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Intensivo Delegado de Polícia Civil Noturno CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Constitucional Professor: Flávio Martins Aulas: 05 e 06| Data: 11/05/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1 CONSTITUCIONALISMO (...) 4. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO (continuação) 1. Preâmbulo (continuação) 2. Parte permanente 3. ADTC (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) 5. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES (continuação) (...) 5.17. Quanto à Rigidez ou Estabilidade (continuação) PODER CONSTITUINTE 1.1 Originário 1.2 Derivado PRÓXIMA AULA: Características do Poder Derivado Decorrente 1.3 Difuso 1.4 Supranacional 5. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES (continuação) (...) 5.17. Quanto à Rigidez ou Estabilidade (continuação) (AULA PASSADA – REPETIÇÃO) É a classificação que mais cai nas provas – portanto, ESTUDAR MUITO! Imutável: não pode ser alterada. Exemplo: CF/1824 de D. Pedro I foi imutável nos primeiros 4 anos segundo determinação de Dom Pedro I. Rígida: É aquela que possui um procedimento de alteração mais rigoroso que o destinado às outras leis. Exemplo: CF/88 brasileira, que necessita emenda constitucional para ser alterada, quórum de 3/5, o quórum mais exigente Página 2 de 6 de todos. Já uma lei ordinária, como a que transformou em crime no ECA a venda de bebida alcoólica para adolescente, precisa de maioria simples. E uma Lei complementar necessita de maioria absoluta. Flexível: possui o mesmo processo de alteração que o destinado às outras leis. Fácil de ser alterada. Em tais países não há controle de constitucionalidade, pois não há hierarquia entre a constituição e as outras leis. Semirígida ou Semiflexível: parte é rígida e parte é flexível. Exemplo: CF/1824 brasileira de Dom Pedro I, depois dos primeiros 4 anos. Observação final: segundo grande parte da doutrina a CF/88 é SUPER-RÍGIDA, pois além de possuir um procedimento mais rigoroso de alteração, possui um conjunto de matérias que não podem ser suprimidas (cláusulas pétreas, que podem ser alteradas para aumentar direitos, mas jamais podem ser suprimidas da CF). Cláusulas pétreas e jurisprudência do STF (Art. 60, § 4º, CF) 1. Forma federativa de Estado (Federação) Federação: é a união de vários Estados, cada qual com uma parcela de autonomia. Cuidado: autonomia não é independência! Os Estados tem alguma autonomia para fazerem suas leis e suas constituições estaduais, para administrar, etc., mas não são independentes da federação, esta autonomia tem limites. Observação: a união de Estados independentes é chamada confederação. Observação: O art. 60 § 4º da CF veda a emenda constitucional “tendente a abolir” cláusula pétrea. Ou seja, não é só proibida a emenda constitucional que claramente acaba com a cláusula pétrea, mas também a que caminha nessa direção. Exemplo: será inconstitucional a emenda que reduz excessivamente a competência dos Estados, pois “caminha” do sentido de3 abolir a Federação, e por isso é inconstitucional. O sistema de governo presidencialista (presidencialismo) não é cláusula pétrea. Portanto a CF pode mudar para parlamentarismo. A república não é uma cláusula pétrea expressa na constituição (não está no art. 60 § 4º). Segundo a doutrina atual e segundo o STF, a república é uma cláusula pétrea implícita. Conclusão: a forma de governo republicana (república) é cláusula pétrea. Portanto não pode mudar para monarquia. 2. Voto O voto direto, secreto, universal e periódico é cláusula pétrea. Voto direto: o povo escolhe diretamente seu representante sem intermediários. o Vide abaixo exceção ao voto direto. Secreto: sigiloso. Universal: todos têm direito de votar preenchidos requisitos mínimos: 16 anos, alistamento eleitoral. o A mulher só em 1932 adquiriu o direito de votar o Analfabeto só pôde votar com a CF/88, mas não pode ser votado. Periódico: De tempos em tempos o eleitor tem direito de votar. No brasil os mandatos são de 4 anos. Página 3 de 6 Exceção ao voto direto: VOTO INDIRETO NA CF/88: se o presidente deixa o cargo, o vice assume; se o vice não pode, presidente da câmara dos deputados; se não pode, presidente do senado; se não pode, presidente do STF; a substituição do presidente pelo vice pode ser definitiva; mas as substituições dos presidentes da câmara, senado e STF são temporárias – segundo o art. 81 CF, se o presidente e o vice deixam o cargo nos primeiros 2 anos, acontecem novas eleições diretas no prazo de 90 dias; mas se o presidente e seu vice deixam o cargo nos 2 últimos anos do mandato, haverá eleições indiretas no Congresso Nacional no prazo de 30 dias, PORTANTO VOTO INDIRETO PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Observação: essa regra se aplica aos Estados e Municípios, em razão do princípio da simetria constitucional. Exemplo: DF, antes de 2014 houve cassação do governador Arruda e renuncia do vice Paulo Otávio, portanto os deputados do DF elegeram indiretamente um governador. Voto obrigatório: NÃO é cláusula pétrea, a CF pode mudar para voto facultativo. 3. Separação dos poderes O art. 2º CF diz que são poderes da união, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, Executivo e Judiciário. É a tripartição de três poderes com duas características: Independência Harmonia Não pode uma emenda constitucional fazer com que um poder se subordine ao outro. Polêmica: em 2004 – a EC 45/2004, ao criar o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é inconstitucional? É o órgão que fiscaliza o Judiciário. Na época a AMB, Associação dos Magistrados Brasileiros, ajuizou uma ADIn dizendo que era um controle externo ao judiciário que o subordinaria a outros poderes. Mas o STF julgou que o CNJ é constitucional pois o CNJ é um órgão interno do Judiciário nos termos do art. 92 inciso I-A da CF. 4. “Direitos e garantias individuais” Cláusulas pétreas segundo o art. 60 § 4º inciso IV . Não se encontram apenas no art. 5º da CF segundo o STF. Exemplos: 1. Princípio da anterioridade tributária, previsto no art. 150 CF: um tributo criado num ano só pode ser criado no exercício financeiro seguinte. O STF disse que este princípio é um direito individual do contribuinte, portanto é cláusula pétrea. 2. Anterioridade eleitoral, previsto no art. 16, CF: uma lei que altera o processo eleitoral só pode se aplicar para as eleições que ocorrerem pelo menos um ano depois. Exemplo: a lei da ficha limpa de 2010 não pode ser aplicada às eleições de 2010, portanto só foi aplicada nas eleições seguintes, as de 2012. O STF decidiu que é um direito individual do eleitor, portanto é cláusula pétrea. Atenção: segundo o STF os direitos sociais também são cláusulas pétreas e uma emenda constitucional não pode suprimi-las: 13º salário, FGTS, férias, etc. Polêmica: art. 228 CF, maioridade penal aos 18 anos, penalmente inimputáveis, aplica-se a eles a legislação específica – o ECA. Ainda não está decidido, pois a doutrina está dividida entre ser cláusula pétrea ou não. Página 4 de 6 PODER CONSTITUINTE É o poder de criar e a competência para reformar a Constituição. O padre francês Emanuel Joseph Sieyès (abade Sieyès) é o autor responsável pela teoria do poder constituinte, na obra “O Terceiro Estado” em 1789, que foi a base teórica da Revolução Francesa. Na época o Estado se dividia em clero, nobreza e povo – portanto ele se referia ao povo, o que foi, o que é e seus poderes. Assim, o titular do Poder Constituinte seria o povo, e não o rei ou Deus através do rei. O povo seria o titular indireto do poder através de seus representantes. 1. Espécies de Poder Constituinte São quatro: originário, derivado, difuso e supranacional. 1.1 Originário É o poderde criar uma constituição. Tem duas modalidades: histórico e revolucionário: Histórico: é o poder de criar a primeira constituição de um país. Raro nos dias de hoje, pois não é comum surgirem novos países hoje, mas é possível. Revolucionário: poder de criar a nova constituição de um país como a CF 1930 do Brasil: rasga-se a constituição antiga e a nova entra em seu lugar. Características do poder originário: São quatro: a) Inicial: antecede o ordenamento jurídico, existe antes das leis do país. Por isso a doutrina diz que é um poder de fato e não de direito, por não ser regulamentado pelo direito. b) Incondicionado: pode ser exercido de qualquer maneira como revolução popular ou assembleia constituinte reunida pelo povo. c) Latente ou permanente: não se esgota pelo uso. Futuramente está disponível para se fazer nova constituição pelo povo. d) Ilimitado?: Há duas posições: a. Posição tradicional: positivista, só encara o aspecto da lei, diz que o poder originário é ilimitado, pois não possui limites em nenhuma outra lei. E é verdade. b. Posição moderna ou pós-positivista: há limites extralegais ao poder originário – como escravidão, pena de morte para homossexuais, etc. Exemplo: princípio da proibição do retrocesso – significa que não se pode retroceder na tutela dos direitos fundamentais. É a posição quase que pacífica no Brasil. 1.2 Derivado Tem duas modalidades: a) Poder Derivado Reformador: é o poder de alterar uma Constituição já existente. b) Poder Derivado Decorrente: é o poder que cada Estado possui para elaborar sua própria Constituição. Segundo o STF, o Distrito Federal também tem este Poder Derivado Recorrente. Na prática o DF tem uma Lei Orgânica do DF, que segundo o STF tem status de Constituição Estadual. Observação: lei orgânica municipal não tem poder derivado recorrente. Características do Poder Derivado Reformador a) Secundário: ou seja, tem sua origem na própria Constituição Federal, é o contrário de originário. Página 5 de 6 b) Condicionado: possui formas preestabelecidas de manifestação. a. No Brasil há duas espécies do gênero Reforma Constitucional: i. Revisão Constitucional: prevista no art. 3º do ADCT: 1. Deve ser feita pelo menos 5 anos após a promulgação da Constituição (feita em 1993 para a CF/1988). 2. Deve ser votada em sessão unicameral, reunindo as duas casas do Congresso .Nacional, sem distinguir voto de deputado ou senador. 3. Quórum de aprovação de maioria absoluta. 4. NÃO é possível hoje nova revisão constitucional segundo posição majoritária, pois as regras de alteração da Constituição não podem ser modificadas. A doutrina as chama de “cláusulas pétreas implícitas” – as regras do jogo não podem ser alteradas no meio do jogo, e o poder constituinte originário estabeleceu as regras: emendas quantas quiser, mas revisão só uma em 5 anos da promulgação. ii. Emenda Constitucional: Prevista no art. 60 da CF. É a única maneira de se alterar uma Constituição. CAI MUITO NA PROVA! 1. Quem pode fazer proposta, a PEC – rol taxativo, só essas três hipóteses: a. 1/3 de deputados ou senadores b. Presidente da República c. Mais da metade das Assembleias Legislativas Estaduais pela maioria relativa de seus membros. 26 Estados + DF = 27, portanto 14 assembleias aprovadas pela maioria relativas de seus membros em cada uma dessas 14. Conclusão: NÃO É POSSÍVEL PEC POR INICIATIVA POPULAR, NÃO HÁ PREVISÃO CONSTITUCIONAL, ESTE ROL É TAXATIVO PARA TRÊS HIPÓTESES! A iniciativa popular só cai sobre lei ordinária ou lei complementar. Aprovação da PEC: votada nas 2 casas senado e câmara, 2 turnos em cada, com quórum de 3/5 para ser aprovada. Sanção ou veto presidencial: NUNCA, NÃO EXISTE NA PEC!!! Promulgação: câmara e senado. Não é a mesa do congresso nacional, CUIDADO COM A PEGADINHA DOS CONCURSOS! Rejeição da PEC: só pode ser reapresentada na próxima seção legislativa, ou seja, no ano seguinte. PEGADINHA DE CONCURSO: dizer próxima legislatura ao invés de próxima seção legislativa, CUIDADO! Três Circunstâncias em que a CF não pode ser emendada: intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio. Intervenção federal: é a intervenção da União em Estados e DF. Estado de defesa: medida de âmbito regional Estado de sítio: medida de âmbito nacional. 2. ffff iii. eeee c) Limitado: tem os seus limites na própria Constituição, que são os limites: a. Limitações materiais: matérias que não podem ser suprimidas da Constituição – cláusulas pétreas. b. Limitações circunstanciais: são as circunstâncias nas quais não se pode alterar a Constituição – estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal. c. Formais ou procedimentais: procedimento mais rigoroso de alteração com o quórum de 3/5 para aprovação da emenda constitucional. Página 6 de 6 d. Limitações temporais: período em que não se pode alterar a Constituição. e. Limitações implícitas: não podem ser modificadas as regras de alteração da Constituição. Exemplo: o quórum de 3/5 da aprovação da PEC ou as cláusulas pétreas do art. 60. d) : PRÓXIMA AULA: Características do Poder Derivado Decorrente 1.3 Difuso 1.4 Supranacional Questões A respeito da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, tendo em vista a classificação das constituições, assinale a afirmativa correta. (A) A Constituição de 1988 é exemplo de Constituição semirígida, que possui um núcleo imutável (cláusulas pétreas) e outras normas passíveis de alteração. (B) A Constituição de 1988 é exemplo de Constituição outorgada, pois resulta do exercício da democracia indireta, por meio de representantes eleitos. (C) O legislador constituinte optou pela adoção de uma Constituição histórica, formada tanto por um texto escrito quanto por usos e costumes internacionais. (D) Na Constituição de 1988, coexistem normas materialmente constitucionais e normas apenas formalmente constitucionais. (E) A Constituição de 1988 pode ser considerada como uma Constituição fixa (ou imutável), pois o seu núcleo rígido não pode ser alterado nem mesmo por Emenda. Resposta: D Com relação aos limites ao exercício do Poder Constituinte, assinale a única afirmativa correta. (A) Os limites ao Poder Reformador, como todas as exceções, interpretam-se restritivamente; daí decorre que é vedada a proposta de Emenda tendente a abolir a forma Federativa de Estado, sendo possível, por outro lado, que uma Emenda retire dos municípios o status de entes da federação. (B) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa do Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, os monopólios do Estado e os direitos e garantias individuais. (C) Além dos limites expressos na Constituição ao Poder Constituinte Reformador, podem ser identificados limites implícitos, exemplificados pelo próprio dispositivo que prevê as matérias que não podem ser objeto de Emenda. (D) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não se pode invocar a existência de direito adquirido em face do Poder Constituinte, quer do originário, quer do reformador. (E) O Poder Constituinte Originário se divide em Poder Constituinte Estruturante e Poder Constituinte Decorrente. Resposta: C
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