influência do Direito Administrativo. Exemplos: Banco do Brasil e Petrobras.
Quadro comparativo 
	Prestadoras de serviço público 
	Exploradoras de atividade econômica
	Imunes a impostos 
	Não têm imunidade
	Bens públicos 
	Bens privados
	Responsabilidade objetiva 
	Responsabilidade subjetiva
	O Estado responde subsidiariamente 
	O Estado não tem responsabilidade pelos danos causados
	Sujeitam-se à impetração de Mandado de Segurança
	Não se sujeitam à impetração de Mandado de
Segurança
	Maior influência do Direito Administrativo 
	Menor influência do Direito Administrativo
	Obrigadas a licitar 
	Obrigadas a licitar, exceto para bens e serviços relacionados com suas atividades finalísticas.
4.5.4.5 Empresas subsidiárias ou controladas
Empresas subsidiárias são aquelas controladas por empresas públicas ou sociedades de economia mista. Nos termos do art. 37, XX, da Constituição Federal, depende de autorização legislativa a criação de subsidiárias controladas por entidades da Administração Pública Indireta.
As subsidiárias, em princípio, não integram a Administração Pública, exceto se preencherem todas as condições exigidas para instituição de empresas públicas ou sociedades de economia mista. O regime jurídico das controladas é o mesmo aplicável para as empresas estatais.
4.6 ENTIDADES PARAESTATAIS (SERVIÇOS SOCIAIS) E O TERCEIRO SETOR
4.6.1 As Entidades Paraestatais ou Serviço Social Autônomo. 
	A expressão “paraestatal” não aparece na Constituição Federal, porém encontra-se consagrada na doutrina, jurisprudência e em leis. Na etimologia da palavra, paraestatal ou parestatal, é formada pela união do de dois elementos: para (do grego, “ao lado de” ou “lado a lado”), com a expressão latina “Estado”, assim sendo, paraestatal é aquilo que não se confunde com o Estado, mas caminha ao lado, de forma paralela com o Estado.
A expressão já foi utilizada para

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