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VIGILÂNCIA EM SAÚDE VIGILÂNCIA EM SAÚDEORGANIZADORA ANA GABRIELA SILVA ORGANIZADORA ANA GABRIELA SILVA Vigilância em saúde GRUPO SER EDUCACIONAL A vigilância em saúde é a área responsável por observar e analisar constante- mente a saúde da população a �m de articular ações e medidas de saúde destinadas a controlar fatores de riscos e de danos à saúde. Neste livro, serão abordados diversos aspectos da vigilância, como epidemiológica, sanitária, ambiental e ainda a saúde do trabalhador, descrevendo as estruturas, objeti- vos, informações e como as noti�cações devem ser tratadas. As medidas de controle de doenças transmissíveis e não transmissíveis, recolhimento de animais que possam trazer riscos à população e a com- petência em cada uma das esferas do governo também serão temas ampla- mente discutidos nesta obra abrangente a respeito da vigilância em saúde. Temas imprescindíveis para conhecer os principais fundamentos da área da vigilância da saúde você encontra aqui. Agora é com você! Bons estudos! gente criando futuro I SBN 9786555583038 9 786555 583038 > C M Y CM MY CY CMY K VIGILÂNCIA EM SAÚDE Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Silva, Ana Gabriela. Vigilância em saúde / Ana Gabriela Silva. – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN 9786555583038 1. Saúde Pública. 2. Epidemiologia. 3. Vigilância ambiental. 4. Vigilância Sanitária. 5. Saúde do Trabalhador. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Ana Gabriela Silva Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal de São João del-Rei (2014), é Mestre em Ciências pela mesma instituição (2017). É especialista em Urgência e Emergência pela Faculdade Batista de Minas Gerais (2019) e em Programa de Saúde da Família pela mesma instituição (2019). Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São João del-Rei (2020). SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Introdução à vigilância em saúde ..............................................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 Conceitos básicos de Vigilância em Saúde ......................................................................................... 11 2 Prevenção das doenças ...................................................................................................................... 15 3 Medidas de controle das doenças ..................................................................................................... 19 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................23 UNIDADE 2 - Vigilância epidemiológica .........................................................................................25 Introdução.............................................................................................................................................26 1 Estrutura epidemiológica e casualidade ............................................................................................ 27 2 Vigilância epidemiológica .................................................................................................................. 29 3 Notificação compulsória .................................................................................................................... 37 4 Investigação epidemiológica .............................................................................................................. 38 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................42 UNIDADE 3 - Vigilância sanitária ...................................................................................................43 Introdução.............................................................................................................................................44 1 Vigilância sanitária ............................................................................................................................. 45 2 Articulações da Anvisa com o Estado, o mercado e o consumo de bens e serviços ..........................51 3 Instrumentos de ação da Vigilância Sanitária ................................................................................... 55 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................59 UNIDADE 4 - Vigilância ambiental, zoonoses e saúde do trabalhador ...........................................61 Introdução.............................................................................................................................................62 1 Vigilância ambiental ........................................................................................................................... 63 2 Vigilância das zoonoses ...................................................................................................................... 69 3 Sistemas de informações em saúde ................................................................................................... 73 4 Saúde do trabalhador ........................................................................................................................ 75 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASafetados possa ser controlada evitando uma epidemia local ou regional, ou seja, propósito final dessa investigação é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos. 41 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer sobre a estrutura epidemiológica e a causalidade; • aprender sobre a organização, funcionamento e a importância da vigilância epide- miológica; • estudar sobre como ocorre a coleta de dados e informação; • conhecer sobre a retroalimentação e a avaliação do sistema de vigilância epidemio- lógica; aprender sobre a notificação compulsória e a investigação epidemiológica. PARA RESUMIR BRASIL. Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.: Dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras providências. Diário Oficial da União, v. 209, 1975. BRASIL. Lei, Nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Presidência da República do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis Acesso em: 30 mai. 2020 BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 5. ed. Brasília: FUNASA, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 6. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Guia_Vig_Epid_novo2.pdf. Acesso em: 26 mai. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação- Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3ª. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_ vigilancia_saude_3ed.pdf. Acesso em: 25 mai. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 264, de 17 de fevereiro de 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2020/prt0264_19_02_2020.html. Acesso em: 25 mai. 2020. LUIZ, R. R. et al. Inferência causal em epidemiologia: o modelo de respostas potenciais [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 3 Vigilância sanitária Olá, Você está na unidade Vigilância Sanitária. Conheça aqui sobre a evolução histórica da Vigilância Sanitária no Brasil, desde a chegada da Família Real até os dias atuais. Aprenda ainda sobre a função e os objetivos da vigilância e as articulações do estado, mercado e consumo de bens e serviços. Conheça também os instrumentos de ação da vigilância sanitária e a competência em cada uma das esferas do governo. Bons estudos! Introdução 45 1 VIGILÂNCIA SANITÁRIA O termo vigilância tem raiz no verbo vigiar, do latim vigilare, que pode ser compreendido como estar atento, cautela, precaução, zelo. Na saúde, o termo vigilância tem relação com o conceito de saúde e doença, sendo a vigilância às ações de prevenção da disseminação das doenças. 1.1 Evolução histórica no Brasil A trajetória da vigilância sanitária no Brasil teve início seguindo o modelo de Portugal. Após a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, foi consolidada e estruturada a Saúde Pública, com o objetivo da contenção de epidemias. Além disso, nesse período houve a inserção do Brasil na rota de comércio internacional, o que aumentou o fluxo de embarcações com grande circulação de pessoas e mercadorias. Por isso, houve necessidade de controle sanitário para evitar epidemias e permitir que os produtos brasileiros fossem aceitos e comercializados no mercado internacional. Em 1820 foi criada a Inspetoria de Saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro, sendo este o primeiro estabelecimento a criar as normas de organização para a vida nas cidades, espelhando nos modelos sanitários europeus. A partir disso, o isolamento de doentes com moléstias como pestes, cemitérios, açougues, matadouros, casas de saúde, medicamentos e alimentos, por exemplo, eram regulamentados por essa inspetoria. Já em 1932, houve a promulgação pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro do Código de Posturas que regulamentou a prática e controle das fábricas. Nesse cenário, houve promulgação de leis, estruturação e reformas sanitárias, em paralelo houve reestruturação do Estado quanto a intervenção sanitária que estava sendo institucionalizada no país. Houve transição da monarquia para a República, acompanhada de uma nova ordem política, econômica e social junto com a saúde. Tudo isso, foi amparado pelo poder da polícia que tinha como objetivo a fiscalização e a aplicação das penalidades (Brasil, 2011). Nas décadas de 1930 a 1945, houve um crescimento na indústria farmacêutica, indústria química e indústria de agrotóxicos, sendo resultado impulsionado pela II Guerra Mundial. Somente em 1953 foi criado o Ministério da Saúde o que gerou modificações nas leis, principalmente em FIQUE DE OLHO A vigilância sanitária é baseada na legislação e em normas que a amparam, porém ela precisa estar em constante atualização devido a sua atuação na saúde pública atuando na promoção, na prevenção e na proteção à saúde. 46 relação aos medicamentos e alimentos. Entre as mudanças, houve a publicação da Lei 1.944/53 que instituiu a iodação do sal de cozinha como obrigatória, com o objetivo de reduzir o bócio endêmico, visto que sal faz parte da alimentação de toda a população. Além disso, houve a criação do Laboratório Central de Drogas e Medicamentos, em 1954. O Ministério da Saúde, em 1961, instituiu o Código Nacional de Saúde para atuar na fiscalização dos alimentos, da indústria e do comércio. O Decreto 986/69 estabeleceu normas básicas para os alimentos, com base no “Codex Alimentarius internacional”. Na década seguinte houve uma revisão da legislação sanitária no Brasil, destacando as Leis nº 5991/73, nº 6.360/76 voltadas para a área de medicamentos e a lei nº 6.437/77 estabeleceu o fluxo administrativo e sanitário, assim com as infrações sanitárias e as penalidades. Essas leis foram revogadas pela Lei nº 11.343 de 2006. A partir da reestruturação do Ministério da Saúde, em 1976 foi instituída a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, sendo formada pela fusão do Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia e do Serviço de Saúde dos Portos. O Decreto nº 79.059 publicado nesse mesmo ano trouxe no artigo 13º que a Secretária de Vigilância Sanitária deveria (BRASIL, 1976): Promover ou elaborar, controlar a aplicação e fiscalizar o cumprimento de normas e padrões de interesse sanitário relativo a portos, aeroportos, fronteiras, produtos médico-farmacêuticos, bebidas, alimentos e outros produtos ou bens, respeitadas as legislações pertinentes, bem como efetuar o controle sanitário das condições do exercício profissional relacionado com a saúde. A nova secretaria apresentava maior ênfase no controle da qualidade dos alimentos, cosméticos, medicamentos e saneante domissanitário. Em seguida, foi criado o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, no ano de 1981. Nesse momento o Laboratório Oficial responsável pela área de alimentos foi agregado à Fundação Oswaldo Cruz, constituindo esse novo instituto. A Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária não teve o sistema de vigilância nacional estruturado e as relações entre o estado e o governo federal era frágil. A antiga secretária de Vigilância Sanitária atuou de maneira limitada, sendo utilizado o modelo cartorial, ou seja, avaliava documentos sem realizar a confirmação das informações através da inspeção sanitária. A partir da Nova República ocorreu o processo de redemocratização da sociedade, e a vigilância sanitária tornou-se mais próxima do Movimento pela Reforma Sanitária e pela organização dos consumidores (Brasil, 2011). No ano de 1985, ocorreu o Seminário Nacional de Vigilância Sanitária que teve como propósito reafirmar a necessidade de definição da Política Nacional de Vigilância Sanitária,é concedida e a empresa é licenciada. A licença é emitida após a inspeção do local de funcionamento que tem como objetivo avaliar as condições sanitárias das instalações, a capacitação técnica e operacional e 50 a capacitação profissional dos responsáveis. Quando as empresas desejam inserir algum produto no mercado elas precisam de obter o registro da ANVISA que irá atestar que ele está dentro das normas, utiliza apenas substancias permitidas, teve ensaios clínicos controlados que atestaram sua eficácia no caso dos medicamentos, apresenta embalagem adequada e rótulos com toda as informações necessárias, por exemplos. O registro dos produtos deve sempre estar presentes no rótulo ou na embalagem, indicando que ele está autorizado para a comercialização. O poder de fiscalização também é da Vigilância Sanitária podendo ela aplicar multas quando encontrar alguma irregularidade. Essa competência é dos fiscais municipais e estudais que realizam visitas nas indústrias e empresas a fim de conferir se o funcionamento está dentro do previsto pelo regulamento. Durante a fiscalização, os fiscais avaliam, por exemplo, se o processo de produção está de acordo com as normas de boas práticas de fabricação, se resíduos produzidos pela empresa recebem destino e tratamento adequado, se existe algum risco no local para o meio ambiente e para a saúde do trabalhador, quais são as condições de distribuição e circulação utilizados e se estão adequados ao produto, quais são as condições de higiene, por exemplos. Nos casos que forem identificados irregularidades, a empresa pode ser multada e dependendo da gravidade pode perder a sua licença de funcionamento temporariamente ou permanente. A ANVISA também é responsável por monitorar propagandas de todos os produtos que estão sujeitos à sua fiscalização. Essa atuação visa proteger o consumidor de propagandas que possam iludir, enganar, confundir ou induzir o consumo de um produto ou substância que possa colocar a saúde do indivíduo em risco. A fiscalização de propagandas é importante principalmente quando está vinculada a medicamentos, pois os analgésicos por exemplo, podem ser vendidos sem receita, porém sem o acompanhamento de um médico por causar danos à saúde do paciente. No Brasil as propagandas de medicamentos são permitidas, por isso deve haver fiscalização para que não tenha veiculação de mensagens que incentivam o consumo de maneira indiscriminada. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 51 2 ARTICULAÇÕES DA ANVISA COM O ESTADO, O MERCADO E O CONSUMO DE BENS E SERVIÇOS A vigilância sanitária tem uma responsabilidade em uma área ampla com um grande conjunto de atribuições. Ela é responsável pelo desenvolvimento de ações que eliminem, reduzam ou previnam os riscos de saúde a partir da intervenção em problemas sanitários de origem do meio ambiente, da produção, da circulação e da prestação de serviços, constituindo um desafio a ser enfrentado pela esfera governamental municipal, estadual e federal. A esfera Federal é composta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. Veja as suas funções a seguir: • Agência Nacional de Vigilância Sanitária Tem como atribuição o controle sanitário em todos os locais como portos, aeroportos, fronteiras e locais alfandegados, ações sanitárias nas áreas de Relações Internacionais, promoção de estudos e parecer sobre a concessão de patentes de produtos e/ou processos farmacêuticos previamente à anuência pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial. • Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde Tem como atribuição dar suporte de estrutura laboratorial às ações de vigilância sanitária em todo o território brasileiro de acordo com a descrição previstas na legislação sanitária. A esfera Estadual é composta por vinte e sete órgãos de vigilância sanitária que são representados pelas secretarias estaduais de saúde e seus laboratórios centrais de saúde pública. Os órgãos são responsáveis pela coordenação estadual e a execução das ações de fiscalização do sistema nacional. Além disso, prestação assistência cooperando com assistência técnica aos municípios (Brasil, 2011). Por fim, a esfera Municipal é composta pelos serviços municipais que são responsáveis pela coordenação, regulação e execução das ações locais, ou seja, das ações de vigilância sanitária municipal (Brasil, 2011). 2.1 Controle de produtos A vigilância sanitária é responsável pelo controle sanitário de alimentos e bebidas tanto no âmbito da saúde como da Agricultura, sendo o primeiro de responsabilidade quanto ao controle sanitário e o seu registro como produto para consumo na alimentação humano. Os problemas relacionados a alimentos fazem parte de um conjunto já conhecido como a falta de higiene desde a produção até a manipulação do alimento. Ainda hoje existem problemas como abatedouro 52 clandestino, a produção de derivados de leite, em especial, do leite cru e pasteurizado, o comércio de rua, a produção de conservas caseiras e sem fiscalização, o resíduo de produtos químicos e a contaminação microbiológica nos alimentos. Todos esses fatores são passíveis de controle, mas ainda hoje são os principais preocupantes, devido à falta de fiscalização e regulamentação. Diante desse cenário a vigilância sanitária tem papel fundamental para a operacionalização na política pública, a partir do redirecionamento e o fortalecimento de suas ações, que é um instrumento básico para a preservação da qualidade sanitária dos alimentos, com vistas à proteção da saúde do consumidor, dentro da perspectiva do direito humano à alimentação e nutrição adequadas (Brasil, 2011). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: O controle sanitário de alimentos ocorre em várias etapas da sua produção como na inspeção de indústrias e unidades de produção, fiscalização de como ocorre a manipulação e comercialização do alimento, liberação de licenças para o funcionamento do estabelecimento para a produção ou comercialização do alimento, registro do produto quando for necessário, monitoramento da qualidade a partir da coleta de amostras e análises laboratoriais. Dependendo o local que o serviço de vigilância sanitária for desenvolver suas atividades, pode ser necessário que ele crie programa específicos de acordo com o perfil, como por exemplo em locais que a produção de alimentos é voltada para produção artesanal, devendo ser analisado o risco que pode acarretar para a saúde e se necessário realizar capacitações que visem a melhoria na qualidade da produção para que a comercialização possa ser realizada (Brasil, 2011). Um problema já mencionado, que merece destaque sobre a ação da vigilância sanitária, é o abate clandestino de animais, algo ainda frequente em municípios de pequeno porte. Diante dessa situação e para o seu combate é necessária uma forte articulação com os órgãos de agricultura das esferas Federal, Estadual Municipal e Distrito Federal. Ainda hoje, nem todos os municípios apresentam condições adequadas para o abate de animais, o gera sérios problemas 53 de saúde pública, como riscos da transmissão de doenças infecto-parasitárias, uso indiscriminado de anabolizantes, hormônios e antibióticos (Brasil, 2011). As ações da vigilância sanitária têm se tornado cada vez mais descentralizada, sendo que a sua parte relacionada ao controle sanitário de alimentos a que está mais avançada na maioria dos municípios. Ela tem realizado ações de controle sanitário relacionado com os alimentos como: • Manter atualizado o cadastro de estabelecimentos; • Executar inspeções nos estabelecimentos que realizam importação; • Distribuir e comercializar alimentos; • Atuar em conjunto com programas de monitoramento dos produtos, coleta amostras para análise; • Desenvolver ações educativas voltadas, sobretudo, aos manipuladores de alimentos. Quando ocorrem surtos de intoxicação alimentar, é a vigilância sanitária que realiza a investigação,a fim de determinar a fonte, podendo ser essa atividade realizada de forma conjunta com a de vigilância epidemiológica e os laboratórios de saúde pública. Em cada município existem serviços que auxiliam no estudo de amostras coletadas, apesar que é mais comum o desenvolvimento dessa atividade por serviços estaduais que colaboram com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária que é responsável pelo registro de produtos alimentícios. Quando a fiscalização ocorre diretamente na indústria ela pode ser pelo serviço estadual ou pelo serviço municipal, dependendo da descentralização que o município apresenta. O controle sanitário também deve ser realizado em medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos e correlatos, pois esses são um conjunto abrangente de produtos que apresentam uma composição diversificada em termos de materiais, substâncias ativas, processos e tecnologias. Nesse grupo de materiais, ainda estão os produtos higiene, cosméticos, perfumes e os saneantes domissanitários. Todos os estabelecimentos desde a produção, transporte, armazenamento e comercialização estão sujeitos a fiscalização, assim como a propaganda desses materiais. Nenhum medicamento no Brasil pode ser comercializado se não for registrado, mesmo que seja importado. O registro e sua revalidação são de responsabilidade do órgão federal que garante a segurança-eficácia dos produtos que são colocados no mercado para consumo da população (Brasil, 2011). Quando ocorre algum agravo à saúde relacionado ao uso de medicamento deve ser iniciada a etapa de investigação, coletando amostrados do medicamento e encaminhando ao laboratório de saúde pública. Em conjunto, medidas de controle devem ser instituídas localmente como por exemplo a apreensão dos medicamentos sob suspeita, interdição cautelar e notificação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária para que outras medidas possam ser adotadas quando 54 for necessário. Nessa situação a rapidez da identificação da causa como contaminação ou fraude por exemplo, é importante para reduzir os danos causados na população. Um outro grupo de produtos que fazem parte dos medicamentos, são os chamados de correlatos. Segundo a Lei nº 5.991/73, os correlatos são os equipamentos e materiais de saúde, como os aparelhos, os materiais de consumo em que seu uso está relacionado à defesa e proteção da saúde individual ou coletiva. Os correlatos podem ter fins como de diagnósticos e analíticos, podem ser os cosméticos e perfumes, produtos dietéticos, ópticos, de acústica médica, odontológicos e veterinários. Os correlatos devem ser submetidos ao Sistema de Garantia da Qualidade que visam as boas práticas de fabricação e controle em estabelecimentos de produtos para diagnóstico de uso in vitro. Ainda dentro do controle sanitário estão os agrotóxicos, que são de responsabilidade dos Ministérios da Saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente. O Ministério da Saúde é responsável pelo registro dos agrotóxicos e seus componentes que são destinados a higienização ou desinfestação de ambientes domiciliares, públicos ou coletivo. Além dos produtos que são utilizados no tratamento de água. Ele ainda é responsável por campanhas de saúde pública, pelo controle, fiscalização e inspeção da produção, importação e exportação, quanto ao aspecto de saúde humana (Brasil, 2011). Já os produtos que são de uso veterinário são de responsabilidade do Ministério da Agricultura. Ele deve verificar periodicamente as qualidades e as características originais averbadas no registro. Os produtos veterinários têm a capacidade de influir nos níveis de saúde da população, desde a promoção, à proteção, recuperação e reabilitação da saúde, por isso devem ser controlados rigorosamente. A ação da Vigilância Sanitária é ampla e complexa, como podemos observar. A sua atuação ocorre desde a obtenção da matéria prima, processamento, transporte e comércio. Nos casos dos importados eles precisam ser avaliados antes de serem autorizados quanto a comercialização no Brasil. Além disso, ela atua de maneira descentralizada, o que permite um fluxo de trabalho mais dinâmico e amplia a sua capacidade de fiscalização. FIQUE DE OLHO Os serviços e estabelecimentos de saúde são organizações de extrema complexidade, devido à realização de procedimentos heterogêneos. Além disso, vários materiais são utilizados desde a limpeza adequada do ambiente, bem como dos materiais que são utilizados para a realizado de exames e procedimentos. A fiscalização e controle da vigilância sanitária é importante para evitar infecções devido a materiais não esterilizados, assim como as contaminações cruzadas. 55 3 INSTRUMENTOS DE AÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA A Lei 9.782/99 que criou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, também instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Nesse sistema, está integrado na esfera federal a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde que está vinculado a administração da Fundação Oswaldo Cruz. No plano estadual estão os órgãos de vigilância sanitária das Secretarias de Estado de Saúde e seus Laboratórios Centrais, seguida pela vigilância sanitária municipal. Devemos lembrar que ela não está presente em todos os municípios devido ao tamanho reduzido de alguns municípios e o alto custo de manutenção da vigilância, nesses casos a estadual é quem fica responsável (Brasil, 2011). Em relação à coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, ela é realizada pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde, ocorrendo a partir de um processo de negociação entre os próprios integrantes do sistema. A coordenação não tem relação de subordinação entre as esferas, ela ocorre através da pactuação e do compartilhamento de competências entre cada uma das instâncias. A elaboração de normas que regulamentem o funcionamento dos estabelecimentos que atuam em processos produtivos e oferecem serviços à população, são realizadas pela Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, sendo de competência das três esferas de governo a sua elaboração. Mas isso não é simples, pois deve ser considerada as especificidades locais, observando as normas como um todo para que não ocorra contradição ou divergência entre as normas das demais esferas de governo e não descumpra à hierarquia das leis. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária é uma instância federal que constitui uma autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde. Ela é caracterizada por apresentar 56 independência administrativa, estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira. A direção dessa agência é realizada por cinco membros, sendo um deles o Diretor Presidente (Brasil, 2011). As responsabilidades da Agência Nacional é a regulamentação e a coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, assim como a execução de ações de controle. Ela está ligada diretamente ao Ministério da Saúde, sendo regida por um Contrato de Gestão. O contrato é um instrumento utilizado para avaliar e acompanhar o desempenho administrativo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por parte do Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária deve outorgar o registro de produtos de acordo com as normas referente ao produto; autorizar o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e importação de acordo com a lei vigente; monitorar os preços de medicamentos, equipamentos, componentes, insumos e serviços de saúde a fim de evitar uso abusivos nos valores. O componente estadual do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, é formado pela vigilância sanitária das secretarias estaduais de saúde, e algumas autarquias especiais nos estados do Amazonas, Paraíba, Pernambuco e Rondônia. Ainda em relação a composição estadual está também o Laboratório Central (Brasil, 2011). Em relação aos municípios, no Brasil são mais de 5.000, sendo a sua maioria de pequeno porte, por isso o serviçode vigilância sanitária, apesar de ser descentralizado é realizado ainda pelo Estado, devido à falta de estrutura. Nos municípios que apresentam estrutura a vigilância sanitária deve realizar a fiscalização de serviços de saúde e alimentícios. Os municípios que apresentam estrutura para a implantação da Vigilância Sanitária devem apresentar os seguintes documentos: • Lei de criação do serviço de vigilância sanitária Lei do município sobre a criação do serviço no município. Essa lei formaliza a sua criação no município, entrando em ação a partir da sua publicação as ações da vigilância sanitária. • Portaria de designação dos profissionais como fiscais sanitários Designa os servidores municipais que irão atuar como fiscal sanitário de vigilância sanitária junto da Secretaria Municipal de Saúde. Essa portaria deve conter o nome do profissional e o cargo designado. Além disso, deve especificar as ações que o fiscal irá realizar, a fim de fiscalização futura, se for necessário. • Lei de instituição do Código Sanitário Estabelece o código sanitário do município de acordo com as leis vigentes. Nessa lei deve 57 conter as competências e as atribuições, um capítulo sobre a licença sanitária, outro capítulo sobre as taxas municipais, outro capítulo sobre a fiscalização sanitária, capítulo sobre a notificação e as penalidades sanitárias e um capítulo sobre o processo administrativo sanitário. • Lei de Criação das Taxas de Vigilância Sanitária Dispõe sobre a taxa de vigilância sanitária. Essa lei irá regulamentar os valores das taxas cobradas pelo município, isso garante que não seja praticado valores abusivos das taxas. 58 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender sobre a evolução histórica da vigilância sanitária no Brasil; • conhecer sobre as funções e os objetivos da vigilância sanitária; • estudar sobre as articulações da vigilância sanitária com o estado e o mercado de consumo de bens e serviços; • aprender sobre o controle de produtos pela vigilância sanitária; • conhecer os instrumentos de ações da vigilância sanitária. PARA RESUMIR BRASIL. Decreto nº 79.059, de 30 de dezembro de 1976. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, Brasil. Disponível em: https://www.normasbrasil.com.br/ norma/decreto-79059-1976_33053.html Acesso em: 01 jun. 2020. BRASIL, Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 de setembro de 1990. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância Em Saúde. Parte 2 Coleção Para Entender a Gestão do SUS. 1ª. ed.Brasilia: CONASS, 2011. v. 06. 113 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM 1378 de 9 de julho de 2013. Regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/ prt1378_09_07_2013.html Acesso em: 01 jun. 2020. TEIXEIRA, C. F. et al. Vigilância da saúde e vigilância sanitária: concepções, estratégias e práticas. Texto preliminar elaborado para debate, n. 20, 2008. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 4 Vigilância ambiental, zoonoses e saúde do trabalhador Olá, Você está na unidade Vigilância ambiental, zoonoses e saúde do trabalhador. Conheça aqui sobre a Vigilância ambiental, como é a sua operacionalização e quais os programas que fazem dessa vigilância. Conheça também sobre a Vigilância das Zoonoses, como ocorre o recolhimento dos animais que apresentam relevância para à saúde pública. Aprenda ainda sobre o sistema de informação em saúde e a sua importância. Por fim conheça sobre a saúde do trabalhador e quais os riscos ele pode estar exposto e quais medidas podem ser tomadas para a prevenção dos riscos e agravos à saúde. Bons estudos! Introdução 63 1 VIGILÂNCIA AMBIENTAL A vigilância ambiental é composta por um conjunto de ações que visam o conhecimento e a identificação de qualquer alteração nos fatores relacionados ao meio ambiente, que influenciam na saúde humana com o objetivo de identificar possíveis medidas de prevenção e controle de riscos ambientais relacionados às doenças e agravos à saúde. Os riscos relacionados ao ambiente podem ser biológicos ou não. Os riscos biológicos estão relacionados com animais e insetos que podem ser vetores, hospedeiros e reservatórios de doenças, além dos animais peçonhentos. Já os riscos não biológicos estão relacionados com a água, o ar, o solo, os alimentos e contaminação desses com produtos químicos por exemplo. O ambiente pode ser prejudicial ao homem, devendo ser compreendido de maneira holística, ou seja, analisar diversos fatores, não só a presença de agentes microbiológicos e químicos. É importante observar se é um problema localizado ou não e qual a população afetada, só os trabalhadores ou a população em geral. Os principais riscos que a vigilância ambiental deve estar atenta são: • Toxinas químicas; • Radiações; • Aglomerações de pessoas; • Qualidade do ar; • Exposição à poluição industrial. 1.1 Riscos ambientais O organismo pode ser afetado de várias maneiras pelos riscos ambientais, ou seja, isso irá depender de como ocorreu o contato e qual o órgão ou sistema afetado. O corpo humano pode ser exposto ao risco através da pele que pode estar lesionado por um agente microbiano ou pelo próprio elemento químico como calor, radiação ultravioleta e energia cinética por exemplo, que pode causar cortes e/ou contusões na pele. O sistema gastrointestinal também pode sofrer agressão devido a entrada microbiana que agride esse sistema ou ainda o contato com substâncias químicas através da ingestão de água ou alimentos contaminados. Outro sistema que pode ser afetado é o respiratório devido a entrada de elementos químicos nas formas de aerossóis, fumaças, poeira e alérgenos causando agressões nesse sistema. Além desses sistemas, qualquer órgão pode ser afetado por agentes químicos e físicos, podendo causar patologias diversas, dependendo qual o agente causador (MINAYO, 2002). 64 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A exposição aos agentes danosos pode ser aguda, ou seja, exposição de curto prazo, porém com capacidade de causar danos, como por exemplo, o monóxido de carbono que é tóxico para os pulmões e o calor que pode promover queimaduras de terceiro grau. Já a exposição crônica ocorre danos menores, porém cumulativos no organismo. Um exemplo é a exposição prolongada a metais pesados como chumbo e mercúrio, movimentos repetitivos que causam as lesões de movimentos repetitivos e barulhos intensos que causam perda auditiva. Figura 1 - Análise da qualidade da água Fonte: Mr_Mrs_Marcha, Shutterstock, 2020 #ParaCegoVer: A imagem ilustra um fiscal realizando um teste da qualidade de água de um rio. Vemos duas mãos, com luvas, recolhendo amostras de água deste rio. 1.2 Operacionalização da Vigilância em Saúde Ambiental O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental tem como atribuições algumas ações relacionadas aos riscos ambientais e ao desenvolvimento de doenças ou agravos à saúde, como: 65 • Coordenação; • Avaliação; • Planejamento; • Acompanhamento; • Inspeção e supervisão de ações. Para que a vigilância ocorra de maneira efetiva, ela é organizada e estruturada no âmbito nacional, estadual e municipal, sendo dividida em cinco: • Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua); • Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos (Vigipeq); • Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Expostas à Poluição Atmosférica (Vigiar); • Vigilância em Saúde Ambiental Associada aos Fatores Físicos (Vigifis);• Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres (Vigidesastres). 1.3 Programa Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos (Vigipeq) O Programa Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos (Vigipeq) tem como objetivo ações em relação aos contaminantes químicos que podem interferir na saúde humana e também na interação do homem com o meio ambiente. Ele visa articular ações de prevenção, de promoção, de vigilância e de assistência à saúde de indivíduos expostos a agentes químicos. Faz parte desse Programa a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Áreas Contaminadas (Vigisolo). O Vigipeq tem como objetivo ações em relação aos contaminantes químicos que podem interferir na saúde humana e também na interação do homem com o meio ambiente. Ele visa articular ações de prevenção, de promoção, de vigilância e de assistência à saúde de indivíduos expostos a agentes químicos. Faz parte desse Programa a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Áreas Contaminadas (Vigisolo). O fluxo de atuação do Vigipeq voltado à população exposta a áreas contaminadas e/ou exposta a substâncias químicas prioritárias é dividido em cinco etapas sendo elas a identificação; priorização; análise, diagnóstico e avaliação; elaboração de protocolo e rotina e por fim o registro no sistema de informação. Os locais que são áreas contaminadas são os lixões, locais de depósito de resíduos químicos, os postos de combustíveis e regiões agrícolas que usam agrotóxicos. 66 Os locais que são identificados como contaminados ou potencialmente contaminados devem ser inicialmente categorizados em relação a distância da população em relação à área contaminada, se houve ou não exposição anteriormente da população e qual o contaminante se é do grupo prioritário ou não. A população também precisar ser caracterizada quanto ao número de indivíduos em situação de risco, se existe instituições vulneráveis como hospitais, creches, escolas e asilos e o nível socioeconômico da população. Outro fator que deve ser considerado é a toxicidade e a persistência ambiental dele, observando se há medidas de contenção e controle para o agente contaminante. Por fim, deve-se analisar a rota de exposição se foi alimento, água, solo ou ar; qual a proporção da população contaminada e a via de contaminação, ingestão, contato ou inalação. A partir desse conjunto de informações é possível elaborar protocolos e rotinas de saúde com a finalidade de interromper a exposição e a contaminação, além disso, deve-se realizar o registro no sistema de informação de saúde (Brasil, 2010). Em relação ao tipo de contaminante, existem cinco substâncias que são consideradas prioritárias: • Agrotóxicos; • Benzeno; • Mercúrio; • Amianto; • Chumbo. Os casos suspeitos ou confirmados por intoxicação a esses agentes devem ser registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Devemos ressaltar que os agrotóxicos são os químicos que apresentam maior risco para os trabalhadores agrícolas e também para o meio ambiente. Os agrotóxicos apresentam quatro eixos e diretrizes separados dos demais grupos considerados prioritários. Veja a seguir quais são esses eixos: • Atenção integral à saúde das populações expostas a agrotóxicos Tem com diretriz a promoção de ações de prevenção e assistência na perspectiva de atenção integral a população exposta a agrotóxicos. • Promoção à saúde Tem como diretrizes reconhecer a população em risco ou que tenha sido contaminada e estimular ações intersetoriais com o objetivo de promoção à saúde. 67 • Agenda integrada de estudos e pesquisas Tem como diretriz a fundamentação científica para que possa ser traçada medidas de intervenção em relação aos agrotóxicos e à saúde. • Participação e controle social Tem como diretriz o fortalecimento social e a sua participação com o objetivo de sustentabilidade das ações e da vigilância à saúde à população exposta aos agrotóxicos. 1.4 Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Expostas à Poluição Atmosférica (Vigiar) A evolução industrial e o surgimento de grandes centros urbanos propiciam condições de exposição populacional a poluentes atmosféricos, de diversas origens como por exemplo meios de transporte, chaminés de industrias e queima de biomassa. Apesar dos grandes centros apresentarem maior poluição atmosférica, os pequenos centros também podem sofrer com a poluição atmosférica devido a queima de biomassa como queimadas na Amazônia, regiões com atividades mineradoras e regiões agrícolas que utilizam a pulverização de agrotóxicos. Atualmente cerca de metade da população já vive em centros de urbanização e esse número está crescendo. Os problemas de saúde decorrentes de poluentes atmosféricos nas regiões urbanas são observados principalmente no sistema respiratório e cardiovascular. O Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Expostas à Poluição Atmosférica (Vigiar) realiza ações que visam identificar os municípios que apresentam maior risco de exposição humana; identificar as áreas de atenção atmosférica de interesse para à saúde; caracterizar os efeitos agudos e crônicos da exposição; avaliar a situação populacional a exposição de poluentes atmosféricos e subsidiar elementos que permitam nortear as políticas nacionais em relação a exposição à poluição atmosférica. Para que essas ações possam ser realizadas e os municípios que são prioridade sejam caracterizados foi criado o Instrumento de “Identificação de Municípios de Risco” (IIMR). Esse instrumento faz parte de um sistema online e é dividido em três campos de informações sendo elas as gerais, as ambientais e as de saúde. A partir de todas essas informações é realizada a caracterizada de cada município, estabelecendo a taxa de mortalidade e a de internação por agravos respiratórios. Os municípios que são identificados com maior risco, a Rede de Atenção Básica conta com unidades preparadas para atuarem como Unidades Sentinela do VIGIAR. Isso permite que ocorra uma avaliação epidemiológica mais rigorosa e ações específicas sejam realizadas afim de monitorar as condições atmosféricas (Brasil, 2014). FIQUE DE OLHO O número de obtidos decorrentes da poluição atmosférica é de aproximadamente 3 milhões anualmente, representando cerca de 5% do total de mortes. Essa média pode ainda ser maior em algumas regiões com cerca de 30% de casos de óbito decorrentes de complicações de asma ou doenças respiratórias, devido a poluição atmosférica. 68 1.5 Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental Associada aos Fatores Físicos (Vigifis) O Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental Associada aos Fatores Físicos (Vigifis) é o programa responsável por medidas que buscam proteger a saúde da população que foi exposta ou que apresenta um risco potencial de ser exposta a radiações ionizantes ou não ionizantes. A radiação ionizante está presente em vários locais próximos da população como na indústria de maneira geral, na construção civil, nos hospitais, em clinicas médicas, clínicas radiológicas e laboratórios, por exemplo. Já a radiação não ionizante ela tem estado mais presentes no cotidiano nos últimos anos devido a expansão do fornecimento de energia elétrica e energia eletromagnética como por exemplo, a telefonizar celular, micro-ondas e laser. O Vigifi visa proteger a população exposta principalmente em regiões de exposição a ionização devido as linhas de transmissão de energia elétrica, as linhas de Estações Rádio Bases. Esse programa atua de maneira articulada com a vigilância em saúde do trabalhador, devido exposição ocupacional. 1.6 Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres (Vigidesastres) O Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres (Vigidesastres) tem como proposito minimizar a exposição aos riscos de desastres naturaiscomo por exemplo as enchentes, as secas, os deslizamentos. Ele também visa reduzir patologias decorrentes de desastre antropogênico, como por exemplo, os acidentes com produtos perigosos e desastres industriais. Esse programa então atua na integração dos processos de planejamento, de organização, de implementação e de controle à redução e ao gerenciamento do desastre, assim como à recuperação dos seus efeitos, com base em medidas de prevenção e atuação em situações de risco e em planos de contingência (BRASIL, 2009). Os desastres podem afetar a saúde pública de várias formas como o aumento repentino no número de óbitos e traumas; no aumento no número de demanda e de intervenções nos serviços de saúde; danos, interrupção ou até mesmo destruição do serviço de saúde; interrupção na distribuição de água potável, drenagem sanitária e limpeza urbana, propiciando o surgimento de insetos como mosquitos e moscas e de roedores, que são reservatórios e/ou vetores de diversas doenças. Além disso, pode ainda ocorrer um aumento de patológicas devido a contaminação hídrica ou alimentar, o que pode acarretar 69 em uma sobrecarga ao sistema de saúde local, assim como na escassez de alimentos e água para a população do local em que ocorreu o desastre (BRASIL, 2009). O Vigidesastres tem sua operacionalização dividida em três etapas sendo elas a redução de risco, o manejo do desastre e a recuperação. A primeira etapa, a de redução de riscos visa planejar ações que possibilite identificar e reduzir as áreas de vulnerabilidade. Nesse momento é então realizado o mapeamento do local atingido pelo desastre e ações coordenadas são elaboradas de acordo com a extensão. Na segunda etapa, do manejo, é realizada ações de busca e regaste de pessoas atingidas e que estão desaparecidas, é avaliado também os danos no fornecimento de água potável e também de infraestrutura da região atingida, visando identificar as necessidades da população e as necessidades em saúde. Por fim, a etapa de recuperação, visa recuperar a normalidade do território e a prevenção de novos desastres futuros, a partir da mensuração da magnitude de risco futuro (BRASIL, 2009). 2 VIGILÂNCIA DAS ZOONOSES A Vigilância das Zoonoses faz parte da Vigilância Epidemiológica do Sistema Único de Saúde e tem como objetivo desenvolver ações, atividades e estratégias para a vigilância e o controle das zoonoses. Além disso, é responsável pelo controle de doenças transmitidas por vetores e dos agravos decorrentes de animais peçonhentos. A estrutura física e técnica da vigilância das zoonoses está vinculada ao Sistema Único de Saúde, sendo responsável por ações e estratégias de vigilância, prevenção e controle das zoonoses, assim como de acidentes com animais peçonhentos e venenosos que são relevantes na saúde pública. 2.1 Vigilância, prevenção e controle de zoonoses A vigilância de zoonoses tem responsabilidade no controle e na prevenção de zoonoses de relevância para a saúde humana, não sendo apenas a raiva e a leishmaniose alvos dessa vigilância, mas todas as doenças que apresentam transmissão vetorial. Essas doenças se dividem em três grupos que são as zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde, zoonoses de relevância regional ou local e zoonoses emergentes ou reemergentes. Dentre as zoonoses que são monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde temos: • Leptospirose; • Febre maculosa brasileira; • Hantavirose; • Doença de Chagas; 70 • Febre amarela; • Febre de chikungunya; • Febre do Nilo Oriental. Já as zoonoses de relevância regional ou local, ou seja, que apresentam incidência e prevalência em um local restrito, porém apresentam relevância quanto a sua magnitude, transcendência, severidade, gravidade, vulnerabilidade e potencial de disseminação, são: • Toxoplasmose; • Esporotricose; • Ancilostomíase; • Toxocaríase (larva migrans cutânea e visceral); • Histoplasmose; • Criptococose; • Complexo equinococose. Já as zoonoses emergentes ou reemergentes, são aquelas que apresentam uma fase sem a sua presença ou que passam por um período de baixa no número de casos e que apresentam potencial de ressurgir (Brasil, 2016). Quando falamos em zoonoses devemos lembrar que são doenças que envolvem uma ou mais espécies de animais no ciclo de transmissão, por isso existe uma variação nas regiões do Brasil e também em nível mundial, devido as variações climáticas, os vetores não estão presentes em toda as regiões. As ações da zoonose no controle de doença está diretamente ou indiretamente liga ao controle ou até mesmo a eliminação, quando é possível, dos vetores que transmite a doença para a população humana (Brasil, 2016). A vigilância ativa é o controle permanente através de programas de saúde que monitoram o número de humanos doentes em cada região. As zoonoses são doenças de notificação compulsória que permite esse monitoramento e possibilita traçar medidas de prevenção e controle conforme a necessidade regional. Essa vigilância então realiza uma articulação sistemática com a vigilância epidemiológica local, monitora constantemente a população de animais presentes na região e apresenta uma estrutura que informa a incidência e a prevalência do número de casos por período do ano, podendo assim estabelecer se há períodos de maior incidência e outros períodos com menor. Já a vigilância passiva, ela é baseada em risco real, agindo de maneira preventiva. Ela realiza avaliação dos animais de relevância pública, lembrando que essa avaliação dos animais só é possível 71 quando na região existe Unidade de Vigilância de Zoonoses. Além disso, realiza comunicação com a população tanto de caráter informativo quando de busca de informações sobre animal suspeito, por exemplo (Brasil, 2016). A prevenção pode ser temporária ou permanente dependendo do perfil epidemiológico, das atividades de educação em saúde, do manejo ambiental e da vacinal de animais. A educação pode ser realizada nas unidades de saúde, rádios, TV e escolas, por exemplos, permitindo que o conhecimento sobre as zoonoses seja difundidos e permita que a população participe da prevenção de forma ativa. A vacinação, ela pode ser gratuita em campanhas nacionais como acontece para gatos e cachorros, que são vacinados gratuitamente todos os anos ou pode ser algo obrigatório como no caso dos criadores de gado, que precisam realizar a vacinação da febre aftosa dos animais para que eles possam ser comercializados, sem a vacinação os animais não podem ser comercializados e o proprietário pode ser penalizado através de multa. Figura 2 - Controle da dengue Fonte: JARUN, Shutterstock, 2020 #ParaCegoVer: A imagem ilustra uma mão com uma luva carregando uma ampola de exame de sangue, que demonstra um resultado positivo para a dengue. As zoonoses precisam de monitoramento e atualização periódica, pois elas podem variar conforme as estações climáticas do ano, mas pode ocorrer a inserção de nova doença para o mesmo vetor, como no caso do mosquito aedes aegypti que é vetor de quatro doenças diferentes, dengue, o zika vírus, a febre amarela e a Chikungunya. 2.2 Recolhimento de animais de relevância para a saúde pública Os animais que apresentam relevância para a saúde pública podem ser reconhecidos de maneira seletiva, sendo realizada uma avaliação a partir do encaminhamento do caso, ou devido a uma reclamação ou solicitação para o recolhimento do animal. O reconhecimento deve seguir a Portaria FIQUE DE OLHO Os animais invertebrados que forem capturados e transportados devem ser transportados em recipientes fechados para evitar acidentes. Quando não houve condições adequadas para a captura e o transporte do animal ela não deve ser improvisada, pois o risco de acidente e lesões graves ao funcionário da vigilância em zoonoses é superior ao benefício de deixar o animal solto. 72 MS/GM nº 1.138, de 23 de maio de 2014 que define as ações e os serviçosde saúde que são voltados para vigilância, prevenção e controle de zoonoses, assim como os acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública. Os animais podem ser levados as unidades de vigilância de zoonoses, desde que seja animais vertebrados e que apresentem algum risco à saúde pública como por exemplo, nos casos de cachorros contaminados por leishmaniose. Quando for o caso de animal já morto é importante avaliar o histórico quanto a doenças e seguir o protocolo estabelecido pelo município, sendo que nos casos de suspeita deve-se realizar a necropsia, coleta e encaminhamento de amostras laboratoriais ou outros procedimentos preconizados para a zoonose em suspeita. Já os animais vivos, que apresentem risco ou eles já foram avaliados e apresentam-se positivos para alguma zoonose, podem ser submetidos a eutanásia, de acordo com a legislação vigente sobre o controle de zoonoses. Animais sadios, agressivos ou que estão com alguma patologia que não é de interesse a saúde pública ou que é tratável deve ser encaminhada pelo proprietário para a avaliação e tratamento veterinário, pois nesses casos não cabe a vigilância de zoonoses prestar os cuidados e testes nos animais (Brasil, 2016). A apreensão ou remoção de animais vertebrados pela Unidade de Vigilância de Zoonoses só pode ocorrer quando for um risco iminente para a saúde pública. Nos casos de animais silvestres que forem encontrados em área urbana ou região próxima, os órgãos do Meio Ambiente devem ser acionados para que o animal possa ser abordado de maneira adequada e realocado para o seu local de origem. Nos casos de animais não silvestres a captura ou remoção deve ser agendada, se possível, sendo que a captura e o transporte precisam ser realizados de maneira cuidadosa para que o animal não fique ferido e nenhum sofrimento (Brasil, 2016). O transporte dos animais precisa ser realizado de maneira segura e tranquila, lembrando que cada tipo de animal tem seu transporte específico, como gado, cavalo e cachorros. Não pode realizar o transporte de várias espécies em conjunto, pois existe o risco de estresse e acidentes com os animais. Após a captura o transporte do animal deve ser direto para a Unidade de Vigilância de Zoonoses, no menor tempo possível. Os animais como as fêmeas prenhes ou com ninhadas e animais idosos, feridos ou acidentados devem ser transportados individualmente e serem colocados em alojamento isolados também nas Unidades de Vigilância em Zoonoses. 73 3 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE A informação é instrumento primordial na tomada de decisões em saúde, tanto que na tríade que sintetiza a dinâmica das atividades em saúde, a informação é a primeira: informação-decisão- ação. A informação ela é obtida a partir de dados brutos ou trabalhados que geral resultados que irão sustentar a tomada de decisão. O sistema de informação deve oferecer um suporte para o planejamento, a tomada de decisões e as ações dos gestores, seja de caráter decisória em nível municipal, estadual ou federal. O sistema de informação em saúde ele é dividido em vários subsistemas com o propósito de facilitar a formulação das informações e a avaliação das políticas de saúde. As informações elas são hierarquizadas o que irá permitir um fluxo ascendentes de dados, reduzindo a duplicidade e permitindo caracterizar em nível regional, estadual e nacional as variáveis epidemiológicas. Entre os subsistemas de informação temos., de acordo com Brasil (1998): • Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) Criado pelo DATASUS com o objetivo de regular as informações sobre mortalidade no país. A partir da sua criação tem disso possível obter informações sobre a mortalidade, de forma abrangente o que oferece subsídio para as esferas de gestão na saúde pública, visto que as informações permitem analisar a situação local, realizar o planejamento e a avaliar os programas que foram implantados, quanto a sua redução na mortalidade. O SIM atualmente é todo informatizado e o número de certidão de óbito é controlado em nível Municipal, Regional, Estadual e Federal. • Sistema de Informações de Agravos de Notificações (Sinan) Sistema de coleta, transmissão e disseminação de dados que são gerados pelo sistema de vigilância epidemiológica, nas três esferas de governo. Ele apresenta dois documentos básicos a ficha individual de notificação (FIN) que é preenchida pelas unidades assistenciais a partir da suspeita clínica de ocorrência de um agravo de notificação compulsória ou outro agravo sob vigilância e a ficha individual de investigação (FII), que possui campos específicos de orientação para a investigação do caso. A distribuição desses formulários é de responsabilidade das secretarias estaduais ou municipais de saúde, devendo as fichas serem numeradas para maior controle. • Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) Sistema que está relacionado apenas com as internações no âmbito do SUS. O documento básico para a informação é a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), que autoriza a internação do paciente e gera os valores para pagamento da assistência prestada. 74 • Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) Sistema responsável por registrar as características dos estabelecimentos de saúde, como o tipo de estabelecimento, o número de leito, o tipo de serviço prestado e os equipamentos disponíveis. O CNES ainda tem o registro de acordo com as habilitações do estabelecimento e os profissionais com vínculo empregatício. Isso só é realizado quando o serviço tem convênio com o SUS para a prestação de algum serviço. As equipes de Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde, também fazem parte desse sistema, o que permite uma visão geral dos recursos físicos e humanos disponíveis. • Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) Sistema que avalia os riscos de ocorrência de surtos e epidemias com base no registro de imunológicos disponíveis e o número de indivíduos vacinados, sendo as informações subdividas por faixa etária, período de tempo e área geográfica. Esse sistema também permite o controle do estoque de imunobiológicos. • Sistema de Informações para a Gestão do Trabalho em Saúde Banco de dados fornecido pelo conselho de profissionais que apresenta informações dos conselhos federais e regionais dos profissionais que fazem parte da equipe de saúde. Esse sistema permite identificar a localização, a abrangência, o número de inscritos, estatuto, o código de ética, as legislações, as resoluções dos profissionais de saúde. • Sistema de Informações em Saúde da Atenção Básica (SISAB) e o e-SUS Sistemas que visam coletar informação sobre a produção de serviços prestados pelas equipes de saúde, sistematizando os dados a partir das visitas domiciliares e dos atendimentos especializados que foram prestados. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 75 4 SAÚDE DO TRABALHADOR A saúde do trabalhador é um tema sobre a fase produtiva do indivíduo, sendo muito relevante, pois o trabalhador normalmente passa a maior parte do seu tempo exercendo a sua atividade de trabalho. A saúde do trabalhador então tem como enfoque principal do trabalho/trabalhador a garantia de um local de trabalho saudável, livre de riscos à saúde. O trabalho é para o indivíduo uma forma de provimento das necessidades biológicas e sociais, sendo que é através do trabalho que ocorre o alívio da tensão emocional e estimula a criatividade, as relações sociais e o bem-estar. Ele é um uma forma de crescimento individual e coletivo do homem e, em decorrência, da sociedade. Durante o trabalho, existem várias mudanças que podem ser observadas no organismo e na personalidade do trabalhador, podendo ser notadas durante a jornada de trabalho ou após ela. Essas alterações pode ser mudanças no processo metabólico, aumento do ritmo respiratório e cardíaco, mudança no teor físico-químico do sangue e tecidos musculares, redução da velocidadee qualidade do rendimento do trabalho, decorrentes de esforços prolongados. Todas essas mudanças podem surgir ao longo do tempo de trabalho, devido a fatores que desencadeiam elas e durante o processo, podem ser acompanhadas por profissionais de saúde de maneira que previna a sua cronificação. Quando falamos sobre a saúde do trabalhador, devemos ressaltar que é algo de responsabilidade multidisciplinar. O acompanhamento da saúde do trabalhador envolve o seu espaço laboral, os riscos de exposição ambiental, sanitária e biológica que o indivíduo se encontra. Além disso, não deve pensar em apenas um indivíduo, mas em um coletivo. A saúde do trabalhador não é apenas normatização, ela vai além, como o uso de equipamentos de proteção individual, por exemplo (Gomes et al., 2018). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 76 O local de trabalho deve apresentar segurança, mas também o equilíbrio físico, psíquico e social, para que o profissional possa ter bem-estar durante a sua jornada produtiva. O ambiente de trabalho deve ser um local com características específicas do local de trabalho, mantendo as condições adequadas para a realização das atividades laborais. Quando o ambiente de trabalho não apresenta características próprias, pode expor o indivíduo a riscos. O risco de acidente está presente em qualquer trabalho podendo ser agravada nos casos que o trabalhador é colocar em situações de vulnerabilidade que afeta a sua condição física ou psíquica. Podemos citar como exemplos de riscos de acidentes as máquina e equipamentos que são utilizados sem proteção adequada, o risco de explosão e incêndio, a distribuição inadequada do espaço (GOMES et al., 2018). O risco ergonômico está relacionado com qualquer tipo de fator que influencie nas características psicofisiológicas como por exemplo o trabalho excessivo, levantamento de peso, repetitividade e postura inadequada. Outro risco que deve ser considerado é o físico, em que a energia que o trabalhador está exposto pode desencadear danos à saúde, como queimaduras, redução da acuidade visual e dores de cabeça. Os riscos físicos mais comuns são os ruídos, o calor, o frio, a pressão a umidade, a radiação e a vibração. Os riscos também podem ser químicos e biológicos. O risco químico está relacionado com exposição de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores E o risco biológico pode ser bactérias, vírus, fungos, parasitas, sendo os profissionais da saúde os expostos a estes riscos (GOMES et al., 2018). 77 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender sobre a Vigilância Ambiental; • conhecer sobre a operacionalização da Vigilância em Saúde Ambiental; • estudar sobre a Vigilância das Zoonoses; • aprender sobre o Sistema de Informações em Saúde; • conhecer sobre a Saúde do trabalhado. PARA RESUMIR BRASIL, S. I. A. B. Manual do sistema de informação de atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Diretriz nacional do plano de amostragem da vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano (Série A. Normas e Manuais Técnicos). – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Manual de Procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Diretrizes para Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Brasília, DF. 2010. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov. br/images/pdf/2015/julho/08/ Diretrizes-Vig-Pop-Exposta-Agrotoxico-2010.pdf Acesso em: 14 jun. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Manual de Instruções – Instrumento de Identificação dos Municípios de Risco – IIMR. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Brasília, DF. 2014. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/ agosto/05/2014/Instrutivo-IIMR-VIGIAR.pdf. Acesso em: 14 jun. 2020 BRASIL. Ministério da Saúde. Manual vigilância, prevenção e controle de zoonoses. Brasília, DF. 2016. GOMEZ, C. M. et al. Saúde do trabalhador: aspectos históricos, avanços e desafios no Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, p. 1963-1970, 2018. MINAYO, M. C. S. (org.). Saúde e ambiente sustentável: estreitando nós. Rio de Janeiro. Ed. FIOCRUZ, 2002. ROHLFS, D. B. et al. A construção da Vigilância em Saúde Ambiental no Brasil. Cad. Saúde Colet., Rio de Janeiro, 19 (4): 391-8, 2011. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A vigilância em saúde é a área responsável por observar e analisar constantemente a saúde da população a fim de articular ações e medidas de saúde destinadas a controlar fatores de riscos e de danos à saúde. Neste livro, serão abordados diversos aspectos da vigilância, como epidemiológica, sanitária, ambiental e ainda a saúde do trabalhador, descrevendo as estruturas, objetivos, informações e como as notificações devem ser tratadas. As medidas de controle de doenças transmissíveis e não transmissíveis, recolhimento de animais que possam trazer riscos à população e a competência em cada uma das esferas do governo também serão temas amplamente discutidos nesta obra abrangente a respeito da vigilância em saúde. Temas imprescindíveis para conhecer os principais fundamentos da área da vigilância da saúde você encontra aqui. Agora é com você! Bons estudos!......................................................................................................78 Este livro fará um estudo sobre a vigilância em saúde em quatro unidades, que descreverão os setores de atuação e o que cada esfera governamental tem sob sua responsabilidade. Importante para manter a saúde da população, a vigilância em saúde deve prevenir, detectar e tomar ações para debelar os riscos. Veja a seguir os temas tratados por cada unidade. Na primeira unidade, vamos abordar uma Introdução à vigilância em saúde, onde serão apresentados os conceitos, seus componentes e como se deu sua formação social no Brasil. Vamos tratar de temas importantes como as vigilâncias epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde do trabalhador, além das divisões da vigilância em saúde. Os níveis de prevenção das doenças e o que cada um deles têm em particular serão apresentados aqui também, além de mostrar as medidas de controle das doenças transmissíveis e não transmissíveis. Na segunda unidade aprofundaremos o tema sobre a Vigilância epidemiológica, onde serão apresentadas a estrutura da epidemiológica e a causalidade. A vigilância epidemiológica no Brasil, como surgiu e como é a sua estruturação atual serão temas discutidos aqui e, ainda, quais as fontes de dados para as informações epidemiológicas e quais as responsabilidades das esferas municipais, estaduais e federais. Ainda nesta unidade, falaremos sobre a notificação compulsória e as doenças que são de notificação semanal e imediata. Você ainda verá como deve ser a investigação epidemiológica para evitar que o número de indivíduos afetados após a notificação não aumente. A terceira unidade abordará a vigilância sanitária, e apresentará a evolução histórica dessa área no Brasil desde a chegada da Família Real até os dias atuais. Discutiremos sobre a função, os objetivos da vigilância e as articulações do estado, mercado e consumo de bens e serviços. Nessa unidade você também aprenderá sobre os instrumentos de ação da vigilância sanitária e a competência em cada uma das esferas do governo. Por fim, falaremos mais especificamente de vigilância ambiental, zoonoses e saúde do trabalhador. Você verá como é a sua operacionalização e quais os programas que fazem parte desse setor de vigilância. Conheça também sobre a vigilância das zoonoses e como ocorre o recolhimento dos animais que apresentam relevância para a saúde pública. Serão discutidos ainda o sistema de informação em saúde e a sua importância, além de abordar a saúde do trabalhador, a quais os riscos ele pode estar exposto e quais medidas podem ser tomadas para a prevenção dos riscos e agravos à saúde. Um livro completo a respeito da vigilância no país e os aspectos importantes a respeito de cada setor. Aproveite a leitura e bons estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Introdução à vigilância em saúde Olá, Você está na unidade Introdução à Vigilância em Saúde. Você está na unidade Introdução à Vigilância em Saúde. Conheça aqui os conceitos de Vigilância em Saúde, quais os seus componentes e como ocorreu a sua construção social no Brasil. Quando falamos em Vigilância em Saúde estamos abordando a integração das vigilâncias epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde do trabalhador. Elas são divisões da vigilância em saúde. Além disso, aprenda sobre os níveis de prevenção das doenças e o que cada um deles tem em particular. Por fim, conheça sobre as medidas de controle das doenças transmissíveis e não-transmissíveis. Bons estudos! Introdução 11 1 CONCEITOS BÁSICOS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE A vigilância em saúde objetiva observar e analisar constantemente a saúde da população para articular ações e medidas de saúde destinadas a controlar fatores de riscos e de danos à saúde. O planejamento das ações é realizado por região, garantindo assim que todos recebam assistência de maneira integral e de acordo com as suas particularidades. Além disso, a abordagem é individual e coletiva, garantindo a assistência de todos, buscando prevenir os problemas e os agrados de saúde na população. 1.1 Componentes da vigilância em saúde A extensão de vigilância em saúde compreende três eixos que são: as medidas de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e agravos à saúde. Para que todos esses eixos possam ser alcançados, a vigilância em saúde precisa articular o conhecimento e técnicas em relação às doenças e aos agravos à saúde da população, tendo em vista a localização geográfica da população, a influência sazonal, além de aspectos naturais e sociais que possam influenciar na saúde do indivíduo. No cotidiano da assistência em saúde em todos os níveis, a vigilância em saúde deve estar presente. Assim, associado ao conhecimento e à prática epidemiológica, analise situacional da saúde e dos seus determinantes em uma população, associado aos determinantes sociais, é possível planejar, organizar e executar ações que permitam acesso a todos aos serviços de saúde. A partir dessa organização, as demandas podem ser realizadas de maneira sistematizada, permitindo maior acesso à população e o atendimento em diversas áreas que demandam cuidado, direcionando o cuidado e a prevenção à saúde (BRASIL, 2007). A vigilância em saúde é subdivida em quatro: a vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, vigilância ambiental e a vigilância da saúde do trabalhador. A divisão permite ações centralizadas em cada eixo, de acordo com a necessidade da população, descentralizando as ações. Veja a seguir suas definições: 1.2 Construção social da vigilância em saúde no Brasil Os primeiros debates sobre a construção da vigilância em saúde no Brasil iniciaram-se nos anos 1990. Essa discussão foi realizada por vários seguimentos sanitários que buscavam uma sistematização da sua prática na prevenção da prática de saúde, principalmente em relação as estratégias epidemiológicas, o planejamento e a organização do serviço de saúde. Nesse momento, a principal preocupação era a reorganização do processo de prestação de serviços, visando integrar as diferentes lógicas das demandas espontâneas e das especiais, propondo uma nova organização com base na identificação prévia das principais necessidades à saúde. E, a partir disso, elaborar estratégias visando abranger as necessidades à saúde em cada um dos distritos sanitários, suplantando toda a demanda da população. 12 A ideia era que a nova estrutura passasse então a ser uma oferta de serviço programado, com um espaço articulado que é baseado nos dados epidemiológicos. A partir disso, as ações têm foco na programação e execução de medidas e ações que proporcionam a identificação e a resolutividade dos problemas de saúde de acordo com a delimitação geográfica e os dados epidemiológicos identificados. Isso não exclui as particularidades, porém a demanda do serviço não fica focada de maneira generalizada, pois no Brasil temos várias realidades, devido ao território geográfico ser amplo e com grande variedade climática, ambiental e social (TEIXEIRA, et al., 2008). Durante o III Congresso Brasileiro de Epidemiologia, em 1995, o novo modelo de atenção à saúde foi discutido e a expressão do termo vigilância em saúde foi apresentado. A concepção desse termo era entendida como uma integração entre a vigilância epidemiológica e a sanitária associada a uma proposta de ampliação do modelo assistencial. A partir dessa discussão, no IV Congresso Brasileiro de Epidemiologia foram apresentadas três vertentes para a vigilância em saúde: a análise da situação de saúde, a integração da proposta e redefinição das práticas sanitárias. Na perspectiva da vigilância em saúde como análise de situações de saúde foi proposto um monitoramento da saúde, porém, sem ações voltadas para resolutividade dos problemas identificados. Essa ideia gera a criação de centros de controle de doenças semelhantes ao modelo norte-americano, identificado os problemas a fim de reduzir a transmissão comunitária de doenças. Esse modelovisa atividades educacionais para aprimorar à saúde da população (TEIXEIRA et al., 2008). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Em relação à vigilância como integração institucional entre a vigilância epidemiológica e a sanitária, seria uma reforma na forma organizacional sendo extintas as Secretarias Estudais de Saúde e passando ser chamadas de superintendências ou divisão de vigilância em saúde. 13 A mudança gerava uma fusão de responsabilidades a partir da agregação de vários órgãos na vigilância em saúde como a vigilância epidemiológica, os programas de controle de doenças, a vigilância sanitária, a vigilância de saúde do trabalho e os programas especiais de controle de doenças. Podemos ver isso no “Esquema hierárquico da Vigilância em saúde e suas subdivisões” abaixo: Figura 1 - Esquema hierárquico da Vigilância em Saúde e suas subdivisões Fonte: Elaborado pelo autor, 2020 #ParaCegoVer: Esquema em hierarquia mostrando a vigilância em saúde no topo, como integração das vigilâncias epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde do trabalhador. Elas são divisões da vigilância em saúde. A retificação da vigilância em saúde como uma proposta de redefinição das práticas sanitárias baseada na integralidade nas ações de saúde visava a promoção, proteção, diagnóstico, tratamento e a reabilitação do indivíduo. Ao abordar o sujeito de maneira integral no serviço de saúde, é necessário avaliar a complexidade tecnológica e estrutura organizacional se é atenção primária, secundária e/ou terciária para que possa ser discutido sobre a promoção da saúde e as estratégias necessárias quanto a vigilância sanitária, com foco na intersetorialidade das ações do sistema de saúde. Ao colocar a vigilância sanitária como referência para a construção da assistência integral, é importante ressaltar que deve ser avaliada a necessidade e a demanda da população em relação às suas características demográficas, econômicas, sociais e epidemiológicas, o que torna a política pública um desafio devido à discrepância em relação à saúde que encontramos em cada região do Brasil (TEIXEIRA et al., 2008). Diante dessa perspectiva, a vigilância em saúde interage em níveis de prevenção e organização da atenção à saúde, buscando o desenvolvimento amplo das ações sobre a formulação e implementação das políticas intersetoriais e das ações sociais, em conjunto com a vigilância 14 sanitária, ambiental e epidemiológica. Essa ação em conjunto tem como objetivo reduzir os riscos e danos à saúde, a partir de ações de controle por grupos prioritários e de medidas de cuidados desde a prevenção, tratamento e a reabilitação. A execução da vigilância em saúde, portanto, é complexa, pois articula na promoção (enfoque população), na proteção (risco à saúde) e assistência (clínica), sendo uma forma de agir e pensar na saúde de uma maneira integral, porém, obscura diante da heterogeneidade brasileira. Isso gera um cenário desafiador para as políticas pública e para a prática, que precisam adaptar e articular ações específicas de acordo com a situação populacional de um estado, município ou até mesmo bairro. Assim, a vigilância em saúde precisa estar atenta: • Ao sujeito que pode ser a equipe de saúde ou a população; • Ao objetivo das ações relacionadas ao que foi diagnosticado como danos, riscos, necessi- dade de tratamento ou reabilitação; • Ao meio de trabalho disponível, como as tecnologias médico e sanitárias que podem ser utilizadas para o planejamento das ações de maneira resolutiva aos problemas identifica- dos; • Às formas de organização e as ações necessárias para resolver-se o problema. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A Vigilância da Saúde sugere a incorporação de novos sujeitos à prática de saúde, buscando a responsabilização do indivíduo frente a sua saúde, medida adotada na prevenção à saúde. Diante disso, é necessário que os profissionais de saúde vão além das tecnológicas médicas e busquem a comunicação social como uma articulação da mobilização, organização e atuação em busca da promoção e manutenção das condições de saúde. Assim, a vigilância em saúde transcende o 15 espaço físico dos serviços de saúde, as ações governamentais e não governamentais, tomando uma proporção complexa. A prática social não é algo exclusivo dos profissionais de saúde, apesar de eles serem o serviço especializado e os gestores do serviço de saúde, a população tem papel de destaque quanto aos cuidados da prevenção dos riscos e agravos à saúde, sendo eles os principais responsáveis para a busca e a manutenção dela (BRASIL, 2007). 2 PREVENÇÃO DAS DOENÇAS O conceito de prevenção mudou ao longo do tempo: antes era algo restrito ao senso de prevenir o desenvolvimento de uma patologia, sendo então utilizadas terapias que limitavam a progressão da doença. De modo geral, a prevenção é um ato que impede ou reduz a mortalidade e a morbidade dos indivíduos. Atualmente, a prevenção está acompanhada da identificação de fatores de risco que possam desencadear alguma patologia, sem necessariamente existir uma patologia já instalada. Ela passou a ser mais ampla, considerando os fatores de prevenção e cura distintos a partir da concepção atual da prevenção 2.1 Níveis de prevenção das doenças Os níveis de prevenção podem ser estabelecidos em cinco níveis: primordial, primária, secundária, terciária e quaternária. Veja a seguir suas definições, de acordo com Brasil (2013): Prevenção primordial: Tem como objetivo principal evitar o surgimento de novas doenças a partir da elaboração e incentivo ao estilo de vida mais saudável e que reduza esses riscos. Nesse nível a prevenção atual nos padrões de vida socioeconômica e/ou cultura, buscando reconhecer entre eles o que pode promover riscos de desenvolvimento de doenças e fatores de proteção à saúde a ao bem-estar, estimulando os fatores protetivos e consequentemente reduzindo a probabilidade de doenças a longo prazo. A fim de alcançar essa prevenção, surge a elaboração e FIQUE DE OLHO A vigilância em saúde faz parte de todos os níveis de atenção à saúde, apresentando especificidades entre as equipes de saúde na atenção de saúde, pois a necessidade de cada comunidade é distinta e exige o desenvolvimento de habilidades na programação, planejamento e organização dos serviços de saúde para todos os indivíduos de maneira integral. 16 a implementação de políticas e programas de promoção à saúde, como por exemplo, a legislação para criação de espaços livres de fumo e tabaco e o plano nacional de saúde escolar. Essas medidas a longo prazo têm impacto na saúde pública de maneira notável, uma vez que o público alvo é um grande número de pessoas que são estimuladas a buscar um comportamento saudável. Prevenção primária: Busca evitar e/ou remover fatores causais e de risco antes do desenvolvimento de uma doença. Esse tipo de prevenção pode recorrer a recursos de maneira individual ou em grupos que apresentam maior risco ou ainda para população geral. A partir da difusão de informações espera-se uma redução na incidência de doenças que podem ter os fatores de risco controlados, de uma maneira geral, espera redução no número de casos por doenças previsíveis na população. A prevenção primária pode ser obtida através da imunização contra doenças infectocontagiosas, uso de preservativos para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, mudança no estilo de vida para evitar o desenvolvimento de hipertensão, obesidade e diabetes. Apesar de parecer simples, a mudança de hábitos e a divulgação de informações é algo difícil, pois nem todos tem acesso as informações ou quando tem acesso consegue entende- la de maneira clara, por isso é importante sempre estar difundindo as informações e buscando maneira de reduzir os riscos de doenças futuras na prevenção primária. Prevenção secundária: Visa detectar uma doença de maneira precoce, ainda na fase assintomática da doença. Quando as doenças são identificadas ainda no início as chancesde reestabelecimento da saúde são maiores, além disso, existe também a possibilidade de redução das consequências devido ao estabelecimento da doença. Nesse tipo de prevenção é importante o conhecimento prévio da história natural da doença, pois a partir disso é possível a detecção ainda no período pré-clínico e consequentemente a prevenção da evolução da doença para estágios mais graves da doença. Esse tipo de prevenção é comum nos casos de câncer em que existe um rastreio precoce dos tumores de colo de útero, mama e próstata, o que permite o diagnóstico ainda no estágio inicial e aumenta a probabilidade de cura e menor tempo de tratamento. Prevenção terciária: Tem como objetivo reduzir a evolução de uma doença já diagnosticada, reduzir as complicações que possa surgir como insuficiências, sequelas e incapacidades, promover adaptação nos casos que as consequências decorrentes da doença são inevitáveis e prevenir que ocorra agudização da doença, nos casos dos casos crônicos por exemplo, estabelecendo um controle para que ocorra uma estabilização do quadro clínico. Esse tipo de prevenção normalmente tem uma intervenção conjunta entre a prevenção e a cura, porém nem sempre é possível dissociar as medidas de prevenção e cura, sendo que ambas ocorrem simultaneamente na maioria dos casos. Além da doença, é preciso um olhar mais amplo, pois nesses casos como o percurso da doença é longo o indivíduo sente medo e incapacidade frente a doença, sendo necessário um suporte psicológico também. A interação familiar e social frente a doença também é importante e tem um efeito positivo no controle da doença. As ações na prevenção terciária podem ser a realização de ações educativas em escolas e ambiente de trabalho a fim de eliminar 17 atitudes negativas frente a indivíduos soropositivos ou obesos por exemplo, realizar a reintegração do trabalho na empresa após alguma lesão que o deixou incapacitado. Prevenção quaternária: Identificação de pessoas em situações de risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas excessivas. Esse tipo de intervenção visa proteger o indivíduo de novas intervenções e busca alternativas que são aceitas eticamente. A prevenção quaternária pode ser dividida em três categorias que é a manutenção de baixo risco, a redução do risco e a detecção precoce. A manutenção de baixo risco visa garantir que a pessoa que apresenta baixo risco para complicações dos seus problemas de saúde permanecem nessa condição, evitando o agravamento da doença. Em relação a redução de risco, ela visa os riscos moderados e altos, relacionados a doença, buscando reduzir ou controlar a sua prevalência frente a doença. Já a detecção precoce busca estimulador o indivíduo frente a seu problema de saúde e os sinais que podem surgir, de modo que as alterações sejam detectadas ainda precoces, podendo assim ter intervenção e eliminar a complicação, isso é comum alguns tipos de tumores, que tem uma progressão lenta e podem surgir novos tumores, que quando detectados ainda no início podem ser tratados, com grandes chances de cura. Quando abordamos sobre o diagnóstico precoce, devemos lembrar que são ações que tem como objetivo a identificação de uma doença a partir de sinais e sintomas ainda que precoces, ou seja, visa a detecção no menor estágio do desenvolvimento da doença possível. Enquanto que o rastreamento ele busca pessoas ainda assintomáticas, mas também tem como foco o diagnóstico precoce. Quando é realizado o rastreamento, o impacto pode ser maior, pois são indivíduos que eram saudáveis, pelo menos se sentiam assim, por não terem nenhum sintoma. Por isso, é importante uma abordagem mais densa e cautelosa no rastreamento, pois um dos riscos é o psicológico do indivíduo frente a nova doença (BRASIL, 2013). A prevenção é a melhorar forma de minimizar ou até mesmo erradicar danos maiores à saúde. O profissional de saúde é o principal responsável, cabendo a ele reforçar os sinais e sintomas, incentivar os hábitos saudáveis e eliminar os fatores de riscos identificados na população. Quando existe uma rede de informação bem consolidada, isso aumenta os fatores protetivos à saúde dos indivíduos e facilita a prevenção primária. Mas esse trabalho da prevenção precisa de ajuda do sujeito, pois o profissional de saúde pode informar e orientar, mas as mudanças devem ser aplicadas pelo sujeito. 2.2 Rastreamento O conceito de rastreamento é derivado da palavra de língua inglesa “screening”, que traduz a ideia de peneirar, podendo encontrar resultados falsos positivo ou falso negativo. O rastreamento e o diagnóstico de doença eram tratados como sinônimos. Mas existe uma distinção, nos casos que o sujeito apresente algum sinal ou sintoma de uma doença ocorre o diagnóstico da doença, mas sem que haja ocorrido um rastreamento. O rastreamento ocorre nos casos que ainda não 18 houve nenhuma manifestação da doença, ocorrendo então o diagnóstico quando realiza exames de rotina, ou seja, são realizados exames e testes em indivíduos saudáveis. Os exames realizados durante o rastreamento podem vir com resultado positivo, isso não significa que é um diagnóstico da doença fechado, pois esses exames normalmente selecionam indivíduos que apresentam maior probabilidade de apresentar a doença em investigação. Um exemplo é o exame de mamografia utilizado no rastreamento do câncer de mama. A presença de um nódulo não significa que é um tumor e isso é confirmado ou descartado a partir de uma biópsia e da confirmação anatomopatológica. Nem todos os nódulos serão tumores malignos, como ocorre nos casos dos tumores benignos, são identificados também na mamografia, pois esse exame não faz a distinção. Quando falamos em rastreamento, devemos lembrar que ele pode ser algo oportuno ou estar relacionado a um programa de rastreamento. O rastreamento oportuno ocorre quando um indivíduo procura o serviço de saúde por uma queixa qualquer e o profissional de saúde aproveita para realizar o rastreamento de algum fator de risco ou doença. Esse tipo de rastreamento não é de grande impacto em relação ao impacto na morbidade e mortalidade (BRASIL, 2013). Em relação aos programas de rastreamentos, eles são organizados e sistematizados. As ações são voltadas para o diagnóstico precoce de uma determinada patologia. O rastreamento visa um grupo especifico exposto a algum fator de risco ou dentro de uma faixa etária especifica que é mais comum o surgimento daquela doença. Assim todos os sujeitos que atingem uma determinada idade por exemplo são habilitados e convidados a participar do programa de rastreamento, como por exemplo, o rastreamento para o câncer de mama por mamografia. Atualmente é preconizado pelo programa de rastreamento do câncer de mama a realização da mamografia anual em mulher com idade igual ou superior a 40 anos, sendo o exame realizado anualmente. Portanto, todas as mulheres nessa faixa etária são convidadas a realizar o rastreamento. Devemos lembrar que o rastreamento é opcional, pois o indivíduo pode se negar a realizar um exame, visto que ele não acha que tem alguma patologia. Nessa situação, é importante que os profissionais orientem sobre a importância do exame, como é feito o exame e escute as dúvidas do paciente, pois muitas vezes o medo de realizar o rastreamento é devido ao desconhecido, a partir do momento que as dúvidas são sanadas, a adesão é maior. A efetividade de um programa de rastreamento se deve ao maior número possível de indivíduos de uma população que realizar o rastreamento. Por isso, é importante que o programa de rastreamento tenha as seguintes características: • Acesso para todos que estão dentro dos critérios estabelecidos; • Agilidade no atendimento e no retorno do resultado; • Oferecimento de evidências da sua efetividade; 19 • Garantia ao sujeito do direito de realizar ou não o exame; • Oferecimento de informação sobre o que está sendo buscado, os riscos e os benefícios que ele tem a partir desse rastreamento.Devemos lembrar que um programa de rastreamento só deve ser implantado quando a doença for de relevância para a saúde pública, que a história natural da doença já seja bem estabelecida e conhecida pelos profissionais de saúde, o estágio pré-clínico ou assintomático esteja bem evidente, os benefícios precisam ser maiores que os riscos e o custo do rastreamento menor que o do tratamento. Esse conjunto de fatores que estabelecem a criação do programa visa garantir qualidade para a população e para serviço público de saúde. 3 MEDIDAS DE CONTROLE DAS DOENÇAS A medida de controle das doenças só é possível quando o mecanismo da doença é conhecido. Atualmente, as doenças podem ser transmissíveis ou não-transmissíveis, o que afeta direto no meio de controle das doenças. O estilo de vida, o ambiente social, as condições de saneamento básico são alguns dos fatores que podem influenciar diretamente no controle das doenças. É preciso conhecer o que está sendo um fator positivo para o desenvolvimento das doenças para que assim possa controla-la e se possível erradica-la. 3.1 Medidas de controle de doenças não-transmissíveis No Brasil, houveram mudanças, nos últimos anos, em relação à sua estrutura demográfica e ao seu perfil epidemiológico. Alguns fatores que foram determinantes nessas mudanças foram: • Redução da taxa de fecundidade; • Redução da mortalidade precoce e por doenças infecciosas; • Aumento da expectativa de vida ao nascer. FIQUE DE OLHO Os procedimentos de rastreamentos são as vezes questionáveis, pois a maioria necessita de uma técnica correta para que o resultado seja confiável. Porém, pensando em saúde pública os benefícios e o custo-efetividade devem ser pontos relevantes, pois a sobrecarga no serviço de saúde pode causar um caos e a qualidade na assistência pode não ser efetiva e curativa, devido a limitação de recursos científicos frente as doenças em estágio avançado. 20 Portanto, a população brasileira tem envelhecido mais, consequentemente aumentando o número de idosos e junto aumenta o número de morbi-mortalidade e das Doenças crônicas não- transmissíveis (DCNT) (BRASIL, 2007). A mudança no perfil populacional em países desenvolvidos ocorreu em um período médio de um século. Enquanto que nos países subdesenvolvidos, como o Brasil essa mudança ocorre em apenas 30 anos, o que levou à necessidade de uma rápida adaptação e reorganização do sistema de saúde. Porém isso ainda é falho, pois as mudanças ainda estão ocorrendo no Brasil e a cada ano novas medidas precisam ser implementadas nos serviços de saúde, principalmente para o controle das DCNT (BRASIL, 2007). Quando falamos da reorganização da assistência à saúde, devemos lembrar que o objetivo é reduzir a mortalidade precoce, principalmente decorrentes de agravos à saúde decorrentes da DCNT. Dentre as principais DCNT temos: a diabetes, obesidade e a hipertensão. Normalmente essa tríade está presente quando o sujeito tem um estilo de vida sedentário, hábitos alimentares não saudáveis com baixa ingestão de frutas e legumes ou com a base alimentar em comidas rápidas e prontas. A mudança no estilo de vida proporcionou um cenário que aumenta a probabilidade de desenvolvimento dessas doenças, pois atualmente é fácil o acesso aos alimentos sem precisar deslocar até o restaurante ou ao supermercado. Além disso, comidas preparadas são mais rápidas e fáceis de serem consumidas do que os alimentos frescos, pois esses demandam um tempo para preparar. O tempo hoje é algo que poucos tem, devido a carga de trabalho e a rotina atarefada. Mas com isso, o preço a ser pago é o desenvolvimento das DCNT (BRASIL, 2007). A obesidade é uma porta para o desenvolvimento da hipertensão e a diabetes. A gordura abdominal aumenta as chances de distúrbios cardíacos e a sobrecarga no organismo, principalmente da glicose aumenta as chances de desenvolvimento da diabetes. Apesar dessas doenças não serem transmissíveis aos indivíduos que convivem entre si, elas acarretam uma sobrecarga ao serviço de saúde, pois são patologias que demandam cuidados e controle médico frequente, para manter o estado saudável e prevenir os agravos que essas doenças podem trazer para o indivíduo. 3.2 Medidas de controle de doenças transmissíveis As doenças transmissíveis são as que demandam maior preocupação epidemiológica, uma vez que um indivíduo contaminado pode infectar várias outras pessoas e a disseminação ocorrer rapidamente e sem controle, quando não é realizada nenhuma medida de prevenção e controle. A notificação compulsória não é algo novo no sistema de saúde público e privado, uma vez que várias doenças precisam ser notificadas através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, para o controle epidemiológico e o controle do número dos casos. Quando abordamos a notificação compulsória, o termo compulsório é de responsabilidade 21 formal do profissional de saúde, podendo ser apenas uma suspeita ou um caso confirmado. A suspeita deve ser notificada também, pois algumas doenças são transmitidas rapidamente, infectando diversas pessoas se não for previamente controlada. Quando as suspeitas se confirmam o caso continua na estatística, quando o caso não é confirmado o profissional notifica o resultado negativo e o caso previamente identificado como suspeita é retirado da contagem epidemiológica (BRASIL, 2007). A notificação ocorre de maneira sigilosa e somente quando ocorre risco para a comunidade é que medidas coletivas podem ser tomadas, porém respeitando o direito de anonimato do cidadão. A notificação ela é periódica e o documento deve ser enviando mensalmente mesmo se não houver notificação de nenhum caso de doença transmissível de notificação compulsória. Quando não há necessidade de notificação o relatório é uma notificação negativa e também é utilizado como um controle da eficácia das medidas preventivas. As doenças transmissíveis apresentam um grupo que estão em processo de declínio no número de casos devido a eficácia do controle e da prevenção. Dentre essas doenças temos a varíola que está erradicada desde 1978, a poliomielite erradicada desde 1994 e o sarampo que também está eliminado. A raiva humana transmitida por animais domésticos, da rubéola congênita e do tétano neonatal são as próximas da lista de erradicadas no Brasil, proposto para a próxima década. A difteria, a rubéola, a coqueluche e o tétano acidental são patologias que apresentam prevenção imunológica e com isso o número de casos será cada vez maior. Algumas doenças estão relacionadas as condições sanitárias precárias e por isso são mais frequentes em algumas regiões do país como a doença de Chagas, hanseníase e a febre tifoide, por exemplo (BRASIL, 2007). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 22 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender sobre os componentes da vigilância em saúde; • conhecer sobre como ocorreu a construção social da vigilância em saúde no Brasil; • analisar sobre os níveis de prevenção das doenças; • entender sobre o rastreamento de doenças; • analisar sobre as medidas de controle de doenças não-transmissíveis e transmissíveis. PARA RESUMIR BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde. 2007. Disponí- vel em: http://www.conass.org.br/biblioteca/vigilancia-e-saude-parte-1/ Acesso em: 20 mai. 2020. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção primária: Rastreamento. Brasilia: DF, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/rastreamento_caderno_ atencao_primaria_n29.pdf Acesso em: 20 mai. 2020. TEIXEIRA, C. F. et al. Vigilância da saúde e vigilância sanitária: concepções, estratégias e práticas. Texto preliminar elaborado para debate, n. 20, 2008. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 2 Vigilância epidemiológica Olá, Você está na unidade Vigilância epidemológica. Conheça aqui sobre a estrutura da epidemiológica e a causalidade. Aprenda sobre Vigilância epidemiológica no Brasil, como surgiu e como é a sua estruturaçãoatual. Conheça quais as fontes de dados para as informações epidemiológicas e quais as responsabilidades das esferas municipais, estudais e federais. Ainda nessa unidade, aprenda sobre a notificação compulsória e conheça as doenças que são de notificação semanal e imediata, sendo que as de notificação imediata pode ser em nível municipal, estadual e federal. A partir da notificação como deve ser a investigação epidemiológica para evitar que um grande número de indivíduos seja afetado. Bons estudos! Introdução 27 1 ESTRUTURA EPIDEMIOLÓGICA E CASUALIDADE A busca pela causa de diversos fenômenos observados no cotidiano é movida pela curiosidade e a necessidade de controle, principalmente das doenças, em que há um interesse de conhecer as causas e o que pode ser feito para sua prevenção. Porém, a detecção da causa não é simples, pois envolve diversas áreas de investigação e conhecimento. A medicina busca a relação da doença e suas causas, enquanto que a estatística faz a dimensão de ocorrência dos casos. A causa e a estrutura epidemiológica estão relacionadas na representação sistêmica dos elementos envolvidos no processo saúde – doença. Os fatores inter-relacionam com o agente etiológico, o indivíduo susceptível e o ambiente que atua, existindo um equilíbrio que quando é perturbado favorece a manifestação patológica da doença (LUIZ et al., 2002). A busca sobre causalidade é mais objetiva no contexto estatístico, pois ela faz a mensuração de efeitos causais. A mensuração dos efeitos causais sem a compreensão do mecanismo não tem nenhum significado, pois não permite que ocorra a resolução da causa, apensar a quantificação em números. Para ter efetividade é importante compreender os mecanismos que levam as causas, para que possa ser quantificado e traçado métodos resolutivos de prevenção e cura do que for identificado. Quando é feita a inferência causal em epidemiologia, quer dizer a relação entre a filosofia da doença e o estabelecimento de condições ou restrições que respaldem uma interpretação da causa. A estatística então estabelece a associação entre a doença e os fatores de exposição, mensurando epidemiologicamente o número de ocorrências (LUIZ et al., 2002). A identificação dos fatores causa na epidemiologia utilizada estudos observacionais e ensaios clínicos. Apesar de nem sempre ser possível a utilização dos ensaios clínicos quando os seres afetados são as populações humanas, por isso a maioria dos estudos são observacionais, como os estudos de caso-controle. Esse tipo de estudo apesar de ter maior número de vieses é o mais viável em relação ao tempo, custo e número de casos da doença, por exemplo. Na epidemiologia, independentemente se o modelo do desenho epidemiológico for experimental ou observacional para a determinação de uma proposição causal a ser investigada, como por exemplo “o tabagismo como causa doença cardiovascular”, existem características que atrapalham sua avaliação, pois não são todos os fumantes que irão desenvolver doença cardiovascular, assim como existem pessoas que não são tabagista que irão desenvolver a doença. A partir disso, a proposição a avaliação passa a ser o risco, ou seja, se existe um risco maior de quem fuma desenvolver doença cardiovascular quando comparado ao risco de quem não fuma. Porém, é importante que a determinação do risco seja observada a divisão dos grupos fumante e não fumante, pois a idade muito discrepante pode interferir, assim como a presença de outras 28 doenças como diabetes e hipertensão. Para chegar a uma conclusão do risco, é importante que os grupos comparados sejam mais homogêneos e a única variável seja o tabagismo. Lembrando que o tempo de tabagismo também pode influenciar, se o grupo de tabagismo for jovem, pode não haver associação em curto prazo, enquanto que em um grupo de tabagismo mais velho, ou seja, indivíduos que fazem o uso do tabaco por mais tempo, a presença da doença pode estar presente em uma proporção maior (LUIZ et al., 2002). A epidemiologia é uma ciência que tem como base a frequência, a distribuição e os determinantes das doenças que ocorrem na população. Assim ela busca procedimentos metodológicos baseados em modelos estatísticos que identificam a etiologia das doenças. Na epidemiologia então a causa é qualquer evento, condição ou característica que tenha relação com a doença. É importante lembrar que a causa na epidemiologia não é uma relação isolada apenas, pois uma doença pode apresentar diversas causas, porém a frequência relacionada as causas podem ser diferentes, por exemplo, o câncer de pulmão pode ser causado pelo tabagismo ou pela poluição do ar, mas o número de ocorrências relacionadas as essas duas causas são diferentes, permitindo que seja realizado medidas de vigilância epidemiológica diferentes nas duas causas, para a mesma doença. A relação da causa também tem associação entre a exposição e doença e a determinação da força de associação, ou seja, se existe uma associação entre a causa e a doença. A associação ocorre de maneira forte, isso significa que tem relação causal, enquanto que a associação fraca indica que provavelmente aquele fator não tem nenhuma relação. Um outro fator é a consistência, ou seja, o número de casos na população, isso irá reforçar a causalidade de uma doença. A especificidade também, visto que ela tem relação direta com a causa, ou seja, a remoção da causa específica implica que o fenômeno patológico não ocorra (LUIZ et al., 2002). A temporalidade em relação a causa está relacionada principalmente nos estudos transversais e retrospectivos, pois o tempo avaliado por interferir no achado em relação a causa. Como exemplificado acima, se avaliar um grupo de tabagista que tem o hábito há poucos anos e um grupo com um tempo maior, o número de indivíduos com distúrbios cardíacos será diferente, devido a temporalidade da causa. Por isso, que os estudos precisam controlar essa variável de causa, pois o tempo de exposição tem relação direta com a causa. 29 Figura 1 - Investigação epidemiológica Fonte: Kobkit Chamchod, Shutterstock, 2020 #ParaCegoVer: Vemos na imagem uma enfermeira com os equipamentos de segurança epidemiológicos necessários para o contato com um paciente, que está deitado no leito com máscara. 2 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA No início do século XX, iniciaram-se as primeiras medidas de prevenção e controle de doenças baseadas nos avanços dos antibióticos e no conhecimento dos ciclos epidemiológicos de doenças infecciosas e parasitárias. A partir disso foi possível estruturar campanhas epidemiológicas como vacinação para febre amarela e varíola. A expressão vigilância epidemiológica passa a ser usada a partir da década de 1950, quando iniciou o controle de doenças transmissíveis. A epidemiologia inicialmente estava apenas em observar os casos suspeitos de doenças transmissíveis e monitorar a sua transmissão, ou seja, era aplicada uma vigilância baseada nos indivíduos e a partir da sua identificação como contaminado era aplicada medidas de isolamento ou tratamento, quando existente. A evolução epidemiológica foi a partir da década de 1960 que iniciou medidas preventivas, como por exemplo, a vacinação da população para varíola. A prevenção foi baseada em busca ativa dos casos, diagnóstico precoce de surtos e bloqueio da transmissão, chegando à erradicação da varíola. 2.1 Organização, funcionamento e importância O Ministério da Saúde, após a recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, que foi regulamentada pela Lei nº 6.259/75 e o Decreto nº 78.231/76. Essa legislação tornou obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas, constantes de relação estabelecida por portaria. Em 1977, foi elaborado o Manual de Vigilância Epidemiológica, que reuniu as normas técnicas utilizadas para a vigilância de cada doença naquela época. 30 O Sistema Único de Saúde incorporou o Sistema Nacional de VigilânciaEpidemiológica na Lei nº 8080 de 1990, sendo ela definida como: “Um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (BRASIL, 1990). A vigilância epidemiológica é um importante instrumento para os serviços de saúde em relação ao planejamento, a organização e a operacionalização, permitindo a normatização de atividades técnicas correspondentes. A sua operacionalização envolve funções específicas e complementares que são desenvolvidas continuamente, possibilitando identificar cada momento, o comportamento epidemiológico. A epidemiologia muda constantemente, sendo necessário ações e medidas pertinentes a cada nova doença identificada ou emergente. No sistema de saúde, todos os níveis de assistência têm atribuições na vigilância epidemiológica, sendo que quando mais eficiente for as ações em nível local, maior o controle e a prevenção das doenças. Isso também permite que problemas mais complexos, emergenciais e de maior extensão possam ser realizados, sem preocupar com situações menores, por falta de atuação do sistema local. O perfil epidemiológico não é estático: houveram mudanças nas taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e um aumento da taxa de mortalidade por causas externas e doenças crônico-degenerativas nos últimos anos. Isso levou à incorporação de outras questões que precisavam ser consideradas na vigilância epidemiológica, segundo Brasil (2019), para além da investigação sobre casos, surtos e epidemias. Veja a seguir algumas delas: • Doenças e agravos não-transmissíveis; • Vigilância em saúde do trabalhador; • Violência interpessoal ou autoprovocada; • Acidentes por animais peçonhentos e intoxicação exógena. O funcionamento da vigilância epidemiológica compreende um ciclo de funções que são desenvolvidas de modo contínuo e que permite conhecer as doenças ou agravo presentes na população naquele momento e selecionar as ações e as medidas de intervenção pertinentes e eficazes. A vigilância epidemiológica tem como função: • A coleta de dados; • O processamento dos dados coletados; • A análise e a interpretação dos dados; 31 • A recomendação das medidas a ser adotadas; • A promoção de ações de controle das doenças e agravos; • A avaliação das ações quanto à eficácia e efetividade; • A divulgação das informações obtidas. A eficiência do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica está relacionada com o desenvolvimento das funções realizadas nos diferentes níveis, municipal, estadual e federal, de forma harmônica. 2.2 Coletas de dados e informações A vigilância epidemiológica necessita de dados que irão nortear e subsidiar as suas ações, por isso a qualidade dos dados é importante para que possa ter ações eficazes no controle e prevenção das doenças e dos seus agravos. Os dados devem ser coletados em todos os níveis do sistema de saúde, mas, para que essa coleta seja realizada, é importante que os profissionais sejam capacitados para realizem o diagnóstico correto e a investigação epidemiológica correspondente. Outro aspecto, é a representatividade dos dados, pois permite estabelecer a magnitude do problema. Nem sempre é possível conhecer todos os casos, mas é possível estabelecer uma estimativa a partir das informações coletas, desde que sejam confiáveis e verídicas. A coleta de dados deve seguir um fluxo, sendo periódica para que possa ser utilizada como indicador de características para estabelecer relações sobre doenças ou agravos. Quando a intervenção não é apenas local, ou seja, necessita de mais de um nível do sistema de saúde é importante que a coleta de dados e o fluxo das informações sejam rápidas, para que as medidas a serem traçadas não demorem e possa perder o controle e gerar um problema maior, que não seja mais local, por exemplo. Os dados e informações que são coletados são diversos. Veja a seguir alguns deles, de acordo com Brasil (2019): • Dados demográficos Permitem a quantificação dos grupos populacionais quanto ao número de habites, número de nascimentos, número de óbitos, escolaridade, ocupação profissional e saneamento básico por exemplos. O número de nascimento e de óbito deve ser analisado junto com o sexo e a idade do indivíduo. Essas indicações demográficas são relevantes para a caracterização das condições gerais de vida da população, estando relacionada a condições de saúde ou agravos de doenças. Associado a esses dados, as condições climáticas e ecológicas também são necessárias para compreensão epidemiológica. 32 • Dados de morbidade Importantes para a detecção imediata ou precoce de problemas sanitários, permitindo também a estimativa de sequelas, por exemplos, o que demandar profissionais especializados e também acarretar custos no sistema de saúde. Esses dados são de origem normalmente de casos e surtos, serviços hospitalares ou ambulatoriais, busca ativa dos casos, e investigação epidemiológica. Porém, essa notificação ainda é falha devida subnotificação e a falha de diagnóstico. Por isso, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica estimula a utilização dos sistemas e base de dados disponíveis. Além disso, normatiza as principais causas que devem ser notificadas, estabelecendo formulários específicos para a coleta de dados. • Dados de mortalidade Relevantes para estabelecer doenças com maior letalidade, por exemplo. Esses dados são obtidos a partir das declarações de óbitos que são padronizadas e processadas nacionalmente. A declaração de óbito é preenchida em três vias. A primeira deve ser permanecer na unidade notificadora, sendo ela responsável pelo preenchimento dos dados em nível municipal ou estadual. A segunda via é entregue ao familiar para que este leve-a ao cartório de registro civil para obtenção da certidão de óbito. A terceira via permanece na unidade notificadora, para anexar a documentação médica do paciente falecido. 2.3 Fontes de dados epidemiológicos As informações são destinadas para a tomada de decisões na vigilância epidemiológica. Assim, a notificação é a principal fonte de informação, ou seja, é a comunicação da ocorrência de uma determinada doença ou agravo a saúde para que possa ser tomada medidas de intervenção pertinente ao problema. Ao longo da história da vigilância epidemiológica no Brasil, a notificação compulsória é a principal fonte de informação, a partir do qual ocorre o processo de informação que leva a uma decisão e uma ação. FIQUE DE OLHO Quando o sistema de vigilância epidemiológica está bem estruturado, a detecção de surtos e epidemias ocorrem precocemente. Para que isso ocorra deve haver um sistema de acompanhamento contínuo da situação geral de saúde, assim como os casos de doenças que devem ser notificados. Isso possibilita conhecer as principais doenças que acometem a população local e reconhecer facilmente uma situação epidêmica inicial, permitindo a adoção imediata de medidas de controle. Os surtos devem ser notificados para que possa ser emitido alertas as áreas vizinhas e/ou para solicitar colaboração, caso seja necessário. 33 A lista de doenças de notificação compulsória é estabelecida pelo Ministério da Saúde e é atualizada periodicamente ou sempre que necessário. Essas doenças compõem o Sistema de Informação de Agravos de Notificação e os estados ou municípios podem adicionar na listagem outras patologias de interesse regional e local. Isso viabiliza o conhecimento das particularidades locais além de permitir que ações de saúde possam ser estabelecidas a fim de evitar que doenças locais espalhem para outras regiões por exemplo (Brasil, 2002). A notificação de doenças ou agravos é um processo dinâmico, que irá mudar de acordo com o perfil epidemiológico ao longo do tempo e também do espaço geográfico. As normas de notificação devem acompanhar essadinâmica, além disso, adequa-se ao tempo e ao espaço, de acordo com a distribuição de doenças em cada local. Para que uma nova doença ou agravo seja incluída na lista de notificação é importante que sejam observados alguns critérios: • Magnitude A frequência da doença na população. Esse dado será traduzido em número relativos a altas taxas de incidência, alta mortalidade, alta prevalência e em anhos potenciais de vida perdido. • Potencial de disseminação Capacidade de transmissão da doença por vetores ou outras formas que acarretam em risco à saúde coletiva. • Vulnerabilidade Principalmente para o controle e a prevenção das doenças individual e coletivamente. • Transcendência Refere-se à relevância da doença ou agravo, ou seja, o quanto ela é severa. Isso é medido pela taxa de mortalidade, número de indivíduos hospitalizados, sequelas decorrentes dessa doença ou agravo. Além disso, a transcendência ainda pode estar relacionada à relevância econômica, que pode ser mesurada pelos prejuízos devido à restrição comercial, menor força de trabalho, ausência laboral ou escolar e os custos acarretados ao sistema assistencial e previdenciário. Em casos de meta continental ou mundial devem ser traçados compromissos internacionais que permitem o controle ou eliminação da doença. Isso deve ser feito seguindo o Regulamento Sanitário Internacional, sendo estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os casos de cólera, febre amarela e peste são de notificação compulsória de acordo com a OMS (BRASIL, 2002). Alguns casos como epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde a notificação deve ser 34 imediata, a fim de isolar a área de ocorrência, evitando que espalhe por uma grande extensão. As medidas de diagnóstico e controle também devem ser iniciadas imediatamente a fim de evitar o espalhamento. Em relação ao mecanismo de notificação, isso será instituído de acordo com clínica e a epidemiológica do evento ocorrido. Em relação ao caráter compulsório, ele implica na responsabilidade formal de todo cidadão além dos profissionais da área da saúde. Apesar disso, nem sempre a notificação é realizada, devido ao desconhecimento da importância da notificação ou até mesmo pelo descrédito do que aquela doença ou agravo pode resultar na população. Além disso, é observado que o funcionamento da notificação está relacionado diretamente com o nível de informação dos profissionais de saúde e da população. Por isso o sistema de notificação deve sempre ter ações voltadas para a sensibilização dos profissionais e da comunidade, para que isso aumento o número de notificações e qualidade dos dados fornecidos durante a notificação. O sistema de notificação deve estar presente em todas as unidades de saúde privada ou particular, além disso, todos os profissionais devem ser capacitados quanto a importância da notificação e como proceder quando for necessário realizar a notificação. A notificação pode ser devido à suspeita da doença, pois as doenças e agravos à saúde de notificação compulsória não devem aguardar a confirmação, para que não ocorra a perda de seguimento do paciente e para que esse possa ter uma intervenção eficiente. Ela é sigilosa e só pode ser tratada no âmbito medico-sanitária, somente nos casos que seja um risco à comunidade pode ser realizada ações de educação e prevenção, porém sempre mantendo o anonimato em relação a identificação dos casos, ou seja, a identidade do cidadão acometido pela doença. O instrumento de coleta de notificação deve ser enviado periodicamente, mesmo que não tenha nenhuma ocorrência, nesse caso é a notificação negativa, que serve como um indicador de eficiência do sistema de informações (BRASIL, 2002). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 35 Os dados sobre a saúde têm o registro rotineiro em serviços ou sistemas de informação específicos, constituindo uma fonte valiosa de informação para a vigilância epidemiológica. Além disso, atualmente os recursos eletrônicos facilitam o acesso a informação, sendo cada vez mais estimulados, para que possa aprimorar a qualidade dos registros e o compartilhamento de informações. Os laboratórios fazem parte de uma fonte secundária de informação, principalmente porque fazem a confirmação do diagnóstico em casos suspeitos e também são fonte e informação em casos que não foram notificados. Porém, eles têm sido fonte de detecção em casos restritos e especiais, pois não existe um sistema integrado que permite a avaliação de todos os dados contidos neles. A rede de laboratórios públicos e os hemocentros atualmente são a fonte principal para a vigilância epidemiológica, não abrangendo todos os laboratórios, como por exemplo os privados. 2.4 Normas, retroalimentação e avaliação do sistema de vigilância epidemiológica A normatização é um processo fundamental para que os dados fornecidos possam ser comparados. Assim, é importante a padronização dos critérios de diagnósticos para a entrada de casos no sistema. Os casos então devem ser classificados como suspeitos ou confirmados, sendo que os casos descartados devem ser notificados para que possam ser retirados do sistema, evitando assim que influencie no número de casos confirmados. As normas precisam estar disponíveis em todos os níveis do sistema, para que possa ser realizado uma análise consistente tanto quanti quanto qualitativamente. Para isso a linguagem adotada por todos os profissionais de saúde precisam ser a mesma, tanto em nível regional, estadual ou federal. FIQUE DE OLHO A decisão e a ação não necessitam da totalidade de casos para que possa ser realizadas estratégias de intervenção, uma vez que a clínica e a epidemiologia apresentam instrumentos de controle e indicadores para cada diversas situações. Assim, a intervenção em problemas de saúde pode usar o sistema de sentinela, que é um sistema que monitora indicadores na população ou em uma comunica, servindo como um alerta para o sistema de vigilância epidemiológica. 36 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Para que o sistema funcione é importante também o retorne aos informantes de maneira adequada, podendo o retorno ser em forma de compilado de informação. Isso estimula o profissional na sua função de alimentação de informações no sistema, pois ele tem retorno sobre a situação da sua região por exemplo. Essa retroalimentação deve ser periódica com informes epidemiológicos, que pode ser local, regional, estadual ou nacional dependendo do nível de gestão que gera a informação compilada. Os boletins podem ser uma fonte para a organização de ações para o apoio institucional e para a obtenção de materiais na investigação e no controle de eventos sanitários. Além da retroalimentação é importante a avaliação continua do sistema de vigilância epidemiológica uma vez que o quadro epidemiológico pode sofrer alterações, assim é possível realizar adaptações e correções oportunas, aumentando a fidedignidade dos dados (BRASIL, 2002). Os problemas de saúde são avaliados pelos indicadores como a morbimortalidade, a incapacidade decorrente da doença e os custos dela para o sistema de saúde. Assim, a capacidade de fornecer informações precisas pelo sistema de vigilância epidemiológica permite a mensuração de danos futuros, assim como a elaboração de medidas que possam prevenir e reduzir o número de casos. As avaliações periódicas devem ocorrer em todos os níveis, avaliando a lista de doenças e agravos mantidos no sistema quanto a realidade atual; a atribuição das normas e instrumentos utilizados; a capacidade da rede de notificação; a participação das fontes que a integram; o fluxo de informações se é eficiente. Além disso é importante avaliar a organização da documentação coletada e a qualidade da informação produzida. Os profissionais de saúde estão recebendo os informes analíticos produzidos, qual a quantidade e qualidade desses informes, existe a retroalimentação do sistema e ela tem sido efetiva. É importante também avaliar se existeinteração na rede em todos os níveis, assim como a participação da comunidade científica e dos 37 centros de referências no sistema de vigilância epidemiologia, pois eles são importantes para informações e também para auxiliar nas medidas a serem adotadas, permitindo uma avaliação situacional do sistema (Brasil, 2002). A avaliação permite traçar perspectivas a partir da atualização dinâmica das informações e dos sistemas. A evolução da rede informatizada é uma aliada para a evolução, pois reduziu os custos e aumento a agilidade do fluxo de informações, uma vez que centros distantes das secretárias regionais podem emitir informações através da rede computadorizada e as informações estão disponíveis cada vez mais rápidas e muitas vezes em tempo real. 3 NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA A notificação compulsória deve ser feita pelos profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços de saúde públicos ou privados, que prestam assistência ao paciente. A comunicação pode ser feita para a Secretária Municipal de Saúde, Secretária Estadual de Saúde e/ou ao Ministério da Saúde. Atualmente são 48 doenças de notificação compulsória. Dentre elas 21 são de notificação semanal, sendo as doenças ou agravos o acidente de trabalho com exposição a material biológico, casos novos de dengue, doença de Chagas crônica, doença de Creutzfeldt-Jakob, casos agudos pelo vírus Zika, esquistossomose, febre de Chikungunya, hanseníase, hepatites virais, infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, intoxicação exógena (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados), leishmaniose tegumentar americana, leishmaniose visceral, malária na região amazônica, óbito infantil e materno, sífilis adquirida ou congênita e em gestante, toxoplasmose gestacional e congênita, tuberculose e violência doméstica e/ou outras violências. Em relação às doenças e agravos que devem ser notificados imediatamente a Secretária Municipal de Saúde são acidente de trabalho grave, fatal e em crianças e adolescentes, acidente por animal peçonhento, acidente por animal potencialmente transmissor da raiva, leptospirose, tétano. Acidental ou Neonatal e violência sexual e tentativa de suicídio (BRASIL, 2020). A notificação compulsória imediata visa conter a disseminação na comunidade local incialmente, evitando que ocorra um surto de doenças ou agravos que possam ser controlados ou prevenidos. Além disso, os casos de notificação imediata são mais graves e expõe mais risco para os cidadãos. A Secretária Municipal e a Estadual as doenças e agravos que devem ser notificados imediatamente são coqueluche, difteria, doença de Chagas Aguda, doença Invasiva por “Haemophilus Influenza”, doença Meningocócica e outras meningites, doença aguda pelo vírus Zika em gestante, febre Maculosa e outras Riquetisioses e os casos de varicela - caso grave internado ou óbito (BRASIL, 2020). 38 Os casos de doença ou agravo como botulismo, cólera, casos de óbito por dengue, doenças com suspeita de disseminação intencional como o antraz pneumônico, tularemia, varíola, doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes como o arenavírus, ebola, marburg, lassae, febre purpúrica brasileira, evento de Saúde Pública que se constitua ameaça à saúde pública , eventos adversos graves ou óbitos pós vacinação, febre Amarela, Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão, Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya, Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saúde pública, Febre Maculosa e outras Riquetisioses, hantavirose, Influenza humana produzida por novo subtipo viral, Malária na região extra- Amazônica, Poliomielite por poliovirus selvagem, Peste, Raiva humana, Síndrome da Rubéola Congênita, Doenças Exantemáticas como o Sarampo e a Rubéola, Síndrome da Paralisia Flácida Aguda, Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus como a SARS-CoV e o MERS- CoV devem ser notificadas ao Ministério da Saúde, a Secretária do Estado e a Municipal imediatamente (BRASIL, 2020). 4 INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA O episódio de novos casos de doença (transmissível ou não) ou agravo (inusitado ou não) podem ser prevenidos e/ou controlados pelo serviço de saúde. Assim, a detecção precoce é imprescindível para que isso ocorra. Quando ocorre um surto, por exemplo, ele pode ser causado pelo controle inadequado de fatores de risco, por uma assistência à saúde e/ou medidas de proteção errôneas, o que torna o esclarecimento da causa necessária para adoção de medidas preventivas e de controle afim de evitar que um grande número de pessoas seja infectada. O esclarecimento é feito a partir da investigação epidemiológica de casos e epidemias pelo sistema local de vigilância epidemiológica, podendo ser auxiliando quando necessária pela instância estatal ou federal, isso irá depender da extensão e evolução do número de novos casos (BRASIL, 2005). A partir da notificação de novos casos de doenças/agravos, as autoridades sanitárias devem começar imediatamente a investigação epidemiológica de campo, mesmo que a notificação seja apenas uma suspeita. Esse tipo de investigação formula hipóteses que serão avaliadas posteriormente por estudos analíticos como os de caso-controle. Quando houver casos agudos, as medidas de proteção à saúde devem ser tomadas, restringindo a investigação na coleta de dados e análises, paralelamente também realizando o controle das ações de controle na comunidade (BRASIL, 2005). Quando ocorrem situações que a fonte e o modo de transmissão são conhecidos, as ações de controle devem ser iniciadas imediatamente, mesmo antes da realização da investigação epidemiológica. Isso irá reduzir a gravidade do evento, pois um menor número de indivíduos será afetado. A investigação epidemiológica não é simples, pois evolve exames do caso suspeito e de quem ele teve contato, deve ser realizada a coleta de amostras para laboratório, nos casos que os exames são pertinentes. Além disso, quando não são conhecidos o agente infeccioso e o modo de transmissão devem ser realizados estudos que possam identifica-los, permitindo conhecer como 39 ocorre a transmissão, quais são os reservatórios e o vetores, nos casos de doenças. Em alguns casos, a medida inicial é o isolamento dos casos em suspeita e confirmados com o objetivo de evitar a progressão da doença na comunidade. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: De maneira geral, a investigação epidemiológica tem perguntas norteadoras que irão gerar algumas informações sobre a doença/agravo. Os questionamentos principais são se realmente é um caso da doença que se suspeita, isso leva a confirmação do diagnóstico; quais são as atribuições individuais do caso que irá permitir a caracterização biológica, ambiental e social do caso; como foi contraída a doença esclarece qual a fonte de infecção; como ocorreu a transmissão identifica o modo de transmissão; existe risco da mesma fonte de transmissão infectar outros indivíduos permite mensurar a abrangência da infecção. É importante na investigação ainda buscar conhecer o número de casos que podem ter tido contato com a fonte de transmissão, qual o tempo de transmissão da doença e se existe meios de prevenção, para que medidas de controle possam ser traçadas, evitando uma disseminação em massa para toda a população. Figura 2 - Investigação epidemiológica Fonte: Sonis Photography, Shutterstock, 2020 40 #ParaCegoVer: Vemos na imagem um médico, utilizando os instrumentos de segurança necessários, segurando uma ampola nas mães, na qual se lê Corona vírus. FIQUE DE OLHO O termo investigação epidemiológico é um trabalho de campo. Ele iniciado quando existe um caso confirmado ou uma suspeita, devendo ser realizado rapidamente e de maneira metódica, para que a proporção de casose qualidade do rendimento do trabalho, decorrentes de esforços prolongados. Todas essas mudanças podem surgir ao longo do tempo de trabalho, devido a fatores que desencadeiam elas e durante o processo, podem ser acompanhadas por profissionais de saúde de maneira que previna a sua cronificação. Quando falamos sobre a saúde do trabalhador, devemos ressaltar que é algo de responsabilidade multidisciplinar. O acompanhamento da saúde do trabalhador envolve o seu espaço laboral, os riscos de exposição ambiental, sanitária e biológica que o indivíduo se encontra. Além disso, não deve pensar em apenas um indivíduo, mas em um coletivo. A saúde do trabalhador não é apenas normatização, ela vai além, como o uso de equipamentos de proteção individual, por exemplo (Gomes et al., 2018). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 76 O local de trabalho deve apresentar segurança, mas também o equilíbrio físico, psíquico e social, para que o profissional possa ter bem-estar durante a sua jornada produtiva. O ambiente de trabalho deve ser um local com características específicas do local de trabalho, mantendo as condições adequadas para a realização das atividades laborais. Quando o ambiente de trabalho não apresenta características próprias, pode expor o indivíduo a riscos. O risco de acidente está presente em qualquer trabalho podendo ser agravada nos casos que o trabalhador é colocar em situações de vulnerabilidade que afeta a sua condição física ou psíquica. Podemos citar como exemplos de riscos de acidentes as máquina e equipamentos que são utilizados sem proteção adequada, o risco de explosão e incêndio, a distribuição inadequada do espaço (GOMES et al., 2018). O risco ergonômico está relacionado com qualquer tipo de fator que influencie nas características psicofisiológicas como por exemplo o trabalho excessivo, levantamento de peso, repetitividade e postura inadequada. Outro risco que deve ser considerado é o físico, em que a energia que o trabalhador está exposto pode desencadear danos à saúde, como queimaduras, redução da acuidade visual e dores de cabeça. Os riscos físicos mais comuns são os ruídos, o calor, o frio, a pressão a umidade, a radiação e a vibração. Os riscos também podem ser químicos e biológicos. O risco químico está relacionado com exposição de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores E o risco biológico pode ser bactérias, vírus, fungos, parasitas, sendo os profissionais da saúde os expostos a estes riscos (GOMES et al., 2018). 77 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender sobre a Vigilância Ambiental; • conhecer sobre a operacionalização da Vigilância em Saúde Ambiental; • estudar sobre a Vigilância das Zoonoses; • aprender sobre o Sistema de Informações em Saúde; • conhecer sobre a Saúde do trabalhado. PARA RESUMIR BRASIL, S. I. A. B. Manual do sistema de informação de atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Diretriz nacional do plano de amostragem da vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano (Série A. Normas e Manuais Técnicos). – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Manual de Procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Diretrizes para Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Brasília, DF. 2010. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov. br/images/pdf/2015/julho/08/ Diretrizes-Vig-Pop-Exposta-Agrotoxico-2010.pdf Acesso em: 14 jun. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Manual de Instruções – Instrumento de Identificação dos Municípios de Risco – IIMR. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Brasília, DF. 2014. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/ agosto/05/2014/Instrutivo-IIMR-VIGIAR.pdf. Acesso em: 14 jun. 2020 BRASIL. Ministério da Saúde. Manual vigilância, prevenção e controle de zoonoses. Brasília, DF. 2016. GOMEZ, C. M. et al. Saúde do trabalhador: aspectos históricos, avanços e desafios no Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, p. 1963-1970, 2018. MINAYO, M. C. S. (org.). Saúde e ambiente sustentável: estreitando nós. Rio de Janeiro. Ed. FIOCRUZ, 2002. ROHLFS, D. B. et al. A construção da Vigilância em Saúde Ambiental no Brasil. Cad. Saúde Colet., Rio de Janeiro, 19 (4): 391-8, 2011. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A vigilância em saúde é a área responsável por observar e analisar constantemente a saúde da população a fim de articular ações e medidas de saúde destinadas a controlar fatores de riscos e de danos à saúde. Neste livro, serão abordados diversos aspectos da vigilância, como epidemiológica, sanitária, ambiental e ainda a saúde do trabalhador, descrevendo as estruturas, objetivos, informações e como as notificações devem ser tratadas. As medidas de controle de doenças transmissíveis e não transmissíveis, recolhimento de animais que possam trazer riscos à população e a competência em cada uma das esferas do governo também serão temas amplamente discutidos nesta obra abrangente a respeito da vigilância em saúde. Temas imprescindíveis para conhecer os principais fundamentos da área da vigilância da saúde você encontra aqui. Agora é com você! Bons estudos!